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14 dez 2025
Aveiro perde lugar no Conselho Diretivo da ANMP, mas Luís Souto é eleito para o Conselho Geral
O Município de Aveiro deixou de estar representado no Conselho Diretivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) na sequência do Congresso Nacional desta associação, realizado este fim de semana em Viana do Castelo. Ainda assim, o presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Luís Souto de Miranda, foi eleito para integrar o Conselho Geral da ANMP.
Os órgãos dirigentes da ANMP - que incluem o Conselho Diretivo, o Conselho Geral, o Conselho Fiscal e a Mesa do Congresso - foram renovados no congresso realizado em Viana do Castelo, este fim de semana, no qual autarcas de todo o país escolheram os novos titulares para o mandato 2025-2029. Nesta sessão eleitoral, o presidente da Câmara Municipal de Pombal, Pedro Pimpão (PSD), foi eleito presidente da ANMP, sucedendo à socialista Luísa Salgueiro, autarca de Matosinhos e presidente do Conselho Diretivo desde 2021. Apesar de Aveiro não figurar nesta nova equipa executiva - recorde-se de que Ribau Esteves foi vice-presidente desta associação ao longo dos últimos anos -, Luís Souto de Miranda conseguiu garantir a eleição como membro efetivo no Conselho Geral da associação, órgão que reúne 61 representantes dos municípios portugueses e desempenha um papel muito semelhante a uma Assembleia Geral. Apesar da perda de representação do Município de Aveiro no Conselho Diretivo, o distrito de Aveiro conta com dois representantes neste órgão: Amadeu Albergaria, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, que será também vice-presidente deste órgão, e António Jorge Franco, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, que surge na lista de substitutos. Destaca-se ainda a eleição de Jorge Sampaio, presidente da Câmara Municipal de Anadia, como membro efetivo da Mesa do Congresso; Jorge Ratola, presidente da Câmara Municipal de Espinho, como membro efetivo do Conselho Fiscal; Isabel Simões Pinto, presidente da Câmara Municipal de Estarreja, como membro substituto do Conselho Fiscal; Margarida Belém (Arouca), Jorge Almeida (Águeda) e Ricardo Cardoso (Castelo de Paiva) como membros efetivos do Conselho Geral; Domingos Silva (Ovar), João Oliveira (São João da Madeira) e Duarte Almeida Novo (Oliveira do Bairro) como membros suplentes do Conselho Geral. A eleição dos órgãos da ANMP surge num contexto de mudança de liderança para a associação, com os sociais-democratas a recuperar a presidência depois de mais de uma década liderada pelo Partido Socialista.
14 dez 2025
Bruno Vilhena eleito presidente da Federação Distrital de Aveiro da Juventude Socialista
Bruno Vilhena Pires é o novo presidente da Federação Distrital de Aveiro da Juventude Socialista (JS), após vencer a eleição distrital no congresso federativo que decorreu este sábado, 13 de dezembro, em Santa Maria da Feira. O candidato de Estarreja conquistou 22 votos, contra 16 do recandidato João Costa, que liderava a estrutura no último mandato.
Sob o mote “Avançar por Aveiro”, Bruno Vilhena Pires defendeu durante a candidatura uma federação “mais próxima, unida e preparada para os desafios das novas gerações”. O novo presidente sublinhou que este é o momento de “fazer a federação avançar”, com maior presença no terreno, reforço da participação interna e valorização das concelhias mais pequenas. Bruno Vilhena Pires é estudante de doutoramento no Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da Universidade de Aveiro e bolseiro de doutoramento no CIPES - Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior, onde investiga temas de Economia e Ensino Superior. Foi presidente da Juventude Socialista de Estarreja ao longo dos últimos quatro anos e é deputado na Assembleia Municipal de Estarreja, pelo Partido Socialista, desde 2021. No movimento estudantil, foi dirigente associativo da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e Coordenador do Núcleo de Estudantes de Economia (NEEC-AAUAv) entre 2018 e 2019. A disputa interna na Federação Distrital da JS de Aveiro opôs Bruno Vilhena Pires a João Costa, que se recandidatava após um mandato de dois anos. No anúncio da sua candidatura “Afirmamos Aveiro”, João Costa afirmou ter conduzido um mandato “histórico”, destacando o aumento de concelhias ativas, a renovação da comunicação e o reforço da formação interna. Com o resultado de 22-16, os delegados escolheram Bruno Vilhena Pires para liderar a federação no próximo ciclo político. O congresso decorreu este sábado, 13 de dezembro, em Santa Maria da Feira e reuniu delegados e militantes de todo o distrito.
