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18 dez 2025
GOOZE, Orquestra Bamba Social e DJ Kamala atuam na noite de passagem de ano em Aveiro
De acordo com uma nota de imprensa enviada à Ria, a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) preparou uma programação especial para a passagem de ano na cidade. Está previsto um espetáculo multimédia à meia-noite e, durante a noite, atuam os artistas GOOZE, a Orquestra Bamba Social e DJ Kamala.
A programação para a noite de passagem de ano em Aveiro,
integrada no Programa Boas Festas em Aveiro 2025/26, centra-se no Rossio, Canal
Central da Ria de Aveiro e áreas adjacentes. A noite começa pelas 21h30, no Rossio, com “GOOZE”, uma ‘house
music band’ natural do Porto. Segue-se o concerto com a “Orquestra Bamba
Social”, grupo também portuense “unido pelo amor ao samba”. Pelas 23h55 tem
início, na Praça do Rossio e Canal Central, o Countdown e Espetáculo Multimédia
com fogo de artifício, som e luz. A festa continua com a atuação de DJ Kamala,
uma artista com mais de 20 anos que “faz do Hip-Hop o ponto de partida para uma
viagem de música e festa sem barreiras de estilo”. De acordo com a CMA, as celebrações vão obrigar a diversos
cortes e condicionamentos do trânsito. Os cortes e condicionamentos de trânsito
têm início pelas 20h30 e serão os seguintes: Ponte de São João (condicionado); Rua
de João Afonso de Aveiro; Rua das Tricanas; Rua do Lavadouro; Travessa do
Lavadouro; Rua Conselheiro Luís Magalhães; Rua Fernão de Oliveira
(condicionado); Av. Dr. Lourenço Peixinho (cruzamento com a rua de Agostinho
Pinheiro); Av. Dr. Lourenço Peixinho (cruzamento com a rua Dr. Alberto Souto;
condicionado); Rua do Batalhão de Caçadores 10 (Fórum); Rua do Batalhão de
Caçadores 10, com a Travessa para as Florinhas do Vouga (condicionado); Rua de
José Rabumba / Trav. Arrochela; Rua Homem Cristo Filho/ Trav. Beatas; Rua da
Liberdade (Alboi); Rotunda das Pirâmides / Rua do Alavário; Cais do Alboi / Rua
da Liberdade; Rua da Arrochela; Rua do Alavário, na saída da Rua Eduarda Ala
Cerqueira (Arruamento paralelo ao Canal do Paraíso); Rua dos Santos Mártires /
rotunda da Pega (condicionado); Rua Dr. Nascimento Leitão (condicionado). Nos pontos assinalados como condicionados haverá elemento
policial que fará a triagem do trânsito.
18 dez 2025
Governo dá tolerância de ponto em 24, 26 e 31 de dezembro, mais um dia do que o habitual
O Governo vai conceder tolerância de ponto aos trabalhadores que exercem funções públicas nos próximos dias 24, 26 e 31 de dezembro, mais um dia do que o habitual, refere um despacho assinado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Em 2025, ao contrário de anos anteriores, o dia 26 de dezembro, que se segue ao Natal, calha a uma sexta-feira, o que levou o executivo a também conceder tolerância de ponto também nesse dia. No despacho hoje assinado pelo primeiro-ministro, ao qual a agência Lusa teve acesso, refere-se que “constitui uma prática habitual a deslocação de muitas pessoas para fora dos seus locais de residência no período de Natal e de Ano Novo, tendo em vista a realização de reuniões familiares”. Nesse sentido, de acordo com o mesmo despacho, “é concedida tolerância de ponto aos trabalhadores que exercem funções públicas nos serviços da administração direta do Estado, sejam eles centrais ou desconcentrados, e nos institutos públicos” nos dias 24, 26 e 31 de dezembro. “Excetuam-se (…) os serviços e organismos que, por razões de interesse público, devam manter-se em funcionamento naquele período, em termos a definir pelo membro do Governo competente”, salienta-se no despacho. Nestes casos relacionados com o funcionamento de serviços por razões de interesse público, determina-se que, “sem prejuízo da continuidade e qualidade do serviço a prestar, os dirigentes máximos dos serviços e organismos (…) devem promover a equivalente dispensa do dever de assiduidade dos respetivos trabalhadores, em dia ou dias a fixar oportunamente”.
