Passageiros nos aeroportos nacionais aumentam 6% em janeiro para 4,2 milhões
Os aeroportos nacionais movimentaram 4,2 milhões de passageiros em janeiro deste ano, um crescimento homólogo de 5,9%, com o aeroporto do Funchal, na Madeira, a superar os números de Faro.
Redação
O Humberto Delgado, em Lisboa, movimentou 56,9% do total de passageiros (2,4 milhões), registando um aumento de 6,9% em comparação com janeiro de 2024, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE),
O aeroporto de Faro teve um crescimento de 6,1% para 309,9 mil e o do Porto concentrou 22,4% do total de passageiros movimentados (949,6 mil), um incremento de 2,1%.
Como o INE destaca, a infraestrutura aeroportuária do Funchal foi a terceira com maior movimento de passageiros em janeiro de 2025, tendo superado o aeroporto de Faro. No total, em janeiro, o aeroporto do Funchal movimentou 330 mil passageiros, uma subida de 9,3%.
Olhando para o panorama nacional, continuou a verificar-se um máximo histórico no valor mensal, “tendo-se registado o desembarque médio diário de 65,6 mil passageiros em janeiro de 2025, valor superior ao registado em janeiro de 2024 (61,4 mil)”, conclui o gabinete de estatística.
França foi o principal país de origem e de destino dos voos, tendo registado um aumento de crescimentos no número de passageiros desembarcados e embarcados face a janeiro de 2024 de 6,5% e 1,9%, respetivamente.
Espanha e Reino Unido ocuparam o segundo e terceiro lugar como principais países de origem.
Pelo contrário, em janeiro de 2025, registou-se um ligeiro decréscimo de 0,5% no movimento de carga e correio nos aeroportos nacionais.
O aeroporto de Lisboa representou 76,9% do total, atingindo 14,0 mil toneladas (+0,6% face a janeiro de 2024), enquanto no conjunto dos restantes aeroportos, o movimento de carga e correio diminuiu 4%.
Recomendações
Emagrecimento, cancro e saúde mental dominam desinformação em saúde
“Há temas muito comuns sobre os quais há muita desinformação, um deles é a área da nutrição e do emagrecimento, porque no mundo ocidental há um grande problema com a obesidade e excesso de peso”, começa por explicar a diretora do projeto de desinformação em saúde Viral Check. Na área do cancro, a jornalista explica que “há imensa desinformação sobre isso, desde mezinhas e questões mais espirituais relacionadas com a cura da doença”. “No tratamento do cancro a desinformação pode afastar as pessoas do tratamento correto e diminuir a probabilidade de sobrevivência”, alerta Sara Beatriz Monteiro. A jornalista refere também que a saúde mental tornou-se recentemente uma área alvo de desinformação, com a proliferação de narrativas que envolvem “ervas para a depressão, suplementos para a depressão ou gomas que acabam com a ansiedade”. Assim, “a nutrição, o emagrecimento, o cancro e a saúde mental são muito atacadas” pela desinformação, afirma a jornalista. Em agosto, o Polígrafo e o Viral Check anunciaram o lançamento do projeto "Vital - O Portal do Cancro", dedicado a informar sobre boas práticas clínicas e combater mitos nocivos sobre o cancro e "promover informação rigorosa, verificar factos e desmistificar mitos sobre a oncologia". Desta forma, a jornalista explica que a desinformação em saúde “pode ter um impacto direto nas decisões que as pessoas tomam", o que levanta vários riscos, como a ineficácia de tratamentos. “Muita desinformação em saúde tem a ver com produtos naturais que muitas pessoas acham que se não fizer bem, mal também não vão fazer”, explica a diretora do Viral. “Há alimentos e produtos naturais que podem interagir com a medicação, potenciando os seus efeitos secundários ou anulando a sua eficácia. Uma das plantas que é muito promovida como sendo supostamente eficaz no tratamento da depressão é a erva de São João, que tem interações com vários medicamentos, portanto também há esse risco”, explica. Além destes, o risco do abandono do tratamento convencional pode não só levar a um diagnóstico mais tardio, como influenciar as opções de tratamento. Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para que a desinformação sobre esta área está a crescer à medida que mais pessoas obtêm informações de saúde em media digitais, como mecanismos de pesquisa ou redes sociais. "Embora o aumento do acesso à informação sobre questões de saúde possa ser visto como geralmente positivo, a disseminação de informações médicas imprecisas é problemático. Pode levar a um estilo de vida prejudicial ou a escolhas alimentares inadequadas, a automedicação, ao abandono do tratamento médico e a diagnósticos incorretos", lê-se no estudo. Nesta perspetiva, e em comparação com a desinformação política, Sara Beatriz Monteiro remata que a desinformação na área da saúde tem riscos mais diretos e imediatos. Sara Beatriz Monteiro é diretora do Viral Check, um jornal de 'fact-checking' totalmente vocacionado para a clarificação da desinformação em saúde, nomeadamente a que é partilhada através das redes sociais, pretendendo ser um agente ativo na promoção da literacia em saúde.
