ESN Aveiro foi cozinhar às Florinhas do Vouga
22 estudantes nacionais, internacionais e de Erasmus provenientes de 11 países diferentes participaram a semana passada na iniciativa Social Cuisine, da Erasmus Student Network (ESN) de Aveiro. O projeto foi recuperado de anos anteriores por Ayva Jacinto, atual coordenadora de projetos com o objetivo de ligar os estudantes internacionais à comunidade local.
Ana Patrícia Novo
JornalistaSopa, massa e frango foi a ementa do jantar da terça-feira passada, dia 19, no refeitório social das Florinhas do Vouga. A cozinha do número 43 da Rua de Espinho foi invadida por cinco estudantes universitários de diferentes países e três voluntários da ESN Aveiro.
Hidde foi um dos estudantes que participou. É holandês e está em Aveiro durante um semestre a tirar Comunicação e Média, no Departamento de Comunicação e Arte (DeCA). Na terça-feira passada, 19, juntou-se a quatro outros colegas internacionais e foi para a cozinha do Florinhas do Vouga. “Eu gosto muito de cozinhar então pensei: se puder ajudar a cozinhar um bocadinho num espaço como este seria fantástico”, comentou Hidde à Ria. Não esconde alguma desilusão sobre não ter cozinhado tanto como pensou que ia fazer, mas brinca e justifica que “talvez tivessem expectativas baixas em relação às nossas habilidades culinárias”.
Depois de pronta a comida o trabalho não tinha terminado. Servir a refeição e limpar o espaço estavam também nas tarefas atribuídas à ESN Aveiro.
Hidde ficou responsável por colocar os copos nas bandejas que os utentes da Florinhas do Vouga vinham levantar. Com um português tímido – característica que partilhava com as colegas de linha de serviço – ia fazendo a pergunta que lhe ensinaram na hora: “quer copo?”. A frase ia sendo repetida em jeito de treino antes da chegada das pessoas. “Quando me perguntarem se aprendi português vou dizer ‘quer copo?’”, brinca o estudante.
A comunicação entre a equipa da ESN Aveiro e das cozinheiras e responsáveis do refeitório social foi sendo traduzida – ora para português, ora para inglês. Nas interações, ouviam-se também tímidas duas estudantes chinesas “quer sopa”, perguntavam aos utentes do Florinhas. Se os utentes respondessem algo além do ‘sim’ ou ‘não’ a que já estão habituadas, recorriam à ajuda dos voluntários portugueses.
"Muita gente precisa e tem vergonha de cá vir"
Fernanda Silva trabalha há cerca de 12 anos no refeitório Social Florinhas do Vouga e está prestes a reformar-se. Falou com a Ria no dia a seguir a abrir a porta da cozinha – que não é só sua – aos estudantes da ESN de Aveiro. Foi contando histórias passadas enquanto embrulhava os talheres. Umas melhores – como quando recebe estudantes que a ajudam - outras piores – como a vez em que foi ameaçada por um utente que ficou desagradado com o menu.
“Vim para cá sem saber o que era as Florinhas do Vouga”, admite. Uma fábrica sanitária foi o seu local de trabalho durante 17 anos. Uma lesão fez com que se tivesse de retirar daquela que era a sua praia e veio descobrir a sua segunda na cozinha salpicada de azulejos coloridos da Florinhas do Vouga.
Fernanda não esconde que sente algum cansaço e descontentamento. Apesar de gostar do trabalho que tem, Fernanda admite que “de há uns tempos para cá” está “saturada”. “A gente está a lidar com eles [utentes], eles ontem estavam calmitos mas é muito complicado”, começa por desabafar Fernanda. Diz sentir falta de apoio, sobretudo a nível psicológico por parte da chefia. “Não temos apoio de ninguém”, garante, “temos de saber lidar”.
Fernanda, tal como as suas colegas de trabalho, conhece todos os utentes pelo nome. “Esta instituição, olhe, é assim - dá apoio a toda a gente”, informa. Por dia servem uma média entre 80 e 90 refeições ao almoço, outras tantas ao jantar. A essas refeições juntam-se ainda as refeições que não são consumidas no local.
