Plástico detetado em metade dos cetáceos que deram à costa em Portugal e Espanha
Meia centena de mamíferos marinhos que arrojaram à costa iberica apresentavam plástico no sistema digestivo, revela um estudo da Universidade de Aveiro divulgado ontem, dia 7.
Redação
A investigação, desenvolvida pelo Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESSAM) da Universidade de Aveiro, revela poluição plástica em espécies como o zífio, o cachalote-pigmeu e o cachalote, com base em autópsias realizadas aos cetáceos encontrados na costa portuguesa e espanhola. “Metade dos cetáceos arrojados entre 1990 e 2019 apresentava lixo no sistema digestivo”, indica o estudo, referindo diversos materiais ingeridos, “sendo a causa da morte em muitos casos”.
A bióloga Sara Sá, do CESSAM, detalha que "a análise dos sistemas digestivos destes animais revelou a presença de sacos e embalagens de plástico, materiais de pesca em plástico e metal, outros objetos metálicos e até luvas de cabedal". “Estamos a falar de um universo de 107 indivíduos arrojados, com amostras recolhidas desde 2000 em Portugal e 1990 em Espanha”, disse à Lusa Sara Sá. A investigadora salienta que os materiais encontrados estão relacionados com a pesca e o uso doméstico.
O estudo explica que “a ingestão de macrolixo marinho (lixo com dimensões superiores a 2,5 centímetros) é frequente entre os cetáceos mergulhadores de profundidade na costa Ibero-Atlântica”. Os cetáceos analisados foram encontrados entre Caminha e Lisboa e no noroeste da Península Ibérica, abrangendo a costa galega, asturiana, cantábrica e basca.
Sara Sá destaca a necessidade de medidas globais contra a acumulação de plástico nos oceanos, especialmente para a conservação de espécies ameaçadas como o cachalote, que foi "muito caçado no passado”. A investigação foi desenvolvida no âmbito da tese de doutoramento de Sara Sá, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), Universidade de Aveiro, Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem (SPVS) e Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). O estudo contou com a colaboração com as redes de arrojamento espanholas Coordinadora para o Estudo dos Mamíferos Mariños (CEMMA) e Coordinadora para el Est (CEPESMA).
Recomendações
Chuvas transformam a Zona Técnica Central da UA em “piscinas” e estudantes exigem solução
Sexta-feira, 9h10. Chove torrencialmente. Ao longo da alameda central da Universidade de Aveiro, alguns estudantes, de guarda-chuva na mão, caminham apressados para as aulas das 9h00. Para quem estuda no campus de Santiago e chega do lado do atual Edifício Central e da Reitoria, é habitual atravessar a parte superior da Zona Técnica Central, vulgarmente conhecida como as “catacumbas da UA”. Naquele dia, àquela hora, a intensidade da chuva tornava evidentes enormes poças de água acumuladas no pavimento, dificultando a passagem tanto para as escadas de acesso à parte inferior da Zona Técnica Central como para a própria Biblioteca. Clarissa está no Mestrado em Ensino de Biologia e de Geologia no 3.º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário. Veio diretamente da Madeira para Aveiro, este ano, para prosseguir os seus estudos. Por sorte, naquele momento não tinha de atravessar a Zona Técnica Central. Caminhava junto ao Departamento de Matemática. Enquanto conversava com a Ria, observava as poças formadas à sua esquerda e não se mostrava surpreendida com a situação. “Quando chove fica sempre assim, basicamente”, resumiu. No caso de ter mesmo de passar por ali, Clarissa revela que já tem um truque: “Trago as botas e atravesso as poças”, contou entre risos. A atual estudante de mestrado iniciou o seu percurso académico na Universidade da Madeira, onde concluiu a licenciatura. Apesar de estar habituada à chuva intensa de ‘casa’, admite que nunca viu a universidade de lá a ficar naquele estado: “Na Madeira não ficava assim tão mal”, confessou. Mais adiante, um grupo de quatro estudantes do Mestrado em Biotecnologia e da Licenciatura em Engenharia Química, já atrasados para as aulas das 9h00, também não deixavam de reparar nas poças de água. “É terrível, principalmente à beira da biblioteca”, partilharam à Ria. Questionados sobre como costumam contornar a situação, uma das estudantes respondeu de imediato: “Subimos aquelas escadas e damos a volta, basicamente… Isto quando funciona. Quando não funciona, temos de atravessar na mesma”, explicou. De botas nos pés, a mesma estudante reparou ainda que, mesmo usando calçado adequado, o problema persiste. “Se as calças ficarem por cima das botas, acabam na mesma por se molhar”, contou, acrescentando que não consegue compreender porque é que a situação ainda não foi resolvida. Em condições ainda piores estavam dois estudantes do Mestrado em Estatística Médica da UA que, naquele momento, atravessavam a Zona Técnica Central em direção ao CUA (Café da Universidade de Aveiro). Para conseguirem avançar, utilizavam o piso tátil, destinado a pessoas invisuais. Ainda assim, um deles admitia que a estratégia não estava a resultar já que tinha os “ténis todos encharcados”. “Não surpreende. É Aveiro no final do dia… Chuva é o que há cá mais”, brincou um deles, acrescentando que, atualmente, “até fazem piadas sobre as piscinas de Aveiro”. Com quatro e cinco anos de percurso académico na UA, os dois estudantes apelavam também à resolução do problema. “Não por nós, porque o nosso tempo já está a acabar, mas pelos próximos. Dá um mau ar à universidade”, admitiram. Também para