18 dez 2025
Comissão Eleitoral da AAUAv faz alterações nas mesas de voto: Descobre onde deves votar
A Comissão Eleitoral das eleições para a Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) decidiu esta manhã, dia 18, reduzir o número de mesas de voto. A alteração deveu-se à falta de urnas e de pessoal para acompanhar a votação. As 20 urnas inicialmente anunciadas passam a ser apenas 14, o que obriga a que alguns estudantes votem fora do seu departamento.
Conforme já <a href="https://radioria.pt/em-direto/eleicoes-aauav--mandato-2026">noticiado pela Ria no blog ao vivo</a> que está a acompanhar as eleições para a AAUAv, a Comissão Eleitoral confirmou esta manhã a redução do número de mesas de voto. A informação, que foi disponibilizada de madrugada pelos responsáveis, <a href="https://radioria.pt/noticias/universidade/hoje-e-dia-de-eleicoes-na-associacao-academica-da-universidade-de-aveiro">contradiz aquilo que inicialmente tinha sido anunciado</a>. A mudança, justifica a Comissão Eleitoral, deve-se à insuficiência de urnas e à falta de pessoas disponíveis para integrar as mesas em alguns departamentos. Assim: os estudantes do Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO) passam a votar no Departamento de Biologia (DBIO); os estudantes de cadeiras isoladas e do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território (DCSPT) têm de se deslocar ao Departamento de Matemática (DMAT); os estudantes do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo (DEGEIT) vão agora votar no Departamento de Física (DFIS); os estudantes do Departamento de Engenharia Civil (DeCIVIL) passam a votar no Departamento de Engenharia Mecânica (DEM); os estudantes do Departamento de Geociências (DGeo) passam a ser eleitores no Departamento de Comunicação e Arte (DECA); e as urnas para as secções autónomas (GrETUA e Nexus) passam a estar no Departamento de Química (DQ). Em todas estas urnas, a eleição decorre entre as 9h30 e as 17h30. No caso das mesas de voto do Instituto Superior de Contabilidade e Administração (ISCA), da Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia da Produção Aveiro-Norte (ESAN) e da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) funcionarão das 9h30 às 21h00. Já a mesa de voto da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e do Departamento de Ciências Médicas (ESSUA) estará aberta das 9h30 às 20h00. 1- Departamento de Línguas e Culturas (DLC): votam os alunos do DLC; 2- Departamento de Biologia (DBIO): votam os alunos de DBIO e do Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO); 3- Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI): votam os alunos do DETI; 4- Departamento de Educação e Psicologia (DEP): votam os alunos do DEP; 5- Departamento de Matemática (DMAT): votam os alunos do DMAT, cadeiras isoladas e do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território (DCSPT); 6- Departamento de Física (DFIS): votam os alunos do DFIS e do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo (DEGEIT); 7- Departamento de Engenharia Mecânica (DEM): votam os alunos do DEM e do Departamento de Engenharia Civil (DeCIVIL); 8- Departamento de Química (DQ): votam os alunos do DQ, NEXUS e GrETUA); 9- Departamento de Comunicação e Arte (DECA): votam os alunos do DECA e do Departamento de Geociências (DGeo); 10- Instituto Superior de Contabilidade e Administração (ISCA): votam os alunos do ISCA; 11- Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia da Produção Aveiro-Norte (ESAN): votam os alunos da ESAN; 12- Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA): votam os alunos da ESTGA; 13- Escola Superior de Saúde (ESSUA) e Departamento de Ciências Médicas (DCM): votam os alunos da ESSUA e do DCM; 14- Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMAC): votam os alunos do DEMAC.
