RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

Região

Mais de 2.600 pessoas em 2 dias assinaram petição a pedir terreno para canil em Espinho

Mais de 2.600 pessoas assinaram a petição em que a associação Patinhas sem Lar apela a que a Câmara de Espinho lhe ceda o terreno prometido para construir um canil-gatil, sob pena de perder 250.000 euros em fundos.

Mais de 2.600 pessoas em 2 dias assinaram petição a pedir terreno para canil em Espinho
Redação

Redação

03 fev 2025, 16:30

Lançado na sexta-feira à noite, o abaixo-assinado disponível na plataforma online “Petição Pública” explica a situação que vem gerando desacordo entre as duas entidades no referido concelho do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto. “A associação de proteção animal Patinhas sem Lar candidatou-se a fundos do Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta [ICNF] para a construção de abrigos canino e felino. No total, foram-lhe atribuídos quase 250.000 euros, os quais terão que ser usados para esse fim, sob pena de terem que ser devolvidos”, começa por recordar o texto introdutório da petição. Depois, o mesmo documento complementa: “A Câmara de Espinho, na pessoa da sua presidente e vice-presidente, comprometeu-se a submeter o assunto da cedência de superfície de um terreno à Assembleia Municipal até ao fim de 2024. Não o fez. O tema também não está na ordem de trabalhos da assembleia de 19 fevereiro deste ano”.

Enfrentando sucessivas dificuldades em suportar as despesas da associação, em especial em proceder ao pagamento atempado das contas de serviços veterinários, a Patinhas sem Lar realça que, para os animais errantes de Espinho poderem ser acolhidos “em espaços dignos, só falta o cumprimento, por parte da Câmara de Espinho, da cedência de superfície de um terreno para a construção dos abrigos”. Em maio de 2024, a associação fez queixa da Câmara de Espinho à Provedoria da Justiça, alegando que o município não estava a cumprir a lei relativa à recolha e cuidado de animais errantes, a “Patinhas sem Lar”.

A semana passada, em carta aberta à presidente da autarquia, a diretora da Patinhas sem Lar, Ana Paula Castro, voltava ao tema: “Acolhemos 100% dos gatos e 95% dos cães recolhidos pelos Serviços Veterinários Municipais, com tudo o que isso implica em termos de gestão dos abrigos, despesas médico-veterinárias, alimentação, etc.”. Realçando que em 2024 isso representou “quase 400 animais, dos quais 352 foram adotados”, a diretora da associação acrescentava que as despesas de manutenção nesse ano foram de “220.000 euros, dos quais a Câmara contribuiu com um subsídio de 40.000, a que acresceu 20.000 euros do subsídio do Turismo”.

Face à discrepância entre apoios e custos, Ana Paula Castro concluía na carta aberta: “O assunto do terreno para a construção do abrigo arrasta-se há mais de dois anos. Se os técnicos responsáveis pelo avanço desta matéria não têm capacidade ou vontade de a resolver, cabe à presidente da Câmara providenciar as medidas para que a palavra dada seja cumprida. O ICNF confiou à Patinhas sem Lar o montante para construção do abrigo – essa verba só pode ser utilizada para esse fim, sob pena de ter que ser devolvida”. A Câmara Municipal de Espinho ainda não respondeu ao pedido de comentário.

Recomendações

Museu Marítimo de Ílhavo lança nova loja online
Região

Museu Marítimo de Ílhavo lança nova loja online

O grande destaque dado pelo Museu Marítimo de Ílhavo vai para as publicações dedicadas ao mar e à cultura marítima – uma aposta que, dizem os responsáveis, tem “títulos dirigidos a públicos de todas as idades, incluindo livros infantojuvenis”. Na loja é também apresentada uma linha de produtos de merchandising ligados à história e memória da pesca do bacalhau, “símbolo identitário do território e da comunidade ilhavense”. A nova loja é uma forma do Museu reforçar a sua presença digital e “democratizar o acesso aso produtos […] promovendo e divulgando a cultura marítima nacional à escala global”. O espaço online pode ser consultado em lojamuseumaritimo.cm-ilhavo.pt.

