Universidade de Aveiro estuda vida animal em eucaliptais
Um projeto coordenado pela Universidade de Aveiro (UA) contraria a ideia de que os eucaliptais são desertos ecológicos, e mostra que a vida animal pode coexistir com as florestas de produção.
Redação
A investigação do projeto WildForests, com base em dados científicos, “comprovou que é possível conciliar a produção de pasta de papel com a conservação da biodiversidade em áreas de eucaliptal”. Segundo Carlos Fonseca, biólogo da UA e coordenador do projeto, espécies como javalis, veados, raposas e ginetas foram encontradas nessas florestas, refutando que os eucaliptais sejam um "deserto ecológico".
“Apesar de as florestas nativas apresentarem maior diversidade, os eucaliptais oferecem abrigo e refúgio a muitos animais”, refere o estudo. A equipa do WildForests sugere uma gestão adaptada dessas áreas, “como a manutenção de vegetação natural perto de linhas de água e em manchas dentro das plantações, como forma de criar um equilíbrio entre o aproveitamento económico e a proteção da natureza”. “Casos de espécies protegidas, como o lobo ibérico a reproduzir-se em eucaliptais, demonstram o potencial de compatibilização entre florestas de produção e vida selvagem através de conhecimento e gestão sustentável”, salientam os investigadores.
O projeto WildForests, coordenado pela Universidade de Aveiro, conta com a participação do Instituto de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e da FCiências.ID – Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciências (FCiências. ID), através de uma equipa de alunos de doutoramento, mestrado e investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa liderada por Miguel Rosalino. O objetivo do projeto é ajudar os proprietários e gestores florestais a adaptar as suas práticas de gestão para que possam obter certificações florestais e, ao mesmo tempo, dar espaço à biodiversidade.
Recomendações
Joana Regadas reeleita presidente da direção da AAUAv
Após mais de três horas de contagem, Joana Regadas voltou a ser reeleita, esta madrugada, presidente da direção da AAUAv, tendo vencido todas as mesas de voto. No total, obteve 1798 votos (86,24%). Recorde-se de que Joana Regadas foi eleita presidente da direção da AAUAv, no ano passado, com 2356 votos (76,87%). Este ano, a atual estudante de doutoramento em Engenharia Biomédica na Universidade de Aveiro, voltou a concorrer com o mesmo lema do ano anterior “Unidos pela Voz”e foi esta noite reeleita. Lembre-se ainda que, além de Joana Regadas, concorreram a estas eleições para os órgãos sociais da AAUAv Leonor Lopes, pela lista D, que conseguiu um total de 186 votos (8,92%). Os votos brancos foram 51 (2,45%) e os votos nulos 50 (2,40%) na eleição para a direção da AAUAv. Além da direção, a Mesa da Assembleia Geral (MAG) passa a ser presidida por Mariana Gomes, estudante de mestrado em Gestão, e o Conselho Fiscal e de Jurisdição (CFJ), novamente, por Bernardo Ferreira, estudante do programa doutoral em Bioquímica. Direção Lista A: 1798 (86,24%) Lista D: 186 (8,92%) Votos brancos: 51 (2,45%) Votos nulos: 50 (2,40%) Mesa da Assembleia Geral (MAG) Lista A: 1795 (86,09%) Lista D: 185 (8,87%) Votos brancos: 58 (2,78%) Votos nulos: 47 (2,25%) Conselho Fiscal e de Jurisdição (CFJ) Lista A: 1784 (85,56%) Lista D: 195 (9,35%) Votos brancos: 54 (2,59%) Votos nulos: 52 (2,49%) Votantes: 2085 Abstenção: 88,75%
Comissão Eleitoral da AAUAv faz alterações nas mesas de voto: Descobre onde deves votar
