RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Um ano do novo Rossio: parque de estacionamento “pouco utilizado” continua a ser alvo de críticas

Há precisamente um ano inaugurava-se aquela que viria a tornar-se uma das obras mais polémicas da cidade de Aveiro: a requalificação do Largo do Rossio. Uma das grandes críticas apontadas ao projeto estava relacionada com a construção de um novo parque de estacionamento subterrâneo. A Ria procurou sair à rua para perceber o balanço do primeiro ano de inauguração do novo Rossio.

Um ano do novo Rossio: parque de estacionamento “pouco utilizado” continua a ser alvo de críticas
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
07 jan 2025, 12:54

Há mais de um ano que Márcia é lojista na zona do Rossio. Para esta comerciante a obra era “necessária”, não só para os peões como para os automóveis. “Antes era uma grande confusão… Eu via as pessoas a atravessar a rua no meio dos carros. Era bastante perigoso”, começou por recordar. Apesar de reconhecer desvantagens que o trânsito [daquela zona] se faça agora num único sentido, Márcia destacou que a empreitada veio tornar o local “mais amplo e arejado”. “No fundo, acabou por ampliar o espaço. Também se nota aqui o movimento, dado que também estamos bem situados e próximos dos moliceiros (…) As pessoas passam aqui com alguma facilidade…. Inclusive já tive pessoas que são daqui de Aveiro e que, por vezes, nos questionam há quanto tempo é que a loja aqui está porque nunca tinham reparado [nela]”, constatou.

Apesar da construção do novo parque de estacionamento subterrâneo, Márcia opta por estacionar, diariamente, o seu carro “debaixo da autoestrada” já que esta é uma zona não paga. “Trabalhar quase todos os dias e pagar [estacionamento] para mim era impensável…”, frisou à Ria. “Das poucas vezes em que lá estacionei, realmente vê-se muitos lugares vagos, ou seja, o que significa que não é muito utilizado”, lamentou. “Por exemplo, ao pé da Universidade [há uma tarifa de estacionamento] em que o dia inteiro é um euro… Francamente, o dia inteiro não acho assim tão caro… Pode-se pensar numa solução do género”, apontou.

Júlio é outro dos comerciantes que não deixou de assinalar um balanço positivo com o avanço da obra no Rossio. “O comércio beneficiou. Acho que toda a gente deve estar a pensar dessa maneira (…) Também beneficiou a parte social (…) Isto era uma zona com muitos arrumadores, muita prostituição e isso parece que desapareceu daqui…”, relembrou. No que toca ao “nível arquitetónico” da empreitada [o que incluiu também a construção do novo parque de estacionamento] caraterizou a mesma de “polémica”. “Eu era contra a obra do parque [de estacionamento] e continuo a ser. Acho que é polémico… Por causa do parque de estacionamento tiraram a parte do arvoredo. Agora isto tem sempre o lado positivo e o lado negativo... Eu pessoalmente para o comércio acho que melhorou”, opinou.

Se até agora os lojistas identificavam um maior número de pontos positivos do que negativos, para Augusta - que já está há mais de duas décadas na zona do Rossio - a empreitada não trouxe vantagens. “Está engraçada, está muito bonita, mas não tem nada de utilitária. Não era esta a solução de todo…”, frisou. “Isto está muito mal. Não sei se é o sentido de trânsito…. Qualquer coisa aqui não está a correr bem. Depois não temos sítios para parar…. Portanto, nós queremos descarregar alguma coisa e não temos”, desabafou, acrescentando que, nos dias de hoje, os seus clientes “são os turistas que andam a pé”.

“O turista que vai a Aveiro não sai dali e não faz mais do que um passeio de moliceiro”

A obra de requalificação do Rossio e da Praça General Humberto (também conhecida como Ponte-Praça), teve um custo de 20,5 milhões de euros. Um custo de mais 8,1 milhões do que estava previsto inicialmente [o custo inicial era de 12,4 milhões de euros]. Desses, 2 milhões foram comparticipados por fundos comunitários. À data de inauguração a autarquia justificou o aumento do preço da empreitada com “a guerra, a pandemia, a inflação e trabalhos complementares necessários”. A obra incluiu, entre outras estruturas, a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, a requalificação da superfície e a remodelação de toda a Ponte-Praça.