a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) esta não é uma situação nova. Joana Regadas, presidente da direção da associação, recorda que, quando ingressou na UA, há seis anos, o problema não tinha a gravidade que apresenta atualmente. “Tem-se tornado cada vez mais expressivo, impedindo a circulação normal dos estudantes, sobretudo dos estudantes com mobilidade reduzida, que já enfrentam caminhos bastante degradados”, alertou. De acordo com a dirigente, trata-se de um problema que a AAUAv já reconhece “há muito”. “Estávamos na expectativa de que, com a prometida renovação do espaço central, da conhecida zona das Catacumbas, a situação viesse a ser resolvida. No entanto, vemos essa realidade a ser sucessivamente adiada e a situação das famosas ‘piscinas’ a agravar-se de ano para ano”, lamentou. “O que temos vindo a solicitar é que as obras da Zona Técnica Central sejam novamente equacionadas e que, pelo menos, seja encontrada uma solução temporária enquanto a intervenção definitiva não avança”, continuou Joana Regadas. Em entrevista à Ria, Alexandra Queirós, vice-reitora para a cultura e vida nos campi, começou por recordar que a Zona Técnica Central foi um dos “primeiros espaços” a ser desenvolvido na Universidade de Aveiro. Reconheceu, de seguida, o problema do “acumular de água”, admitindo tratar-se de uma situação complexa. “O que tentamos fazer, na medida do possível, são pequenas intervenções de forma a evitar esse acumular de água”, referiu. A vice-reitora assume mesmo que a zona carece de uma intervenção “maior em toda a zona” e recorda que já existe um projeto para a Zona Técnica Central, resultante de uma “tese de mestrado”. Mais tarde, esse projeto chegou a ser divulgado pela universidade, numa iniciativa que convidava a comunidade académica a apresentar sugestões. Segundo Alexandra Queirós, as contribuições recebidas “foram muito ao encontro da tese de mestrado”. A página dedicada ao projeto continua disponível no site institucional da UA. Nas quatro imagens aí apresentadas, é possível verificar que parte da atual Zona Técnica Central seria demolida. De acordo com a descrição do projeto, “a proposta para a nova ZTC contempla várias áreas com diferentes propósitos, procurando tirar maior partido da luz natural, disponibilizar espaços amplos, abertos e multifuncionais, com conforto térmico e espaços verdes”. No entanto, o projeto nunca chegou a sair do papel. Alexandra Queirós recorda que, em 2022, a Universidade de Aveiro lançou um concurso público para a realização da empreitada de demolição parcial da Zona Técnica Central, conforme consta em Diário da República, mas o procedimento acabou por ficar “deserto”. “Houve uma intencionalidade da nossa parte em não avançar com um novo concurso público, porque se o fizéssemos naquela altura, com os prazos e atrasos inerentes à contratação pública, correríamos o risco de, durante o ano de comemoração dos 50 anos da UA, termos na Zona Técnica Central um estaleiro de obra que não era de todo adequado”, explicou. Acrescentou ainda que, no entretanto, “apareceram outros investimentos com financiamentos associados, o que acabou por atrasar este projeto”. Neste momento, sublinhou, “o que precisamos é de uma nova oportunidade de financiamento que nos permita avançar com a obra”. Sem conseguir adiantar o valor atual da empreitada, Alexandra Queirós referiu que, aquando do lançamento do concurso em 2022, a obra tinha um custo estimado de cerca de “dois milhões e meio de euros”. Três anos depois, a vice-reitora garantiu à Ria que a Universidade de Aveiro continua a procurar financiamento para o projeto, reconhecendo a existência de “um défice de financiamento ao nível das infraestruturas, o que torna este processo mais difícil”. Segundo explicou, a concretização da obra acabou por ficar em suspenso devido à necessidade de a universidade canalizar recursos próprios para outros investimentos considerados prioritários. “Tivemos aqui essa possibilidade e, por isso, a aposta no desenvolvimento deste projeto acabou por ficar pendente. Com o aparecimento dos PRR, seja ao nível da investigação, do Fundo Ambiental ou do investimento que estamos a fazer em eficiência energética no Crasto, bem como na componente do alojamento, isso implica, por parte da Universidade de Aveiro, uma forte componente de investimento próprio. Faz, por isso, sentido aproveitar os financiamentos disponíveis e os programas a que nos candidatámos”, contou. No entanto, Alexandra Queirós insistiu que a preocupação de reabilitação desta zona se mantém, até porque “há um projeto que está feito”. “Tem chovido muito e é natural que, com períodos de maior precipitação, a situação se torne mais visível. Têm sido adotadas algumas medidas preventivas e corretivas para minimizar o acumular de água, mas é igualmente necessária uma análise ao nível do plano de manutenção, de forma a perceber o que é possível fazer naquele espaço para resolver, pelo menos de forma transitória, esta situação”, rematou. *Esta reportagem insere-se numa parceria estabelecida entre a Ria - Rádio Universitária de Aveiro e a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) que tem resultado, ao longo dos últimos meses, num conjunto de artigos sobre temas que afetam diariamente a vida dos estudantes da UA. Todas as reportagens são acompanhadas por um cartoon satírico que pretende representar a problemática abordada. Se tens sugestões de temas que gostarias de ver abordados envia um email para [email protected].