Conforme já noticiado pela Ria no blog ao vivo que está a acompanhar as eleições para a AAUAv, a Comissão Eleitoral confirmou esta manhã a redução do número de mesas de voto. A informação, que foi disponibilizada de madrugada pelos responsáveis, contradiz aquilo que inicialmente tinha sido anunciado. A mudança, justifica a Comissão Eleitoral, deve-se à insuficiência de urnas e à falta de pessoas disponíveis para integrar as mesas em alguns departamentos. Assim: os estudantes do Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO) passam a votar no Departamento de Biologia (DBIO); os estudantes de cadeiras isoladas e do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território (DCSPT) têm de se deslocar ao Departamento de Matemática (DMAT); os estudantes do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo (DEGEIT) vão agora votar no Departamento de Física (DFIS); os estudantes do Departamento de Engenharia Civil (DeCIVIL) passam a votar no Departamento de Engenharia Mecânica (DEM); os estudantes do Departamento de Geociências (DGeo) passam a ser eleitores no Departamento de Comunicação e Arte (DECA); e as urnas para as secções autónomas (GrETUA e Nexus) passam a estar no Departamento de Química (DQ). Em todas estas urnas, a eleição decorre entre as 9h30 e as 17h30. No caso das mesas de voto do Instituto Superior de Contabilidade e Administração (ISCA), da Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia da Produção Aveiro-Norte (ESAN) e da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) funcionarão das 9h30 às 21h00. Já a mesa de voto da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e do Departamento de Ciências Médicas (ESSUA) estará aberta das 9h30 às 20h00. 1- Departamento de Línguas e Culturas (DLC): votam os alunos do DLC; 2- Departamento de Biologia (DBIO): votam os alunos de DBIO e do Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO); 3- Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI): votam os alunos do DETI; 4- Departamento de Educação e Psicologia (DEP): votam os alunos do DEP; 5- Departamento de Matemática (DMAT): votam os alunos do DMAT, cadeiras isoladas e do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território (DCSPT); 6- Departamento de Física (DFIS): votam os alunos do DFIS e do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo (DEGEIT); 7- Departamento de Engenharia Mecânica (DEM): votam os alunos do DEM e do Departamento de Engenharia Civil (DeCIVIL); 8- Departamento de Química (DQ): votam os alunos do DQ, NEXUS e GrETUA); 9- Departamento de Comunicação e Arte (DECA): votam os alunos do DECA e do Departamento de Geociências (DGeo); 10- Instituto Superior de Contabilidade e Administração (ISCA): votam os alunos do ISCA; 11- Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia da Produção Aveiro-Norte (ESAN): votam os alunos da ESAN; 12- Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA): votam os alunos da ESTGA; 13- Escola Superior de Saúde (ESSUA) e Departamento de Ciências Médicas (DCM): votam os alunos da ESSUA e do DCM; 14- Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMAC): votam os alunos do DEMAC.
Hoje é dia de eleições na Associação Académica da Universidade de Aveiro
Tal como avançado esta quarta-feira pela Ria, as urnas vão estar abertas no átrio de 16 departamentos e das quatro escolas da Universidade de Aveiro, sendo que a Escola Superior de Saúde (ESSUA) e o Departamento de Ciências Médicas (DCM) partilham a mesma urna. As votações estão a decorrer em todos os espaços entre as 9h30 e as 17h30 de hoje, mas há algumas urnas que só fecham mais tarde. É o caso da urna da ESSUA e do DCM, que só fecha às 20h00, e das urnas do Instituto Superior de Contabilidade e Administração, Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia da Produção Aveiro-Norte e da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, que só fecham às 21h00. De acordo com a Comissão Eleitoral, cada estudante só pode votar no Departamento a que pertence. As votações para as secções autónomas decorrem todas no Complexo Pedagógico, Científico e Tecnológico, entre as 9h30 e as 17h30. Recorde-se que para a presidência deste órgão candidatam-seJoana Regadas, pela Lista A, eLeonor Lopes, pela Lista D, que apresentaram cada um dos projetos em entrevista à Ria. As concorrentes estiveram emdebatena passada segunda-feira, dia 15, a que ainda pode assistir noFacebooke noYoutubeda Ria. Recorde-se que, no ano passado, Joana Regadas venceu as eleições para a direção da AAUAv com “2356” votos. Em 2024, registou-se ainda uma taxa de abstenção de “83.07%”.
