Liga Contra o Cancro angariou mais de 1,9 milhões de euros
A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) angariou mais de 1,9 milhões de euros no peditório deste ano, um aumento de 17% relativamente ao ano passado, e contou com a ajuda de 20.000 voluntários.
Redação
Em declarações à agência Lusa, o presidente da LPCC, Vítor Veloso, explicou que o aumento no valor angariado este ano (1.916 943€) é de 17%, manifestando a satisfação da Liga com a solidariedade de quem contribuiu neste peditório, que decorreu ao longo de novembro.
O responsável sublinhou que o sucesso desta iniciativa irá repercutir-se na vida das pessoas apoiadas pela instituição e que o valor deste ano “representa um apoio muito maior por parte da população portuguesa”, juntamente com uma grande mobilização de voluntários.
No peditório de 2023, a LPCC tinha angariado 1.633.944€, valor que se converteu no acompanhamento de 17.864 doentes através da compra de medicamentos, próteses, transporte para consultas e tratamentos, e ainda o pagamento de renda de casa, de eletricidade, de água e de alimentação dos doentes mais carenciados.
Vítor Veloso destacou que parte do valor angariado é também utilizado em bolsas de investigação para jovens e para estágios de curta, média e longa duração no campo de oncologia.
“No ano passado existiram 15.154 consultas gratuitas de psicologia, o que dá conta que há um envolvimento cada vez maior dos nossos doentes em relação às consultas e necessidade das consultas de psico-oncologia”, adiantou o presidente da LPCC.
Também no ano passado foi possível realizar o diagnóstico precoce de cancro de pele e da cavidade oral; detetaram 9.914 situações em que existia um diagnóstico de probabilidade de cancro; acompanharam 6.800 doentes em centros de dia e 310 em lares.
A Liga realizou ainda em 2023 ações de sensibilização que envolveram 367.667 alunos, 2.406 profissionais de saúde, realizou 27 conferências e 30 campanhas de prevenção.
Sobre o aumento de pedidos de apoio à instituição que se verificou este ano, o presidente afirmou que: “Não há dúvida nenhuma que a incidência do cancro continua a aumentar, mas há algo positivo, também se focaliza mais nos cancros iniciais. Por outro lado, verificamos que há, do ponto de vista económico-social, um maior número de doentes que nos procuram”.
O peditório deste ano contou com a ajuda de cerca de 20 mil voluntários, devidamente identificados, que estiveram a pedir junto de cemitérios, de igrejas, grandes superfícies, e também nas principais ruas e avenidas das cidades do país.
Portugal mantém uma alta incidência de cancro, com mais de 69.000 novos diagnósticos registados em 2022, segundo o Global Cancer Observatory da Organização Mundial de Saúde.
O cancro permanece como uma das principais causas de morbilidade, incapacidade e mortalidade no país, afetando as várias dimensões da vida dos doentes, famílias e sociedade.
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Maria Teresa Horta na lista da BBC das 100 mulheres mais influentes e inspiradoras
A escritora e jornalista portuguesa é descrita como "uma das feministas mais proeminentes de Portugal e autora de muitos livros premiados" destacando as "Novas Cartas Portuguesas", escrito em coautoria com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. O livro no qual as autoras denunciavam as opressões a que as mulheres eram sujeitas, no contexto da ditadura, da violência fascista, da guerra colonial, da emigração e da pobreza que dominava o país, foi banido e censurado pelo regime. A proibição daquela obra pelo governo autoritário no ano da publicação, em 1972, e o julgamento do processo conhecido por "Três Marias", por alegada ofensa à moral pública, segundo os padrões da censura, "fez manchetes e inspirou protestos em todo o mundo", escreve a BBC. O impacto internacional da obra deu-se logo pouco depois da sua divulgação em França pela escritora Simone de Beauvoir, e pelo conhecimento público do processo de que as “Três Marias” estavam a ser alvo, com a cobertura do julgamento feita por meios de comunicação internacionais (entre os quais Le Monde, Time, The New York Times, Nouvel Observateur e televisões norte-americanas), manifestações feministas em várias embaixadas de Portugal no estrangeiro e a defesa pública da obra e das autoras por várias personalidades internacionais, como Marguerite Duras, Doris Lessing, Iris Murdoch e Delphine Seyrig. Estas ações fizeram com que o caso fosse votado, em junho de 1973, numa conferência da National Organization for Women (NOW), em Boston, como a primeira causa feminista internacional. O caso foi simbólico na queda do regime pela Revolução de 25 de Abril de 1974, a qual celebrou este ano o 50.