Um ano do novo Rossio: parque de estacionamento “pouco utilizado” continua a ser alvo de críticas
Há precisamente um ano inaugurava-se aquela que viria a tornar-se uma das obras mais polémicas da cidade de Aveiro: a requalificação do Largo do Rossio. Uma das grandes críticas apontadas ao projeto estava relacionada com a construção de um novo parque de estacionamento subterrâneo. A Ria procurou sair à rua para perceber o balanço do primeiro ano de inauguração do novo Rossio.
Isabel Cunha Marques
JornalistaHá mais de um ano que Márcia é lojista na zona do Rossio. Para esta comerciante a obra era “necessária”, não só para os peões como para os automóveis. “Antes era uma grande confusão… Eu via as pessoas a atravessar a rua no meio dos carros. Era bastante perigoso”, começou por recordar. Apesar de reconhecer desvantagens que o trânsito [daquela zona] se faça agora num único sentido, Márcia destacou que a empreitada veio tornar o local “mais amplo e arejado”. “No fundo, acabou por ampliar o espaço. Também se nota aqui o movimento, dado que também estamos bem situados e próximos dos moliceiros (…) As pessoas passam aqui com alguma facilidade…. Inclusive já tive pessoas que são daqui de Aveiro e que, por vezes, nos questionam há quanto tempo é que a loja aqui está porque nunca tinham reparado [nela]”, constatou.
Apesar da construção do novo parque de estacionamento subterrâneo, Márcia opta por estacionar, diariamente, o seu carro “debaixo da autoestrada” já que esta é uma zona não paga. “Trabalhar quase todos os dias e pagar [estacionamento] para mim era impensável…”, frisou à Ria. “Das poucas vezes em que lá estacionei, realmente vê-se muitos lugares vagos, ou seja, o que significa que não é muito utilizado”, lamentou. “Por exemplo, ao pé da Universidade [há uma tarifa de estacionamento] em que o dia inteiro é um euro… Francamente, o dia inteiro não acho assim tão caro… Pode-se pensar numa solução do género”, apontou.
Júlio é outro dos comerciantes que não deixou de assinalar um balanço positivo com o avanço da obra no Rossio. “O comércio beneficiou. Acho que toda a gente deve estar a pensar dessa maneira (…) Também beneficiou a parte social (…) Isto era uma zona com muitos arrumadores, muita prostituição e isso parece que desapareceu daqui…”, relembrou. No que toca ao “nível arquitetónico” da empreitada [o que incluiu também a construção do novo parque de estacionamento] caraterizou a mesma de “polémica”. “Eu era contra a obra do parque [de estacionamento] e continuo a ser. Acho que é polémico… Por causa do parque de estacionamento tiraram a parte do arvoredo. Agora isto tem sempre o lado positivo e o lado negativo... Eu pessoalmente para o comércio acho que melhorou”, opinou.
Se até agora os lojistas identificavam um maior número de pontos positivos do que negativos, para Augusta - que já está há mais de duas décadas na zona do Rossio - a empreitada não trouxe vantagens. “Está engraçada, está muito bonita, mas não tem nada de utilitária. Não era esta a solução de todo…”, frisou. “Isto está muito mal. Não sei se é o sentido de trânsito…. Qualquer coisa aqui não está a correr bem. Depois não temos sítios para parar…. Portanto, nós queremos descarregar alguma coisa e não temos”, desabafou, acrescentando que, nos dias de hoje, os seus clientes “são os turistas que andam a pé”.
“O turista que vai a Aveiro não sai dali e não faz mais do que um passeio de moliceiro”
A obra de requalificação do Rossio e da Praça General Humberto (também conhecida como Ponte-Praça), teve um custo de 20,5 milhões de euros. Um custo de mais 8,1 milhões do que estava previsto inicialmente [o custo inicial era de 12,4 milhões de euros]. Desses, 2 milhões foram comparticipados por fundos comunitários. À data de inauguração a autarquia justificou o aumento do preço da empreitada com “a guerra, a pandemia, a inflação e trabalhos complementares necessários”. A obra incluiu, entre outras estruturas, a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, a requalificação da superfície e a remodelação de toda a Ponte-Praça.
Paula Urbano Antunes, presidente da concelhia do PS-Aveiro, não tem dúvidas de que a obra do Rossio era necessária, ainda que reconheça que esta “não era a requalificação” que o seu partido proporia. Por exemplo, o PS “não proporia o parque de estacionamento pelos custos que teve e pela baixa utilização que tem… Proporia uma requalificação que pensasse o espaço de modo que os aveirenses pudessem usufruir do mesmo. Condicionaria ainda o trânsito aos moradores daquela zona... É importante que os moradores do bairro da Beira-Mar possam de facto usufruir do mesmo com alguma qualidade de vida. Retiraria dali também aquela pressão turística, mas isso só se consegue com um plano municipal para o turismo que tenha outras rotas e que tenha outros pontos de interesse devidamente identificados que não o Rossio”, criticou. “O turista que vai a Aveiro não sai dali e não faz mais do que um passeio de moliceiro”, lamentou.
