RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

Universidade

Paulo Jorge Ferreira saúda eleição direta do reitor, mas defende um maior peso dos trabalhadores

Paulo Jorge Ferreira, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e reitor da Universidade de Aveiro (UA) partilhou à Ria que vê “com muitos bons olhos” a alteração ao modelo de eleição do reitor proposto na revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES).

Paulo Jorge Ferreira saúda eleição direta do reitor, mas defende um maior peso dos trabalhadores
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
31 jan 2025, 14:08

Tal como noticiado pela Ria, ao longo dos últimos meses, Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, tem vindo a auscultar diferentes entidades como o CRUP, o Conselho Nacional de Educação ou as Federações Académicas e Associações de Estudantes para apresentar uma proposta final do RJIES ao Conselho de Ministros. Recorde-se que, em entrevista à Ria, o ministro da Educação avançou que gostaria de concluir este processo de revisão até ao mês de “fevereiro”. Concluída as primeiras reuniões, Fernando Alexandre vai reunir novamente com o CRUP, no dia 7 de fevereiro, no âmbito do aniversário da Universidade Católica, em Lisboa.

O documento estruturante do Ensino Superior em Portugal propõe uma série de alterações, destacando-se, entre outros pontos, a alteração ao modelo de eleição ao reitor. Na proposta, o Governo retira a competência aos conselhos gerais na eleição do reitor e torna o processo mais inclusivo e abrangente, ao estabelecer que o reitor é eleito diretamente pelos professores, investigadores, estudantes, pessoal não docente e não investigador e pelos antigos estudantes.

Em entrevista à Ria, Paulo Jorge Ferreira salientou que vê com “muitos bons olhos” a alteração, mas que a eleição geral “não é inteiramente consensual”. “(…) A eleição geral é motivadora porque cada estudante, cada trabalhador da UA, tem um voto e, por isso, acho que é um ato que tende a melhorar e a motivar mais os membros da academia a participarem na sua gestão. Eu vejo isso com muitos bons olhos”, afirmou.

Recorde-se que segundo a proposta de lei que está a ser apresentada pelo Governo, para efeito de apuramento dos resultados finais da eleição do reitor têm que ser observados os seguintes requisitos: os votos dos professores e investigadores terão que ser ponderados em, pelo menos, 30%; os votos dos estudantes em, pelo menos, 25%; os votos do pessoal não docente e não investigador [trabalhadores] em, pelo menos, 10%; os votos dos antigos estudantes em, pelo menos 25%. Para este efeito, o documento considera apenas os antigos estudantes que tenham obtido, há mais de cinco anos, pelo menos um grau académico na sua Instituição de Ensino Superior (IES) e nela não estejam matriculados e inscritos.

Sobre o peso dos antigos estudantes [um dos pontos que tem vindo a causar maior controvérsia], o reitor da UA realçou que a ideia “não é desajustada”, embora, veja a proposta com “receio” quando comparada, por exemplo, com o peso de eleição do “pessoal técnico, administrativo e de gestão” [25% vs 10%]. “Considero-o muito desequilibrado”, manifestou, adiantando que fará “o possível” para que o processo “seja melhorado”.

O documento sugere ainda a limitação dos mandatos dos reitores para um mandato único, mas com a duração de seis anos (ao contrário dos atuais quatro anos renováveis), mas segundo o Jornal de Notícias (JN) avançou, esta quarta-feira, 29 de janeiro, a medida “não deverá avançar, mantendo-se os atuais dois mandatos por quatro anos”.

Relativamente ao processo de auscultação que está neste momento a decorrer, o reitor da UA mostrou-se “satisfeito” e deu nota que a próxima reunião com o ministro da Educação, Ciência e Inovação decorrerá no próximo dia 7 de fevereiro, em Lisboa. “Será dia 7 a terceira oportunidade. Não sei quantas mais haverá e se a proposta convergirá rapidamente ou lentamente, mas parece-me que o ministro está com ideias de a ter pronta em fevereiro e de a fazer passar no Conselho de Ministros ainda esse mês”, salientou.

No que toca às sugestões de alteração do RJIES, Paulo Jorge Ferreira realçou que o Conselho de Reitores produziu “18 páginas de sugestões e comentários”. “Eu acho que inexplicável seria não produzir nada porque é o RJIES… Manifestamo-nos fundamentadamente e a mim parece-me que da parte do Ministério houve muita abertura para considerar os pontos de vista que o Conselho de Reitores explicou e melhorar a proposta”, expôs. Entre as principais lacunas apontadas, o presidente do CRUP sublinhou a falta de uma Agência de Avaliação e Acreditação na investigação, tal como existe no ensino. “A avaliação na investigação é feita pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, de forma independente, recorrendo a painéis externos (…) Não há nada que avalie, na globalidade, a qualidade ou a intensidade da investigação numa determinada instituição (…)”, alertou.

Entre os vários aspetos positivos da revisão do RJIES, Paulo Jorge Ferreira destacou a questão da “qualidade e da avaliação” ser um dos alicerces no RJIES para a atribuição e a classificação das instituições enquanto universidades ou universidades politécnicas. “Eu fico satisfeito em ser a qualidade e não apenas uma caraterística numérica como, por exemplo, o número mínimo de ciclos de estudo, porque do ponto de vista do estudante o que interessa não é se há dez ciclos de estudo acreditados (…), mas a qualidade”, realçou. “Uma instituição pequena, especializada, pode ter muita qualidade e menos ciclos de estudo. Não deve ficar prejudicada na maneira como é vista pelo público. Deixar repousar na qualidade as decisões sobre a natureza das instituições acho que serve melhor os potenciais estudantes e o público em geral”, partilhou.