UA celebra 52 anos entre alertas sobre o futuro do ensino superior e um apelo à liberdade académica
Coube a Paulo Jorge Ferreira abrir a sessão. No seu discurso, começou por prestar uma homenagem a António Oliveira, presidente da OLI e antigo presidente do Conselho Geral da Universidade de Aveiro entre 2021 e 2025, recordando “tudo o que deu à instituição”. De seguida, começou por citar José Saramago para recordar que a UA foi “levantada do chão”. “Ergueu-se, apesar das muitas dúvidas e desafios, pela mão de muitos, graças à ousadia de todos nós”, afirmou. Reconhecendo que, após mais de meio século de existência, os desafios são hoje diferentes, sublinhou que a ousadia permanece “a mesma”. Entre os principais desafios, o reitor destacou os de natureza “demográfica”, da “requalificação”, da “internacionalização”, do “trabalho em rede”, da “digitalização e da transição climática”, da “credibilidade das universidades” e do “quadro legislativo”. Em torno de cada um deles, lançou questões como: “O que significa isto para a universidade?”, “Como os ultrapassar?” ou “Como devemos lidar com estas mudanças?”. No entanto, foi no quadro legislativo que o reitor da UA mais se debruçou. “Muda o RJIES, a governação das universidades, a arquitetura do sistema binário e o modelo de financiamento do ensino superior. Revê-se a Lei da Ciência. Reformula-se o Regime de Graus e Diplomas. Propõe-se um novo modelo para a Ação Social no Ensino Superior. Alteram-se os Estatutos de Carreira- de investigação, docente universitário e politécnico. Regulamenta-se o funcionamento de instituições estrangeiras em solo nacional. E o envelhecimento e a rigidez das carreiras e sistemas de avaliação dificultam o rejuvenescimento institucional”, expõe. Face a isto, Paulo Jorge Ferreira atentou que este cenário “não é chão firme”, mas sim “areia movediça”. No seguimento, alertou para a “tensão entre a vontade política de atualizar o quadro legal” e o “ruído operacional que tanta mudança simultânea provoca”. “O risco dos cenários movediços é a inércia preventiva: ficarmos parados à espera que a poeira assente”, avisou. A ideia de inércia serviu de mote para o reitor voltar a traçar um paralelismo com o percurso da instituição, que, segundo afirmou, “não sabe ficar parada”. “Nos anos setenta e oitenta do século passado também havia incerteza quanto ao futuro. E foi na incerteza que construímos o que hoje somos”, refletiu. No domínio demográfico, Paulo Jorge Ferreira destacou a aposta da Universidade de Aveiro na “formação ao longo da vida e na requalificação”. Sobre a internacionalização, recordou que a UA foi “uma das primeiras universidades europeias” a integrar a Universidade ECIU. Já no que respeita à colaboração internacional, especificou que, entre 2022 e 2025, a produção científica da instituição envolveu cerca de “4400 instituições de 144 países”. Relativamente à transição digital e climática, referiu a criação de “novas linhas de investigação”, bem como a revisão de currículos, a renovação de métodos de ensino e a redefinição de prioridades. Abordou ainda a questão da confiança pública na ciência, reconhecendo que a universidade “tem de comunicar melhor, partilhar com clareza e abrir-se ao escrutínio sem medo”. No que toca ao rejuvenescimento e às carreiras, o reitor indicou que a idade média dos investigadores “aumentou apenas um ano, para 41,2 anos”, enquanto a idade mediana dos docentes desceu de “50,6 para 50,5 anos”. Já no caso do pessoal técnico, a idade mediana subiu de “48 para 48,3 anos”. Em contrapartida, destacou que a mediana das remunerações aumentou “50%” e que o tempo mediano de permanência na instituição diminuiu de “10,8 para 4,7 anos”. Ainda assim, Paulo Jorge Ferreira reconheceu que a Universidade de Aveiro precisa de ir “mais longe”, embora sublinhando que “não temos estado parados”. Como tal, apontou que o quadro legal é instável, mas o que a “Europa e Portugal hoje incentivam” já a UA faz por “opção estratégica”. “Não são os Decretos-Lei que nos fazem. São as pessoas. E as pessoas da