Amanhã é dia de eleições na AAUAv: Tudo o que é preciso saber para votar
De acordo com o Artigo 95º do Regulamento Eleitoral da AAUAv, “têm capacidade eleitoral ativa [para os órgãos sociais da associação] todos os membros da AAUAv, em pleno gozo dos seus direitos”. Os membros são, de acordo com o Artigo 7º dos Estatutos da AAUAv, “todos os estudantes matriculados na Universidade de Aveiro, de caráter não provisório, incluindo os alunos dos cursos de especialização tecnológica”. No caso das secções autónomas, o Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA) e o Nexus, podem também votar todos os membros e sócios da AAUAv, conforme descrito no Artigo 70º do Regulamento Eleitoral. Para votar, o membro da AAUAv tem de ser portador do cartão de estudante da Universidade de Aveiro ou outro documento identificativo, ou seja, bilhete de identidade, cartão de cidadão ou passaporte acompanhado de qualquer outro comprovativo institucional, mencionando o seu número mecanográfico. Cada membro vai ter três boletins de voto para votar em cada um dos órgãos sociais da AAUAv: Direção, MAG e CFJ. Aí constará o nome das duas listas candidatas, a Lista A – “Unidos pela Voz”, e a Lista D – “Ensino de Abril”. No caso dos membros das secções autónomas não-estudantes, é necessária a apresentação de comprovativo de sócio. As urnas vão estar abertas no átrio de 16 departamentos e das quatro escolas da Universidade de Aveiro, sendo que a Escola Superior de Saúde (ESS) e o Departamento de Ciências Médicas (DCM) partilham a mesma urna. As votações vão estar a decorrer em todos os espaços entre as 9h30 e as 17h30 de amanhã, mas há algumas urnas que só fecham mais tarde. É o caso da urna da ESS e do DCM, que só fecha às 20h00, e das urnas do Instituto Superior de Contabilidade e Administração, Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia da Produção Aveiro-Norte e da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, que só fecham às 21h00. De acordo com a Comissão Eleitoral, cada estudante só pode votar no Departamento a que pertence. As votações para as secções autónomas decorrem todas no Complexo Pedagógico, Científico e Tecnológico, entre as 9h30 e as 17h30. A direção é, de acordo com o Artigo 32º dos Estatutos, o “órgão executivo, de gestão e administração máximo” da AAUAv. São suas competências, entre outras, “administrar o património da AAUAv, executar as deliberações tomadas pela Assembleia Geral e cumprir o Plano de Atividades aprovado em Assembleia Geral”, “assegurar a representação permanente da AAUAv” e “assegurar o seu funcionamento”. À presidência deste órgão candidatam-se Joana Regadas, pela Lista A, e Leonor Lopes, pela Lista D, que apresentaram cada um dos projetos em entrevista à Ria. As concorrentes estiveram em debate na passada segunda-feira, dia 15, a que ainda pode assistir no Facebook e no Youtube da Ria. À Mesa da Assembleia Geral cabe a responsabilidade de dirigir e participar na Assembleia Geral de Alunos (AGA), bem como a elaboração e divulgação das respetivas atas. O presidente deste órgão é responsável por convocar as assembleias, marcar a data das eleições para os órgãos sociais da AAUAv, coordenações dos Núcleos e Secções Autónomas da AAUAv. O presidente da MAG é também responsável por presidir as Comissões Eleitorais, por marcar e conferir posse dos órgãos sociais da AAUAv, núcleos e secções autónomas. Mariana Gomes assume a candidatura da Lista A e Santiago Gonzalez é o cabeça-de-lista da Lista D. O Conselho Fiscal e Jurisdicional é o órgão fiscalizador da AAUAv. É da sua competência a garantia de que os Estatutos e Regulamentos estão a ser cumpridos tanto por parte da administração da Direção AAUAv, como da Coordenação dos Núcleos. Cabe também ao CFJ elaborar o parecer sobre o Plano de Atividades e Orçamento (PAO) da AAUAv, bem como o Relatório de Atividade e Contas preliminar e final. O CFJ pode ainda instaurar inquéritos à atuação financeira ou administrativa de qualquer Órgão, Secção Autónoma, Núcleo ou Comissão da AAUAv. Bernardo Ferreira é recandidato a presidente do CFJ pela Lista A, pela Lista D o candidato é Manuel Oliveira.
