Candidatos à Junta de Freguesia de Aradas: estes são os nomes mais falados
Com as eleições autárquicas a aproximarem-se, começam a ganhar forma os primeiros cenários sobre a corrida à Junta de Freguesia de Aradas, no concelho de Aveiro. A coligação 'Aliança Mais Aveiro' (PSD/CDS/PPM,) o movimento independente 'Sentir Aradas' e o Partido Socialista (PS) preparam, nos bastidores, as decisões que poderão definir o futuro político da freguesia.
Redação
Nas últimas eleições, realizadas em 2021, a coligação 'Aliança com Aveiro' (PSD/CDS/PPM) venceu esta freguesia com 46,28% dos votos, elegendo sete mandatos. Seguiu-se o movimento independente 'Sentir Aradas', com 19,13% e três mandatos, e a coligação 'Viva Aveiro' (PS/PAN), com 17,87% e igualmente três mandatos. O Bloco de Esquerda (BE), o Chega e a CDU ficaram fora da representação na Assembleia de Freguesia.
A atual presidente da Junta, Catarina Barreto, deverá recandidatar-se pela coligação 'Aliança Mais Aveiro'. Em caso de vitória, este será o seu último mandato, uma vez que atinge o limite legal de mandatos consecutivos (é líder do Executivo desde 2017). Figura de destaque no seio social-democrata aveirense, Catarina Barreto é presidente da Mesa da Assembleia de Secção do PSD-Aveiro e foi a primeira militante do partido a declarar apoio público a Luís Souto de Miranda após o anúncio da sua candidatura à Câmara Municipal de Aveiro pela direção nacional do PSD.
Segundo apurou a Ria, o nome de Catarina Barreto chegou a ser considerado para integrar a lista de Luís Souto à Câmara Municipal. Contudo, o cabeça-de-lista da coligação preferiu que a autarca se mantivesse focada na freguesia de Aradas, que considera estratégica para o projeto político em construção.
Por outro lado, o movimento independente 'Sentir Aradas', segunda força mais votada em 2021, ainda não confirmou se voltará a apresentar uma candidatura. A decisão deverá ser tomada até ao final do mês de maio, numa reunião entre os elementos que integraram a lista anterior. Se a decisão for avançar novamente, não é garantido que Gilberto Ferreira volte a ser o líder da candidatura. Caso optem por não avançar, há a possibilidade de alguns elementos virem a integrar outras candidaturas autárquicas nas próximas eleições. Uma opção que agrada ao Partido Socialista (PS) que acredita que assim estaria mais próximo de vencer a eleição para a Assembleia de Freguesia de Aradas.
Já no campo socialista, há dois nomes que ganham destaque como possíveis cabeças de lista. Loraine Nazaré, que integrou a candidatura do PS em 2021 e é presidente da Assembleia Geral da Associação Escola de Música da Quinta do Picado. A par disso, é também filha de Helena Nazaré, ex-reitora da Universidade de Aveiro (UA) e membro da Comissão de Honra da candidatura de Alberto Souto à autarquia. Sónia Aires, também com participação na lista socialista anterior, é assistente social na Câmara Municipal de Aveiro e um dos nomes mais falados.
O PS tem reunião interna agendada para a próxima semana, onde deverá aprovar os nomes propostos por Alberto Souto. A oficialização das candidaturas socialistas às juntas de freguesia está marcada para o dia 1 de junho.
A agenda interna dos partidos promete acelerar as definições em Aradas. Catarina Barreto convocou o plenário de militantes do PSD-Aveiro para o dia 2 de junho, sendo um dos pontos centrais da ordem de trabalhos a auscultação dos militantes quanto às candidaturas autárquicas.
Recomendações
Luís Souto de Miranda apresenta mandatário e candidatos às juntas de freguesia esta sexta-feira
De acordo com uma nota enviada às redações, a sessão contará ainda com a apresentação dos mandatários da juventude e sénior. Recorde-se que os cabeças de lista às dez juntas de freguesia do concelho foram aprovados no passado dia 2 de junho, em plenário de militantes da Comissão Política da Secção do Partido Social Democrata (PSD) de Aveiro, tal como noticiado pela Ria.