º aniversário, recorda hoje a BBC. A lista “BBC 100 Women” deste ano inclui nomes de pessoas mais conhecidas, como a atriz norte-americana Sharon Stone, a artista britânica Tracey Emin, a sobrevivente do caso de violação em França Gisèle Pelicot e a iraquiana Nadia Murad, vencedora do Prémio Nobel da Paz. As brasileiras Lourdes Barreto, ativista pelos direitos das prostitutas, e a ginasta Rebeca Andrade e a bióloga Silvana Santos também estão na lista, que teve em conta a imparcialidade e a representação regional. A BBC salienta que, ao longo do ano, as mulheres “tiveram de se esforçar muito” para encontrar novos níveis de resiliência e enfrentaram “conflitos mortais e crises humanitárias” em Gaza, no Líbano, na Ucrânia ou no Sudão e testemunharam a “polarização das sociedades após um número recorde de eleições em todo o mundo”. A equipa do BBC 100 Woman elaborou a lista com base em nomes recolhidos através de pesquisas e sugeridos pela rede das 41 equipas linguísticas do Serviço Mundial da BBC, bem como pela BBC Media Action, e todas as protagonistas femininas deram o seu consentimento para aparecerem, que não são apresentados por uma ordem específica. A escritora portuguesa Maria Teresa Horta tem sido amplamente premiada ao longo da sua carreira literária, destacando-se, só nos últimos anos, o Prémio Autores 2017, na categoria melhor livro de poesia, para “Anunciações”, a Medalha de Mérito Cultural com que o Ministério da Cultura a distinguiu em 2020, o Prémio Literário Casino da Póvoa, que ganhou em 2021 pela obra “Estranhezas”, e a condecoração, em 2022, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade. Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi dirigente do ABC Cine-Clube, militante ativa nos movimentos de emancipação feminina, jornalista do jornal A Capital e dirigente da revista Mulheres. Como escritora, estreou-se no campo da poesia em 1960, mas construiu um percurso literário composto também por romance e conto. Com livros editados no Brasil, em França e Itália, Maria Teresa Horta foi a primeira mulher a exercer funções dirigentes no cineclubismo em Portugal e é considerada um dos expoentes do feminismo da lusofonia.
Desempenho de alunos portugueses a Matemática “é catastrófico"
Mais de cinco mil alunos de escolas portuguesas realizaram, no ano passado, a bateria de testes do Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), obtendo 475 pontos em 1.000 nas provas de Matemática, o que representa uma descida de 25 pontos em relação aos resultados obtidos nos testes anteriores, realizados em 2019. “O [resultado no] 8.º ano é catastrófico. Se fizermos uma média internacional há uma descida de apenas oito pontos, enquanto nós descemos 25 pontos. Numa escala de zero a mil pode parecer pouco, mas é uma descida muito violenta”, alertou Filipe Oliveira, professor associado do ISEG - Universidade de Lisboa, durante a apresentação dos resultados do TIMMS 2023, que decorreu hoje no Teatro Thalia, em Lisboa. O matemático analisou a evolução dos restantes países à procura de “descidas piores no mundo” e só encontrou “o Cazaquistão, a Malásia, o Bahrein, Israel e os EUA”, já que “no espaço europeu não há nada que se compare com os resultados” portugueses. Comparando apenas os resultados obtidos no ano passado pelos alunos dos 44 países e três economias que realizaram as provas de 8.º ano do TIMMS 2023, Portugal surge em 26.º lugar a Matemática e 17.º a Ciências, numa tabela que volta a ser liderada por Singapura, com 605 pontos a Matemática e 606 pontos a Ciências. Em Portugal, apenas 4% dos alunos do 8.º ano tiveram um desempenho de excelência a Matemática, por oposição a 19% dos estudantes que não conseguiram atingir os objetivos mínimos na bateria de testes. O TIMMS avaliou também os conhecimentos dos alunos do 4.º ano, onde o problema não é tão grave: Quase um em cada dez alunos do 4.º ano (9%) não conseguiu atingir os conhecimentos mínimos a matemática. No entanto, também entre os alunos do 4.