Quanto à ajuda prestada pelos estudantes, Fernanda considera que além de ser uma ajuda dada ao pessoal da cozinha é “uma experiência diferente” para os mesmos. “Eles ficam a saber como é que isto funciona porque muita gente não sabe”, apontou. Fernanda sublinhou ainda que o feedback que tem por parte de voluntários tem a ver com o desconhecimento e o impacto com a realidade e a pobreza em que as pessoas vivem. A essa informação a dona Fernanda acrescenta ainda que “muita gente precisa e tem vergonha de cá vir”.
Hidde, voluntário, tinha partilhado uma ideia parecida no dia anterior. Para o estudante, a atividade “é interessante” precisamente por desafiar a sair da zona de conforto e a ter interações que “ajudam a pôr a tua realidade em perspetiva”. “Social e economicamente, a maior parte das pessoas [holandesas] estão bastante bem, mas não é assim para toda a gente”, refletiu o estudante. Hidde considerou ainda que a atividade também permite quebrar algumas ideias em relação aos estudantes de Erasmus. “Quando digo às pessoas que sou de Erasmus elas pensam ‘ah fixe, meio ano a passear por todo o lado, a beber e a festejar muito’ o que não é a realidade”, concluiu.
"Vamos fazer mais datas e um projeto maior"
Para Ayva Jacinto, coordenadora de projetos da ESN Aveiro, o Social Cuisine tem um sabor especial. Para a estudante que assume criar atividades com “impacto social e local” como principais objetivos, o projeto Social Cuisine permitiu que os estudantes internacionais sintam que “fizeram parte desta cidade e deixaram a sua marca positiva”. Ayva acredita ainda que o envolvimento tenha tornado “a experiência de Erasmus mais enriquecedora”.
A coordenadora partilhou que apesar de ser uma iniciativa realizada anteriormente pelo ESN Aveiro, a aposta na divulgação do evento fez com que existisse uma maior adesão e a iniciativa corresse melhor. Sentiram-se “muito bem recebidos” pela instituição Florinhas do Vouga e apontaram como razões, além da parceria antiga, a simpatia e acolhimento das responsáveis e funcionárias do refeitório social.
A iniciativa decorreu durante três dias da semana passada, (terça, quinta e sábado) e contou, no total, com a participação de 22 estudantes – nacionais, internacionais e de Erasmus. “Todos gostaram” da iniciativa e inclusive “estão dispostos a repetir”, informou Ayva. A coordenadora de projetos avança que está a ser pensada a organização de uma iniciativa semelhante para o próximo semestre, “vamos fazer mais datas e um projeto maior”, revela a estudante.
O evento Social Cuisine foi realizado no âmbito das semanas dos Social Impact Days da ESN Internacional em Aveiro. A par destes a ESN Aveiro desenvolveu ainda iniciativas como workshops de primeiros socorros, upcycling e autodefesa bem com uma ação de reflorestação.
Recomendações
Estudantes internacionais viveram Natal com famílias portuguesas
Marta Santos é uma antiga estudante da Universidade de Aveiro (UA). Licenciada e mestre em Estudos Editoriais, a antiga estudante mantêm a ligação à Universidade, em especial à ESN Aveiro. Este Natal recebeu em sua casa – ou melhor, na casa da tia – duas estudantes de Erasmus. Andrea Doller e Alexandra Chictic, da Alemanha e da Roménia, respetivamente, foram a companhia internacional da família Santos neste Natal. Andrea tem 22 anos e está de Erasmus em Aveiro a estudar tradução em Português e Inglês. Escolheu Portugal pelo gosto pela língua de Camões. Sobre Aveiro, gosta particularmente de poder ir a pé para todo o lado. Quanto à iniciativa ‘Natal com Famílias Portuguesas’, Andrea vê como uma oportunidade de experienciar o Natal fora de casa, algo que sempre quis fazer. “Tenho muito interesse em descobrir culturas e tradições de outros países, acho que é uma oportunidade muito boa experienciar como as famílias portuguesas celebram o Natal”, justificou a estudante. Além disso, “é bom não ter de passar o Natal sozinha em Portugal”, apontou Andrea. Conhece algumas das tradições natalícias portuguesas e ficou curiosa com aquilo que ia ainda descobrir com a família Santos. Apesar de não saber o nome do bolo que descreve como tendo “coisas verdes e vermelhas por cima”, conhece a tradição do brinde no bolo-rei e espera comer bacalhau à ceia de Natal. A comida e a conversa com a família eram o fator mais entusiasmante para