AAAUA reúne Conselho Consultivo e dá posse a cinco novos conselheiros
Luís Souto de Miranda, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Rui Dias, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Rui Ventura, presidente da Turismo Centro de Portugal, Davide Ricardo, presidente da Inovaria, e Joana Regadas, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) foram os cinco novos conselheiros a tomar posse, segundo uma nota enviada às redações. No comunicado, a AAAUA explica que sendo esta a primeira reunião de Joana Regadas, enquanto presidente da direção da AAUAv, procedeu-se à sua tomada de posse antes do início da reunião. Seguidamente, Pedro Oliveira, presidente da AAAUA, fez uma apresentação resumo das atividades e iniciativas realizadas ao longo do último ano, elencado ainda os desafios que antevê para os tempos próximos, “com especial destaque para a alteração em discussão na Assembleia da República relativa ao novo RJIES”. Na ocasião, o dirigente aproveitou ainda para “evidenciar o aumento do número de sócios, a assinatura de novas parcerias, onde se incluem as primeiras parcerias plurianuais da Associação, as reuniões tidas no âmbito das recentes eleições autárquicas e os resultados financeiros do exercício, que apontam para um novo ano com resultados líquidos positivos”. A reunião contou também com a intervenção de Manuel Assunção, sócio honorário da AAAUA, que refletiu sobre o papel da associação, nomeadamente, na “importância dos núcleos instituídos e da sua transposição para a realidade da diáspora, especialmente dos países onde a UA teve um maior número de estudantes”. De seguida, refletiu sobre a “vivência emocional do tempo universitário” e o papel insubstituível dos antigos alunos como “os melhores embaixadores das respetivas escolas de formação”. No final, cada um dos conselheiros interveio no sentido de felicitar os atuais dirigentes pelo trabalho realizado e pelos resultados alcançados e de lançar “novos desafios”, entre eles, “a nova relação com o emprego, a IA e a ligação entre os alumni, a UA e as empresas”; o desenvolvimento de novos projetos, “no âmbito da cocriação ou coorganização”; “a implementação do RJIES, com a definição do universo eleitoral e as condições do exercício de voto”; “a importância do mapeamento dos alumni e o reforço dos trabalhos em curso neste domínio, nomeadamente ao nível das bases de dados, KPI´s e plataforma de gestão” e a “articulação de atuação com as estruturas da Universidade, da cidade e da região que possam contribuir para a valorização da marca e efetiva ligação estabelecida”. O conselho consultivo da AAAUA é um órgão consultivo da direção, que reúne ordinariamente, uma vez por ano. A AAAUA foi instituída em 2022.
Movimento Estudantil Nacional assume “preocupação” com declarações do ministro e pede esclarecimento
Os estudantes escrevem que é “fundamental clarificar o sentido da afirmação” de Fernando Alexandre, ministro da Educação, de forma a “evitar leituras que possam, ainda que involuntariamente, estigmatizar os estudantes de menor rendimento que recorrem à ação social”. Lembre-se que ontem, durante a cerimónia de apresentação do novo modelo de ação social para o ensino superior, o governante disse que “as residências académicas devem ser espaços de integração, de bem-estar e de promoção do sucesso escolar, e não, como são atualmente, e foram sempre em Portugal, espaços onde são colocados os alunos de rendimentos mais baixos”. Mais tarde, em entrevista à RTP Notícias, explicou que aquilo que quis dizer foi que “quando tenho um serviço público que é usado apenas por pessoas que não têm voz, que são de rendimentos mais baixos, por razões de gestão, o serviço se degrada”. Na reação, o Movimento Estudantil Nacional frisa que “a degradação das residências universitárias não resulta da condição socioeconómica dos seus residentes, nem do modo como utilizam estes espaços, mas sim de um problema estrutural há muito conhecido – o subfinanciamento crónico da ação social no ensino superior e a ausência […] de uma estratégia consistente de investimento, manutenção e valorização destas estruturas”. Os jovens receberam “com bons olhos” a proposta de um novo modelo de ação social “que promove a equidade de oportunidades”. Não obstante, reiteram que “não podem deixar de manifestar preocupação sempre que declarações públicas possam ser interpretadas como uma associação entre vulnerabilidade social e degradação dos serviços públicos”. O documento foi assinado pelas Associações Académicas da Universidade de Aveiro, da Universidade da Madeira, da Universidade do Algarve, da Universidade da Beira Interior, da Universidade de Évora, da Universidade do Minho, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e de Coimbra. Assinaram ainda a Federação Académica de Lisboa, a Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico e a Federação Nacional do Ensino Superior Particular e Cooperativo. Recorde-se que, em declarações à Ria, Joana Regadas, presidente da AAUAv, já tinha reagido às palavras de Fernando Alexandre. No entender da dirigente, o momento foi “bastante infeliz” e pede uma nota de esclarecimento.