13 dez 2025
Companhia catalã Campi Qui Pugui apresenta “A caminho da Escola” no Teatro Aveirense este domingo
O Teatro Aveirense recebe este domingo, dia 14, pelas 16h00, um espetáculo da companhia catalã Campi Qui Pugui. De acordo com uma nota de imprensa enviada à Ria, “A Caminho da Escola” inspira-se em histórias reais para falar do papel das crianças no mundo atual e dos obstáculos que estas têm de superar em muitas partes do mundo.
Em “A Caminho da Escola” é contada a história de três irmãs
que enfrentam diariamente obstáculos e perigos para chegar à escola. Segundo os
responsáveis, trata-se de um “espetáculo sugestivo, visual e sem texto”,
inspirado em histórias reais de crianças de todo o mundo. A sessão consiste numa “viagem visual através de uma
paisagem repleta de sons, de música e do dialeto próprio destas irmãs enquanto
cantam, brincam e conversam, sem que seja preciso entender qualquer palavra do
que dizem”. A história tem como fio condutor uma personagem que guia os
espetadores ao longo da narrativa e encarna as figuras humanas da história, “tudo
envolto num cenário que sugere a ideia de caminho, de viagem e de circularidade”.
13 dez 2025
Eleições AAUAv: Tudo o que precisas de saber sobre as candidaturas
Joana Regadas e Leonor Lopes disputam a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) na próxima quinta-feira, 18 de dezembro. A Ria consultou os manifestos eleitorais e a constituição das listas e explica agora todo o processo, bem como as visões de ambas as candidaturas.
A eleição dos órgãos sociais da AAUAv acontece na próxima quinta-feira, dia 18, e foram aprovadas duas candidaturas <a href="https://radioria.pt/noticias/universidade/joana-regadas-e-leonor-lopes-disputam-as-eleicoes-para-a-aauav">pela Comissão Eleitoral</a>: a Lista A, liderada pela recandidata Joana Regadas, e a Lista D, encabeçada pela estreante Leonor Lopes. <a href="https://radioria.pt/noticias/universidade/ua-joana-regadas-e-recandidata-a-presidencia-da-aauav">Joana Regadas</a>, doutoranda em Engenharia Biomédica na Universidade de Aveiro (UA), acabou agora de completar o primeiro ano à frente dos destinos da associação. A jovem de 25 anos sucedeu a Wilson Carmo, de quem já tinha sido vice-presidente adjunta, ao vencer as eleições com 2.356 votos (Ria). Em entrevista à Ria, a atual presidente defende que pretende continuar no cargo para "sedimentar e solidificar” as “pequenas sementes que ao longo deste último ano” a AAUAv lançou. <a href="https://radioria.pt/noticias/universidade/ua-leonor-lopes-e-candidata-a-presidencia-da-aauav">Leonor Lopes</a>, estudante de 20 anos a frequentar a licenciatura de Biotecnologia na UA, procura este ano “ir mais longe” do que têm ido os atuais dirigentes. Em 2024, a responsável viu a sua candidatura ser barrada pela Comissão Eleitoral “por não cumprir o disposto no Regulamento Eleitoral e nos Estatutos da AAUAv”. Como principal objetivo, Leonor Lopes apontou à Ria que pretende fazer mais na “reivindicação dos direitos dos estudantes” e quer mobilizar mais gente para as causas que impactam os alunos. Na nota introdutória do Manifesto Eleitoral da Lista A são assumidos os principais pilares da candidatura. Segundo aponta o projeto que concorre à associação de estudantes, “a inovação, o bem-estar e a cultura” são os temas que devem marcar a agenda durante o próximo mandato. No campo da inovação, os estudantes recordam que a alteração aos estatutos da Universidade de Aveiro prevê a criação do Instituto de Ensino e Aprendizagem. A lista acredita que este pode ser um instrumento usado pela instituição para “reforçar a sua visão” e continuar a “liderar processos de transformação pedagógica”. Assim sendo, propõem “impulsionar o papel do novo Instituto de Ensino e Aprendizagem, assegurando que a estratégia de inovação pedagógica permanece com o estudante no centro”. Do