RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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AAUAv/UA: Basquetebol masculino sagra-se campeão nacional universitário

A equipa de basquetebol masculino é a primeira equipa da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv/UA) a trazer para casa o ouro e o título de campeão nacional universitário nesta edição das Fases Finais dos CNU. Depois de vencer ontem, na meia-final, por quatro pontos a Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) de Lisboa, a equipa de estudantes-atletas aveirenses conseguiu pontuar mais do que a equipa da casa – a Associação Académica de Coimbra (AAC).

AAUAv/UA: Basquetebol masculino sagra-se campeão nacional universitário
Ana Patrícia Novo

Ana Patrícia Novo

Jornalista
11 abr 2025, 18:13

A equipa aveirense voltou a vencer a AAC, num jogo que começou com uma AAC mais forte e terminou com uma diferença de 10 pontos (74-64) a favor da AAUAv/UA. Em declarações à Ria, Francisco Albergaria, estudante-atleta de Engenharia Informática e capitão da equipadá conta de uma equipa “muito feliz” e com a sensação de “dever cumprido”.

“Começamos por perder por 14 pontos (…), mas rapidamente conseguimos encontrar o nosso ritmo e voltar a estar dentro do jogo; depois na segunda parte conseguimos uma ligeira vantagem (…) e foi só conservar essa vantagem e acabamos por ganhar”, analisa Francisco. Com a vitória, a equipa aveirense vê o seu lugar garantido no Campeonato Europeu Universitário que decorrerá este ano de 6 a 13 de julho, em Bolonha, Itália. De notar que a última edição da competição, em 2023, decorreu na Universidade de Aveiro.

O estudante-atleta deu nota que os objetivos para a competição europeia serão pensados depois dos atletas descansarem e terem processado a vitória do dia de hoje. “Tem sido muito difícil gerir isso [o cansaço], porque nós estamos a ir e vir todos os dias e depois nós jogamos todos em clubes [federados] (…), portanto nós vimos de jogar e ainda vamos treinar aos nossos clubes no final do dia”, repara Francisco. O capitão da equipa aproveitou ainda a ocasião para agradecer “o apoio de todos”, em especial à Associação e à Universidade “porque nos permitem as condições necessárias para podermos estar aqui”, repara.

Miguel Tavares, antigo estudante-atleta da UA e atual treinador da equipa admite que o jogo começou mal para a equipa aveirense. “Passamos alguns momentos complicados, mas este campeonato foi todo uma prova de superação constante, parecia que começávamos sempre atrás nos jogos, mas depois acabávamos por dar a volta e acabar a vencer e este jogo foi o resumo perfeito daquilo que foi a competição em si”, aponta o técnico da equipa aveirense.

Para o futuro, o treinador aponta que a manter-se o grupo não tem dúvidas de que “vão com certeza marcar presença nas Fases Finais” e espera que o sucesso tenha vindo para ficar. “O ano passado a equipa ficou em segundo, este ano ficamos em primeiro, então acho que é uma prova de continuidade e sucesso duradouro”, entende. Para Miguel Tavares, a vitória e o ouro têm um gosto especial por ser o seu último do técnico desportivo no desporto universitário. “A nível pessoal foi o meu último ano no desporto universitário (…). Está feito o percurso e não podia pedir melhor maneira de acabar”, aponta o treinador.

As equipas da AAUAv voltam a disputar jogos na próxima semana. O basquetebol e futsal feminino disputam a fase de grupos já a partir da próxima segunda-feira, dia 14, e são as duas únicas equipas aveirenses ainda na luta pela conquista de títulos nas Fases Finais da competição da FADU.

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Beatriz Gosta encerra primeira edição do Festival Política na Universidade de Aveiro
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Beatriz Gosta encerra primeira edição do Festival Política na Universidade de Aveiro

