Jacintos de água acumularam-se a sul da ria de Aveiro após mau tempo
Toneladas de jacintos de água, uma espécie invasora, acumularam-se ao sul da ria de Aveiro, após o temporal, dificultando as embarcações e prejudicando a pesca, revelou esta segunda-feira fonte associativa.
Redação
Na frente ria da Costa Nova, no Canal de Mira, um autêntico manto verde envolve o casco das embarcações, formado por jacintos de água que a força das correntes e a força dos ventos por efeito da tempestade Cláudia afastou da foz.
O presidente do Clube de Vela da Costa Nova, Paulo Ramalheira, disse à Lusa que é urgente haver uma intervenção concertada e que, desde domingo, aquela associação tem tentado, com os próprios meios, minorar o problema dentro da sua estrutura.
Segundo o dirigente associativo, com as primeiras chuvas, os jacintos foram soltos e flutuaram e esse lixo orgânico foi arrastado pela maré e pelos ventos.
Paulo Ramalheira salienta que a poluição assim causada prejudica os portos de abrigo, impedindo o seu uso, e explica: prendem-se nos motores dos barcos e acabam por se degradar e depositar no leito, agravando o problema do assoreamento”. “Alguém tem de olhar por isto. As entidades não podem ficar impávidas perante dezenas de toneladas de detritos que se acumulam, causando graves problemas também à pesca, porque os jacintos ficam emaranhados nas redes”, diz.
O dirigente refere que se trata de lixo orgânico que tem de ser resolvido, até porque “a ria não é nenhum esgoto e saem daqui milhares de bivalves para consumo no país”.
Na ausência de uma entidade que faça a gestão integrada da Ria, Paulo Ramalheira diz que é preciso uma intervenção sugerindo que os municípios ribeirinhos, através da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), assumam o problema e se batam pela sua solução.
Recomendações
Câmara de Aveiro inicia recuperação de calçadas e passeios esta terça-feira no Largo do Alboi
A empreitada terá início na União de Freguesias da Glória e Vera Cruz, nomeadamente no Largo do Alboi, onde se “procederá ao levantamento e recolocação integral da calçada, resolvendo, desta forma, os problemas estruturais identificados nesta zona”. Citado na nota, Rui Santos, vice-presidente da Câmara de Aveiro, realça que a intervenção será “alargada progressivamente a outros pontos da cidade e às restantes freguesias do Município”. O objetivo, segundo explica, é “melhorar as condições de circulação pedonal e reforçar a qualidade do espaço público”. A autarquia alerta ainda na nota que, durante o período de execução das várias intervenções, poderão ocorrer “constrangimentos temporários” na circulação pedonal e rodoviária. O Município “apela à compreensão de todos os munícipes, assegurando que os trabalhos serão realizados com a máxima diligência e organização”.
“SAÚD´AVEIRO – Saúde na Praça” sensibiliza sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica na quarta-feira
O evento de sensibilização assume o lema “CapacitAR para melhor RespirAR” e integra atividades de promoção de literacia em saúde, sendo nesta data o enfoque na prevenção da DPOC e doenças respiratórias associadas. O evento é de acesso livre e destina-se ao público em geral. As atividades, que partem de uma organização conjunta entre Câmara Municipal de Aveiro (CMA), Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro (ULS-RA) e Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA), incluem várias abordagens sobre a função respiratória através de seis “estações” distintas que vão informar os participantes sobre como prevenir, identificar e viver com a doença. O tema vai ser também debatido numa mesa-redonda com a professora Alda Marques, da ESSUA, e Andreia Andrade, do Serviço de Pneumologia da ULS-RA.