ponto de vista do bem-estar, a Lista A propõe-se a “concluir e implementar o estudo aprofundado levado a cabo pela AAUAv sobre a realidade estudantil, transformando conhecimento em ação concreta”. Entre as ideias sugeridas pelo projeto comandado por Joana Regadas estão a “integração plena do Plano de Saúde Escolar, a criação de respostas que promovam o equilíbrio emocional e o reforço do acesso à prática desportiva”. No ramo da cultura, quer ainda “consolidar mecanismos de diálogo cultural, reforçar a cooperação com as entidades locais e aprofundar a cultura como instrumento de união entre os campi”. Para além de querer “dinamizar programas culturais que favoreçam a livre expressão” dos estudantes, a lista compromete-se também com a realização do Enterro’26 e Integra-te’26. Ao longo do programa, a lista não deixa de incluir um ponto relacionado com o papel reivindicativo da associação. Entre as ideias apresentadas, os estudantes defendem o aumento da oferta de formação em investigação, a melhoria das instalações da Universidade – com especial foco na Escola Superior Aveiro-Norte (ESAN). Para a candidatura, é ainda importante participar no debate sobre o financiamento das instituições de ensino superior, sobre a propina e acompanhar o processo de implementação do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) que já foi aprovado na generalidade pelo Parlamento. Por oposição à Lista A, a Lista D estabelece como prioridade a vertente reivindicativa da AAUAv. Dizendo-se “determinada a construir uma Associação Académica verdadeiramente representativa, inclusiva e combativa”, a candidatura começa por elencar os seus principais objetivos: “democratização do ensino superior”; “o fim das propinas, taxas e emolumentos”; “mais e melhores residências estudantis”; “reforço da ação social escolar”; “saúde mental como prioridade”; e combate à “subordinação do ensino superior a interesses privados”. A “democratização”, como descrevem os estudantes, passa por uma participação mais ativa dos estudantes nos órgãos de decisão das instituições de ensino superior. No mesmo sentido, defendem uma “revisão ampla e democrática” do RJIES para que “sirva exclusivamente os interesses da comunidade académica”. Tanto na defesa do fim das propinas como do reforço da habitação estudantil, a lista volta-se para o Estado. Para além de qualificarem as propinas como “o grande entrave ao acesso e permanência no Ensino Superior”, os estudantes pedem também “o cumprimento integral e a expansão do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES)”. A lista de Leonor Lopes quer ainda que o reforço da ação social passe por um acréscimo do número de bolsas, melhorias nas cantinas e pelo aumento no financiamento da ação social. Da mesma forma, defende a contratação de mais profissionais de saúde mental e a “implementação de políticas que promovam o equilíbrio emocional e o sucesso académico”. Por fim, a Lista D rejeita a “influência de interesses privados na gestão das universidades” e quer a saída de Portugal do Processo de Bolonha. A pensar no caso concreto da Universidade de Aveiro, a candidatura defende o fim da taxa de melhoria de nota (caso o estudante não melhore), a “resolução do problema” das filas das Cantinas de Santiago, a redução do preço da refeição social e um maior contacto com os estudantes que habitam as residências. No seio da instituição, a lista propõe também a introdução de mais tomadas de eletricidade em salas e auditórios, de mais micro-ondas na instituição e de um maior investimento na infraestrutura de internet. Recorde-se que, para além da direção, nestas eleições para a AAUAv são também eleitas a Mesa da Assembleia Geral de Alunos (MAG) e o Conselho Fiscal e de Jurisdição (CFJ).Na próxima quarta-feira, 17 de dezembro, será o dia de reflexão, com as eleições a decorrer no dia seguinte, 18 de dezembro.
