Autárquicas: PS candidata Augusto Vidal Leite à Câmara da Murtosa
O Partido Socialista (PS) escolheu Augusto Vidal Leite como candidato a presidente da Câmara Municipal da Murtosa nas eleições autárquicas deste ano, disse hoje à Lusa o presidente da distrital do partido de Aveiro, Hugo Oliveira.
Redação
Atual vereador da oposição, Augusto Carlos Vidal Leite, de 41 anos, casado e natural da freguesia do Monte, no concelho da Murtosa, é licenciado em Comércio pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda da Universidade de Aveiro e doutorando em Território Riscos e Políticas Públicas, pela mesma universidade.
O candidato socialista é Técnico Superior da Função Pública na Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e foi dirigente e associado de diversas coletividades do município.
Augusto Leite foi membro da Assembleia Municipal da Murtosa entre 2005 e 2013 e, desde dezembro de 2024, é vereador em regime de não permanência na Câmara Municipal, sem pelouros atribuídos.
O candidato defende “uma gestão camarária mais transparente e participativa, em que “as necessidades da população sejam ouvidas e respeitadas”.
Considera áreas prioritárias a saúde, habitação, trabalho e educação, bem como dar atenção ao setor agrícola e à gestão da ria, e assumiu publicamente o compromisso de incluir no seu programa eleitoral medidas como a elaboração do plano hidrológico e a construção do canil municipal.
Propõe ainda a criação do serviço de dentista no Centro de Saúde local, “para as famílias terem acesso às consultas de saúde oral”.
Augusto Leite é o primeiro candidato à Câmara da Murtosa a ser anunciado oficialmente, num município presidido por Joaquim Batista (PSD), que cumpre o seu terceiro e último mandato.
Nas últimas eleições autárquicas o PSD obteve maioria absoluta, com 71,1% dos votos e quatro eleitos, e o PS, com 15,97%, elegeu Jorge Bacelar, que foi substituído por Augusto Leite.
As eleições autárquicas decorrerão entre setembro e outubro.
Recomendações
Ílhavo: Exposição “Império”, jogo educativo e oficina marcam o “Tanto Mar!” de novembro
A exposição de Rodrigo Vilhena será inaugurada pelas 17h00. A mostra, segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, reunirá um conjunto de pinturas a óleo e aguarelas que evocarão “momentos históricos vividos pelas embarcações São Gabriel (1497), Cinco Chagas (1594), São Francisco Xavier (1625), Amável Donzela (1788), Camões (1875), Pedro Nunes (1917) e Império (1970)”. “O visitante é convidado a assumir-se como passageiro destas embarcações e a contemplar o céu e o mar nas suas transformações de luz ao longo do dia”, explica. A exposição ficará patente na Sala da Pintura até 30 de abril de 2026. Antes da inauguração, será ainda apresentado o jogo educativo digital do Museu Marítimo de Ílhavo, desenvolvido pela equipa da EduCITY, um projeto da Universidade de Aveiro financiado pela FCT. O recurso nasceu no âmbito da premiação “EduCITY, Prémio INOVA mais 2024”. Através da app “EduCITY”, os visitantes poderão explorar a tradição bacalhoeira de Ílhavo. Às 15h00, terá ainda lugar uma oficina para famílias “O Mar por objeto”, dirigida a crianças entre os 6 e os 10 anos. A proposta incide sobre a exposição temporária “O Mar por objeto, as Mulheres, a Ciência e o lado Oceano”. Ao longo da atividade, as famílias serão desafiadas a descobrir a mostra através de um peddy paper que conduz à exploração dos objetos utilizados pela bióloga do Museu Marítimo. As inscrições devem ser realizadas aqui: [email protected].