Relembre-se que, na proposta inicial de revisão do RJIES, apenas as instituições de ensino politécnico que conferem o grau de doutor podiam adotar a designação de universidade politécnica. Entretanto, ao que o JN apurou “o processo poderá passar por pareceres prévios, e não vinculativos da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), competindo a decisão de passagem ou não a universidade politécnica ao Governo”.

O RJIES, que regula o funcionamento e organização das IES em Portugal, tanto públicas como privadas, não é revisto desde a sua implementação em 2007. A revisão do regime foi iniciada pela ex-ministra do anterior Governo do Partido Socialista, Elvira Fortunato, com a criação de uma comissão de avaliação. O processo conhece agora novos avanços sob a liderança de Fernando Alexandre, após a entrada do novo Governo liderado por Luís Montenegro.

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Estudantes denunciam “infestação de formigas” em residências universitárias da UA
Universidade

Estudantes denunciam “infestação de formigas” em residências universitárias da UA

Pelo bloco 13, a convivência com as formigas já não é uma novidade. Muito pelo contrário. Tornou-se até mais um dia para a maioria destes estudantes. Mara, nome fictício, está no último ano de licenciatura. No dia em que conversamos com esta estudante, na parte exterior, encontrava-se a sair do edifício para ir para as aulas. Optou por vir para a residência universitária, pelo primeiro ano, por não ter opção de pagar um quarto na cidade. Partilha à Ria, entre risos, que quando decidiu vir para cá já sabia o que a esperava: “Quase todas as residências têm problemas com formigas”, afirmou, assinalando que o bloco “mais crítico” é o sétimo. “Temos formigas nas camas, nas paredes, no meio da comida, em cima do fogão, no frigorífico. (…) Toda a gente se queixa disto. Já é recorrente de malta dos anos anteriores”, admitiu. Em conversa com antigos estudantes, Mara confidencia-nos até que já lhe tinham sugerido, antes de ir para ali residir, que comprasse inseticida para resolver o problema das formigas. “Eu só estou há um ano nas residências, mas tenho colegas minhas que já estão aqui há bastante tempo e a realidade das formigas já vem desde sempre. Já fizeram várias queixas”, contou. A estudante assegurou ainda que, quando o problema das formigas se agrava, o serviço de limpeza - assegurado nos espaços comuns - além de vir de manhã, passa também à noite. No entanto, as formigas continuam a ser uma presença constante. Já dentro da residência, na zona da cozinha, Mara apresenta-nos a outros estudantes que, naquele momento, se encontravam a almoçar. Uma delas, mal nos identificamos e mencionamos as queixas sobre as formigas, responde-nos imediatamente: “Sim, é verdade”. Está ali a morar há três anos. “Tem formigas e à noite [na cozinha] não sei se é por causa da luz, mas fica repleto de bichos. Tem acontecido com frequência”, assinalou. “Todos os dias temos formigas”, continua. Questionada sobre se já tentaram contactar alguém responsável dos SASUA, Mara diz não saber se alguém daquele bloco já o fez, mas refere ter conhecimento de que o bloco 7 já procurou reportar a situação. Decidimos confirmar. Vanessa, nome fictício, foi colocada no bloco 7 há cerca de dois anos. Conta à Ria que o problema das formigas persiste há, pelo menos, um ano. Confidencia, inclusive, que para si a situação já se tornou “rotina”. “Elas aparecem, maioritariamente, nas zonas comuns: Na cozinha, na casa de banho e em alguns quartos”, descreve. Para fazer face ao problema, a estudante relata que também eles - naquele bloco - estão ‘munidos’ de “inseticida”. Tal como Mara, nunca apresentou reclamação, mas confirma saber que há “várias pessoas do bloco” que o fizeram. Conta que optaram por contactar diretamente os SASUA e por enviar um email à vice-reitora para a Cultura e Vida nos Campi da UA, Alexandra Queirós, na passada quarta-feira, 5 de novembro. A Ria teve, entretanto, acesso ao email. Nesse email, enviado pela “Comissão de Residentes do Bloco 7”, as estudantes começam por dar nota da infestação de formigas que “afeta diversos quartos e áreas comuns (como casas de banho e cozinha) do edifício, assim como, outros blocos do Complexo Residencial de Santiago, nomeadamente o Bloco 5”. “Este problema tem vindo a gerar grande desconforto e indignação entre os residentes, não só por colocar em causa a qualidade de vida dos estudantes, mas também por representar um risco à saúde pública e uma clara violação das obrigações contratuais assumidas pelos Serviços de Ação Social da Universidade de Aveiro, enviadas sempre formalmente por correio eletrónico no contrato de alojamento universitário aos estudantes”, escrevem. No seguimento, recordam o contrato - entre os estudantes e os SASUA - realçando que o mesmo é “explícito” quanto às responsabilidades da Universidade em matéria de higiene e manutenção. Apontam a garantia da limpeza e arrumação das áreas comuns, a manutenção de equipamentos e a disponibilização dos produtos de limpeza necessários para a higiene da habitação. “A situação atual representa uma violação destas obrigações contratuais e regulamentares, colocando os estudantes numa posição inaceitável, dado que cumprem os seus deveres, incluindo o pagamento pontual das mensalidades”, defendem os estudantes. A Comissão de Residentes dá ainda nota de que reuniu “provas documentais” - fotografias e vídeos - “que atestam a gravidade da infestação e que serão apresentadas, caso seja necessário, a instâncias externas”. Os estudantes solicitam ainda, “com urgência”, a resolução “imediata do problema”, sugerindo a “desinfestação profissional e medidas preventivas adequadas”, como a “garantia da manutenção regular das condições de higiene e