Andrea. Na Alemanha, partilhou a estudante, o Natal centra-se sobretudo no dia 24. É celebrado com “comidas mais elaboradas”, sobretudo à base de carne, que normalmente não se comem durante o resto do ano e é dada uma grande importância às músicas natalícias. Bacalhau com batata e couves cozidas, o prato mais tradicional do Natal em Portugal foi o jantar servido no dia 24 pela família Santos - tal como esperado por Andrea. Marta Santos contou também que convidou as estudantes a acompanhar a família para assistir à missa de Natal, no dia 25, iniciativa à qual ambas aderiram, numa abertura que tem “surpreendido bastante” a família. Raquel Ferreira, estudante do terceiro ano de Bioquímica na UA, responsável pela implementação do projeto ‘Natal com Famílias Portuguesas’ em Aveiro e secretária da ESN Aveiro, explicou que a troca de culturas, o enriquecimento da sociedade e das famílias que acolhem os estudantes internacionais e o combate à solidão são os principais objetivos da iniciativa. ‘Natal com Famílias Portuguesas’ começou há seis anos e a edição deste ano contou com a participação de “50 famílias que corresponderam a 77 estudantes” a nível nacional, adiantou Raquel Ferreira. A adesão tem “crescido a nível de estudantes internacionais, mas decrescido a nível de famílias portuguesas”, reparou a estudante responsável pela iniciativa em Aveiro.
Ensino Superior: Governo propõe fim das bolsas de mérito para reforçar apoio a alunos carenciados
Na proposta de alteração ao Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), o Governo revoga esse mesmo apoio e passa essa responsabilidade de atribuição das bolsas de estudo para Instituições de Ensino Superior (IES). Estas bolsas destinam-se, segundo a referida proposta, a “estudantes com aproveitamento escolar excecional” [média não inferior a 16 valores no ano letivo anterior]. Em entrevista ao Jornal de Notícias (JN), o gabinete de Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, esclareceu que a “verba de três milhões de euros anuais alocada àquela medida será canalizada para bolsas de ação social, designadamente para alunos carenciados”. Em entrevista ao Observador, este domingo, José Moreira, presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior afirmou que a “medida não se traduz numa grande relevância”. “(…) Este valor não é muito significativo, mas é um valor que do ponto de vista social pode ser importante e, neste momento, as instituições têm outros mecanismos para as bolsas de mérito… Provavelmente, o impacto desta transferência de verbas pode ser marginalmente positivo”, considerou. Contactado pela Ria, Wilson Carmo, presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) foi de encontro à mesma ideia e sublinhou que concorda com a “redistribuição” do valor pela ação social. “(…) Parece-me uma medida interessante daquilo que é o reforço da ação social. No entanto, a diminuição daquilo que são as bolsas de mérito acabamos por não concordar por um motivo: os estudantes que trabalham para serem melhores estudantes devem continuar a ser valorizados”, afirmou. “(…) Em contrapartida, a verdade é uma: quando o RJIES foi criado (…) as bolsas de mérito não existiam. Neste momento, as IES praticamente todas já têm bolsas de mérito o que quer dizer que é muito positivo”, reconheceu. Ainda assim, Wilson Carmo não deixa de sublinhar que o facto desse valor ser retirado aos estudantes é “negativo” já que o mesmo significa uma diminuição de estudantes a serem “valorizados”. No entanto, numa perspetiva mais positivista, o presidente da AAUAv considerou que “pelo menos” não se está a retirar o apoio todo, mas sim a redistribuí-lo pela ação social. De acordo com o site da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), no que toca aos dados mais recentes, no caso da Universidade de Aveiro (UA), no ano letivo 2019/2020, foram atribuídas pelo Estado 26 bolsas de mérito; no ano letivo 2018-2019, 24 bolsas de mérito; no ano letivo 2017-2018, 23 bolsas e no ano letivo de 2016-2017, 22 bolsas de mérito. Recorde-se que a própria UA já atribui, há vários anos, várias bolsas de mérito aos seus estudantes, por intermédio das suas receitas próprias e do apoio de diferentes mecenas. As bolsas de mérito foram lançadas em 1998 e alargadas no ano de 2009 ao Ensino Superior privado e a mestrados.