Ribau Esteves assegura que Câmara de Aveiro será entregue em “excelente condição financeira”
O ponto dois da ordem de trabalhos da Assembleia Municipal desta terça-feira tinha como objetivo a apreciação e votação das contas consolidadas de 2024. José Ribau Esteves sublinhou que “a história que estas contas contam de saúde financeira desta Câmara, em termos de substância, é exatamente igual à história que se vai contar na conta que a Câmara vai fazer até ao último dia do meu mandato”, garantindo que “a nova Câmara, seja ela qual for, em dois meses e pouco não vai conseguir estragar a qualidade das contas”. O presidente reforçou ainda que “a Câmara Municipal de Aveiro - bem presidida [atualmente] - vai ser entregue ao meu sucessor em excelente condição financeira”, numa resposta direta às preocupações levantadas pela oposição, nomeadamente, ao PAN. Referindo-se ao facto de o partido ainda não ter apresentado candidato à Câmara de Aveiro nas próximas eleições autárquicas e à gestão de Alberto Souto de Miranda (ex-presidente entre 1997 e 2005), Ribau Esteves aproveitou ainda para lançar uma indireta: “Se o problema do PAN em arranjar candidato é alguém que está aterrado, cheio de medo, que vai receber uma Câmara parecida com a que eu recebi, digam à pessoa para não ter medo”, ironizou. “Se quiserem que eu lhe explique as contas, tenho muito gosto em recebê-la no meu gabinete e explicar-lhe a situação. (…) Não inventem fantasmas em relação a essa matéria”, concluiu. Pedro Rodrigues, do PAN, criticou a narrativa positiva da Câmara sobre as contas, argumentando que “esta realidade só poderá ser verdadeira avaliada no final do mandato, uma vez que foram realizados investimentos de grande dimensão, muitos deles em obras cuja relevância questionamos”. O deputado municipal alertou para o impacto desses investimentos, suportados em parte por fundos comunitários, mas também “à custa de uma forte carga fiscal imposta aos cidadãos aveirenses”, justificando o voto contra do partido. Recorde-se que o investimento de 22,1 milhões de euros na construção do novo pavilhão municipal ‘Oficina do Desporto’ será totalmente suportado pela Câmara Municipal de Aveiro, sem recurso a fundos comunitários. O financiamento será assegurado através de um empréstimo bancário de longo prazo. Segundo a autarquia "o contrato prevê que o reembolso seja realizado em prestações trimestrais, com taxa de juro variável, indexada à Euribor a 3 meses do spread de 0,239% e pagamento de juros também a três meses". Contabilizando os encargos com juros, o custo total da obra poderá ascender aos 30 milhões de euros - valor que pressupõe a inexistência de derrapagens financeiras. Segundo uma notícia do Jornal de Notícias, publicada a 17 de maio deste ano, a dívida total da Câmara Municipal de Aveiro situava-se, em 2024, em 58,6 milhões de euros: a sexta maior dívida, em valores absolutos, dos municípios portugueses. Contudo, neste valor ainda não está incluído o empréstimo para construção do novo pavilhão municipal, contraído apenas este ano. Por sua vez, Jorge Greno, do CDS-PP, manifestou o voto favorável à conta consolidada, enquanto Manuel Prior, do PSD, considerou o momento “mais um ato burocrático legal” e classificou as contas como “boas” e “positivas”. O deputado social-democrata realçou o voto favorável do PS em reunião de Câmara e expressou o desejo de que os resultados positivos se mantenham nos próximos anos.