salubridade, conforme estipulado contratualmente”. No final, os estudantes anexam ainda um abaixo-assinado que conta com assinaturas de 19 residentes. Em conversa com uma das estudantes responsáveis pelo abaixo-assinado, a residente explica que, além do email recentemente enviado, já haviam tentado comunicar o problema tanto “há dois anos” como “no ano passado” à “dona Rosa”, atualmente responsável por estas residências. “Os SASUA começaram a ter conhecimento do assunto, mas nada foi feito. Insistimos para resolverem o problema e dissemos que estava pior, mas continuaram sem fazer nada”, atirou. A estudante acrescentou ainda que chegaram a ser responsabilizados pela situação: “Chegaram a dizer que a culpa era nossa por causa dos lixos da cozinha e que não podíamos colocar o lixo ali, mas isso não corresponde à realidade. Nós vivemos aqui, temos de usar o lixo e os sítios para o depositar corretamente”, desabafou. Além disso, partilhou que soube que, no verão, os SASUA tinham intenção de realizar uma desinfestação, mas a medida acabou por não avançar. "O que chegou ao nosso conhecimento é que no verão os SASUA queriam de facto fazer uma desinfestação, mas que a reitoria não deixou, porque alojou cá um grupo”, esclareceu. Segundo contou, apesar do edifício já ter sido alvo de intervenções recentes, com obras “pontuais” e a reparação de “alguma humidade”, a situação não foi resolvida. “Trocaram as janelas e foi isso que fizeram”, frisou. Com a situação a “piorar” e sem respostas concretas, a residente explicou que sentiram necessidade de recorrer a medidas mais “extremas”, enviando email à reitoria. “Por enquanto, a única resposta que tivemos foi da vice-reitora (…) a pedir para reencaminhar o documento e que ia tentar solucionar o problema o mais breve possível”, sublinhou. A Ria esteve também à conversa com Alexandra Queirós que confirmou o envio do email. Esta terça-feira, 11 de novembro, afirmou estar a aguardar “alguns esclarecimentos adicionais” por parte dos SASUA. “Da conversa que tive com o senhor diretor dei instruções para se proceder às desinfeções e limpezas no imediato. (…) Sugeri que se tomassem as medidas corretivas imediatas e que depois também fizessem um processo de melhoria contínua: O que é que levou a esta situação? Qual o estado da situação?”, explicou. A vice-reitora garantiu ainda que só tomou conhecimento da situação “agora”, com a reclamação formal dos estudantes. “Também disse que deveríamos iniciar, em conjunto com as encarregadas e com as próprias comissões de residentes, algumas sessões de sensibilização e de informação, relativamente a esta questão. (…) Isto pode acontecer nas nossas casas e temos de ser parte da solução, tomando as medidas necessárias”, partilhou. Além do mais, Alexandra Queirós adiantou que está também em “averiguação” a necessidade de eventuais alterações no “processo interno” das residências. Joana Regadas, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), afirmou também à Ria que teve conhecimento da infestação de formigas “no final da última semana”. Na altura, segundo afirma, comunicou de imediato a situação ao provedor do estudante, aos SASUA e também à vice-reitora. “Após termos conhecimento, fizemos uma chamada para a vice-reitora e o que nos foi dito é que todas as diligências para terminar com esta infestação estavam a ser tomadas. (…) Fizemos questão de referir que isto não faz sentido acontecer, porque são questões associadas a problemas de higiene e de limpeza”, recordou. Para a presidente da direção da AAUAv, é “necessário” garantir aos estudantes “condições aceitáveis” nas residências. “A maior parte dos focos que foram encontrados são em espaços comuns e é necessário tomar medidas”, insistiu. “Sei que elas [medidas] estariam a ser tomadas. Sei que, entretanto, já houve queixas de outros blocos e que não seria algo localizado. Sei também que tem sido algo comum. É necessário tomar alguma medida para evitar que isto continue”, acrescentou. Joana Regadas relembrou ainda que, durante a última visita da AAUAv às residências, realizada “no final do último semestre”, os estudantes não apontaram o problema das formigas. “Foram mais questões de manutenção e de degradação dos edifícios”, reconheceu. Atualmente, face à tomada de posse das novas comissões de residentes, a associação está a planear a aplicação de um inquérito sobre as condições das residências. “Não só as de Santiago ou da cidade, mas também as de Águeda para percebermos e conseguirmos, com dados concretos, falar com a vice-reitora e com os Serviços de Ação Social para perceberem aquilo que é a opinião dos estudantes que vivem lá todos os dias”, avançou. João Ribeiro reconheceu à Ria que a situação das formigas é “permanente” e acontece “desde sempre”. “Posso referir que eu fui residente e já, nessa altura, havia formigas nos quartos, que apareciam esporadicamente”, lembrou. No caso do Complexo Residencial de Santiago admite até que, face à antiguidade dos edifícios, “haja instalação permanente de colónias de formigas”. “No interior das paredes e nos espaços entre os tijolos é de admitir que isso existe”, assinalou. No seguimento, explicou a dinâmica da infestação: “Todos nós temos a experiência de que, no final do verão, em setembro, as colónias se propagam. Todos nós assistimos ao voar das formigas para a colonização e para a constituição de novas colónias. É essa emergência. Portanto, há épocas do ano que são particularmente adequadas ou próprias para a emergência das formigas. Admitimos que elas ocorram porque elas estão lá, mas é difícil debelar”. Perante esta realidade, o diretor delegado afirmou que o papel dos SASUA passa “não só pela mitigação”, mas também pela “tentativa de reivindicação”. “Não só pela contratação das empresas de combate a esses tipos de