Ribau Esteves visita esta sexta-feira segundo lote concluído da Urbanização da Quinta da Pinheira
De acordo com uma nota de imprensa enviada à Ria pela Encobarra – Engenharia Lda., responsável pela empreitada, José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) vai visitar esta sexta-feira, dia 26, pelas 11h30, o segundo lote concluído de Habitação a Custos Controlados da Urbanização da Quinta da Pinheira Habitação a Custos Controlados da Urbanização da Quinta da Pinheira.
Redação
O investimento privado que ronda os 50 milhões de euros representa um acréscimo de 112 novos fogos. Segundo a nota, o acordo estabelecido com o executivo municipal define que, para a compra de metade dos apartamentos construídos, será dada prioridade a pessoas naturais de Aveiro, residentes ou a trabalhar no Município há pelo menos dois anos.
Recomendações
Associação Académica lança agenda para as autárquicas: habitação e transportes no centro do debate
A habitação é apontada no documento como “o fator mais determinante para o acesso e permanência no Ensino Superior”. De acordo com o relatório mais recente do Observatório do Alojamento Estudantil, atualizado no início deste mês, o preço médio de um quarto para estudantes em Aveiro situa-se nos 350 euros, colocando a cidade entre as mais caras do país para este tipo de alojamento, apenas atrás de Lisboa, Porto, Faro e Setúbal. Para enfrentar a crise do alojamento, a AAUAv defende “um maior investimento no Parque Habitacional Público do município, não só como alternativa acessível para estudantes e jovens, mas também como mecanismo de regulação dos preços no mercado privado”. Apesar de ter sido opção política do atual Executivo Municipal não apresentar candidaturas ao eixo da habitação do PRR, os dirigentes estudantis consideram que não se devem desperdiçar fundos públicos disponíveis para este fim e apontam “o exemplo do Município de Braga” como referência: além dos investimentos da Universidade do Minho, a Câmara de Braga - liderada por um executivo PSD/CDS - está a reabilitar a antiga Fábrica Confiança, num projeto apoiado pelo PRR que deverá estar concluído em junho de 2026 e que disponibilizará 786 camas para estudantes. A direção da AAUAv recorda também as residências universitárias privadas em construção nos terrenos do antigo estacionamento público junto ao Autocarro Bar, vendidos pelo Município a um investidor privado. Embora reconheçam a “importância dos investimentos privados”, os dirigentes defendem que projetos resultantes da alienação de património público “devem ser acompanhados por limites claros ao valor das rendas praticadas, sob pena de se agravar a especulação e a inflação dos preços, como tem ocorrido noutros municípios”. A associação propõe ainda uma solução inovadora: a isenção de IMI para imóveis afetos a arrendamento ou subarrendamento de estudantes deslocados, desde que respeitem os limites de renda acessível definidos na lei. No capítulo da mobilidade, a AAUAv propõe a criação de um “passe gratuito para todos os estudantes que residam no concelho de Aveiro”, de modo a garantir que podem deslocar-se diariamente para a Universidade sem custos adicionais. A direção considera que esta medida ajudaria a reduzir a pressão para que os estudantes se alojem nas freguesias mais periféricas da cidade. A associação propõe também o reforço das linhas de autocarro que servem as zonas periféricas, com horários mais alargados e flexíveis, e defende a criação de um ‘shuttle’ entre a Estação de Comboios e o Campus de Santiago nas horas de ponta, assegurando uma ligação direta e frequente nos períodos de maior procura. No domínio da saúde, a agenda destaca que “são inúmeras as IES em Portugal cujos Serviços de Ação Social não têm capacidade de dar resposta à grande procura de serviços de psicologia”. A AAUAv pede o apoio da autarquia para a “canalização de recursos” que permita reforçar os serviços de apoio psicológico e reduzir os tempos de espera. A associação coloca ainda no centro do debate a ampliação e requalificação do Hospital de Aveiro, que considera “urgente e inadiável”, alertando que a falta de investimento “traduz-se na perda de serviços para a região e na desvalorização da formação prática dos estudantes das áreas da saúde”. Os dirigentes recordam que “esta ampliação contempla, ainda, a edificação do Centro