Autárquicas: Rui Dias (PSD/CDS) espera ter condições para governar Câmara de Ílhavo
Região

Autárquicas: Rui Dias (PSD/CDS) espera ter condições para governar Câmara de Ílhavo

Rui Dias dá como referência os quatro anos em que o movimento Unir para Fazer dirigiu a autarquia sem maioria absoluta, em que “teve condições semelhantes para governar”. “Não tem que haver necessariamente mais vereadores, porque basta-nos fazer um entendimento com quem tem menos vereadores para construirmos uma maioria absoluta”, disse. O novo presidente da Câmara referia-se às condições de governabilidade de que o seu antecessor, João Campolargo, do movimento de cidadãos Unir para Fazer, que perdeu as eleições para a Câmara, beneficiou, reclamando agora reciprocidade. A coligação PSD/CDS ganhou as eleições no município de Ílhavo, mas sem maioria absoluta, obtendo para a Câmara 6.580 votos (35,74%), encanto o movimento Unir para Fazer foi o segundo mais votado, obtendo 6.405 votos (34,79%) e o PS foi a terceira força mais votada, com 2.458 votos (13,35%). No executivo municipal, a coligação PSD/CDS liderada por Rui Dias elegeu três mandatos, os mesmos do Unir para Fazer, enquanto o PS mantém um eleito. “O processo está no início, sendo fundamental identificar pontos de convergência entre os projetos políticos envolvidos”, comentou Rui Dias, considerando que “há que perceber os possíveis alinhamentos”. O novo presidente da Câmara de Ílhavo, que recuperou a autarquia que foi PSD até 2021, mencionou a experiência anterior de quatro anos na Câmara, liderada por João Campolargo do movimento Unir para Fazer, agora na oposição. “Nós estamos a começar, estamos a arrancar, temos que perceber que pontos de convergência existem entre os nossos projetos e os outros e perceber o alinhamento possível”, concluiu.

Autárquicas: Campolargo assume derrota em Ílhavo e lugar de vereador da oposição
Região

Autárquicas: Campolargo assume derrota em Ílhavo e lugar de vereador da oposição

A coligação PSD/CDS-PP ganhou as eleições no município de Ílhavo, no distrito de Aveiro, mas sem maioria absoluta, obtendo para a Câmara 6.580 votos (35,74%), enquanto o movimento Unir para Fazer foi o segundo mais votado, obtendo 6.405 votos (34,79%) e o PS foi a terceira força política mais votada, com 2.458 votos (13,35%). No próximo executivo municipal, liderado por Rui Dias, a coligação PSD/CDS-PP tem três mandatos, os mesmos do Unir para Fazer, enquanto o PS mantém um vereador. “Tomarei posse e estarei entre os vereadores, e estaremos disponíveis para trabalhar em conjunto com o executivo que irá ser formado”, disse João Campolargo. Sobre o papel do movimento Unir para Fazer nos órgãos autárquicos onde está representado, João Campolargo diz não abdicar do papel fiscalizador que lhe cabe, agora na oposição. “Faremos a nossa avaliação, a nossa fiscalização, desejamos sempre que seja um mandato dessa aliança com um serviço muito próximo e de responsabilidade”, afirmou em declarações à Lusa.  Refletindo sobre os resultados eleitorais, o presidente cessante da Câmara de Ílhavo reconhece que o seu movimento “sofreu uma derrota, apesar de um apoio significativo”. “O movimento de cidadãos perdeu por uma escassa diferença de votos para uma coligação de dois partidos, o que foi um sinal de reconhecimento e admiração pelo trabalho feito, e houve uma aproximação significativa em território e mesas de voto, mas não foi suficiente para a vitória”, declarou. Quanto ao futuro, garante que “o movimento atuará como força de fiscalização, reconhecimento do que é bem feito e usará o conhecimento adquirido para se preparar para dar melhor resposta e participação na discussão democrática ao longo dos próximos quatro anos”.

