Gilberto Ferreira recandidata-se à Junta de Aradas pelo movimento independente “Sentir Aradas”
Gilberto Ferreira, gestor comercial, vai ser novamente candidato a presidente da Junta de Freguesia de Aradas, pelo movimento de cidadãos independentes “Sentir Aradas” (SA), nas eleições autárquicas deste ano. É a segunda vez que se apresenta a votos com este projeto, depois da estreia em 2021, ano em que o movimento se afirmou como a principal força da oposição.
Isabel Cunha Marques
JornalistaEm declarações à Ria, Gilberto Ferreira explicou que a decisão de se recandidatar partiu do próprio grupo. “Este desafio foi um bocadinho proposto pelo grupo. Nós, paralelamente ao trabalho das eleições, reunimos com alguma frequência. Ao longo destes quatro anos, reunimos (…) uma vez por mês. Temos o cuidado de nos encontrar e discutir os problemas da freguesia”, afirmou, opinando que a decisão de avançar está hoje mais sustentada do que há quatro anos. “Já temos uma noção mais real do que era a Junta de Freguesia, da forma como está a ser gerida. Hoje estamos mais disponíveis que nunca e com mais vontade que nunca de sermos poder em Aradas”, frisou.
À Ria adiantou ainda que o movimento manterá a designação “Sentir Aradas”. “É um nome que já está consolidado na freguesia. As pessoas têm a noção de que o ‘Sentir Aradas’, além de ter sido o segundo mais votado, tem sido quem tem feito oposição ao atual Executivo”, exprimiu.
Questionado sobre uma eventual coligação com o Partido Socialista (PS) que unisse as principais forças da oposição na freguesia, o candidato rejeita essa hipótese. “Temos boa relação com os partidos da oposição e com pessoas do Executivo Municipal e da Assembleia de Freguesia pela coligação ‘Aliança com Aveiro’, mas muitas vezes a soma das partes não dá o bolo total. Achamos que a melhor solução é continuar como movimento independente. Cada partido tem a sua matriz e compreendemos que o PS também queira apresentar uma lista em Aradas - é legítimo”, assegurou.
Recorde-se que nas eleições autárquicas de 2021, Gilberto Ferreira, à frente do movimento “Sentir Aradas”, conquistou “19,13%” dos votos, superando a coligação PS-PAN, que obteve “17,87%”. A vitória pertenceu à coligação “Aliança com Aveiro”, liderada por Catarina Barreto, que alcançou “46,28%” dos votos e assegurou a presidência da Junta.
Apesar deste resultado, Gilberto Ferreira acredita que é possível romper com a “Aliança com Aveiro”. “Hoje, muitas pessoas do movimento são figuras muito reconhecidas na freguesia, ligadas ao associativismo ou a outras áreas da vida local. São pessoas profissionalmente realizadas, que não precisam da Junta, e que se disponibilizam por um bem comum: criar melhores condições para a freguesia”, sustentou, acrescentando ainda acreditar que haja militantes “de outros partidos” a votar no movimento. “Recebo com frequência mensagens de apoio, inclusive do PSD e do PS. Mas isso nem sempre é determinante, porque as pessoas dizem uma coisa e às vezes fazem outra”, continuou.
Questionado sobre a disponibilidade do movimento para acordos que permitam a viabilização do Executivo, no caso de nenhuma candidatura alcançar a maioria absoluta de mandatos, Gilberto Ferreira respondeu com cautela: “Cada caso é um caso”. “O Sentir Aradas parte para estas eleições com aspirações de ganhar a Junta de Freguesia. Essa é uma questão que neste momento não se coloca. À posteriori poderá vir-se a colocar e nessa altura validaremos se estamos disponíveis a colaborar com o Executivo dessa política”, realçou. No entanto, deixou a sua opinião pessoal: “Sou contra a ligação com a Aliança Mais Aveiro”. “São princípios. Atendendo ao estado de gestão do atual Executivo não acredito que haja melhorias no futuro”, explicou.