Paula Urbano Antunes, presidente da concelhia do PS-Aveiro, não tem dúvidas de que a obra do Rossio era necessária, ainda que reconheça que esta “não era a requalificação” que o seu partido proporia. Por exemplo, o PS “não proporia o parque de estacionamento pelos custos que teve e pela baixa utilização que tem… Proporia uma requalificação que pensasse o espaço de modo que os aveirenses pudessem usufruir do mesmo. Condicionaria ainda o trânsito aos moradores daquela zona... É importante que os moradores do bairro da Beira-Mar possam de facto usufruir do mesmo com alguma qualidade de vida. Retiraria dali também aquela pressão turística, mas isso só se consegue com um plano municipal para o turismo que tenha outras rotas e que tenha outros pontos de interesse devidamente identificados que não o Rossio”, criticou. “O turista que vai a Aveiro não sai dali e não faz mais do que um passeio de moliceiro”, lamentou.

Para a presidente da concelhia do PS-Aveiro, o Rossio tornou-se assim, desde há um ano para cá, um espaço pensado para “passantes” e não para quem quer usufruir dele. “Esse conforto não existe porque as árvores ainda não cresceram e esperemos que de facto cresçam em breve”, esperançou, reafirmando que era uma “requalificação necessária” ainda que, na sua opinião, o “custo benefício” da empreitada seja “negativo”. “Mas não se pode dizer que está pior porque não está… Não estava bem”, sustentou.

Concessionária do Parque de Estacionamento contraria afirmações de baixa utilização

Sobre a baixa utilização do parque de estacionamento do Rossio [descrita pelos comerciantes e pela líder socialista], a Ria contactou a empresa Telpark (Empark), que tem a concessão do espaço, bem como do parque do Mercado Manuel Firmino, que contrariou esta perspetiva e que destacou que o projeto “tem vindo a decorrer de acordo com as expectativas estabelecidas” e que “ambos [os parques] têm registado uma utilização significativa, com fluxos variados em função das dinâmicas e necessidades dos munícipes e dos turistas”. No que toca ao parque do Rossio a empresa acrescentou ainda que o “balanço é muito positivo”. “Este parque de estacionamento destaca-se pelo seu carácter multifuncional, conferindo uma mais-valia ao habitual modelo de parqueamento, ao incluir a opção de converter o espaço num local para exposições e eventos culturais. Aliás, no passado ano de 2024, ano em que Aveiro foi Capital da Cultura, o parque recebeu milhares de visitantes, quer para estacionar, quer para participar nas diversas atividades que se realizaram”, referiu.

A Ria foi, ao longo dos últimos meses, até ao Parque de Estacionamento do Rossio onde verificou que a média de carros estacionados, diariamente, era de 30/40 automóveis, aumentando este número ao fim de semana, mas raramente para números superiores à metade da lotação. Recorde-se que a lotação máxima do parque é de 222 lugares.

Fonte próxima confirmou ainda à Ria que, até ao momento, apenas por duas vezes o parque de estacionamento ficou totalmente lotado, uma no último fim de semana de outubro e outra na véspera de Natal. Também esta realidade foi contrariada pela empresa que referiu à Ria que “em várias ocasiões, o parque atingiu a sua capacidade total”, apontando como exemplo “o período em que decorreu o Europeu de Futebol, mas também noutras ocasiões não relacionadas diretamente com um evento concreto”. Sobre o tempo médio de permanência dos veículos, a Telpark garantiu que o mesmo “varia consoante o período do dia e o dia da semana”.

Ao longo dessas visitas ao Parque de Estacionamento do Rossio, a Ria verificou ainda que já há paredes e portas degradadas no espaço. Confrontada com esta realidade, a Telpark não confirmou a situação e expôs que a “segurança das nossas instalações é fundamental” e que são realizadas “inspeções regulares a todas elas, de forma a garantir a sua segurança e correta manutenção”. “Caso seja detetada alguma necessidade de intervenção ou melhoria, esta é programada e efetuada de acordo com os horários previstos, garantindo sempre a melhor experiência para os nossos clientes”, afirmou.