Autárquicas: Jorge Ratola com maioria absoluta para devolver “qualidade e confiança” a Espinho
Região

Autárquicas: Jorge Ratola com maioria absoluta para devolver “qualidade e confiança” a Espinho

“Depois de tanto que aconteceu, é realmente uma felicidade que tenham reconhecido a minha disponibilidade para servir Espinho, para que a cidade volte a ter qualidade de vida para quem cá reside e quem nos visita, e de modo a que o município aproveite um conjunto de oportunidades que viu desperdiçadas nos últimos anos”, declara à Lusa o vencedor das eleições nesse concelho do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto. Essa estratégia passará por valorizar a frente de mar, por reabilitar infraestruturas e equipamentos “que são únicos na região e no país” e por desenvolver projetos de habitação a custos controlados. Quanto à sua primeira medida quando iniciar funções, já está definida: “Pôr a Câmara a funcionar e a corresponder ao que se espera dela, para que os habitantes e os investidores possam voltar a ter confiança nos serviços municipais”. A vitória de Jorge Ratola marca o fim de uma campanha eleitoral particularmente disputada em Espinho, onde na corrida às urnas também participava Maria Manuel Cruz – que ainda é a presidente em funções e avançou como independente depois de ser preterida pelo PS – e Luís Canelas – que, tendo começado por integrar o executivo dessa autarca, acabou por liderar a candidatura socialista. Para o próprio PSD, o percurso também foi irregular, já que a concelhia começou por indicar Ricardo Sousa, mas a direção nacional do partido avocou o processo e impôs o nome de Jorge Ratola, adjunto do primeiro-ministro, ex-vice-presidente da Câmara de Aveiro e ex-chefe dos gabinetes da presidência tanto de Joaquim Pinto Moreira na Câmara de Espinho como de Emídio Sousa na de Santa Maria da Feira. Agora, com 35,46% dos votos em Espinho, num total de 6.532 boletins, o candidato do PSD elegeu quatro elementos para o executivo da autarquia, que tem cerca de 21,4 quilómetros quadrados e 33.000 habitantes. A Oposição ficou-se pelos 24,39% e 4493 votos do PS, que elegeu Luís Canelas e Nuno Almeida, e pelos 15,3% e 2819 boletins do movimento independente liderado por Maria Manuel Cruz, que assim passa de presidente da Câmara a vereadora minoritária. Natural de Aveiro e atualmente com 59 anos, Jorge Ratola tem o 12.º ano de escolaridade e, segundo a sua nota curricular, quase sempre exerceu funções em serviços públicos, iniciando a carreira como vice-presidente da Casa da Cultura da Juventude de Aveiro e adjunto do Instituto Português da Juventude, em ambos os casos logo aos 23 anos e pelo período de 1989 a 1997. A partir de 2000 trabalhou dois anos como comercial da companhia de seguros Tranquilidade, após o que, de 2002 a 2005, foi chefe de gabinete do então Governo Civil de Aveiro e, nos quatro anos seguintes, adjunto da presidência na Câmara Municipal de Vale de Cambra. Daí passou para a autarquia de Espinho, onde de 2009 a 2013 assumiu a chefia do gabinete da presidência, e para a Câmara de Aveiro, onde foi vereador de 2013 a 2015 e vice-presidente de 2015 até 2021. Os últimos cargos que assumiu foram o de chefe do gabinete da presidência na Câmara da Feira, de 2021 a 2024, e o de adjunto do gabinete de Luís Montenegro, que exerce desde maio de 2024. Nas autárquicas de 2021, e após 12 anos de gestão PSD por Pinto Moreia, foi o PS a ganhar as eleições, com 40,23% dos votos, o que deu a presidência da Câmara ao arquiteto Miguel Reis. Os quatro eleitos socialistas estavam então em maioria face aos três vereadores do PSD, que se ficaram por 37,35% dos votos, mas Miguel Reis renunciou ao cargo na sequência da sua detenção no âmbito da Operação Vórtex, por alegada corrupção em negócios imobiliários.