Movimento Estudantil preocupado com peso dos votos de antigos estudantes no RJIES
Ao longo de duas horas, Fernando Alexandre explicou a importância da proposta de revisão do RJIES e ouviu as principais preocupações do movimento associativo estudantil. A percentagem atribuída aos antigos estudantes para a eleição do reitor; o impedimento previsto para contratação de doutorados, como docentes ou investigadores, nos três anos subsequentes à obtenção do grau de doutor na instituição que lhe conferiu esse grau; ou os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) poderem ser também ministrados pelas universidades foram os três temas mais abordados no encontro que decorreu na UMinho. Relativamente à eleição do reitor em que Governo propõe [com a revisão do RJIES] retirar a competência aos conselhos gerais na eleição e tornar o processo mais inclusivo e abrangente, nomeadamente, com a inclusão dos antigos estudantes, Wilson Carmo, presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) realçou, em entrevista à Ria, que o movimento associativo concordou com o “voto universal”, no entanto, manifestou alguma preocupação com a percentagem proposta [25%] para o peso dos antigos estudantes na eleição. “Inclusivamente tive a oportunidade de dizer ao ministro a preocupação... A verdade é uma: as universidades têm muitos antigos estudantes, aliás, têm mais antigos estudantes do que estudantes e valorizá-los é importante. No entanto, também sabemos (…) da dificuldade de mobilizar antigos estudantes, principalmente, cinco anos após o término da sua formação. Muitos destes antigos estudantes acabam por sair da região de Aveiro (…) e deixam de ter um envolvimento tão grande com as Instituições de Ensino Superior (IES). A partir desse momento - e sabendo à priori que não há uma grande rede, para já, de antigos estudantes ligados com a universidade - o risco que nós tomamos é de ter cerca de cinco, seis, sete mil estudantes, por exemplo, a votarem numa eleição do reitor e a valerem 25%, e, em contrapartida, termos 300, 400, 500 antigos estudantes a votarem também na mesma eleição e a valerem também 25%. O que quer dizer que estes antigos estudantes vão valer muito mais do que um estudante. Essa é a preocupação. O facto dessa rede não estar fomentada”, explicou. Em resposta, Fernando Alexandre garantiu ter consciência dessa dificuldade e que a sugestão [dos 25%] foi “propositada” para que as universidades comecem a trabalhar a rede de antigos estudantes “em condições”. Ao movimento estudantil assegurou ainda que está disposto a “discutir” e a “alterar” a percentagem, mas que esta nunca poderá ser de “5 ou de 10%”. Sobre a proposta só contemplar os antigos estudantes que tenham obtido, há mais de cinco anos, pelo menos um grau académico na sua IES e nela não estejam matriculados e inscritos, o ministro da educação sublinhou que quis assegurar que estes não teriam uma “intimidade tão grande com a instituição quanto os estudantes”. No entanto, apesar das justificações, para o presidente da AAUAv a percentagem continua a ser elevada. “Acho que podíamos ter aqui uma fase transitória com uma percentagem menor e depois desta rede estar criada uma percentagem maior (…) Se eu soubesse que todos os antigos estudantes vinham votar a percentagem era totalmente justa (…)”, frisou. Sobre os passos que se seguem, após reunir com o movimento associativo estudantil, Fernando Alexandre solicitou ao mesmo movimento para que enviem as propostas de alteração “até ao dia 17 de janeiro”, seguindo-se uma segunda ronda de reuniões com as mesmas entidades. Ao movimento estudantil, deu ainda a entender que pretende fechar a proposta de lei “no primeiro trimestre do ano”. “Nós aquilo que vamos fazer enquanto movimento associativo (…) é tentar fazer algumas cedências para termos uma propostas para o novo RJIES o mais completa e consensual possível” avançou Wilson Carmo. O RJIES, que regula o funcionamento e organização das Instituições de Ensino Superior (IES) em Portugal, tanto públicas como privadas, não é revisto desde a sua implementação em 2007. A revisão do regime foi iniciada pela ex-ministra do anterior Governo do Partido Socialista, Elvira Fortunato, com a criação de uma comissão de avaliação. O processo conhece agora novos avanços sob a liderança de Fernando Alexandre, após a entrada do novo Governo liderado por Luís Montenegro.
