RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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DCSPT promove conversa informal em torno da imigração
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DCSPT promove conversa informal em torno da imigração

Distribuídos por nove grupos diferentes a sessão contou com um momento de teste aos conhecimentos dos participantes. A partilha de histórias e testemunhos foi o momento alto da sessão que deu depois espaço a reflexões em grupo com o objetivo de obter propostas para melhorar a integração académica, social, cultural e laboral. A organização de mais eventos de escuta ativa e de empatia, bem como ações de sensibilização sobre a desinformação relacionada com a imigração foram algumas das propostas discutidas na sessão. João Lourenço Marques, diretor do DSCPT sublinhou que a iniciativa pretende “trazer temas da atualidade e poder também ajudar a construir aquilo que é a nossa ação cívica num contexto mais global”. O diretor considerou ainda que é necessário “olhar para a migração de uma perspetiva diversificada”. José Carlos Mota, professor auxiliar do DSCPT e também um dos organizadores da iniciativa reforçou que o tema da primeira sessão pretendeu ainda desconstruir as dúvidas que existem relativamente ao tema da imigração. “Há aqui um momento muito importante de literacia sobre o tema das migrações e da imigração (…) há um discurso que deturpa aquele que é o real valor e a sua importância”, referiu o docente.  Os docentes sublinharam ainda o elevado envolvimento por parte dos estudantes, especialmente do primeiro ano. “Estes alunos estão aqui há três meses e já estão a organizar um evento que é uma coisa, da minha experiência, raríssima”, referiu José Carlos Mota. João Vítor, coordenador do Núcleo de Estudantes de Administração Pública (NEAP) reforçou também a participação dos estudantes na iniciativa. Considera que são atividades “essenciais” e espera que continuem a acontecer uma vez que “a integração de alunos imigrantes tem de existir”. “Não podem chegar cá e simplesmente serem postos de parte ou não terem qualquer ligação com os outros alunos”, reforçou o coordenador do NEAP. Como principal objetivo da iniciativa João Vítor apontou ainda a despopularizarão do tema “que tem havido na sociedade”.

ESN Aveiro foi cozinhar às Florinhas do Vouga
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ESN Aveiro foi cozinhar às Florinhas do Vouga