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Câmara de Anadia aprova proposta de orçamento superior a 40 milhões de euros
Numa nota de imprensa enviada aos jornalistas, esta autarquia do distrito de Aveiro informou que a aprovação da proposta de Orçamento Municipal, bem como as Grandes Opções do Plano (GOP) e o Mapa do Pessoal para o ano de 2026 ocorreu na semana passada, em reunião extraordinária do executivo municipal. Contou com os votos a favor do PSD-CDS/PP e do Chega e a abstenção do PS. As áreas mais relevantes nas Grandes Opções do Plano (GOP) para 2026 são as funções sociais com 71,39%, com destaque para as áreas da habitação (19,84%); da educação, formação e qualificação (12,82%); do abastecimento de água (10,74%); cultura (5,81%); recolha de resíduos (5,41%); proteção do meio ambiente (3,14%); ação social (2,83%); do ordenamento do território (2,13%); e do saneamento (1,30%). As funções económicas representam 18,76% das GOP, com o peso maior a centrar-se nos transportes rodoviários com 12,69%. Destaque ainda para outras atividades como o turismo, agricultura, indústria, energia e outras funções económicas que, no seu conjunto, representam cerca de 6%. Já as transferências para as juntas de freguesia ultrapassam os 700 mil euros no próximo ano. De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Anadia, Jorge Sampaio (PSD-CDS/PP), “as GOP representam o espelho da estratégia de curto e médio prazo”. “Evidenciam-se a mobilidade, higiene urbana e eficiência de serviços, infraestruturas de suporte e equipamentos públicos”, referiu. O orçamento para 2026 contou com o voto a favor do vereador do Chega, José Menezes, que destacou que “a transparência e o diálogo têm de ser valorizados”, acrescentando que viu todas as questões que colocou ao executivo serem respondidas “de forma direta, técnica e transparente”. “Este é o primeiro orçamento do executivo e, por isso, entendi dar um voto de confiança. Contudo, não deixo de sublinhar que continuamos a ter um orçamento curto para a dimensão das necessidades do concelho, sobretudo nas áreas da habitação e da intervenção social junto dos nossos idosos. São desafios sérios, que exigem mais investimento e prioridade”, justificou. Já a vereadora do PS, Ana Matias, optou pela abstenção porque o documento “não evidencia a integração das propostas que o próprio executivo assumiu em campanha, faltando-lhe correspondência com o compromisso político apresentado aos cidadãos” para os próximos dez anos. “Motivado pela curta ambição do orçamento apresentado e que espero ver colmatadas no futuro, reconheço a importância da estabilidade que deve ser garantida ao executivo municipal, optando pela abstenção. Faço-o com sentido de responsabilidade, deixando claro que estarei atenta, vigilante e sempre disponível para contribuir com propostas construtivas em prol do desenvolvimento do concelho”, justificou. O documento vai ser submetido à Assembleia Municipal de Anadia para discussão e votação em sessão ordinária a realizar a 23 de dezembro. A Assembleia Municipal de Anadia é constituída por 22 eleitos do PSD-CDS/PP, cinco do PS, três do Chega e um do Movimento Independente ‘Sempre Pela Nossa Terra’.
Chuvas transformam a Zona Técnica Central da UA em “piscinas” e estudantes exigem solução
Sexta-feira, 9h10. Chove torrencialmente. Ao longo da alameda central da Universidade de Aveiro, alguns estudantes, de guarda-chuva na mão, caminham apressados para as aulas das 9h00. Para quem estuda no campus de Santiago e chega do lado do atual Edifício Central e da Reitoria, é habitual atravessar a parte superior da Zona Técnica Central, vulgarmente conhecida como as “catacumbas da UA”. Naquele dia, àquela hora, a intensidade da chuva tornava evidentes enormes poças de água acumuladas no pavimento, dificultando a passagem tanto para as escadas de acesso à parte inferior da Zona Técnica Central como para a própria Biblioteca. Clarissa está no Mestrado em Ensino de Biologia e de Geologia no 3.º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário. Veio diretamente da Madeira para Aveiro, este ano, para prosseguir os seus estudos. Por sorte, naquele momento não tinha de atravessar a Zona Técnica Central. Caminhava junto ao Departamento de Matemática. Enquanto conversava com a Ria, observava as poças formadas à sua esquerda e não se mostrava surpreendida com a situação. “Quando chove fica sempre assim, basicamente”, resumiu. No caso de ter mesmo de passar por ali, Clarissa revela que já tem um truque: “Trago as botas e atravesso as poças”, contou entre risos. A atual estudante de mestrado iniciou o seu percurso académico na Universidade da Madeira, onde concluiu a licenciatura. Apesar de estar habituada à chuva intensa de ‘casa’, admite que nunca viu a universidade de lá a ficar naquele estado: “Na Madeira não ficava assim tão mal”, confessou. Mais adiante, um grupo de quatro estudantes do Mestrado em Biotecnologia e da Licenciatura em Engenharia Química, já atrasados para as aulas das 9h00, também não deixavam de reparar nas poças de água. “É terrível, principalmente à beira da biblioteca”, partilharam à Ria. Questionados sobre como costumam contornar a situação, uma das estudantes respondeu de imediato: “Subimos aquelas escadas e damos a volta, basicamente… Isto quando funciona. Quando não funciona, temos de atravessar na mesma”, explicou. De botas nos pés, a mesma estudante reparou ainda que, mesmo usando calçado adequado, o problema persiste. “Se as calças ficarem por cima das botas, acabam na mesma por se molhar”, contou, acrescentando que não consegue compreender porque é que a situação ainda não foi resolvida. Em condições ainda piores estavam dois estudantes do Mestrado em Estatística Médica da UA que, naquele momento, atravessavam a Zona Técnica Central em direção ao CUA (Café da Universidade de Aveiro). Para conseguirem avançar, utilizavam o piso tátil, destinado a pessoas invisuais. Ainda assim, um deles admitia que a estratégia