º ano se registou um agravamento dos resultados quando comparados com as notas obtidas nas provas realizadas em 2019. Para o professor associado do ISEG, é preciso olhar “para o que se passou desde 2015”, quando se inverteu a tendência gradual de melhoria dos resultados dos alunos portugueses a praticamente todas as provas internacionais. “O que explica este pico é uma longa história, que começa nos anos 90, quando não fazíamos ideia de como nos comparar com o resto do mundo”, defendeu Filipe Oliveira. Nessa altura, recordou, o Governo português decidiu começar a participar em provas internacionais, mas perante os maus resultados dos seus alunos decidiu que “a estratégia a adotar era deixar de participar”. Na mudança de século, começou a haver “um grande esforço dos governos, quer socialistas quer da direita” em participar nas provas internacionais que permitissem fazer comparações com os outros países, mas também começaram a realizar provas de aferição para avaliar o conhecimento dos portugueses no final dos ciclos. “Em 2015, acabaram as provas em final de ciclo, em circunstâncias bastante inéditas”, lamentou o matemático, referindo-se à substituição por provas de aferição a meio dos ciclos. A esta mudança, Filipe Oliveira apontou ainda um “caos curricular”, em que “as metas não se coadunavam com as aprendizagens”, e o fim da certificação dos manuais em 2015, quando “os manuais escolares deixaram de ser revistos”. “A descida de 25 pontos na Matemática do 8.º ano deve-nos preocupar e devemos tirar algumas implicações”, afirmou por seu turno o ministro da Educação, Fernando Alexandre, que participou na apresentação dos resultados do estudo internacional de forma remota, por se encontrar num evento na Universidade de Aveiro. Fernando Alexandre mostrou-se também preocupado com o impacto do contexto socioeconómico no sucesso académico dos alunos, reconhecendo que “a igualdade de oportunidades é uma utopia que nunca será alcançada”.
CP alerta para "forte impacto" da greve geral marcada para sexta-feira
"Por motivo de greve convocada pelo sindicato SMAQ [Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses], preveem-se fortes perturbações na circulação no dia 06 de dezembro com impacto nos dias anterior e seguinte", refere uma nota publicada no site da CP. "Esta informação será atualizada caso venham a ser definidos serviços mínimos", refere a mesma nota que informa também os clientes que já tenham adquirido bilhetes sobre as condições de reembolso. Assim, aos clientes que já tenham bilhetes adquiridos para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, InterRegional e Regional, a CP permitirá o reembolso, no valor total do bilhete adquirido, ou a sua troca gratuita para outro comboio da mesma categoria e na mesma classe. Ambos (reembolso ou troca) podem ser efetuados nas bilheteiras em myCP, na área “Os seus bilhetes” (para bilhetes adquiridos na Bilheteira Online e App CP) "até aos 15 minutos que antecedem a partida do comboio da estação de origem do cliente". Esta greve foi convocada pelo sindicato dos maquinistas face à ausência de clarificação do Governo sobre relação entre sinistralidade ferroviária e taxa de álcool destes trabalhadores e para exigir condições de segurança adequadas. “O SMAQ - Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses decidiu avançar com um pré-aviso de greve geral para o dia 06 de dezembro de 2024, com impactos no dia 05 e dia 07, nas sete empresas onde tem representação: CP - EPE, Fertagus, MTS - Metro do Sul do Tejo, ViaPorto, Captrain, Medway e IP – Infraestruturas de Portugal”, informou aquela estrutura, em comunicado. Em causa estão as declarações do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros de quinta-feira, na qual afirmou que “não é muito conhecido, mas Portugal tem o segundo pior desempenho ao nível do número por quilómetro de ferrovia de acidentes que ocorrem" e que tem "um desempenho cerca de sete vezes pior do que a primeira metade dos países europeus”. O Governo aprovou uma proposta de lei que reforça “as medidas de contraordenação para os maquinistas deste transporte ferroviário, criando uma proibição de condução sob o efeito de álcool”, referiu ainda o ministro. “Estando Portugal numa das piores situações em termos de nível de acidentes, tem do quadro contraordenacional mais leve e mais baixo da Europa”, rematou então o governante. No dia em que emitiu o comunicado sobre a greve, o SMAQ adiantou que não obteve qualquer resposta à exigência feita ao ministro para que clarificasse e retificasse publicamente as suas declarações.