Para a presidente da concelhia do PS-Aveiro, o Rossio tornou-se assim, desde há um ano para cá, um espaço pensado para “passantes” e não para quem quer usufruir dele. “Esse conforto não existe porque as árvores ainda não cresceram e esperemos que de facto cresçam em breve”, esperançou, reafirmando que era uma “requalificação necessária” ainda que, na sua opinião, o “custo benefício” da empreitada seja “negativo”. “Mas não se pode dizer que está pior porque não está… Não estava bem”, sustentou.
Concessionária do Parque de Estacionamento contraria afirmações de baixa utilização
Sobre a baixa utilização do parque de estacionamento do Rossio [descrita pelos comerciantes e pela líder socialista], a Ria contactou a empresa Telpark (Empark), que tem a concessão do espaço, bem como do parque do Mercado Manuel Firmino, que contrariou esta perspetiva e que destacou que o projeto “tem vindo a decorrer de acordo com as expectativas estabelecidas” e que “ambos [os parques] têm registado uma utilização significativa, com fluxos variados em função das dinâmicas e necessidades dos munícipes e dos turistas”. No que toca ao parque do Rossio a empresa acrescentou ainda que o “balanço é muito positivo”. “Este parque de estacionamento destaca-se pelo seu carácter multifuncional, conferindo uma mais-valia ao habitual modelo de parqueamento, ao incluir a opção de converter o espaço num local para exposições e eventos culturais. Aliás, no passado ano de 2024, ano em que Aveiro foi Capital da Cultura, o parque recebeu milhares de visitantes, quer para estacionar, quer para participar nas diversas atividades que se realizaram”, referiu.
A Ria foi, ao longo dos últimos meses, até ao Parque de Estacionamento do Rossio onde verificou que a média de carros estacionados, diariamente, era de 30/40 automóveis, aumentando este número ao fim de semana, mas raramente para números superiores à metade da lotação. Recorde-se que a lotação máxima do parque é de 222 lugares.
Fonte próxima confirmou ainda à Ria que, até ao momento, apenas por duas vezes o parque de estacionamento ficou totalmente lotado, uma no último fim de semana de outubro e outra na véspera de Natal. Também esta realidade foi contrariada pela empresa que referiu à Ria que “em várias ocasiões, o parque atingiu a sua capacidade total”, apontando como exemplo “o período em que decorreu o Europeu de Futebol, mas também noutras ocasiões não relacionadas diretamente com um evento concreto”. Sobre o tempo médio de permanência dos veículos, a Telpark garantiu que o mesmo “varia consoante o período do dia e o dia da semana”.
Ao longo dessas visitas ao Parque de Estacionamento do Rossio, a Ria verificou ainda que já há paredes e portas degradadas no espaço. Confrontada com esta realidade, a Telpark não confirmou a situação e expôs que a “segurança das nossas instalações é fundamental” e que são realizadas “inspeções regulares a todas elas, de forma a garantir a sua segurança e correta manutenção”. “Caso seja detetada alguma necessidade de intervenção ou melhoria, esta é programada e efetuada de acordo com os horários previstos, garantindo sempre a melhor experiência para os nossos clientes”, afirmou.
“O Rossio não é uma zona periférica da cidade”
Maria Miguel Galhardo, atual presidente da Ciclaveiro [uma associação que defende e promove o uso da bicicleta], defende que a obra do Rossio não acrescentou uma “mais-valia” à promoção das bicicletas, no centro da cidade, “por várias razões”. “Primeiro porque a via supostamente ciclável, alocada ao uso da bicicleta, é uma via que não está sinalizada e que não é confortável porque o piso é paralelo (…) Está desenhada sem estar segregada relativamente ao uso pedonal e, portanto, cria conflitos entre o utilizador da bicicleta e o peão (…)”, apontou, reconhecendo que a mesma “muitas vezes” está ocupada. “Ou está a ser utilizada pelos peões (…) ou para os automobilistas pararem, estacionarem e fazerem cargas e descargas para os estabelecimentos que ali existem”, observou.
Sobre a estrutura e os estacionamentos que foram colocados para as bicicletas [na zona do Rossio], a presidente da Ciclaveiro afirmou que os mesmos são uma “solução totalmente contra todas as boas práticas”. “Esta Câmara tem mais do que informação técnica sobre o que são estacionamentos seguros. Aliás, já os colocou em vários outros projetos como na Mário Sacramento (…) Ali aquelas rodas - que parecem quase umas jantes de automóveis - não dão absolutamente segurança nenhuma ao utilizador das bicicletas que a quer deixar em segurança (…)”, reconheceu.
Em jeito de balanço, Maria Miguel Galhardo recordou a posição [contra] da Ciclaveiro, desde o início, no que toca ao projeto do Rossio, realçando que o mesmo tornou “totalmente acética aquela zona da cidade”. “Uma zona onde havia muito verde e era um espaço de fruição… Em dias de pico de calor é terrível estar ali (…) Relativamente à questão prática, esta Câmara disse que aquele estacionamento subterrâneo que ali foi feito é um parque periférico… Isto é completamente incoerente, porque o Rossio não é uma zona periférica da cidade... O Rossio é o coração da cidade. Continuarmos a bombear carros e sobretudo autocarros de turismo enormes (…) a passar no coração do Rossio e da cidade não faz sentido (…)”, salientou.
