João Carrilho: “Falam quase do presidente [da AAUAV] como sendo o Presidente da República”
João Carrilho é estudante de mestrado em Gestão na Universidade de Aveiro (UA) e candidato a presidente da AAUAv para o mandato de 2025. “Evoluímos Juntos” é o lema da lista E, liderada pelo estudante.
Isabel Cunha Marques
JornalistaEm grande entrevista à Ria, João Carrilho assumiu não ser um projeto de rutura, mas sim uma lista com “uma abordagem diferente”. “Nós não queremos ir para lá criticar a dizer que fizeram muito mal…”, assegurou. Como exemplo indicou a estrutura da sua própria lista. “De diferente nós temos a nossa perspetiva. Nenhum de nós tem experiência direta, nenhum de nós esteve a colaborar diretamente com a Associação Académica (…) mas de certo modo é uma abordagem nova, porque nós vamos um bocado à descoberta. Não levamos vícios, por assim dizendo. Nós vamos lá com as nossas ideias tentar fazer com que elas andem para a frente e acho que isso é a nossa principal diferença”, salientou João.
Sobre o que não tem corrido bem na Associação Académica atual, João Carrilho afirmou à Ria que “preferia guardar essa pergunta para o debate”. “Nós não criticamos apenas a Associação Académica. Claro que reconhecemos muita coisa que a Associação Académica fez de bom e há muita gente que até pensa em nós como sendo uma rutura, mas eu já expus esta perspetiva a algumas pessoas que falaram comigo… Nós não somos propriamente uma lista de rutura, até porque, na minha opinião, para haver uma lista de rutura era preciso haver uma recandidatura [de Wilson Carmo] que não é o que vai acontecer”, expôs, realçando novamente que se trata “simplesmente de uma abordagem diferente”. “Nós queremos tentar fazer melhor certas coisas que nós consideramos que conseguimos fazer melhor”, completou. Como exemplo apontou o reforço do “apoio aos núcleos” e do setor do “Aveiro é Nosso”.
Ao longo da conversa, João Carrilho assegurou ainda que a lista E quer ligar os estudantes à cidade através de outro tipo de propostas ou de colaborações. “Por exemplo, nós temos o Festival dos Canais que achamos que podia ser divulgado mais abertamente e quem sabe até ter uma banquinha do Aveiro é Nosso na Feira de Março (…) Outra das propostas seria o banco de voluntariado que é uma coisa que nós achamos que é muito essencial, porque há muito estudantes com vontade de fazer voluntariado (…)”, reforçou.
O candidato a presidente assume o diálogo aberto, a colaboração genuína e a total transparência como três das principais bandeiras do projeto que apresenta à AAUAv. Relativamente à transparência, João Carrilho diz que quer tornar os RAC's [Relatórios de Atividades e Contas] e os planos e orçamentos públicos. “(…) Não é que eles não sejam públicos, mas é preciso fazer um pedido à mesa (…)”, afirmou. Nesta linha de pensamento, apontou ainda a realização de auditorias internas para “verificar como é que esta situação está” e qual o “panorama atual” da AAUAv para evitar “possíveis desperdícios”.
No que toca à colaboração genuína e ao diálogo aberto, João realçou que a sua lista quer “impulsionar o banco de colaboradores” e criar um “banco ligado à política educativa” onde os estudantes exporiam os seus problemas.
Questionado ainda pela Ria se a AAUAv não é transparente, o estudante de mestrado em Gestão na UA exprimiu que quer acreditar “que não nos escondem nada”. No entanto, reconheceu que um estudante, atualmente, “não deveria ter de fazer o esforço para tentar perceber aquilo que está a acontecer”. Como exemplo destacou o preço das festas do Bar do Estudante. “Antes da aplicação [mobile da AAUAv] ter surgido, o preço base (…) era de três euros (…) e nestes três euros, na altura, as pulseiras eram físicas e os núcleos vendiam as pulseiras. Destes três euros revertia um euro para os núcleos. Quando a aplicação surgiu acabou-se com as pulseiras e o preço subiu para quatro euros, ou seja, na prática deixou-se de dar um euro aos núcleos e o preço subiu um euro… A pulseira duplicou o valor… Passou dos dois euros que remetiam diretamente para a Associação Académica (…) para os quatro euros (…) Não estamos lá para perceber se esse rendimento extra faz mesmo a diferença na iniciativa que a Associação realiza ao longo do ano, mas acreditamos que até era um dos nossos pontos que gostávamos de alterar (…) Era do nosso interesse, efetivamente, descer esse valor”, explicou.