Aveiro continua a ser um dos distritos onde se regista mais crimes de violência doméstica
Segundo a GNR, que vai desencadear ações de sensibilização ao longo de toda a semana, no quadro do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, entre 01 de janeiro e 15 deste mês, foram detidos 1.380 suspeitos (349 em flagrante e 1.031 fora de flagrante) e apreendidas 864 armas. Os distritos do Porto, Aveiro e Lisboa são os que apresentam o maior número de denúncias, enquanto Portalegre e Bragança relataram os valores mais baixos. Em 2024, sublinha a corporação, a GNR contabilizou 11.876 crimes de violência doméstica, em que os distritos do Porto, Aveiro, Braga, Setúbal e Lisboa concentraram novamente o maior número de ocorrências, enquanto Portalegre e Bragança se mantêm com os menores valores. Nesse ano, registaram-se 13 mortes – 12 mulheres e um homem –, pelo que há agora um reforço das ações de sensibilização, direcionadas para a prevenção de comportamentos violentos contra as mulheres, em todo o território nacional. No âmbito destes crimes, foram detidos 1.450 suspeitos (373 em flagrante e 1.077 fora de flagrante) e apreendidas 1.222 armas. Em 1999, lembra-se no comunicado, as Nações Unidas instituíram oficialmente o dia 25 de novembro como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, com o objetivo de alertar para uma realidade que continua a afetar milhões de mulheres em todo o mundo. “A GNR tem vindo a reforçar as campanhas de sensibilização e a investir em formação específica do seu efetivo, garantindo uma resposta cada vez mais qualificada na participação, enquadramento, tratamento e acompanhamento de situações de violência doméstica”, refere a corporação no comunicado. Paralelamente, acrescentou, tem como prioridade melhorar a rede de salas de atendimento às vítimas e reforçar a articulação com as entidades parceiras. Atualmente, os Núcleos de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas (NIAVE) integram 186 militares especializados em todo o país e registaram, até 15 de novembro de 2025, 4.056 inquéritos, dos quais 3.956 já concluídos (cerca de 97,5%). “A violência doméstica é um crime público, de denúncia obrigatória e de responsabilidade coletiva. A sua prevenção, investigação e combate constituem prioridades da política criminal vigente e assumem-se como prioridade absoluta para a Guarda Nacional Republicana, que se mantém firmemente empenhada na proteção das vítimas e na promoção de uma sociedade mais segura”, sublinha a GNR. A corporação policial sublinha que se alguém precisar de ajuda ou tiver conhecimento de alguma situação de violência doméstica que participe no Portal Queixa Eletrónica (queixaselectronicas.mai.gov.pt), por telefone, através do número europeu de emergência (112), no Posto da GNR mais próximo à sua área de residência ou em www.gnr.pt/contactos.aspex. Também podem ser denunciados através da aplicação App MAI112 disponível e destinada exclusivamente aos cidadãos surdos, em www.112.pt/Paginas/Home.aspx, ou ainda na aplicação SMS Segurança, direcionada a pessoas surdas em www.gnr.pt/MVC_GNR/Home/SmsSeguranca.
Carnaval de Ovar terá 70 propostas, “pequeno aumento de preço” e descontos em pré-venda
O programa dessa festa do distrito de Aveiro foi apresentado na noite de sexta-feira aos representantes das 24 associações que, entre grupos carnavalescos, coletivos de ‘passerelle’ e escolas de sambas, integram cerca de 2.000 pessoas, todas elas protagonistas nos principais corsos do evento. Devido às mudanças no executivo camarário após as eleições autárquicas de outubro, o orçamento para o Entrudo vareiro de 2026 ainda não está definido, mas fonte da autarquia adiantou que a verba disponível deverá ser “num valor idêntico ao da última edição”, quando a programação geral custou cerca de um milhão de euros e, só na terça-feira de Carnaval e nos quatro dias anteriores, a cidade recebeu perto de 150.000 visitantes. O que muda é o preço dos bilhetes, que, segundo a autarquia, vão sofrer “um pequeno aumento” devido à maior despesa em aspetos como o aluguer de estruturas e a contratação de policiamento. O novo tarifário refletir-se-á, por exemplo, no ingresso de acesso à Noite Mágica da segunda-feira de Carnaval, que no último Entrudo custava cinco euros em pré-venda e seis no dia da festa, e agora mantém o mesmo preço se adquirido antecipadamente, mas obrigará a