RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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DCSPT-UA, Ria e AAUAv lançam concurso de previsão eleitoral das próximas legislativas 2025

O Mestrado em Ciência Política e o Mestrado em Ciência de Dados para as Ciências Sociais, ambos do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro (DCSPT-UA), bem como a Ria – Rádio Universitária de Aveiro e a AAUAv – Associação Académica da Universidade de Aveiro lançam um concurso de previsão dos resultados das próximas eleições legislativas dirigido aos membros da comunidade UA.

DCSPT-UA, Ria e AAUAv lançam concurso de previsão eleitoral das próximas legislativas 2025
Redação

Redação

09 mai 2025, 17:23

O objetivo desta iniciativa é promover o interesse político e a análise de dados junto da comunidade académica da UA, incentivando estudantes, alumnis, docentes, investigadores e pessoal técnico, administrativo e de gestão, a apresentarem as suas previsões sobre os resultados das próximas legislativas, que decorrem a 18 de maio.

Podem participar todos os membros da comunidade UA que possuam um endereço de email com domínio @ua.pt. A participação é individual e cada concorrente poderá submeter apenas uma previsão, até às 23h59 do dia 15 de maio, através de um formulário que pode ser consultado aqui.

As previsões devem indicar a percentagem nacional de votos de cada partido com representação parlamentar, com uma casa decimal. Adicionalmente, será solicitada também a previsão dos resultados no círculo eleitoral do distrito de Aveiro, bem como uma breve descrição da metodologia utilizada.

O vencedor será determinado através do índice de avaliação LSq (Least Squares Index), adaptado do Índice de Gallagher, que medirá a precisão das previsões em relação aos resultados oficiais. Em caso de empate, serão aplicados critérios adicionais para determinar o vencedor, disponíveis no regulamento do concurso que pode ser consultado aqui.

Os três melhores classificados receberão prémios: um vale FNAC de 100 euros para o primeiro classificado, 50 euros para o segundo e 20 euros para o terceiro. Haverá também uma menção honrosa para a melhor previsão dos resultados no círculo de Aveiro.

Os resultados serão anunciados até cinco dias úteis após a divulgação dos escrutínios provisórios. A organização contactará os vencedores através dos contactos fornecidos no formulário de participação.

Esta iniciativa pretende estimular o envolvimento cívico e o debate político, destacando o papel da universidade na promoção do pensamento crítico e da análise social.

Recomendações

GrETUA: ‘recorder’ estreia esta noite e as previsões apontam para casa cheia
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GrETUA: ‘recorder’ estreia esta noite e as previsões apontam para casa cheia

É esta noite, pelas 21h30, que o texto de David Catalão – encenado por João Garcia Neto, João Tarrafa e Maria R. Soares e interpretado por Diogo Figueiredo, Daniela Lopes, Ana Conde e Inês Hermenegildo – sobe ao palco do GrETUA. A obra resulta no espetáculo final do Curso de Formação Teatral 2024-2025 do GrETUA e pode ser visto até ao próximo dia 18 de maio. A peça nasce da escrita de David Catalão que, em entrevista à Ria, dá nota de que parte de um “desafio” de um texto para ser entregue “a três ensaiadores diferentes, com três linguagens diferentes, para fazerem três interpretações diferentes”. A repetição da palavra diferente não é acidental. É que a diferença é mesmo “a chave do exercício”, aponta o autor. “Isso foi logo uma coisa que me seduziu bastante porque me interessa sobretudo a questão do texto como a sua leitura e a sua abordagem e receção, mais do que a construção”, explica David. Foi então construído com “bastantes coisas em aberto” e com “poucas indicações de cena”, desvenda o autor. Essa construção permite que a interpretação possa ser “livre” e “como houve esta lógica de ele ser feito em sequência (…) levou-me aqui para uma escrita também a incidir sobre esta questão da repetição, da memória, do ciclo da perda que existe com as repetições, de uma certa metáfora do teatro também e do ensaio com base de repetir até criar algo novo”, aponta. “Todas estas ideias levaram-me a uma ideia que eu já tinha há bastantes anos, que era esta premissa de alguém que procura gravar momentos como quem tira fotografias”, conta David. “A nossa memória não é autossuficiente, ela ativa-se através de objetos como fotografias”, aponta o autor. Além disso, o tema da memória “está muito associada” às “artes do tempo”. “Aliás, no caso do teatro, a memória é mesmo uma ferramenta de trabalho”, frisa David que sublinha que o conflito da peça surge “à volta de diferentes ideias acerca de uma memória”. E mais não avançamos para não estragar a estreia da peça. João Garcia Neto, João Tarrafa e Maria R. Soares são as pessoas que ficaram responsáveis pela encenação da peça que pretende ser uma unidade, partida em três formatos. Maria R. Soares aborda o texto a partir do movimento, João Garcia Neto a partir do cinema e João Tarrafa a partir do teatro. Para a encenadora que abre a peça, a abordagem adotada é a do movimento, “uma abordagem se calhar mais performativa” do texto, aponta Maria. O seu processo foi, a partir do texto, “tentar imaginar a forma como as personagens se relacionam e o espaço que constroem em conjunto”. Partindo desse feito, o desafio passou por “compor dinâmicas de cuidado, de tensão e de fricção entre eles”, repara a encenadora. Essa composição é feita de forma mais física, “mas também com os objetos que ocupam o espaço”, adianta Maria. “Na minha encenação existem pequenos objetos, simples e cotidianos, mas que depois são reinventados na forma como são usados pelos performers, o que permite criar uma certa carga simbólica e diferentes leituras ao longo da encenação”, revela Maria R. Soares. Por sua vez, João Garcia Neto vê o texto como “uma prenda” por permitir “convocar a linguagem do cinema para o palco como um dispositivo que vem falar também sobre estas questões do texto, da memória e do registo”, repara. “A mim interessou-me pensar desde o início (…) uma forma quase performativa como o cinema é colocado em palco”, adiantou o atual diretor artístico do GrETUA. “Como estávamos a trabalhar a questão da memória, há aqui um trabalho (…) de poder convocar diferentes camadas, imagens de diferentes tempos e eventualmente noutros lugares, que se sobrepõe ao momento real ao da apresentação”, repara ainda João Garcia Neto em relação à abordagem dada ao texto. Já para João Tarrafa a peça é um desafio sobretudo ao nível do conflito. “É muito giro passar um mês (…) a perceber quais são os conflitos entre aquelas pessoas - que são imaginárias, mas que que se tornam cada vez mais palpáveis de dia para dia - e perceber porque é que elas não se conseguem relacionar umas com as outras”, aponta o encenador. Para João a peça é significante precisamente por essa perspetiva. “No mundo eu gosto de pessoas, gosto da maneira como nós não nos conhecemos a nós próprios e não conhecemos o outro, (…) há muitas coisas para descobrir aí”, entende João Tarrafa. A sua abordagem interpretativa do texto é a que termina a peça e, como parte da linguagem do teatro, admite João, “será provavelmente a mais concreta, a mais convencional”. Os bilhetes para a sessão de hoje já estão esgotados, mas ainda há lugares disponíveis para as próximas exibições. Tem um preço de cinco euros para estudantes e de sete euros e cinquenta cêntimos para o público em geral e podem ser adquiridos através do preenchimento do formulário,disponível a partir das redes sociais do GrETUA.