Universidade de Aveiro, todos vós, provaram este ano, mais uma vez, que a inovação não precisa de licença. E assim continuaremos, venha o que vier”, destacou. Em relação ao futuro, o reitor da UA deixou a nota que a UA tem de ser uma “vela e não uma âncora”. “Uma força que faz singrar, e não um lastro que atrasa. Não podemos controlar as tempestades que agitam o mundo. Mas podemos controlar o nosso barco. As dificuldades nunca foram a nossa desculpa; são o nosso teste”, atentou. Dirigindo-se, diretamente, a António Sampaio da Nóvoa o reitor aproveitou para recordar a sua passagem pela Universidade de Aveiro. “Há 46 anos, em 1979, enquanto Saramago terminava ‘Levantado do Chão’, Sampaio da Nóvoa, então professor do Magistério Primário de Aveiro, ajudou a fundar o GrETUA - o nosso Grupo Experimental de Teatro. A peça que encenou chamava-se ‘Um nó para cada mão’”, lembrou. Paulo Jorge Ferreira deixou ainda a nota de que uma “universidade sem alma cultural é um corpo sem vida”. “O GrETUA foi uma das primeiras manifestações dessa alma cultural. Por isso, hoje, ao regressar a esta casa, António Sampaio da Nóvoa não é uma visita. Sr. Professor, bem-vindo de volta”, exprimiu. Em dia de celebração, Joana Regadas optou por fazer uma “reflexão crítica”, colocando “questões e hipóteses” sobre a sua passagem pela instituição. “Falar sobre 52 anos de história de uma casa que apenas me acolhe há seis anos, revela-se um exame no qual, nem mesmo com muitas noites em claro, conseguiria facilmente aprovação”, começou por referir. A presidente da AAUAv sublinhou que, para “muitos”, as universidades representam o passo “mais ambicionado”. “Reveem as universidades como os locais que os irão impulsionar, permitir subir na escala social, encontram nas universidades os lugares de verdadeira mudança”, sintetizou. Recordando a missão central das universidades, a transmissão do conhecimento e a investigação, Joana Regadas identificou “dois lugares principais”, introduzindo aquilo que classificou como a primeira “falácia”. “Estes espaços poderão até ser suficientes para o primeiro perfil de mudança que identificamos anteriormente, mas claramente insuficientes para a mudança que tantos outros procuram, para a verdadeira e completa de mudança na sociedade, para a mudança que é necessário as universidades promoverem no contexto atual”, afirmou. Nesse sentido, alertou para a necessidade de a UA “alargar” os seus espaços a locais que “promovam o contacto, a troca e a partilha entre toda a comunidade académica”. A este propósito, destacou as cantinas, que, “ainda que insuficientes”, se tornam, para muitos, sobretudo estudantes, pontos centrais de integração e apoio, “desde as refeições rápidas em longas filas de espera até às refeições partilhadas com a ansiedade do exame que se segue”. Mencionou igualmente os espaços desportivos, “onde muitos encontram o equilíbrio necessário entre a azáfama do dia a dia e a pausa para a descontração”. Referiu ainda as residências universitárias, “tão famosas nas últimas 24 horas, mas esquecidas nos últimos 30 anos”. “Espaços que para muitos são casa, o lugar de conforto que tanto precisam, espaços que precisam de uma verdadeira mudança, de como são percecionados, de como são valorizados”, destacou. Joana Regadas debruçou-se também sobre o “campus disperso por diversas cidades”, que, segundo afirmou, “promove a mudança através da aproximação à comunidade envolvente, abrindo portas e recusando fechar-se sobre si próprio”. A reflexão culminou com a dirigente estudantil a sublinhar que a “verdadeira mudança reside nas pessoas, no que elas fazem dos espaços, e como toda a universidade se torna um ponto de partilha, construção de comunidade e ponto principal de mudança na sociedade”. No seguimento, reconheceu ainda que só uma “universidade que coloca as suas pessoas no centro, os estudantes, os docentes, os investigadores, os técnicos administrativos e de gestão, a sua comunidade seria capaz de construir estes belos 52 anos de história”. Tal como o reitor da UA, também Joana Regadas