Preço do pão deve aumentar em 2025 com subida de custos e salário mínimo
“Para 2025, espera-se que o preço do pão continue a subir. Este aumento é impulsionado por vários fatores, incluindo o aumento dos custos de produção, como matérias-primas, e o aumento do salário mínimo para 870 euros no início de 2025”, afirmou, em resposta à Lusa, a presidente da direção da ACIP, Deborah Barbosa, sem adiantar valores. A isto somam-se os custos da energia e de transporte, com um impacto direto nos preços finais dos produtos. Assim, insistiu ser provável que os consumidores venham a pagar mais pelo pão em 2025. Contudo, a ACIP defendeu que Portugal é um dos países com o preço por quilograma (kg) de pão mais baixo da União Europeia e com a melhor relação qualidade/preço. Este ano, as vendas da panificação e pastelaria registaram um ligeiro crescimento, mas em termos de quantidade houve uma redução. A liderar as vendas continuam “os clássicos”, como o pão tradicional e os pastéis de nata, mas também se verifica uma procura crescente por produtos classificados como inovadores e saudáveis, nomeadamente pães integrais e pastelaria à base de plantas. Deborah Barbosa referiu que os portugueses têm vindo a ajustar as suas compras, optando por quantidades menores e produtos mais baratos devido à perda de poder de compra. “No entanto, a qualidade continua a ser um fator importante”, com muitos consumidores a preferirem os produtos artesanais, destacou. Para este Natal, a ACIP espera que as vendas mantenham o mesmo nível de 2023 ou que aumentem ligeiramente.
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Aveiro preside à Rede Europeia Arte Nova
Ribau Esteves, que assume as funções de presidente da Rede Europeia Arte Nova a partir de janeiro de 2025, considera que “esta é uma eleição que confirma o trabalho notável que temos vindo a desenvolver ao longo dos últimos 11 anos. Devo recordar que em 2013, Aveiro não cumpria os seus compromissos com os seus parceiros europeus e tinha a sua participação vedada com dívidas de vários anos, com claros prejuízos para Aveiro e para a Cultura e a Arte Nova Aveirense. É por isso com grande satisfação e com o simbolismo de sermos em 2024, Capital Portuguesa da Cultura, que vemos agora o nosso trabalho reconhecido, depois de uma longa caminha de credibilização, de assunção dos compromissos com a Rede e de um profundo trabalho de valorização e promoção da Arte Nova”, concluiu Ribau Esteves. Aveiro sucede, assim, à cidade de Bruxelas na liderança desta rede, que já foi presidida por Barcelona (Espanha) e Ljubljana (Eslovénia). No ano em que Aveiro é Capital Portuguesa da Cultura, o Museu Arte Nova foi palco de uma exposição inédita, “O Mundo Arte Nova”: a transformação da natureza, que contou com a colaboração dos membros da Rede Europeia Arte Nova, que enviaram, para Aveiro, peças das suas valiosas coleções. Baseado na cooperação científica e cultural, na partilha de boas práticas, esta rede trabalha na transmissão de conhecimento, investigação, atividades de mediação e promoção do Movimento Arte Nova, bem como no desenvolvimento de projetos europeus e de iniciativas conjuntas.
“Cultura e Tecnologia” em discussão no Centro de Congressos de Aveiro
“O Município e a Região de Aveiro têm uma relação muito próxima com a inovação e a tecnologia e por isso decidimos dedicar o último trimestre da Capital Portuguesa da Cultura a esta temática e à sua relação com a cultura. Além de ser um elemento fundamental da identidade de Aveiro, das suas empresas e da sua gente, a tecnologia está presente da vida de todos, pelo que é da maior importância dedicar esta conferência abordar os desafios que nos são colocados, especialmente numa altura em que Inteligência Artificial (IA) faz cada vez mais parte do nosso dia a dia”, afirma José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, que fará a sessão de abertura deste evento, juntamente com o diretor do JN, Vítor Santos. A conferência irá contar com a participação de diversos académicos e especialistas, que irão debater os desafios futuros colocados pelas novas tecnologias e pela IA, particularmente no mundo do trabalho e no contexto português. A primeira intervenção, dedicada ao futuro da Cultura e da Tecnologia, estará a cargo do Keynote Speaker do evento, o professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e diretor do LIACC – Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência da Computação Luís Paulo Reis. Segue-se o primeiro debate sobre o impacto das novas tecnologias no mundo do trabalho, que será moderado por Helena Norte, chefe de redação do JN, e que contará com participação do diretor da Altice Labs, Paulo Firmeza, de Dora Martins, professora do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP-IPP), e de Pedro Santos, vice-presidente da ACEPI – Associação da Economia Digital. Num segundo painel, onde se questiona se a IA é nossa amiga, o vice-presidente da Câmara de Aveiro, Rogério Carlos, estará acompanhado por Paulo Novais, professor da Universidade do Minho e Coordenador do LASI (Laboratório Associado de Sistemas Inteligentes) e Luís Agrellos, managing partner da Gema. A moderação será de Manuel Molinos, diretor digital editorial do JN. O encerramento da conferência estará a cargo de José Pina, coordenador de Aveiro 2024. A conferência "Cultura e Tecnologia" é de entrada livre, mas sujeita a inscrição prévia aqui.