Sopa, massa e frango foi a ementa do jantar da terça-feira passada, dia 19, no refeitório social das Florinhas do Vouga. A cozinha do número 43 da Rua de Espinho foi invadida por cinco estudantes universitários de diferentes países e três voluntários da ESN Aveiro.  Hidde foi um dos estudantes que participou. É holandês e está em Aveiro durante um semestre a tirar Comunicação e Média, no Departamento de Comunicação e Arte (DeCA). Na terça-feira passada, 19, juntou-se a quatro outros colegas internacionais e foi para a cozinha do Florinhas do Vouga. “Eu gosto muito de cozinhar então pensei: se puder ajudar a cozinhar um bocadinho num espaço como este seria fantástico”, comentou Hidde à Ria. Não esconde alguma desilusão sobre não ter cozinhado tanto como pensou que ia fazer, mas brinca e justifica que “talvez tivessem expectativas baixas em relação às nossas habilidades culinárias”. Depois de pronta a comida o trabalho não tinha terminado. Servir a refeição e limpar o espaço estavam também nas tarefas atribuídas à ESN Aveiro. Hidde ficou responsável por colocar os copos nas bandejas que os utentes da Florinhas do Vouga vinham levantar. Com um português tímido – característica que partilhava com as colegas de linha de serviço – ia fazendo a pergunta que lhe ensinaram na hora: “quer copo?”. A frase ia sendo repetida em jeito de treino antes da chegada das pessoas. “Quando me perguntarem se aprendi português vou dizer ‘quer copo?’”, brinca o estudante. A comunicação entre a equipa da ESN Aveiro e das cozinheiras e responsáveis do refeitório social foi sendo traduzida – ora para português, ora para inglês. Nas interações, ouviam-se também tímidas duas estudantes chinesas “quer sopa”, perguntavam aos utentes do Florinhas. Se os utentes respondessem algo além do ‘sim’ ou ‘não’ a que já estão habituadas, recorriam à ajuda dos voluntários portugueses. Fernanda Silva trabalha há cerca de 12 anos no refeitório Social Florinhas do Vouga e está prestes a reformar-se. Falou com a Ria no dia a seguir a abrir a porta da cozinha – que não é só sua – aos estudantes da ESN de Aveiro. Foi contando histórias passadas enquanto embrulhava os talheres. Umas melhores – como quando recebe estudantes que a ajudam - outras piores – como a vez em que foi ameaçada por um utente que ficou desagradado com o menu. “Vim para cá sem saber o que era as Florinhas do Vouga”, admite. Uma fábrica sanitária foi o seu local de trabalho durante 17 anos. Uma lesão fez com que se tivesse de retirar daquela que era a sua praia e veio descobrir a sua segunda na cozinha salpicada de azulejos coloridos da Florinhas do Vouga. Fernanda não esconde que sente algum cansaço e descontentamento.  Apesar de gostar do trabalho que tem, Fernanda admite que “de há uns tempos para cá” está “saturada”. “A gente está a lidar com eles [utentes], eles ontem estavam calmitos mas é muito complicado”, começa por desabafar Fernanda. Diz sentir falta de apoio, sobretudo a nível psicológico por parte da chefia. “Não temos apoio de ninguém”, garante, “temos de saber lidar”. Fernanda, tal como as suas colegas de trabalho, conhece todos os utentes pelo nome. “Esta instituição, olhe, é assim - dá apoio a toda a gente”, informa. Por dia servem uma média entre 80 e 90 refeições ao almoço, outras tantas ao jantar. A essas refeições juntam-se ainda as refeições que não são consumidas no local.  Quanto à ajuda prestada pelos estudantes, Fernanda considera que além de ser uma ajuda dada ao pessoal da cozinha é “uma experiência diferente” para os mesmos. “Eles ficam a saber como é que isto funciona porque muita gente não sabe”, apontou. Fernanda sublinhou ainda que o feedback que tem por parte de voluntários tem a ver com o desconhecimento e o impacto com a realidade e a pobreza em que as pessoas vivem. A essa informação a dona Fernanda acrescenta ainda que “muita gente precisa e tem vergonha de cá vir”. Hidde, voluntário, tinha partilhado uma ideia parecida no dia anterior. Para o estudante, a atividade “é interessante” precisamente por desafiar a sair da zona de conforto e a ter interações que “ajudam a pôr a tua realidade em perspetiva”. “Social e economicamente, a maior parte das pessoas [holandesas] estão bastante bem, mas não é assim para toda a gente”, refletiu o estudante. Hidde considerou ainda que a atividade também permite quebrar algumas ideias em relação aos estudantes de Erasmus. “Quando digo às pessoas que sou de Erasmus elas pensam ‘ah fixe, meio ano a passear por todo o lado, a beber e a festejar muito’ o que não é a realidade”, concluiu. Para Ayva Jacinto, coordenadora de projetos da ESN Aveiro, o Social Cuisine tem um sabor especial. Para a estudante que assume criar atividades com “impacto social e local” como principais objetivos, o projeto Social Cuisine permitiu que os estudantes internacionais sintam que “fizeram parte desta cidade e deixaram a sua marca positiva”.  Ayva acredita ainda que o envolvimento tenha tornado “a experiência de Erasmus mais enriquecedora”. A coordenadora partilhou que apesar de ser uma iniciativa realizada anteriormente pelo ESN Aveiro, a aposta na divulgação do evento fez com que existisse uma maior adesão e a iniciativa corresse melhor. Sentiram-se “muito bem recebidos” pela instituição Florinhas do Vouga e apontaram como razões, além da parceria antiga, a simpatia e acolhimento das responsáveis e funcionárias do refeitório social. A iniciativa decorreu durante três dias da semana passada, (terça, quinta e sábado) e contou, no total, com a participação de 22 estudantes – nacionais, internacionais e de Erasmus. “Todos gostaram” da iniciativa e inclusive “estão dispostos a repetir”, informou Ayva. A coordenadora de projetos avança que está a ser pensada a organização de uma iniciativa semelhante para o próximo semestre, “vamos fazer mais datas e um projeto maior”, revela a estudante. O evento Social Cuisine foi realizado no âmbito das semanas dos Social Impact Days da ESN Internacional em Aveiro. A par destes a ESN Aveiro desenvolveu ainda iniciativas como workshops de primeiros socorros, upcycling e autodefesa bem com uma ação de reflorestação.