Novo RJIES: Governo quer combater endogamia académica
Uma das novidades do novo regime legal que o Governo propõe é referente à contratação de doutorados pelas Instituições de Ensino Superior (IES). Segundo a proposta de lei do novo RJIES “nos três anos subsequentes à obtenção do grau de doutor, um doutorado não pode ser contratado como docente ou investigador, nem exercer funções docentes ou de investigação, na instituição que lhe conferiu esse grau”. Ainda no passado dia 13 de dezembro, à margem da apresentação do relatório da comissão para o acompanhamento da implementação das estratégias de prevenção da prática do assédio nas IES, Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e da Inovação pré-anunciava, em declarações à Agência Lusa, a inclusão desta medida no novo RJIES. “A proposta que temos é que os estudantes que iniciem o seu doutoramento depois da publicação do novo RJIES não possam ser contratados durante três anos na instituição onde se doutoraram”, explicou Fernando Alexandre, acrescentando ainda que “a relação dentro das IES será sempre hierárquica, mas a endogamia transforma essa hierarquia, muitas vezes, em relações pouco saudáveis e que limitam a criatividade e a criação de conhecimento nas IES”, afirmou Fernando Alexandre, evidenciando que esta medida tem como principal objetivo o combate à endogamia académica. Em Portugal, só existem dois estudos publicados sobre a endogamia académica, ambos promovidos pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, denominados “Indicadores de endogamia académica nas instituições públicas de ensino universitário”. Um referente ao ano letivo 2021/2022 e outro ao de 2015/2016. A Universidade de Aveiro tinha em 2015/2016, segundo o referido estudo, 64% de docentes doutorados na própria instituição, 14% noutra IES portuguesa e 22% numa IES estrangeira. No estudo mais recente, referente ao ano letivo 2021/2022, a Universidade de Aveiro aumentou a sua percentagem de docentes doutorados na própria instituição e noutra IES portuguesa para 65% e 16%, respetivamente. Já a percentagem de docentes formados numa IES estrangeira diminuiu para 19%. Note-se ainda que, num total de 14 de IES públicas alvo do estudo, a Universidade de Aveiro encontra-se atualmente no sétimo lugar do ranking da endogamia académica, com números muito semelhantes ao da Universidade do Minho, uma instituição criada, precisamente, no mesmo ano que a UA (1973). Curiosamente, a Universidade de Coimbra, IES mais antiga de Portugal e que apresenta a percentagem mais alta de docentes doutorados na sua própria instituição, reduziu a sua percentagem de 80% em 2015/2016 para 78% em 2021/2022.
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Estudantes internacionais viveram Natal com famílias portuguesas
Marta Santos é uma antiga estudante da Universidade de Aveiro (UA). Licenciada e mestre em Estudos Editoriais, a antiga estudante mantêm a ligação à Universidade, em especial à ESN Aveiro. Este Natal recebeu em sua casa – ou melhor, na casa da tia – duas estudantes de Erasmus. Andrea Doller e Alexandra Chictic, da Alemanha e da Roménia, respetivamente, foram a companhia internacional da família Santos neste Natal. Andrea tem 22 anos e está de Erasmus em Aveiro a estudar tradução em Português e Inglês. Escolheu Portugal pelo gosto pela língua de Camões. Sobre Aveiro, gosta particularmente de poder ir a pé para todo o lado. Quanto à iniciativa ‘Natal com Famílias Portuguesas’, Andrea vê como uma oportunidade de experienciar o Natal fora de casa, algo que sempre quis fazer. “Tenho muito interesse em descobrir culturas e tradições de outros países, acho que é uma oportunidade muito boa experienciar como as famílias portuguesas celebram o Natal”, justificou a estudante. Além disso, “é bom não ter de passar o Natal sozinha em Portugal”, apontou Andrea. Conhece algumas das tradições natalícias portuguesas e ficou curiosa com aquilo que ia ainda descobrir com a família Santos. Apesar de não saber o nome do bolo que descreve como tendo “coisas verdes e vermelhas por cima”, conhece a tradição do brinde no bolo-rei e espera comer bacalhau à ceia de Natal. A comida e a conversa com a família eram o fator mais entusiasmante para Andrea. Na Alemanha, partilhou a estudante, o Natal centra-se sobretudo no dia 24. É celebrado com “comidas mais elaboradas”, sobretudo à base de carne, que normalmente não se comem durante o resto