ocorrências, como também, considerando que há essa possibilidade, já é prática do serviço [de limpeza] fazer-se acompanhar dos componentes necessários ao combate imediato. Assim que é detetada, os serviços atuam e nem precisa de ser comunicado”, resumiu. No caso das desinfestações, João Ribeiro garantiu que a universidade tem uma empresa contratada para esse fim, normalmente, acionada uma vez por ano, fora do “período de ocupação”, durante o verão. Contudo, este ano houve um “caso particular”, já que as residências permaneceram “ocupadas durante todo o verão”. “Foi feito parcialmente, mas dada a ocupação que tínhamos, não conseguíamos deslocar os estudantes de algumas residências para as outras e, portanto, não tivemos disponibilidade, nem janela temporal, para fazer aquilo que é usual fazer”, justificou. “Em anos anteriores, essa ocupação existia, mas não com tanta intensidade. Nós fazíamos com que isso coincidisse com o mês de julho, ou seja, no fim do ano letivo naquele período. Sempre evitamos que isto ocorresse durante o mês de agosto. Este ano, foi impossível porque a universidade foi tão solicitada que para dar resposta a estas solicitações que nós tivemos de ceder durante o mês de agosto. Criou-nos condicionantes”, admitiu. Questionado sobre se a falta do serviço de desinfestação este ano poderia justificar o aumento das queixas verificadas na última semana, o diretor delegado preferiu não “particularizar” nem estabelecer uma “relação direta”. “Não queria fazer isso. O que eu quero dizer é que esta ocupação permanente deve fazer-se no equilíbrio que permita corresponder às necessidades da comunidade e à relação da Universidade com a comunidade, mas também com as nossas necessidades de manutenção e de limpeza”, respondeu. “Este ano serviu como experiência e constatação de que uma ocupação deste género não é adequada porque, se for repetida, a probabilidade de que situações como a que ocorreu se repitam com maior frequência é possível de acontecer”, reconheceu. Apesar desta consciência, João Ribeiro disse não compreender o intuito do envio do email à reitoria e do abaixo-assinado. “Foi a primeira vez que aconteceu e surpreende, dada a relação que existe entre os responsáveis da gestão do alojamento, nomeadamente, encarregadas e dada a estrutura que está organizada por comissões de residentes por bloco. A interação é feita diretamente com a encarregada, que por sua vez comunica com os responsáveis dos serviços centrais. Portanto, este processo foi ultrapassado e não se compreende por que motivo aconteceu”, exprimiu. Quanto ao email, o diretor delegado classificou-o como “vago”, por não especificar o “local”, “piso”, “quarto”, “hora” ou “dia”. Apesar de ter tomado conhecimento das fotos e vídeos que os estudantes têm vindo a partilhar, admitiu que o facto é “dificilmente comprovável”. “Das nossas averiguações não se verifica infestação de formigas nos blocos referidos de forma genérica. Mesmo no bloco em questão, admitimos a emergência das formigas, nem que tenha sido em setembro, eventualmente. É natural que aconteça: se a colónia existe e não foi erradicada, ela vai emergir. Portanto, pode acontecer”, assumiu. Como causa para a ocorrência, apontou também a “falta de limpeza” dos espaços comuns e dos quartos, por parte dos estudantes. “A não limpeza de uma cozinha, que também é frequente acontecer, com resíduos alimentares, vai promover o aparecimento das formigas. Há uma fonte de alimento, e a formiga aparece. A comida que os estudantes levam para o quarto”, apontou. Para ilustrar, deu um exemplo: “Estou a falar do pão que levaram da cantina. (…) Estão a comer, fica a migalha. É normal que isso aconteça. Pousaram o pão em cima da secretária, não limparam e ficaram as migalhas. Portanto, ela emerge e vai à procura da comida e da subsistência”. No seguimento, alertou ainda que os SASUA não são responsáveis pela limpeza dos quartos, mas apenas dos espaços comuns. “É o estudante que limpa ao abrigo do novo regulamento. Portanto, se o estudante não o faz estão criadas as condições para que isto tenha expressão. Nos lugares-comuns, onde nós tratamos, diariamente, com a limpeza que fazemos nós atuamos de imediato, e já é prática os funcionários fazerem-se acompanhar do produto que aplicam no imediato”, resumiu. Perante isto, descartou que possa existir uma “infestação” no Complexo Residencial de Santiago, conforme relatam os estudantes. “É uma ocorrência no nosso ponto de vista”, particularizou. “Ela é combatida no imediato e, no dia seguinte, já não existe. Dizer-se, como vem referido, nessa reclamação, que é contínua, não é de todo verdade… Tanto mais se lá formos neste momento, não há nenhuma ocorrência. Portanto, não é contínua”, justificou. De seguida, questionou ainda: “Se é conhecido o esforço de intervenção da Universidade [nas residências] - e as obras estão a decorrer - porquê isto, neste momento?”. Segundo o diretor delegado, “estamos convencidos de que as obras de reabilitação que vão decorrer vão eliminar grande parte do foco do problema, nomeadamente com a colmatação das fendas que é por onde elas entram”. Apesar desta observação, João Ribeiro preferiu olhar para o lado positivo deste episódio: “Isto é um ensinamento a retirar”, afirmou. “Temos de aproveitar a janela da oportunidade para fazer aquilo que temos de fazer. (…) Temos de definir qual é o limite de ocupação que podemos permitir, durante o verão, de forma a não condicionar estes trabalhos que se impõem”, concretizou. Em resposta às reclamações, o diretor delegado reforçou, novamente, o papel dos SASUA: “Podem fazer aquilo que estão a fazer e que farão sempre - atuar no imediato. Como eu disse, a atuação é imediata, a situação não é protelada, e, no dia seguinte, a ser detetada a ocorrência já não existe”, rematou.