desembolsar 7,5 euros se comprado na própria data. No Grande Corso de Domingo, por sua vez, é a venda antecipada que fica mais cara 50 cêntimos: os bilhetes de bancada continuarão a custar 15 euros se adquiridos no próprio dia, mas passam de 13 para 13,5 quando comprados até 30 de janeiro, e o mesmo se aplica aos ingressos de peão, que na data do desfile se mantêm nos 10 euros, mas, na fase prévia, sobem de 7,5 para oito. Há muitas outras propostas que são de entrada gratuita, como o espetáculo de Quim Barreiros e o desfile da Farrapada, em que o público é convidado a participar com as suas próprias fantasias, mas, no que se refere às atividades de acesso pago, a autarquia promete vantagens para os mais rápidos: “Os primeiros 1.000 bilhetes para o Espaço Folião têm desconto e até 30 de janeiro há preços mais baixos para todos os outros bilhetes”. Seja para momentos-altos do cartaz, como o desfile das escolas de samba no sábado à noite e o Grande Corso de Terça-feira, seja para os concertos no Espaço Folião, por artistas como o brasileiro Jorge Aragão, o luso-angolano Dillaz e os portugueses Mizzy Miles e Phoenis RDC, todas as propostas que implicam acesso pago terão bilhetes disponíveis nas plataformas ‘online’ a partir de 01 de dezembro e nos estabelecimentos físicos da cidade do dia 09 em diante. O presidente da Câmara, Domingos Silva, acredita que o ajuste no preçário do evento não prejudicará aquilo que antecipa como “uma edição de excelência, que valoriza as tradições e oferece experiências diversificadas capazes de afirmar o Carnaval de Ovar como um evento de referência nacional”. Garantindo “um forte dispositivo de segurança e estratégias definidas para melhorar a experiência do público”, o autarca social-democrata realça que o evento está a ser preparado com “paixão, entrega e horas incontáveis de labor” por parte dos seus cerca de 2.000 participantes. “Quem vier ao Carnaval de Ovar pela primeira vez vai certamente regressar, porque a alegria que se vive nas ruas é tão genuína quanto contagiante”, conclui.
Câmara de Vagos quer construir ligação da zona industrial à A17 durante este mandato
“A ligação da A17 à zona industrial de Vagos continua a ser um desejo, já o era em 2005, quando eu era presidente de Câmara. Quis o destino que, passados 20 anos, seja eu a pessoa responsável pela sua construção: espero construí-la durante estes quatro anos”, assegurou. O social-democrata Rui Cruz venceu as eleições autárquicas no dia 12 de outubro e regressou à liderança da Câmara de Vagos, onde já tinha estado entre 2001 e 2013. Em declarações à agência Lusa, o autarca explicou que, para que esta obra possa ser uma realidade, “muito trabalho foi feito”, quer pelo seu antecessor antes da sua primeira passagem pela presidência do município, como pelo seu sucessor. “Primeiro, foi preciso criá-la e inscrevê-la no Plano Diretor Municipal de Vagos, um processo de revisão que terminou em 2009. Depois, foi necessário fazer o projeto e o programa de expropriação de parcelas, e adquirir e expropriar as parcelas, para agora podermos lançar a concurso público faseadamente ou não”, indicou. O presidente da Câmara de Vagos espera conseguir lançar o concurso público em 2026, faltando identificar o tipo de financiamento para a obra. “Vamos ver que tipo de financiamentos é que temos para a estrada, porque é uma estrada que custa vários milhões de euros ao Município de Vagos e a ideia é fazê-la sem impacto na tesouraria e na atividade normal. Eu chamo de atividade normal, às competências da Câmara Municipal”, concluiu. Em janeiro de 2024, o executivo municipal da Câmara de Vagos, na altura liderado por Silvério Regalado, aprovou por unanimidade a execução da ligação da zona industrial de Vagos à A17, com um custo estimado de 5,8 milhões de euros. O projeto de execução da ligação da zona industrial de Vagos à A17 contempla quatro troços, devidamente interligados, com início na zona industrial, passando pela Caminho dos Cavaleiros, que posteriormente conectará ao cruzamento com a Estrada Nacional 109, na freguesia de Santo André de Vagos, onde se fará a ligação com a A17. “Esta é uma obra de grande importância estrutural para o concelho de Vagos no seu todo, mas com especial enfoque nos empresários e nas suas empresas, na capacidade logística que vão ganhar depois da conclusão da mesma”, vincou, na altura, Silvério Regalado.