Neste seguimento, Gilberto Ferreira apontou vários exemplos concretos de falhas que, no seu entender, ilustram o estado de abandono da freguesia. “É só andar por Aradas e ver o estado lastimável em que muitas ruas se encontram. Os passeios e algumas obras estruturais ficaram por fazer. A zona do Carocho, as piscinas, o caso do Eirô... são situações gritantes”, destacou.
À Ria, apontou ainda a falta de planeamento em áreas de expansão habitacional da freguesia. “Temos aqui uma zona de desenvolvimento junto à Quinta da Pinheira, atrás da Extrusal, com um projeto de habitação a custos controlados promovido pela Câmara Municipal e pelo empreiteiro. Mas, por outro lado, nem sequer temos acessos condignos. A rua não tem passeios, mal tem iluminação e em alguns dias a luz nem sequer funciona. A relva - ou erva, como se quiser chamar - invade a via. Ainda ontem vi uma senhora com um carrinho de bebé a andar pelo meio da estrada, porque não conseguia circular nas bermas em terra batida”, relatou. O candidato criticou ainda a ausência de ciclovias e de condições nas imediações escolares. “Aradas nem sequer tem uma ciclovia, quando há quatro anos a senhora presidente andou a distribuir bicicletas às crianças. Os acessos à EB de Aradas são lastimáveis”, continuou.
Por fim, acusou ainda o atual Executivo de desinvestimento estrutural na freguesia em comparação com a cidade de Aveiro. “Há uma série de obras que precisam ser feitas - algumas da responsabilidade da Junta, outras onde esta deveria ter a coragem de pressionar o Executivo Municipal. (…) Para lá da N109, ou Avenida da Europa, como lhe queiram chamar, existem pessoas. (…) Mas continua a haver uma discrepância muito grande entre o que é a zona urbana da cidade e a zona para lá da N109. Continuamos a ter aqui um muro em que o acompanhamento não é o mesmo, nem pouco mais ou menos”, insistiu.
Relembre-se ainda que Gilberto Ferreira tem um passado ligado ao PSD. Partido onde foi militante “entre 1990 e julho de 2021” e onde desempenhou vários cargos, incluindo “presidente da JSD local” e “dirigente da concelhia”. Integrou ainda a equipa próxima de Élio Maia (2005–2009), tendo sido um dos diretores da sua campanha à Câmara Municipal de Aveiro, na candidatura que acabou por vencer as eleições a Alberto Souto de Miranda [ex-presidente da Câmara de Aveiro entre 1997 e 2005]. Atualmente, é ainda gestor comercial.
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Catarina Barreto afirma que oposição garantiu aprovação do executivo após reunião negocial
A sessão de instalação dos novos órgãos autárquicos de Aradas estava marcada para as 21h00. O Salão Nobre Manuel Simões Madaíl foi o local escolhido para o evento, mas, ainda antes da hora marcada, já se percebia que o espaço seria pequeno para acolher as dezenas de pessoas que quiseram assistir ao momento. Muitas acabaram mesmo por ficar de pé. Entre os presentes destacavam-se, entre outros, Firmino Ferreira, presidente da concelhia do PSD-Aveiro, e Diogo Machado, vereador eleito pelo Chega na Câmara Municipal de Aveiro. À chegada ao salão, Catarina Barreto começou por exigir aos vários elementos da oposição - Movimento Sentir Aradas, Partido Socialista (PS) e Chega - que se encontravam sentados na fila da frente, que se posicionassem de acordo com a ordem determinada pelo tribunal. Concluído esse processo, a sessão teve início cerca de oito minutos depois da hora prevista. Seguiu-se a instalação da Assembleia de Freguesia, com a tomada de posse dos diferentes eleitos. Catarina Barreto passou então a presidir à primeira reunião da Assembleia de Freguesia, destinada à instalação dos órgãos autárquicos. “Desejo que este ato decorra com urbanidade e humildade democrática na sequência também das reuniões que foram assim havidas”, vincou a presidente. A verdade é que a primeira reunião demoraria apenas cerca de 30 minutos. Tal como anteriormente avançado pela Ria, Catarina Barreto optou por submeter à votação o primeiro vogal do futuro executivo através de votação nominal, em vez de votação em lista. A proposta acabou por ser reprovada pelos membros da Assembleia, com sete votos contra e seis a favor, e os trabalhos foram imediatamente suspensos pela presidente de Junta. No seguimento, a autarca alertou os presentes de que a Junta se manteria em gestão com o órgão executivo em funções e que seria agendada uma nova Assembleia de Freguesia, embora sem adiantar uma data. Mesmo depois de ter comunicado a suspensão dos trabalhos, restando apenas a assinatura da ata final, o número de pessoas presentes manteve-se