fez questão de deixar uma palavra de homenagem a António Oliveira. “No dia de aniversário da UA, perdemos uma pessoa que nos ensinou muito sobre o crescimento no desconforto e de como a mudança promovida pelas universidades vai muito para além da produção de ciência, impacta a sociedade, muda as perspetivas e reside dentro de cada um de nós”, exprimiu. Enquanto convidado especial da cerimónia, António Sampaio da Nóvoa começou por sublinhar que recusar o convite teria sido um ato de “ingratidão”, elencando alguns dos motivos já referidos por Paulo Jorge Ferreira. Ao revisitar o seu percurso em Aveiro, o fundador do GrETUA recordou que foi nesta cidade que iniciou a sua vida profissional, aos 22 anos, na então Escola do Magistério Primário. “Foi graças a um encontro com o professor João Evangelista Loureiro, então vice-reitor desta universidade, que se abriram os meus caminhos académicos, primeiro em Genebra, na Suíça. Foi também esta universidade que, no meu regresso, reconheceu os meus estudos numa área então praticamente inexistente em Portugal”, lembrou. “Sem o acolhimento, a compreensão e até a ousadia do professor João Evangelista Loureiro e da UA, o jovem de vinte e poucos anos que eu era não teria feito o percurso que conseguiu fazer”, acrescentou. Para esta comemoração, António Sampaio da Nóvoa afirmou querer deixar “dois gritos”: um pela humanidade e outro pela universidade, antes de encerrar com uma reflexão sobre Portugal. No que respeita à universidade, destacou que o seu papel é hoje “ainda mais importante do que no passado”. “Uma das nossas maiores responsabilidades é a criação de imaginários que mobilizem os jovens e a sociedade”, frisou. Nesse contexto, afirmou que o seu grito pela universidade é um grito de “liberdade”, referindo, em particular, a liberdade académica, que, segundo alertou, tem vindo a ser atacada “praticamente em todo o mundo”. Entre as ameaças a essa liberdade, apontou o “aumento desmedido da burocracia e da prestação de contas”. “É evidente que as universidades têm de prestar contas, mas devem fazê-lo sem procedimentos absurdos e despropositados. Quase todos nesta sala já tiveram de lidar com a FCT e com a forma como são geridos os projetos de investigação. Certamente concordarão que Kafka não teria engenho para inventar tamanha loucura”, ironizou. Sampaio da Nóvoa recordou ainda que há “anos e anos” que se discute a autonomia das universidades -antes, durante e depois do RJIES -, sempre com a promessa de que irá aumentar, mas acompanhada de “artifícios e artimanhas que vão mantendo tudo na mesma”. “Nesta fase da nossa vida política é melhor não mexer na Constituição, mas, quando tal for possível e houver condições para isso, seria importante escrever, com letras ainda maiores, aquilo que na verdade já lá está, mas que parece que as pessoas, as administrações e os governos não querem ler”, alertou, citando o artigo 76º. Para além da burocracia, o fundador do GrETUA apontou ainda o “aumento desmedido das métricas e do produtivismo académico”, que, segundo afirmou, restringem a liberdade de professores e investigadores. Na sua perspetiva, as universidades “tornaram-se máquinas de produzir” e os universitários “máquinas de escrever artigos”. “Hoje, em 2024, publica-se mais num só ano do que em todo o século passado. Os percursos académicos mais visíveis são feitos por quem aprendeu a arte de publicar artigos e de os multiplicar”, advertiu. Apesar do crescimento exponencial da produção científica, António Sampaio da Nóvoa alertou que a ciência publicada se tem tornado cada vez mais “confirmatória” e “replicativa”, sendo “cada vez menos disruptiva, criadora e imaginativa”. O antigo reitor da Universidade de Lisboa afirmou não ter dúvidas de que “estamos a perder a capacidade de criar, de iniciar algo novo, a alma das universidades, a sua capacidade de projetar e construir futuros”. “O meu grito pela universidade é um grito pela liberdade académica”, reiterou. Sampaio da Nóvoa sublinhou ainda que as universidades são “instituições decisivas para