Académico Clínico”, considerado “imprescindível para providenciar aos estudantes das áreas da saúde e medicina da Universidade de Aveiro as condições adequadas para os seus estágios curriculares”. Recorde-se que, ainda este mês, a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) adjudicou um investimento de cerca de 100 mil euros nos terrenos destinados à futura ampliação do hospital. Esses terrenos, anteriormente ocupados pelo Estádio Mário Duarte e por armazéns municipais, têm vindo a ser utilizados como parque de estacionamento público. O investimento visa o alargamento e requalificação do parque, com trabalhos de pavimentação, colocação de lancis e postes delimitadores e a instalação de infraestruturas de águas pluviais. A decisão tem suscitado apreensão entre os partidos da oposição, que consideram que avançar com obras desta natureza poderá indiciar que a autarquia não prevê para breve o arranque da ampliação do hospital. A empregabilidade jovem é outro eixo destacado. A AAUAv defende que a autarquia deve usar os mecanismos ao seu dispor, nomeadamente reduções ou isenções da derrama municipal, para incentivar as empresas a contratar recém-licenciados com remunerações ajustadas ao seu nível de qualificação. A associação propõe ainda parcerias entre a Câmara, a Universidade e o tecido empresarial local, assim como programas de incentivo ao empreendedorismo jovem e à fixação de diplomados na região. No campo da cultura e do desporto, a agenda sublinha a importância de investir em infraestruturas e eventos que reforcem a atratividade da cidade. A AAUAv defende a valorização do Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA), a simplificação das regras para artistas de rua e a aposta em novas piscinas e pavilhões municipais, além de considerar “imprescindível retomar o protocolo de manutenção da pista de atletismo situada nas imediações da Universidade”. A associação destaca ainda a importância de preparar Aveiro para receber os Jogos Europeus Universitários de 2032, cuja candidatura está a ser preparada em conjunto com a Universidade de Aveiro e a Federação Académica do Desporto Universitário (FADU). No preâmbulo do documento, a associação lembra que os estudantes não devem ser vistos como “uma presença transitória”, mas sim como “cidadãos de pleno direito que vivem, dinamizam e criam cultura e desporto na cidade”. Nas disposições finais, sublinha ainda que "nenhuma decisão que afete os estudantes deve ser tomada sem os estudantes”, apelando a que o contributo do associativismo académico seja valorizado nas políticas municipais e que as decisões estratégicas para o concelho reconheçam o papel da comunidade académica no desenvolvimento sustentável da região.
Chega-Aveiro defende novas medidas de apoio aos bombeiros do Município
O regulamento proposto serve para “definir importantes e justos apoios” aos bombeiros e às suas famílias. De acordo com Diogo Soares Machado, o documento vai entrar em vigor no final do primeiro semestre de 2026, primeiro ano civil completo do próximo mandato, depois de passar pelo crivo da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal. Entre as propostas, Diogo Machado quer uma bonificação de 50% no IMI relativo a habitação própria e permanente no concelho de Aveiro, a isenção de taxas e licenças na construção de habitação própria e permanente no Município, o apoio de 500 euros para filhos ou enteados dos profissionais que se matriculem no Ensino Superior, um subsídio de assiduidade ao bombeiro em prontidão permanente, no valor mensal de 60 euros, e um subsídio à frequência de creche, no valor de 30 euros mensais. Na publicação, o cabeça-de-lista do Chega aponta também à necessidade de rever os protocolos com as duas corporações de bombeiros aveirenses: a AHBVA - BOMBEIROS VELHOS e a CSPGGF - BOMBEIROS NOVOS. Para a primeira corporação, o partido quer um aumento de 45% em relação a 2025 (mais 156 mil euros) e, para a segunda corporação, defende uma subida de 30% (mais 90 mil euros). Nas palavras do candidato, os protocolos dirão respeito a 2026 e “visam comparticipar nas despesas das nossas Corporações com o serviço de piquete 24 horas/Protecção Civil, Equipas de Reforço Operacional, EIP's, actividade de acordo com o índice populacional, apoio ao Voluntariado e investimento (aquisição de viaturas e/ou EPI's)”.