18 dez 2025
Terminadas buscas por quatro pescadores desaparecidos em Aveiro
Conforme noticia a agência Lusa, as buscas pelos quatro pescadores desaparecidos, após a embarcação em que seguiam ter naufragado terça-feira a cerca de 370 quilómetros de Aveiro, foram hoje dadas como terminadas. A informação foi dada hoje, dia 18, informou a Marinha.
Num comunicado divulgado na sua página de Internet, a
Marinha adiantou que, nas operações de busca, estiveram um navio patrulha
oceânico da Marinha - NRP Figueira da Foz, uma aeronave de patrulha marítima da
Força Aérea – P3 e duas embarcações de pesca que estavam nas proximidades. A Marinha adiantou que o NRP Figueira da Foz está a caminho
da Base Naval de Lisboa, prevendo-se a sua chegada até ao final do dia. Apesar das buscas terem sido dadas como terminadas, a
Marinha ressalvou que o Centro Coordenador de Busca e Salvamento Marítimo de
Lisboa (MRCC Lisboa) vai manter uma vigilância remota da área de busca com
recurso a meios de satélite disponibilizados pela Agência Europeia de Segurança
Marítima (EMSA). A embarcação de pesca “Carlos Cunha” naufragou na
terça-feira de manhã com sete pescadores de nacionalidade indonésia a bordo,
dos quais quatro estão desaparecidos e três foram resgatados por outra
embarcação de pesca que se encontrava nas imediações, sendo que um deles, que
se encontrava em paragem cardiorrespiratória, acabou por morrer. O barco de pesca do espadarte, que terá sofrido uma entrada
de água enquanto navegava a mais de 200 milhas náuticas (aproximadamente 370
quilómetros) de Aveiro, é propriedade do armador António Cunha, de Vila Praia
de Âncora, no concelho de Caminha, mas costuma estar fundeado em Vigo, Espanha. A Marinha explicou que três dos sete tripulantes que foram
recolhidos por uma das embarcações de pesca, um deles já sem vida, já se
encontram a bordo do NRP Figueira da Foz. Já os dois sobreviventes foram avaliados pela equipa de
saúde do navio, não tendo sido identificada a necessidade de cuidados médicos
adicionais, acrescentou.
18 dez 2025
Hoje é dia de eleições na Associação Académica da Universidade de Aveiro
Os estudantes da Universidade de Aveiro (UA) são hoje, 18 de dezembro, chamados às urnas para escolher os novos dirigentes da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv). Para além dos órgãos sociais, Direção, Mesa da Assembleia Geral (MAG) e Conselho Fiscal e de Jurisdição (CFJ), elegem-se também as coordenações das secções autónomas, GrETUA e Nexus.
Tal como
avançado <a href="https://radioria.pt/noticias/universidade/amanha-e-dia-de-eleicoes-na-aauav-tudo-o-que-e-preciso-saber-para-votar">esta quarta-feira pela Ria</a>,
as urnas vão estar abertas no átrio de 16 departamentos e das quatro escolas da
Universidade de Aveiro, sendo que a Escola Superior de Saúde (ESSUA) e o
Departamento de Ciências Médicas (DCM) partilham a mesma urna. As votações
estão a decorrer em todos os espaços entre as 9h30 e as 17h30 de hoje, mas há
algumas urnas que só fecham mais tarde. É o caso da urna da ESSUA e do DCM, que
só fecha às 20h00, e das urnas do Instituto Superior de Contabilidade e
Administração, Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia da Produção
Aveiro-Norte e da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, que só
fecham às 21h00. De acordo com a
Comissão Eleitoral, cada estudante só pode votar no Departamento a que
pertence. As votações para
as secções autónomas decorrem todas no Complexo Pedagógico, Científico e
Tecnológico, entre as 9h30 e as 17h30. Recorde-se que
para a presidência deste órgão candidatam-se<a href="https://radioria.pt/noticias/Universidade/entrevista-joana-regadas-recandidata-se-a-aauav-e-destaca-reducao-da-divida-em-100-mil-euros">Joana
Regadas</a>, pela Lista A, e<a href="https://radioria.pt/noticias/Universidade/entrevista-leonor-lopes-defende-mais-oposicao-e-proximidade-na-aauav">Leonor
Lopes</a>, pela Lista D, que apresentaram cada um dos projetos em entrevista à
Ria. As concorrentes estiveram em<a href="https://radioria.pt/noticias/Universidade/debate-aauav-leonor-lopes-quis-mais-luta-joana-regadas-assumiu-a-defesa-do-seu-legado">debate</a>na
passada segunda-feira, dia 15, a que ainda pode assistir no<a href="https://fb.watch/E2ztP9Mse5/">Facebook</a>e no<a href="https://www.youtube.com/watch?v=XuRxz7kdQvk&t=2932s">Youtube</a>da
Ria. Recorde-se que,
no ano passado, Joana Regadas venceu as eleições para a <a href="https://radioria.pt/noticias/universidade/19-anos-depois-aauav-volta-a-ser-liderada-por-uma-mulher-joana-regadas-eleita-presidente">direção da AAUAv com “2356” votos</a>. Em 2024,
registou-se ainda uma <a href="https://radioria.pt/noticias/universidade/abstencao-de-83-marca-eleicoes-da-aauav-mesmo-com-duas-listas-em-disputa">taxa de abstenção de “83.07%</a>”.