A comunicadora apresentou-se na UA com um espetáculo que abordou temas como o feminismo, discriminação, preconceito e maternidade. Durante o espetáculo, não faltaram momentos de humor e até um inesperado “beijo a três”, protagonizado por dois estudantes, que arrancou gargalhadas do público. Sem fugir à polémica que marcou o anúncio do Festival Política em Aveiro, quando surgiram críticas pela presença de convidados associados à esquerda política, Beatriz Gosta abordou o tema com ironia. Em tom descontraído, brincou com o público ao admitir que chegou a temer que ninguém aparecesse e que pudesse “levar com tomates” naquela noite. Em entrevista à Ria, no balanço da primeira edição do Festival Política, Alexandra Queirós, vice-reitora da UA para a Cultura e Vida nos Campi, começou por destacar o número elevado de participantes que a iniciativa registou, ao longo dos dois dias, nos vários momentos de programação. “O importante aqui é fazer as pessoas pensar em algumas situações e ver como nós podemos melhorar a nossa ação. (…) O Festival Política traz também, para cima da mesa, estas discussões e é isso que queremos fomentar: uma discussão cívica, participada e numa lógica de construir algo melhor”, exprimiu. Recorde-se que além de Beatriz Gosta, o evento trouxe ainda Hugo van der Ding, ilustrador e humorista, também ao Auditório Renato Araújo e António Brito Guterres, investigador e especialista em estudos urbanos, ao Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA) e à Fábrica Centro Ciência Viva. Sobre a escolha dos três espaços, a vice-reitora voltou a sublinhar que o Festival teve também o intuito de “promover um acolhimento diferente aos novos estudantes”. Interpelada pela Ria sobre a possibilidade de o Festival Política voltar a passar, no próximo ano, por Aveiro, Alexandra Queirós não descartou a possibilidade lançando, entre risos: “Vamos ver”. O Festival Política teve a sua primeira edição em 2017 e é uma iniciativa da Associação Isonomia (ONG) que tem como objetivo promover a participação cívica, a defesa dos direitos humanos e o combate à abstenção. Sob o tema “Revoluções em Curso- na sociedade portuguesa e além-fronteiras”, a iniciativa segue agora para as cidades de Loulé, de 23 a 25 de outubro, e Coimbra, de 13 a 15 de novembro.

Ministro acredita que novo RJIES “não sofrerá alterações muito significativas” na AR
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Ministro acredita que novo RJIES “não sofrerá alterações muito significativas” na AR

A Assembleia da República agendou para a próxima quinta-feira, 23 de outubro, às 15h00, a discussão em plenário da Proposta de Lei n.º 30/XVII/1.ª, apresentada pelo Governo, que procede à revisão do RJIES. Além da proposta do Governo, serão igualmente discutidos projetos de lei apresentados por outros partidos, nomeadamente pelo Chega, PCP, PAN, Bloco de Esquerda e Partido Socialista, todos com iniciativas próprias de alteração ao diploma, sendo que o Grupo Parlamentar do PS deu entrada da sua proposta na passada sexta-feira, 10 de outubro. A votação agendada para esta sessão plenária será na generalidade, o que significa que o parlamento vai decidir se concorda ou não com o princípio da revisão do RJIES, sem ainda entrar na redação final dos artigos. Se a proposta do Governo for aprovada nesta fase, o diploma seguirá para discussão na especialidade, na Comissão de Educação e Ciência, onde os deputados poderão analisar o texto artigo por artigo e apresentar propostas de alteração. Após essa etapa, o texto final regressará ao plenário para votação final global. Só depois dessa votação e da promulgação pelo Presidente da República é que a revisão do RJIES poderá ser publicada em Diário da República e entrar em vigor. Na prática, a sessão da próxima quinta-feira representará o primeiro teste político ao novo regime jurídico, permitindo perceber o grau de consenso entre os partidos sobre a necessidade e o rumo da reforma proposta para o Ensino Superior. Fernando Alexandre, em declarações exclusivas à Ria depois da cerimónia de abertura do ano letivo na Universidade de Aveiro, afirma que a proposta de RJIES que agora vai começar a ser discutida “reflete contributos das propostas anteriores, da legislatura anterior” e “vai ao encontro de muitas questões” levantas pelos diferentes partidos. Apesar de considerar que o documento já era “robusto” quando começou a ser apresentado, o ministro assinala que a queda do Governo deu tempo para “amadurecer o diploma e melhorá-lo em muitas dimensões”. Fernando Alexandre assinala que, apesar de haver sempre espaço para melhorar, o documento “reflete ou procurou refletir algumas daquelas que eram as preocupações ou críticas que os principais partidos da oposição tinham feito” e, por isso, acredita que “não sofrerá alterações muito significativas”. Conforme noticiado pela Ria, uma das principais alterações introduzidas pela nova proposta do RJIES diz respeito às regras de composição do Conselho Geral e ao processo de eleição do reitor. Nas versões anteriores do diploma, o Governo tinha proposto percentagens fixas para o peso de cada corpo da comunidade académica na eleição do reitor. No entanto, na proposta final, essa opção foi substituída pelo fixação de tetos mínimos e máximos, garantindo que cada um dos corpos - docentes e investigadores (1), estudantes (2), pessoal técnico, especialista e de gestão (3) - tenha pelo menos 10% e não mais de 50% , tanto na composição do Conselho Geral como na eleição do reitor. De acordo com o ministro da tutela, “no âmbito da sua autonomia, as instituições decidirão qual é o peso que darão a cada um dos corpos”, sublinhando que o objetivo é reforçar a flexibilidade e a autorregulação das universidades e politécnicos na definição da sua própria governação interna. No entanto, há uma novidade que salta à vista: na adaptação ao novo regime, a revisão dos estatutos de cada instituição não vai passar pelos conselhos gerais em funções. A lei prevê a criação de uma assembleia transitória de 25 membros - o órgão será presidido pelo reitor e conta também com 12 docentes/investigadores, quatro estudantes, três trabalhadores do pessoal técnico, especialista e de gestão e cinco personalidades externas de reconhecido mérito, não pertencentes à instituição, mas com experiência relevante. A constituição desta assembleia é, diz Fernando Alexandre, “muito semelhante àquela que foi definida em 2007”. A presença maioritária de docentes no órgão (a contar com o reitor, são 13 docentes e investigadores em 25 membros) “faz sentido” para que “as pessoas que estão mais representadas na instituição e que estão constantemente na instituição possam ter mais peso”. O ministro não acredita que essa maioria possa, no entanto, traduzir-se num “espírito de classe” que venha a beneficiar os docentes em detrimento dos outros membros no texto que ficar inscrito nos estatutos. “Não funciona assim. […] Não tenho ideia de ter um corpo a funcionar em bloco contra outro corpo. Ou seja, dentro de cada corpo há sempre perspetivas muito diferentes”, concluiu Fernando Alexandre. O reforço do peso do pessoal não docente, agora denominado de pessoal técnico, especialista e de gestão, foi destacado pelo governante. Já os estudantes não deixam de contar para as decisões, mas Fernando Alexandre assinala: “os estudantes são um corpo que está em constante mudança” e que “mesmo aí podíamos ter alguma perturbação”.