Últimas

Caixa UA recebe Campeonato Nacional Universitário de Basquetebol 3x3 na próxima semana
Universidade

Caixa UA recebe Campeonato Nacional Universitário de Basquetebol 3x3 na próxima semana

Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, a UA vai acolher a competição na próxima terça-feira, 21 de outubro, das 10h00 às 19h00, e na quarta-feira, 22 de outubro, das 10h00 às 17h00 e das 20h00 às 23h00. Além da competição, terão ainda lugar um “leque de iniciativas com o objetivo de reforçar a ligação entre a Universidade, a comunidade escolar e as instituições desportivas na promoção do desporto e, em particular, do basquetebol, em Aveiro”. A organização do Campeonato Nacional Universitário de Basquetebol 3x3 está a cargo da UA, da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), da Associação Distrital de Basquetebol de Aveiro (ABA), do Desporto Escolar (DE) e da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv).

Firmino Ferreira elogia desempenho da ‘Aliança’, mas já se discute o futuro dentro do PSD-Aveiro
Cidade

Firmino Ferreira elogia desempenho da ‘Aliança’, mas já se discute o futuro dentro do PSD-Aveiro

No passado domingo, 12 de outubro, Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) à Câmara de Aveiro, venceu as eleições autárquicas, mas perdeu a maioria para o partido, elegendo quatro vereadores face a outros quatro do PS e um do Chega. Em comparação com as autárquicas de 2021, a candidatura de Luís Souto viu a diferença para o Partido Socialista passar de 9.000 para 2.000 votos. Recorde-se que até agora o município era liderado por José Ribau Esteves, atual presidente da Câmara, que não se recandidatou por ter atingido o limite de mandatos. No que respeita às juntas de freguesia, onde até agora todas eram lideradas pela coligação, o resultado traduziu-se também em algumas perdas. A ‘Aliança’ perdeu a União de Freguesias de Glória e Vera Cruz, agora conquistada pelo Partido Socialista (PS), e deixou de ter maioria em três juntas do concelho: Esgueira, Eixo e Eirol e Aradas. Em declarações à Ria, Firmino Ferreira afirmou não estar surpreendido com o resultado eleitoral, reconhecendo que se tratava de “eleições autárquicas muito disputadas”. “Por isso, é que todos se empenharam até ao último dia para a obtenção dos melhores resultados”, exprimiu. Ainda assim, considerou o resultado “excelente”. “Sabemos que os fins de ciclo suscitam sempre algumas dúvidas. (…) Gostava que tivéssemos vencido as dez freguesias e que tivéssemos segurado a maioria na Câmara e, infelizmente, não conseguimos”, lamentou. Sobre a perda da União das Freguesias de Glória e Vera Cruz para o PS, o presidente da concelhia do PSD-Aveiro atribuiu o resultado ao candidato socialista Bruno Ferreira, que anteriormente integrara as listas da ‘Aliança’ nas autárquicas de 2021. “Ele estando em serviço e em permanência é natural que isso lhe tenha dado alguma vantagem. A professora Glória Leite estava completamente fora da área política e, portanto, teve um trabalho muito mais difícil pela frente e isso terá sido a desvantagem. Não foi qualquer outro motivo”, assegurou. Confrontado sobre se, após o ato eleitoral, a concelhia do PSD-Aveiro iria a votos face à instabilidade verificada ao longo destas eleições autárquicas, Firmino Ferreira afastou essa hipótese "para já”, defendendo que “a estrutura está consolidada”. Ainda assim, deixou a nota que, por imposição “da própria nacional, que terá em breve um Conselho Nacional, que irá determinar o calendário eleitoral das concelhias e das distritais, vamos ter que (…) convocar novas eleições, porque serão eventualmente realizadas em todo o