Interpelado ainda pelo texto do manifesto da sua lista em que refere, entre os exemplos, que a Associação “está num período marcado pela estagnação”, João destacou que como “nos últimos três mandatos foi o mesmo presidente [Wilson Carmo] (…) parece que sentimos que faz tudo parte do mesmo mandato”. “Não sentimos grande diferença”, lamentou.
Apesar da observação, o candidato reconheceu que existiu um “crescimento” do projeto da AAUAv ainda que considere a figura do atual presidente como uma figura distante dos estudantes. “Uma coisa curiosa é que quando falamos com as pessoas - e perguntamos opiniões - eles falam quase do presidente como sendo o Presidente da República”, comparou.
Numa etapa final da conversa, confrontado com as declarações de Wilson Carmo, atual presidente da AAUAv, em grande entrevista à Ria, sobre a relação da Associação com o Município de Aveiro, João Carrilho assegurou que irá tentar “perceber primeiro muito bem as situações” e que não vê “desvantagem em retomar o diálogo saudável entre a Associação Académica e a Câmara”. “Acreditamos que possa ter as suas vantagens (…)”, sublinhou.
Recomendações
Docentes do DCSPT juntam-se a vários especialistas na defesa de uma política “integrada” nas cidades
“Portugal precisa de uma política de cidades.” O título do artigo de opinião publicado no Jornal Público, no passado dia 16 de junho, é o ponto de partida para um movimento cívico e académico que quer colocar as cidades no centro da agenda política nacional. O texto, subscrito por um conjunto de personalidades com vasta experiência no ordenamento do território e nas políticas públicas, alerta para a ausência de uma estratégia urbana integrada e lança o apelo à mobilização de todos os cidadãos para um debate público alargado. Entre os signatários destacam-se os professores Gonçalo Santinha e José Carlos Mota, que integram o núcleo de dinamização deste debate nacional. Em entrevista à Ria, Gonçalo Santinha sublinhou que uma política de cidades “é uma política que olha para as cidades de forma integrada no território”, criticando a atual prática de definir políticas urbanas de forma desarticulada e muitas vezes dependente apenas de financiamentos disponíveis, sem uma visão estratégica coerente. Tal como avança o artigo publicado no Público, atualmente, cerca de “75%” da população portuguesa vive em áreas urbanas, um número que deverá “aumentar nos próximos anos”. Para Gonçalo Santinha, esta realidade traz consigo vantagens, mas também riscos evidentes, como a “menor coesão territorial”. “Se determinados lugares perderem cada vez mais população, esses lugares terão ainda menos oportunidades e serão menos desenvolvidos”, alertou o docente. Face a esta evolução, a definição de uma política de cidades torna-se ainda mais urgente. “É sempre importante, independentemente da população, mas claro que se torna um desafio cada vez maior porque há mais necessidades, preocupações e, como a população é heterogénea, tem de ser rigorosamente pensado de forma intersectorial”, defendeu Gonçalo Santinha. O artigo apela a uma visão “multidimensional” e “multiescalar” da política de cidades, que reforce o papel do planeamento e do ordenamento do território em todos os níveis da administração pública — central, regional e local. A proposta assenta em dois grandes objetivos: Assegurar “uma visão integrada de diferentes setores, territórios (urbanos e não urbanos) e instrumentos de política e escalas de ação” e “garantir níveis socialmente exigíveis de coesão territorial com base numa visão estratégica de consolidação de (sub)sistemas urbanos enquanto ossatura indispensável à existência de territórios mais equilibrados porque mais policêntricos”. Mas porque é que, até hoje, Portugal ainda não tem uma verdadeira política de cidades? Segundo os autores do artigo, a responsabilidade é partilhada entre a omissão do Estado e a falta de iniciativa por parte de muitas autarquias, frequentemente limitadas por escassos recursos e por uma cultura institucional que “raramente” promove processos participados. Como sublinham, o debate urbano tem sido muitas vezes fragmentado em agendas temáticas, modelos de cidade ou populações-alvo, sem uma visão global e articulada. Embora tenham existido “tentativas