“O Rossio não é uma zona periférica da cidade”

Maria Miguel Galhardo, atual presidente da Ciclaveiro [uma associação que defende e promove o uso da bicicleta], defende que a obra do Rossio não acrescentou uma “mais-valia” à promoção das bicicletas, no centro da cidade, “por várias razões”. “Primeiro porque a via supostamente ciclável, alocada ao uso da bicicleta, é uma via que não está sinalizada e que não é confortável porque o piso é paralelo (…) Está desenhada sem estar segregada relativamente ao uso pedonal e, portanto, cria conflitos entre o utilizador da bicicleta e o peão (…)”, apontou, reconhecendo que a mesma “muitas vezes” está ocupada. “Ou está a ser utilizada pelos peões (…) ou para os automobilistas pararem, estacionarem e fazerem cargas e descargas para os estabelecimentos que ali existem”, observou.

Sobre a estrutura e os estacionamentos que foram colocados para as bicicletas [na zona do Rossio], a presidente da Ciclaveiro afirmou que os mesmos são uma “solução totalmente contra todas as boas práticas”. “Esta Câmara tem mais do que informação técnica sobre o que são estacionamentos seguros. Aliás, já os colocou em vários outros projetos como na Mário Sacramento (…) Ali aquelas rodas - que parecem quase umas jantes de automóveis - não dão absolutamente segurança nenhuma ao utilizador das bicicletas que a quer deixar em segurança (…)”, reconheceu.

Em jeito de balanço, Maria Miguel Galhardo recordou a posição [contra] da Ciclaveiro, desde o início, no que toca ao projeto do Rossio, realçando que o mesmo tornou “totalmente acética aquela zona da cidade”. “Uma zona onde havia muito verde e era um espaço de fruição… Em dias de pico de calor é terrível estar ali (…) Relativamente à questão prática, esta Câmara disse que aquele estacionamento subterrâneo que ali foi feito é um parque periférico… Isto é completamente incoerente, porque o Rossio não é uma zona periférica da cidade... O Rossio é o coração da cidade. Continuarmos a bombear carros e sobretudo autocarros de turismo enormes (…) a passar no coração do Rossio e da cidade não faz sentido (…)”, salientou.

Ainda sobre o parque de estacionamento subterrâneo do Rossio, a presidente da Ciclaveiro salientou que “nunca teve” fundamento e que o Rossio continua a ter “carros mal-estacionados, em cima de passeios, na zona de coexistência sem que a parte da fiscalização faça o que lhe compete (…)”.

A Ria tentou ainda obter uma reação da autarquia relativamente ao primeiro ano da obra de requalificação do Rossio, mas, até ao momento, não obteve resposta.

Recomendações

AM só vai discutir Plano de Pormenor do Cais do Paraíso na próxima segunda-feira
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AM só vai discutir Plano de Pormenor do Cais do Paraíso na próxima segunda-feira

O ponto “Apreciação e deliberação da revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso” era o oitavo da ordem de trabalhos da sessão ordinária de dezembro da Assembleia Municipal de Aveiro. O arrastar da discussão, que se prolongou ao longo dos pontos 2, 3, 4 e 5, - pontos relacionados com o pacote fiscal da Câmara para 2026 - fez com que não houvesse tempo para concluir todo o debate planeado. Passada a meia-noite, altura em que ainda não tinha sido alcançado o sexto ponto da ordem de trabalhos, Miguel Capão Filipe, presidente da mesa da AM, afirmou: “Uma vez que já bateu a meia-noite, vou supor que é da concordância do plenário a continuidade dos trabalhos até à conclusão deste ponto”. Sem nenhuma objeção, o presidente afirmou que “nada havendo a opor, vamos continuar os trabalhos, concluindo neste exato ponto”. Terminada a discussão sobre o pacote fiscal, Capão Filipe fechou a sessão com o agendamento da continuação dos trabalhos. A reunião ficou marcada para a próxima segunda-feira, dia 22, pelas 20h30. A ordem de trabalhos ainda por discutir passa pelos pontos: “Ponto 6 - Apreciação e deliberação da Atualização de Taxas para 2026 do Regulamento Municipal de Taxas e Outras Receitas”; “Ponto 7 - Apreciação e deliberação da Atualização de Taxas para 2026 do Regulamento Urbanístico do Município de Aveiro”; “Ponto 8 - Apreciação e deliberação da revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso”; “Ponto 9 - Apreciação e deliberação da Adesão do Município de Aveiro à Associação Nacional de Assembleias Municipais – Recomendação à Câmara Municipal”; “Ponto 10 – Apreciação e deliberação do novo Regimento da Assembleia Municipal de Aveiro para o mandato 2025-2029”.