país”. Interpelado sobre quando ocorrerão, Firmino Ferreira garantiu que terão de ser marcadas “para o próximo ano”. Interpelado ainda sobre uma eventual candidatura sua à liderança da concelhia do PSD-Aveiro, Firmino Ferreira não descartou nem confirmou a hipótese. “Eu acho que não é o momento certo”, respondeu. “Eu não quero falar sobre decisões, porque essas só virão posteriormente. Portanto, prefiro, neste momento, ter tudo em aberto”, continuou. A Ria apurou que, tal como acontece no PS-Aveiro, também no seio do PSD-Aveiro começaram a surgir conversas nos bastidores sobre o futuro do partido. Depois da escolha de Luís Souto ter provocado uma vaga de demissões e um clima de instabilidade interna, vários militantes sociais-democratas optaram, nos últimos meses, por afastar-se da vida partidária ativa - uma decisão tomada com o objetivo de não prejudicar a candidatura à Câmara Municipal. Agora, com as eleições concluídas, muitos consideram ter chegado o momento de promover uma reflexão interna e preparar o futuro do PSD no concelho. Entre os militantes, há um consenso crescente de que os presidentes de junta terão um papel determinante nessa nova fase. No rescaldo das eleições autárquicas, é amplamente reconhecido que, na larga maioria das freguesias do concelho, Luís Souto obteve menos votos para a Câmara Municipal do que os candidatos às respetivas juntas de freguesia. Para muitos sociais-democratas, esta situação representa uma inversão face às últimas autárquicas e demonstra que a quebra do PSD só não foi maior graças à força e à implantação local dos candidatos às juntas, cuja popularidade terá sido crucial para conter a ascensão de Alberto Souto. Paralelamente, os críticos internos sublinham que, nos poucos casos em que os candidatos às juntas foram escolhidos diretamente por Luís Souto, os resultados ficaram aquém das expectativas - uma leitura que coincide com a análise feita por Ribau Esteves, que, logo após as eleições, destacou precisamente esse fator. O exemplo mais referido é o da União de Freguesias da Glória e Vera Cruz, onde a candidatura de Glória Leite é apontada como um dos casos em que a estratégia de Luís Souto “não resultou”. Por outro lado, há uma preocupação evidente no seio do partido relativamente à perda das maiorias nas freguesias de Esgueira, Eixo e Eirol e Aradas, onde o PSD enfrenta agora cenários de governação minoritária, não sendo garantido que o partido consiga aprovar os executivos. Entre os militantes, cresce o descontentamento com a forma como o partido - e o próprio Luís Souto - têm gerido este dossier. Logo após a vitória nas eleições, Luís Souto entrou num período de férias, deixando instruções para que cada presidente de junta eleito definisse autonomamente a estratégia política a adotar na sua freguesia. Esta decisão, vista internamente como uma forma de dissociar a governação da Câmara Municipal das juntas de freguesia, tem gerado críticas dentro do partido: vários sociais-democratas consideram que Luís Souto está a deixar os presidentes de junta “à sua sorte”, num momento em que a articulação política seria essencial para consolidar o poder local do PSD no concelho. Por tudo isto, anteveem-se meses politicamente intensos dentro do PSD-Aveiro, com vários militantes a reconhecer que não está afastada a hipótese de uma disputa interna pela liderança da concelhia. O futuro político de Luís Souto será, aliás, um dos fatores determinantes nesse processo: a forma como gerir a instabilidade em várias freguesias - e até a governabilidade muito frágil na Câmara Municipal - poderá ser decisiva na reflexão que o partido se prepara para fazer nas suas bases.