UA assinala novo ano letivo com alertas à valorização da ciência e inclusão no Ensino Superior
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UA assinala novo ano letivo com alertas à valorização da ciência e inclusão no Ensino Superior

No seu discurso, Paulo Jorge Ferreira começou por referir a diminuição do número de candidatos no Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, que em 2025, comparativamente a 2019 e anos anteriores, “decresceu dramaticamente”. “Isso deve preocupar-nos. Portugal precisa de pessoas qualificadas, capazes de transformar conhecimento em progresso, ciência em inovação, e ideias em futuro”, atentou. “Num país em declínio demográfico e em plena aceleração tecnológica, não podemos perder talento. É fundamental assegurar uma maior fluidez entre o ensino secundário e o ensino superior, para que nenhum jovem com capacidade e vontade de aprender fique pelo caminho”, continuou o reitor. Embora reconhecendo que esta realidade é transversal à UA, o reitor sublinhou que, na instituição, as notas “continuam a melhorar de forma expressiva”. “Comparando com 2019, o número de estudantes colocados na primeira fase, em primeira opção, com nota superior a 18 valores, triplicou”, afirmou, excluindo os cursos de Medicina e Engenharia Aeroespacial, que em 2019 ainda não existiam. “Se os incluirmos, o crescimento mais que quadruplicou. É um sinal de confiança dos melhores estudantes na qualidade do ensino e da investigação que aqui fazemos”, referiu. Na cerimónia, que distinguiu também os melhores estudantes que ingressaram este ano na UA, bem como aqueles que entraram em anos anteriores e mantiveram ou superaram a sua média, Paulo Jorge Ferreira assegurou que foi graças a este trabalho que, esta quarta-feira, foi possível entregar “178 bolsas e prémios”. Foi ainda atribuído o Prémio Literário Aldónio Gomes, que tem como objetivo estimular a criação literária e apoiar novos autores, a Renata Zanete, na categoria de narrativa juvenil, com o texto “Férias de verão e águas de bacalhau”. Paulo Jorge Ferreira dirigiu-se ainda aos estudantes internacionais. Segundo o reitor, este ano, a UA acolheu “4478 estudantes de 109 países, em todas as modalidades de ensino, de grau ou em mobilidade”. “Somos uma comunidade multicultural, onde se cruzaram, ao longo dos últimos anos, mais de 150 nacionalidades”, afirmou. “Num tempo em que milhões de pessoas são forçadas a deixar as suas casas por causa da guerra, da pobreza ou das alterações climáticas, a Universidade deve continuar a ser um porto de abrigo para o diálogo, a compreensão e a esperança. (…) Cada um dos nossos estudantes é uma semente de conhecimento e paz. Possam essas sementes germinar, mesmo se tudo à nossa volta parecer desfazer-se. O mundo bem precisa”, continuou Paulo Jorge Ferreira. Refletindo também sobre a realidade nacional, Paulo Jorge Ferreira sublinhou que, atualmente, “há áreas do saber cuja situação merece reflexão”, apontando como exemplos “a Física, a Geologia e a Química”, onde o “número de candidatos se reduziu de forma drástica”. “Apenas seis em cada 1000 jovens candidatos escolheram Química. Só 36, em todo o país, a colocaram como primeira opção. Apenas um a inscreveu como única escolha. Em Geologia, a situação é semelhante; em física, pouco melhor”, frisou. No seguimento, alertou que o “problema do desinteresse pelas ciências começa a montante da universidade e 12 anos de escolaridade antes da entrada na universidade”. “Precisamos de cultivar, desde cedo, o gosto pelo saber e pela descoberta. (…) A ciência não precisa de espectadores, precisa de protagonistas”, atentou Paulo Jorge Ferreira. Na reta final do seu discurso interrogou: “Quem sabe se não será aqui, na Universidade de Aveiro, que um dos nossos novos estudantes venha um dia a descobrir uma nova terapia, ou um material revolucionário capaz de mudar o mundo? Que maior aventura poderiam desejar?”. “Estamos preparados para acolher mais estudantes”, garantiu ainda o reitor da UA. No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) avançou que a Universidade de Aveiro está, neste momento, a investir “26 milhões de euros” em novas residências que juntas constituirão “cerca de 425 novas camas e a reabilitar 556 camas existentes”. “Estamos atentos às necessidades dos nossos estudantes. Lamento que ainda não seja, este ano, que estejam disponíveis, mas conseguiremos torná-las disponíveis a tempo do próximo ano, em junho”, avançou. Agradeceu ainda, de forma particular, à Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, parceira no projeto desenvolvido naquele município, e, no caso de Aveiro, aos Armazéns da Quimigal e ao campus do Crasto, “que correm inteiramente por nossa conta”. Joana Regadas aproveitou a ocasião para relembrar o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgado esta terça-feira, 14 de outubro, no qual se conclui, entre outros aspetos, que os alunos carenciados continuam a enfrentar mais obstáculos para prosseguir os estudos após o ensino secundário. “O Ensino Superior não está a cumprir o seu principal propósito, não é para todos”, alertou a presidente da AAUAv. “Quando entram, é mais provável que escolham instituições não tão reconhecidas, e menos provável que sejam colocados em programas de excelência e que consigam bolsas de mérito. É mais provável que se vejam obrigados a cingirem-se às oportunidades dentro da sua região”, continuou. A presidente da AAUAv centrou ainda o seu discurso na “definição de resiliência”. “Outra palavra que se encontra no campo lexical do sucesso no Ensino Superior. Uma característica que todo o estudante universitário tem de ter na bagagem, é já quase como um pré-requisito na admissão ao curso, mas que nem por isso são garantidas as ferramentas para que todos possam adquiri-la”, justificou Joana Regadas. Numa crítica direta à realidade atual, a presidente da AAUAv acrescentou que “é um caminho solitário, apoiado na grande maioria das vezes por colegas, em chamadas com os serviços que teimam em não ser atendidas, em apoios que não têm datas, nem montantes previstos para serem recebidos, em listas de espera de cinco meses para consultas, que prometem auxiliar nesta caminhada”. Tal como Paulo Jorge Ferreira, lembrou também os estudantes internacionais que chegam “à universidade meio ano depois do início do ano letivo, sendo expectável o mesmo aproveitamento escolar do que um colega que entrou no dia um”. “Podemos adicionar não conseguir compreender a língua em que os conteúdos são lecionados, esperar meses para conseguir um agendamento na Agência para a Integração, Migrações e Asilo [AIMA], um simples número de segurança social para poder seguir com todos os processos burocráticos, com o simples e necessário passo de encontrar casa. Podemos ainda adicionar a probabilidade de ficarem retidos nos aeroportos, porque o visa de estudante que lhes disseram ser suficiente não foi”, relembrou Joana Regadas. “A resiliência consiste na capacidade de se saber adaptar face aos desafios e recursos disponíveis”, rematou. Acrescentou ainda ao seu discurso as palavras de “adaptabilidade e recursos”. “Recursos financeiros que teimam em impor limitações nas condições de cada estudante, ou porque não conseguem encontrar uma casa a um preço suportável, ou porque não conseguem adquirir o material necessário para frequentarem o seu curso”, atirou. “Porque ficaram no limiar de obter uma bolsa de estudo e deixaram de ter oportunidade de permanecer no ensino superior, porque os fundos europeus que financiavam diferentes projetos de ensino terminaram e ficaram sem saber o passo seguinte”, continuou. Sobres os recursos criticou ainda a falta de transportes públicos “nos horários e nas zonas necessárias” e a falta de condições nos “edifícios onde têm aulas”. “Porque querem praticar desporto, mas deparam-se com uma pista de atletismo sem condições. Porque querem almoçar na cantina, mas encontram-na sistematicamente fechada, vendo-se obrigados a optarem por uma refeição incompleta ou a deslocar-se até à cantina mais próxima e a atrasarem-se para a aula seguinte”, lembrou, recordando também os “trabalhadores-estudantes”. “Passam por muitas horas de preocupações sobre o mês seguinte e até quando serão capazes de permanecer matriculados. Passam por enfrentar as recentes notícias de descongelamento das propinas, passam pelo receio de que o Ensino Superior permaneça apenas para algumas classes sociais”, prosseguiu Joana Regadas. Por fim, terminou com a palavra “liberdade”. “Liberdade para ser valorizado, porque não podemos pedir apenas que as Instituições de Ensino Superior falem para fora da sua comunidade, temos de pedir que saibam também dar espaço e valor à sua comunidade, aos seus estudantes para falar”, apelou. Na sua intervenção, Fernando Alexandre começou por reconhecer que os “estudantes têm que estar cada vez mais no centro” em todos os ciclos de ensino. Citando também o estudo da OCDE, que foi apresentado na passada terça-feira, o ministro da Educação, Ciência e Inovação concentrou-se essencialmente a falar sobre o “sistema complexo” da ação social. De acordo com Fernando Alexandre, atualmente, a nível nacional, há “cerca de 84 mil estudantes a receber apoio [na ação social]- bolsa e complemento para alojamento”. Reconheceu ainda ser necessário existir “equidade no Ensino Superior”, recordando que o regulamento de ação social está agora a ser revisto e que “em breve” entrará em discussão pública. Sem esquecer o novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) anunciou ainda que o mesmo entrará em discussão na Assembleia da República (AR), na próxima semana, no dia “23 de outubro”.