Jovens têm interesse na política, mas continuam distantes das urnas. O que explica este paradoxo?
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Jovens têm interesse na política, mas continuam distantes das urnas. O que explica este paradoxo?

A Ria conversou com Patrícia Silva, docente e investigadora no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro (DCSPT-UA), que integrou a equipa do livro “O Eleitorado Português no Século XXI”, tendo coautorado um capítulo dedicado às formas de participação política dos jovens. A investigação existente tem posicionado os jovens como uma “geração à parte” no que toca à participação política e eleitoral. Apesar desta “perceção”, no caso português, este capítulo sugere que, pelo contrário, os jovens têm vindo a mostrar “sinais de vitalidade em termos de participação cívica e política”, sugerindo mesmo que as notícias sobre a “morte da política neste grupo [são] francamente exageradas”. Patrícia Silva não deixou de concordar com esta perspetiva destacando que este “exagero” deriva de uma interpretação daquilo que é a política. “Existe esta perceção de que os jovens não se interessam por política, sendo que os dados sugerem é que os jovens se interessam muito por política”, afirmou. Apesar deste interesse, a investigadora relembrou que isso não tem sido suficiente para evitar, nos últimos anos, as [altas] “taxas de abstenção” e a “baixa taxa de participação dos jovens” que se tem verificado. Patrícia sugeriu mesmo que há um “sentimento de afastamento em relação aos partidos políticos” [por parte dos jovens] que pode ser explicada, conforme refere o estudo, “pelo afastamento crítico de formas mais convencionais de participação”. “Quando nós olhamos para todas as formas de participação que não envolvam partidos políticos (…) como, por exemplo, manifestações ou petições, os jovens participam e têm registado taxas de participação consideráveis ao longo das últimas décadas. Isto não se nota no caso do voto”, exemplificou. “É por isso que nós notamos que os jovens estão interessados na política. No entanto, estão bastante afastados dos atos eleitorais”, continuou. Segundo o estudo este “afastamento” pode ser explicado, entre outros motivos, pelo “ciclo de vida” em que existe um “efeito curvilíneo da idade”, ou seja, as taxas de participação eleitoral “tendem a aumentar com a transição para a idade adulta”. Em Portugal, a investigadora alerta que a “idade média” [desse ciclo] tem vindo a aumentar encontrando-se, atualmente, nos “39 anos”. “Esse aumento está relacionado com a forma como os jovens adiam estes momentos fundamentais como a saída de casa ou a constituição de família”, expôs. “Naturalmente isto está também associado com o facto de termos um mercado laboral que é muito precário e com o facto dessa precariedade atingir sobretudo os jovens”, continuou a investigadora. Patrícia Silva acrescentou que, face a isto, há uma “desilusão” dos mais novos. Neste seguimento, a investigadora foi mais além e recordou que “historicamente” os programas eleitorais de todos os partidos políticos “dedicam uma percentagem muito pequena a propostas e promessas eleitorais para os mais jovens”. “Nós fizemos esse levantamento em 2020, e olhando para as eleições de 2019, creio que a saliência de propostas apresentadas para os jovens é muito baixa”, reconheceu. “Todos os programas eleitorais tendem a ser formados e apresentam, sobretudo, propostas para faixas etárias mais avançadas e para o mercado laboral já estabelecido”, sintetizou a autora do estudo. No entendimento de Patrícia Silva, tanto o partido Chega como a Iniciativa Liberal, “nos últimos dois atos eleitorais”, têm conseguido “captar esta franja do eleitorado de uma forma mais clara”. “Eu creio que isso tem feito com que os outros partidos percebam que havia aqui um mercado, digamos assim, do ponto de vista eleitoral que estava a ser negligenciado. (…) Isto tem feito com que os outros partidos, de alguma forma, passassem a destacar um pouco mais esta dimensão da juventude e que nós vimos [recentemente] até em termos de propostas… A questão da facilidade da aquisição de casa para os mais jovens, as questões de fiscalidade [IRS Jovem], etc”, opinou. Ainda no campo das razões para o “afastamento”, o estudo aponta para uma “alteração nos perfis de participação” onde os jovens passaram a colocar no “topo das suas prioridades as questões pós-materialistas”, com destaque para temas como a igualdade sexual ou a consciência ecológica. “Naturalmente, há uma diferença entre as prioridades políticas dos mais velhos, que olha sobretudo para as questões mais materialistas. Eu creio que essa diferença tem vindo a ser cada vez menos acentuada, mas a verdade é que temos uma diferença em termos geracional nas prioridades”, referiu. “Os mais velhos com uma maior inclinação para a proteção dos valores materiais, da economia e da segurança. Os mais jovens com as questões do ambiente, da igualdade, da comunidade LGBT, etc”, refletiu a investigadora. Também o “contexto familiar” pode ser outro dos motivos que explicam esta realidade. No estudo, os autores concordam que “na transição para a vida adulta, os jovens que foram socializados em contextos parentais e que abraçaram as opiniões políticas dos seus pais tendem a revelar padrões mais estáveis de participação política no início da sua vida adulta”. Patrícia Silva sugeriu que há aqui uma “desigualdade económica e social que está quase subjacente a este efeito de socialização”, alertando que é necessário prestar atenção ao mesmo “nos próximos anos”. “Vale a pena destacar porque é que em algumas famílias o tema da política não é tão importante e a razão é que muitas vezes está associada às dificuldades económicas e às carências e à desigualdade que toma conta destas famílias”, relembrou. “Aquilo que nós sabemos é que a participação eleitoral está muito associada à satisfação de necessidades básicas em primeiro lugar. (…) Enquanto há famílias que vivem confortáveis e que têm as suas questões de necessidades básicas - habitação, alimentação e educação - facilmente resolvidas, as famílias que lutam e que têm esta dificuldade adicional são famílias que sentem, em primeiro lugar, que a política falhou em relação às suas expectativas de vida e ao que esperavam de uma democracia”, apontou. Em segundo lugar, a investigadora sugeriu ainda que para estas pessoas [com dificuldades económicas] a política não é central, porque têm naturalmente os seus problemas diários maiores para resolver”. Com um olhar mais atento sobre a realidade universitária, Patrícia Silva refletiu ainda que o facto de haver estudantes deslocados, ou seja, que estudam fora da sua área de residência fiscal, também é um fator que pode explicar, “em parte”, as baixas taxas de participação. “Isto é um efeito que noutros países tem sido notado. Há países onde se nota que na primeira votação [dos jovens] há uma maior taxa de participação eleitoral, mas depois cai”, explicou. “A maior parte dos estudos o que sugere é que esse efeito tem relação com o facto de muitos destes estudantes estudarem fora (…). E o facto de terem de votar no local onde residem, implica uma deslocação adicional no dia das eleições”, relembrou. Apesar de existir, atualmente, a possibilidade de voto antecipado a investigadora deixou ainda a nota de que é necessário fazer uma “análise maior das razões pelas quais esse efeito não se nota muito bem entre os jovens”. “Não sei se é uma questão da burocracia envolvida, não sei se é, de facto, também por algum desinteresse em relação ao ato eleitoral. Agora, o ato de, no dia das eleições, fazer essa deslocação, que implica naturalmente custos para estes jovens, pode, em parte, pelo menos, explicar essa taxa de participação eleitoral mais baixa”, frisou. Questionada sobre se existem números sobre a taxa de participação dos jovens no voto antecipado, Patrícia Silva referiu não ter dados sobre isso, salientando que esta seria uma “boa questão de investigação”. “Acho que essa é uma nota muito interessante de vermos em que medida é que, sobretudo entre a faixa dos estudantes de Ensino Superior, esse mecanismo de voto antecipado é, de facto, aproveitado”, reforçou. O livro “O Eleitorado Português no Século XXI” foi organizado por Marina Costa Lobo, professora e investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e Ana Espírito-Santo, professora associada e investigadora no Instituto Universitário de Lisboa. O capítulo 2 cujo título é “A Participação Política dos Jovens no Novo Milénio: Ainda uma Geração à Parte?” contou com os contributos de Carlos Jalali e Patrícia Silva, docentes e investigadores no DCSPT-UA e de Patrício Costa, professor associado na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Este capítulo examina as formas de participação política dos jovens e questiona se continuam a constituir uma geração à parte no contexto da democracia portuguesa. Esta reportagem insere-se numa parceria estabelecida entre a Ria - Rádio Universitária de Aveiro e a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e resultará, ao longo dos próximos meses, num conjunto de artigos sobre temas que afetam diariamente a vida dos estudantes da UA. Todas as reportagens serão acompanhadas por um cartoon satírico que pretende representar a problemática abordada. Se tens sugestões de temas que gostarias de ver abordados envia um email [email protected].