o futuro dos países e da humanidade”, por serem um dos poucos espaços onde ainda é possível “aspirar à construção de imaginários de um futuro com vida, com direitos humanos, com respeito pelas liberdades individuais e pelas decisões democráticas dos povos”. Já a concluir a sua intervenção, explicou a razão da alusão ao “grito”, recordando que a primeira peça de teatro do GrETUA se intitulava “Uma corda para cada dedo”. “Essa peça terminava com a leitura de um poema de Allen Ginsberg, chamado Uivo. E é por isso que falei de dois gritos. Um uivo que começa assim: ‘Eu vi as mentes mais brilhantes da minha geração destruídas pela loucura’”, evocou. “Também nós estamos hoje a assistir a um momento dramático do mundo, com a destruição do tecido democrático e o abandono dos direitos humanos, com as nossas crianças e jovens, e também os menos jovens, a serem capturados por palavras e imagens de ódio e de violência”, prosseguiu. “Por isso, quase cinquenta anos depois de vos ter trazido um uivo, quis agora trazer-vos um grito. Um grito pela humanidade, outro pela universidade e ainda um apontamento sobre Portugal”, completou o fundador do GrETUA. Sampaio da Nóvoa concluiu com um apelo direto à responsabilidade das instituições académicas: “Hoje não podemos ficar em silêncio. A universidade tem uma responsabilidade maior e tem de a cumprir porque, se não falarmos hoje, nem gritarmos, amanhã já será tarde”, rematou. A cerimónia terminou com um brinde e o corte de bolo no átrio do edifício da Reitoria. Para amanhã, 18 de dezembro, tal como avançado pela Ria, está ainda previsto, pelas 21h30, no Teatro Aveirense, um concerto que marcará o 28º aniversário da Orquestra Filarmonia das Beiras (OFB).
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Campeonato de Portugal: Ria realiza transmissão-teste do Beira-Mar - Gouveia
O SC Beira-Mar recebe este domingo o Gouveia, no Estádio Municipal de Aveiro - Mário Duarte, no encontro referente à última jornada da primeira volta da Série B do Campeonato de Portugal. A partida assume particular importância para os aurinegros, que ocupam atualmente o oitavo lugar da classificação, com 15 pontos, e procuram afastar-se dos lugares abaixo da linha de água frente ao lanterna-vermelha da série. O desafio surge numa semana marcada pelo desânimo após a derrota em Lamas e pela contestação em torno da arbitragem, num contexto em que a equipa procura ganhar confiança e tranquilidade para o início da fase decisiva. Este encontro ficará marcado por uma transmissão-teste em direto promovida pela Ria - Rádio Universitária de Aveiro, que irá acompanhar o jogo através do seu canal de YouTube e da página de Facebook, numa iniciativa desenvolvida em estreita articulação com a direção do SC Beira-Mar. O relato estará a cargo de Pedro Pereira, alumni da Universidade de Aveiro, recentemente formado em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações, que conta já com várias experiências no relato de competições profissionais e distritais de futebol em Portugal. Pedro Pereira integrou ainda o projeto ‘Jornada Académica’, podcast da Ria dedicado à atualidade do futebol nacional, marcado por um registo irreverente e universitário. A equipa responsável pela transmissão será composta por antigos alunos e atuais estudantes da Universidade de Aveiro e insere-se no âmbito da ‘Academia Ria’, um projeto formativo da Rádio Universitária de Aveiro que, sob a supervisão do coordenador do Gabinete de Audiovisual e Redes Sociais, Pedro Cruz, procura proporcionar a estudantes da UA contacto direto com o terreno nas respetivas áreas de estudo. A Ria sublinha o caráter experimental desta transmissão e apela à participação do público, convidando os espectadores a partilharem o seu feedback, de forma a melhorar futuras transmissões. A Rádio Universitária de Aveiro reforça ainda a importância da colaboração institucional com o SC Beira-Mar, assumindo esta experiência como um passo cauteloso e responsável no reforço da sua aposta de ligação à cidade e de promoção do desporto local.