Habitação: Ministro diz que falta mão-de-obra em Portugal para construir
Na audição regimental na Comissão de Reforma do Estado e Poder Local, o ministro admitiu que “muitos edifícios estão a ter dificuldades em ir para o terreno por carência de mão-de-obra”. “Quando se fala com as empresas, muitas delas dizem ‘não, não é falta de mão-de-obra, os senhores estão é a pôr os preços muito baixos’ e as obras só são adjudicadas, nalguns casos, ao segundo, terceiro, quarto ou quinto concurso, com bases de licitação cada vez maiores. A minha convicção é que há mesmo falta de mão-de-obra. Se houvesse mão-de-obra abundante, as obras seriam adjudicadas a outros preços”, insistiu, perante os deputados. Para colmatar a ausência de mão-de-obra, o antigo autarca de São João da Madeira sublinhou a importância da imigração, seja por iniciativa espontânea, seja promovida por associações empresariais ou de grandes empresas que têm “uma via facilitada de integração de imigrantes para trabalhar em Portugal”. O ministro sublinhou que esta “via facilitada” apenas ocorre se os imigrantes tiverem garantido “um posto de trabalho, um contrato de trabalho e um local digno em que possam viver”. Apesar de ter começado “muito devagar”, o governante sublinhou que é algo que está agora a “avançar um pouco mais rápido” e que “já há muitíssimas pessoas a vir para Portugal por esta via, com processos de integração mais rápidos” por terem garantido trabalho e casa. Além destas medidas, o ministro abordou a cooperação com alguns países africanos de língua oficial portuguesa em que é dada formação profissional e parte dos formandos vem para Portugal “já com formação adequada às necessidades das empresas”. O ministro abordou ainda algumas medidas aprovadas pelo Governo com o objetivo de baixar os preços da habitação em Portugal, como alterações aos Planos Diretores Municipais para construir em terrenos rústicos, alterações em impostos para a construção e arrendamento ou a intenção de lançar uma linha do Banco Europeu de Investimento (BEI) para as autarquias. O índice de preços da habitação aumentou 17,2% no segundo trimestre, acelerando 0,9 pontos percentuais face aos três meses anteriores, tendo sido transacionados mais de 10.000 milhões de euros, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo o INE, os preços das casas existentes subiram 18,3% e das habitações novas 14,5% entre abril e junho. Face aos três meses anteriores, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) aumentou 4,7%, contra 4,8% no trimestre precedente, tendo as casas existentes tido um aumento de 5,1% e as habitações novas uma subida de 3,8%.
Autárquicas: Núcleo duro da direção do PSD reúne-se hoje dois dias depois de vitória eleitoral
De acordo com uma nota à imprensa, a Comissão Permanente Nacional reúne-se a partir das 10:30 num hotel em Lisboa, prevendo-se que Leonor Beleza, primeira vice-presidente do partido, faça uma declaração à imprensa no final. Este órgão integra o presidente do PSD e também primeiro-ministro, Luís Montenegro, os seis ‘vices’ do partido, o secretário-geral e líder parlamentar Hugo Soares e, como convidado, o coordenador nacional autárquico Pedro Alves. Apesar de não ter sido indicado qualquer tema para a convocatória à imprensa, a reunião acontece dois dias depois das autárquicas de domingo que o PSD venceu. Sozinho e em coligações, os sociais-democratas conseguiram eleger o maior número presidentes de câmara, 136, de acordo com os resultados provisórios do Ministério da Administração Interna, sendo que em 109 concelhos governarão com maioria absoluta. Destes, 78 foram eleitos em listas apenas do PSD e 58 em coligações. No total, o PSD conseguiu perto de 1,9 milhões de votos e 34,31% do total. Em relação às anteriores autárquicas, em 2021, o partido conquistou mais 22 câmaras (tinha 114) e inverteu a liderança do poder local, com mais câmaras e freguesias do que o PS, o que lhe permitirá liderar a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (Anafre), o objetivo traçado por Luís Montenegro. O PSD, sozinho ou em coligações, ganhou os cinco municípios com mais população no país – mantém Lisboa e Cascais, recuperando Porto, Vila Nova de Gaia e Sintra -, vencendo também no bastião socialista Guimarães. No entanto, os sociais-democratas perderam capitais de distrito em relação há quatro anos (lideram agora sete, contra nove em 2021): o PSD ficou sem os bastiões de Bragança e Viseu e câmaras que detinha como Coimbra e Faro; em contrapartida, ganhou Beja pela primeira vez e recuperou o Porto, mantendo Aveiro, Braga, Lisboa, Portalegre e Santarém. Nas autárquicas de 10 de outubro, o PS foi o segundo partido e conquistou, sozinho, 126 câmaras, e mais duas em coligação com o Livre e PAN.