UA: João Carrilho anuncia candidatura à presidência da AAUAv
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UA: João Carrilho anuncia candidatura à presidência da AAUAv

Questionado pela Ria sobre os motivos para se candidatar à presidência da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), João Carrilho afirmou que este não é um “projeto” só da sua iniciativa e que pretende demonstrar o “descontentamento” de várias pessoas, por exemplo, da falta de transparência da atual AAUAv. “Há coisas que são feitas e que nós até gostávamos de saber porque é que elas têm de ser assim e acabamos por não conseguir saber… Eu enquanto estudante sinto que não tenho propriamente voz, nem opinião”, atirou. “Temos vários membros da lista que já foram colaboradores ou que já foram dirigentes de núcleos e eles próprios (…) queixaram-se da mesma coisa”, completou. Sobre o descontentamento, o atual estudante em Gestão apontou, entre os exemplos, as condições em que o ‘Integra-te’ foi realizado. “Houve cursos a partilhar barracas e o espaço não era o indicado nem tinha condições de acesso, nomeadamente, para os estudantes com mobilidade reduzida… Não sei se têm noção, mas a Nave não tem rampa…. Não sei se tem outra entrada por trás…”, assinalou. “Eu estive a colaborar na Feira de Emprego e nós tínhamos umas placas de metal em que tínhamos de estar a pôr e a tirar consoante chegavam pessoas com mobilidade reduzida. Isto gera descontentamento e demonstra que se calhar não estamos a dar muita atenção aos estudantes”, exemplificou. Ainda no âmbito das críticas à atual AAUAv, João Carrilho apontou a falta de integração aos estudantes de Erasmus. “Acho que a Associação Académica podia também contribuir para isso. Eu já tive muitos amigos de Erasmus e eu sei que a maior parte deles não sabe o que é o arraial, o que são as festas no bar do estudante e são coisas que também seriam vantajosas para a associação se fossem divulgadas abertamente. Não estou a dizer que são divulgadas de forma fechada, mas podia haver cuidado de fazer chegar essa informação a eles”, disse. Apesar do descontentamento, o estudante realçou que também tem noção que “nem tudo o que AAUAv faz é mal”. “A Associação Académica faz muita coisa boa, mas nós achamos que ainda podia fazer mais (…) Claro que estamos aqui para ganhar, mas caso percamos só o facto de podermos dar voz a algum descontentamento que possa existir dentro da universidade é uma mais-valia para nós”, exprimiu. Interpelado sobre o principal objetivo que gostava de levar avante no caso de vencer, João revelou que teve o “privilégio de poder colaborar com algumas iniciativas” quando colaborava com a Universidade de Aveiro, entre elas “a Futurália e o Qualifica” e que isso lhe permitiu ter uma melhor noção das "expectativas" dos estudantes do secundário até à entrada na Universidade. Outra ideia apontada foi uma maior divulgação das Assembleias Gerais de Alunos.

Gala Academia d’Ouro distinguiu estudantes-atletas, equipas, treinadores, árbitros e até professores
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Gala Academia d’Ouro distinguiu estudantes-atletas, equipas, treinadores, árbitros e até professores