CGTP-IN convoca manifestação contra o pacote laboral para 13 de janeiro
"Depois da grande greve geral do passado dia 11 de dezembro, onde os trabalhadores se fizeram ouvir e afirmaram bem alto a sua rejeição ao pacote laboral e a exigência da sua retirada, a CGTP-IN decidiu marcar para o próximo dia 13 de janeiro de 2026 uma manifestação, com início pelas 14:30 no Camões seguindo para S. Bento", lê-se no comunicado divulgado ontem. Num compromisso com os trabalhadores e no âmbito das ações de luta contra o pacote laboral, "a CGTP-IN desenvolveu ao longo destes últimos meses um abaixo-assinado onde milhares de trabalhadores foram contactados, esclarecidos, informados e mobilizados". "São dezenas de milhares os trabalhadores que, com a sua assinatura, expressaram a rejeição deste assalto aos direitos e às condições de trabalho que serão, no próximo dia 13 de janeiro, entregues ao primeiro-ministro", sublinha o comunicado. O primeiro-ministro vai receber a CGTP no dia 07 de janeiro, depois de na segunda-feira a CGTP ter solicitado uma reunião com Luís Montenegro, reafirmando a exigência de retirar o pacote laboral, expressa, "de forma inequívoca". Em causa, está a rejeição da proposta, designada "Trabalho XXI", apresentada em 24 de julho pelo Governo e que mereceu o 'rotundo não' das centrais sindicais, que argumentam que é "um ataque" aos direitos dos trabalhadores e que realizaram uma greve geral no passado dia 11. As medidas deste pacote visam desde a área da parentalidade, passando pelos despedimentos e até ao alargamento dos prazos dos contratos ou dos setores que passam a estar abrangidos por serviços mínimos em caso de grave. Perante as críticas das duas centrais sindicais, o Governo entregou à UGT uma nova proposta com algumas cedências, deixando, por exemplo, cair a simplificação dos despedimentos nas médias empresas, mas mantendo o regresso do banco de horas individual ou revogação da norma que prevê restrições ao 'outsourcing' em caso de despedimento, bem como a medida que visa dificultar a reintegração de trabalhadores, após despedimento ilícito ou as alterações à lei da greve. Na véspera da greve geral de dia 11 de dezembro, o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira afirmou que o Governo está "a querer retirar o direito a ter uma vida estável, uma vida digna com perspetiva de futuro". Já secretário-geral da UGT, Mário Mourão, foi recebido terça-feira pela ministra do Trabalho sobre a reforma laboral e adiantou que a central sindical vai apresentar uma contraproposta, incluindo com medidas que não constam do anteprojeto. No final do encontro com Rosário Palma Ramalho, no Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, em Lisboa, Mário Mourão não esclareceu os contornos do que lhe foi apresentado pela ministra do Trabalho, mas fez questão de sublinhar que viu espírito negocial do lado do executivo.