Plano de Pormenor do Cais do Paraíso volta hoje à AM: A Ria apresenta os cenários possíveis
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Plano de Pormenor do Cais do Paraíso volta hoje à AM: A Ria apresenta os cenários possíveis

A revogação do plano foi proposta em reunião de Câmara Municipal pelo PS e, na votação, os socialistas foram acompanhados pelo vereador do Chega. Durante a campanha eleitoral que decorreu durante o passado mês de outubro, todas forças da oposição se comprometeram a revogar o documento caso fossem eleitas, pelo que é expectável que votem agora ao lado dos deputados socialistas. Mas quanto representa a oposição? As eleições autárquicas ditaram uma Assembleia Municipal constituída por 12 deputados da ‘Aliança com Aveiro’, coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM – oito deputados foram indicados pelo PSD e quatro foram indicados pelo CDS-PP -, nove do PS, três do Chega, dois da IL e um do Livre. No entanto, contam ainda os votos dos presidentes de Junta de Freguesia, que determinam uma maioria absoluta na Assembleia para a ‘Aliança com Aveiro’ – nove são da coligação que governa o Município e apenas um é do PS. Feitas as contas, dos 37 eleitos, 21 são ‘Aliança com Aveiro’ e 16 são da oposição. O grupo de opositores pode ficar ainda mais curto caso Bruno Fonseca, deputado do Livre, volte a não poder comparecer. Recorde-se que, à data da última reunião, o deputado ainda não tinha tomado posse por estar “em comissão de serviço oficial no estrangeiro”. Assim sendo, só é possível que o Plano seja revogado se nem todos os deputados eleitos pela ‘Aliança com Aveiro’ votarem no sentido em que votou o executivo municipal. Depois da decisão tomada em reunião de Câmara,a comissão concelhia do PSD-Aveiro já emitiu um comunicado na passada segunda-feira, dia 15, em que manifestava “profunda discordância e preocupação” com a revogação. A estrutura do CDS não tomou nenhuma posição pública, mas Ana Cláudia Oliveira, presidente da concelhia do partido, esteve entre os vereadores que votou contra a revogação, portanto é possível deduzir que os centristas também estarão do lado do executivo. Não obstante, a decisão mantém-se em aberto até ao momento da votação. Caso o Livre esteja presente na AM, é necessário que pelo menos três deputados eleitos pela ‘Aliança’ votem favoravelmente a proposta socialista. A revogação pode ainda ser aprovada com menos votos a favor, mas necessita que haja deputados da ‘Aliança’ a abster-se. Nesse sentido, dois votos a favor e duas abstenções, um voto a favor e quatro abstenções ou seis abstenções também fazem com que o Plano de Pormenor caia. A ausência do Livre complicaria ainda mais as contas da oposição, que passaria a precisar de mais dissidentes dentro da ‘Aliança’. Seriam assim necessários quatro votos pela revogação, dois votos e três abstenções, um voto e cinco abstenções ou sete abstenções dentro da coligação. Todos estes cenários implicam também que a oposição esteja unida contra o Plano de Pormenor. Se algum dos