Rui Tavares quer eleger Filipe Honório por Aveiro e propõe fundos para o Ensino Superior
Rui Tavares, co-porta-voz do LIVRE foi o primeiro líder partidário pelo círculo de Lisboa às eleições legislativas que se realizam já no próximo domingo, dia 18 de maio a realizar uma ação de rua na Universidade de Aveiro (UA), esta terça-feira, 13 de maio.
Isabel Cunha Marques
JornalistaAcompanhado por Filipe Honório, cabeça de lista pelo círculo de Aveiro, e por Joana Filipe, número dois da candidatura -ambos escolhidos através das primárias internas do partido, junto ao Departamento de Educação da UA, o co-porta-voz do partido aproveitou para conversar com os estudantes. A dois deles comentava que: “Aveiro é bastante imbatível”.
Sobre o porquê da ação de campanha em Aveiro e na UA, Rui Tavares assegurou que o objetivo é “eleger Filipe Honório, pelo menos por Aveiro”. “Nós achamos que é muito importante poder representar um distrito que tem um dinamismo económico muito grande”, afirmou.
Segundo o co-porta-voz do LIVRE, Aveiro possui “uma cultura muito própria na área industrial” e um eleitorado marcado por valores sólidos. “É um eleitorado que tem muito arraigados os valores da independência, da autonomia, de conquistar uma certa prosperidade para a sua família”, disse, destacando que esses valores se inserem numa “espécie de cultura de produtivismo que nós temos em Portugal, mas que não é um produtivismo egoísta”. Rui Tavares acredita que esse espírito de dinamismo está ao serviço de um projeto coletivo. “Pelo contrário, as pessoas sabem que esse dinamismo pode estar ao serviço de dar dignidade para todos”.
Neste seguimento, Rui Tavares lembrou também a tradição progressista da região. “Aveiro é um distrito que pode ser muito fértil para causas e valores de esquerda, que já o foi no passado, tanto no início do liberalismo em Portugal como no 25 de Abril. Foi nesta cidade que se fez o Congresso de Oposição Democrática em 1973, que nos legou os três D’s do 25 de Abril: Democratizar, Desenvolver e Descolonizar”. A estes três D’s, o LIVRE quer acrescentar mais dois: “Queremos acrescentar precisamente o D de Dinamismo e de Dignidade”.
Em tom descontraído, Rui Tavares referiu ainda que a meta é retirar o mandato atualmente ocupado pela Iniciativa Liberal no distrito. “A quem é que queremos roubar esse deputado? Não é por mal, é uma competição saudável e eles terão de entender, uma vez que também gostam da concorrência”, atirou. Segundo o co-porta-voz, a eleição de Filipe Honório é viável sem grandes alterações com base nos resultados das últimas legislativas de 2024.
“A Iniciativa Liberal elegeu por pouco em Aveiro. Aqui, não é preciso sequer aumentar tanto a votação como na última eleição para podermos eleger o Filipe Honório por Aveiro”, assegurou. “Temos a Joana Filipe, a Salomé, o Rubén Vieira, muitos candidatos e candidatas que darão uma representação a este distrito, que já conquistámos noutros”, completou Rui Tavares. Recorde-se que nas eleições legislativas de 2024, no distrito de Aveiro, o Livre alcançou “2.24%” dos votos e a Iniciativa Liberal “5.11%” dos votos.
Questionado sobre se esta rápida passagem por Aveiro seria suficiente para captar os votos necessários, Rui Tavares respondeu: “Esta não é a primeira passagem por Aveiro, e não só pelo distrito. Nós tivemos em São João da Madeira. (…) [Aqui estivemos] no lançamento da candidatura e temos estado aqui desde sempre. A nossa mandatária, Aurora Cerqueira, é alguém que já fez uma candidatura desde 2015. O LIVRE cresceu sempre em todas as eleições em Aveiro”.
Neste sentido, Rui Tavares destacou o aumento do apoio neste território. “Cada vez vamos tendo mais membros e apoiantes no nosso núcleo e, como vocês tiveram a oportunidade de testemunhar, muita gente espontaneamente vem dizer que quer ter uma eleição do LIVRE em Aveiro”. Em jeito de conclusão, o co-porta-voz do LIVRE reiterou a visão nacional do partido referindo que “não acreditamos em distritos de direita ou distritos de esquerda. Todos são distritos do nosso país”.