António Filipe reflete sobre problemas do Ensino Superior em encontro com a AAUAv
Universidade

António Filipe reflete sobre problemas do Ensino Superior em encontro com a AAUAv

Tal como noticiado pela Ria, António Filipe esteve esta quinta-feira de visita à Universidade de Aveiro e à AAUAv. O encontro estava inicialmente agendado para as 12h00, mas acabou por realizar-se cerca de duas horas mais tarde, já que o candidato presidencial aproveitou para almoçar com os estudantes universitários na cantina do Crasto. Já na sede da AAUAv, o candidato presidencial, ao longo de cerca de meia hora, ouviu algumas das reflexões partilhadas pela associação e transmitidas por Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv. Depois de uma “breve, mas extensa reflexão”, a presidente começou por questionar António Filipe sobre a necessidade de se rever o sistema de Ensino Superior como um todo e o seu papel na formação das próximas gerações, que “terão imensas dificuldades para enfrentar”. Face à questão, António Filipe não tem dúvidas de que “há desafios”, admitindo que houve “muitos erros” no Processo de Bolonha. “Não foi um processo positivo. Abriu diferenças entre instituições e contribuiu para aumentar a seletividade no acesso aos órgãos derivados do ensino, designadamente, no acesso daquilo que era a licenciatura pré-bolonha passou a corresponder, basicamente, o mestrado bolonha. Isto não foi positivo. Criou dificuldades”, expôs. O mesmo disse sobre o RJIES: “O RJIES também não”, declarou. O candidato presidencial defendeu a necessidade de “recuar”. “Nós tivemos uma geração que lutou pela autonomia universitária, que garantia a autonomia das instituições do Ensino Superior, nos anos 80, não só com a eleição dos órgãos próprios da universidade e também, nesse aspeto, até chegarmos ao RJIES foi uma degradação da democracia das instituições que temos hoje”, opinou. “Onde existiam órgãos eleitos com a participação e gestão, nos vários níveis de participação da escola, passamos a ter um poder muito mais concentrado nas equipas reitorais”, continuou insistindo que “esta espécie de empresarialização, na gestão das universidades, não tem sido positiva”. No seguimento, António Filipe acrescentou: “Vale a pena refletir sobre o funcionamento da democraticidade e das instituições”. Recorde-se que, tal como avançado pela Ria, o Conselho de Ministros aprovou, no passado dia 4 de setembro, um pacote legislativo que marca uma reforma profunda no sistema de Ensino Superior e na política científica e de inovação em Portugal. Entre as medidas, destacou-se a tão anunciada proposta de lei que altera o RJIES. De acordo com o documento a que a Ria teve acesso, o Conselho Geral mantém-se como o órgão máximo de governo das Instituições de Ensino Superior (IES), mas passa a ter novas regras de composição que representam uma alteração estrutural.  Ainda no encontro, António Filipe atentou para a realidade da “ação social escolar”. Insistiu que a mesma “tem de ser levada muito a sério”, nomeadamente, com a questão do alojamento. Da sua experiência pelo Politécnico de Santarém contou que: “Todos os anos (…) a falta de alojamento levava que houvesse dezenas de estudantes que, por ano, abandonavam a escola”. Face à partilha, a presidente da direção da AAUAv destacou que esta é uma realidade que tem também bem “presente”. “Nós temos muitos estudantes que entram no ensino, que se matriculam, e ao final de dois meses estão a desistir porque não conseguem ter condições de permanência”, atentou. “Não é suficiente garantir o acesso. É necessário garantir a permanência dos estudantes e uma permanência com qualidade”, continuou Joana Regadas. Sem esquecer o associativismo, a presidente da AAUAv expôs também ao candidato presidencial a dificuldade em envolver os estudantes “em atividades”. “Nós somos uma estrutura muito grande. Somos cerca de 600 dirigentes na estrutura. (…) Notamos que é cada vez mais difícil pedir aos estudantes para se envolverem nestas estruturas porque requer tempo, às vezes deixar um ano para trás, colocar isto em prioridade, e sentimos que há, cada vez mais, algo de impeditivo a este envolvimento dos estudantes”, sublinhou Joana. Na opinião da presidente, os estudantes enfrentam, cada vez mais, uma pressão “socioeconómica” em terminar o curso, que se junta à “pressa de arranjar um emprego e se emanciparem dos pais”. “Uma saída que não valoriza os cidadãos, mas que valoriza as capacidades do profissional acaba por fazer com que estes estudantes tenham menos interesse em envolver-se porque quando se põe na balança tende a cair mais para o