Ainda sobre o parque de estacionamento subterrâneo do Rossio, a presidente da Ciclaveiro salientou que “nunca teve” fundamento e que o Rossio continua a ter “carros mal-estacionados, em cima de passeios, na zona de coexistência sem que a parte da fiscalização faça o que lhe compete (…)”.
A Ria tentou ainda obter uma reação da autarquia relativamente ao primeiro ano da obra de requalificação do Rossio, mas, até ao momento, não obteve resposta.
Recomendações
Câmara de Aveiro vai investir 2,5 ME na reabilitação da Escola Básica da Alumieira
Segundo uma nota camarária, o concurso público para a empreitada de reabilitação e ampliação da Escola Básica da Alumieira tem o valor base de 2.536.852,62 euros e um prazo de execução de 540 dias. "Esta empreitada contempla uma intervenção profunda no edifício atualmente em funcionamento, construído nos anos 40 do século XX, e que acolhe os alunos do Pré-escolar e do 1.º Ciclo do Ensino Básico", refere a mesma nota. Segundo a autarquia, o projeto de execução prevê trabalhos de requalificação global dos principais elementos estruturais e de infraestruturas da escola, incluindo a cobertura, paredes e vãos exteriores, bem como as redes de abastecimento de água, saneamento, gás, eletricidade e telecomunicações. A intervenção vai abranger também os pavimentos interiores, pinturas, equipamentos de aquecimento, componentes sanitários, entre outros. Será ainda construído um novo edifício, que permitirá colmatar valências em falta na escola, nomeadamente com a criação de um refeitório/polivalente e de uma biblioteca, reforçando a qualidade da oferta educativa e o conforto das condições de ensino para toda a comunidade escolar.
Lucinda Rigueira apresenta este sábado livro sobre linguajar do Bairro da Beira Mar
De autoria de Lucinda Rigueira, a obra literária “nasceu de uma brincadeira” como dá nota a mesma ao Diário de Aveiro. O livro pretende registar para a posteridade o “linguajar cantado” e a “musicalidade” da forma “muito caraterística do bairro” da Beira Mar, lê-se na sinopse do livro. Lucinda Rigueira é “«cagaréu» de gema”, tirou o curso de professora no Magistério Primário de Aveiro e fez o Complemento de Formação Científica e Pedagógica na Universidade de Aveiro. Agora “abre uma gaveta de memórias que a levaram a escrever ‘Conversas no linguajar do Bairro da Beira-Mar’”, lê-se na nota sobre a autora no site da editora do livro. A sessão de apresentação decorre este sábado, dia 26, no Salão Nobre dos Bombeiros Novos de Aveiro.
“Não queriam lá saias”: as barreiras que as mulheres começaram a derrubar depois do 25 de Abril
Era sábado. A conversa estava marcada para as 11h00 no pequeno ‘auditório’ da VIC Aveiro Arts House. Trata-se da antiga residência de Vasco Branco, uma figura ímpar da cultura aveirense que se evidenciou no campo das artes plásticas, no cinema e na literatura. Espaço esse que agora foi transformado em casa-museu, residência artística e alojamento local por iniciativa do neto, Hugo Branco. Começo por lhes questionar se alguma vez tinham entrado naquele auditório. Respondem-me prontamente que não. Explico que ali já haviam sido exibidos filmes censurados pelo Estado Novo. Não se mostram surpreendidas com a explicação ainda que admitam que “naquela época” não sabiam. “Para mim era uma casa, completamente, normal”, desabafa Maria do Carmo Costa que prefere que para esta conversa a chame “só” de Carmo. Provoco-as para perceber como era o cinema antes do 25 de Abril. Carmo responde-me que não tinha sequer possibilidades para tal. “Por exemplo, para ver televisão vinha da Beira-Mar. A minha tia morava aqui atrás do Teatro Aveirense numa casa que só tinha uma porta e uma janela. Era a única que tinha televisão da família”, partilha. Entre os filmes que se lembra de ver estava o dos “Dez Mandamentos”. Só mais tarde, quando começou a trabalhar, é que se recorda de pedir à sua mãe se podia ir ao cinema, durante o fim de semana, “à sessão da tarde”. “Havia uma seleção muito grande relativamente a idades. Eu lembro-me que tinha 11 anos e fui ver um filme para 12 anos. Na altura, fui com a minha prima. Como eu era mais alta do que ela - apesar de ela ter 15 anos - acabou por não entrar e ficou na porta”, conta. “Só depois do 25 de Abril é que começou a haver assim coisas diferentes”, reforça. Eugénia partilha da mesma ideia e refere que “aos 14 anos” os filmes que se recorda de ver eram também “muito aqueles filmes bíblicos, históricos e a música no coração”. Apesar de ter televisão em casa refere que aquilo girava à volta “do canal um e do canal dois”. Rosa diz-nos também que “nunca teve nada disso” e que ir ao cinema era “uma coisa excecional porque os bilhetes não eram acessíveis a toda a gente”. “Para quem tinha televisão, realmente, era a fuga”, aponta. “Recordo-me que havia filmes que passavam em determinadas