Entre os premiados esteve Miguel Monteiro, campeão paralímpico de lançamento do peso F40 e Maria Rei, campeã mundial universitária de canoagem, distinguidos com “Galardão de Ouro” e Manuel Senos Matias, antigo pró-reitor para o desporto na UA, condecorado com o “Prémio Carreira”. Com uma sala totalmente composta, Wilson Carmo, presidente da AAUAv realçou que aquela moldura humana era a prova do impacto “grande” que o desporto tem tido na UA. “Deixa-me com muito orgulho enquanto presidente da AAUAv (…) Conseguimos enaltecer os feitos de todos”, considerou. Como balanço da época desportiva 2023/2024, Wilson aproveitou ainda a cerimónia para destacar alguns desses números. No que toca à Taça UA [que surgiu para responder à procura dos atletas não federados pelas competições desportivas], o presidente da AAUAv assegurou que foi a “maior época de sempre”. “Até então nunca tínhamos tido tantos inscritos e (…) tantas modalidades em conjunto a acontecerem numa época desportiva”, salientou. Para Wilson Carmo é com “muito orgulho que vemos esta competição com 22 anos a crescer (…) Há aqui um reconhecimento mais do que justo que temos de dar à Universidade pelo apoio que dá nas infraestruturas, no investimento do desporto e aqui também se deve destacar (…) os núcleos. A Associação Académica tem cerca de 42 núcleos dos quais 34 são do curso. E são estes núcleos que cada vez mais têm um esforço fundamental para trazer atletas à Taça UA”, completou. Neste seguimento, o presidente da AAUAv deu ainda nota dos Campeonatos Nacionais Universitários (CNUs) referindo que, no ano passado, a Associação Académica e a Universidade de Aveiro atingiram um recorde de participantes. “No ano passado, levamos 375 estudantes atletas às várias modalidades que aconteceram (…) Conseguimos o quarto lugar em tudo. Não foi o melhor lugar de sempre (…) mas foi um crescimento relativamente aos últimos dois/três anos. Isto mostra a resiliência e o esforço dos nossos estudantes atletas”, afirmou. “Não é só sobre medalhas é essencialmente sobre o espírito”, exprimiu Wilson Carmo. Também presente na cerimónia, Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, aproveitou o seu discurso para ressaltar o “papel do desporto na academia no século XXI”. “Não é um papel secundário é um elemento de construção coletiva, de sentimento de pertença e de formação de uma academia com os olhos postos no futuro mais do que no presente”, sobressaiu. Na sequência deste pensamento [do futuro], o reitor da UA destacou ainda que quer uma “academia em que todos os membros da comunidade como professores, investigadores, estudantes tenham possibilidade para praticar desporto e acesso à atividade física para sermos mais saudáveis, para termos melhor coesão e para sermos, no fundo, uma academia saudável”. O evento distinguiu ainda, no que toca à competição da Taça UA como: melhor árbitro Guilherme Casal; melhor equipa o curso de Engenharia Eletrónica e Telecomunicações em atletismo e como melhor colaborador Francisco Domingues. Nos CNUs foram distinguidos: melhor atleta feminino Carolina Fernandes (em natação), melhor atleta masculino Salvador Caldeira (em basquetebol), melhor treinador Miguel Tavares (basquetebol feminino) e melhor equipa basquetebol feminino. A Gala Academia d’Ouro contou ainda com a estreia de dois troféus em melhor equipa de E-Sports - Equipa de Counter-Strike 2 e equipa revelação - Equipa de Futsal Masculino. Tiago Cruz e a equipa de remo receberam ainda uma menção honrosa.

UA: Fernando Gonçalves reeleito diretor do DBio
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UA: Fernando Gonçalves reeleito diretor do DBio

A sessão de apresentação e discussão pública do programa de ação do único candidato decorreu, esta quarta-feira, 27 de novembro, no DBio. Questionado à margem da sessão pela Ria sobre os motivos da recandidatura, Fernando Gonçalves afirmou que a “vontade pessoal foi determinante” para se recandidatar. “Penso que durante estes quatro anos consegui criar alguma empatia com a comunidade. Depois há os chamados dossiers em aberto que contêm todos os trabalhos que foram iniciados e não foram concluídos. Eu gostaria de os concluir e, para isso, precisava de um novo mandato”, explicou. Relativamente às áreas que pretende trabalhar, nos próximos quatro anos, o docente no DBio assegurou que é “fundamental” alterar os planos de estudo nos mestrados. “Nós temos tido sucesso com os mestrados, mas é preciso preparar o futuro. Quando falo em sucesso falo do número de estudantes que fazem a sua dissertação na nossa instituição e que depois concluem o grau. Temos de começar a adequar a oferta também aos novos desafios para que os mestrados daqui a dez anos continuem atuais e a chamar cada vez mais gente de qualidade”, afirmou, dando ainda nota que gostava de criar dois mestrados no departamento “na área da agricultura e da conservação e vida selvagem”. Neste seguimento, Fernando Gonçalves destacou ainda a área da saúde mental e do bem-estar como prioritárias. “Estamos a trabalhar em colaboração estreita com a reitoria (…) Nós estamos preocupados com a nossa comunidade, não só dos estudantes, mas de todos os funcionários do departamento”, frisou. Sobre o corpo docente, o diretor do DBio realçou que o número “é sempre insuficiente” e que “gostaria de substituir os docentes que se vão aposentando por pessoas mais novas e que trazem outras ideias”. “O departamento precisa disso”, assegurou. No que toca ao futuro, Fernando Gonçalves disse estar “empenhado” em “celebrar” os 50 anos do DBio em 2026. “Temos de começar a organizar as nossas atividades. Penso que será um momento crucial para pensar o departamento nos próximos 50 anos”.