negativo”, expôs, alertando para a necessidade de se discutir “soluções concretas”. Atento à reflexão, António Filipe reconheceu que a fraca participação dos estudantes na associação constitui um “problema complicado”. Voltando a partilhar a sua experiência académica, desta vez no âmbito do “Conselho Diretivo”, e tendo por base aquilo que observava nos seus colegas, referiu: “É um custo pessoal que se tem e para as famílias pode ser um pouco penoso (…), mas é uma experiência que se leva para a vida e que nos enriquece muito”. “Eu tenho o maior apreço por vocês”, confessou. Como último tema do encontro, Joana Regadas questionou ainda o candidato presidencial sobre: “O que será de Portugal pós PRR?”. António Filipe não tem dúvidas de que será “um risco” já que o país vive “muito de financiamentos comunitários”. “A primeira geração de financiamentos foi o PRODEP”, recordou, reconhecendo que “muitas infraestruturas” do Ensino Superior “cresceram imenso” por causa deste apoio. António Filipe caraterizou ainda o investimento do país, sem fundos comunitários, como “muito exíguo”. Como causa atribuiu as “contas certas”. “Há muito pouco investimento público e os que existem são uma contrapartida nacional para financiamentos comunitários”, analisou. “Acho que devemos utilizar as possibilidades todas de financiamento, mas não podemos perder de vista o investimento público próprio nosso”, rematou o candidato presidencial. A sessão terminou com a entrega, por parte da AAUAv, de um kit de caloiro a António Filipe. Entre os vários elementos que o saco continha, destacou-se uma ‘bola anti-stress’, que acabou por chamar a atenção do próprio. Questionado à margem da sessão pela Ria sobre o significado deste encontro, o candidato presidencial sublinhou que o “contacto com a juventude é fundamental” para o futuro. “São as pessoas que estão no Ensino Superior, esta geração, que vai ter de tomar conta do país e que vai ter de encontrar as soluções para levar por diante as políticas públicas que viabilizem o desenvolvimento nacional e que o defendam”, partilhou. “Estes tipos de iniciativas são muito importantes para uma campanha eleitoral que se pretende próxima das pessoas”, insistiu. Como “mensagem fundamental”, António Filipe referiu ainda: “Estamos a falar que tivemos uma reunião com pessoas que conciliam os seus estudos, com uma participação ativa na vida da escola e da associação, e que têm consciência de como isso é enriquecedor para a sua própria vida”. “Um grande pensador português, Bento de Jesus Caraça, considerava a formação integral do indivíduo como algo fundamental no sistema educativo. Eu acho que isto é um exemplo disso mesmo. A formação integral do indivíduo passa, não apenas por estudar, mas também por saber mais da vida para além do que se estuda nos livros e nos manuais”, comparou. Pela segunda vez a acolher um candidato presidencial na Casa do Estudante, Joana Regadas referiu à Ria a importância destes encontros para uma “auscultação contínua” dos estudantes. “O mais importante é valorizarem e perceberem que de facto nós continuamos aqui não só nestes momentos, mas também durante todo o resto do ano. As nossas posições mantêm-se e é importante uma auscultação contínua. Não só momentânea”, afirmou. Tanto com António Filipe, como com Luís Marques Mendes, que passou pela AAUAv em julho, as preocupações foram transversais. “Tenho feito questão que as perguntas que levo a um sejam as mesmas que levo a outro. A lógica é perceber quais é que são as posições, onde há divergências, e qual é a visão nestes tópicos que consideramos que são mais importantes: o futuro das universidades, o futuro do país pós PRR, aquilo que são os apoios e o futuro do ensino superior”, expôs. Além destes dois candidatos presidenciais, a presidente da direção da AAUAv adiantou que já teve também a oportunidade de conversar com Gouveia e Melo e António José Seguro, num outro contexto, com todo o movimento associativo. “Algo que posso partilhar dos quatro candidatos (…) é que há uma motivação comum entre todos: há um reconhecimento de que o país não pode estar pendente de fundos como é o caso do PRR e que é necessária uma estratégia conjunta para alavancar o país como um todo no seu futuro”, frisou. Joana Regadas acrescentou ainda que todos eles têm também consciência do papel do Ensino Superior “na construção de uma sociedade do futuro”. “Estas duas grandes preocupações que partilhamos garantimos que estão também na agenda deles e que enquanto figura do Presidente da República farão pressão para que esteja incluída numa agenda de futuros governos”, rematou.