praticamente inalterado até Catarina Barreto encerrar a sessão. Antes disso, Gilberto Ferreira, eleito pelo Movimento ‘Sentir Aradas’, pediu à presidente para intervir e fazer uma declaração de voto, ao que esta respondeu que o fizesse por escrito. Perante a resposta, um dos cidadãos presentes comentou, em tom baixo, com outro: “Isto é uma vergonha”. Questionada no final pela Ria, sobre a suspensão dos trabalhos, Catarina Barreto explicou que teve uma reunião com a oposição, “na passada quarta-feira”, e que foi acordado aprovar a “composição” que tinha indicado. “A maioria do acordo não contemplava nada do que foi falado. A reunião iniciou-se às 17h30 e durou até às 19h30”, contou. Recorde-se que, tal como noticiado, a oposição em Aradas estava disponível para aprovar um executivo integralmente constituído por elementos da coligação ‘Aliança com Aveiro’, tendo proposto um conjunto de condições, com destaque para a realização de uma auditoria financeira independente, o acesso integral à documentação que levou a Junta de Freguesia a ser condenada em Tribunal e a reintegração das duas funcionárias, alegadamente vítimas de assédio laboral, nas anteriores funções e local de trabalho. Ainda sobre a reunião de negociação do “acordo de entendimento” que decorreu na passada quarta-feira, 22 de outubro, a presidente de Junta assegurou que em “momento algum foi utilizada a palavra auditoria” e que “em momento algum iríamos reconhecer o quer que seja quanto à questão das trabalhadoras”. “Até porque a questão das trabalhadoras é uma questão, como foi explicado, que está a ser devidamente investigada pela Inspeção-Geral das Finanças (IGF), e, portanto, teria oportunamente que aguardar o seu desenlace”, disse. “Eu disponibilizei-me até, inclusivamente, a mostrar todos os documentos que tínhamos quanto à IGF. (…) Foi de comum acordo que não seria dado nenhum desenlace à questão das trabalhadoras”, continuou. Relativamente à auditoria, Catarina Barreto assegurou que só soube esta quinta-feira, 23 de outubro, da exigência. “Ficou acordado que eles redigiriam o documento escrito e que me enviariam até ao final da manhã. O email chegou eram 17h15 [de quinta-feira]. Não foi enviado para o meu email pessoal, foi enviado para os serviços da secretaria da Junta. Quando eu tive conhecimento do mesmo, de imediato, iniciei a redação do email em que narrei todas as questões que foram abordadas e que não estão contempladas”, referiu. Segundo a presidente, o acordo “preconizava só obrigações para o órgão executivo e obrigações que não podem”. “O projeto votado foi o projeto da ‘Aliança com Aveiro’. (…) Como é que uma reunião que decorre com líderes partidários para definir a composição dos órgãos não consta nenhuma referência a essa mesma composição?”, questionou, dando nota que a oposição, “em vez de responder ao meu email, comunicaram à comunicação social. Isto não é de todo [correto]…. O email devia ter tido uma resposta”, exprimiu. Entretanto, a Ria já teve acesso ao email que Catarina Barreto remeteu para a oposição esta quinta-feira, pelas 19h23, onde criticou a alegada mudança de posição da oposição e propôs uma “revisão integral do acordo e das suas cláusulas”, manifestando “disponibilidade para firmar o acordo que espelhe o que foi discutido e acordado em sede da reunião, nos moldes e termos nela analisados e por todos aceites”. No fim, interpelada ainda se estaria disponível para assinar o acordo, no caso da oposição manter as condições, nomeadamente a realização de uma auditoria, a presidente de Junta respondeu prontamente: “A postura da ‘Aliança com Aveiro’ mantém-se”. “A ‘Aliança com Aveiro’ está disponível, dentro do que foi conversado e acordado, em sede de reunião de líderes. (…) Não é uma questão de estar disponível ou não para a auditoria. A Junta de Freguesia de Aradas foi fiscalizada por várias entidades… Aliás, eu não percebo como é que uma das condições do acordo era contratarmos uma auditoria escolhida por eles. Como é que em termos de procedimentos administrativos eles podem indicar a contratação da empresa que nós teríamos. A ser uma auditoria teria de ser lançado um concurso como todos sabemos… Portanto, não me parece viável eles indicarem uma empresa à escolha deles para a Junta de Freguesia suportar”, atentou. A Ria consultou o “acordo de entendimento” disponibilizado pela própria presidente de Junta de Aradas, onde a oposição fala que “deverá ser efetuada consulta ao mercado, podendo as entidades a serem consultadas serem sugeridas por qualquer um dos signatários do presente acordo”.