No que toca ao partido, a nível nacional, Rui Tavares sublinhou ainda que “muita gente quer ter um partido que é europeísta, ecologista, das liberdades e dos direitos humanos, mas que sabe defender o Estado Social, não quer recuar em nenhum direito, nem revisitar direitos ou retirá-los da Constituição. É um partido equilibrado para construir em cima daquilo que já conquistámos, e isso acreditamos que aqui pode funcionar”.
LIVRE propõe a criação de dois fundos para as universidades portuguesas
Questionado pela Ria, Rui Tavares aproveitou ainda a ocasião para apresentar propostas concretas do LIVRE para o ensino superior, sublinhando a necessidade de garantir estabilidade e investimento estratégico nas universidades e politécnicos. “A Universidade precisa de estabilidade, precisa de poder fazer investimentos estratégicos”, afirmou, propondo a criação de um fundo estratégico de investimento no ensino superior, “que possa ser financiado através de uma consignação de uma parte do IRC, a exemplo do que acontece noutras universidades estrangeiras”. Neste sentido apontou como exemplo a Universidade de São Paulo, no Brasil.
“Uma das universidades mais avançadas de língua portuguesa é a Universidade de São Paulo, ela é financiada por uma consignação de um imposto sobre a atividade económica. O que é que isso dá? Dá aos reitores e reitoras e também diretores e presidentes de Politécnicos a liberdade de poderem fazer escolhas que são cinco, dez, 15 anos para os novos laboratórios, as bibliotecas do futuro, através de um fundo estratégico que assegura cofinanciamento de fundos europeus”, explicou o co-porta-voz do LIVRE.
Além disso, defendeu a criação de um fundo de apoio ao estudante do ensino superior, destinado a reforçar bolsas, refeitórios e residências. Esse fundo, sugeriu, poderia ser financiado por consignação de IRS. “Aquele IRS que nós próprios consignamos a causas que nós decidimos entregar. Eu sei que muita gente que beneficiou do ensino superior público português e com isso encontrou o seu rumo na vida e se autorrealizou teria todo o gosto em poder apoiar a próxima geração de estudantes. Eu, certamente, seria dos primeiros a fazê-lo”, assegurou.
Para Rui Tavares é essencial garantir a inclusão no ensino superior. “É muito importante que ninguém fique de fora da universidade por razões financeiras, que ninguém tenha que fazer uma escolha entre prosseguir ou não os seus sonhos pelo facto de vir de uma família mais pobre”, exprimiu.
Com esses dois fundos – “fundo estratégico de investimento no ensino superior” e “fundo de apoio ao estudante do ensino superior” - o co-porta-voz do partido vincou que o país teria “uma universidade muito mais forte e muito competitiva”. Neste seguimento, sugeriu ainda a criação de um “plano de atração dos cientistas estrangeiros, nomeadamente os que vêm agora dos Estados Unidos”.
“Muitos deles portugueses que querem voltar, e pode até ter um plano de acolhimento para instituições universitárias estrangeiras, desde que trabalhem em protocolo com universidades e politécnicos portugueses que já existem”, realçou Rui Tavares.
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Ana Rita Moreira admite que o “desafio era difícil”, mas garante que o PAN vai continuar a trabalhar
Quatro anos após ter elegido dois deputados municipais, o partido concorreu este ano de forma independente a dois dos três órgãos autárquicos- Câmara Municipal e Assembleia Municipal, mas não conseguiu manter a sua presença. Na corrida à Câmara, o PAN obteve 330 votos (0,85%), ficando na penúltima posição, enquanto na Assembleia Municipal reuniu 381 votos (0,98%), o pior resultado entre as nove listas concorrentes. Em entrevista à Ria, Ana Rita Moreira, candidata do PAN à Câmara de Aveiro, admitiu que sabia que o “desafio era difícil” e garantiu que o partido continuará a trabalhar “no sentido de dar voz às nossas causas e também ouvir aqueles que partilham as nossas preocupações e a nossa visão”. “Claro que ficamos tristes com a situação, obviamente, mas nós respeitamos aquilo que são as escolhas democráticas dos aveirenses e o que posso dizer é que vamos continuar a desenvolver o nosso trabalho”, afirmou. “Vamos continuar a dar voz às nossas causas junto das pessoas”, continuou. A candidata do PAN acrescentou ainda que o resultado, em Aveiro, acabou por “coincidir com as dinâmicas nacionais” do partido. “São coisas naturais que acontecem. É assim que se vive em democracia, por isso, o que importa é que nós vamos continuar a fazer o nosso trabalho”, rematou. Relembre-se que as eleições autárquicas decorreram no passado domingo, 12 de outubro, e que Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) venceu a Câmara Municipal sem maioria e elegeu quatro elementos face a outros quatro do PS e um do Chega.