do ano e é dada uma grande importância às músicas natalícias. Bacalhau com batata e couves cozidas, o prato mais tradicional do Natal em Portugal foi o jantar servido no dia 24 pela família Santos - tal como esperado por Andrea. Marta Santos contou também que convidou as estudantes a acompanhar a família para assistir à missa de Natal, no dia 25, iniciativa à qual ambas aderiram, numa abertura que tem “surpreendido bastante” a família. Raquel Ferreira, estudante do terceiro ano de Bioquímica na UA, responsável pela implementação do projeto ‘Natal com Famílias Portuguesas’ em Aveiro e secretária da ESN Aveiro, explicou que a troca de culturas, o enriquecimento da sociedade e das famílias que acolhem os estudantes internacionais e o combate à solidão são os principais objetivos da iniciativa. ‘Natal com Famílias Portuguesas’ começou há seis anos e a edição deste ano contou com a participação de “50 famílias que corresponderam a 77 estudantes” a nível nacional, adiantou Raquel Ferreira. A adesão tem “crescido a nível de estudantes internacionais, mas decrescido a nível de famílias portuguesas”, reparou a estudante responsável pela iniciativa em Aveiro.
Centro de Aveiro com trânsito condicionado este fim de semana
Segundo uma nota de imprensa, alguns dos arruamentos do centro da cidade estarão “muito condicionados ou cortados ao trânsito”, durante os dias 28 e 29 de dezembro. Entre as estradas cortadas estão: “a Avenida de Santa Joana; a Praça Humberto Delgado / “Pontes”; o Rossio; a Rua Batalhão de Caçadores 10; a Rua Capitão Souza Pizarro; a Rua dos Galitos, entre a Rua Belém do Pará e as “Pontes” e a Rua Gustavo Ferreira Pinto Basto”. A autarquia alerta ainda que, face aos arruamentos envolvidos, “está prevista alguma interferência com os transportes públicos e com a saída dos veículos do parque de estacionamento do Fórum Aveiro”. Tal como noticiado pela Ria, é já este domingo, 29 de dezembro, pelas 16h30, que acontece a cerimónia do desfecho de Aveiro 2024 – Capital Portuguesa da Cultura, no Teatro Aveirense. Entre as atividades em destaque estará um recital de música clássica, assim como um espetáculo multidisciplinar ao ar livre, ambos com entrada livre. Na nota, o Município apela aos cidadãos para que antecipem a sua chegada aos locais do espetáculo no dia 29 de dezembro e agradece a compreensão pelos incómodos causados.
Desmantelada rede que introduzia cocaína e haxixe em Portugal e Espanha
Durante a investigação, que contou com a colaboração da Polícia Judiciária (PJ) e da GNR, foram apreendidos, em diversos momentos, 278 quilos de cocaína e 3.831 de haxixe, 180 plantas de canábis, 500 mil euros em numerário, “várias armas de guerra” e uma mota náutica, entre outros bens. Foram ainda arrestadas “51 contas bancárias, cinco imóveis, 23 veículos a motor e uma embarcação” Trinta e uma pessoas foram detidas pela Guardia Civil, nas localidades espanholas de Huelva (25), Sevilha (2), Algeciras (2), Granada (1) e Málaga (1). As detenções ocorreram no âmbito das operações Linked e Ecolinked. Os detidos são suspeitos de crimes “contra a saúde pública, pertença a organização criminal, detenção e porte de armas e depósito de armas de guerra, branqueamento de capitais, contrabando, falsificação de documento, recetação e roubo de veículo a motor”. “Ambas as investigações se iniciaram com a informação da existência de uma organização criminal muito ativa, com ligações na Colômbia, Panamá e Portugal, dedicada à introdução de cocaína e resina de canábis (haxixe) proveniente da América Latina e do Oeste do continente africano, tanto por via marítima, mediante o recurso a contentores, veleiros e embarcações de alta velocidade, como por via aérea, mediante o uso de aeronaves de recreio ou de uso privado”, refere, em comunicado, a Guardia Civil. A organização conseguiria pôr em prática “de forma simultânea seis operações de introdução de cocaína”, quer “através de diversos portos localizados na Europa”, quer utilizando embarcações de recreio e lanchas rápidas nas costas de Portugal e Espanha. Além da PJ e da GNR, as operações, dirigidas pelo Tribunal de Instrução de Huelva, contaram com a colaboração das autoridades de Colômbia, Panamá, Estados Unidos da América, Reino Unido e França, bem como da Europol. Portugal foi, além de Espanha, um dos países onde existiram operações no terreno sobre os suspeitos, a par de Colômbia, Guiana, Panamá e França.