Caravana autárquica do Livre passa por Aveiro
A volta oficial de Rui Tavares arranca na próxima terça-feira, dia 30, no Algarve, nos concelhos de Lagos e Silves, vai terminar em Matosinhos e no Porto. Por seu lado, a jornada de Isabel Mendes Lopes termina em Sintra e Lisboa. No distrito de Aveiro, a caravana passa por dois concelhos em que o Livre se candidata sozinho: Aveiro e Santa Maria da Feira. No total, são doze os municípios pelos quais a campanha passa e em que o partido não concorre coligado: Lagos, Setúbal, Caldas da Rainha, Aveiro, Santa Maria da Feira, Faro, Amadora, Porto, Braga, Barcelos, Vila Franca de Xira e Matosinhos. Já em Silves, Seixal, Almada, Castelo Branco, Coimbra, Loures, Albufeira, Gaia, Figueira da Foz, Leiria, Oeiras, Lisboa e Sintra, outros concelhos pelos quais a campanha passa, o Livre candidata-se em conjunto com outros partidos. Recorde-se que, em Aveiro, a candidatura do Livre é encabeçada por Bruno Santos Fonseca. Atualmente, o partido não tem qualquer representação nos órgãos autárquicos do concelho.
BE-Aveiro assinala “imensos pontos de convergência” em reunião com a Ciclaveiro
Na sequência da reunião em que, segundo o partido, foi possível falar de “urbanismo, mobilidade e do futuro da democracia em Aveiro”, João Moniz enaltece que “o conhecimento que a Ciclaveiro produz, os projetos que desenvolve e as propostas que apresenta são um bem público e devem ser ouvidos e levados a sério na definição das políticas locais”. O bloquista reafirmou alguns dos compromissos do partido no concelho de Aveiro, como a defesa de um “um novo conceito de planeamento urbano”: “Queremos inverter a lógica que tem organizado o espaço público para o benefício da especulação imobiliária e para o automóvel, e recolocar a comunidade no centro do planeamento”. Entre as propostas, João Moniz refere a criação de praças arborizadas em cada localidasde, a construção de novos parques verdes na cidade e nas freguesias e a valorização da malha urbana que “ligue a habitação, o comércio e os espaços de lazer”. O candidato aponta ainda um combate aos fenómenos de gentrificação e a “projetos que sacrificam jardins e espaço comunitário para estacionamento ou hotelaria”. No campo da mobilidade, João Moniz também falou da necessidade de “virar a página ao modelo assente no automóvel e construir uma rede pública de mobilidade intermodal, acessível e sustentável”. A ideia passa por reforçar o transporte coletivo e a sua remunicipalização, a criação de um passe municipal gratuito para estudantes, jovens e idosos – que, aponta, pode ser financiado pelas receitas de uma futura taxa turística – e a integração tarifária com toda a região. Outra proposta é a criação da “mais ambiciosa rede de ciclovias do país”. No decorrer do encontro, a Ciclaveiro falou também de alguns projetos que tem vindo a desenvolver, como o Pépedal, a Academia Mini-Rodas e o Kidical Mass, que vai ter a sua 8.ª edição a 5 de outubro.