não estava a resultar já que tinha os “ténis todos encharcados”. “Não surpreende. É Aveiro no final do dia… Chuva é o que há cá mais”, brincou um deles, acrescentando que, atualmente, “até fazem piadas sobre as piscinas de Aveiro”. Com quatro e cinco anos de percurso académico na UA, os dois estudantes apelavam também à resolução do problema. “Não por nós, porque o nosso tempo já está a acabar, mas pelos próximos. Dá um mau ar à universidade”, admitiram. Também para a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) esta não é uma situação nova. Joana Regadas, presidente da direção da associação, recorda que, quando ingressou na UA, há seis anos, o problema não tinha a gravidade que apresenta atualmente. “Tem-se tornado cada vez mais expressivo, impedindo a circulação normal dos estudantes, sobretudo dos estudantes com mobilidade reduzida, que já enfrentam caminhos bastante degradados”, alertou. De acordo com a dirigente, trata-se de um problema que a AAUAv já reconhece “há muito”. “Estávamos na expectativa de que, com a prometida renovação do espaço central, da conhecida zona das Catacumbas, a situação viesse a ser resolvida. No entanto, vemos essa realidade a ser sucessivamente adiada e a situação das famosas ‘piscinas’ a agravar-se de ano para ano”, lamentou. “O que temos vindo a solicitar é que as obras da Zona Técnica Central sejam novamente equacionadas e que, pelo menos, seja encontrada uma solução temporária enquanto a intervenção definitiva não avança”, continuou Joana Regadas. Em entrevista à Ria, Alexandra Queirós, vice-reitora para a cultura e vida nos campi, começou por recordar que a Zona Técnica Central foi um dos “primeiros espaços” a ser desenvolvido na Universidade de Aveiro. Reconheceu, de seguida, o problema do “acumular de água”, admitindo tratar-se de uma situação complexa. “O que tentamos fazer, na medida do possível, são pequenas intervenções de forma a evitar esse acumular de água”, referiu. A vice-reitora assume mesmo que a zona carece de uma intervenção “maior em toda a zona” e recorda que já existe um projeto para a Zona Técnica Central, resultante de uma “tese de mestrado”. Mais tarde, esse projeto chegou a ser divulgado pela universidade, numa iniciativa que convidava a comunidade académica a apresentar sugestões. Segundo Alexandra Queirós, as contribuições recebidas “foram muito ao encontro da tese de mestrado”. A página dedicada ao projeto continua disponível no site institucional da UA. Nas quatro imagens aí apresentadas, é possível verificar que parte da atual Zona Técnica Central seria demolida. De acordo com a descrição do projeto, “a proposta para a nova ZTC contempla várias áreas com diferentes propósitos, procurando tirar maior partido da luz natural, disponibilizar espaços amplos, abertos e multifuncionais, com conforto térmico e espaços verdes”. No entanto, o projeto nunca chegou a sair do papel. Alexandra Queirós recorda que, em 2022, a Universidade de Aveiro lançou um concurso público para a realização da empreitada de demolição parcial da Zona Técnica Central, conforme consta em Diário da República, mas o procedimento acabou por ficar “deserto”. “Houve uma intencionalidade da nossa parte em não avançar com um novo concurso público, porque se o fizéssemos naquela altura, com os prazos e atrasos inerentes à contratação pública, correríamos o risco de, durante o ano de comemoração dos 50 anos da UA, termos na Zona Técnica Central um estaleiro de obra que não era de todo adequado”, explicou. Acrescentou ainda que, no entretanto, “apareceram outros investimentos com financiamentos associados, o que acabou por atrasar este projeto”. Neste momento, sublinhou, “o que precisamos é de uma nova oportunidade de financiamento que nos permita avançar com a obra”. Sem conseguir adiantar o valor atual da empreitada, Alexandra Queirós referiu que, aquando do lançamento do concurso em 2022, a obra tinha um custo estimado de cerca de “dois milhões e meio de euros”. Três anos depois, a vice-reitora garantiu à Ria que a Universidade de Aveiro continua a procurar financiamento para o projeto, reconhecendo a existência de “um défice de financiamento ao nível das infraestruturas, o que torna este processo mais difícil”. Segundo explicou, a concretização da obra acabou por ficar em suspenso devido à necessidade de a universidade canalizar recursos próprios para outros investimentos considerados prioritários. “Tivemos aqui essa possibilidade e, por isso, a aposta no desenvolvimento deste projeto acabou por ficar pendente. Com o aparecimento dos PRR, seja ao nível da investigação, do Fundo Ambiental ou do investimento que estamos a fazer em eficiência energética no Crasto, bem como na componente do alojamento, isso implica, por parte da Universidade de Aveiro, uma forte componente de investimento próprio. Faz, por isso, sentido aproveitar os financiamentos disponíveis e os programas a que nos candidatámos”, contou. No entanto, Alexandra Queirós insistiu que a preocupação de reabilitação desta zona se mantém, até porque “há um projeto que está feito”. “Tem chovido muito e é natural que, com períodos de maior precipitação, a situação se torne mais visível. Têm sido adotadas algumas medidas preventivas e corretivas para minimizar o acumular de água, mas é igualmente necessária uma análise ao nível do plano de manutenção, de forma a perceber o que é possível fazer naquele espaço para resolver, pelo menos de forma transitória, esta situação”, rematou. *Esta reportagem insere-se numa parceria estabelecida entre a Ria - Rádio Universitária de Aveiro e a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) que tem resultado, ao longo dos últimos meses, num conjunto de artigos sobre temas que afetam diariamente a vida dos estudantes da UA. Todas as reportagens são acompanhadas por um cartoon satírico que pretende representar a problemática abordada. Se tens sugestões de temas que gostarias de ver abordados envia um email para [email protected].