17 dez 2025
UA celebra 52 anos entre alertas sobre o futuro do ensino superior e um apelo à liberdade académica
Com o Auditório Renato Araújo lotado, a Universidade de Aveiro (UA) assinalou esta quarta-feira, 17 de dezembro, o seu 52º aniversário, numa cerimónia marcada pela reflexão crítica sobre o futuro do ensino superior, os desafios do quadro legislativo e um forte apelo à liberdade académica. A sessão contou com intervenções de Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, Joana Regadas, presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), e António Sampaio da Nóvoa, reitor honorário da Universidade de Lisboa e fundador do GrETUA.
Coube a Paulo Jorge Ferreira abrir a sessão. No seu discurso, <a href="https://radioria.pt/noticias/aveiro/morreu-antonio-oliveira-presidente-da-oli-luis-souto-sublinha-contributo-para-economia-nacional">começou por prestar uma homenagem a António Oliveira</a>, presidente da OLI e antigo presidente do Conselho Geral da Universidade de Aveiro entre 2021 e 2025, recordando “tudo o que deu à instituição”. De seguida, começou por citar José Saramago para recordar que a UA foi “levantada do chão”. “Ergueu-se, apesar das muitas dúvidas e desafios, pela mão de muitos, graças à ousadia de todos nós”, afirmou. Reconhecendo que, após mais de meio século de existência, os desafios são hoje diferentes, sublinhou que a ousadia permanece “a mesma”. Entre os principais desafios, o reitor destacou os de natureza “demográfica”, da “requalificação”, da “internacionalização”, do “trabalho em rede”, da “digitalização e da transição climática”, da “credibilidade das universidades” e do “quadro legislativo”. Em torno de cada um deles, lançou questões como: “O que significa isto para a universidade?”, “Como os ultrapassar?” ou “Como devemos lidar com estas mudanças?”. No entanto, foi no quadro legislativo que o reitor da UA mais se debruçou. “Muda o RJIES, a governação das universidades, a arquitetura do sistema binário e o modelo de financiamento do ensino superior. Revê-se a Lei da Ciência. Reformula-se o Regime de Graus e Diplomas. Propõe-se um novo modelo para a Ação Social no Ensino Superior. Alteram-se os Estatutos de Carreira- de investigação, docente universitário e politécnico. Regulamenta-se o funcionamento de instituições estrangeiras em solo nacional. E o envelhecimento e a rigidez das carreiras e sistemas de avaliação dificultam o rejuvenescimento institucional”, expõe. Face a isto, Paulo Jorge Ferreira atentou que este cenário “não é chão firme”, mas sim “areia movediça”. No seguimento, alertou para a “tensão entre a vontade política de atualizar o quadro legal” e o “ruído operacional que tanta mudança simultânea provoca”. “O risco dos cenários movediços é a inércia preventiva: ficarmos parados à espera que a poeira assente”, avisou. A ideia de inércia serviu de mote para o reitor voltar a traçar um paralelismo com o percurso da instituição, que, segundo afirmou, “não sabe ficar parada”. “Nos anos setenta e oitenta do século passado também havia incerteza quanto ao futuro. E foi na incerteza que construímos o que hoje somos”, refletiu. No domínio demográfico, Paulo Jorge Ferreira destacou a aposta da Universidade de Aveiro na “formação ao longo da vida e na requalificação”. Sobre a internacionalização, recordou que a UA foi “uma das primeiras universidades europeias” a integrar a Universidade ECIU. Já no que respeita à colaboração internacional, especificou que, entre 2022 e 2025, a produção científica da instituição envolveu cerca de “4400 instituições de 144 países”. Relativamente à transição digital e climática, referiu a criação de “novas linhas de investigação”, bem