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Aradas: Luís Souto regista “posição construtiva” do Chega e não afasta acordo na CMA
Na primeira ocasião em que falou aos jornalistas após ter ficado resolvido o impasse em Aradas – recorde-se que o novo executivo autárquico só conseguiu ser eleito após três reuniões de instalação, resultado de um acordo firmado com o Chega – Luís Souto revelou estar “contente”. “Obviamente que não era de interesse nenhum para ninguém que se prolongasse mais tempo […] Acho que é muito importante que se deem sinais de que haja forças políticas que estão numa atitude construtiva. Registamos esses sinais”, sublinha. O autarca não perdeu a oportunidade de deixar uma farpa ao Partido Socialista (PS), uma das forças eleitas para a Assembleia de Freguesia de Aradas que estava a bloquear a aprovação do executivo, por ter mostrado uma postura “pouco construtiva”. Na opinião de Luís Souto, trata-se “quase de uma provocação política”, assim como o foi a “granada” largada pelos vereadores socialistas na primeira reunião pública de Câmara Municipal: a proposta de revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso. Questionado em duas ocasiões sobre se o acordo estabelecido em Aradas entre ‘Aliança’ e Chega pode dar aso a um acordo mais amplo de âmbito municipal que passe por atribuir pelouros a Diogo Soares Machado, Luís Souto nunca respondeu, frisando apenas a “postura construtiva [do Chega] manifestada por gestos concretos”. Recorde-se que, em entrevista à Ria, Diogo Soares Machado não descartou a hipótese, embora a considerasse extemporânea. Ao ‘Notícias de Aveiro’, Firmino Ferreira, presidente da concelhia do PSD, disse, na última quarta-feira, que “o acordo alcançado para a Assembleia de Freguesia de Aradas não garante por si só um acordo de âmbito municipal, mas reconhecemos que são contributos importantes para o desenvolvimento de uma parceria desejável que permita levar a cabo o programa eleitoral sufragado pelos aveirenses”.
Paulo Jorge Ferreira: “Uma universidade do futuro não pode ficar prisioneira dos modelos do passado”
Foi no espaço SALT (Espaço de Aprendizagem e Ensino Ativos), no Departamento de Educação e Psicologia (DEP) da Universidade de Aveiro, que, ao longo de meia hora, Paulo Jorge Ferreira e Sandra Soares, vice-reitora para o ensino e formação, refletiram sobre inovação pedagógica, numa conversa aberta com a Ria. A escolha deste espaço não passou despercebida para ambos. Sentados num sofá, em pleno centro daquela sala, Paulo Jorge Ferreira começou por confidenciar à Ria que o SALT representa um “excelente exemplo” daquilo que a UA deve fazer no futuro. “Uma universidade que se quer do futuro não pode ficar prisioneira, refém, dos modelos do passado”, comentou. Por sua vez, Sandra Soares exprimiu o “orgulho” que sentia em ali estar. “Foi um caminho longo no caso concreto desta sala. O que aqui podem ver é o resultado da contribuição de estudantes, de docentes, de várias áreas científicas. Até o nome foi pensado em conjunto. Na altura, tínhamos uma equipa de apoio à inovação curricular e pedagógica com esta composição diversa. Foi sempre um espaço de co-construção”, partilhou. No seguimento, a vice-reitora deu ainda nota de que, ao abrigo do financiamento do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), “no contexto do Impulso UA”, já existem vários espaços “desta natureza” em diferentes unidades orgânicas. Nas que ainda não os possuem, Sandra Soares garantiu que a UA irá investir até “junho” (data em que terminam os projetos PRR) na criação de novos espaços, incluindo a reformulação do Complexo Pedagógico. “Vamos lançar um concurso público muito em breve para reforçar estes espaços nas unidades orgânicas e a mesma coisa, relativamente, ao Complexo Pedagógico. Precisamos de ter tudo isto finalizado até 30 de junho de 2026 que é quando terminam os projetos”, frisou. Questionada sobre o Programa de Formação e Atualização Pedagógica que a UA tem, atualmente, em curso, cujo objetivo é transitar para um processo de ensino mais centrado no estudante, Sandra Soares realçou à Ria o quão “especial” lhe era falar sobre o tema. Naquele dia - em que conversamos - a iniciativa completava “seis anos”. “Lançamos o programa em novembro de 2019 e até à data temos 477 ações