Estudantes com lista única ao Conselho Geral da Universidade de Aveiro
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Estudantes com lista única ao Conselho Geral da Universidade de Aveiro

A candidatura destaca-se pela pluralidade e pela experiência dos seus membros, todos eles envolvidos em estruturas estudantis da UA, destacando-se a presença de Joana Regadas, atual presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv). O movimento apresenta-se como defensor de um ensino superior mais equitativo, sustentável e centrado nas pessoas, promovendo o envolvimento dos estudantes na definição das políticas que os afetam diretamente. A Lista A propõe-se a garantir uma representação estudantil responsável e ativa, defendendo o acesso equitativo ao ensino superior, a redução progressiva das propinas e a criação de melhores condições de vida nos campi da UA. A lista compromete-se ainda a lutar pela valorização da participação extracurricular e a promoção da sustentabilidade ambiental, com políticas que envolvam toda a comunidade académica. A candidatura destaca a necessidade de melhorar a ação social, especialmente no que diz respeito ao alojamento estudantil e ao reforço da saúde mental. A criação de espaços de alimentação adequados para todos os polos da UA, como a ESAN, é outra prioridade identificada. A Lista A apela ainda à participação dos estudantes na eleição do Conselho Geral, que decorrerá no dia 3 de junho, para assegurar que a voz dos alunos esteja representada no principal órgão de gestão da Universidade de Aveiro. Circunscrição I – Estudantes de licenciatura: • Efetivo: Francisco Domingues Luís (Engenharia Eletrotécnica e de Computadores) • 1º Suplente: Letícia Pereira Jóia Capelo de Carvalho (Multimédia e Tecnologias da Comunicação) • 2º Suplente: Tânia Gonçalves Fernandes (Engenharia Química) Circunscrição II – Estudantes de mestrado, mestrado integrado e doutoramento: • Efetiva: Joana Francisca Costa Soares Regadas (Línguas e Culturas para Negócios) • 1º Suplente: Francisco Moreira Teixeira (Engenharia Mecânica) • 2º Suplente: Luzia Couto Ferreira (Engenharia e Gestão Industrial) Circunscrição III – Estudantes do subsistema politécnico: • Efetiva: Bianca Alexandra Ferreira Ramos (Mestrado em Contabilidade – Ramo Fiscalidade) • 1º Suplente: Mafalda da Silva Ribeiro (Licenciatura em Fisioterapia) • 2º Suplente: Maria Jorge de Oliveira Sousa (Licenciatura em Gestão Pública)

UA vai ter eleições disputadas: movimento ‘UA50’ apresenta candidatura ao Conselho Geral
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UA vai ter eleições disputadas: movimento ‘UA50’ apresenta candidatura ao Conselho Geral