partidos decidir não votar a favor da revogação, o cenário ainda pediria uma cisão maior dentro da ‘Aliança’ para que os socialistas conseguissem levar a sua proposta avante. Ciente das contas apresentadas, Alberto Souto de Miranda, ex-presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) e candidato do PS ao Município nas últimas eleições autárquicas, fez hoje um último apelo aos deputados municipais de PSD e CDS. Num texto publicado no Facebook, o socialista sublinhou que “as eleições já lá vão” e que “não há estéticas urbanas partidárias”. Alberto Souto escreve que “só são conhecidas duas razões para que este Plano de Pormenor tenha sido aprovado: porque o investidor quis e porque o anterior presidente da Câmara [Ribau Esteves] quis”. Por oposição, diz existirem “muitas razões” que sustentavam a sua não revogação, nomeadamente: “a elaboração do Plano foi manipulada para servir os interesses de um privado e não o interesse público”; “o Plano expropriou os direitos construtivos da família Boia, sem indemnização, e é, por isso, um esbulho indecente e criminoso de outros interesses privados legítimos, que se arrastará pelos tribunais”; “o Plano prevê construção em terrenos do domínio público municipal e implica nessa medida uma alienação forçada, que foi ocultada da Assembleia Municipal”; “as entidades que foram consultadas manifestaram reservas em relação à cércea e à volumetria”; “a cércea prevista é mais do dobro da cércea existente no local”; “a volumetria prevista para o hotel é gritantemente desproporcional e esmagadora, o impacto paisagístico na imagem de Aveiro é desastroso”; “no processo de consulta pública, todas as opiniões apresentadas foram contra o Plano”. O ex-candidato procurou também desmontar os argumentos usados pelo presidente da Câmara na última reunião. Primeiro, por ter dito que “Aveiro precisa de um hotel de cinco estrelas”, Alberto Souto responde que “não há sequer nenhuma garantia que o hotel venha a ter cinco estrelas”, porque isso é decidido pelo próprio investidor. Ainda no mesmo sentido, Alberto Souto diz que é “excelente” que se queira investir num hotel de cinco estrelas, “mas nos locais apropriados que o interesse público defina”. Depois, por Luís Souto ter dito que há “o risco de perdermos o hotel para outras cidades”, o socialista argumenta que “Aveiro perde muito mais se se desfear com aquele mostrengo, do que se promover oferta hoteleira com qualidade urbanística”. Por fim, atira também ao autarca por ter dito que não houve “evolução das condições ambientais, económicas, sociais e culturais” desde a aprovação do Plano de Pormenor, em setembro - algo que, de acordo com o artigo 127.º do Regulamento Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIT), tem de acontecer para que se possa dar a revogação. Segundo defende, “basta fundamentar a revogação na diferente composição política do novo Executivo e a deliberação já tomada de revogar o Plano de Pormenor: esse facto só por si constitui uma «evolução das condições sociais e culturais»”.