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Autárquicas: Nuno Melo aposta em Vale de Cambra, Oliveira do Bairro e Albergaria-a-Velha
Além de Aveiro, o roteiro inclui Velas (Açores), Santana (Madeira) e Ponte de Lima (Viana do Castelo). A volta nacional de Nuno Melo arranca na segunda-feira, ainda antes do início oficial da campanha, em Vila Franca de Xira, onde a candidatura é encabeçada pelo líder parlamentar do partido, Paulo Núncio. Nesse mesmo dia, segue para Almada, com a vice-presidente Ana Clara Birrento. Na quarta-feira, o líder do CDS-PP estará em Sintra, em apoio ao candidato Maurício Rodrigues, e no dia 4 de outubro desloca-se a Viseu, onde o antigo deputado Hélder Amaral enfrenta o autarca social-democrata Fernando Ruas. Durante a primeira semana de campanha, estão ainda previstas passagens por Mondim de Basto, Leiria, Covilhã, Vieira do Minho, Vila Verde, Oliveira do Hospital e Meda. Na segunda semana estará também em Torre de Moncorvo, Vagos, Montemor-o-Novo e Sever do Vouga. Fonte oficial do partido disse ainda à agência Lusa que Nuno Melo deverá estar com o líder do PSD, e primeiro-ministro, Luís Montenegro, num jantar/comício no dia 08 de outubro, em Santarém, onde João Leite concorre pela AD. De acordo com a mesma fonte, poderão acontecer mais cruzamentos das duas campanhas e dos dois líderes, em locais onde estes partidos concorram coligados. Já em Lisboa e no Porto, não estão previstas ações do CDS-PP, uma vez que apoia as candidaturas de Carlos Moedas e Pedro Duarte, respetivamente, em coligação com PSD e IL. O encerramento da campanha está previsto para os Açores. Nesta campanha para as eleições autárquicas de 12 de outubro, Nuno Melo vai apostar em ações de contacto com a população e arruadas, visitas a feiras e mercados e comícios.
Portugal tem dos prazos mais restritivos no aborto e especialistas pedem revisão da lei
“Nós temos um prazo máximo de 10 semanas, o que nos vai colocar entre os países com as regras mais restritivas, a par, por exemplo, da Eslovénia, enquanto a maioria dos outros países europeus estabelece limites de 12, 14 ou mais [semanas], disse à Lusa a presidente da SPDC, Amália Pacheco, a propósito do Dia Mundial do Aborto Seguro, que se celebra no domingo. Para a médica ginecologista, esta situação revela “a necessidade urgente” de rever neste momento a legislação portuguesa, alinhando-a com “toda a evidência científica”, as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e os compromissos assumidos a nível da Europa. “Apesar dos avanços que temos tido e que foram alcançados com a Lei n.º 16 de 2007 [que estabelece as regras para a interrupção voluntária da gravidez em Portugal], ainda persistem limitações que colocam o nosso país no 17.º lugar da classificação europeia de políticas de acesso ao aborto”, assinalou. Amália Pacheco adiantou que na reunião da SPDC, que decorre hoje e sábado em Aveiro, os especialistas vão debater e refletir sobre “a melhor maneira de aumentar o limite gestacional da IVG [interrupção voluntária da gravidez] por opção da mulher, pelo menos, para as 12 semanas”. Alertou também para a necessidade de eliminar o período obrigatório de reflexão, que pode atrasar o acesso e causar impacto negativo na saúde física e psicológica das mulheres, e simplificar os processos clínicos “É um constrangimento e muitas vezes faz com que as mulheres cheguem já numa fase tardia porque têm obrigatoriamente um período de reflexão”, disse, vincando que “as mulheres têm a sua autonomia”. Amália Pacheco salientou a importância do Dia Mundial do Aborto Seguro para relembrar que “o acesso universal a cuidados de saúde sexual e reprodutivos, onde se inclui a interrupção voluntária de gravidez, é um direito fundamental e uma condição essencial para a dignidade e a autonomia da saúde”. Na anterior legislatura, em janeiro, o parlamento debateu vários projetos da esquerda que pretendiam alargar até às 12 ou 14 semanas o prazo em que uma mulher pode interromper voluntariamente uma gravidez, mas as propostas foram chumbadas com os votos contra do CDS, PSD e Chega. Os dados mais