A candidatura surge num contexto de renovação do Conselho Geral da UA, um órgão determinante na definição das políticas estratégicas da universidade, que, entre outras funções, será responsável pela eleição do próximo reitor. As eleições do Conselho Geral estão marcadas para o próximo dia 3 de junho de 2025. O movimento, que se afirma totalmente independente e plural, destaca a importância de fortalecer a representatividade e garantir que todas as vozes sejam ouvidas no contexto universitário. No manifesto apresentado, considera que “nos últimos anos” se tem observado “uma desmotivação generalizada e enfraquecimento da participação da comunidade da UA nas decisões que são tomadas, uma diminuição na transparência na gestão da UA, e uma postura de distanciamento e pouca empatia com as pessoas”. Como princípios da candidatura o movimento 'UA50' destaca a defesa da realização de eleições diretas para todos os órgãos de gestão unipessoais, incluindo o reitor, assim que legalmente possível: o aumento da transparência na gestão universitária, promovendo o acesso à informação e o diálogo com a comunidade; o reforço do papel fiscalizador do Conselho Geral, garantindo um órgão forte, plural e independente; a valorização da diversidade e representatividade científica e cultural dentro da universidade ; o empoderamento das pessoas e reforço do sentimento de pertença à UA, promovendo condições dignas para a progressão nas carreiras académicas; a afirmação da UA na sociedade através da educação, cultura e artes, promovendo uma universidade dinâmica e inovadora; a melhoria da qualidade de vida nos campi, através de parcerias que garantam melhores infraestruturas e serviços; e a promoção da inovação e excelência científica, maximizando oportunidades para investigadores e combatendo a precariedade laboral. A eleição do Conselho Geral da UA será decisiva para a definição do futuro da instituição, especialmente num momento de transição marcado pelo fim do mandato do atual reitor, Paulo Jorge Ferreira. Na lista de candidatos apresentada pelo movimento ‘UA50’ verifica-se a continuidade de alguns docentes e investigadores que já tinham participado num movimento de oposição nas últimas eleições de 2021, como são exemplos Rui Aguiar (DETI), Artur Alves (Biologia), Roberto Martins (Biologia) e Manuel Coimbra (Química). Todos eles já tinham integrado o movimento “Melhor UA: Projetar os próximos 50 anos” nas eleições para o Conselho Geral da UA em 2021. É previsível que durante a próxima semana a Comissão Eleitoral anuncie as listas oficialmente aceites, sendo que nos próximos dias decorre o período de correções e reclamações. Circunscrição A - Engenharia • Rui Luís Andrade Aguiar (mandatário) – Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática • Diogo Nuno Pereira Gomes – Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática • Cristina Sofia dos Santos Neves – Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica • Eloísa Catarina Monteiro de Figueiredo Amaral e Macedo – Departamento de Engenharia Mecânica • Pedro Renato Tavares de Pinho – Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática Circunscrição B – Ciências • Manuel António Coimbra Rodrigues da Silva (mandatário) – Departamento de Química • Roberto Carlos Domingues Martins – Departamento de Biologia • Elisabete Verde Martins Coelho – Departamento de Química • Carlos Alberto Ferreira Marques – Departamento de Física • Enide Cascais Silva Andrade – Departamento de Matemática • Slavka Carvalho Andrejkovicová – Departamento de Geociências • Sílvia Luísa Soreto Teixeira – Departamento de Física • Ricardo Miguel Moreira de Almeida – Departamento de Matemática • Artur Jorge da Costa Peixoto Alves – Departamento de Biologia Circunscrição C - Ciências Sociais, Artes e Humanidades • Armando Domingos Batista Machado (mandatário) – Departamento de Educação e Psicologia • Ana Filipa Fernandes Aguiar Brandão – Departamento de Economia, Gestão, Eng.ª Industrial e Turismo • Armando Domingos Batista Machado – Departamento de Educação e Psicologia • Pedro Miguel dos Santos Beça Pereira – Departamento de Comunicação e Arte • Joana Maria Costa Martins das Dores – Departamento de Economia, Gestão, Eng.ª Industrial e Turismo Circunscrição D - Politécnico • Valter Castelão da Silva (mandatário) – Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) • Ana Miriam Duarte Reis da Silva – Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologias da Produção de Aveiro-Norte (ESAN) • Joaquim José de Castro Ferreira – Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) • Sandra Sarabando Filipe – Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA) • Luís Nuno Sancho Ribeiro – Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA)

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Durante a noite escura, o 'Moliceiro Solidário' leva comida e afeto a cerca de 40 sem-abrigos
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Durante a noite escura, o 'Moliceiro Solidário' leva comida e afeto a cerca de 40 sem-abrigos