Nova conduta na Murtosa para acabar com transbordo de esgotos
Segundo o autarca, após várias reuniões entre a Câmara Municipal da Murtosa com as empresas Águas da Região de Aveiro e Águas do Centro Litoral, chegou-se a uma solução de consenso para acabar com o derrame de efluentes, com base em estudos técnicos realizados. O vereador socialista na Câmara da Murtosa, Augusto Vidal Leite, alertou para “a persistência de descargas de efluentes da rede de saneamento, a céu-aberto no concelho” na última reunião do executivo, conforme comunicado hoje emitido pelo PS local. Segundo o autarca socialista, “este é um problema antigo que obriga a população a conviver com maus cheiros e riscos para a saúde pública e ambiente”. Januário Cunha garante que a autarquia tem pressionado as duas empresas para resolverem “o problema de transbordos de efluentes, visível especialmente no inverno, que afeta a imagem pública e tem implicações ambientais na entrada do concelho”. “A Câmara Municipal da Murtosa tem interpelado sucessivamente a ADRA e a ADCL sobre este assunto há vários anos”, assegura o presidente da Câmara. Segundo Januário Cunha, “a insuficiência da conduta é agravada pela intrusão e afluências indevidas, particularmente o encaminhamento de águas pluviais para as condutas de esgoto, que aumenta drasticamente os caudais”. “A ADRA e ADCL consensualizaram uma solução técnica numa reunião em outubro, envolvendo o Município, que prevê a construção de uma nova conduta, a norte da Zona Industrial da Murtosa, e inclui a divisão dos caudais por dois pontos de entrega, distribuindo assim a carga e aumentando a capacidade de acolhimento da rede”, descreve o autarca. O presidente da Câmara da Murtosa estranha o comunicado do PS, por ser omisso quanto a esse ponto de situação que já havia sido dado ao vereador socialista. Januário Cunha salvaguarda que a Câmara não é a responsável pela obra, mas confia que “o investimento necessário será plasmado nos planos de investimento das Águas do Centro Litoral e da Águas da Região de Aveiro, conforme as responsabilidades de cada entidade”.
Luís Montenegro propõe “replicar” em Aveiro solução semelhante ao Metrobus de Coimbra
A intenção de repetir a ligação feita pelo Metrobus de Coimbra noutras regiões do país foi comunicada esta terça-feira, em Coimbra, por Luís Montenegro. Nas palavras do primeiro-ministro, o projeto do Sistema de Mobilidade do Mondego “é o mais avançado desta ligação, do ponto de vista urbano e suburbano” e vai servir como “forma de aproximação da linha de alta velocidade à estação de Coimbra”. Da mesma forma, fez saber que quer que o modelo seja “replicado” em Aveiro, Braga e Leiria, “três polos também dessa rede de alta velocidade ferroviária”. Mais tarde, a informação disponibilizada no site do Governo veio reafirmar aquilo que tinha sido assumido por Luís Montenegro. Aí, pode ler-se que o projeto do Sistema de Mobilidade do Mondego “serve de referência para soluções semelhantes em cidades como Braga, Aveiro e Leiria, igualmente integradas na futura rede de alta velocidade”. O primeiro-ministro explicou que, na inauguração da via conimbricense, estava “não apenas a olhar para aquele projeto (…), mas (…) a olhar para uma estratégia de desenvolvimento do país. Queremos resolver em simultâneo os problemas de mobilidade nos centros urbanos (…), mas ao mesmo tempo a tratar de ter uma rede onde todos nos movimentamos de forma mais ágil, mais fácil, com sustentabilidade e com a possibilidade de sermos mais competitivos”. O sistema BRT (Bus Rapid Transit), mais conhecido como Metrobus, é um sistema de transporte público de passageiro rodoviário, totalmente elétrico e que opera em via dedicada. Em Coimbra, a solução foi assumida em 2017 como alternativa ao projeto de um metro ligeiro de superfície, de forma a fazer a ligação entre os concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã. Entretanto, também o Porto prevê o arranque de um Metrobus a partir do próximo mês de fevereiro e, em Braga, o mesmo sistema de transporte deve começar a funcionar durante 2026.