Agora Aveiro desafia comunidade UA a plantar “500 árvores” em dezembro
Apesar do projeto “Plantar o Futuro” se encontrar em “pausa”, tal como avançado anteriormente pela Ria, a Agora Aveiro refere, numa nota de imprensa enviada às redações, que nem assim quer deixar de “fazer crescer esta ideia”. Assim, aproveitando a época de chuvas, a associação desafia toda a comunidade académica da UA- alunos, docentes e funcionários- a participar na ação de reflorestação em Estarreja, no próximo dia 3 de dezembro. “Num mundo onde as alterações climáticas e a degradação ambiental se tornaram uma ameaça cada vez mais real, é fundamental agir para proteger o nosso planeta e garantir um futuro para as próximas gerações. Apesar da complexidade e dimensão do desafio que enfrentamos, muitas vezes é nas ações mais simples que encontramos a solução. Como cidadãos do mundo, cada um de nós tem um papel a desempenhar na preservação do meio ambiente”, alerta na nota. Nesta iniciativa, serão plantadas “500 árvores” - carvalhos-alvarinhos, pilriteiro, medronheiros e sobreiros- cujo objetivo é promover a recuperação ecológica do município e da região. Os interessados em participar devem inscrever-se aqui. O ponto de encontro será na Reitoria da UA, pelas 14h00, seguindo-se a partida de autocarro pelas 14h30 e a chegada ao local pelas 15h00. O regresso a Aveiro está marcado para as 18h00. “No cenário global esta é apenas uma pequena ação, mas uma com o potencial para ser replicada noutras universidades, escolas e comunidades, demonstrando que ações individuais, embora pequenas, quando repetidas por centenas ou até milhares de pessoas, têm o potencial para mudar as nossas comunidades e o mundo”, continua a nota. No comunicado, a Agora Aveiro relembra ainda que o projeto “Plantar o Futuro”, surgiu em 2014, como “Biologia a Plantar o Futuro” e estava integrado no programa de receção e integração dos novos alunos da Licenciatura em Biologia da Universidade de Aveiro. O seu objetivo era promover a responsabilidade social e ambiental, bem como contribuir para a recuperação da Floresta Nativa Portuguesa. Em 2018, na sequência dos devastadores incêndios que assolaram Portugal, com especial incidência em Pedrógão Grande, nasceu o “Plantar o Futuro”. O projeto passou a abranger toda a comunidade académica da Universidade de Aveiro, incluindo alunos, docentes e funcionários, com as atividades de reflorestação agora focadas no Município de Estarreja. Desde 2014, somando os resultados do “Biologia a Plantar o Futuro” e do “Plantar o Futuro”, contabilizam-se mais de 5600 “adotantes” - pessoas que adotaram uma árvore nativa - e mais de 7800 árvores plantadas por cerca de 850 voluntários na Mata Nacional do Buçaco e nos Municípios de Albergaria-a-Velha, Lousada e Estarreja.
Presidenciais: Seguro apela à participação de progressistas e humanistas
“Nenhum Presidente ou líder transforma um país sozinho” disse, deixando o apelo para que os democratas, progressistas e humanistas participem ativamente nas eleições presidenciais, pois “a democracia é uma responsabilidade pessoal e Portugal merece o melhor de cada um”. António José Seguro falava em Aveiro, na apresentação e debate do “Contrato de Confiança” com os portugueses para o mandato presidencial, assumindo as suas raízes socialistas, de uma “esquerda moderada e moderna”, mas salientando que será o Presidente de todos e lembrando que se soube afastar quando podia dividir e regressa “para unir”. O candidato presidencial sublinhou que a democracia “enfrenta novos desafios, como a polarização, a desinformação e a indiferença cívica”, afirmando mesmo que a estabilidade democrática, o respeito institucional e a confiança estão ameaçados, numa época em que “as redes sociais amplificam o antagonismo com falsidades valorizadas por algoritmos”. “É preciso cuidar da democracia e assegurar que a política seja um espaço de construção, esperança, e não de medo ou divisão”, declarou. Para António José Seguro é preciso reconstruir a confiança entre eleitos e eleitores, referindo no seu discurso a necessidade de acabar com a discriminação das mulheres e combater a emigração de talentos, porque “Portugal não pode conformar-se com a perda dos seus melhores”. Caso seja eleito, garantiu, não será “um Presidente de gestão diária ou de manutenção do ‘status quo’, mas sim o Presidente para um "tempo novo", mas leal e cumpridor da Constituição. Comprometeu-se a dar ao país “estabilidade, confiança e sentido de direção”, referindo, por exemplo, que o chumbo de um Orçamento não tem de implicar dissolver o parlamento. “Serei um Presidente próximo, retomando as "presidências abertas", trabalhando em todos os distritos e regiões, e atento às comunidades portuguesas no mundo”, adiantou. Assumiu-se como defensor do Estado Social, da Saúde e da Educação para todos e da centralidade da cultura e reafirmou o seu europeísmo, “acreditando que problemas comuns exigem soluções comuns e que os nacionalismos não são a solução”. “Aprofundar a integração europeia é essencial para responder aos desafios globais, na segurança, economia, ambiente, demografia” e puxou da sua experiência política europeia para afirmar ser o candidato melhor preparado a esse nível. As eleições presidenciais estão marcadas para 18 de janeiro de 2026. Esta é a 12.ª vez (incluindo as duas voltas das eleições de 1986) que os portugueses são chamados, desde 1976, a escolher o Presidente da República em democracia. Às eleições presidenciais anunciaram, entre outros, as suas candidaturas António Filipe (com o apoio do PCP), António José Seguro (apoiado pelo PS), André Ventura (apoiado pelo Chega), Catarina Martins (apoiada pelo BE), Henrique Gouveia e Melo, João Cotrim Figueiredo (apoiado pela Iniciativa Liberal), Jorge Pinto (apoiado pelo Livre) e Luís Marques Mendes (com o apoio do PSD). Segundo o portal da candidatura, do Ministério da Administração Interna, há mais 31 cidadãos que se encontram a recolher assinaturas para uma candidatura à Presidência.