Executivo em Aradas reprovado: e agora? A Ria explica-lhe o que se segue
Não. Segundo a ANAFRE, o princípio da continuidade do mandato (artigo 80.º da Lei n.º 169/99, na redação da Lei n.º 5-A/2002) determina que os titulares dos órgãos autárquicos mantêm-se em funções até serem legalmente substituídos. Isto significa que o anterior executivo - ainda que cessante - continua em funções até que um novo seja aprovado e tome posse, evitando qualquer vazio de poder na gestão local. De acordo com a ANAFRE, a proposta dos vogais é apresentada pela presidente da Junta à Assembleia de Freguesia, que vota de forma secreta. Se a proposta for rejeitada, “cria-se uma situação de bloqueio e a consequente paralisação da atividade dos dois órgãos da freguesia”. Nessa situação, a presidente deve reformular a proposta e apresentá-la novamente, podendo este processo repetir-se “até esgotadas todas as possibilidades”, esclarece a ANAFRE. A lei não prevê uma dissolução automática nem eleições intercalares imediatas por causa da não aprovação dos vogais do executivo. Enquanto não houver novo executivo, mantém-se o anterior em funções, em gestão corrente, até que uma nova proposta seja aprovada pela Assembleia de Freguesia. Se o impasse persistir, o que poderá provocar eleições é a renúncia dos eleitos e a verificação da falta de quórum no órgão (note-se que, por exemplo, foi por esse motivo que foram convocadas eleições intercalares em São Jacinto, em 2022). Neste período os órgãos das autarquias locais e os seus titulares, no âmbito das respetivas competências, sem prejuízo da prática de atos correntes e inadiáveis, ficam impedidos de deliberar ou decidir em relação às seguintes matérias: “Contratação de empréstimos; Fixação de taxas, tarifas e preços; Aquisição, alienação ou oneração de bens imóveis; Posturas e regulamentos; Quadros de pessoal; Contratação de pessoal; Criação e reorganização de serviços; Nomeação de pessoal dirigente; Nomeação ou exoneração de membros de conselhos de administração dos serviços municipalizados e das empresas municipais; Remuneração dos membros do conselho de administração dos serviços municipalizados; Participação e representação da autarquia em associações, fundações, empresas ou quaisquer outras entidades públicas ou privadas; Municipalização de serviços e criação de fundações e empresas; Cooperação e apoio a entidades públicas ou privadas e apoio a atividades correntes e tradicionais; Concessão de obras e serviços públicos; Adjudicação de obras públicas e de aquisição de bens e serviços; Aprovação e licenciamento de obras particulares e loteamentos; Apoiar ou comparticipar, pelos meios adequados, no apoio a atividades de interesse da freguesia de natureza social, cultural, educativa, desportiva, recreativa ou outra; Afetação ou desafetação de bens do domínio público municipal; Deliberar sobre a criação dos conselhos municipais; Autorizar os conselhos de administração dos serviços municipalizados a deliberar sobre a concessão de apoio financeiros, ou outro, a instituições legalmente constituídas; Aprovar os projetos, programas de concurso, caderno de encargos e adjudicação”.