de formação. (…) Em média, desde o início deste último mandato, temos cerca de 22% da comunidade docente envolvida em alguma destas ações, sendo que temos várias outras para além do programa”, reforçou. No âmbito do aniversário e do podcast relembrou ainda à Ria que, naquela manhã, tinha anunciado o lançamento de uma nova ação de formação: “Academia IA”. “Sabemos que a inteligência artificial veio para ficar e para se expandir. É fundamental que a nossa comunidade compreenda e tenha apoio relativamente à melhor forma de uso no contexto de ensino e aprendizagem. Vamos fazer esse caminho nesta academia”, justificou Sandra Soares. Entre os objetivos desta formação estão, entre outros, o “uso ético e responsável” da inteligência artificial ou a utilização desta ferramenta “enquanto instrumento de apoio” na avaliação e inovação curricular. A vice-reitora adiantou ainda que a “Academia IA” já está disponível na página da “Inovação Pedagógica”. Já num outro ponto da conversa, a Ria questionou ainda Paulo Jorge Ferreira sobre os “Prémios UA” que, ano após ano, têm vindo a distinguir aqueles que se destacaram em quatro categorias [Cooperação; Boas Práticas Pedagógicas; Investigação e TAG] na Universidade de Aveiro. Para o reitor da UA estes prémios são “uma componente de várias componentes”: “Transformar os espaços, apoiar e incentivar os professores a adaptarem os currículos, métodos e a inovarem do ponto de vista pedagógico e curricular”. “Eu diria que apoiar o mérito é sempre útil, mas nesta área da inovação pedagógica senti sempre, nunca tendo duvidado dela, uma adesão tão grande, por parte da comunidade, que me parece que quase que parecia desnecessário [estes incentivos]”, exprimiu. “Uma das grandes surpresas que tive foi a expectativa que tinha quanto ao ritmo de transformação dos métodos e da inovação pedagógica [na UA] e a adesão superlativa que houve depois”, continuou Paulo Jorge Ferreira. Face a isto, o reitor da UA não deixa margem para dúvidas: “A Universidade de Aveiro é uma universidade que se quer transformar. (…) Sentir a academia a correr nessa direção do futuro parece-me extraordinariamente apaixonante e motiva-me muito”. Sandra Soares não deixou de concordar: “Está no ADN da nossa instituição esta vontade e esse ímpeto para fazer melhor, correr atrás, e penso que esta adesão também está intimamente relacionada com o facto de nós ouvirmos sempre quem precisa de colocar estas mudanças em prática ou quer ir atrás das inovações”. Neste contexto, Sandra Soares destacou também um outro projeto responsável por “transformar” a instituição: o “Impulso UA – Aveiro Education and Social Alliance”, iniciado entre 2020 e 2022 e composto por duas submedidas - Impulso Jovens STEAM e Impulso Adultos. “Criamos mais de 200 microcredenciais e vamos seguramente atingir os 100% em termos de indicadores previstos na formação de adultos da região. Temos já dezenas de acordos de parceria firmados. Muitas empresas recorrem a nós porque já conhecem este tipo de ofertas para co-desenharem connosco e qualificarem ou requalificarem os seus quadros”, reforçou. Prestes a entrar na reta final da entrevista houve ainda tempo para questionar Paulo Jorge Ferreira sobre o Mestrado Integrado em Medicina, o curso da UA que demorou mais de uma década a conquistar. Apesar de partilhar o mesmo nome dos cursos existentes noutras universidades, o reitor sublinha que, em termos de organização curricular, o curso da UA é “bastante diferente”. “Não se trata de fazer igual aos outros. Acho que ninguém projetaria um curso de Medicina, hoje, guiando-se por modelos do passado”, exprimiu, insistindo que “este curso é nosso”. Questionado ainda sobre que novas ofertas formativas poderão ser esperadas, nos próximos anos, na UA, Paulo Jorge Ferreira preferiu não avançar com nenhuma área em concreto, deixando essa decisão para o futuro reitor. Vincou, porém, que “há um sentimento de satisfação”. “As novas propostas que fizemos estão a ser bem aceites e as necessidades vão evoluindo. Acho que vai haver mais necessidade de resposta na área da requalificação e nas formações de ciclo curto e profissionais do que propriamente nas licenciaturas”, comentou. “Creio que do ponto de vista dessas formações [tradicionais] estaremos mais próximos da estabilidade”, completou.