Sábado.19h05. Pelas traseiras da Estação de Comboios de Aveiro avista-se um grupo de três pessoas vestidas com um colete refletor. Parecem estar a preparar-se para a noite que se avizinha. Aproximamo-nos para perceber quem são. Dizem-nos que são escuteiros da Gafanha da Nazaré e que vieram ajudar o projeto do “Moliceiro Solidário”. Um projeto feito por pessoas voluntárias que todos os sábados e domingos sai à rua para distribuir comida às pessoas em situação de sem-abrigo em Aveiro. Alertam-nos que este é sempre o ponto de partida, mas que ainda ninguém da organização do projeto chegou. Confidenciam-nos também que ainda é cedo, visto que a volta sairá, como sempre, pelas 19h30. Restavam 25 minutos. Mantemo-nos com este grupo à conversa. Entretanto, começamos a ver um conjunto de pessoas a aproximarem-se de nós. Cada uma delas fazia-se a acompanhar de um ou dois sacos de compras. Uns vinham a pé, outros de bicicleta. Era notória a felicidade na cara destas pessoas. Mal nos avistaram, vieram diretamente ao encontro dos escuteiros. Tal como a Ria, também eles os identificaram pelos coletes amarelos que vestiam. Não tardaram em perguntaram-lhes: “já não há comida?”. Um dos escuteiros respondeu-lhes, prontamente, que a Sónia, uma das atuais responsáveis pelo “Moliceiro Solidário”, ainda não tinha chegado. Imediatamente, afastaram-se de nós e juntaram-se em grupo um pouco mais atrás. A cinco minutos da hora marcada eram já mais de uma dezena de pessoas que por ali aguardava. No entretanto, uma dessas pessoas decidiu pegar na sua pequena coluna de som e pôr música para alegrar os restantes. A maioria começou a dançar. A um minuto para as 19h30 começamos a avistar um carro preto. Automaticamente, um elemento desse grupo sai e aguarda pela chegada desse carro junto a um estacionamento que por lá se encontrava. Começa a fazer gestos como se fosse um arrumador de carros. Mal esse carro preto estaciona, percebemos que se tratava de Sónia. Se o ambiente já era de ‘festa’, assim que a viram passou a ser ainda mais. A maioria foi até abraçá-la, como se fosse já uma amiga de longa data. E era. Sónia Corujo está no projeto do Moliceiro Solidário desde “novembro de 2022”. Conta-nos que a ideia começou através de uma publicação do “Diogo [Torres]”, na rede social ‘Facebook’, onde partilhou que estava com a ideia de iniciar um projeto, porque se tinha apercebido que “havia muitos sem-abrigos” em Aveiro. “Na altura, até tínhamos aqui vários sítios com vidros [no chão] e estava muita gente a morar [aqui]. Entretanto, [esse grupo] até foi desmantelado”, recordou. Se ao início aceitou o desafio, juntamente com o seu marido pela “carolice”, rapidamente, apercebeu-se que a situação “era mais grave” do que imaginava. “De dia não víamos assim uma coisa tão grande. As pessoas em situação de sem-abrigo, em Aveiro, não estão aqui ao descoberto. Não estão aqui com mantas. Não fazem isso. Eles escondem as coisas durante o dia e à noite é que os vemos dentro de prédios, debaixo das escadas, com cobertores, com mantas, com frio. Mais atrás daqui temos pessoas com tendas que não têm mesmo sítio onde estar e onde viver”, descreveu. Atualmente, este grupo complementa o trabalho também realizado pelas “Florinhas do Vouga”, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que apoia também pessoas em situação de sem-abrigo. “Nós no início não sabíamos onde eles estavam especificamente. Eles não nos conheciam. Só conheciam as Florinhas do Vouga. [Esta IPSS] trabalhava de segunda a sexta e nós começamos a fazer os sábados e os domingos”, explicou. Depois, “foi mais a palavra puxa a palavra (…). Nós íamos mesmos aos pontos onde os víamos passar… Era sempre durante a noite escura que os conseguíamos encontrar”, continuou. Logo após ser abraçada por este grupo, Sónia dirigiu-se à mala do seu carro onde se viam diferentes tupperware’s com comida, água e até café. Disse-nos que tinha trazido para este sábado “40 refeições” e que amanhã seriam mais “40” para distribuir pelas cerca de quatro dezenas de pessoas em situação de sem-abrigo em Aveiro. “Este fim de semana tivemos muita sorte, porque houve uma entidade pública que teve um evento e sobraram muitas coisinhas como croissants, pão, rissóis, croquetes, bolinhos de bacalhau e doces”, desabafou. Nos dias em que não há restos de comida são os próprios voluntários que cozinham. “Normalmente, faço eu vinte e outras duas colegas fazem cada uma também vinte refeições”, apontou. Há medida em que ia distribuindo os alimentos, em conjunto com os escuteiros da Gafanha da Nazaré, juntava-se o grupo que tínhamos visto inicialmente. No total, naquele ponto, acabaria por distribuir “25 refeições”. As restantes 15 seriam para distribuir por mais três pontos da cidade que Sónia prefere que não sejam revelados nesta reportagem. Com os sacos de compras cheios, rapidamente aquele grupo de 25 pessoas desapareceu dali. Sónia alerta-nos que aquelas pessoas “não têm sítio certo para dormir” e que, atualmente, são “postos de lado pela própria Câmara”. “Nós aqui devíamos ter um sítio, pelo menos, onde eles pudessem guardar as mochilas e a roupa, durante o dia, uma vez que eles não têm sítio certo para dormir”, reconheceu. A Ria tentou ainda contactar a autarquia para apurar dados e esclarecer que tipo de apoio está a ser prestado às pessoas em situação de sem-abrigo em Aveiro, mas até à data de publicação desta reportagem não obteve resposta. Terminado o primeiro local, seguiu-se um segundo ponto de distribuição, desta vez, numa casa abandonada ocupada por cerca de cinco pessoas em situação de sem abrigo. Recebem também eles comida e questionam-nos se queremos entrar. Reforçam-nos que aqui “há limpeza” e para “não termos medo”. Dizem que habitam naquela casa há cerca de dois anos e que os proprietários sabem da presença deles ali. Referem-nos que os donos nunca se importaram até porque “nunca foram mal-educados com ninguém”. Temos a oportunidade de conversar com um deles. Rúben, nome fictício, fala-nos com um especial brilho nos olhos sobre o projeto do “Moliceiro Solidário”. “Se a pessoa tivesse assim uma companhia durante todo o dia ainda era melhor… Eles vêm aqui, a gente já fala e já ficamos um bocado mais alegres a falar com outras pessoas lá de fora. Eu saio à rua, não falo com ninguém...”, lamentou. Rúben é de Aveiro, tem cerca de 50 anos, o quarto ano de escolaridade e adianta-nos que sabe ler e escrever. Acrescenta-nos que trabalhou durante muitos anos nas obras, no estrangeiro e que foi isso que o fez perder grande parte da sua saúde. Diz que, atualmente, recebe “200 e poucos euros por mês” de apoio da segurança social e que está à procura de emprego há vários anos. “Há muito preconceito. Vou pedir trabalho e não aceitam… As pessoas não têm confiança uma nas outras, não se falam… Eu se disser bom dia ninguém me responde sequer”, desabafou. “Se não são vocês, os moliceiros e as pessoas que sabem que estamos por aqui, não sei onde a gente iria chegar… Roubar não sei, fazer mal também não sei”, continuou. “Estas pessoas todas já estiveram bem na vida (…). Eu tenho duas filhas e não queria que acontecesse a elas o que aconteceu comigo. Os dias não são todos iguais… Um dia estamos bem, no outro dia pode ir tudo por água abaixo”, alertou um outro ‘colega’ que se encontra com Rúben naquela casa. “Nós temos de respeitar o próximo. Foi aquilo que sempre me ensinaram. Um sem-abrigo perante a sociedade rouba, é bêbado, etc”, reforçou com tristeza. Já no terceiro local, mais uma vez, encontramos um conjunto de pessoas em situação de sem-abrigo. Não conseguimos perceber bem quantas são, já que estava escuro no local. Ao contrário de Rúben, não estão a pernoitar numa casa, mas sim ao ar livre. Abrigam-se junto a uns tanques onde, antigamente, se chegou a lavar roupa. Nesse local há um som que impera: o som da rádio. Enquanto distribui comida também por eles, Sónia comenta-nos que, desta vez, não vai ser fácil falar com ninguém, exceto, se aparecesse o Fernando, o que já não acontecia há bastante tempo. Por sorte nossa, nessa noite, Fernando veio e aceitou conversar connosco. Fazia-se acompanhar de uma bicicleta. Começa por nos dizer prontamente que não tem problema em que seja revelado a sua identidade já que é “conhecido em todo lado” e que “não deve nada a ninguém”. Avança-nos que tem “54 anos” e que está em situação de sem-abrigo há “12 anos”. Atualmente, vive encostado ao terreno da Universidade de Aveiro (UA) numa das casas que está, neste momento, isolada com as obras das novas residências do Crasto. Há cerca de um ano e meio que não recebe qualquer ajuda e partilha que se “desenrasca” a fazer “biscates, a limpar terrenos ou a apanhar material para vender para o ferro velho”. Fernando sente que “não é invisível na cidade”, mas que faltam “ajudas como deve ser”. “Se eu andasse metido na droga até ao pescoço eu tinha tudo o que queria. Eu não me meto na droga, não tenho nada”, expôs. Sobre o projeto do “Moliceiro Solidário” assegura-nos que pode chegar ali “maldisposto que a má disposição desaparece logo”. Perto das 21h30 chegamos, finalmente, ao último ponto. Curiosamente foi o local onde menos pessoas em situação de sem abrigo apareceram. Ali encontravam-se apenas três pessoas: dois adultos e uma criança que se fazia acompanhar com uma bola de futebol. Sónia reforça-nos que aqui não será possível conversar com ninguém para a reportagem. Aproveitamos apenas para ouvir as suas histórias e para dar uns ‘toques’ na bola com esta criança. A volta do “Moliceiro Solidário” terminou já perto das 22h00. No final, Sónia pergunta-nos se a queremos acompanhar até ao restaurante “Cozinha do Rei”. Tinha recebido uma chamada do gerente a informar que tinha sobras de comida para doar. Este é um dos dois espaços de restauração que, atualmente, se associa a este projeto. Aceitamos ir com ela. Mal chegamos somos recebidos por Carlos Santos, gerente do “Cozinha do Rei”, que nos explica que sempre que terminam os jantares de grupo ligam “logo” para o projeto. “Já é um hábito”, partilhou. Muitas vezes, chegam a doar ao “Moliceiro Solidário” até “seis quilos [de comida] de cada vez”. Independentemente da quantidade doada, a verdade é que no final da noite a mala do carro de Sónia voltou a ficar cheia. Isso significava que no dia seguinte as cerca de 40 pessoas em situação de sem-abrigo, identificadas pelo projeto, em Aveiro, teriam novamente refeição. Assim aconteceu.