como a revisão de currículos, a renovação de métodos de ensino e a redefinição de prioridades. Abordou ainda a questão da confiança pública na ciência, reconhecendo que a universidade “tem de comunicar melhor, partilhar com clareza e abrir-se ao escrutínio sem medo”. No que toca ao rejuvenescimento e às carreiras, o reitor indicou que a idade média dos investigadores “aumentou apenas um ano, para 41,2 anos”, enquanto a idade mediana dos docentes desceu de “50,6 para 50,5 anos”. Já no caso do pessoal técnico, a idade mediana subiu de “48 para 48,3 anos”. Em contrapartida, destacou que a mediana das remunerações aumentou “50%” e que o tempo mediano de permanência na instituição diminuiu de “10,8 para 4,7 anos”. Ainda assim, Paulo Jorge Ferreira reconheceu que a Universidade de Aveiro precisa de ir “mais longe”, embora sublinhando que “não temos estado parados”. Como tal, apontou que o quadro legal é instável, mas o que a “Europa e Portugal hoje incentivam” já a UA faz por “opção estratégica”. “Não são os Decretos-Lei que nos fazem. São as pessoas. E as pessoas da Universidade de Aveiro, todos vós, provaram este ano, mais uma vez, que a inovação não precisa de licença. E assim continuaremos, venha o que vier”, destacou. Em relação ao futuro, o reitor da UA deixou a nota que a UA tem de ser uma “vela e não uma âncora”. “Uma força que faz singrar, e não um lastro que atrasa. Não podemos controlar as tempestades que agitam o mundo. Mas podemos controlar o nosso barco. As dificuldades nunca foram a nossa desculpa; são o nosso teste”, atentou. Dirigindo-se, diretamente, a António Sampaio da Nóvoa o reitor aproveitou para recordar a sua passagem pela Universidade de Aveiro. “Há 46 anos, em 1979, enquanto Saramago terminava ‘Levantado do Chão’, Sampaio da Nóvoa, então professor do Magistério Primário de Aveiro, ajudou a fundar o GrETUA - o nosso Grupo Experimental de Teatro. A peça que encenou chamava-se ‘Um nó para cada mão’”, lembrou. Paulo Jorge Ferreira deixou ainda a nota de que uma “universidade sem alma cultural é um corpo sem vida”. “O GrETUA foi uma das primeiras manifestações dessa alma cultural. Por isso, hoje, ao regressar a esta casa, António Sampaio da Nóvoa não é uma visita. Sr. Professor, bem-vindo de volta”, exprimiu. Em dia de celebração, Joana Regadas optou por fazer uma “reflexão crítica”, colocando “questões e hipóteses” sobre a sua passagem pela instituição. “Falar sobre 52 anos de história de uma casa que apenas me acolhe há seis anos, revela-se um exame no qual, nem mesmo com muitas noites em claro, conseguiria facilmente aprovação”, começou por referir. A presidente da AAUAv sublinhou que, para “muitos”, as universidades representam o passo “mais ambicionado”. “Reveem as universidades como os locais que os irão impulsionar, permitir subir na escala social, encontram nas universidades os lugares de verdadeira mudança”, sintetizou. Recordando a missão central das universidades, a transmissão do conhecimento e a investigação, Joana Regadas identificou “dois lugares principais”, introduzindo aquilo que classificou como a primeira “falácia”. “Estes espaços poderão até ser suficientes para o primeiro perfil de mudança que identificamos anteriormente, mas claramente insuficientes para a mudança que tantos outros procuram, para a verdadeira e completa de mudança na sociedade, para a mudança que é necessário as universidades promoverem no contexto atual”, afirmou. Nesse sentido, alertou para a necessidade de a UA “alargar” os seus espaços a locais que “promovam o contacto, a troca e a partilha entre toda a comunidade académica”. A este propósito, destacou as cantinas, que, “ainda que insuficientes”, se