épocas, anos seguidos e lembro-me de um filme que passava sempre, na altura da Páscoa, que era o “São Francisco de Assis”. Nós já não podíamos ver aquele filme… Um dia vai uma locutora com um ar muito pesaroso informar que o filme tinha sofrido um acidente e tinha ardido. Bem, a malta mais nova levantou-se toda a festejar”, conta com uma gargalhada. Partilha ainda uma “situação particular” passada pelo seu marido. “O meu sogro era amigo do senhor que projetava filmes no Cinema Avenida. E, portanto, eles tinham entrada facilitada para a cabine de projeção. Havia uma fita original e eles recebiam instruções para cortar determinadas coisas. (…) Uma cena em que houvesse um beijo ou um contacto físico mais próximo tinha de ser tudo cortado porque eles estavam sujeitos aquelas regras”, partilha. “O meu marido e os meus cunhados contam que um dos divertimentos que tinham era antes de aquilo ser queimado poderem ver essas cenas”, relembra com uma risada. Face a estas partilhas, pedi a cada uma destas mulheres que se identificasse. Eugénia responde prontamente que é da “Mamarrosa, concelho de Oliveira de Bairro”. Contra todas as expectativas, Rosa partilha que é de Aveiro e que nasceu “muito pertinho desta casa”. “Aliás, este sítio onde estamos é uma referência importante para mim”, assegura com um sorriso evidente no rosto. Diz que cresceu e brincou numa praceta com os filhos de Vasco Branco. “Era muito criança… Depois perdemo-nos pela vida fora, não é? Mas lembro-me perfeitamente de o pai ser uma pessoa diferente dos homens daquela época. (…) Para nós crianças tinha uma atitude gira, solta que os homens naquela altura não tinham muito”, partilha. Aos oito anos, Rosa conta ainda que foi viver para a aldeia da sua mãe em “Frossos, concelho de Albergaria-a-Velha” e que regressou a Aveiro, “dois anos depois”, quando começou a estudar. No caso de Carmo partilha que até aos nove anos cresceu no Brasil, “em Leblon”. Refere, com um especial brilho nos olhos, que apesar de também lá ter vivido a ditadura era muito mais “soft” do que em Portugal. “Nós também éramos imigrantes, não vivíamos tanto o que se passava por lá”, explica. Entretanto, o pai falece e ela, o seu irmão mais pequeno e a mãe acabam por regressar a Portugal já que esta era natural do Bairro da Beira-Mar [em Aveiro] e era professora. Carmo acabou por vir de Leblon para Ouca e mais tarde para Aveiro onde estudou na “Vera Cruz”. “A professora primária todos os dias me batia porque queria-me fazer tão boa a português como era a matemática… E escrevia em brasileiro. Passei horrores. Cheguei a ter vómitos e diarreia na hora de ir para a escola”, confidencia. Mais tarde, um dos seus tios acabaria por a colocar num colégio interno, no Porto. Do Porto regressou a Aveiro tendo passado também por Águeda. “Andei por aí…Agora é que estou aqui para sempre”, resume com uma risada ainda que admita que, até aos dias de hoje, o seu sonho era morar no Alentejo. Para esta conversa pedi a cada convidada que trouxesse um objeto que as fizesse recordar o período do 25 de Abril. Eugénia trouxe um rádio azul da marca Panasonic, que tinha vindo diretamente dos Estados Unidos e uma caneca onde se lia “25 de abril sempre”, juntamente, com um cravo. No dia 25 de abril, Eugénia tinha 14 anos. Descreve-se como “aquela geração que só teve noção da ditadura depois dela ter terminado”. Sobre o rádio que trouxe – que tinha a forma de um telefone - partilha que foi onde ouviu a emissão. Na altura, encontrava-se no colégio de freiras Sagrado Coração de Maria, na Avenida Lourenço Peixinho, numa aula de português com o “professor Mário Rocha”. “Lembro-me perfeitamente de estar na fila ao lado da janela e de ver os aviões todos a sobrevoar”, relembra. Durante a aula, o professor perguntou se alguém tinha um rádio e Eugénia respondeu que “sim”. Naquele dia, foi buscá-lo e relata que o estiveram a ouvir “toda a manhã”. “O rádio ficou porque este Panasonic que veio dos Estados Unidos, no Natal, foi a nossa ligação ao mundo, nesse dia, se bem que a maior ligação foi o testemunho de pessoas com o doutor Mário da Rocha”, aponta enquanto olhava para o rádio com um sorriso. “Eu acho que ele o quis ouvir mais do que nós. Na altura, nós não estávamos a perceber o que ele queria ouvir. Mas ele sabia…”, reflete. Sobre o que ouviu naquele dia? Eugénia responde que se lembra “perfeitamente” de começarem a surgir “aqueles comunicados do Movimento das Forças Armadas (MFA)” e de uma música de fundo “sem letra”. “Apelava à serenidade e que estava controlado. (…) Fazia-nos logo ficar em silêncio”, descreve. “E, para além disso, foi [a música] do ‘Depois do Adeus’ que nesse dia também acho que nos marcou”, continua Eugénia. Rosa já tinha 20 anos quando se deu o 25 de Abril. Ao contrário de Eugénia optou por não trazer uma memória daquele dia, mas sim