Ranking internacional coloca três investigadores entre os mais influentes do mundo
Universidade

Ranking internacional coloca três investigadores entre os mais influentes do mundo

Entre as instituições portuguesas, a Universidade de Aveiro é aquela que vê mais investigadores serem reconhecidos pelo ranking. Dos sete cientistas listados a trabalhar em Portugal, três trabalham na UA: Armando da Costa Duarte, Teresa Rocha Santos e João Pinto da Costa, todos investigadores no do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM). Os dois primeiros já são repetentes na lista – ao passo que Armando Duarte já é mencionado há cinco anos consecutivos, Teresa Santos soma agora a sua quarta presença no ranking. No total, a lista conta com 6.868 investigadores de 60 países diferentes. Conforme explica a nota, o objetivo é “reconhecer os cientistas mais influentes em todo o mundo, com contributos relevantes nas suas áreas científicas e para o futuro da ciência, da tecnologia e da academia a nível mundial, divulgar o impacto da investigação mundial e promover a inovação em colaboração, assim como fornecer insights sobre as tendências globais de investigação e inovação”.

Estudantes da UA elegem Lista A, única candidata, para o Conselho Pedagógico
Universidade

Estudantes da UA elegem Lista A, única candidata, para o Conselho Pedagógico

De acordo com os dados divulgados na página do Conselho Pedagógico, no caso da primeira circunscrição, que contempla os Departamentos de Ambiente e Ordenamento, de Eletrónica, Telecomunicações e Informática, de Engenharia de Materiais e Cerâmica, de Engenharia Civil e de Engenharia Mecânica e as Escolas Superiores de Design, Gestão e Tecnologias da Produção de Aveiro-Norte e de Tecnologia e Gestão de Águeda, votaram “427 estudantes”, tendo sido validados “399 votos” e registados “13” votos em branco e “15” nulos. Tal como anteriormente divulgado, a primeira circunscrição tinha como mandatário e efetivo Guilherme Carola da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, seguindo-se também como membros efetivos: Catarina Martins do Departamento de Engenharia Civil; Flávio Correia da Escola Superior de Aveiro Norte; Matilde Antunes do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica; Diogo Pires do Departamento de Engenharia Mecânica; Gabriel Silva do Departamento de Eletrónica e Telecomunicações e Ana Cunha do Departamento de Ambiente e Ordenamento. No que toca à segunda circunscrição, referente aos Departamentos de Biologia, de Física, de Geociências, de Matemática, de Química e de Ciências Médicas e a Escola Superior de Saúde, votaram “484” estudantes, tendo sido validados “450 votos”, registados “19” votos em branco e “15” votos nulos. A segunda circunscrição apresentava como mandatário e efetivo Bárbara Costa do Departamento de Física, seguindo-se também como membros efetivos: Samuel da Cruz da Escola Superior de Saúde; Renato Rodrigues do Departamento de Ciências Médicas; Juliana Castanheira do Departamento de Matemática; Mariana Nunes do Departamento de Geociências; Bernardo Afonso do Departamento de Biologia e Bernardo Ferreira do Departamento de Química. Por fim, a terceira circunscrição, relativa aos departamentos de Educação e Psicologia, de Comunicação e Arte, de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo, de Línguas e Culturas e de Ciências Sociais, Políticas e do Território e o Instituto Superior de Contabilidade e Administração, registou “270 votantes”. Desses, “264” votos foram considerados válidos e "três" em branco e nulos. A última circunscrição tinha como mandatário e efetivo Gonçalo Lourenço do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, seguindo-se também como efetivos: Maria Pereira do Instituto Superior de Contabilidade e Administração; Matilde Picado do Departamento de Educação e Psicologia; André Martins do Departamento de Comunicação e Arte; Pedro Magalhães do Departamento de Economia, Festão, Engenharia Industrial e Turismo e Marisa Rodrigues do Departamento de Línguas e Culturas. Segundo o regulamento para a eleição, o Conselho Pedagógico é o “órgão de gestão pedagógica” da UA, sendo constituído por 40 membros: 20 representantes dos docentes e 20 representantes dos estudantes. No caso dos docentes, a duração do mandato é de “três anos” e no caso dos estudantes é de “dois anos”, “não podendo em qualquer caso ser exercidos mais do que dois mandatos consecutivos”. Cabe a este órgão, segundo o site da UA, entre outros objetivos, “pronunciar-se sobre as orientações pedagógicas e os métodos de ensino e de avaliação” e “apreciar as queixas relativas a falhas pedagógicas e propor as providências necessárias”.

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Presidenciais: Seguro apela à participação de progressistas e humanistas
Cidade

Presidenciais: Seguro apela à participação de progressistas e humanistas

“Nenhum Presidente ou líder transforma um país sozinho” disse, deixando o apelo para que os democratas, progressistas e humanistas participem ativamente nas eleições presidenciais, pois “a democracia é uma responsabilidade pessoal e Portugal merece o melhor de cada um”.  António José Seguro falava em Aveiro, na apresentação e debate do “Contrato de Confiança” com os portugueses para o mandato presidencial, assumindo as suas raízes socialistas, de uma “esquerda moderada e moderna”, mas salientando que será o Presidente de todos e lembrando que se soube afastar quando podia dividir e regressa “para unir”. O candidato presidencial sublinhou que a democracia “enfrenta novos desafios, como a polarização, a desinformação e a indiferença cívica”, afirmando mesmo que a estabilidade democrática, o respeito institucional e a confiança estão ameaçados, numa época em que “as redes sociais amplificam o antagonismo com falsidades valorizadas por algoritmos”. “É preciso cuidar da democracia e assegurar que a política seja um espaço de construção, esperança, e não de medo ou divisão”, declarou. Para António José Seguro é preciso reconstruir a confiança entre eleitos e eleitores, referindo no seu discurso a necessidade de acabar com a discriminação das mulheres e combater a emigração de talentos, porque “Portugal não pode conformar-se com a perda dos seus melhores”. Caso seja eleito, garantiu, não será “um Presidente de gestão diária ou de manutenção do ‘status quo’, mas sim o Presidente para um "tempo novo", mas leal e cumpridor da Constituição. Comprometeu-se a dar ao país “estabilidade, confiança e sentido de direção”, referindo, por exemplo, que o chumbo de um Orçamento não tem de implicar dissolver o parlamento. “Serei um Presidente próximo, retomando as "presidências abertas", trabalhando em todos os distritos e regiões, e atento às comunidades portuguesas no mundo”, adiantou. Assumiu-se como defensor do Estado Social, da Saúde e da Educação para todos e da centralidade da cultura e reafirmou o seu europeísmo, “acreditando que problemas comuns exigem soluções comuns e que os nacionalismos não são a solução”. “Aprofundar a integração europeia é essencial para responder aos desafios globais, na segurança, economia, ambiente, demografia” e puxou da sua experiência política europeia para afirmar ser o candidato melhor preparado a esse nível. As eleições presidenciais estão marcadas para 18 de janeiro de 2026.   Esta é a 12.ª vez (incluindo as duas voltas das eleições de 1986) que os portugueses são chamados, desde 1976, a escolher o Presidente da República em democracia. Às eleições presidenciais anunciaram, entre outros, as suas candidaturas António Filipe (com o apoio do PCP), António José Seguro (apoiado pelo PS), André Ventura (apoiado pelo Chega), Catarina Martins (apoiada pelo BE), Henrique Gouveia e Melo, João Cotrim Figueiredo (apoiado pela Iniciativa Liberal), Jorge Pinto (apoiado pelo Livre) e Luís Marques Mendes (com o apoio do PSD). Segundo o portal da candidatura, do Ministério da Administração Interna, há mais 31 cidadãos que se encontram a recolher assinaturas para uma candidatura à Presidência.