IL Aveiro: “A política local precisa de mais transparência, (…) não de livros pagos pelos munícipes”
Cidade

IL Aveiro: “A política local precisa de mais transparência, (…) não de livros pagos pelos munícipes”

Na nota, a IL Aveiro refere que se trata de um “ato de autopromoção política à custa dos contribuintes, num momento em que o autarca cessou funções por limitação de mandatos”. O partido vai mais além e afirma que a “utilização de dinheiros públicos para enaltecer o legado pessoal de um político é eticamente reprovável e contrária aos princípios de transparência e responsabilidade que devem pautar a gestão pública”. “O respeito pelos cidadãos exige que os recursos municipais sejam usados em benefício da comunidade, em obras, serviços e políticas públicas com impacto real, e não em publicações de natureza laudatória e claramente política”, afirma a IL. No comunicado, o partido sugere que o balanço dos mandatos de um autarca “deve ser feito pela história, pelos resultados e, sobretudo, pelos cidadãos que viveram as consequências das suas decisões, e não através de uma narrativa financiada pelo erário público”. “A Iniciativa Liberal Aveiro considera este episódio um símbolo da cultura política que urge mudar: uma cultura que confunde o interesse público com o interesse pessoal e que utiliza os meios da autarquia para perpetuar a imagem de quem nela exerceu cargos”, continua. Num apelo direto a Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ que venceu as eleições autárquicas no passado domingo, a IL apela que o mesmo se “demarque publicamente desta situação, garantindo que este tipo de práticas não voltará a repetir-se”. “A política local precisa de mais transparência, rigor e prestação de contas, não de livros pagos pelos munícipes”, remata a nota. Recorde-se que, tal como noticiado pela Ria, o Município de Aveiro anunciou esta quinta-feira, 16 de outubro, que irá lançar um novo livro, desta vez, com o título “Aveiro, Coragem de Mudar, com Ribau Esteves”. Trata-se do último livro - lançado e pago pela autarquia - de José Ribau Esteves enquanto presidente cessante da Câmara de Aveiro.

Livro de Ribau Esteves pago pela Câmara de Aveiro motiva críticas da oposição
Cidade