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Câmara de Aveiro inicia recuperação de calçadas e passeios esta terça-feira no Largo do Alboi
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UA: Primeira edição do “ShiftE” espera “casa cheia” durante quatro dias e ir “além-fronteiras”
Ao longo de quatro dias, o evento da UA, em parceria com a Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), pretende “promover a inovação, a empregabilidade e o empreendedorismo, oferecendo uma plataforma única que reflete a diversidade das áreas científicas da UA”. Em entrevista à Ria, à margem da sessão de abertura, João Veloso, vice-reitor para a Cooperação da UA, salientou a importância do “ShiftE”- ao unir a Semana do Empreendedorismo à Feira de Emprego- , nomeadamente, para a fomentação do espírito empreendedor dos estudantes. “Ser proativo, pensar fora da caixa e contribuir de um modo significativo para aquilo que é a produtividade das empresas”, descreveu. “Hoje, em média, [a produtividade das empresas] em Portugal está na cauda da Europa. Temos de inverter isto e criar pessoas que façam diferença dentro do mercado de trabalho”, alertou. Sem esquecer a estratégia de promoção de empreendedorismo que a UA tem vindo a seguir, que culminou, em 2024, com a criação da STEP UP, João Veloso referiu ainda que este conceito se projeta “nesta semana do empreendedorismo”. “Tentamos agregar tudo num único bolo de forma a podermos interagir com as diferentes especificidades do empreendedorismo que, muitas vezes, estavam desagregadas. É um grande passo que se está a dar e que pensamos que vai dar frutos para o futuro”, desejou. Fazendo uma reflexão sobre a atualidade, o vice-reitor notou ainda que os jovens estão a enfrentar uma época de “empregabilidade facilitada” em que “há mais dificuldade no estímulo dos jovens e não jovens que queiram construir o seu próprio emprego”. “Temos de continuar esse esforço porque temos visto que no próprio país a componente associada ao Produto Interno Bruto (PIB), relativa ao desenvolvimento das startups, já começa a ter alguma expressão. Ainda é pequeno, mas nota-se um crescimento muito rápido e, por isso, sentimos que era uma obrigação da UA promover e estimular o empreendedorismo”, realçou. Em relação à Feira de Emprego Universidade 5.0, que só arranca amanhã, 18 de novembro, João Veloso deixou ainda a garantia de que, ao longo dos três dias, vão passar pela Nave UA “cerca de 110 empresas”. “No ano passado, tivemos 112 empresas, mas tem sido um número constante também devido às limitações do espaço”, disse, realçando que a expectativa é ter “sempre casa cheia”. Também em entrevista à Ria, Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, caraterizou a primeira edição do ‘ShiftE’ como ir “além-fronteiras”. “É isso que queremos transmitir, ao longo do evento, a todos os participantes que venham aqui. Quer sejam estudantes, quer sejam pessoas da comunidade académica ou até mesmo pessoas da cidade. É pensarem que ao juntarem-se a alguém, a algum projeto, é muito mais fácil irem além-fronteiras. (…) É procurarem no desconforto aquilo que pode ser um futuro ainda melhor e que dê resposta a muitas mais perguntas”, exprimiu. Debruçando-se também sobre a Feira de Emprego Universidade 5.0, a presidente da AAUAv destacou que, até ao momento, já têm “mais de 400 inscrições” para as entrevistas de emprego com as empresas confirmadas. Ao longo do evento, estará ainda a decorrer o “Shark Thesis”. Inspirado no formato “pitch”, o Shark Thesis convida estudantes e recém-graduados da UA a apresentarem, em apenas três minutos, as suas teses, dissertações ou projetos finais de forma “clara, criativa e acessível”. “Tivemos um aumento de 20% de participantes [em relação a maio] para o Shark Thesis. (…) O que pretendemos com este momento é dar a oportunidade a todos para explicarem que aquilo que é produzido em contexto académico pode ser replicado em contexto de mercado de trabalho”, reforçou. À Ria, Joana Regadas deixou ainda a garantia de que haverá várias empresas presentes “pela primeira vez”. “Fizemos uma recolha junto do núcleo de estudantes para perceber que empresas é que faziam mais sentido para certas áreas”, partilhou. Tal como avançado pela Ria, a primeira edição do “ShiftE” estará dividido entre a Semana do Empreendedorismo e a Feira do Emprego. Consultando a programação, a 