Câmara Municipal de Aveiro faz balanço “muito positivo” da Aveiro Tech Week
O Techdays Aveiro reuniu especialista nos temas da microeletrónica, cibersegurança, comunicações quânticas e defesa, de forma a “promover o debate sobre o futuro digital e o papel das cidades na inovação”. Na área de gaming do evento, que esteve instalada na Aveiro ParqueExpo, aconteceram torneios e demonstrações que contaram com a presença de influenciadores e criadores de conteúdos. Já nas escolas, o destaque da autarquia vai para as iniciativas educativas e STEAM, que envolveram alunos e professores “num contributo direto para a literacia tecnológica e científica do concelho”. Já o Festival PRISMA / Art Light Tech, que decorreu de 8 a 11 de outubro, com o mote “A Forma das Coisas”, contou com 20 instalações de artistas provenientes de nove países. Para José Ribau Esteves, presidente da CMA, o evento organizado pela autarquia sob a coordenação da sua equipa do Teatro Aveirense foi de “elevada qualidade” e recebeu uma “uma forte participação do público”. Por seu lado, José Pina, programador do festival, disse que “o balanço foi muito positivo, com o público a responder de forma entusiasta a um conjunto de obras que convidaram à redescoberta do espaço urbano”. O balanço geral da Aveiro Tech Week é, segundo a CMA, “muito positivo” e vem “confirmar a consolidação de Aveiro como cidade de referência na integração entre tecnologia, inovação e cultura”.
Autárquicas: “O eleitorado [aveirense] é bastante conservador”, considera Paulo Alves
Nesta eleição, o partido voltou a concorrer apenas à Câmara Municipal, tal como em 2021, ano em que se apresentou pela primeira vez em Aveiro. Desta vez, o NC obteve 130 votos (0,34%), menos 228 votos do que há quatro anos. Em declarações à Ria, Paulo Alves não escondeu o descontentamento pelo resultado alcançado e admitiu que “não esperava a descida”. “Foi até com alguma surpresa que encaro o resultado”, realçou. “Sendo um movimento cívico nós debatemos, nos últimos quatro anos, temas que normalmente são pertinentes à sociedade civil, por exemplo, na área do ambiente: a água, a energia, os animais, a ação social. Reunimos fóruns por todo o país”, afirmou. No caso concreto de Aveiro, aponta que “o eleitorado é bastante conservador e não foge muito do núcleo central”. “Anda ali a girar entre o PSD e o PS. Aliás, vimos isso também em outras candidaturas, algumas delas com boas propostas, e não foram reconhecidas como isso”, lamentou. Paulo Alves considerou ainda que os aveirenses votaram naquilo a que chamou uma “dinastia da família Souto”. “Nós tivemos a monarquia, tivemos a república e agora estamos a entrar numa dinastia”, atirou. Apesar de Luís Souto de Miranda, candidato de a ‘Aliança com Aveiro’ não ter conseguido vencer com maioria a Câmara Municipal, Paulo Alves não tem dúvidas de que vai “haver entendimento”. Sobre esse acordo apela que seja em “prol do bem comum e da sociedade aveirense e que todas as políticas que vão agora prosseguir ajudem também ao desenvolvimento económico e à criação de emprego, não esquecendo o turismo que é um dos pilares da nossa economia local”. Quanto ao futuro do Nós, Cidadãos!, o candidato garantiu que irá continuar com o seu papel: “dar voz à cidadania”. “Vamos acompanhar todas as ações políticas neste mandato”, rematou, felicitando a candidatura vencedora.