tornam, para muitos, sobretudo estudantes, pontos centrais de integração e apoio, “desde as refeições rápidas em longas filas de espera até às refeições partilhadas com a ansiedade do exame que se segue”. Mencionou igualmente os espaços desportivos, “onde muitos encontram o equilíbrio necessário entre a azáfama do dia a dia e a pausa para a descontração”. Referiu ainda as residências universitárias, “tão famosas nas últimas 24 horas, mas esquecidas nos últimos 30 anos”. “Espaços que para muitos são casa, o lugar de conforto que tanto precisam, espaços que precisam de uma verdadeira mudança, de como são percecionados, de como são valorizados”, destacou. Joana Regadas debruçou-se também sobre o “campus disperso por diversas cidades”, que, segundo afirmou, “promove a mudança através da aproximação à comunidade envolvente, abrindo portas e recusando fechar-se sobre si próprio”. A reflexão culminou com a dirigente estudantil a sublinhar que a “verdadeira mudança reside nas pessoas, no que elas fazem dos espaços, e como toda a universidade se torna um ponto de partilha, construção de comunidade e ponto principal de mudança na sociedade”. No seguimento, reconheceu ainda que só uma “universidade que coloca as suas pessoas no centro, os estudantes, os docentes, os investigadores, os técnicos administrativos e de gestão, a sua comunidade seria capaz de construir estes belos 52 anos de história”. Tal como o reitor da UA, também Joana Regadas fez questão de deixar uma palavra de homenagem a António Oliveira. “No dia de aniversário da UA, perdemos uma pessoa que nos ensinou muito sobre o crescimento no desconforto e de como a mudança promovida pelas universidades vai muito para além da produção de ciência, impacta a sociedade, muda as perspetivas e reside dentro de cada um de nós”, exprimiu. Enquanto convidado especial da cerimónia, António Sampaio da Nóvoa começou por sublinhar que recusar o convite teria sido um ato de “ingratidão”, elencando alguns dos motivos já referidos por Paulo Jorge Ferreira. Ao revisitar o seu percurso em Aveiro, o fundador do GrETUA recordou que foi nesta cidade que iniciou a sua vida profissional, aos 22 anos, na então Escola do Magistério Primário. “Foi graças a um encontro com o professor João Evangelista Loureiro, então vice-reitor desta universidade, que se abriram os meus caminhos académicos, primeiro em Genebra, na Suíça. Foi também esta universidade que, no meu regresso, reconheceu os meus estudos numa área então praticamente inexistente em Portugal”, lembrou. “Sem o acolhimento, a compreensão e até a ousadia do professor João Evangelista Loureiro e da UA, o jovem de vinte e poucos anos que eu era não teria feito o percurso que conseguiu fazer”, acrescentou. Para esta comemoração, António Sampaio da Nóvoa afirmou querer deixar “dois gritos”: um pela humanidade e outro pela universidade, antes de encerrar com uma reflexão sobre Portugal. No que respeita à universidade, destacou que o seu papel é hoje “ainda mais importante do que no passado”. “Uma das nossas maiores responsabilidades é a criação de imaginários que mobilizem os jovens e a sociedade”, frisou. Nesse contexto, afirmou que o seu grito pela universidade é um grito de “liberdade”, referindo, em particular, a liberdade académica, que, segundo alertou, tem vindo a ser atacada “praticamente em todo o mundo”. Entre as ameaças a essa liberdade, apontou o “aumento desmedido da burocracia e da prestação de contas”. “É evidente que as universidades têm de prestar contas, mas devem fazê-lo sem procedimentos absurdos e despropositados. Quase todos nesta sala já tiveram de lidar com a FCT e com a forma como são geridos os projetos