Aveiro entre os distritos com maior número de acidentes nas estradas portuguesas este ano
Região

Aveiro entre os distritos com maior número de acidentes nas estradas portuguesas este ano

No caso do distrito de Aveiro registaram-se “9.545” acidentes, seguindo-se o Porto com “20.644” e Lisboa com “21.543”. Os dados provisórios da ANSR mostram ainda que Portalegre (1.270), Bragança (1.278) e Guarda (1.524) foram os distritos que registaram menor número de desastres nas estradas. A nível nacional, a ANSR refere que ocorreram “mais de 125 mil acidentes rodoviários”, provocando “379 mortos”. Ainda assim, os dados provisórios mostram que este ano morreram menos pessoas nas estradas portuguesas em relação ao mesmo período de 2024, mas os acidentes, feridos graves e ligeiros aumentaram. Segundo a ANSR, entre 01 de janeiro e 13 de novembro ocorreram "125.621 acidentes rodoviários", mais 3.730 do que em igual período do ano anterior (121.891), e morreram 379 pessoas, menos 41 em relação ao ano passado (420). Os acidentes provocaram ainda este ano 2.451 feridos graves, mais 40 do que em igual período de 2024, e 39.316 feridos ligeiros, mais 686. Este ano, o distrito onde morreram mais pessoas em acidentes rodoviários foi Lisboa (43), a seguir foi Porto (41) e em terceiro está Setúbal (31). Por sua vez, os distritos com menos mortos são a Guarda (seis), Évora (nove) e Vila Real (11).

Ex-reitor da UA Júlio Pedrosa é o mandatário da candidatura de António José Seguro em Aveiro
País

Ex-reitor da UA Júlio Pedrosa é o mandatário da candidatura de António José Seguro em Aveiro

Segundo explica o mandatário, “o apoio à candidatura do Doutor António José Seguro à Presidência da República decorre do conhecimento que tenho do seu percurso pessoal, profissional e político, feito com desprendimento, com coerência, conhecimento do País na sua diversidade humana, territorial e social, bem das sua capacidades e competências”. Júlio Pedrosa adianta ainda que, “nos tempos que vivemos, a confiança mútua é um bem escasso e António José Seguro é um cidadão em que se pode confiar, acreditando que, sendo eleito Presidente, ele servirá o País e os Portugueses com toda a atenção e empenho”. Como reitor da UA, o Júlio Pedrosa assumiu o papel de presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) entre 1998 e 2001, tendo estado por isso envolvido nas atividades da Confederação dos Conselhos de Reitores Europeus (CRE) nomeadamente nos trabalhos de institucionalização da Associação de Universidades Europeias (EUA). Júlio Pedrosa fez parte do XIV Governo Constitucional de Portugal entre 2001 e 2002 como ministro da Educação, tendo sido o terceiro do executivo liderado por António Guterres, depois de Guilherme d’Oliveira Martins e de Augusto Santos Silva. O mandatário de António José Seguro já foi agraciado com distinções como a Grã-Cruz da Ordem de Instrução Pública, em 2009, o diploma de reconhecimento de mérito profissional do Rotary Club de Aveiro, em 2003, ou a medalha de mérito municipal do Município de Aveiro, em 2002.

Anadia cria gabinete de apoio à migração e internacionalização até final do ano
Região

Anadia cria gabinete de apoio à migração e internacionalização até final do ano

“Queremos apostar e investir muito naquilo que é a relação com a nossa emigração, os nossos emigrantes, que têm uma ligação muito forte a Anadia e que estão pelo mundo inteiro. Temos, primeiro, de garantir que esta ligação não se quebre e que haja vontade de eles manterem esta relação com a sua origem”, apontou, em declarações à agência Lusa. O gabinete de apoio à migração e internacionalização deverá ser criado até ao final do ano e servirá para ajudar os emigrantes, mas também os imigrantes. “Iremos apoiá-los [aos emigrantes] quando eles cá vêm, ajudando-os naqueles que são os seus problemas aqui, estando eles fora. E, depois, também aproveitarmo-nos um bocadinho deles, aproveitarmos o lado positivo, que é transformá-los em embaixadores de Anadia, da nossa economia, das nossas empresas, da nossa cultura”. Segundo o autarca, este gabinete irá também ajudar e apoiar os imigrantes a integrarem-se. “Precisamos de ajudar e que se sintam em casa aqueles que são imigrantes e que escolheram a Anadia para viver. Nós precisamos deles cá”. À Lusa, Jorge Sampaio disse ainda que o seu concelho tem uma grande comunidade de imigrantes, sendo exemplo disso o elevado número de alunos imigrantes que frequentam as escolas do Agrupamento de Anadia. “Só o Agrupamento de Escolas da Anadia tem 600 alunos não portugueses de 43 países”, num universo total de quase 4.000 alunos. “E se formos à nossa Escola Profissional, que tem quase 300 alunos, metade são não portugueses. Tantas vezes isto é visto como um problema, mas eu gosto de ver isto como uma coisa extremamente positiva: o cruzar de culturas, esta globalização que os nossos alunos, logo desde miúdos, se começam a habituar a ter, porque no futuro eles vão ser cidadãos do mundo”. Neste gabinete irão encontrar resposta em termos de integração “na parte da formação, da qualificação e da língua”. “Como podem integrar os seus filhos nas escolas, como se podem integrar nas empresas, trabalhar a parte da empregabilidade, da habitação”, acrescentou. O presidente da Câmara de Anadia disse ainda que pretendem “levar jovens e menos jovens ao mundo”, através do Programa Erasmus e de outros programas que existam.