12 dez 2025
Greve geral mobilizou Aveiro, mas muitos mantiveram as portas abertas na Lourenço Peixinho
No dia em que o país foi marcado pela greve geral convocada contra o pacote laboral do Governo, a Ria esteve no Largo Jaime Magalhães Lima, em Aveiro, para acompanhar a concentração promovida pela CGTP. Apesar dos protestos e da redução de tráfego que se fez sentir ontem, 11 de dezembro, na Avenida Lourenço Peixinho, a maioria dos estabelecimentos da zona manteve a sua atividade normal.
Poucos eram os
espaços fechados na Avenida Lourenço Peixinho, em Aveiro, em dia de greve
geral. Na via central da cidade, o principal impacto sentia-se na Estação
Ferroviária, uma das principais portas de entrada em Aveiro. Aí, onde os
comboios deixaram de chegar e de partir, o movimento era muito inferior ao
normal. Foi esta a
história contada à Ria ao balcão de um café. O estabelecimento localizado ao
lado do terminal ferroviário está habituado a acolher quem por lá passa, mas
ontem esteve deserto. Os trabalhadores preferiram não aderir à greve e
mantiveram a atividade ao longo de todo o dia. “Tenho uma renda para pagar”,
explicou a trabalhadora de serviço, que alegou não se poder dar ao luxo de
perder o rendimento do dia. Mas não aderir à greve não é sinónimo de uma não
solidariedade com a causa, afirma: “Está muito injusto isto, favorecem os
maiores. Acho bem que façam greve para acordar as consciências”. O discurso foi
semelhante numa sapataria. A responsável revelou algum desconhecimento sobre as
causas da greve, mas disse “entender que [os trabalhadores] a devem fazer e
lutar pelos seus direitos”. Questionada sobre o porquê de ter resolvido ir
trabalhar, disse apenas que “achou que não devia fazer”. O cenário
contrastava com o Largo Jaime Magalhães Lima, onde aconteceu a “Praça de Greve”
em Aveiro. A partir das 15h00, largas dezenas de pessoas começaram a
acumular-se com cartazes onde se podia ler “Não é modernização, é
precarização”, “Flexibilidade sem direitos é exploração” ou “Hipocrisia:
Festejar Abril, rasgar direitos! Levem-nos a jantar primeiro!!!”. A interromper a
música “Que força é essa”, de Sérgio Godinho, que servia de pano de fundo à
praça, o primeiro a tomar a palavra na concentração foi Nuno Teixeira, em
representação da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses –
Intersindical Nacional (CGTP-IN). Na sua intervenção, o dirigente sindical
debruçou-se sobre o pacote laboral do governo e clamou que um conjunto de reivindicações:
“Não podemos aceitar amanhã ser despedidos e alegarem que é justa causa. Não
podemos aceitar alterar as leis para nós sermos precários para toda a vida. Não
podemos aceitar perder o direito à greve, que é o que eles querem fazer através
dos serviços mínimos”. Tal como
<a href="https://radioria.pt/noticias/aveiro/greve-geral-cgtp-convoca-manifestacao-em-aveiro-para-esta-tarde">avançado pela Ria</a>,
recorde-se que a CGTP e a UGT decidiram convocar a greve geral em resposta ao
anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral, apresentado pelo
Governo. Para realçar a
força desta greve, o sindicalista aludiu às <a href="https://www.jn.pt/nacional/artigo/greve-geral-pode-custar-792-milhoes-de-euros-a-economia/18027766?utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter">contas feitas pelo Jornal de