Miguel Gomes mostra-se “muito feliz” com resultado da IL e reafirma que “não somos moletas do PSD”
Na Câmara Municipal, onde em 2021, no primeiro ano em que concorreu no concelho, a IL Aveiro ocupava a sexta posição com 790 votos (2,31%), o partido mais do que duplicou esse resultado, atingindo agora a quarta força política com 2.010 votos (5,19%). Na Assembleia Municipal, órgão em que até então não tinha representação, a IL elegeu dois deputados municipais, com um total de 2.348 votos, mais 1.323 do que há quatro anos. Também na Assembleia de Freguesia, onde não tinha mandatos, o partido conquistou um lugar em Glória e Vera Cruz, alcançando 1.766 votos (4,56%) nas seis das dez freguesias onde concorreu. Em entrevista à Ria, Miguel Gomes, candidato da IL à Câmara Municipal de Aveiro, mostrou-se “muito feliz” com o resultado e aproveitou o momento para agradecer aos aveirenses. “Consideramos que fizemos um excelente trabalho e, felizmente, conseguimos que o trabalho feito, diariamente, junto dos eleitores e das pessoas fosse reconhecido. Quando assim é só podemos ficar felizes com o resultado obtido e agradecer a todos os aveirenses que confiaram em nós”, exprimiu. Novamente questionado sobre a recusa em integrar uma eventual coligação com a “Aliança com Aveiro” (PSD/CDS-PP/PPM), Miguel Gomes vincou que: “não somos moletas do PSD”. “Temos as nossas ideias muito próprias, as nossas convicções”, afirmou. “Posso dizer que estamos muito contentes de ter optado por não fazer coligação. (…) Estamos muito convictos de que é melhor a IL Aveiro estar sozinha do que irmos coligados com outros e correndo o risco de desaparecer. Estamos aqui para marcar a nossa presença como Iniciativa e não para servir de moletas a outros partidos”, continuou. Na reta final da conversa, o candidato aproveitou ainda para parabenizar Luís Souto de Miranda e a coligação pela vitória nestas eleições autárquicas. “Desejo um bom trabalho a Luís Souto e à coligação em prol de Aveiro e dos aveirenses”, disse. Relembre-se que as eleições autárquicas decorreram no passado domingo, 12 de outubro, e que Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) venceu a Câmara Municipal sem maioria e elegeu quatro elementos face a outros quatro do PS e um do Chega.
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Ana Rita Moreira admite que o “desafio era difícil”, mas garante que o PAN vai continuar a trabalhar
Quatro anos após ter elegido dois deputados municipais, o partido concorreu este ano de forma independente a dois dos três órgãos autárquicos- Câmara Municipal e Assembleia Municipal, mas não conseguiu manter a sua presença. Na corrida à Câmara, o PAN obteve 330 votos (0,85%), ficando na penúltima posição, enquanto na Assembleia Municipal reuniu 381 votos (0,98%), o pior resultado entre as nove listas concorrentes. Em entrevista à Ria, Ana Rita Moreira, candidata do PAN à Câmara de Aveiro, admitiu que sabia que o “desafio era difícil” e garantiu que o partido continuará a trabalhar “no sentido de dar voz às nossas causas e também ouvir aqueles que partilham as nossas preocupações e a nossa visão”. “Claro que ficamos tristes com a situação, obviamente, mas nós respeitamos aquilo que são as escolhas democráticas dos aveirenses e o que posso dizer é que vamos continuar a desenvolver o nosso trabalho”, afirmou. “Vamos continuar a dar voz às nossas causas junto das pessoas”, continuou. A candidata do PAN acrescentou ainda que o resultado, em Aveiro, acabou por “coincidir com as dinâmicas nacionais” do partido. “São coisas naturais que acontecem. É assim que se vive em democracia, por isso, o que importa é que nós vamos continuar a fazer o nosso trabalho”, rematou. Relembre-se que as eleições autárquicas decorreram no passado domingo, 12 de outubro, e que Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) venceu a Câmara Municipal sem maioria e elegeu quatro elementos face a outros quatro do PS e um do Chega.