Maria Teresa Horta na lista da BBC das 100 mulheres mais influentes e inspiradoras
A escritora e jornalista portuguesa é descrita como "uma das feministas mais proeminentes de Portugal e autora de muitos livros premiados" destacando as "Novas Cartas Portuguesas", escrito em coautoria com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. O livro no qual as autoras denunciavam as opressões a que as mulheres eram sujeitas, no contexto da ditadura, da violência fascista, da guerra colonial, da emigração e da pobreza que dominava o país, foi banido e censurado pelo regime. A proibição daquela obra pelo governo autoritário no ano da publicação, em 1972, e o julgamento do processo conhecido por "Três Marias", por alegada ofensa à moral pública, segundo os padrões da censura, "fez manchetes e inspirou protestos em todo o mundo", escreve a BBC. O impacto internacional da obra deu-se logo pouco depois da sua divulgação em França pela escritora Simone de Beauvoir, e pelo conhecimento público do processo de que as “Três Marias” estavam a ser alvo, com a cobertura do julgamento feita por meios de comunicação internacionais (entre os quais Le Monde, Time, The New York Times, Nouvel Observateur e televisões norte-americanas), manifestações feministas em várias embaixadas de Portugal no estrangeiro e a defesa pública da obra e das autoras por várias personalidades internacionais, como Marguerite Duras, Doris Lessing, Iris Murdoch e Delphine Seyrig. Estas ações fizeram com que o caso fosse votado, em junho de 1973, numa conferência da National Organization for Women (NOW), em Boston, como a primeira causa feminista internacional. O caso foi simbólico na queda do regime pela Revolução de 25 de Abril de 1974, a qual celebrou este ano o 50.º aniversário, recorda hoje a BBC. A lista “BBC 100 Women” deste ano inclui nomes de pessoas mais conhecidas, como a atriz norte-americana Sharon Stone, a artista britânica Tracey Emin, a sobrevivente do caso de violação em França Gisèle Pelicot e a iraquiana Nadia Murad, vencedora do Prémio Nobel da Paz. As brasileiras Lourdes Barreto, ativista pelos direitos das prostitutas, e a ginasta Rebeca Andrade e a bióloga Silvana Santos também estão na lista, que teve em conta a imparcialidade e a representação regional. A BBC salienta que, ao longo do ano, as mulheres “tiveram de se esforçar muito” para encontrar novos níveis de resiliência e enfrentaram “conflitos mortais e crises humanitárias” em Gaza, no Líbano, na Ucrânia ou no Sudão e testemunharam a “polarização das sociedades após um número recorde de eleições em todo o mundo”. A equipa do BBC 100 Woman elaborou a lista com base em nomes recolhidos através de pesquisas e sugeridos pela rede das 41 equipas linguísticas do Serviço Mundial da BBC, bem como pela BBC Media Action, e todas as protagonistas femininas deram o seu consentimento para aparecerem, que não são apresentados por uma ordem específica. A escritora portuguesa Maria Teresa Horta tem sido amplamente premiada ao longo da sua carreira literária, destacando-se, só nos últimos anos, o Prémio Autores 2017, na categoria melhor livro de poesia, para “Anunciações”, a Medalha de Mérito Cultural com que o Ministério da Cultura a distinguiu em 2020, o Prémio Literário Casino da Póvoa, que ganhou em 2021 pela obra “Estranhezas”, e a condecoração, em 2022, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade. Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi dirigente do ABC Cine-Clube, militante ativa nos movimentos de emancipação feminina, jornalista do jornal A Capital e dirigente da revista Mulheres. Como escritora, estreou-se no campo da poesia em 1960, mas construiu um percurso literário composto também por romance e conto. Com livros editados no Brasil, em França e Itália, Maria Teresa Horta foi a primeira mulher a exercer funções dirigentes no cineclubismo em Portugal e é considerada um dos expoentes do feminismo da lusofonia.