Incêndios: Situação da agricultura familiar em Aveiro agravada por atrasos nos apoios
A presença já habitual de agricultores em protesto à porta da feira agropecuária teve, este ano, uma nova preocupação a juntar às recorrentes dos produtores de leite e carne com os custos dos fatores e baixo preço à produção: os efeitos dos incêndios do verão. “Agora que estamos no inverno, ninguém fala nos incêndios, mas nós estamos aqui mais uma vez para insistir e alertar para a situação vivida no distrito” de Aveiro, disse à Lusa Carlos Alves, dirigente daquela organização. Num documento para entregar aos representantes do Governo e da Assembleia da República presentes no ato inaugural do certame, a UABDA alerta para atrasos na atribuição de apoios e compensações prometidas aos produtores florestais e agricultores afetados pelos incêndios recentes no distrito. “Muita gente ainda está à espera de receber esses apoios”, disse Carlos Alves. O declínio da produção leiteira foi outra chamada de atenção daquela organização de produtores, aproveitando a feira em que os bovinos ocupam desde há vários anos lugar de destaque. “Aveiro, que já foi uma potência na produção de leite, registou o encerramento de mais de duas mil explorações desde a entrada na União Europeia e, só nos últimos três anos, fecharam no distrito aproximadamente 200 explorações”, contabilizou Carlos Alves. Segundo aquele dirigente, “a falta de condições para manter o negócio deve-se ao aumento dos custos dos fatores de produção, nomeadamente das rações e fertilizantes, e à diminuição do preço pago ao produtor”. Situação que é agravada, segundo disse, pela importação de produtos “de baixa qualidade, como leite em pó, que entram no mercado como leite normal”. Perante esse cenário, a UABDA sustenta que os apoios nacionais e comunitários “vão sempre para os mesmos e excluem os mais pequenos, que são quem mais deles precisa”. “A grande maioria dos fundos (quase 90%) é absorvida pelos grandes produtores, que representam apenas cerca de 10% das produções nacionais”, criticam. Garantir o escoamento da produção a preços justos, controlar os preços dos fatores de produção e apoiar os pequenos e médios produtores são propostas do documento elaborado para entregar ao Ministério da Agricultura e do Mar, à Comissão de Agricultura da Assembleia da República e às comissões de coordenação e desenvolvimento regional. A Agrovouga regressou na passada sexta-feira ao Parque das Feiras e Exposições de Aveiro, prolongando-se até ao dia 30, com um programa que visa afirmar o evento como uma referência nacional nos setores agrícola, pecuário, florestal e gastronómico.
Aradas: Chega defende acordo “sem abrir mão” de exigências e não nega possível acordo na CMA
Há dois dias, o executivo em Aradas era, finalmente, aprovado após três tentativas. Em cima da mesa esteve a integração de Ricardo Nascimento, eleito pelo Chega para a Assembleia de Freguesia, no executivo da Junta. Face à tomada de decisão do Chega, os partidos da oposição ('Sentir Aradas' e PS) já reagiram através de comunicados, depois de inicialmente recusarem-se a prestar declarações aos jornalistas à margem da última Assembleia de Freguesia. O Partido Socialista, numa crítica direta ao Chega e à 'Aliança com Aveiro', deu nota que não trabalhava “através de sinais, gestos calculados ou mensagens ambíguas”. Já o Movimento Independente ‘Sentir Aradas’ afirmava que não pactuava com “práticas políticas que contrariem estes valores nem com comportamentos que revelem falta de carácter”. Recorde-se que nas últimas declarações à comunicação social, Marlene Teixeira da Rocha (Chega), em representação de Ricardo Nascimento, dava a entender que as três forças da oposição [Chega, Sentir Aradas e PS] estariam “unidas” e que não iriam “abrir mão” de “três premissas” para viabilizar o executivo: a auditoria financeira independente, o acesso integral à documentação que levou a Junta de Freguesia a ser condenada em Tribunal e a reposição da situação laboral de duas funcionárias da Junta de Freguesia que denunciaram assédio laboral. No entanto, tal entendimento conjunto não se concretizou, tendo apenas o Chega chegado a acordo com Catarina Barreto. Face às críticas que têm sido dirigidas ao partido nos últimos dias, o Chega lançou um comunicado na passada sexta-feira. Começa por referir que a nota pretende esclarecer “todos os aveirenses e aradenses em particular” sobre a “verdade” do processo “que se tornou demasiadamente longo e pouco edificante para a democracia aveirense e para as gentes de Aradas”. À margem da Assembleia de Freguesia, Ricardo Nascimento, quando recordado de um vídeo que o partido promoveu, à porta da Junta de Freguesia de Aradas, nas redes sociais, onde denunciava a falta de “transparência” do executivo, dava nota aos jornalistas que a transparência acabaria por vir à “tona”. Também nesta nota de imprensa fizeram questão de a sublinhar. “A transparência é princípio fundamental e inegociável da nossa ação, mais ainda, se possível, na eleição de um Executivo e Mesa de Assembleia de uma Junta de Freguesia”, lê-se. Para a sustentar, referem que “desde o primeiro dia” definiram “premissas muito claras e objetivas para que o Chega acordasse viabilizar o Executivo da Junta de Freguesia de Aradas”: a “concordância na contratação de auditoria à situação da Junta de Freguesia”; o “acesso a toda a documentação que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro menciona da sua sentença de julho de 2025” e a “resolução dos conflitos laborais existentes à data”. “Fomos, somos e seremos intransigentes nestas condições, as quais e ao dia de hoje, mantemos”, insiste o partido. Por “imperativo de consciência e coerência” e da responsabilidade de “sanar um impasse crescente e lesivo”, o Chega refere que assumiu a “liderança das negociações conducentes a um acordo entre a 'Aliança com Aveiro' e o Chega, (…) que visa garantir condições de governabilidade e estabilidade política à Junta de Freguesia de Aradas”. Segundo o partido, o acordo só foi alcançado porque o Chega teve acesso a “toda a informação e documentos solicitados e exigidos, por parte da presidente da Junta”. “Estes documentos estão na nossa posse e serão disponibilizados sempre que considerado necessário”, afirma. Nota ainda que o acordo assinado entre as partes supramencionadas é “inquestionavelmente explícito e claro quanto à contratação de uma auditoria à Junta de Freguesia de Aradas, em termos, moldes e data a definir exclusivamente entre as partes e em data a oportunamente anunciar aos fregueses de Aradas”. Por último, refere a “resolução dos conflitos laborais existentes à data da assinatura deste acordo”, estando, neste momento, “em curso um processo de inspeção e análise por parte da IGF”. “Deverá ser uma realidade até final deste ano de 2025. Ao que sabemos, esta será uma realidade a muito breve trecho”, adianta. Sobre os partidos da oposição, o partido refere ainda que a “todos foi dado conhecimento deste acordo, antecipada e factualmente, porque somos gente honrada, de valores e com princípios”. Contactado pela Ria, Diogo Soares Machado, vereador e também presidente da concelhia do Chega, garante que, entre os documentos consultados, não foi detetada nenhuma “red flag”. Falando em concreto sobre o processo da ADSE – recorde-se que, conforme noticiado pela Ria, Catarina Barreto recebeu indevidamente apoios da ADSE, tendo regularizado a situação posteriormente -, o vereador do Chega afirma que se trata de uma “questão arrumada”. “Eu neste momento já não levanto suspeitas nenhumas”, frisou Diogo Soares Machado, que, no entanto, não explicou se a presidente tinha sido a única pessoa do executivo a ser inscrita, nem deu nota de quem assinava a sua ficha de inscrição da ADSE – questões colocadas pela Ria aquando da investigação desse processo que nunca foram respondidas. Diogo Soares Machado afirma também que não vai revelar a documentação a que teve acesso, alegando possíveis conflitos legais com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD). No que diz respeito à auditoria – que, diz o acordo, deve acontecer em “termos, moldes e data a definir exclusivamente entre as partes e em data oportuna” -, o vereador do Chega na CMA garante que o processo deverá acontecer “em breve” e que “há um caderno de encargos definido” a que, “oportunamente”, a comunicação social poderá ter acesso. Já sobre as outras forças da oposição, o vereador disse não saber o porquê de o acordo ter ficado fechado apenas entre Chega e ‘Aliança’: “Não sei se houve uma abordagem da ‘Aliança’ com as outras forças políticas, se não houve abertura para o diálogo. (…) O que eu sei é que nós, quando nos sentámos à mesa, sentámos com a intenção de resolver. E resolver era garantir que as nossas condições eram satisfeitas”. Da mesma forma, o comunicado insiste que “jamais abrimos mão das nossas condições e jamais o faremos! Não estamos disponíveis para servir outros interesses que não os de Aradas e dos aradenses”. Relembre-se de que, tal como avançado pela Ria, fontes próximas dos partidos locais referiam que, além da integração de um elemento do Chega no executivo da Junta, estaria em causa um entendimento mais abrangente, envolvendo também a governação da Câmara Municipal de Aveiro, com a atribuição de pelouros ao atual vereador da oposição, Diogo Soares Machado. Contactado pela Ria, na passada quarta-feira, o vereador do Chega não confirmou nem desmentiu. Já Ricardo Nascimento, quando confrontado na última