Câmara Municipal de Aveiro faz balanço “muito positivo” da Aveiro Tech Week
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Autárquicas: “O eleitorado [aveirense] é bastante conservador”, considera Paulo Alves
Nesta eleição, o partido voltou a concorrer apenas à Câmara Municipal, tal como em 2021, ano em que se apresentou pela primeira vez em Aveiro. Desta vez, o NC obteve 130 votos (0,34%), menos 228 votos do que há quatro anos. Em declarações à Ria, Paulo Alves não escondeu o descontentamento pelo resultado alcançado e admitiu que “não esperava a descida”. “Foi até com alguma surpresa que encaro o resultado”, realçou. “Sendo um movimento cívico nós debatemos, nos últimos quatro anos, temas que normalmente são pertinentes à sociedade civil, por exemplo, na área do ambiente: a água, a energia, os animais, a ação social. Reunimos fóruns por todo o país”, afirmou. No caso concreto de Aveiro, aponta que “o eleitorado é bastante conservador e não foge muito do núcleo central”. “Anda ali a girar entre o PSD e o PS. Aliás, vimos isso também em outras candidaturas, algumas delas com boas propostas, e não foram reconhecidas como isso”, lamentou. Paulo Alves considerou ainda que os aveirenses votaram naquilo a que chamou uma “dinastia da família Souto”. “Nós tivemos a monarquia, tivemos a república e agora estamos a entrar numa dinastia”, atirou. Apesar de Luís Souto de Miranda, candidato de a ‘Aliança com Aveiro’ não ter conseguido vencer com maioria a Câmara Municipal, Paulo Alves não tem dúvidas de que vai “haver entendimento”. Sobre esse acordo apela que seja em “prol do bem comum e da sociedade aveirense e que todas as políticas que vão agora prosseguir ajudem também ao desenvolvimento económico e à criação de emprego, não esquecendo o turismo que é um dos pilares da nossa economia local”. Quanto ao futuro do Nós, Cidadãos!, o candidato garantiu que irá continuar com o seu papel: “dar voz à cidadania”. “Vamos acompanhar todas as ações políticas neste mandato”, rematou, felicitando a candidatura vencedora.
"Eleições Autárquicas em Aveiro – o perpetuar da história", opinião de João Manuel Oliveira
Decorreram no passado domingo as eleições autárquicas no país. No entanto, nesta sequência de artigos irei escalpelizar a nossa região. Primeiro, Aveiro, depois a CIRA e por fim, aquele, ainda existente, e no entanto anacrónico limite territorial, o distrito. Em síntese, a Aliança com Aveiro teve um resultado satisfatório, Alberto Souto atingiu, mais uma vez, o seu limiar de resistência, o resultado máximo que ele poderia almejar, o Chega entra na vereação, algo histórico e a IL passa a estar presente na Assembleia Municipal. O Livre passa a ter um deputado municipal único e o Bloco de Esquerda e o PCP perdem os seus representantes. Não tenho a certeza absolutíssima, mas acho que é a primeira vez que este partido não tem representação em Aveiro. A Aliança com Aveiro ganhou as eleições e conseguiu fazer um 9-1 nas freguesias, demonstrando a sua presença e consistência. Desde 2005, em que historicamente o CDS e o PSD se uniram em Aveiro – mas mesmo antes, com a exceção de 2001 – o resultado destes dois partidos dá sempre para vencer em Aveiro e na quase totalidade das suas freguesias (o centro da cidade, com a união, é um caso à parte). Alberto Souto atingiu quase o seu limiar de resistência, aqueles votantes que teve em 2005 e em 1997. É alguém que ultrapassa a base do partido e entra em todo o lado, mas também tem um conjunto de resistências que não conseguiu ultrapassar durante a campanha. Em termos comunicacionais, passou uma mensagem de Messias (o cartaz junto à rotunda da Salineira é o melhor exemplo), de alguém que tinha e tem um desígnio para a cidade. Ora, isso não batia certo com a mensagem-slogan “um futuro com todos, com as pessoas”. Demasiados projetos e ideias – algumas com vinte e cinco anos e que estão ultrapassadas ou erradas – voltaram a passar a mensagem de despesista, que se colocou como supercola, embora ele se tentasse libertar. O Chega quase que cumpria o