UA e INESC-MN desenvolvem método “inovador” para deteção de biomarcador para cancro da mama
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UA e INESC-MN desenvolvem método “inovador” para deteção de biomarcador para cancro da mama

Segundo uma nota de imprensa enviada às redações, a equipa de investigação do Instituto de Materiais de Aveiro e do Departamento de Química (CICECO) criou “um processo inovador para o pré-tratamento do soro humano, que leva a melhorias na deteção do biomarcador recetor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2)”. A equipa de investigação é composta por: Mara Guadalupe Freire Martins, Maria Silvina Marques Mendes e Ana Francisca Silva, da UA, em colaboração com João Pedro Conde, Inês Agostinho e Virginia Chu, do INESC-MN. A abordagem é “crucial” para a monitorização do cancro da mama, “uma vez que a análise do HER2 no soro humano é de extrema importância na gestão da doença”. Os dispositivos empregues potenciam um “diagnóstico mais ágil e um acompanhamento mais eficaz da doença”. De acordo com as investigadoras, a invenção aborda “vários desafios críticos na deteção e monitorização do cancro da mama”. “Em primeiro lugar, procura superar as limitações dos métodos convencionais de análise, que são frequentemente afetados pela presença de proteínas abundantes no soro humano. Estas proteínas interferem significativamente na deteção precisa e exata de biomarcadores em baixas concentrações, como o HER2”, explicam. O desenvolvimento desta inovação surgiu no âmbito do projeto PTDC/EMD TLM/3253/2020: “Integração do pré-tratamento de fluidos humanos e deteção de biomarcadores tumorais utilizando sistemas aquosos bifásicos formados por líquidos iónicos em dispositivos microfluídicos”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). O projeto começou em 1 de março de 2021 e terminou em 28 de fevereiro de 2025. Dado o potencial inovador da tecnologia, a UA, através da sua unidade de transferência de tecnologia, UACOOPERA, submeteu “um pedido provisório de patente, seguido de um pedido europeu”. “Atualmente, decorrem os primeiros 12 meses sobre o depósito, pelo que ainda se pode avançar com a proteção noutros territórios em que haja interesse”, avança ainda a nota.