Dia Internacional e Noite Europeia dos Museus celebrados no Museu Marítimo de Ílhavo
Região

Dia Internacional e Noite Europeia dos Museus celebrados no Museu Marítimo de Ílhavo

A inauguração da exposição “Azul em Festa”, pelas 16h30 de dia 17, é apontado pelo município como o destaque das celebrações. Com curadoria de Fátima Marques Pereira, a exposição pretende, segundo nota enviada às redações, “celebra o olhar, o gesto e a presença das mulheres no território simbólico e real do mar”.  A exposição reúne assim obras de artistas mulheres que “abordam o mar como espaço vivido, imaginado e transformado, onde se cruzam o íntimo e o coletivo, o corpo e a paisagem, a história e o presente”, refere a mesma nota. A mostra vai ficar patente na sala de exposições temporárias e no decorrer do percurso expositivo do Museu até ao dia 19 de outubro. A abertura da exposição é precedida, pelas 15h30, pela performance “Sonoridade Táctil”, criada pelo Núcleo de Criação e Investigação Artística entre Expressões e Linguagens - SUSPENSÃO - no âmbito do projeto de residência artística “SOM E GESTO em síntese do existir”, aponta a autarquia.  Ainda no âmbito da assinalação da Noite Europeia dos Museus, o Museu Marítimo de Ílhavo estará aberto das 21h30 às 24h00, com entrada gratuita, visitas livres e a dinamização de um peddy paper. O período da manhã conta, pelas 11h, com uma visita pela exposição de fotografia de Eduardo Martins, “Património em rede: um peixe, uma comunidade, dois países”. Também no dia 17 de maio, entre as 10h e as 16h, volta a realizar-se uma ação de formação em torno da “Literacia do Oceano”, desta vez sob o tema “Economia Azul Sustentável e Regenerativa”.  A sessão conta com dinamização por parte de Álvaro Sardinha, especialista em Economia Azul. A ação de formação é certificada pelo Centro de Formação de Associação de Escolas dos Concelhos de Ílhavo, Vagos e Oliveira do Bairro, e destina-se a educadores e professores. A inscrição pode ser feita através do site oficial ou através do email [email protected].       

GrETUA: ‘recorder’ estreia esta noite e as previsões apontam para casa cheia
Universidade