desígnio do seu líder André Ventura. Diogo Soares Machado utilizou os chavões todos mas esqueceu-se que, a exemplo dos irmãos, também ele faz parte de uma família com pergaminhos na cidade, uma elite. E que também ele tem um passado. Mesmo assim, conseguiu ultrapassar os resultados absolutos da última campanha em que tinha sido mentor, em 2013 e segurar o seu lugar de vereador. Será um erro a Aliança com Aveiro se unir a ele, de forma permanente. Em relação aos partidos que não entraram na vereação, mas sim na Assembleia: a IL conseguiu solidificar a sua presença, garante um resultado sólido e consegue 2 elementos na Assembleia Municipal. Ainda tem uma presença fraca nas freguesias, algo muito parecido com todos os outros partidos que andam à caça de candidatos a menos de seis meses das eleições – o trabalho político, ao contrário do que se pesa, deve começar três anos antes… O candidato do Livre conseguiu atingir um dos seus três resultados e será deputado municipal. Quem merecia lá estar era a Aurora Cerqueira, porque foi ela que andaram a mostrar em todo o lado, para que as pessoas não se esquecessem que ele era o candidato triplo. Receberam os votos dos que, à esquerda, quiseram castigar o BE e PCP. Quanto a João Moniz, basta dizer que não chega ser o melhor nos debates e um dos mais bem preparados quando se cola a uma extrema-esquerda em plena crise de identidade… Se continuar com vontade e for independente, será alguém a ter debaixo de olho para 2029. Quanto ao PCP, precisa olhar para dentro. Perdeu a sua representação em Aveiro, pela primeira na sua história. Terá sido a última? Não refiro o PAN, pois a sua presença na Assembleia Municipal em 2021 foi, somente, devido ao acordo maravilhoso feito com o PS. A representatividade real está expressa nos resultados deste ano. Candidatos à última da hora dão nisto. Em relação às freguesias e a resultados específicos, é de salientar que poderemos ainda vir a ter novidades, dada a evidente dificuldade da Aliança com Aveiro (e Catarina Barreto, que ganhou com larga margem, mas sem maioria) fazer executivo em Aradas. Se a mesma situação acontece em Esgueira e Eixo Eirol, as campanhas nesses dois locais pareceram mais pacíficas e que darão lugar a negociações mais simples para formar o executivo. São Jacinto foi uma vitória forte da Aliança, demonstrativa que a mensagem do caos anterior afetará o PS nos próximos tempos. Em 2029, Cacia poderá ser um problema grave para a Aliança. Os últimos dados ideológicos (votos as legislativas) levam-me a analisar que a mudança de presidente poderá levar outro tipo de mudanças. Nas outras freguesias (com exceção de Aradas, caso Catarina Barreto se mantenha) os presidentes ainda se poderão recandidatar e por isso, poderemos antecipar eleições mais calmas, em condições normais. Luis Souto de Miranda vai ter um mandato mais fácil do que se julga. Com quatro vereadores e uma assembleia municipal maioritária, basta aguardar para as mudanças que o PS terá no executivo e na sua liderança partidária, e cumprir os mínimos olímpicos. Saiba auscultar as pessoas e resolver alguns assuntos, sendo que o mais crítico em Aveiro será o do estacionamento – com aquilo que está previsto e no terreno. Aveiro, em termos noticiosos, foi tratado como um fait-divers. Fomos falados, nos meios de comunicação, pela “curiosidade” de termos dois irmãos, um contra o outro. Mas não fomos alvo de sondagens, estudos de opinião ou cobertura. Demonstrativo da falta de peso nacional, e de figuras nacionais, mas também da crença no que poderia acontecer. Já em termos noticiosos regionais, vou dar uns enormes parabéns a todos. Numa altura em que a comunicação social nacional passa por uma crise estrutural e de confiança, notei uma evolução positiva em todos os meios, com debates, podcasts, análises e muito trabalho de casa. Parabéns ao Diário de Aveiro, à AveiroMag, ao Noticias de Aveiro, Rádio Terranova e, claro, à Rádio Ria. Amanhã publicarei um segundo artigo, sobre as eleições em termos regionais/distritais e conclusões.