7ª edição da Semana do Empreendedorismo arrancou esta segunda-feira, 17 de novembro, com a sessão de abertura, seguindo-se uma mesa sobre o “Empreendedorismo: O futuro começa agora” com João Afonso (UPTEC). A iniciativa prossegue amanhã, 18 de novembro, com uma palestra sobre “Produtividade com IA”, das 9h00 às 11h00, com André F. Costa (Super_Humano AI); seguindo-se uma conversa sobre “IntraEmpreendedorismo – Inovação e Proatividade, das 14h30 às 16h00, com César Henriques (ECOX), Gonçalo de Macedo (SONAE), Nuno Silva (Altice Labs) e com a moderação de Ana Estima (UA). O dia encerra com um encontro de mentores entre as 18h00 e as 20h00. Na quarta-feira, 19 de novembro, o dia começa com “Técnicas de Negociação”, das 9h30 às 11h00, com João Catalão (Vitamina Catalão). Da parte de tarde, segue-se a conversa “Negócios com Propósito”, das 14h30 às 18h00, com Ana Pais (Beesweat), Rute Cruz (Phenix), Narciso Moreira (Betweien) e com a moderação de Ana Moutas (Aveiro Impact Hub). O último dia, contará com um “Pitch Your Thing”, 10h00 às 12h30, com João Magalhães (Super.brand consultants); com um “Manual de Boas Ideias”, das 16h30 às 17h30, com Diogo Pires (podcast Manual de Boas Ideias) e um “Happy Hour & Networking” pelas 17h30. A programação da Semana do Empreendedorismo pode ser consultada na íntegra aqui. Além disto, a Nave UA estará ainda a acolher as atividades da Feira de Emprego U5.0. As empresas que estarão presentes- já amanhã- podem ser consultadas aqui.
Eixo Aveiro-Águeda sem verba garantida: Governo “analisa opções” e custo triplica para 140 milhões
No Relatório do Orçamento do Estado para 2026, que deverá ser aprovado nos próximos dias na Assembleia da República, o Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda surge inscrito no “Quadro 4.20 – Investimentos estruturantes: Administração Central e Segurança Social (Parte III)”, com uma verba prevista de 47 milhões de euros, acompanhada da nota de que “inclui PRR”. De acordo com o portal ‘Mais Transparência’ do Governo, o projeto apresenta um custo total de 46,9 milhões de euros, totalmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com data de início em 9 de junho de 2022 e conclusão prevista para 31 de dezembro de 2025. Contudo, o prazo já não corresponde à realidade. O concurso para a empreitada ainda está em fase de lançamento e os diferentes intervenientes admitem que a execução irá prolongar-se para além dos prazos definidos no PRR. A par disso, o valor da obra evoluiu substancialmente. A Câmara Municipal de Aveiro (CMA), numa informação publicada no seu site a 3 de outubro de 2025, referia que o volume total de investimento municipal previsto para 2025-2027 ascendia a 125 milhões de euros, aos quais se “espera acrescentar os 143 milhões de euros correspondentes ao projeto do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda, em desenvolvimento”. Ou seja, o custo total estimado triplicou face à candidatura inicial - de cerca de 47 milhões para mais de 140 milhões de euros -, deixando claro que o financiamento previsto no PRR já não cobre a totalidade da obra. A situação não é isolada. Numa auditoria publicada em junho, o Tribunal de Contas alertava para “atrasos significativos na execução dos investimentos previstos” em vários projetos de municípios portugueses, financiados pelo PRR, advertindo que “a sua conclusão já não se mostra compatível com as datas-limite definidas” e que existe “um sério risco de incumprimento da data-limite de 30-06-2026”. No caso do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda, somam-se aos atrasos do planeamento da obra a insuficiência das verbas do PRR. Consciente desta realidade, Firmino Ferreira, presidente do PSD-Aveiro e deputado à Assembleia da República, aproveitou a audição do secretário de Estado das Infraestruturas e Habitação, no âmbito do Orçamento do Estado para 2026, para questionar o ponto de situação do financiamento para esta obra. Mas a resposta do Governo deixou margem para dúvidas e gerou alguma apreensão em diferentes agentes políticos locais. “O Eixo Aveiro-Águeda é absolutamente fundamental. Basta passar na região para perceber que é. Estamos, neste momento, a analisar quais são as opções, quer para assegurar o financiamento, quer para assegurar a prossecução e a concretização desta obra que está, neste momento, a ser analisada pelo Governo”, esclareceu