uma fotografia da “carta de serviço” da Escola de Socorrismo da Cruz Vermelha Portuguesa. Pergunto-lhe o porquê. Responde-me, imediatamente, que a “condição da mulher antes do 25 de Abril era repleta de constrangimentos e restrições”. “No pós 25 de Abril (…) surgiu a hipótese de eu fazer um curso de primeiros socorros. Como ia ser professora achei que era uma coisa que podia ser útil. (…) A coisa correu-me muito bem e propuseram-me, no final, que fizesse um curso de formadora. Eu alinhei”, conta. Quando terminou o curso Rosa diz que começou a fazer formação em vários locais como na “GNR” ou nos “quartéis”. “Mas isto de fazer formação… A gente quer é pôr a mão na massa. Juntámo-nos quatro raparigas e fomos à corporação de bombeiros, onde tínhamos feito estes três meses de estágio nas ambulâncias. Ora, se nós tínhamos servido durante três meses para responder às necessidades das ambulâncias, provavelmente, podíamos dar jeito às corporações… E lá fomos”, relata. Na altura, acabaram por receber uma resposta que as “dececionou imenso”. “Disseram-nos que não queriam lá saias”, descreve com tristeza. No entretanto, Rosa, juntamente, com as suas “quatro” colegas ainda tentou “rebater” a decisão, mas sem sucesso. “Não conseguimos. Como havia outra corporação [a dos Bombeiros Novos] fomos lá e, curiosamente, fomos recebidas de braços abertos. Foi espetacular”, exprime. Apesar de terem sido aceites nesta corporação, Rosa Gadanho conta que, na altura, os estatutos dos Bombeiros Novos ainda não contemplavam a figura feminina. “Não havia mulheres nessas coisas. Nem nessas, nem outras. E, portanto, arranjaram um subterfúgio nos estatutos e disseram-nos que nós ficaríamos a pertencer a uma coisa que se chamava corpo auxiliar… Nós não gostávamos muito de ser só auxiliares, mas pronto era o que era e não conseguíamos ultrapassar isso”, salienta. Mesmo assim, Rosa conta que acabou por fazer a recruta exatamente “como fizeram os outros” e que começou a “sair” para o campo. “O serviço de ambulâncias começámos logo a fazer. Os incêndios foi depois mais tarde porque não tínhamos ainda competência para atuar. Íamos como suporte para as ambulâncias, mas não passamos muito disso”, diz. “Pessoalmente, foi uma escola de vida para mim, porque contactei com pessoas variadíssimas, homens, com quem normalmente nós não trocávamos, que eram operários em fábricas e que alimentavam os bombeiros voluntários”, recorda Rosa. Ao ouvir a história de Rosa, Eugénia lembra automaticamente: “Quando disseste que eles se mostraram muito conservadores… Eu não me esqueço que quando entrei na universidade aqui, em Aveiro, em 1978, houve um professor de um dos cursos mais masculinos que, perante uma aluna, perguntou-lhe se ela não devia estar em casa a coser meias”. Para esta conversa, Carmo trouxe um conjunto de fotografias suas (quase) todas a preto e branco. Umas de quando era mais nova, outras de quando já era mais velha. “Há aqui umas fotografias a preto e branco que são as primeiras. Para mim são as mais coloridas porque foi a fase em que vivi no Brasil, tinha os meus pais, etc”, começa por explicar enquanto revê uma por uma. “No Brasil era uma ditadura militar, mas tínhamos uma moradia com casa de banho… Chego aqui e não tenho uma casa de banho. Quer dizer, a casa de banho era o fundo do quintal… À mesa era uma bacia grande e toda a gente picava da mesma”, recorda. À medida que a conversa ia decorrendo, Carmo repara ainda, ao observar as fotografias a preto e branco, para a forma como as mulheres se vestiam naquela altura: “Todas vestidas de preto…. E a minha mãe que tinha ficado viúva foi obrigada a vestir-se de preto. Nós vimo-nos gregos, eu, o meu irmão e a família, para que ela pusesse uma cor. Quando pôs uma cor foi uma blusa, branquinha com os riscos pretos... Ela dizia-me: ‘ai não porque as pessoas vão falar mal porque eu sou viúva’, expõe. No 25 de Abril, Carmo estava prestes a completar 21 anos em junho. Já era professora em Estarreja. Nesse dia, recorda que o marido, engenheiro em Águeda, saiu de casa “de manhã cedo”, enquanto ela, com aulas apenas às nove, aproveitou para descansar um pouco mais. “Liguei o rádio e deixei-me estar…Música clássica que eu adoro e estava a ouvir e de repente começou a tocar o ‘Grândola’. Eu perguntei-me como é que era possível? Isto está proibido….”, consta. Do locutor de rádio lembra, de forma particular, a palava “revolução”. “Epá, levantei-me, fui para a rua saber o que é que se passava, porque já estava a praça em Estarreja cheia porque nós não sabíamos o que se passava… Revolução, ouço a palavra revolução… Aquilo mexia um bocadinho connosco”, salienta. A 25 de abril de 1975, um ano após o derrube da ditadura, foram realizadas as primeiras eleições livres, por sufrágio direto e universal. Foram as “mais concorridas e participadas eleições da