Legislativas, Chega e Hospital de Aveiro dividem deputados municipais na Assembleia Municipal
O debate político em torno das legislativas ficou marcado por posições divergentes entre os deputados municipais. Gabriel Bernardo, do Chega, fez questão de destacar o crescimento do seu partido como reflexo da vontade popular. “No dia 18 [de maio] os portugueses foram muito claros naquilo que queriam. (…) Tivemos uma clara demonstração daquilo que é a democracia”, considerando que “os grandes derrotados das legislativas foram o Partido Socialista (PS) e o Bloco de Esquerda (BE), os principais responsáveis pela política de emigração desastrosa destes últimos anos”. Neste seguimento, Jorge Girão, do CDS-PP, fez uma leitura crítica do crescimento do Chega. “Eu continuo a achar que o Chega não é um partido de extrema-direita. É um partido de oportunismo”, defendendo que muitos dos seus votos vieram de “esquerda”. Referindo-se diretamente a José Ribau Esteves vincou ainda que se “houvesse mais políticos em Portugal com o discurso do engenheiro Ribau não haveria Chega ou haveria um Chega muito mais pequeno”. Sobre o crescimento da “direita e da extrema-direita”, Nuno Teixeira, deputado do PCP, deixou ainda a garantia que o partido está preparado “para intervir”. Do lado do PSD, Manuel Prior assumiu a vitória do seu partido nas legislativas, realçando que o Chega foi o “vencedor dos perdedores”. “Neste ato eleitoral de maio houve um vencedor e só um vencedor que foi o PSD. Todos os outros perderam. (…) Pode-se, no máximo, dizer que entre os perdedores o Chega foi quem teve mais votos”. A inclusão da ampliação e modernização do Hospital de Aveiro no programa do novo Governo foi abordada por vários deputados municipais. Pedro Rodrigues, do PAN, sublinhou a urgência da intervenção. “Não faz sentido que os utentes sejam chamados para cirurgias, se apresentem no hospital e uma vez lá chegados não tenham a garantia que a cirurgia vá ocorrer no próprio dia”, denunciou. “Esperamos que as últimas promessas eleitorais possam dar frutos, pois esta situação arrasta-se há demasiado tempo com um custo elevado para os utentes e profissionais de saúde”, desejou. Também João Moniz, do Bloco de Esquerda, reagiu de forma positiva à inclusão da obra no plano governativo. “Esta tem sido uma luta do Bloco de Esquerda há muito tempo. (…) Isto é uma boa notícia para Aveiro e para as pessoas que aqui vivem e para toda a região. (…) Queremos também rejeitar pessoas que estão outra vez a agitar outra vez o fantasma da localização do hospital. Nós pensávamos que esse debate já estava ultrapassado. Existem pré-existências e temos de lidar com elas não podemos simplesmente terraplanar o que existe e, portanto, o hospital existe ali. (…) Temos de avançar com a expansão o quanto antes”, relembrou, numa alusão a uma publicação de Alberto Souto nas suas redes sociais onde defende que seja estudada uma outra localização para o Hospital de Aveiro. Em resposta às preocupações levantadas, José Ribau Esteves garantiu que o processo de ampliação está em curso e criticou o ruído político gerado em torno do tema, garantindo que “não há novidade na história do hospital”. “A ampliação do hospital [vai avançar], independentemente de haver outras pessoas que andam sempre a dispersar (…) e que dizem outras coisas. É tudo respeitável, mas não interessa para nada”, considerou. Neste seguimento, o presidente da Câmara relembrou ainda que a “ULS da região de Aveiro” já adjudicou “o segundo concurso do projeto por infelicidade do que aconteceu no primeiro”. “Há uma reserva financeira no [Programa] Centro 2030 para financiar a obra. (…) Nunca esteve em causa”, frisou, criticando a contratação pública. “É preciso andar para a frente, que se assine o contrato com o projetista que ganhou, que o contrato tenha visto do tribunal de contas (…) e que se faça bem e depressa naquele realismo que lembrei na Assembleia Municipal lá para o final de 2026…”, lembrou. Sobre o projetista, Ribau Esteves garantiu que a empresa que ganhou o concurso é de “grande qualidade” e “com muita experiência no setor hospitalar”. “Não é preciso dinheiro em 2026. É preciso cabimento orçamental para que se possa lançar o concurso e, obviamente a partir de 2027 é preciso dinheiro no pressuposto que teremos empreiteiro. É preciso começar a pagar ao empreiteiro”, atentou. Note-se que o concurso para “Aquisição dos Serviços de Elaboração do Projeto de Execução para a Empreitada de Construção da Unidade de Ambulatório da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro, EPE, e de Assistência Técnica Durante as Fases de Concurso e de Construção” é da responsabilidade da própria ULS.