recentes, divulgados pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), apontam um aumento de número de IVG realizadas por opção da mulher que totalizaram 17.807 em 2024, mais 5,5% em relação a 2023 e 13% face a 2022. Hoje assinala-se o Dia Mundial da Contraceção que, segundo a médica, reforça o compromisso de Portugal em promover a saúde e a educação, “com escolhas contracetivas seguras e informadas, essenciais para o bem-estar e a autonomia de cada pessoa”. Citando o último trabalho realizado sobre as práticas contracetivas, Amália Pacheco adiantou que a maioria das mulheres em Portugal faz contraceção, sobretudo uma contraceção hormonal combinada, mas também estão a aumentar todos os outros métodos contracetivos. “Mas há que mudar e melhorar algumas coisas”, disse, apontando a necessidade de aumentar a literacia em saúde, promover o bem-estar, e manter sempre o compromisso de promover a saúde e a educação para escolhas contracetivas seguras e informadas. “O país está a mudar e, inclusivamente, temos uma população que não tem acessos tão fáceis aos cuidados de saúde, não tem médicos de família, sobretudo, a população de migrantes, que têm mais dificuldade e, portanto, não tem um acesso tão direto aos cuidados de saúde”, realçou. Amália Pacheco alertou ainda para a necessidade de manter a educação sexual nas escolas: “É o nosso grande papel na educação e na promoção da saúde e no alerta também em termos das infeções sexualmente transmissíveis”.
Reitores e investigadores temem que extinção da FCT comprometa produção científica
A posição foi enviada à Presidência da República e subscrita pelos reitores das universidades de Coimbra e Minho, Amílcar Falcão e Rui Vieira de Castro, e do ISCTE, Maria de Lurdes Rodrigues, os vice-reitores para a investigação da Universidade de Lisboa e do ISCTE, Cecília Rodrigues e Jorge Costa. Do lado dos investigadores, assinam também o presidente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, Manuel Sobrinho Simões, e Mário Figueiredo, do Instituto de Telecomunicações. Em causa está a reforma em curso no Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) e a criação da Agência de Investigação e Inovação (AI2), que vai integrar as competências até agora da FCT e da Agência Nacional de Inovação (ANI). A extinção da FCT tem sido particularmente polémica e na posição enviada à Presidência da República, onde o decreto-lei do Governo aguarda promulgação, os reitores e investigadores deixam críticas ao que consideram ser uma “rutura radical” e à forma como o executivo conduziu o processo. “Existe na comunidade científica um consenso sobre a necessidade de melhorar o funcionamento das agências financiadoras (FCT e ANI), bem como de melhorar os mecanismos de valorização do conhecimento junto das empresas e dos organismos públicos. Porém, os problemas reconhecidos não justificam a medida radical da extinção da FCT”, argumentam, no texto a que a Lusa teve acesso. Sublinhando que as duas entidades têm missões distintas, os subscritores afirmam que a sua integração numa agência única “não encontra respaldo nas recomendações ou nas práticas internacionais” e temem que comprometa a produção de conhecimento científico. Apesar de o decreto-lei que cria a AI2 ter sido aprovado em Conselho de Ministros no início do mês de setembro, não são ainda conhecidos detalhes sobre como a nova agência irá funcionar e, por isso, reitores e investigadores falam num processo pouco transparente, em que a comunidade científica não foi ouvida e não se conhecem os pareceres e diagnósticos que a justificam. Ainda assim, fazem referência a um parecer do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), publicado em agosto, que dizem conter as bases conceptuais da reforma, mas no qual identificam várias lacunas. De acordo com os subscritores, o parecer em causa não fundamenta os problemas identificados, como a alegada fragmentação do sistema científico nacional, nem refere as características da economia portuguesa, tendências de transformação ou o subfinanciamento da Investigação e Desenvolvimento (I&D), abaixo