história da democracia portuguesa, com uma afluência de 92% dos cidadãos recenseados, sendo a primeira vez na história em que todos os portugueses, mulheres e homens, maiores de 18 anos tinham o direito de voto”. No ano em que se assinalam os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal, Rosa, Eugénia e Carmo partilham o descontentamento que sentem ao ver as altas taxas de abstenção de atualmente. “Aquilo era uma conquista para os mais velhos, mas para os mais novos também era o princípio de qualquer coisa”, exprime Rosa enquanto recorda um episódio de quando ainda era bombeira. “Eu lembro-me que houve umas eleições [a seguir às primeiras livres] em que eu passei o dia a transportar gente para ir votar (…). Ninguém ficava em casa. Toda a gente queria ir votar… Nós tínhamos de nos virar e levá-los. Eu fui votar cinco minutos antes das urnas fecharem”, relembra. “Era assim. Não havia abstenção… Isso é que é o pior partido: é a abstenção”, concorda, prontamente, Carmo destacando que na sua casa “toda a gente vai votar, obrigatoriamente”. “Eu fui obrigada a pôr a cruz onde não queria”, revela. “Eu vou lá nem que seja para desenhar um bonequinho das caldas… Eu vou. Se as pessoas forem todas votar, se a abstenção não fosse tão grande, pelo menos, a gente dizia que as taxas estão a virar. Assim, a gente não sabe. Estão amorfos”, reforça Carmo. “Assim a legitimidade é sempre questionável. E eu posso sempre dizer que não fui eu que contribui para isto”, finaliza Eugénia. Foi da memória viva do avô - um jovem enviado para a Guerra do Ultramar aos 19 anos - que nasceu a vontade de criar um projeto que desse voz às histórias silenciadas do passado. “O meu avô foi para a Guerra do Ultramar com 19 anos, e eu quando tinha 19 anos não conseguia sequer estrelar um ovo sozinho em casa”, partilha Bernardo Afonso Vicente da Associação Agora Aveiro. “Ele esteve, inclusive, numa operação militar que está bem documentada, que é a Operação Tridente, na Ilha do Como”, recorda. A partir dessa ligação pessoal e da vontade de assinalar os 50 anos da Revolução dos Cravos nasceu um projeto que une a preservação da memória à valorização do papel feminino na sociedade portuguesa no pós-25 de Abril. “Se é importante a perspetiva do homem que foi ao Ultramar e do político que ficou em Lisboa, também é importante a perspetiva da mulher que não foi ao Ultramar”, frisa Bernardo. Assim, nasceu o livro “Histórias Cravadas - As conquistas das mulheres no pós 25 de Abril”. Eugénia Pinheiro, Rosa Gadanho e Maria do Carmo Costa [com quem a Ria conversou] foram três das 11 mulheres da comunidade aveirense que deram vida a esta obra. O projeto “que começou no ano passado” culminou com o lançamento oficial do livro, no passado dia 6 de abril, na FNAC Aveiro e com uma exposição fotográfica que já passou por diversos espaços culturais da região, incluindo o Museu de Santa Joana. “No fundo, eu acho que (…) o que é realmente interessante aqui é alguém poder pegar neste livro (…) e fazer uma introspeção para: e a minha avó? E o meu avô?”, esperança Bernardo Vicente. Mais do que um exercício de memória histórica, a obra procura fomentar o diálogo intergeracional. “Estas histórias estão a acabar (…) É preciso ir atrás destas histórias e recordá-las desta forma, acho que é incrível, para as senhoras, para nós, para todos os envolvidos”, reflete. O livro está disponível por “12 euros” e pode ser encomendado diretamente à associação através das redes sociais ou do site oficial da Agora Aveiro. Recorde-se ainda que, em abril, a Agora Aveiro lançou uma curta-metragem que deu voz a este projeto no largo da Capela de São Gonçalinho, em Aveiro.
Câmara de Aveiro assinou protocolos com os Bombeiros num investimento de mais de 400 mil euros
Os protocolos assinados no valor total superior a 404 mil euros com a Associação Humanitária de Bombeiros Guilherme Gomes Fernandes – Bombeiros Novos de Aveiro, e a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Aveiro – Bombeiros Velhos de Aveiro pretendem assegurar “um patamar de contínua estabilidade e de trabalho em parceria (…), garantindo que não é pela relação com a CMA que surgem dificuldades na gestão das operações”, deu nota a autarquia, através de nota enviada às redações. O apoio traduz-se num investimento de 210.425,47€, incluindo 15.000€ destinados à delegação de São Jacinto, para os Bombeiros Novos, e de 193.574,53€ para os Bombeiros Velhos. A CMA assinou ainda protocolos para comparticipar a aquisição de duas viaturas de combate a incêndios florestais, “num investimento total de 80.000€, financiado através do Portugal 2030 e com cofinanciamento adicional da CMA de 40.000€ por viatura”, dá nota a CMA. A autarquia destaca ainda “o apoio financeiro de 215.000€” destinado às “quatro Equipas de Intervenção Permanente (EIP) em operação no Município”.