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Depois da derrota, PS-Aveiro discute futuro da concelhia
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Depois da derrota, PS-Aveiro discute futuro da concelhia

Depois de seis eleições autárquicas consecutivas em que o PS-Aveiro saiu derrotado, o futuro do partido no concelho adivinha-se repleto de desafios. Mesmo entre militantes mais afastados da atual liderança, há uma consciência generalizada de que Alberto Souto era o maior trunfo socialista - o único capaz de ultrapassar o eleitorado tradicional do PS e captar votos fora da sua base, como ficou demonstrado também nestas eleições. Nos dias que antecederam o sufrágio, o ambiente interno era de entusiasmo e expectativa. Muitos acreditavam que este poderia finalmente ser o ano da mudança, depois de doze anos de governação de Ribau Esteves. Curiosamente, foi o próprio Alberto Souto quem procurou introduzir prudência, com declarações públicas onde alertava para a dificuldade de vencer umas eleições partindo de uma “base de dez a zero” em presidentes de junta e de uma diferença de cerca de nove mil votos face à ‘Aliança com Aveiro’ nas autárquicas de 2021. Apesar de o resultado de 2025 representar o melhor desempenho do PS desde 2005, tanto em percentagem como em número de votos, o objetivo de reconquistar a Câmara Municipal acabou por não ser alcançado e nem o fim da maioria da 'Aliança com Aveiro' apaga isso. Perante este desfecho, a Ria sabe que começaram já a surgir contactos internos para preparar o futuro da concelhia. Questionada pela nossa redação, a atual presidente, Paula Urbano Antunes, revelou que as eleições para os novos órgãos deverão realizar-se “em princípio no início do próximo ano”, estando os órgãos nacionais do partido a definir o calendário final. Sobre o seu futuro, Paula Urbano admite que uma recandidatura “não está no seu horizonte”, embora ressalve que “não descarta, nem deixa de descartar” essa hipótese. Considera que não faz sentido uma demissão neste momento (até porque as eleições estão previstas para breve) e lembra que os resultados melhoraram em relação a 2021, pelo que o trabalho desenvolvido “deve ser continuado”. Pelas suas palavras, percebe-se a intenção de garantir que, mesmo que não se recandidate, o grupo que lidera apresente um nome que assegure a continuidade do projeto político em curso. Ainda assim, um cenário de lista única é visto como improvável. Entre os socialistas, há também expectativa quanto ao papel de Manuel Sousa, atual vice-presidente da Federação Distrital de Aveiro. Durante a campanha, manteve-se discreto para não interferir com a candidatura de Alberto Souto, mas com os resultados conhecidos é expectável que volte a intervir, quer através da apresentação de um candidato próprio, quer apoiando uma candidatura alternativa à atual liderança. Na última eleição interna, em outubro de 2022, Paula Urbano Antunes venceu com 116 votos contra 85 de Manuel Sousa. A diferença foi curta: bastaria que 16 militantes tivessem invertido o sentido de voto para o desfecho ser outro. Mas também é verdade que, agora, o contexto é distinto. Persiste a falta de quadros nas duas principais fações internas, depois de duas décadas fora do poder autárquico. Ao longo desses anos, sucederam-se várias lideranças e o partido transmite para o exterior a sensação de ter esgotado as suas soluções internas. Ainda assim, a convicção na atual direção é de que o apoio interno saiu reforçado, depois de atingir o melhor resultado dos últimos 20 anos e de retirar a maioria à 'Aliança' num cenário muito diferente de eleições autárquicas anteriores, nomeadamente com o crescimento do Chega, o surgimento do Livre ou o contexto nacional altamente desfavorável ao partido.  Mesmo com esse reforço interno, há uma certeza partilhada entre as diferentes sensibilidades do PS: será difícil encontrar, dentro do partido, alguém capaz de repetir ou ultrapassar o resultado obtido por Alberto Souto. Mas também há sinais de otimismo. A vitória na União de Freguesias da Glória e Vera Cruz, o crescimento em várias freguesias e o facto de em Aradas, Esgueira e Eixo e Eirol não se descartar a realização de eleições intercalares, alimenta a ideia de que o partido poderá fazer uma oposição mais eficaz a Luís Souto do que a Ribau Esteves. Há também quem acredite que Ribau Esteves poderá não se afastar totalmente da vida política e que a sua eventual permanência no espaço público poderá condicionar a afirmação do novo presidente da Câmara e ser a sua principal sombra. Para reforçar a teoria, os socialistas recordam que, nem 24h depois de serem conhecidos os resultados, Ribau Esteves decidiu intervir publicamente para criticar a escolha de Glória Leite, por parte de Luís Souto, como candidata na Glória e Vera Cruz. Entre as bases socialistas, há até quem evoque exemplos como os de Isaltino Morais, em Oeiras, ou Fernando Ruas, em Viseu, para lembrar que alguns autarcas históricos já regressaram após períodos de afastamento - e que, em Aveiro, tudo é possível. O tempo será por isso de reflexão, mas é inevitável que os contactos internos para a preparação das eleições na concelhia se intensifiquem ao longo dos próximos meses.