Notícias</a>, que davam conta de que a greve geral podia representar uma perda de
“792” milhões de euros: “Nós valemos
muito, camaradas e amigos. Somos nós que produzimos estes 790 milhões”. À conversa com a
Ria, Adelino Nunes, da União de Sindicatos de Aveiro (USA), garantiu que esta ‘Praça
de Greve’ de Aveiro foi mesmo “a que teve mais dimensão nos últimos anos”. O
grande mérito da ação, segundo aponta, é que as pessoas passaram a ter
conhecimento do conteúdo do pacote laboral apresentado pelo Governo e que é
“muito mau para os trabalhadores”. “Dos mais de 100 artigos, não há um que seja
que tenha alguma alteração em relação à legislação laboral atual que seja para
beneficiar o trabalhador”, frisa. Depois de
António Leitão Amaro, ministro da Presidência, ter <a href="https://expresso.pt/economia/trabalho/2025-12-11-greve-geral-leitao-amaro-fala-em-adesao-inexpressiva-promete-dialogo-mas-para-conseguir-as-mudancas-08e867ba">categorizado a greve como
“inexpressiva”</a>, Adelino Nunes
responde que o governante “vive numa bolha” e dá o exemplo da Avenida Lourenço
Peixinho: “É comparar o movimento que havia ontem nesta avenida a esta hora [já
perto das 17h00] e o movimento que tem hoje. Para a avenida estar com este
fluxo de trânsito, muito trabalhador não veio trabalhar e aderiu à greve”. Muito enfatizada
por todos os intervenientes durante a concentração foi a presença de caras
“novas” e mais jovens. À Ria, <a href="https://radioria.pt/noticias/Universidade/associacao-de-bolseiros-de-investigacao-cientifica-retoma-trabalho-na-ua-com-plenario-esta-tarde">João Canas</a>, bolseiro de investigação da Unidade
de Investigação em Governação, Competitividade e Políticas Públicas (GOVCOPP)
no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território (DCSPT) da
Universidade de Aveiro (UA), conta que, não só na praça como em alguns piquetes
de greve em que esteve, a força dos jovens era expressiva. O jovem diz
conhecer a realidade da precariedade na primeira pessoa e, por isso, decidiu
aliar-se à greve. Segundo afirma, “ao contrário da retórica do Governo, que diz
que os jovens não se importam de ter um vínculo precário porque andam sempre à
procura de novas oportunidades, […] os jovens querem é estabilidade”. Recorde-se que,
de acordo com dados da União de Sindicatos de Aveiro <a href="https://radioria.pt/noticias/aveiro/saude-educacao-e-industria-sentem-efeitos-da-greve-geral-em-aveiro">já noticiados pela Ria</a>, a
adesão à greve geral no Município teve especial impacto nos setores da saúde,
educação e indústria.
12 dez 2025
Próximo presidente da CCDR-Centro terá cinco vice-presidentes escolhidos pelo Governo
A reforma orgânica das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) foi promulgada esta quinta-feira pelo Presidente da República e altera de forma significativa o modelo de governação regional, com impacto direto na futura liderança da CCDR-Centro. O diploma aprovado em Conselho de Ministros determina que o próximo presidente trabalhará com uma equipa composta por seis vice-presidentes, cinco dos quais passam a ser designados diretamente pelo Governo, cada um com competências específicas nas áreas da Agricultura, Cultura, Ambiente, Educação e Saúde.