GOOZE, Orquestra Bamba Social e DJ Kamala atuam na noite de passagem de ano em Aveiro
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GOOZE, Orquestra Bamba Social e DJ Kamala atuam na noite de passagem de ano em Aveiro

A programação para a noite de passagem de ano em Aveiro, integrada no Programa Boas Festas em Aveiro 2025/26, centra-se no Rossio, Canal Central da Ria de Aveiro e áreas adjacentes. A noite começa pelas 21h30, no Rossio, com “GOOZE”, uma ‘house music band’ natural do Porto. Segue-se o concerto com a “Orquestra Bamba Social”, grupo também portuense “unido pelo amor ao samba”. Pelas 23h55 tem início, na Praça do Rossio e Canal Central, o Countdown e Espetáculo Multimédia com fogo de artifício, som e luz. A festa continua com a atuação de DJ Kamala, uma artista com mais de 20 anos que “faz do Hip-Hop o ponto de partida para uma viagem de música e festa sem barreiras de estilo”. De acordo com a CMA, as celebrações vão obrigar a diversos cortes e condicionamentos do trânsito. Os cortes e condicionamentos de trânsito têm início pelas 20h30 e serão os seguintes: Ponte de São João (condicionado); Rua de João Afonso de Aveiro; Rua das Tricanas; Rua do Lavadouro; Travessa do Lavadouro; Rua Conselheiro Luís Magalhães; Rua Fernão de Oliveira (condicionado); Av. Dr. Lourenço Peixinho (cruzamento com a rua de Agostinho Pinheiro); Av. Dr. Lourenço Peixinho (cruzamento com a rua Dr. Alberto Souto; condicionado); Rua do Batalhão de Caçadores 10 (Fórum); Rua do Batalhão de Caçadores 10, com a Travessa para as Florinhas do Vouga (condicionado); Rua de José Rabumba / Trav. Arrochela; Rua Homem Cristo Filho/ Trav. Beatas; Rua da Liberdade (Alboi); Rotunda das Pirâmides / Rua do Alavário; Cais do Alboi / Rua da Liberdade; Rua da Arrochela; Rua do Alavário, na saída da Rua Eduarda Ala Cerqueira (Arruamento paralelo ao Canal do Paraíso); Rua dos Santos Mártires / rotunda da Pega (condicionado); Rua Dr. Nascimento Leitão (condicionado). Nos pontos assinalados como condicionados haverá elemento policial que fará a triagem do trânsito.

Terminadas buscas por quatro pescadores desaparecidos em Aveiro
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Terminadas buscas por quatro pescadores desaparecidos em Aveiro

Num comunicado divulgado na sua página de Internet, a Marinha adiantou que, nas operações de busca, estiveram um navio patrulha oceânico da Marinha - NRP Figueira da Foz, uma aeronave de patrulha marítima da Força Aérea – P3 e duas embarcações de pesca que estavam nas proximidades. A Marinha adiantou que o NRP Figueira da Foz está a caminho da Base Naval de Lisboa, prevendo-se a sua chegada até ao final do dia. Apesar das buscas terem sido dadas como terminadas, a Marinha ressalvou que o Centro Coordenador de Busca e Salvamento Marítimo de Lisboa (MRCC Lisboa) vai manter uma vigilância remota da área de busca com recurso a meios de satélite disponibilizados pela Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA). A embarcação de pesca “Carlos Cunha” naufragou na terça-feira de manhã com sete pescadores de nacionalidade indonésia a bordo, dos quais quatro estão desaparecidos e três foram resgatados por outra embarcação de pesca que se encontrava nas imediações, sendo que um deles, que se encontrava em paragem cardiorrespiratória, acabou por morrer. O barco de pesca do espadarte, que terá sofrido uma entrada de água enquanto navegava a mais de 200 milhas náuticas (aproximadamente 370 quilómetros) de Aveiro, é propriedade do armador António Cunha, de Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminha, mas costuma estar fundeado em Vigo, Espanha. A Marinha explicou que três dos sete tripulantes que foram recolhidos por uma das embarcações de pesca, um deles já sem vida, já se encontram a bordo do NRP Figueira da Foz. Já os dois sobreviventes foram avaliados pela equipa de saúde do navio, não tendo sido identificada a necessidade de cuidados médicos adicionais, acrescentou.

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Após mais de três horas de contagem, Joana Regadas voltou a ser reeleita, esta madrugada, presidente da direção da AAUAv, tendo vencido todas as mesas de voto. No total, obteve 1798 votos. Recorde-se que Joana Regadas foi eleita presidente da direção da AAUAv, no ano passado, com “2356” votos. Este ano, a atual estudante de doutoramento em Engenharia Biomédica na Universidade de Aveiro, voltou a concorrer com o mesmo lema do ano anterior “Unidos pela Voz”e foi esta noite reeleita. Lembre-se ainda que, além de Joana Regadas, concorreram a estas eleições para os órgãos sociais da AAUAv Leonor Lopes, pela lista D. Além da direção, a Mesa da Assembleia Geral (MAG) passa a ser presidida por Mariana Gomes, estudante de mestrado em Gestão, e o Conselho Fiscal e de Jurisdição (CFJ), novamente, por Bernardo Ferreira, estudante do programa doutoral em Bioquímica. Direção Lista A: 1798 Lista D: 186 Votos brancos: 51 Votos nulos: 50 Mesa da Assembleia Geral (MAG) Lista A: 1795 Lista D: 185 Votos brancos: 58 Votos nulos: 47 Conselho Fiscal e de Jurisdição (CFJ) Lista A: 1784 Lista D: 195 Votos brancos: 54 Votos nulos: 52 Votantes: 2085 Abstenção: 88.75%