Paula Urbano garante que PS-Aveiro está “preparado para o diálogo”, mas “não abdica” de propostas
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Paula Urbano garante que PS-Aveiro está “preparado para o diálogo”, mas “não abdica” de propostas

Não está em cima da mesa que os vereadores eleitos na lista do PS para a CMA aceitem pelouros, mas Paula Urbano garante estar “preparada para o diálogo”. No entanto, “não estamos disponíveis para viabilizar tudo aquilo que [o executivo] entende que deve ser viabilizado, até porque nós não abdicamos de algumas das nossas propostas para Aveiro e não abdicamos da oposição a algumas das propostas da ‘Aliança’”, garante a responsável. Uma “coligação negativa” entre PS e Chega, como foi apontada por Luís Souto de Miranda, presidente da CMA eleito, não é uma possibilidade, até porque, segundo Paula Urbano, “nunca houve coligação nenhuma (...) essas afirmações nunca fizeram muito sentido”. A responsável não esconde, no entanto, que há questões em que os partidos podem estar alinhados, como na oposição à “construção de um hotel com 12 andares no Cais do Paraíso”. Se afirma que o PS partiu numa posição de grande desvantagem para estas eleições, sem governar nenhuma das juntas do município e com apenas três vereadores na Câmara Municipal, Paula Urbano assume que os resultados deste ato eleitoral mantêm o partido numa “posição difícil”. Não obstante, a presidente lembra que há várias freguesias em que a ‘Aliança’ não tem a maioria - é o caso de Aradas, Esgueira e Eixo e Eirol - e, não sabendo quem vão escolher os governantes como parceiro, o PS pretende “trabalhar de outra forma” e “ser produtivo para as propostas passarem”. Essa proximidade, acredita, pode beneficiar o partido no futuro. “Já se percebeu que a maior dificuldade de implementação do Partido Socialista é nas freguesias mais rurais do concelho”, frisa a dirigente do partido, que acredita que houve uma “recuperação” em relação às eleições de 2021. A pensar no futuro, Paula Urbano acredita que o PS tem capacidade para se reinventar num futuro próximo. Segundo afirma, “até aqui, praticamente não tínhamos jovens nestes órgãos. Vamos passar a tê-los, porque eles foram em lugares elegíveis”. “O PS tem de se renovar no país e também em Aveiro, onde, de facto, acabamos por ter sempre os mesmos quadros a dar a cara […] Não tenho dúvidas [de que estes jovens vão ser a cara do PS no futuro], a não ser que o PS não saiba agarrá-los e não saiba seduzi-los ao ponto de eles quererem ter uma participação política ativa”, conclui Paula Urbano. Note-se que, no caso da lista para a Assembleia Municipal, os socialistas elegeram dois jovens: João Sarmento, presidente da JS-Aveiro, e Catarina Feio. Contudo, confirmando-se a opção anunciada por Alberto Souto de não assumir o seu lugar de vereador de oposição, Leonardo Costa, jovem que ocupa o quinto lugar da lista do PS à Câmara Municipal, deverá tomar posse.