GrETUA: ‘recorder’ estreia esta noite e as previsões apontam para casa cheia

É esta noite, pelas 21h30, que o texto de David Catalão – encenado por João Garcia Neto, João Tarrafa e Maria R. Soares e interpretado por Diogo Figueiredo, Daniela Lopes, Ana Conde e Inês Hermenegildo – sobe ao palco do GrETUA. A obra resulta no espetáculo final do Curso de Formação Teatral 2024-2025 do GrETUA e pode ser visto até ao próximo dia 18 de maio. A peça nasce da escrita de David Catalão que, em entrevista à Ria, dá nota de que parte de um “desafio” de um texto para ser entregue “a três ensaiadores diferentes, com três linguagens diferentes, para fazerem três interpretações diferentes”. A repetição da palavra diferente não é acidental. É que a diferença é mesmo “a chave do exercício”, aponta o autor. “Isso foi logo uma coisa que me seduziu bastante porque me interessa sobretudo a questão do texto como a sua leitura e a sua abordagem e receção, mais do que a construção”, explica David. Foi então construído com “bastantes coisas em aberto” e com “poucas indicações de cena”, desvenda o autor. Essa construção permite que a interpretação possa ser “livre” e “como houve esta lógica de ele ser feito em sequência (…) levou-me aqui para uma escrita também a incidir sobre esta questão da repetição, da memória, do ciclo da perda que existe com as repetições, de uma certa metáfora do teatro também e do ensaio com base de repetir até criar algo novo”, aponta. “Todas estas ideias levaram-me a uma ideia que eu já tinha há bastantes anos, que era esta premissa de alguém que procura gravar momentos como quem tira fotografias”, conta David. “A nossa memória não é autossuficiente, ela ativa-se através de objetos como fotografias”, aponta o autor. Além disso, o tema da memória “está muito associada” às “artes do tempo”. “Aliás, no caso do teatro, a memória é mesmo uma ferramenta de trabalho”, frisa David que sublinha que o conflito da peça surge “à volta de diferentes ideias acerca de uma memória”. E mais não avançamos para não estragar a estreia da peça. João Garcia Neto, João Tarrafa e Maria R. Soares são as pessoas que ficaram responsáveis pela encenação da peça que pretende ser uma unidade, partida em três formatos. Maria R. Soares aborda o texto a partir do movimento, João Garcia Neto a partir do cinema e João Tarrafa a partir do teatro. Para a encenadora que abre a peça, a abordagem adotada é a do movimento, “uma abordagem se calhar mais performativa” do texto, aponta Maria. O seu processo foi, a partir do texto, “tentar imaginar a forma como as personagens se relacionam e o espaço que constroem em conjunto”. Partindo desse feito, o desafio passou por “compor dinâmicas de cuidado, de tensão e de fricção entre eles”, repara a encenadora. Essa composição é feita de forma mais física, “mas também com os objetos que ocupam o espaço”, adianta Maria. “Na minha encenação existem pequenos objetos, simples e cotidianos, mas que depois são reinventados na forma como são usados pelos performers, o que permite criar uma certa carga simbólica e diferentes leituras ao longo da encenação”, revela Maria R. Soares. Por sua vez, João Garcia Neto vê o texto como “uma prenda” por permitir “convocar a linguagem do cinema para o palco como um dispositivo que vem falar também sobre estas questões do texto, da memória e do registo”, repara. “A mim interessou-me pensar desde o início (…) uma forma quase performativa como o cinema é colocado em palco”, adiantou o atual diretor artístico do GrETUA. “Como estávamos a trabalhar a questão da memória, há aqui um trabalho (…) de poder convocar diferentes camadas, imagens de diferentes tempos e eventualmente noutros lugares, que se sobrepõe ao momento real ao da apresentação”, repara ainda João Garcia Neto em relação à abordagem dada ao texto. Já para João Tarrafa a peça é um desafio sobretudo ao nível do conflito. “É muito giro passar um mês (…) a perceber quais são os conflitos entre aquelas pessoas - que são imaginárias, mas que que se tornam cada vez mais palpáveis de dia para dia - e perceber porque é que elas não se conseguem relacionar umas com as outras”, aponta o encenador. Para João a peça é significante precisamente por essa perspetiva. “No mundo eu gosto de pessoas, gosto da maneira como nós não nos conhecemos a nós próprios e não conhecemos o outro, (…) há muitas coisas para descobrir aí”, entende João Tarrafa. A sua abordagem interpretativa do texto é a que termina a peça e, como parte da linguagem do teatro, admite João, “será provavelmente a mais concreta, a mais convencional”. Os bilhetes para a sessão de hoje já estão esgotados, mas ainda há lugares disponíveis para as próximas exibições. Tem um preço de cinco euros para estudantes e de sete euros e cinquenta cêntimos para o público em geral e podem ser adquiridos através do preenchimento do formulário,disponível a partir das redes sociais do GrETUA.

Jovens têm interesse na política, mas continuam distantes das urnas. O que explica este paradoxo?
Universidade

Jovens têm interesse na política, mas continuam distantes das urnas. O que explica este paradoxo?