PSP realiza até dia 24 em todo o país operação “Bullying é Para Fracos”
Em comunicado, a PSP adianta que durante duas semanas serão intensificadas “as ações de sensibilização”, realizadas através das suas Equipas do Programa Escola Segura (EPES), "sobre as temáticas do 'bullying' e 'cyberbullying' junto da comunidade escolar”. Com a campanha a PSP pretende "chamar a atenção para o impacto negativo que estes comportamentos têm na vida das vítimas, bem como para a importância de identificar comportamentos e sinais que permitam detetar, de forma precoce, vítimas que estejam a ser alvo destes fenómenos, promovendo assim a sua proteção e encaminhamento para as entidades competentes”. Segundo o comunicado, no ano letivo 2024/2025, a PSP realizou 6.336 ações de sensibilização sobre 'bullying' e 'cyberbullying' que contaram com a participação de mais de 131.200 alunos. Durante esse período, as EPES registaram 2.791 ocorrências criminais, 130 das quais relacionadas com situações de 'bullying' e 21 com situações de 'cyberbullying', “representando um decréscimo residual em comparação com o ano letivo 2023/2024”. “Estas 151 ocorrências correspondem a 5,4% do total das ocorrências criminais verificadas no último ano letivo”. A PSP apela à denúncia de todas as situações de 'bullying/cyberbullying' de que se tenha conhecimento e, numa tentativa de identificar as vítimas, aconselha os pais a estarem atentos a alterações de comportamentos ao nível alimentar ou do sono, bem como do rendimento escolar, ao desinteresse por atividades que as cativavam, mudança de amigos e tentativas e/ou ameaças de suicídio. Deverão ainda prestar atenção a sinais como hematomas, cortes, arranhões, dores de cabeça e de barriga, material escolar danificado ou que desaparece, ansiedade/depressão, agressividade/timidez ou isolamento, acrescenta. Segundo a PSP, não discriminar nem censurar as vítimas, inclui-las nas atividades do grupo e promover a sua autoestima pode ajudá-las. “A operação pretende ainda assinalar o Dia Mundial de Combate ao 'Bullying', que se celebra anualmente a 20 de outubro, relembrando que a luta contra este fenómeno não se cinge a uma data isolada nem a um grupo restrito de pessoas, tratando-se sim de uma luta diária e constante, cuja responsabilidade cabe a toda a comunidade”.
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Caixa UA recebe Campeonato Nacional Universitário de Basquetebol 3x3 na próxima semana
Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, a UA vai acolher a competição na próxima terça-feira, 21 de outubro, das 10h00 às 19h00, e na quarta-feira, 22 de outubro, das 10h00 às 17h00 e das 20h00 às 23h00. Além da competição, terão ainda lugar um “leque de iniciativas com o objetivo de reforçar a ligação entre a Universidade, a comunidade escolar e as instituições desportivas na promoção do desporto e, em particular, do basquetebol, em Aveiro”. A organização do Campeonato Nacional Universitário de Basquetebol 3x3 está a cargo da UA, da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), da Associação Distrital de Basquetebol de Aveiro (ABA), do Desporto Escolar (DE) e da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv).