Ribau Esteves diz que Nave da UA “é ilegal” e rejeita comparação com novo pavilhão municipal
A crítica surgiu em resposta a Mário Costa, deputado municipal do PS, depois deste ter apontado a Nave Multiusos ‘Caixa UA’ como um exemplo de eficiência financeira, ao referir que a estrutura custou “oito ou nove milhões de euros” e que, por isso, deveria servir de referência para a Câmara Municipal que adjudicou o novo pavilhão municipal por 22,1 milhões de euros. Ribau Esteves optou por não responder à comparação feita entre os valores das duas obras e centrou-se exclusivamente no caso da UA, sublinhando que a obra da Universidade “tem um complexo processo de licenciamento” e que já foi chumbada “duas vezes” pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). “Não se use como exemplo, porque é um mau exemplo”, reforçou, acrescentando que o edifício “legalmente não existe” e que o Executivo Municipal “não pode emitir uma licença especial de ruído” para eventos no local por causa dessa situação. Segundo o edil aveirense “tudo o que são estruturas para a atividade desportiva têm que ter parecer obrigatoriamente do IPDJ”, dando nota ainda que a CMA avisou “a Universidade que devia ter feito o licenciamento antes de começar a obra”. Note-se que Ribau Esteves marcou presença na inauguração desta infraestrutura, ao lado de Luís Montenegro, em maio de 2024, sendo que em outubro do mesmo ano a Caixa UA acolheu a semana de concertos do Integra-te, organizado pela Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv). A terceira revisão orçamental - ponto um da ordem do dia - foi aprovada por maioria, com os votos favoráveis do PSD e do CDS-PP, mas contou com os votos contra do PS, BE, PCP e PAN. A proposta inclui, entre outras medidas, a edificação de um novo pavilhão desportivo - a Oficina do Desporto - que motivou críticas da oposição, principalmente pelo recurso a um empréstimo bancário, pelos custo total da obra e pela ausência de um plano de utilização. O PAN justificou o voto contra alegando a falta de integração ambiental e de planeamento urbano. “A este Executivo falta-lhe uma visão ambientalista a integrar nos seus projetos. (…) Elaboram-se projetos sem que se tenha pensado numa política de mobilidade como é o caso do Pavilhão Municipal”, disse Pedro Rodrigues, considerando o projeto “mais um Estádio Municipal, servidor de dinheiro dos contribuintes e tão pouco da parca utilização”. Também João Moniz, do Bloco de Esquerda, criticou a prioridade atribuída ao novo pavilhão, propondo que o Município apostasse, antes, na habitação acessível. “Nós devíamos estar, por exemplo, a discutir a contratação de um empréstimo para construir habitação a custos controlados promovida pela Câmara Municipal”, afirmou, referindo que os preços da habitação em Aveiro são “completamente incomportáveis com a massa salarial das pessoas que vivem e trabalham aqui”. Mário Costa, do PS, reiterou a crítica ao custo do pavilhão e reforçou que existem soluções mais económicas. “O Partido Socialista vai votar contra, porque entendemos que é um exagero gastar-se tanto dinheiro num pavilhão”, afirmou. Ainda assim, mostrou-se favorável às obras no Estádio Municipal de Aveiro, destacando a urgência da intervenção. “Aquilo está-se mesmo a degradar, cada vez mais está pior”, sublinhou, pedindo esclarecimentos sobre os concursos em curso. Em resposta, Ribau Esteves assegurou que o processo de reabilitação do estádio já está em marcha. “Temos uma obra adjudicada que é a reabilitação de tudo o que são estruturas metálicas de segurança”, revelou, acrescentando que já foi lançado o concurso para a reabilitação da “estrutura principal da cobertura”, degradada por “oxidação”. O autarca desvalorizou o debate político em torno da revisão orçamental, classificando-o como “aproveitamento de pretexto”. “As intervenções orçamentais, em termos políticos, não servem para nada. (…) Não está em causa nenhuma piscina, nenhum pavilhão, nenhum empréstimo, não está em causa coisíssima nenhuma”, afirmou, ainda que tenha admitido a possibilidade de uma quarta revisão, caso ocorram imprevistos nos concursos ou adjudicações.