Livro de Ribau Esteves pago pela Câmara de Aveiro motiva críticas da oposição

O Município de Aveiro anunciou esta quinta-feira, 16 de outubro, que irá lançar um novo livro, desta vez, com o título “Aveiro, Coragem de Mudar, com Ribau Esteves”. Trata-se do último livro - lançado e pago pela autarquia - de José Ribau Esteves enquanto presidente cessante da Câmara de Aveiro. Recorde-se que Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ foi eleito no passado domingo, 12 de outubro, na sequência das eleições autárquicas, presidente de Câmara. A obra será apresentada no próximo fim de semana, sábado, 25 de outubro, no Teatro Aveirense e conta com prefácios de Luís Montenegro, primeiro-ministro, e de António Costa, presidente do Conselho Europeu. Recorde-se que ao longo dos últimos meses a autarquia tem vindo a lançar um conjunto de obras, nomeadamente “Rossio de Aveiro”, que aborda a requalificação urbana do Rossio (16.115,00€ para impressão, mais 9.482,00€ para “aquisição de serviços de design e conceção gráfica do livro”), “Avenida: Uma história com futuro”, que explica a requalificação da Avenida Dr. Lourenço Peixinho (7.290,00€), “Aveiro 2024 até ao infinito”, que eterniza Aveiro Capital Portuguesa da Cultura 2024 (19.950,00€ de custos com impressão, mais 11.500,00€ de “serviços de desenvolvimento do livro”), e ainda “A Sagres em Aveiro 2024”, que aborda a passagem do navio-escola Sagres pela cidade de Aveiro, durante as comemorações do Dia da Marinha em 2024 (23.462,00€) Mas há uma particularidade que salta à vista na nova obra lançada em relação às anteriores: a autoria é de José Ribau Esteves, sendo o próprio presidente da autarquia a imagem de destaque na capa do livro. A obra, que resulta de uma edição conjunta da Câmara Municipal de Aveiro e da Editora ‘Afrontamento’, pretende contar os “12 anos de gestão autárquica” de Ribau Esteves. O livro representou um custo inicial para o Município de “9.200,00 euros”, mas acabou por ser alterado, face a “serviços complementares” na passada sexta-feira, 10 de outubro, para “13.350,00 euros”, segundo o contrato disponível na plataforma base gov. Consultando a informação disponível no contrato, neste caso, a autarquia optou por encomendar “2000 exemplares”. No caso dos livros do Rossio e da Avenida esse número não tinha ultrapassado os 500 exemplares. Somando-se o custo deste livro aos restantes, só no último ano, a Câmara Municipal de Aveiro gastou 101.149,00€ na produção de livros, segundo dados disponíveis na plataforma base gov. Citado numa nota de imprensa enviada à Ria, esta quinta-feira, Ribau Esteves esclareceu que optou por escrever esta obra por “determinação de consciência e ato solidário para com o futuro”. Nesse livro, explica que dá a conhecer em “formato simples” a história de “12 anos de trabalho como presidente da Câmara Municipal de Aveiro, contando histórias de um tempo desafiante e marcante, e partilhando reflexões sobre o futuro do poder local, de Portugal, da Europa e do Mundo”. Saliente-se que este não é o primeiro livro escrito pelo autarca. A primeira vez que o fez era ainda presidente da Câmara de Ílhavo e, na altura, lançou a obra: “10 Anos de Mudança - Município de Ílhavo”. Segundo uma notícia do Correio da Manhã, datada de 18 de janeiro de 2008, a obra gerou polémica já que os partidos da oposição acusaram Ribau Esteves de se “autopromover gastando 2800 euros ao erário público”. Naquela época, o autarca desvalorizou a polémica e afirmou que era “um livro como tantos outros custeados pela autarquia”, sublinhando que se trata de “um documento importante e útil que assinala o trabalho extraordinário dos últimos dez anos no Município de Ílhavo”. A verdade é que após 17 anos, o livro agora lançado em Aveiro, por Ribau Esteves, quando está de saída do Município por ter atingido o número limite de mandatos, também tem vindo a ser alvo de críticas por parte da oposição. Pedro Pires da Rosa, deputado municipal pelo PS, escreveu ontem nas suas redes sociais que não tinha “nada contra o livro”, mas questionou o facto de a obra ser paga pela autarquia. “Acho sinceramente que se o Município pagou o livro, no mínimo, é inapropriado”, opinou. Também Diogo Soares Machado, candidato do Chega à Câmara de Aveiro, escreveu esta quinta-feira: “É um fartar vilanagem até ao último segundo”. “A falta de vergonha na cara assume foros de narcisismo doentio e de sério delírio, para além de muito pouca, ou nenhuma, seriedade e honestidade na gestão dos dinheiros públicos”, continua. No seguimento, o candidato do Chega afirmou que o partido “fará o que estiver ao seu alcance para que este conjunto de palavras justapostas, a que o Sr. Ribau decidiu chamar livro, seja devidamente cobrado ao autor, até ao último cêntimo”. Diogo Soares Machado avançou ainda que apresentará essa proposta “na primeira reunião de Câmara, depois da tomada de posse”. “Seremos inflexíveis nela: quer mandar escrever e publicar um livro, pague-o, tal como o seu antecessor fez quando lançou o ‘Prestar Contas’. Já chega de usar o dinheiro dos aveirenses a seu bel-prazer, sem outro critério que não o de massajar o próprio ego”, atentou. Recorde-se que também Élio Maia, ex-presidente da Câmara de Aveiro, lançou o livro “Prestar Contas: 2005-2013”, que tinha como objetivo fazer um balanço da sua governação, na altura, escrito e pago por si. A Ria tentou contactar Ribau Esteves, mas até ao momento não obteve resposta.