Amanhã é dia de eleições na AAUAv: Tudo o que é preciso saber para votar
De acordo com o Artigo 95º do Regulamento Eleitoral da AAUAv, “têm capacidade eleitoral ativa [para os órgãos sociais da associação] todos os membros da AAUAv, em pleno gozo dos seus direitos”. Os membros são, de acordo com o Artigo 7º dos Estatutos da AAUAv, “todos os estudantes matriculados na Universidade de Aveiro, de caráter não provisório, incluindo os alunos dos cursos de especialização tecnológica”. No caso das secções autónomas, o Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA) e o Nexus, podem também votar todos os membros e sócios da AAUAv, conforme descrito no Artigo 70º do Regulamento Eleitoral. Para votar, o membro da AAUAv tem de ser portador do cartão de estudante da Universidade de Aveiro ou outro documento identificativo, ou seja, bilhete de identidade, cartão de cidadão ou passaporte acompanhado de qualquer outro comprovativo institucional, mencionando o seu número mecanográfico. Cada membro vai ter três boletins de voto para votar em cada um dos órgãos sociais da AAUAv: Direção, MAG e CFJ. Aí constará o nome das duas listas candidatas, a Lista A – “Unidos pela Voz”, e a Lista D – “Ensino de Abril”. No caso dos membros das secções autónomas não-estudantes, é necessária a apresentação de comprovativo de sócio. As urnas vão estar abertas no átrio de 16 departamentos e das quatro escolas da Universidade de Aveiro, sendo que a Escola Superior de Saúde (ESS) e o Departamento de Ciências Médicas (DCM) partilham a mesma urna. As votações vão estar a decorrer em todos os espaços entre as 9h30 e as 17h30 de amanhã, mas há algumas urnas que só fecham mais tarde. É o caso da urna da ESS e do DCM, que só fecha às 20h00, e das urnas do Instituto Superior de Contabilidade e Administração, Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia da Produção Aveiro-Norte e da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, que só fecham às 21h00. De acordo com a Comissão Eleitoral, cada estudante só pode votar no Departamento a que pertence. As votações para as secções autónomas decorrem todas no Complexo Pedagógico, Científico e Tecnológico, entre as 9h30 e as 17h30. A direção é, de acordo com o Artigo 32º dos Estatutos, o “órgão executivo, de gestão e administração máximo” da AAUAv. São suas competências, entre outras, “administrar o património da AAUAv, executar as deliberações tomadas pela Assembleia Geral e cumprir o Plano de Atividades aprovado em Assembleia Geral”, “assegurar a representação permanente da AAUAv” e “assegurar o seu funcionamento”. À presidência deste órgão candidatam-se Joana Regadas, pela Lista A, e Leonor Lopes, pela Lista D, que apresentaram cada um dos projetos em entrevista à Ria. As concorrentes estiveram em debate na passada segunda-feira, dia 15, a que ainda pode assistir no Facebook e no Youtube da Ria. À Mesa da Assembleia Geral cabe a responsabilidade de dirigir e participar na Assembleia Geral de Alunos (AGA), bem como a elaboração e divulgação das respetivas atas. O presidente deste órgão é responsável por convocar as assembleias, marcar a data das eleições para os órgãos sociais da AAUAv, coordenações dos Núcleos e Secções Autónomas da AAUAv. O presidente da MAG é também responsável por presidir as Comissões Eleitorais, por marcar e conferir posse dos órgãos sociais da AAUAv, núcleos e secções autónomas. Mariana Gomes assume a candidatura da Lista A e Santiago Gonzalez é o cabeça-de-lista da Lista D. O Conselho Fiscal e Jurisdicional é o órgão fiscalizador da AAUAv. É da sua competência a garantia de que os Estatutos e Regulamentos estão a ser cumpridos tanto por parte da administração da Direção AAUAv, como da Coordenação dos Núcleos. Cabe também ao CFJ elaborar o parecer sobre o Plano de Atividades e Orçamento (PAO) da AAUAv, bem como o Relatório de Atividade e Contas preliminar e final. O CFJ pode ainda instaurar inquéritos à atuação financeira ou administrativa de qualquer Órgão, Secção Autónoma, Núcleo ou Comissão da AAUAv. Bernardo Ferreira é recandidato a presidente do CFJ pela Lista A, pela Lista D o candidato é Manuel Oliveira.