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Operador da rede espanhola culpa empresas produtoras de eletricidade pelo apagão
O Governo de Espanha apresentou na terça-feira as conclusões da comissão de investigação que constituiu para apurar as causas do apagão e revelou que o colapso elétrico se deveu a uma "combinação de fatores" que causaram elevada sobrecarga de tensão na rede elétrica espanhola que o sistema foi incapaz de controlar ou absorver, apesar de haver infraestrutura suficiente de resposta. O executivo atribuiu responsabilidades a uma "má planificação" por parte da Red Elétrica de Espanha (REE) e a falhas na resposta a que estavam obrigadas empresas produtoras de energia, com suspeitas de incumprimento dos protocolos previstos para situações de sobrecarga de tensão. Hoje foi a vez de a REE apresentar as conclusões do inquérito interno ao apagão, numa conferência de imprensa em Madrid com os responsáveis máximos da empresa. "Se os geradores com obrigação de cumprimento de controlo dinâmico de tensão - os geradores ligados ao sistema no momento do incidente - tivessem cumprido, não teria havido apagão", disse a diretora geral de Operação da Red Elétrica, Concha Sánchez. Segundo a REE, o apagão resultou de uma série de circunstâncias que se acumularam e desembocaram num problema de sobrecarga de tensão que levou à paragem em cascata das instalações de produção de energia. O inquérito da REE concluiu que foram registadas oscilações relevantes no sistema a partir das 12:03 locais de 28 de abril (meia hora antes do apagão), com a primeira a ter sido, aparentemente, "forçada" e a resultar de possíveis anomalias internas numa unidade de produção. Seguiram-se, segundo a REE, perdas de produção no sistema, por terem sido desligadas unidades de forma "incorreta". A primeira oscilação ocorreu numa instalação fotovoltaica em Badajoz, que estava nesse momento ligada à rede de transporte de eletricidade, revelou a REE, sem dar mais detalhes. Seguiram-se então apagões de geração que levaram ao apagão total, com o primeiro a ocorrer na zona de Granada e a ter sido feito de forma "incorreta", incumprindo obrigações, uma vez que nesse momento a tensão no sistema estava "totalmente dentro dos limites" estabelecidos legalmente. Assim, de acordo com a REE, essas primeiras desconexões "não justificadas" de unidades de produção aliadas à falta de absorção da sobrecarga a que estavam obrigados os geradores de eletricidade, levou a sobrecargas de tensão já fora de limites normais e ao apagão, sem possibilidade de acionar mecanismos de defesa e equilíbrio do sistema. A REE recusou uma "má planificação" da empresa nos dias e horas anteriores ao apagão, como apontou o Governo espanhol, defendendo que o colapso teria sido evitado se as empresas com unidades de produção tivessem cumprido as obrigações que tinham naquele dia, por solicitação do operador. Nem o relatório apresentado pelo Governo espanhol, nem a investigação da REE revelam os nomes das empresas visadas, invocando, nos dois casos, questões legais de confidencialidade.