Portugal é o país europeu que aposta menos na titularidade de guarda-redes locais
A minoria no principal escalão português é protagonizada por Diogo Costa, do FC Porto, e Ricardo Velho, do Farense, sendo que o primeiro é o dono das ‘redes’ da seleção nacional e o segundo já foi chamado à equipa das ‘quinas’, embora sem se estrear. Bruno Varela, que defende a baliza do Vitória de Guimarães, seria o outro representante luso, mas, apesar de ter jogado pelas várias seleções jovens nacionais e ter sido convocado para os ‘AA’ - neste último caso, sem nunca se estrear -, é desde outubro de 2023 internacional cabo-verdiano. Costa e Velho são, assim, os únicos ‘keepers’ com ‘selo’ nacional a defenderem as balizas dos emblemas da I Liga, o que corresponde a uma taxa de aposta de 11%, em contraste com os 16 estrangeiros que defendem o último reduto dos restantes conjuntos (89%). De resto, mesmo a II Liga tem mais guarda-redes portugueses entre as primeiras apostas: sete contra 11 ‘forasteiros’, o que corresponde a 39%. Neste particular, os brasileiros estão em maior número, oito, nomeadamente Gabriel Batista (Santa Clara), Matheus (Sporting de Braga), Kewin Silva (Moreirense), Jhonatan (Rio Ave), Andrew (Gil Vicente), César (Boavista), Bruno Brígido (Estrela da Amadora) e Lucas França (Nacional). O uruguaio Franco Israel e o sérvio Vladan Kovacevic (ambos no Sporting), o ucraniano Anatoliy Trubin (Benfica), o cabo-verdiano Bruno Varela (Vitória de Guimarães), o russo Iván Zlobin (Famalicão), o costa-riquenho Patrick Sequeira (Casa Pia), o espanhol Joel Robles (Estoril Praia), o mexicano Guillermo Ochoa (AVS) – que tem sido rendido pelo brasileiro Simão Bertelli devido a lesão - e o alemão Nico Mantl (Arouca) completam a maioria de estrangeiros titulares na I Liga. Numa análise efetuada aos campeonatos que ocupam o top-20 do ranking da UEFA, a taxa de 11% de locais em Portugal é a mais baixa entre essas competições, sendo que apenas Inglaterra tem uma percentagem próxima (20%), com quatro guarda-redes ingleses entre os 20 titulares: Jordan Pickford (Everton), Dean Henderson (Crystal Palace), ambos da seleção, Nick Pope (Newcastle) e Aaron Ramsdale (Southampton). Um dos 16 estrangeiros na Premier League é precisamente um português, o também internacional José Sá, que tem alternado a titularidade no Wolverhampton com Sam Johnstone. O terceiro país que menos ‘confia’ em guardiões locais é a Grécia, com quatro em 14, ou seja 29%. Apenas Olympiacos (Kostas Tzolakis), OFI Creta (Nikos Christogeorgos), Atromitos (Leftherios Choutesiotis) e Asteras Tripolis (Panagiotis Tsintotas) têm as respetivas balizas defendidas por helénicos. Em sentido inverso, a Sérvia lidera na aposta de ‘keepers’ nacionais, com 14 dos 16 titulares a conferirem uma taxa de utilização local de 88%. As únicas exceções são Balsa Popovic (OFK Belgrado) e Stefan Popovic (Novi Pazar), ambos de Montenegro, nação que se tornou independente da Sérvia em 2006. Imediatamente atrás da Liga sérvia surge a Croácia, no segundo posto, com 80% de guarda-redes locais entre os titulares (oito nacionais e dois estrangeiros), enquanto Israel é o terceiro país que mais aposta na ‘prata da casa’ para as balizas, com 11 locais e três forasteiros, com uma taxa de 79%.