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Mealhada investe cerca de 1,3 ME na requalificação de duas zonas centrais
Em comunicado, a Câmara Municipal da Mealhada informou que foi aprovada a adjudicação da requalificação do Largo do Areal e ruas circundantes em Ventosa do Bairro, uma obra que ultrapassa os 370 mil euros. Foi ainda aprovado o lançamento do concurso para a requalificação urbana da Zona Central de Antes, com um preço base de 940 mil euros. Segundo esta autarquia do distrito de Aveiro, a requalificação do Largo do Areal e ruas circundantes em Ventosa do Bairro terá um prazo de execução de seis meses. “A intervenção visa a requalificação urbana do espaço público, através da renovação da pavimentação, refuncionalização de praça com criação de acesso a pessoas com mobilidade reduzida e/ou condicionada, sinalização, reformulação do sistema de drenagem pluvial e criação de espaços verdes”, referiu. Já a intervenção a realizar na Zona Central de Antes, que inclui o prolongamento da Rua da Portaria, terá um prazo de execução de um ano. “A criação de uma via de coexistência, para privilegiar os peões e a regulação do estacionamento, são algumas premissas desta obra, conjugadas com o acautelar da realização das festas anuais no centro da localidade”, indicou.
Câmara de Aveiro vai investir 2,5 ME na reabilitação da Escola Básica da Alumieira
Segundo uma nota camarária, o concurso público para a empreitada de reabilitação e ampliação da Escola Básica da Alumieira tem o valor base de 2.536.852,62 euros e um prazo de execução de 540 dias. "Esta empreitada contempla uma intervenção profunda no edifício atualmente em funcionamento, construído nos anos 40 do século XX, e que acolhe os alunos do Pré-escolar e do 1.º Ciclo do Ensino Básico", refere a mesma nota. Segundo a autarquia, o projeto de execução prevê trabalhos de requalificação global dos principais elementos estruturais e de infraestruturas da escola, incluindo a cobertura, paredes e vãos exteriores, bem como as redes de abastecimento de água, saneamento, gás, eletricidade e telecomunicações. A intervenção vai abranger também os pavimentos interiores, pinturas, equipamentos de aquecimento, componentes sanitários, entre outros. Será ainda construído um novo edifício, que permitirá colmatar valências em falta na escola, nomeadamente com a criação de um refeitório/polivalente e de uma biblioteca, reforçando a qualidade da oferta educativa e o conforto das condições de ensino para toda a comunidade escolar.
Apesar das novas regras da AAUAv, barraquinhas do Enterro continuam com 'cariz sexual explícito'
São cerca de 30 as barraquinhas que foram aprovadas pela direção da AAUAv e a maioria estava ontem ainda em processo de construção. As decorações foram preparadas pelos estudantes e dirigentes dos núcleos da AAUAv, maioritariamente, nas semanas anteriores e são agora transportadas para o recinto. O espaço estava ontem repleto de estudantes: uns sentados no chão a pintarem decorações, outros pendurados a fixarem partes das estruturas e outros a correrem de um lado para o outro com latas de tinta, spray e lonas decorativas. As 11 horas de sábado, dia 26, são o prazo limite para que os preparativos estejam concluídos, dado que o Enterro arranca na noite desse mesmo dia. Em frente ao palco, do lado direito, um grupo de estudantes sujos com tinta pintava tábuas de madeira de preto e vermelho. Já no local estava também instalada a máquina de finos. Trata-se da barraquinha do Núcleo de Estudantes de Engenharia Civil, que se apresenta com o tema “All In Civil”. Inspirada no universo do poker e dos jogos de casino, a proposta convida os visitantes a “apostarem tudo na barraca de Engenharia Civil”, explica David Nogueira, coordenador do Núcleo. Os estudantes deste curso foram, talvez, dos mais ‘afetados’ pelas novas regras impostas pela AAUAv, já que este ano ficaram impedidos de manter uma tradição do curso: oferecer um shot a quem mostrasse os seios na barraquinha. Apesar da expectativa de contestação, face à polémica gerada nas redes sociais, os membros do núcleo mostraram-se compreensivos com a decisão, revelando que era algo que já havia sido ponderado anteriormente. “Foi o empurrão final que precisávamos para acabar com a tradição”, admitiram, visivelmente constrangidos ao serem confrontados com o tema. Os dirigentes deste núcleo reconheceram a pertinência das medidas, apontando como exemplo recente as acusações dirigidas a dirigentes estudantis da Universidade do Porto, por alegadamente filmarem e partilharem vídeos de colegas sem autorização. Estes casos também serviram, segundo referem, para justificar a posição adotada pela AAUAv. Ainda assim, para alguns estudantes, como Tânia Fernandes, do Núcleo de Estudantes de Engenharia Química, as medidas impostas pela Associação estão a ser um tema “muito sensível”. “Acho que o problema não foi «há uma censura», o problema foi perceber até onde essa censura vai, porque