da meta de 3% do PIB. Por outro lado, acrescentam que o relatório do CNCTI faz menção à avaliação do European Innovation Scoreboard de 2025, que classifica Portugal como país “inovador moderado”, sem referir as fragilidades apontadas, como o défice de investimento em I&D do setor público e das empresas ou, pelo contrário, o elevado apoio do Estado às empresas através de benefícios fiscais em I&D. Os reitores e investigadores levantam igualmente dúvidas jurídico-administrativas quanto à transferência para uma entidade do setor empresarial das competências do Estado exercidas pela FCT, que é atualmente um instituto público. Numa reunião recente entre a tutela e diretores de unidades de investigações, o MECI esclareceu que a nova agência seguirá o modelo de governança da ANI (uma sociedade anónima), com Assembleia Geral. “Seria esta assembleia e não o Governo a decidir sobre o financiamento, funcionamento e desenvolvimento do sistema científico nacional”, criticam, manifestando também preocupação quanto à tutela partilhada entre o MECI e o Ministério da Economia e Coesão Territorial. “Decisões que têm por objetivo colocar a ciência exclusivamente ao serviço da economia a curto prazo comprometem, no longo prazo, a ciência e a produção de conhecimento em todas as áreas e não dão garantias do desenvolvimento económico sustentado que se pretende”, argumentam. Num outro parecer sobre a extinção da FCT, também o Centro de Estudos Matemáticos (CEMS) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa alertou para o “esvaziamento das políticas de investigação de âmbito mais teórico, que não são guiadas exclusivamente por propósitos comerciais ou demoram a produzir impacto na sociedade”. Quando o Governo anunciou a reestruturação dos serviços do MECI, o Presidente da República chegou a avisar que se tivesse dúvidas "sobre um ponto" que fosse relativo à extinção da FCT iria pedir ao Governo para repensar o diploma e, caso o executivo insistisse, poderia vetar o diploma.
Associação Académica lança agenda para as autárquicas: habitação e transportes no centro do debate
A habitação é apontada no documento como “o fator mais determinante para o acesso e permanência no Ensino Superior”. De acordo com o relatório mais recente do Observatório do Alojamento Estudantil, atualizado no início deste mês, o preço médio de um quarto para estudantes em Aveiro situa-se nos 350 euros, colocando a cidade entre as mais caras do país para este tipo de alojamento, apenas atrás de Lisboa, Porto, Faro e Setúbal. Para enfrentar a crise do alojamento, a AAUAv defende “um maior investimento no Parque Habitacional Público do município, não só como alternativa acessível para estudantes e jovens, mas também como mecanismo de regulação dos preços no mercado privado”. Apesar de ter sido opção política do atual Executivo Municipal não apresentar candidaturas ao eixo da habitação do PRR, os dirigentes estudantis consideram que não se devem desperdiçar fundos públicos disponíveis para este fim e apontam “o exemplo do Município de Braga” como referência: além dos investimentos da Universidade do Minho, a Câmara de Braga - liderada por um executivo PSD/CDS - está a reabilitar a antiga Fábrica Confiança, num projeto apoiado pelo PRR que deverá estar concluído em junho de 2026 e que disponibilizará 786 camas para estudantes. A direção da AAUAv recorda também as residências universitárias privadas em construção nos terrenos do antigo estacionamento público junto ao Autocarro Bar, vendidos pelo Município a um investidor privado. Embora reconheçam a “importância dos investimentos privados”, os dirigentes defendem que projetos resultantes da alienação de património público “devem ser acompanhados por limites claros ao valor das rendas praticadas, sob pena de se agravar a especulação e a inflação dos preços, como tem ocorrido noutros municípios”. A associação propõe ainda uma solução inovadora: a isenção de IMI para imóveis afetos a arrendamento ou subarrendamento de estudantes deslocados, desde que respeitem os limites de renda acessível definidos na lei. No capítulo da mobilidade, a