o secretário de Estado Hugo Espírito Santo. A expressão “a analisar opções” foi suficiente para agitar a região e, nesse sentido, a Ria contactou os diferentes intervenientes para explicar-lhe tudo. Em declarações à Ria, o deputado do PSD eleito por Aveiro, Firmino Ferreira, confirma que o valor inicialmente previsto para o Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda está hoje completamente desajustado face à realidade. “Em 2022, o valor que estava previsto - e para o qual se tinham conseguido fundos comunitários - apontava para um valor a rondar os 46 milhões de euros. Só que (…) é completamente inviável fazer a obra pelo valor que estava pensado. O valor é significativamente mais elevado e, por isso, é preciso reequacionar como é que se vai conseguir captar fundos para a concretização da mesma”, afirma. O também presidente do PSD de Aveiro explica que a sua pergunta ao Governo visava precisamente perceber como será assegurado o novo modelo de financiamento da obra. “Portanto, é preciso perceber como é que se vai fazer o financiamento da obra. E a minha preocupação era nesse sentido. Perceber como vamos fazer isso e, inclusivamente, se os municípios envolvidos poderiam vir aqui a ter alguma implicação nos seus orçamentos também, se a sua participação tivesse que ser revista. O sentido da minha questão era também, de alguma forma, pressionar que o Governo ande com este processo para a frente e procure a melhor forma de o financiar”, sublinha. Questionado sobre a existência de garantias concretas, o deputado admite que a resposta só chegará com a aprovação de um futuro Orçamento do Estado. “Garantia vamos sabê-la com a aprovação do Orçamento do Estado. Isso é que é a garantia se este valor estará ou não estará”, refere, reconhecendo que o Governo “está ciente da necessidade da concretização desta obra”, mas que “a probabilidade maior será a afetação do dinheiro do Estado”. Já o presidente da Câmara Municipal de Águeda, Jorge Almeida, garante que o financiamento do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda “está assegurado”. “Eu diria que o interessante era perguntar ao secretário de Estado o que é que ele queria dizer, porque há uma coisa que eu sei, que efetivamente o assunto estava a ser tratado a nível ministerial, com o envolvimento do primeiro-ministro, que deixou absolutamente claro aos ministros que esta obra é para fazer e ponto”, afirma o autarca. Segundo Jorge Almeida, o Governo já assumiu o compromisso de garantir o financiamento para além do PRR. “Quanto ao financiamento, como toda a gente sabe, há uma resolução do Conselho de Ministros de 20 de março a garantir o financiamento para além do PRR, porque a obra não vai acabar nos prazos do PRR”, reconhece, acrescentando que “a única coisa que teve que ser minimamente decidida foi a questão da plurianualidade do financiamento”. Contudo, a verificação feita pela Ria à Resolução do Conselho de Ministros n.º 69/2025 de 20 de março mostra que o documento não contém qualquer autorização de encargos ou inscrição orçamental para esta obra - apenas a classificação como “projeto prioritário” e instruções à CCDR-Centro e à Infraestruturas de Portugal para “prosseguir com os estudos”. O presidente da Câmara de Águeda adianta, tal como já tinha feito a 3 de outubro de 2025 a Câmara Municipal de Aveiro, que “a obra vai custar mais de 100 milhões de euros” e que “a única coisa que estamos a articular com o Governo é a plurianualidade”, ou seja, a distribuição do financiamento público pelos próximos anos. Sobre os atrasos no avanço da obra, Jorge Almeida recorda que este “é um projeto que teve a avaliação de impacto ambiental”. “Só em termos de avaliação de impacto ambiental, teve que recolher a opinião das mais de 20 entidades. E a coordenação de todas essas coisas foi quase um ano e meio”, esclarece, relembrando que este é “um projeto com uma envergadura muito grande, com múltiplas especialidades”, mas deixando a garantia que “a obra será repartida ao longo dos exercícios de 2026, 2027 e 2028 - que será o término da obra. Em 2028 vamos chegar de Águeda a Aveiro muito rápido”, garante. O presidente da Câmara Municipal de Águeda explica ainda à Ria a diferença significativa entre o valor inicialmente submetido no âmbito da candidatura ao PRR e o custo atualmente previsto para a execução do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda. O