Firmino Ferreira elogia desempenho da ‘Aliança’, mas já se discute o futuro dentro do PSD-Aveiro
No passado domingo, 12 de outubro, Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) à Câmara de Aveiro, venceu as eleições autárquicas, mas perdeu a maioria para o partido, elegendo quatro vereadores face a outros quatro do PS e um do Chega. Em comparação com as autárquicas de 2021, a candidatura de Luís Souto viu a diferença para o Partido Socialista passar de 9.000 para 2.000 votos. Recorde-se que até agora o município era liderado por José Ribau Esteves, atual presidente da Câmara, que não se recandidatou por ter atingido o limite de mandatos. No que respeita às juntas de freguesia, onde até agora todas eram lideradas pela coligação, o resultado traduziu-se também em algumas perdas. A ‘Aliança’ perdeu a União de Freguesias de Glória e Vera Cruz, agora conquistada pelo Partido Socialista (PS), e deixou de ter maioria em três juntas do concelho: Esgueira, Eixo e Eirol e Aradas. Em declarações à Ria, Firmino Ferreira afirmou não estar surpreendido com o resultado eleitoral, reconhecendo que se tratava de “eleições autárquicas muito disputadas”. “Por isso, é que todos se empenharam até ao último dia para a obtenção dos melhores resultados”, exprimiu. Ainda assim, considerou o resultado “excelente”. “Sabemos que os fins de ciclo suscitam sempre algumas dúvidas. (…) Gostava que tivéssemos vencido as dez freguesias e que tivéssemos segurado a maioria na Câmara e, infelizmente, não conseguimos”, lamentou. Sobre a perda da União das Freguesias de Glória e Vera Cruz para o PS, o presidente da concelhia do PSD-Aveiro atribuiu o resultado ao candidato socialista Bruno Ferreira, que anteriormente integrara as listas da ‘Aliança’ nas autárquicas de 2021. “Ele estando em serviço e em permanência é natural que isso lhe tenha dado alguma vantagem. A professora Glória Leite estava completamente fora da área política e, portanto, teve um trabalho muito mais difícil pela frente e isso terá sido a desvantagem. Não foi qualquer outro motivo”, assegurou. Confrontado sobre se, após o ato eleitoral, a concelhia do PSD-Aveiro iria a votos face à instabilidade verificada ao longo destas eleições autárquicas, Firmino Ferreira afastou essa hipótese "para já”, defendendo que “a estrutura está consolidada”. Ainda assim, deixou a nota que, por imposição “da própria nacional, que terá em breve um Conselho Nacional, que irá determinar o calendário eleitoral das concelhias e das distritais, vamos ter que (…) convocar novas eleições, porque serão eventualmente realizadas em todo o país”. Interpelado sobre quando ocorrerão, Firmino Ferreira garantiu que terão de ser marcadas “para o próximo ano”. Interpelado ainda sobre uma eventual candidatura sua à liderança da concelhia do PSD-Aveiro, Firmino Ferreira não descartou nem confirmou a hipótese. “Eu acho que não é o momento certo”, respondeu. “Eu não quero falar sobre decisões, porque essas só virão posteriormente. Portanto, prefiro, neste momento, ter tudo em aberto”, continuou. A Ria apurou que, tal como acontece no PS-Aveiro, também no seio do PSD-Aveiro começaram a surgir conversas nos bastidores sobre o futuro do partido. Depois da escolha de Luís Souto ter provocado uma vaga de demissões e um clima de instabilidade interna, vários militantes sociais-democratas optaram, nos últimos meses, por afastar-se da vida partidária ativa - uma decisão tomada com o objetivo de não prejudicar a candidatura à Câmara Municipal. Agora, com as eleições concluídas, muitos consideram ter chegado o momento de promover uma reflexão interna e preparar o futuro do PSD no concelho. Entre os militantes, há um consenso crescente de que os presidentes de junta terão um papel determinante nessa nova fase. No rescaldo das eleições autárquicas, é amplamente reconhecido que, na larga maioria das freguesias do concelho, Luís Souto obteve menos votos para a Câmara Municipal do que os candidatos às respetivas juntas de freguesia. Para muitos sociais-democratas, esta situação representa uma inversão face às últimas autárquicas e demonstra que a quebra do PSD só não foi maior graças à força e à implantação local dos candidatos às juntas, cuja popularidade terá sido crucial para conter a ascensão de Alberto Souto. Paralelamente, os críticos internos sublinham que, nos poucos casos em que os candidatos às juntas foram escolhidos diretamente por Luís Souto, os resultados ficaram aquém das expectativas - uma leitura que coincide com a análise feita por Ribau Esteves, que, logo após as eleições, destacou precisamente esse fator. O exemplo mais referido é o da União de Freguesias da Glória e Vera Cruz, onde a candidatura de Glória Leite é apontada como um dos casos em que a estratégia de Luís Souto “não resultou”. Por outro lado, há uma preocupação evidente no seio do partido relativamente à perda das maiorias nas freguesias de Esgueira, Eixo e Eirol e Aradas, onde o PSD enfrenta agora cenários de governação minoritária, não sendo garantido que o partido consiga aprovar os executivos. Entre os militantes, cresce o descontentamento com a forma como o partido - e o próprio Luís Souto - têm gerido este dossier. Logo após a vitória nas eleições, Luís Souto entrou num período de férias, deixando instruções para que cada presidente de junta eleito definisse autonomamente a estratégia política a adotar na sua freguesia. Esta decisão, vista internamente como uma forma de dissociar a governação da Câmara Municipal das juntas de freguesia, tem gerado críticas dentro do partido: vários sociais-democratas consideram que Luís Souto está a deixar os presidentes de junta “à sua sorte”, num momento em que a articulação política seria essencial para consolidar o poder local do PSD no concelho. Por tudo isto, anteveem-se meses politicamente intensos dentro do PSD-Aveiro, com vários militantes a reconhecer que não está afastada a hipótese de uma disputa interna pela liderança da concelhia. O futuro político de Luís Souto será, aliás, um dos fatores determinantes nesse processo: a forma como gerir a instabilidade em várias freguesias - e até a governabilidade muito frágil na Câmara Municipal - poderá ser decisiva na reflexão que o partido se prepara para fazer nas suas bases.