AAUAv propõe a criação de um “passe gratuito para todos os estudantes que residam no concelho de Aveiro”, de modo a garantir que podem deslocar-se diariamente para a Universidade sem custos adicionais. A direção considera que esta medida ajudaria a reduzir a pressão para que os estudantes se alojem nas freguesias mais periféricas da cidade. A associação propõe também o reforço das linhas de autocarro que servem as zonas periféricas, com horários mais alargados e flexíveis, e defende a criação de um ‘shuttle’ entre a Estação de Comboios e o Campus de Santiago nas horas de ponta, assegurando uma ligação direta e frequente nos períodos de maior procura. No domínio da saúde, a agenda destaca que “são inúmeras as IES em Portugal cujos Serviços de Ação Social não têm capacidade de dar resposta à grande procura de serviços de psicologia”. A AAUAv pede o apoio da autarquia para a “canalização de recursos” que permita reforçar os serviços de apoio psicológico e reduzir os tempos de espera. A associação coloca ainda no centro do debate a ampliação e requalificação do Hospital de Aveiro, que considera “urgente e inadiável”, alertando que a falta de investimento “traduz-se na perda de serviços para a região e na desvalorização da formação prática dos estudantes das áreas da saúde”. Os dirigentes recordam que “esta ampliação contempla, ainda, a edificação do Centro Académico Clínico”, considerado “imprescindível para providenciar aos estudantes das áreas da saúde e medicina da Universidade de Aveiro as condições adequadas para os seus estágios curriculares”. Recorde-se que, ainda este mês, a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) adjudicou um investimento de cerca de 100 mil euros nos terrenos destinados à futura ampliação do hospital. Esses terrenos, anteriormente ocupados pelo Estádio Mário Duarte e por armazéns municipais, têm vindo a ser utilizados como parque de estacionamento público. O investimento visa o alargamento e requalificação do parque, com trabalhos de pavimentação, colocação de lancis e postes delimitadores e a instalação de infraestruturas de águas pluviais. A decisão tem suscitado apreensão entre os partidos da oposição, que consideram que avançar com obras desta natureza poderá indiciar que a autarquia não prevê para breve o arranque da ampliação do hospital. A empregabilidade jovem é outro eixo destacado. A AAUAv defende que a autarquia deve usar os mecanismos ao seu dispor, nomeadamente reduções ou isenções da derrama municipal, para incentivar as empresas a contratar recém-licenciados com remunerações ajustadas ao seu nível de qualificação. A associação propõe ainda parcerias entre a Câmara, a Universidade e o tecido empresarial local, assim como programas de incentivo ao empreendedorismo jovem e à fixação de diplomados na região. No campo da cultura e do desporto, a agenda sublinha a importância de investir em infraestruturas e eventos que reforcem a atratividade da cidade. A AAUAv defende a valorização do Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA), a simplificação das regras para artistas de rua e a aposta em novas piscinas e pavilhões municipais, além de considerar “imprescindível retomar o protocolo de manutenção da pista de atletismo situada nas imediações da Universidade”. A associação destaca ainda a importância de preparar Aveiro para receber os Jogos Europeus Universitários de 2032, cuja candidatura está a ser preparada em conjunto com a Universidade de Aveiro e a Federação Académica do Desporto Universitário (FADU). No preâmbulo do documento, a associação lembra que os estudantes não devem ser vistos como “uma presença transitória”, mas sim como “cidadãos de pleno direito que vivem, dinamizam e criam cultura e desporto na cidade”. Nas disposições finais, sublinha ainda que "nenhuma decisão que afete os estudantes deve ser tomada sem os estudantes”, apelando a que o contributo do associativismo académico seja valorizado nas políticas municipais e que as decisões estratégicas para o concelho reconheçam o papel da comunidade académica no desenvolvimento sustentável da região.