autarca recorda que o projeto começou praticamente do zero. “Repare numa coisa: nós começamos a fazer o projeto - não havia absolutamente nada - em setembro de 2022. Foi quando nós entregamos ao gabinete projetista o início do projeto. E o início começou por levantamentos topográficos, como todos os projetos. Portanto, nessa altura, o valor da obra era uma incógnita para todos”, justifica. Segundo Jorge Almeida, só com o projeto finalizado foi possível perceber a verdadeira dimensão do investimento necessário. “[Tivemos noção de que a obra custaria mais do que os 47 milhões previstos no PRR] quando passamos a ter o projeto completo. E quando o projeto estava pronto, ficamos com a noção de que a obra custa 100 e tal milhões de euros”, revela. O autarca justifica o aumento expressivo com a complexidade técnica e estrutural do traçado. “Pois claro, 40 milhões era uma autêntica 'pechincha'. Estamos a falar de uma obra com perfil de autoestrada, com uma enorme passagem superior sobre a linha de alta velocidade, sobre a A1, com a duplicação do nó da A17, com aquela ponte altíssima sobre o rio Águeda... Estamos a falar disto. E estamos a falar de 15 quilómetros de estrada com estas características, numa zona urbana, a passar por zonas urbanas... Portanto, é uma obra cara, claro que sim.” Desta forma, Jorge Almeida sustenta que o orçamento inicial de 47 milhões de euros do PRR era insuficiente e meramente indicativo, tendo o valor real da empreitada sido apurado apenas após a conclusão do projeto técnico. Essa diferença, aliada ao atraso no lançamento de uma obra “complexa” e de “grande envergadura”, acabou por colocar o projeto numa posição de dependência face às verbas do Orçamento do Estado, uma vez que o financiamento comunitário já não é suficiente nem compatível com o novo calendário de execução. O novo presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Luís Souto, em declarações à Ria depois da última reunião de Câmara, também abordou o tema e garantiu que o projeto do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda continua a ser uma prioridade. “Como eu expliquei aqui, é um assunto prioritário. Para a semana vamos reunir com a Câmara de Águeda para fazer o ponto da situação e empenharmo-nos ao máximo para que o projeto avance”, afirmou o autarca. Luís Souto sublinha a dimensão técnica e os desafios que o projeto envolve. “É uma obra complexa, é uma obra muito complexa. E atenção que temos ali o atravessamento do rio Vouga, há ali uma complexidade muito grande”, reconhece. Apesar das incertezas sobre o financiamento, o presidente da Câmara de Aveiro mostra-se confiante de que o projeto não será travado. “Eu acredito que não haja retrocesso, porque seria muito mal que o Eixo Aveiro-Águeda tivesse um retrocesso. E, portanto, as coisas acabarão por se compor, de uma forma ou de outra, porque a vontade política existe, eu acredito que existe, a vontade política que se mantém, não há dados contrários a isso, é uma aspiração regional dos nossos deputados, também, obviamente, e, portanto, agora, pode ter que haver alterações, vamos aguardar, em termos do formato de financiamento, ou quer que seja, para a semana vamos fazer um ponto da situação sobre isso”, conclui. Três anos depois do anúncio público do acordo de financiamento e de inscrição do projeto no PRR, o Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda continua sem obra, sem concurso e com o financiamento indefinido. O Governo reconhece a importância, mas admite estar ainda a “analisar opções de financiamento”. Águeda garante que há uma resolução que cobre o excedente, mas o documento não o confirma. A indefinição repete-se noutros investimentos estruturantes da região. O novo Hospital de Aveiro, por exemplo, tem apenas 30 milhões de euros garantidos através do Portugal 2030, apesar de o custo total previsto rondar os 150 milhões de euros, um valor muito próximo do necessário para o Eixo Rodoviário. Dois projetos considerados prioritários, mas ambos dependentes de verbas do Orçamento do Estado para poderem avançar em pleno. Quanto ao Eixo Aveiro-Águeda há vontade política, consenso regional, um projeto tecnicamente pronto e um concurso de obra em vias de ser lançado. Quanto a garantias de financiamento, só com os próximos Orçamentos do Estado.
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