Partido Socialista aprova executivo de Rui Cordeiro na Junta de Esgueira
A proposta teve apenas dois votos contra. [EM ATUALIZAÇÃO]
Primeiro vogal para executivo de Aradas chumbado e Catarina Barreto suspende trabalhos
Logo após o chumbo do nome apresentado, Catarina Barreto suspendeu de imediato os trabalhos, sem permitir intervenções por parte dos eleitos da oposição. A decisão surpreendeu os restantes membros da Assembleia, que aguardavam a possibilidade de intervir antes de dar seguimento ao processo. A reunião ficará assim adiada, mantendo-se em aberto a definição do executivo que irá liderar a freguesia nos próximos anos. Segundo a oposição, Catarina Barreto recusou assinar o "acordo de entendimento" que previa a realização de uma auditoria financeira e gestão aos mandatos 2017-2021 e 2021-2025, a disponibilização de todos os documentos que constam da sentença do Tribunal de Aveiro e que resultou na apresentação de um recurso por parte da Junta de Freguesia e o regresso das funcionárias da Junta que alegam serem vítimas de assédio laboral aos seus anteriores local de trabalho e funções. [EM ATUALIZAÇÃO]
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Não. Segundo a ANAFRE, o princípio da continuidade do mandato (artigo 80.º da Lei n.º 169/99, na redação da Lei n.º 5-A/2002) determina que os titulares dos órgãos autárquicos mantêm-se em funções até serem legalmente substituídos. Isto significa que o anterior executivo - ainda que cessante - continua em funções até que um novo seja aprovado e tome posse, evitando qualquer vazio de poder na gestão local. De acordo com a ANAFRE, a proposta dos vogais é apresentada pela presidente da Junta à Assembleia de Freguesia, que vota de forma secreta. Se a proposta for rejeitada, “cria-se uma situação de bloqueio e a consequente paralisação da atividade dos dois órgãos da freguesia”. Nessa situação, a presidente deve reformular a proposta e apresentá-la novamente, podendo este processo repetir-se “até esgotadas todas as possibilidades”, esclarece a ANAFRE. A lei não prevê uma dissolução automática nem eleições intercalares imediatas por causa da não aprovação dos vogais do executivo. Enquanto não houver novo executivo, mantém-se o anterior em funções, em gestão corrente, até que uma nova proposta seja aprovada pela Assembleia de Freguesia. Se o impasse persistir, o que poderá provocar eleições é a renúncia dos eleitos e a verificação da falta de quórum no órgão (note-se que, por exemplo, foi por esse motivo que foram convocadas eleições intercalares em São Jacinto, em 2022). Neste período os órgãos das autarquias locais e os seus titulares, no âmbito das respetivas competências, sem prejuízo da prática de atos correntes e inadiáveis, ficam impedidos de deliberar ou decidir em relação às seguintes matérias: “Contratação de empréstimos; Fixação de taxas, tarifas e preços; Aquisição, alienação ou oneração de bens imóveis; Posturas e regulamentos; Quadros de pessoal; Contratação de pessoal; Criação e reorganização de serviços; Nomeação de pessoal dirigente; Nomeação ou exoneração de membros de conselhos de administração dos serviços municipalizados e das empresas municipais; Remuneração dos membros do conselho de administração dos serviços municipalizados; Participação e representação da autarquia em associações, fundações, empresas ou quaisquer outras entidades públicas ou privadas; Municipalização de serviços e criação de fundações e empresas; Cooperação e apoio a entidades públicas ou privadas e apoio a atividades correntes e tradicionais; Concessão de obras e serviços públicos; Adjudicação de obras públicas e de aquisição de bens e serviços; Aprovação e licenciamento de obras particulares e loteamentos; Apoiar ou comparticipar, pelos meios adequados, no apoio a atividades de interesse da freguesia de natureza social, cultural, educativa, desportiva, recreativa ou outra; Afetação ou desafetação de bens do domínio público municipal; Deliberar sobre a criação dos conselhos municipais; Autorizar os conselhos de administração dos serviços municipalizados a deliberar sobre a concessão de apoio financeiros, ou outro, a instituições legalmente constituídas; Aprovar os projetos, programas de concurso, caderno de encargos e adjudicação”.
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