A Ria conversou com Patrícia Silva, docente e investigadora no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro (DCSPT-UA), que integrou a equipa do livro “O Eleitorado Português no Século XXI”, tendo coautorado um capítulo dedicado às formas de participação política dos jovens. A investigação existente tem posicionado os jovens como uma “geração à parte” no que toca à participação política e eleitoral. Apesar desta “perceção”, no caso português, este capítulo sugere que, pelo contrário, os jovens têm vindo a mostrar “sinais de vitalidade em termos de participação cívica e política”, sugerindo mesmo que as notícias sobre a “morte da política neste grupo [são] francamente exageradas”. Patrícia Silva não deixou de concordar com esta perspetiva destacando que este “exagero” deriva de uma interpretação daquilo que é a política. “Existe esta perceção de que os jovens não se interessam por política, sendo que os dados sugerem é que os jovens se interessam muito por política”, afirmou. Apesar deste interesse, a investigadora relembrou que isso não tem sido suficiente para evitar, nos últimos anos, as [altas] “taxas de abstenção” e a “baixa taxa de participação dos jovens” que se tem verificado. Patrícia sugeriu mesmo que há um “sentimento de afastamento em relação aos partidos políticos” [por parte dos jovens] que pode ser explicada, conforme refere o estudo, “pelo afastamento crítico de formas mais convencionais de participação”. “Quando nós olhamos para todas as formas de participação que não envolvam partidos políticos (…) como, por exemplo, manifestações ou petições, os jovens participam e têm registado taxas de participação consideráveis ao longo das últimas décadas. Isto não se nota no caso do voto”, exemplificou. “É por isso que nós notamos que os jovens estão interessados na política. No entanto, estão bastante afastados dos atos eleitorais”, continuou. Segundo o estudo este “afastamento” pode ser explicado, entre outros motivos, pelo “ciclo de vida” em que existe um “efeito curvilíneo da idade”, ou seja, as taxas de participação eleitoral “tendem a aumentar com a transição para a idade adulta”. Em Portugal, a investigadora alerta que a “idade média” [desse ciclo] tem vindo a aumentar encontrando-se, atualmente, nos “39 anos”. “Esse aumento está relacionado com a forma como os jovens adiam estes momentos fundamentais como a saída de casa ou a constituição de família”, expôs. “Naturalmente isto está também associado com o facto de termos um mercado laboral que é muito precário e com o facto dessa precariedade atingir sobretudo os jovens”, continuou a investigadora. Patrícia Silva acrescentou que, face a isto, há uma “desilusão” dos mais novos. Neste seguimento, a investigadora foi mais além e recordou que “historicamente” os programas eleitorais de todos os partidos políticos “dedicam uma percentagem muito pequena a propostas e promessas eleitorais para os mais jovens”. “Nós fizemos esse levantamento em 2020, e olhando para as eleições de 2019, creio que a saliência de propostas apresentadas para os jovens é muito baixa”, reconheceu. “Todos os programas eleitorais tendem a ser formados e apresentam, sobretudo, propostas para faixas etárias mais avançadas e para o mercado laboral já estabelecido”, sintetizou a autora do estudo. No entendimento de Patrícia Silva, tanto o partido Chega como a Iniciativa Liberal, “nos últimos dois atos eleitorais”, têm conseguido “captar esta franja do eleitorado de uma forma mais clara”. “Eu creio que isso tem feito com que os outros partidos percebam que havia aqui um mercado, digamos assim, do ponto de vista eleitoral que estava a ser negligenciado. (…) Isto tem feito com que os outros partidos, de alguma forma, passassem a destacar um pouco mais esta dimensão da juventude e que nós vimos [recentemente] até em termos de propostas… A questão da facilidade da aquisição de casa para os mais jovens, as questões de fiscalidade [IRS Jovem], etc”, opinou. Ainda no campo das razões para o “afastamento”, o estudo aponta para uma “alteração nos perfis de participação” onde os jovens passaram a colocar no “topo das suas prioridades as questões pós-materialistas”, com destaque para temas como a igualdade sexual ou a consciência ecológica. “Naturalmente, há uma diferença entre as prioridades políticas dos mais velhos, que olha sobretudo para as questões mais materialistas. Eu creio que essa diferença tem vindo a ser cada vez menos acentuada, mas a verdade é que temos uma diferença em termos geracional nas prioridades”, referiu. “Os mais velhos com uma maior inclinação para a proteção dos valores materiais, da economia e da segurança. Os mais jovens com as questões do ambiente, da igualdade, da comunidade LGBT, etc”, refletiu a investigadora. Também o “contexto familiar” pode ser outro dos motivos que explicam esta realidade. No estudo, os autores concordam que “na transição para a vida adulta, os jovens que foram socializados em contextos parentais e que abraçaram as opiniões políticas dos seus pais tendem a revelar padrões mais estáveis de participação política no início da sua vida adulta”. Patrícia Silva sugeriu que há aqui uma “desigualdade económica e social que está quase subjacente a este efeito de socialização”, alertando que é necessário prestar atenção ao mesmo “nos próximos anos”. “Vale a pena destacar porque é que em algumas famílias o tema da política não é tão importante e a razão é que muitas vezes está associada às dificuldades económicas e às carências e à desigualdade que toma conta destas famílias”, relembrou. “Aquilo que nós sabemos é que a participação eleitoral está muito associada à satisfação de necessidades básicas em primeiro lugar. (…) Enquanto há famílias que vivem confortáveis e que têm as suas questões de necessidades básicas - habitação, alimentação e educação - facilmente resolvidas, as famílias que lutam e que têm esta dificuldade adicional são famílias que sentem, em primeiro lugar, que a política falhou em relação às suas expectativas de vida e ao que esperavam de uma democracia”, apontou. Em segundo lugar, a investigadora sugeriu ainda que para estas pessoas [com dificuldades económicas] a política não é central, porque têm naturalmente os seus problemas diários maiores para resolver”. Com um olhar mais atento sobre a realidade universitária, Patrícia Silva refletiu ainda que o facto de haver estudantes deslocados, ou seja, que estudam fora da sua área de residência fiscal, também é um fator que pode explicar, “em parte”, as baixas taxas de participação. “Isto é um efeito que noutros países tem sido notado. Há países onde se nota que na primeira votação [dos jovens] há uma maior taxa de participação eleitoral, mas depois cai”, explicou. “A maior parte dos estudos o que sugere é que esse efeito tem relação com o facto de muitos destes estudantes estudarem fora (…). E o facto de terem de votar no local onde residem, implica uma deslocação adicional no dia das eleições”, relembrou. Apesar de existir, atualmente, a possibilidade de voto antecipado a investigadora deixou ainda a nota de que é necessário fazer uma “análise maior das razões pelas quais esse efeito não se nota muito bem entre os jovens”. “Não sei se é uma questão da burocracia envolvida, não sei se é, de facto, também por algum desinteresse em relação ao ato eleitoral. Agora, o ato de, no dia das eleições, fazer essa deslocação, que implica naturalmente custos para estes jovens, pode, em parte, pelo menos, explicar essa taxa de participação eleitoral mais baixa”, frisou. Questionada sobre se existem números sobre a taxa de participação dos jovens no voto antecipado, Patrícia Silva referiu não ter dados sobre isso, salientando que esta seria uma “boa questão de investigação”. “Acho que essa é uma nota muito interessante de vermos em que medida é que, sobretudo entre a faixa dos estudantes de Ensino Superior, esse mecanismo de voto antecipado é, de facto, aproveitado”, reforçou. O livro “O Eleitorado Português no Século XXI” foi organizado por Marina Costa Lobo, professora e investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e Ana Espírito-Santo, professora associada e investigadora no Instituto Universitário de Lisboa. O capítulo 2 cujo título é “A Participação Política dos Jovens no Novo Milénio: Ainda uma Geração à Parte?” contou com os contributos de Carlos Jalali e Patrícia Silva, docentes e investigadores no DCSPT-UA e de Patrício Costa, professor associado na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Este capítulo examina as formas de participação política dos jovens e questiona se continuam a constituir uma geração à parte no contexto da democracia portuguesa. Esta reportagem insere-se numa parceria estabelecida entre a Ria - Rádio Universitária de Aveiro e a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e resultará, ao longo dos próximos meses, num conjunto de artigos sobre temas que afetam diariamente a vida dos estudantes da UA. Todas as reportagens serão acompanhadas por um cartoon satírico que pretende representar a problemática abordada. Se tens sugestões de temas que gostarias de ver abordados envia um email [email protected].