Até agora, de acordo com o Decreto-Lei n.º 36/2023, o conselho diretivo integrava um presidente eleito pelos autarcas e até quatro vice-presidentes: um eleito pelos presidentes das câmaras municipais; outro pelos membros do conselho regional; e até dois cooptados pelo próprio conselho diretivo, sob proposta do presidente. Com a alteração aprovada pelo Governo de Luís Montenegro, o conselho diretivo das CCDR passa agora a ser constituído por sete elementos: o presidente (eleito por todos os membros das câmaras municipais, assembleias municipais e presidentes de junta), um vice-presidente (eleito apenas pelos presidentes das câmaras), e cinco vice-presidentes designados pelo Governo. O Executivo justifica esta reformulação com a necessidade de garantir “desconcentração coordenada” e aproximar as políticas públicas ao território, especialmente nas áreas agora reforçadas no âmbito das atribuições das CCDR. A nova orgânica transfere para estas entidades responsabilidades centrais na educação, incluindo o planeamento da rede escolar e da oferta formativa, o acompanhamento das escolas e o planeamento das redes de dupla certificação - competências até aqui dispersas pela administração central. Também as escolas profissionais agrícolas públicas passam a ser coordenadas pelas CCDR, reforçando o papel destas estruturas no desenvolvimento regional. Na nota de promulgação, Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que avançou com a promulgação do diploma porque este teve “o acordo dos dois partidos com maior representatividade autárquica”, manifestando ainda a expectativa de que “os resultados pretendidos sejam mesmo atingidos”. Apesar de a nova orgânica entrar imediatamente em vigor, continua por ser conhecida a data da eleição do próximo presidente da CCDR-Centro. A lei determina que o ato eleitoral deve ocorrer nos 90 dias seguintes às autárquicas - o que fixaria o limite em 10 de janeiro -, mas a convocatória, da responsabilidade do ministro Manuel Castro Almeida, teria de ter sido publicada com pelo menos 30 dias de antecedência. Como tal não aconteceu, torna-se impossível realizar a eleição nessa data. Esta ausência de ato formal reforça, aliás, informações recolhidas pela Ria de que o Governo poderá estar a ponderar marcar o processo apenas para depois das eleições presidenciais de 18 de janeiro, empurrando-o para fevereiro. Como a Ria noticiou a 27 de novembro, os nomes mais falados para suceder a Isabel Damasceno são os de Ribau Esteves, ex-presidente da Câmara de Aveiro, e Paulo Fernandes, ex-presidente da Câmara do Fundão. Ambos têm sido apontados por diversas fontes do universo autárquico e encontram-se, segundo essas mesmas fontes, no terreno a recolher apoios. O colégio eleitoral da CCDR-Centro integra cerca de três mil autarcas dos 77 municípios da região. O PSD é a força mais representada neste universo, embora sem maioria absoluta, e, historicamente, social-democratas e socialistas têm evitado confrontos diretos nestas eleições, privilegiando entendimentos ao mais alto nível. Também o Expresso, na edição online desta quinta-feira, confirma a existência de um entendimento entre PS e PSD para a distribuição das presidências das cinco CCDR. Segundo aquele jornal, os partidos negociaram discretamente um acordo que atribui ao PSD as CCDR do Centro e do Norte, enquanto o PS ficaria com Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve - um verdadeiro “Tratado de Tordesilhas” político, ajustado ao peso autárquico de cada partido e que envolveu diretamente José Luís Carneiro e o ministro Manuel Castro Almeida. O Expresso acrescenta ainda que este entendimento “precisa agora de descer às bases”. Apesar da existência de um acordo nacional, a eleição do presidente continua a depender do voto individual e secreto de cerca de três mil autarcas, o que significa que a execução prática do compromisso terá de ser garantida pelas estruturas distritais e concelhias, introduzindo inevitavelmente um grau de incerteza no processo. A alteração agora promulgada reforça a centralidade política da escolha do próximo presidente. Mesmo continuando a ser eleito pelos autarcas, o futuro líder da CCDR-Centro passará a dirigir uma estrutura onde a maioria dos vice-presidentes é nomeada pelo Governo, o que poderá influenciar a relação entre os municípios e o poder central, bem como o equilíbrio interno do poder regional no próximo ciclo político. Num momento em que estão também a ser fechadas outras decisões relevantes para a região - incluindo as administrações do Hospital de Aveiro e do Porto de Aveiro -, a definição da liderança da CCDR-Centro assume um peso determinante no desenho do novo mapa político do centro do país.