AAUAv quer mais apoios e maior flexibilidade para os trabalhadores-estudantes da UA
Em declarações à Ria, Joana Regadas lembrou que muitos estudantes são forçados a trabalhar para sustentar os seus estudos, frequentemente em condições precárias e sem recorrer ao estatuto de trabalhador-estudante. “Muitos acabam por não pedir o estatuto, ou por desconhecimento ou porque o trabalho que têm é precário e não conseguem sequer provar que estão a trabalhar”, referiu. Segundo dados recolhidos junto da UA, tal como avançado pela Ria, a maioria dos estudantes com estatuto são mulheres e frequentam o segundo ciclo de estudos. No entanto, Joana Regadas acredita que o número real é significativamente superior. “A realidade é que está cada vez mais caro frequentar o Ensino Superior, os rendimentos das famílias não têm aumentado, nem têm conseguido equiparar-se àquele que tem sido o aumento das despesas - e já vimos uma diminuição nos candidatos ao Ensino Superior”, alertou. O pedido de estatuto pode atualmente ser feito apenas até 31 de outubro, com validade para um ou dois semestres, dependendo do contrato de trabalho do estudante. Maria João Soares, diretora dos Serviços de Gestão Académica (SGA), justificou a data com a regra que impede os estudantes de reprovarem por faltas após esse ponto do calendário académico. Apesar de compreender esta razão, Joana Regadas insiste na necessidade de adaptar os prazos às necessidades reais dos estudantes. “Muitos estudantes não contam ter essa necessidade [de trabalharem]. Só depois de estarem aqui e perceberem que de facto não conseguem ter uma qualidade de vida ou dar resposta a todas as necessidades financeiras (…) é que percebem que têm de facto de arranjar um trabalho part-time, full-time - e a Universidade tem de conseguir dar resposta a estas necessidades”, afirmou. Preocupada com o aumento de casos de abandono escolar por dificuldades em conciliar trabalho e estudos, a presidente da direção da AAUAv adianta que está a trabalhar com Sandra Soares, vice-reitora para o ensino e formação da UA, e com Pedro Lages, provedor do estudante, para encontrar uma solução. “A ideia é encontrar uma solução que seja fazível, mas que também vá ao encontro das necessidades levantadas pelos estudantes”, referiu. No último Encontro Nacional de Dirigentes Associativos (ENDA), a AAUAv defendeu a criação de dois momentos ao longo do ano letivo para o pedido de estatuto: no primeiro e no segundo semestre. A dirigente associativa reiterou ainda a preocupação com os custos crescentes do Ensino Superior - em particular o alojamento - e as declarações de Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, sobre o descongelamento das propinas a partir do próximo ano letivo. “As propinas são apenas mais uma gota num balde que já está a transbordar. Descongelá-las seria um retrocesso face às conquistas do movimento estudantil”, avisou. Já sobre os artigos de opinião da nova secretária de Estado do Ensino Superior, Cláudia S. Sarrico - nomeadamente a introdução de empréstimos reembolsáveis em função dos rendimentos futuros dos diplomados, tal como defendido num artigo de opinião publicado no Observador a 20 de dezembro de 2022 -, Joana Regadas foi clara: “As declarações são mais preocupantes. Acho que há aqui um desconforto muito grande e o movimento estudantil terá de se unir para mostrar que, de facto, este não é o caminho com o qual vamos compactuar”. Na reta final da entrevista, a presidente da direção da AAUAv, vincou que o “ensino nunca pode estar reservado apenas a alguns”. “Todos devem ter a oportunidade de começar na mesma linha de partida, independentemente das condições socioeconómicas. A UA tem a oportunidade de ser pioneira e exemplo nacional ao antecipar soluções para esta realidade que se agrava a cada ano”, insistiu.