Donos de casa em Aveiro condenados a indemnizar mulher que caiu de varanda
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Donos de casa em Aveiro condenados a indemnizar mulher que caiu de varanda

A sentença foi proferida pelo Tribunal de Aveiro, em abril de 2024, e foi confirmada pelo Tribunal da Relação do Porto e mais recentemente pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ). O acórdão do STJ, datado de 2 de outubro e consultado hoje pela Lusa, negou o recurso apresentado pelos réus, confirmando o acórdão recorrido. “Sob as regras da experiência comum, não se afigurava previsível que a atuação da autora (e da outra pessoa) que se encontrava junto ao varandim tivesse o lamentável desfecho da queda da varanda, como consequência ordinária, normal ou natural do facto - nem que implicasse que o guarda/corrimão se partisse”, refere o acórdão. Os factos ocorreram a 23 de julho de 2016 durante uma festa em casa de uma amiga da vítima, que é arrendatária do imóvel dos réus. O tribunal deu como provado que a mulher e outra pessoa que também se encontrava na varandacaíram de cerca de três metros de altura até ao solo. Após a queda, a autora foi assistida no local por uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica e foi transportada para o Serviço de Urgência do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra, onde deu entrada com diversas lesões. Em consequência do acidente, a autora partiu dentes e passou a ter de usar óculos de correção,apresenta problemas de memória emantém dores, especialmente cefaleias e dores na coluna que obrigam a medicação diária analgésica, tendo ficadoimpossibilitada de fazer qualquer atividade física, não suportando nem mesmo uma caminhada por meia hora. A mulher interpôs uma ação contra os réus a pedir uma indemnização 449.562,67 euros, alegando que a queda ficou a dever-se à cedência do varandim que quebrou, por não ter, como devia, ferrolhos de ferro nas estruturas da base a prender o corrimão à parede. Os réus apresentaram contestação,sustentando que os balaústres da varanda estavam devidamente construídos e bem conservados, sem sinal de degradação. Na primeira instância, o tribunal julgou a ação parcialmente procedente e condenou os réus a pagar à autora cerca de 76 mil euros, a título de danos patrimoniais e não patrimoniais. Inconformados, os réus recorreram, sem êxito, paraa Relação do Porto e voltaram a recorrer agora para o STJ, que confirmou a sentença condenatória do ressarcimento dos danos sofridos pela autora.

Beatriz Gosta encerra primeira edição do Festival Política na Universidade de Aveiro
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Beatriz Gosta encerra primeira edição do Festival Política na Universidade de Aveiro

A comunicadora apresentou-se na UA com um espetáculo que abordou temas como o feminismo, discriminação, preconceito e maternidade. Durante o espetáculo, não faltaram momentos de humor e até um inesperado “beijo a três”, protagonizado por dois estudantes, que arrancou gargalhadas do público. Sem fugir à polémica que marcou o anúncio do Festival Política em Aveiro, quando surgiram críticas pela presença de convidados associados à esquerda política, Beatriz Gosta abordou o tema com ironia. Em tom descontraído, brincou com o público ao admitir que chegou a temer que ninguém aparecesse e que pudesse “levar com tomates” naquela noite. Em entrevista à Ria, no balanço da primeira edição do Festival Política, Alexandra Queirós, vice-reitora da UA para a Cultura e Vida nos Campi, começou por destacar o número elevado de participantes que a iniciativa registou, ao longo dos dois dias, nos vários momentos de programação. “O importante aqui é fazer as pessoas pensar em algumas situações e ver como nós podemos melhorar a nossa ação. (…) O Festival Política traz também, para cima da mesa, estas discussões e é isso que queremos fomentar: uma discussão cívica, participada e numa lógica de construir algo melhor”, exprimiu. Recorde-se que além de Beatriz Gosta, o evento trouxe ainda Hugo van der Ding, ilustrador e humorista, também ao Auditório Renato Araújo e António Brito Guterres, investigador e especialista em estudos urbanos, ao Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA) e à Fábrica Centro Ciência Viva. Sobre a escolha dos três espaços, a vice-reitora voltou a sublinhar que o Festival teve também o intuito de “promover um acolhimento diferente aos novos estudantes”. Interpelada pela Ria sobre a possibilidade de o Festival Política voltar a passar, no próximo ano, por Aveiro, Alexandra Queirós não descartou a possibilidade lançando, entre risos: “Vamos ver”. O Festival Política teve a sua primeira edição em 2017 e é uma iniciativa da Associação Isonomia (ONG) que tem como objetivo promover a participação cívica, a defesa dos direitos humanos e o combate à abstenção. Sob o tema “Revoluções em Curso- na sociedade portuguesa e além-fronteiras”, a iniciativa segue agora para as cidades de Loulé, de 23 a 25 de outubro, e Coimbra, de 13 a 15 de novembro.