Estudos da UA mostram vantagens da terapia  fágica: terapia agora aprovada em Portugal
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Estudos da UA mostram vantagens da terapia fágica: terapia agora aprovada em Portugal

As infeções do trato urinário são das doenças infeciosas mais comuns, tanto na comunidade como no contexto hospitalar, resultando em elevadas taxas de morbilidade e custos económicos significativos associados ao seu tratamento. Entre as infeções urinárias, a cistite não complicada - infeção da bexiga - é a mais prevalente, sendo responsável por 95% de todos os casos. Contudo, em ambiente hospitalar, o risco de adquirir uma infeção urinária complicada aumenta, especialmente em pacientes algaliados. O tratamento convencional destas infeções consiste no uso de antibióticos. Segundo as orientações da Associação Europeia de Urologia, o tratamento da cistite aguda não complicada inclui o uso de antibióticos de primeira linha, como a fosfomicina, pivmecillinam e a nitrofurantoína, enquanto terapias alternativas incluem fluoroquinolonas, cefpodoxima proxetil, sulfametoxazol e trimetoprim. No entanto, atualmente, muitas das bactérias que causam infeções urinárias, adquiridas tanto no ambiente hospitalar como na comunidade, são resistentes a antibióticos, sendo frequentemente resistentes a antibióticos pertencentes a várias famílias, o que dificulta o seu tratamento. Por outro lado, a maioria das bactérias responsáveis pelas infeções urinárias pode crescer sob a forma de biofilmes. Os biofilmes consistem em agregados de bactérias que aderem a superfícies abióticas ou bióticas, envoltos numa matriz polimérica extracelular. Esta estrutura confere-lhes proteção contra a resposta imunitária do hospedeiro, condições de stress e antimicrobianos, como os antibióticos. As estirpes formadoras de biofilme são particularmente problemáticas, uma vez que causam infeções graves e apresentam uma resistência significativamente superior (10 a 1000 vezes maior) às dos antibióticos quando comparadas com as bactérias na forma livre planctónica. Estas bactérias podem colonizar superfícies abióticas, incluindo dispositivos médicos, como cateteres, frequentemente usados em pacientes hospitalizados. Face ao aumento crescente da resistência aos antibióticos, torna-se imperativo desenvolver alternativas eficazes para controlar estas infeções. A terapia fágica, que utiliza vírus que infetam especificamente bactérias (bacteriófagos, ou simplesmente fagos), tem surgido como uma solução eficaz contra estirpes bacterianas resistentes aos antibióticos, podendo substituir ou complementar a terapia antibiótica convencional. Embora a Europa Oriental tenha começado a utilizar a terapia fágica já em 1919, continuando a aplicá-la até aos dias de hoje na área da clínica, na Europa Ocidental, o seu uso terapêutico permanece limitado. Contudo, tem vindo a ganhar terreno como terapia experimental em tratamentos compassivos, como terapia de último recurso para pacientes em que os antibióticos não surtem efeito, tendo já contribuído para salvar várias vidas. Em 2018, a Bélgica tornou-se o primeiro país da Europa Ocidental a aprovar o uso da terapia fágica para tratar infeções causadas por bactérias resistentes a antibióticos. Portugal seguiu recentemente o mesmo caminho. Este mês, o Infarmed aprovou o uso da terapia fágica no país, tornando-se assim Portugal um dos primeiros países a regulamentar esta abordagem para o tratamento de infeções causadas por bactérias resistentes aos antibióticos, como as infeções urinárias. De facto, os fagos têm sido amplamente investigados a nível mundial como uma alternativa promissora para controlar infeções urinárias, incluindo aquelas causadas por estirpes bacterianas resistentes aos antibióticos e formadoras de biofilme. Recentemente, na UA foram desenvolvidos três estudos sobre a aplicação da terapia fágica na inativação de bactérias associadas a infeções urinárias. Num primeiro estudo, avaliou-se a aplicação de três novos fagos na inativação de uma bactéria frequentemente associada a infeções urinárias e que apresenta uma elevada taxa de resistência aos antibióticos. Os resultados foram promissores: os fagos, tanto isoladamente como combinados em cocktail, mostraram elevada eficácia mesmo em amostras de urina, atingindo uma inativação de 99% após quatro horas de tratamento. Estes resultados motivaram a realização de novos estudos com outras bactérias implicadas em infeções urinárias. Num segundo estudo, foi isolado um novo fago e testado contra uma estirpe de Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemases. Os resultados corroboraram os resultados obtidos no primeiro estudo, demonstrando que o fago foi eficaz na inativação da bactéria e manteve a sua atividade em condições de pH baixo, como ocorre na urina, observando-se uma inativação de 99, 99% após nove horas de tratamento. Num terceiro estudo, dois fagos foram testados contra uma estirpe de Pseudomonas aeruginosa resistente a vários antibióticos. Estes fagos foram avaliados isoladamente e em combinação (cocktail) contra P. aeruginosa na sua forma livre (células planctónicas) e em biofilmes em urina. Adicionalmente, foi analisado o efeito do tratamento combinado de um dos fagos com o antibiótico ciprofloxacina na inativação de biofilmes de P. aeruginosa formados em urina. Os resultados deste terceiro estudo mostraram que o tratamento com fagos foi altamente eficaz na inativação de biofilmes de P. aeruginosa em urina, alcançando uma redução 10 vezes superior ao estudo anterior, de 99,999%, após quatro horas de tratamento. Neste estudo, os melhores resultados foram obtidos utilizando apenas fagos, comparativamente aos resultados obtidos usando apenas antibiótico ciprofloxacina ou mesmo o tratamento combinado dos fagos com a ciprofloxacina que não aumentou a inativação de P. aeruginosa. Estes estudos demostraram que a utilização de fagos poderá ser uma abordagem promissora para controlar infeções urinárias, nomeadamente infeções causadas por estirpes formadoras de biofilme e resistentes a antibióticos. A equipa de investigação do Laboratório de Microbiologia Aplicada do Departamento de Biologia e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA envolvida: Adelaide Almeida (líder de equipa e professora do Departamento de Biologia); Carla Pereira; Pedro Costa; Márcia Braz; João Duarte; Carolina Máximo; Ana Brás e Inês Martinho