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Câmara de Albergaria-a-Velha apoiou 106 projetos de criação do próprio emprego
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Os dados foram divulgados pela autarquia que tem aberto até ao dia 31 de março de 2026 o período de candidaturas à 11.ª edição. O Programa de Incentivos à Criação do Próprio Emprego, “desde a sua criação no ano de 2015 recebeu 178 candidaturas e apoiou 106 projetos com uma taxa de sobrevivência de 94,5% nos negócios acompanhados”. As empresas criaram cerca de 150 postos de trabalho e registam uma faturação aproximada de 07 milhões de euros, de acordo com os dados partilhados pela autarquia. O programa visa “incentivar empreendedores a investirem e a formalizarem ideias de negócio, para promover o desenvolvimento da economia local e a criação de condições de empregabilidade”. Segundo uma nota de imprensa da Câmara de Albergaria-a-Velha, os apoios traduzem-se na atribuição de uma bolsa de incentivo, através de um subsídio anual não reembolsável no montante de três mil euros, e um apoio a serviços externos de mil euros. Os projetos beneficiam ainda de apoio em áreas como contabilidade e design ou consultoria financeira. “Além dos incentivos financeiros, os empreendedores podem candidatar-se a um espaço na Incubadora de Empresas que integra a rede nacional desenvolvida pela Startup Portugal”, acrescenta. A autarquia revela que aquele equipamento municipal aloja atualmente cerca de 33 empresas incubadas, de forma física ou virtual.

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Por oposição, diz existirem “muitas razões” que sustentavam a sua não revogação, nomeadamente: “a elaboração do Plano foi manipulada para servir os interesses de um privado e não o interesse público”; “o Plano expropriou os direitos construtivos da família Boia, sem indemnização, e é, por isso, um esbulho indecente e criminoso de outros interesses privados legítimos, que se arrastará pelos tribunais”; “o Plano prevê construção em terrenos do domínio público municipal e implica nessa medida uma alienação forçada, que foi ocultada da Assembleia Municipal”; “as entidades que foram consultadas manifestaram reservas em relação à cércea e à volumetria”; “a cércea prevista é mais do dobro da cércea existente no local”; “a volumetria prevista para o hotel é gritantemente desproporcional e esmagadora, o impacto paisagístico na imagem de Aveiro é desastroso”; “no processo de consulta pública, todas as opiniões apresentadas foram contra o Plano”. O ex-candidato procurou também desmontar os argumentos usados pelo presidente da Câmara na última reunião. Primeiro, por ter dito que “Aveiro precisa de um hotel de cinco estrelas”, Alberto Souto responde que “não há sequer nenhuma garantia que o hotel venha a ter cinco estrelas”, porque isso é decidido pelo próprio investidor. Ainda no mesmo sentido, Alberto Souto diz que é “excelente” que se queira investir num hotel de cinco estrelas, “mas nos locais apropriados que o interesse público defina”. Depois, por Luís Souto ter dito que há “o risco de perdermos o hotel para outras cidades”, o socialista argumenta que “Aveiro perde muito mais se se desfear com aquele mostrengo, do que se promover oferta hoteleira com qualidade urbanística”. Por fim, atira também ao autarca por ter dito que não houve “evolução das condições ambientais, económicas, sociais e culturais” desde a aprovação do Plano de Pormenor, em setembro - algo que, de acordo com o artigo 127.º do Regulamento Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIT), tem de acontecer para que se possa dar a revogação. Segundo defende, “basta fundamentar a revogação na diferente composição política do novo Executivo e a deliberação já tomada de revogar o Plano de Pormenor: esse facto só por si constitui uma «evolução das condições sociais e culturais»”.