não ter caráter sexual explícito e que apela à violência, acho que é um bocado relativo (…), no sentido que ninguém sabia até onde é que essas limitações iam, mas eu acho que não está assim tão mau - não foram impostas tantas limitações quanto isso pelas barracas que estão aqui, inclusive a nossa”, frisa a estudante. Também Joana Cabral, vice-coordenadora do Núcleo Associativo de Estudantes do Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (NAE-ISCA), contou à Ria que foi alertada pela direção da AAUAv para a possibilidade das decorações da sua barraquinha terem de ser alteradas. O tema escolhido — “Iscanal” — representa “um canal televisivo (…) a fazer referência também ao Pornhub [site de pornografia], mas tentando seguir o regulamento que foi imposto pela AAUAv este ano”. Regulamento esse que a estudante considera “não estar muito explícito”. “Tivemos o nosso tema aprovado e fizemos as nossas decorações, já falamos com pessoas da AAUAv, não disseram nada e agora que já está montado e já está na barraca, estão a ver soluções para ou nós tiramos isto ou temos de o alterar, é chato”, lamenta Joana. A estudante acrescenta que, durante o dia de hoje, 25 de abril, teve de tapar um dos elementos decorativos da barraquinha: uma boneca colocada na parte superior da estrutura, com as pernas abertas e o logótipo do núcleo a cobrir a zona genital. Joana refere ainda que cerca de 160 dos 400 autocolantes impressos pelo núcleo não poderão ser distribuídos, sublinhando o investimento feito, que não terá agora o retorno inicialmente previsto. Outra barraquinha que parece tentar fugir às regras definidas pela direção da AAUAv e apresenta elementos decorativos de cariz sexual explícito é a dos estudantes de Ciências Biomédicas. O tema — “Just Lap Dance” — brinca com a identidade visual do jogo Just Dance. Enquanto alguns estudantes falavam com a Ria, outros penduravam nas paredes da barraquinha pinturas de posições sexuais, numa adaptação das figuras que, no jogo, ilustram a coreografia a ser seguida pelos jogadores. “Seguimos um tema que não fosse muito explícito, mas que desse para ir também de encontro ao que os nossos estudantes estão à espera”, reparam. Em declarações à Ria, Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv admite que o regulamento trata “uma zona muito cinzenta” e sublinha que “existirão sempre melhorias a fazer”. “No entanto, é sempre preciso dar o primeiro passo e cometer os primeiros erros para que depois eles possam ser alterados”, frisa a dirigente associativa. Relativamente à existência de decoração explicita nas barraquinhas, Joana Regadas aponta que acredita “que todos conseguimos depreender aquilo que cariz sexual explícito significa”, sublinhando que se algo não estiver em conformidade com os regulamentos vão ser encontradas soluções. “O que nós sempre aconselhamos foi que, em caso de dúvidas, enviem para a Comissão Executiva da Semana do Enterro (CESE), que a CESE avalia, explica e clarifica a questão em si”. A dirigente recorda ainda que a alteração ao regulamento já estava prevista desde a realização do último Integra-te e acredita que toda a estrutura está alinhada e entende “qual é que pode ser o nosso papel em modificar aquilo que tem sido uma crescente de notícias negativas e de posições negativas face a todas estas questões”. Para o futuro, a dirigente espera que “as coisas possam ser melhoradas na base de feedback e da crítica construtiva”.
AAAUA atribui título de Sócio Honorário a João Veloso
Pedro Oliveira, presidente da AAAUA apresentou a proposta da direção considerando-a como “justa e merecida”. “O professor João Veloso, fruto da revisão estatutária concretizada em 2023, tornou-se o 1.º sócio extraordinário da AAAUA, sendo o seu sócio n.º 3113. Acresce o constante apoio e a participação ativa que tem mantido para com a Associação e a dinâmica empreendida, concomitantemente com a análise prospetiva e estratégica que desenvolvemos sobre a Comunidade alumni da UA relativa ao seu fortalecimento e desenvolvimento continuo, trabalho realizado designadamente como membro do Conselho Consultivo da AAAUA”, salienta o dirigente da associação dos antigos estudantes. João Filipe Calapez de Albuquerque Veloso é vice-reitor para a Cooperação da Universidade de Aveiro desde 2020, instituição onde é também professor catedrático. É doutorado em Física Tecnológica pela Universidade de Coimbra (2000) e conta no seu currículo com títulos como o de coordenador do Laboratório Associado I3N-Aveiro, membro do Conselho Científico da UA, diretor do Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica e soma a autoria em várias publicações científicas. João Veloso aponta que é “uma honra acrescida receber o título que agora a AAAUA me atribui”, destacando que “a Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Aveiro tem tido nos últimos anos um papel marcante na dinamização da rede alumni UA, contribuindo significativamente para a sua revitalização”.