de investigação. Certamente concordarão que Kafka não teria engenho para inventar tamanha loucura”, ironizou. Sampaio da Nóvoa recordou ainda que há “anos e anos” que se discute a autonomia das universidades -antes, durante e depois do RJIES -, sempre com a promessa de que irá aumentar, mas acompanhada de “artifícios e artimanhas que vão mantendo tudo na mesma”. “Nesta fase da nossa vida política é melhor não mexer na Constituição, mas, quando tal for possível e houver condições para isso, seria importante escrever, com letras ainda maiores, aquilo que na verdade já lá está, mas que parece que as pessoas, as administrações e os governos não querem ler”, alertou, citando o artigo 76º. Para além da burocracia, o fundador do GrETUA apontou ainda o “aumento desmedido das métricas e do produtivismo académico”, que, segundo afirmou, restringem a liberdade de professores e investigadores. Na sua perspetiva, as universidades “tornaram-se máquinas de produzir” e os universitários “máquinas de escrever artigos”. “Hoje, em 2024, publica-se mais num só ano do que em todo o século passado. Os percursos académicos mais visíveis são feitos por quem aprendeu a arte de publicar artigos e de os multiplicar”, advertiu. Apesar do crescimento exponencial da produção científica, António Sampaio da Nóvoa alertou que a ciência publicada se tem tornado cada vez mais “confirmatória” e “replicativa”, sendo “cada vez menos disruptiva, criadora e imaginativa”. O antigo reitor da Universidade de Lisboa afirmou não ter dúvidas de que “estamos a perder a capacidade de criar, de iniciar algo novo, a alma das universidades, a sua capacidade de projetar e construir futuros”. “O meu grito pela universidade é um grito pela liberdade académica”, reiterou. Sampaio da Nóvoa sublinhou ainda que as universidades são “instituições decisivas para o futuro dos países e da humanidade”, por serem um dos poucos espaços onde ainda é possível “aspirar à construção de imaginários de um futuro com vida, com direitos humanos, com respeito pelas liberdades individuais e pelas decisões democráticas dos povos”. Já a concluir a sua intervenção, explicou a razão da alusão ao “grito”, recordando que a primeira peça de teatro do GrETUA se intitulava “Uma corda para cada dedo”. “Essa peça terminava com a leitura de um poema de Allen Ginsberg, chamado Uivo. E é por isso que falei de dois gritos. Um uivo que começa assim: ‘Eu vi as mentes mais brilhantes da minha geração destruídas pela loucura’”, evocou. “Também nós estamos hoje a assistir a um momento dramático do mundo, com a destruição do tecido democrático e o abandono dos direitos humanos, com as nossas crianças e jovens, e também os menos jovens, a serem capturados por palavras e imagens de ódio e de violência”, prosseguiu. “Por isso, quase cinquenta anos depois de vos ter trazido um uivo, quis agora trazer-vos um grito. Um grito pela humanidade, outro pela universidade e ainda um apontamento sobre Portugal”, completou o fundador do GrETUA. Sampaio da Nóvoa concluiu com um apelo direto à responsabilidade das instituições académicas: “Hoje não podemos ficar em silêncio. A universidade tem uma responsabilidade maior e tem de a cumprir porque, se não falarmos hoje, nem gritarmos, amanhã já será tarde”, rematou. A cerimónia terminou com um brinde e o corte de bolo no átrio do edifício da Reitoria. Para amanhã, 18 de dezembro, <a href="https://radioria.pt/noticias/universidade/comemoracoes-dos-52-anos-da-ua-comecam-hoje-e-terminam-amanha-com-concerto">tal como avançado pela Ria</a>, está ainda previsto, pelas 21h30, no Teatro Aveirense, um concerto que marcará o 28º aniversário da Orquestra Filarmonia das Beiras (OFB).