IL Aveiro: “A política local precisa de mais transparência, (…) não de livros pagos pelos munícipes”
Na nota, a IL Aveiro refere que se trata de um “ato de autopromoção política à custa dos contribuintes, num momento em que o autarca cessou funções por limitação de mandatos”. O partido vai mais além e afirma que a “utilização de dinheiros públicos para enaltecer o legado pessoal de um político é eticamente reprovável e contrária aos princípios de transparência e responsabilidade que devem pautar a gestão pública”. “O respeito pelos cidadãos exige que os recursos municipais sejam usados em benefício da comunidade, em obras, serviços e políticas públicas com impacto real, e não em publicações de natureza laudatória e claramente política”, afirma a IL. No comunicado, o partido sugere que o balanço dos mandatos de um autarca “deve ser feito pela história, pelos resultados e, sobretudo, pelos cidadãos que viveram as consequências das suas decisões, e não através de uma narrativa financiada pelo erário público”. “A Iniciativa Liberal Aveiro considera este episódio um símbolo da cultura política que urge mudar: uma cultura que confunde o interesse público com o interesse pessoal e que utiliza os meios da autarquia para perpetuar a imagem de quem nela exerceu cargos”, continua. Num apelo direto a Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ que venceu as eleições autárquicas no passado domingo, a IL apela que o mesmo se “demarque publicamente desta situação, garantindo que este tipo de práticas não voltará a repetir-se”. “A política local precisa de mais transparência, rigor e prestação de contas, não de livros pagos pelos munícipes”, remata a nota. Recorde-se que, tal como noticiado pela Ria, o Município de Aveiro anunciou esta quinta-feira, 16 de outubro, que irá lançar um novo livro, desta vez, com o título “Aveiro, Coragem de Mudar, com Ribau Esteves”. Trata-se do último livro - lançado e pago pela autarquia - de José Ribau Esteves enquanto presidente cessante da Câmara de Aveiro.