UA inaugura “BIOMEDIC Lab” para reforçar ensino e inovação em Engenharia Biomédica
Localizado no segundo piso do DFis, o BIOMEDIC Lab assume-se como um espaço moderno, “aprazível” e “mais flexível”. No vidro transparente da entrada, destacam-se, em letras pretas e laranjas, as palavras que lhe dão nome. No interior, ressaltam à vista, entre outros aspetos, as várias mesas-redondas e as cadeiras distribuídas ao longo de todo aquele espaço. Em frente à porta de entrada, uma estante exibe diversos equipamentos, como "mãos programáveis" ou um "medidor de tensão arterial", entre outros. Estes dispositivos fazem parte da vasta gama de recursos avançados ali disponíveis, prontos a serem explorados em contexto de aprendizagem prática. Além da inauguração do espaço, o momento contou com uma mostra de projetos desenvolvidos por estudantes da licenciatura em Engenharia Biomédica, no âmbito da unidade curricular “Laboratórios e Engenharia Biomédica”. Entre os trabalhos apresentados, destacou-se o de Leonor Leal e Tiago Castro, estudantes do 2.º ano, que criaram um “estetoscópio digital” capaz de visualizar em tempo real a frequência cardíaca e respiratória. Tiago explicou à Ria que o dispositivo utiliza um “sensor de infravermelhos” para medir as pulsações, e que, através do uso ou não de uma membrana, é possível captar diferentes tipos de vibrações. “Com a membrana conseguimos detetar as vibrações cardíacas a uma distância curta. Sem a membrana, conseguimos medir as respiratórias a uma distância maior”, apontou. Leonor destacou o potencial do projeto em contextos hospitalares, particularmente na triagem. Segundo a estudante, “muitas vezes, os doentes ficam bastante tempo à espera, e com um sistema destes os médicos teriam acesso imediato a dados como a frequência cardíaca e respiratória, mesmo antes da consulta”, justificou. O projeto foi inicialmente desenvolvido no antigo laboratório de Engenharia Física, e Tiago não escondeu algum saudosismo ao afirmar que teria gostado de ter trabalhado já neste novo espaço. “Está bem organizado, é um espaço que nos pertence e onde podemos trabalhar em conjunto. Teria sido muito mais interessante desenvolver este projeto aqui”, exprimiu. Outro projeto que gerou curiosidade entre os que por lá se encontravam foi o de Carolina Guerra, Diogo Santos e Daniela Costa, do 3.º ano. O grupo desenvolveu uma cadeira de rodas controlada pelos movimentos da cabeça, pensada para pessoas com tetraplegia. Diogo partilhou que, depois de várias ideias em cima da mesa, optaram por esta por ser a mais exequível no tempo disponível e responder a uma necessidade real. “Há soluções para paraplégicos que usam as mãos, mas não conhecíamos uma abordagem prática para tetraplégicos que apenas conseguem mover a cabeça e o pescoço”, contou. Grande parte da construção do protótipo foi feita “fora da sala de aula”, sendo os testes realizados nas sessões práticas. Para Diogo, o novo laboratório representa uma melhoria significativa nas condições de trabalho. Comparando com os espaços anteriores, afirmou que “trabalhar numa mesa-redonda facilita muito mais a comunicação entre o grupo. Antes estávamos em filas, dispersos, e com poucos recursos ao alcance. Este espaço vai melhorar não só esta cadeira, como muitas outras”, considerou. Durante a cerimónia, Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, sublinhou o simbolismo do momento com um toque de humor e nostalgia: “Já não cortava uma fita desde o tempo (…) da Nave Multiusos”. “Espero que a seguir a estas salas que venham outras e que elas impulsionem a relação entre a universidade e as empresas”, desejou. João Miguel Dias, diretor do DFis, destacou o percurso que levou à criação deste novo espaço. Lembrou que a formação em Engenharia Biomédica começou na UA em 2016, com um mestrado integrado, e foi-se consolidando com a criação da licenciatura e do mestrado em separado. Mais recentemente, no ano letivo 2023/24, foi lançado o programa doutoral. “Tomámos a iniciativa de criar um laboratório dedicado à biomédica porque acreditamos muito nesta área — é importante para o país e para todos nós”, defendeu. Referindo-se ao espaço, explicou que foi possível requalificar uma zona antes usada para investigação, tornando-a mais “aprazível”, “mais flexível” e totalmente dedicada ao ensino. Aqui, serão lecionadas várias disciplinas e desenvolvidos projetos de mestrado e doutoramento. A realização do “BIOMEDIC Lab” partiu da iniciativa e do apoio financeiro da Sword Health, empresa que nasceu na própria UA e que hoje é uma referência mundial em terapias digitais de saúde. Márcio Colunas, fundador da Sword Health, fez questão de estar presente neste momento simbólico de regresso aquela que considera ser ainda a sua “casa”. “Para mim é um prazer, porque é um voltar a casa. Formei-me aqui, e a Sword nasceu aqui. Hoje desenvolvemos cuidados de saúde apoiados em inteligência artificial, mas queremos manter e reforçar esta ligação com as universidades, especialmente com a Universidade de Aveiro”, vincou. “Há 15 anos, (…) a ligação entre empresas e a Universidade de Aveiro era muito diferente. Queremos cada vez mais essa aproximação”, continuou.