AAAUA organiza concerto solidário de Natal a favor da Cáritas de Aveiro
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AAAUA organiza concerto solidário de Natal a favor da Cáritas de Aveiro

Este concerto inclui a atuação do artista Luís Trigacheiro, natural de Beja. Com o Alentejo enraizado na sua cultura e na personalidade, a tour “Fado do Meu Cante” chega assim a Aveiro e no alinhamento serão incluídos os seus já conhecidos singles “O Meu Nome É Saudade” e “Peixe Fora d’Água”, assim como algumas outras surpresas. Este concerto contará ainda com a atuação dos SENZA, uma banda formada por dois antigos alunos da UA: Catarina Duarte e Nuno Pedro Caldeira. Com três discos editados e um expressivo percurso internacional, os SENZA são um caso notável da nova música portuguesa. Nos últimos meses tocaram em alguns dos mais notáveis e exóticos festivais de músicas do mundo, na Índia, no Chile, no México, Japão, Austrália, Indonésia, Coreia do Sul e China e ainda fizeram uma grande viagem com o filho de seis anos pelo sudeste asiático. Eis os SENZA, músicos e viajantes, que compõem canções inspiradas nas viagens e na visão que trazem do mundo. Têm vindo a fazer parcerias com músicos de renome como Rão Kyao, Júlio Pereira, Carlão e Lena d'Água, e conquistaram mais de 200 palcos em todos os continentes. O concerto será solidário com recolha de bens de Natal (bacalhau, bolo-rei, azeite e enlatados) a favor da Cáritas de Aveiro, para doação às famílias carenciadas que auxiliam. O bilhete tem um custo de 12 euros e está disponível aqui.