Livro de Ribau Esteves pago pela Câmara de Aveiro motiva críticas da oposição
O Município de Aveiro anunciou esta quinta-feira, 16 de outubro, que irá lançar um novo livro, desta vez, com o título “Aveiro, Coragem de Mudar, com Ribau Esteves”. Trata-se do último livro - lançado e pago pela autarquia - de José Ribau Esteves enquanto presidente cessante da Câmara de Aveiro. Recorde-se que Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ foi eleito no passado domingo, 12 de outubro, na sequência das eleições autárquicas, presidente de Câmara. A obra será apresentada no próximo fim de semana, sábado, 25 de outubro, no Teatro Aveirense e conta com prefácios de Luís Montenegro, primeiro-ministro, e de António Costa, presidente do Conselho Europeu. Recorde-se que ao longo dos últimos meses a autarquia tem vindo a lançar um conjunto de obras, nomeadamente “Rossio de Aveiro”, que aborda a requalificação urbana do Rossio (16.115,00€ para impressão, mais 9.482,00€ para “aquisição de serviços de design e conceção gráfica do livro”), “Avenida: Uma história com futuro”, que explica a requalificação da Avenida Dr. Lourenço Peixinho (7.290,00€), “Aveiro 2024 até ao infinito”, que eterniza Aveiro Capital Portuguesa da Cultura 2024 (19.950,00€ de custos com impressão, mais 11.500,00€ de “serviços de desenvolvimento do livro”), e ainda “A Sagres em Aveiro 2024”, que aborda a passagem do navio-escola Sagres pela cidade de Aveiro, durante as comemorações do Dia da Marinha em 2024 (23.462,00€) Mas há uma particularidade que salta à vista na nova obra lançada em relação às anteriores: a autoria é de José Ribau Esteves, sendo o próprio presidente da autarquia a imagem de destaque na capa do livro. A obra, que resulta de uma edição conjunta da Câmara Municipal de Aveiro e da Editora ‘Afrontamento’, pretende contar os “12 anos de gestão autárquica” de Ribau Esteves. O livro representou um custo inicial para o Município de “9.200,00 euros”, mas acabou por ser alterado, face a “serviços complementares” na passada sexta-feira, 10 de outubro, para “13.350,00 euros”, segundo o contrato disponível na plataforma base gov. Consultando a informação disponível no contrato, neste caso, a autarquia optou por encomendar “2000 exemplares”. No caso dos livros do Rossio e da Avenida esse número não tinha ultrapassado os 500 exemplares. Somando-se o custo deste livro aos restantes, só no último ano, a Câmara Municipal de Aveiro gastou 101.149,00€ na produção de livros, segundo dados disponíveis na plataforma base gov. Citado numa nota de imprensa enviada à Ria, esta quinta-feira, Ribau Esteves esclareceu que optou por escrever esta obra por “determinação de consciência e ato solidário para com o futuro”. Nesse livro, explica que dá a conhecer em “formato simples” a história de “12 anos de trabalho como presidente da Câmara Municipal de Aveiro, contando histórias de um tempo desafiante e marcante, e partilhando reflexões sobre o futuro do poder local, de Portugal, da Europa e do Mundo”. Saliente-se que este não é o primeiro livro escrito pelo autarca. A primeira vez que o fez era ainda presidente da Câmara de Ílhavo e, na altura, lançou a obra: “10 Anos de Mudança - Município de Ílhavo”. Segundo uma notícia do Correio da Manhã, datada de 18 de janeiro de 2008, a obra gerou polémica já que os partidos da oposição acusaram Ribau Esteves de se “autopromover gastando 2800 euros ao erário público”. Naquela época, o autarca desvalorizou a polémica e afirmou que era “um livro como tantos outros custeados pela autarquia”, sublinhando que se trata de “um documento importante e útil que assinala o trabalho extraordinário dos últimos dez anos no Município de Ílhavo”. A verdade é que após 17 anos, o livro agora lançado em Aveiro, por Ribau Esteves, quando está de saída do Município por ter atingido o número limite de mandatos, também tem vindo a ser alvo de críticas por parte da oposição. Pedro Pires da Rosa, deputado municipal pelo PS, escreveu ontem nas suas redes sociais que não tinha “nada contra o livro”, mas questionou o facto de a obra ser paga pela autarquia. “Acho sinceramente que se o Município pagou o livro, no mínimo, é inapropriado”, opinou. Também Diogo Soares Machado, candidato do Chega à Câmara de Aveiro, escreveu esta quinta-feira: “É um fartar vilanagem até ao último segundo”. “A falta de vergonha na cara assume foros de narcisismo doentio e de sério delírio, para além de muito pouca, ou nenhuma, seriedade e honestidade na gestão dos dinheiros públicos”, continua. No seguimento, o candidato do Chega afirmou que o partido “fará o que estiver ao seu alcance para que este conjunto de palavras justapostas, a que o Sr. Ribau decidiu chamar livro, seja devidamente cobrado ao autor, até ao último cêntimo”. Diogo Soares Machado avançou ainda que apresentará essa proposta “na primeira reunião de Câmara, depois da tomada de posse”. “Seremos inflexíveis nela: quer mandar escrever e publicar um livro, pague-o, tal como o seu antecessor fez quando lançou o ‘Prestar Contas’. Já chega de usar o dinheiro dos aveirenses a seu bel-prazer, sem outro critério que não o de massajar o próprio ego”, atentou. Recorde-se que também Élio Maia, ex-presidente da Câmara de Aveiro, lançou o livro “Prestar Contas: 2005-2013”, que tinha como objetivo fazer um balanço da sua governação, na altura, escrito e pago por si. A Ria tentou contactar Ribau Esteves, mas até ao momento não obteve resposta.