Desempenho de alunos portugueses a Matemática “é catastrófico"
Mais de cinco mil alunos de escolas portuguesas realizaram, no ano passado, a bateria de testes do Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), obtendo 475 pontos em 1.000 nas provas de Matemática, o que representa uma descida de 25 pontos em relação aos resultados obtidos nos testes anteriores, realizados em 2019. “O [resultado no] 8.º ano é catastrófico. Se fizermos uma média internacional há uma descida de apenas oito pontos, enquanto nós descemos 25 pontos. Numa escala de zero a mil pode parecer pouco, mas é uma descida muito violenta”, alertou Filipe Oliveira, professor associado do ISEG - Universidade de Lisboa, durante a apresentação dos resultados do TIMMS 2023, que decorreu hoje no Teatro Thalia, em Lisboa. O matemático analisou a evolução dos restantes países à procura de “descidas piores no mundo” e só encontrou “o Cazaquistão, a Malásia, o Bahrein, Israel e os EUA”, já que “no espaço europeu não há nada que se compare com os resultados” portugueses. Comparando apenas os resultados obtidos no ano passado pelos alunos dos 44 países e três economias que realizaram as provas de 8.º ano do TIMMS 2023, Portugal surge em 26.º lugar a Matemática e 17.º a Ciências, numa tabela que volta a ser liderada por Singapura, com 605 pontos a Matemática e 606 pontos a Ciências. Em Portugal, apenas 4% dos alunos do 8.º ano tiveram um desempenho de excelência a Matemática, por oposição a 19% dos estudantes que não conseguiram atingir os objetivos mínimos na bateria de testes. O TIMMS avaliou também os conhecimentos dos alunos do 4.º ano, onde o problema não é tão grave: Quase um em cada dez alunos do 4.º ano (9%) não conseguiu atingir os conhecimentos mínimos a matemática. No entanto, também entre os alunos do 4.º ano se registou um agravamento dos resultados quando comparados com as notas obtidas nas provas realizadas em 2019. Para o professor associado do ISEG, é preciso olhar “para o que se passou desde 2015”, quando se inverteu a tendência gradual de melhoria dos resultados dos alunos portugueses a praticamente todas as provas internacionais. “O que explica este pico é uma longa história, que começa nos anos 90, quando não fazíamos ideia de como nos comparar com o resto do mundo”, defendeu Filipe Oliveira. Nessa altura, recordou, o Governo português decidiu começar a participar em provas internacionais, mas perante os maus resultados dos seus alunos decidiu que “a estratégia a adotar era deixar de participar”. Na mudança de século, começou a haver “um grande esforço dos governos, quer socialistas quer da direita” em participar nas provas internacionais que permitissem fazer comparações com os outros países, mas também começaram a realizar provas de aferição para avaliar o conhecimento dos portugueses no final dos ciclos. “Em 2015, acabaram as provas em final de ciclo, em circunstâncias bastante inéditas”, lamentou o matemático, referindo-se à substituição por provas de aferição a meio dos ciclos. A esta mudança, Filipe Oliveira apontou ainda um “caos curricular”, em que “as metas não se coadunavam com as aprendizagens”, e o fim da certificação dos manuais em 2015, quando “os manuais escolares deixaram de ser revistos”. “A descida de 25 pontos na Matemática do 8.º ano deve-nos preocupar e devemos tirar algumas implicações”, afirmou por seu turno o ministro da Educação, Fernando Alexandre, que participou na apresentação dos resultados do estudo internacional de forma remota, por se encontrar num evento na Universidade de Aveiro. Fernando Alexandre mostrou-se também preocupado com o impacto do contexto socioeconómico no sucesso académico dos alunos, reconhecendo que “a igualdade de oportunidades é uma utopia que nunca será alcançada”.