São João da Madeira com 51,57 ME no orçamento de 2026 e foco na habitação e educação
Com cerca de oito quilómetros quadrados, o município do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto aprovou o documento na terça-feira, com os votos favoráveis dos quatro novos eleitos da coligação PSD/CDS-PP e a abstenção dos três vereadores do PS. Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara, João Oliveira, disse que “o exercício de 2026 representa um marco na consolidação das contas públicas, evidenciando uma evolução claramente positiva face a 2025”, até porque “o maior orçamento de sempre da autarquia” é “fortemente influenciado pelo investimento”, que aumenta 2,5 milhões de euros face ao deste ano. “Sendo este o nosso primeiro orçamento, reflete compromissos do passado que temos que assumir, mas também as nossas prioridades para os próximos quatro anos. Tem a nossa marca e uma grande prioridade que é recuperar e requalificar os equipamentos da cidade – porque as necessidades de reparações e manutenções são enormes”, acrescentou. No orçamento que aumentou 2,486 milhões de euros comparativamente ao de 2025, os domínios com maiores dotações são a habitação, que vai absorver 14 milhões de euros, seguindo-se a educação, com oito milhões, e o desporto e lazer, com 6,6. O autarca social-democrata apontou, contudo, outras áreas de intervenção: “Destaco o novo parque de estacionamento na Praça Luís Ribeiro, o parque infantil também nessa praça, um nó de acesso ao IC2, as novas piscinas municipais, a cobertura do Pavilhão Desportivo das Travessas e a pista de salto em comprimento também nas Travessas”. A lista continua com referências a obras como reparações de arruamentos e passeios – “um dos pontos que os sanjoanenses muito têm abordado”, notou o presidente da Câmara – e a beneficiação da Biblioteca Municipal – onde a intervenção “será bastante pesada”. Parte da receita para essa atividade resultará dos impostos arrecadados pela autarquia, que mantêm as taxas de 2025: o IMI com 0,35%, o IRS com 4,5% e a derrama com 0,85% a 1,45%, consoante o volume de negócios anual das empresas se fique abaixo ou acima dos 150.000 euros. À entrada em 2026, a dívida municipal de São João da Madeira estará em pouco mais do que quatro milhões de euros e, no final do ano, as despesas com recursos humanos terão representado cerca de 22% do orçamento global, absorvendo 11,46 milhões de euros, o que constitui perto de 112.000 euros a mais do que em 2025. Na votação desse orçamento, os vereadores do PS abstiveram-se e anunciaram a mesma postura para a Assembleia Municipal de análise ao documento, em sinal de “respeito pelo princípio democrático” e porque “o novo executivo deve ter condições para executar o seu programa”. José Nuno Vieira, Paula Gaio e José Fonseca realçaram, contudo, que se o orçamento de São João da Madeira para 2026 é o maior de sempre na história local, isso se deve à gestão PS dos últimos oito anos (cujos executivos os dois primeiros vereadores integraram), uma vez que a liderança socialista “reforçou a sustentabilidade financeira municipal, com controlo da despesa, redução do endividamento e aumento consistente da receita”. Os autarcas do PS encaram assim como “positiva a manutenção de medidas e programas de mandatos anteriores, bem como a inclusão de iniciativas que já se encontravam em desenvolvimento”, do que é exemplo a implementação de videovigilância no centro da cidade. Quanto aos impostos é que os socialistas José Nuno Vieira, Paula Gaio e José Fonseca salientam “surpresa” e satisfação. A primeira prende-se com “a decisão do executivo de manter os valores praticados nos últimos oito anos, já que PSD e CDS-PP defenderam publicamente a sua redução quando estavam na Oposição”, e a segunda refere-se à aprovação da proposta do PS de “triplicar a taxa sobre imóveis devolutos”, uma vez que o concelho tem “centenas de prédios” nessas condições e uma taxação mais pesada sobre os mesmos permitirá “mobilizar mais casas para o arrendamento”. A medida sugerida pelos socialistas foi aprovada por unanimidade, será votada na Assembleia Municipal de 30 de dezembro para já ter efeito no orçamento de 2026 e prevê também “que a receita adicional resultante desta majoração seja integralmente destinada a políticas municipais de habitação”, entre as quais o reforço da oferta pública, a reabilitação do parque habitacional da autarquia e o apoio ao arrendamento acessível.