Assembleia de Freguesia, afirmou que era “mentira”. No mesmo dia, em declarações ao “Notícias de Aveiro”, Firmino Ferreira, presidente da concelhia do PSD, dizia que “o acordo alcançado para a Assembleia de Freguesia de Aradas não garante por si só um acordo de âmbito municipal, mas reconhecemos que são contributos importantes para o desenvolvimento de uma parceria desejável que permita levar a cabo o programa eleitoral sufragado pelos aveirenses”. Em conversa com a Ria, na passada sexta-feira, Diogo Soares Machado não subscreveu as palavras de Ricardo Nascimento, mas sim as de Firmino Ferreira. Para além de confirmar que “há uma aproximação e conversas”, o vereador volta a não confirmar nem a desmentir que o acordo possa passar pela atribuição de pelouros, embora considere a questão “extemporânea”. No comunicado, o Chega adianta ainda que o partido conseguiu “em menos de um mês o que outros não conseguiram nos quatro anos que durou o mandato autárquico anterior”. “Estamos determinados a prosseguir este caminho de boas práticas, transparência e serviço público nos próximos quatro anos”, garante. “A entrada do Ricardo Nascimento no executivo que agora inicia funções é o garante disso mesmo. (…) O acesso contínuo e permanente a toda as informações e documentação que possam ser relevantes e necessárias para tomadas de decisão futuras e que se pretendem coerentes, responsáveis e sempre em função do que é, em cada momento, melhor para os aradenses e mais ajustado à realidade da Freguesia”, continua. A presença de Ricardo Nascimento não deixa de representar uma surpresa neste acordo entre ‘Aliança’ e Chega, uma vez que significa um acréscimo às exigências feitas anteriormente e que o próprio Chega já tinha dito não ter interesse em estar dentro do executivo. Em conversa com a Ria, Diogo Soares Machado frisa que o seu partido acaba por duplicar a sua presença na autarquia de Aradas - ao membro eleito para a Assembleia de Freguesia, que agora passa a ser Matilde Machado, soma-se também o vogal do executivo – e, questionado sobre como foi possível que o acordo fosse ainda mais benéfico para o Chega, aponta: “o segredo é a alma do negócio”. “Conseguimos porque do lado da ‘Aliança’ houve a inteligência e a boa-fé de perceber que o executivo de Aradas seria mais forte, mais representativo e mais assertivo se integrasse o Ricardo Nascimento”, considera. Na noite de quarta-feira, quando o executivo foi aprovado, Ricardo Nascimento declarou que o Chega não ia “fazer uma oposição descarada”, mas que “continuava na oposição”. Estas são também palavras com que Diogo Soares Machado não se compromete: “É uma maneira de se expressar que não é a minha. Se calhar é uma maneira mais ‘à brasileiro’ do que ‘à português’, porque o Ricardo ainda tem esse ‘handicap’”. Segundo explica, o Chega está “de boa-fé e com vontade de fazer”, sendo “o garante de que as reivindicações são aceites”. Numa crítica direta aos comunicados da oposição, o comunicado do Chega acrescenta ainda que: “Depois da espuma dos dias e de dissipado o nevoeiro de insultos e dislates que outros escolheram como caminho, a verdade prevalecerá e se saberá quem está com a razão e com verdadeiro espírito de servir Aradas”. “E porque nada temos a esconder e nada fizemos (ou faremos) que belisque minimamente a nossa estatura moral e política, anexamos a este comunicado cópia do acordo assinado entre a 'Aliança com Aveiro' e o partido Chega, no passado dia 19 de novembro”, continua. Entretanto, a Ria analisou a cópia do acordo que foi enviado pela Chega em anexo ao comunicado de imprensa. Nesse documento, assinado no dia 19 de novembro, quarta-feira, não só está definida a entrada de Ricardo Nascimento para o executivo enquanto vogal e a definição da Mesa da Assembleia de Freguesia, como os compromissos entre as partes. Segundo indica a cláusula quarta do documento, o “processo negocial que conduziu ao acordo decorreu em estrita observância dos princípios da transparência, seriedade e cooperação institucional e plena troca de informação relevante, tendo sido garantido o acesso a toda a informação e documentos necessários à tomada de decisão consciente e responsável”. Embora, “da consulta e análise (…) nada tenha surgido ou resultado como causa impeditiva do acordo”, as duas forças “acordam na contratação de uma auditoria à Junta de Freguesia de Aradas, em termos, moldes e data a definir exclusivamente entre as partes e em data oportuna”. A cláusula quinta, por seu lado, vem garantir que tanto o Chega como a ‘Aliança’ se “comprometem a assegurar a execução e estabilidade das soluções governativas decorrentes do acordo, abstendo-se de adotar comportamentos que, direta ou indiretamente, comprometam a sua eficácia política e administrativa”.