UA lança Centro de Competências para a Gestão de Dados de Investigação
Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, o projeto foi o mais bem classificado entre as “14” candidaturas aprovadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) no âmbito do Programa Nacional de Ciência Aberta e Dados Abertos de Investigação (PNCADAI), inserido no Plano de Recuperação e Resiliência. O UAveiro RDM Center visa oferecer suporte técnico, consultoria e formação em boas práticas de gestão de dados de investigação à comunidade científica da UA. Entre os serviços prestados, destaca-se o apoio à utilização de infraestruturas de publicação de dados, como o repositório institucional DUnAs, bem como o acompanhamento no uso de ferramentas de planeamento e curadoria de dados. O centro atua também como um motor de alinhamento institucional com as diretrizes da European Open Science Cloud (EOSC), promovendo a abertura, transparência e responsabilidade social da ciência. Ao garantir a partilha e preservação dos dados gerados em projetos financiados por fundos públicos nacionais e europeus, o projeto contribui para a consolidação de uma cultura de investigação mais acessível e colaborativa. Para além da criação de políticas institucionais de gestão de dados, o projeto contempla o reforço da capacitação da comunidade académica e científica através de formações específicas. A UA integra ainda uma “rede nacional de data stewards”, profissionais dedicados à gestão de dados de investigação, promovendo “um espaço de partilha, aprendizagem e colaboração”. O projeto, “que decorre até ao final de 2025”, permite à UA “um forte investimento em capacidade de armazenamento e computação, de modo a acomodar as necessidades correntes e de um futuro a médio/longo prazo da sua comunidade científica”, realça ainda a nota. O UAveiro RDM Center resulta de uma colaboração entre diversas unidades da UA, nomeadamente a vice-reitoria para a Investigação, Inovação e Formação de 3.º Ciclo, o Gabinete de Apoio à Investigação, os Serviços de Biblioteca, Informação Documental e Museologia, e os Serviços de Tecnologias de Informação e Comunicação. O UAveiro RDM Center é um projeto colaborativo entre a vice-reitoria de Investigação, Inovação e Formação de 3.º Ciclo, o Gabinete de Apoio à Investigação, os Serviços de Biblioteca, Informação Documental e Museologia e os Serviços de Tecnologias de Informação e Comunicação da UA. Também no âmbito do PNCADAI, foi criado um consórcio, o Re.Data, com coordenação da Universidade do Minho, em parceria com a Universidade de Coimbra e participação do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa, Instituto Politécnico de Bragança e Universidade Nova de Lisboa, e que tem como missão fomentar uma comunidade nacional dedicada à gestão de dados FAIR, apoiando os 14 centros GDI selecionados pela FCT e assegurando a articulação com a legislação e infraestruturas nacionais e europeias. O ciclo de webinars promovido pelo UAveiro RDM Center arrancou a “12 de junho”.