anteriores”, como a liderada por “João Ferrão enquanto secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades” — a realidade mostra que “o problema está em concretizar e mudar a práxis”. O docente considera também que as autarquias devem desempenhar um papel central, sublinhando a importância do momento atual, em vésperas de eleições autárquicas. “Precisamos de palco para debater o que é que as autarquias estão a pensar para as suas cidades, nesta perspetiva integrada”, relembrou Gonçalo Santinha. É face a esta realidade e como resposta ao apelo da Associação Causa Pública, conforme explicam no artigo do Público, que os signatários convidam os cidadãos interessados a juntarem-se ao Fórum sobre a Política de Cidades, que se realiza na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, este sábado, 28 de junho. Este será o primeiro de vários encontros pensados para mobilizar a sociedade civil, especialistas e decisores políticos em torno do debate. O evento estará organizado em torno de quatro grandes eixos: “Cidades como fator de desenvolvimento nacional”; “Cidades para a qualidade de vida”; “Cidades e articulação de políticas” e “Cidades para a democracia”. Cada tema será trabalhado por um grupo distinto e apresentado durante o encontro. “A abertura do fórum será feita pelos professores José Reis, economista e professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e João Ferrão. O encerramento contará com Paulo Areosa Feio e Ana Drago, ambos geógrafos. Em cada tema haverá dois intervenientes que apresentam e moderam o debate”, adiantou Gonçalo Santinha. A escolha de Coimbra, explica, é simbólica e estratégica, refletindo a intenção de descentralizar o debate e envolver diferentes regiões. “Vamos começar por debater isto em Coimbra convidando pessoas de todo o território”, afirmou. O programa na íntegra pode ser consultado aqui. Por fim, Gonçalo Santinha lembrou ainda a importância da criação de espaços participativos “genuínos”. “Se os cidadãos (…) nas suas cidades, verificarem que de facto existe um interesse genuíno por parte dos decisores de que querem promover os tais palcos de debate, de interação e de participação por parte dos seus cidadãos, então isso significa que os cidadãos olham para os seus decisores de uma outra forma, que não só como alguém que lhes quer ir só aplicar taxas ou impostos”, reforçou.
Protótipo de bicicleta "inteligente" desenvolvido na Universidade de Aveiro
Segundo nota enviada às redações pela UA, o sistema “inclui ainda uma célula de carga para monitorizar o peso transportado e integra comunicação via “CAN Bus”, o que permite que várias unidades de controlo possam interagir e trocar informações e decisões de um modo mais eficiente”. O protótipo “também é capaz de enviar mensagens de alerta a utilizadores vulneráveis de estrada, promovendo uma maior proteção do ciclista, e possui gestão térmica adaptativa da bateria, aumentando a sua durabilidade e segurança”. “Este protótipo representa um avanço significativo na segurança do ciclista e deteção de obstáculos, monitorização das condições do ciclista e do ambiente e na comunicação inteligente, permitindo a integração com infraestruturas urbanas e redes inteligentes de mobilidade”, destaca a nota. O modelo da "bicicleta inteligente conectada", apresentado na conferência internacional promovida pelo Centro de Inovação de Valor para a Bicicleta (BIKINNOV), foi desenvolvido no âmbito de uma colaboração entre o Instituto de Telecomunicações (IT) e o Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da UA. A equipa do DEM, composta por Tiago Gândara e Adriano Figueiredo, sob orientação do professor José Paulo Santos, foi responsável pela conceção e fabrico da estrutura do protótipo, do controlador inteligente e da bateria modular com sistema de arrefecimento ativo. A equipa do IT focou-se, por sua vez, na integração de múltiplos sensores e no desenvolvimento de algoritmos avançados de segurança e deteção de colisões.
AAUAv assinala 47 anos com cerimónia ao ar livre este sábado na Alameda da UA
Em entrevista à Ria, Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, revelou que a cerimónia contará com vários momentos, incluindo a tomada de posse dos novos órgãos sociais da Associação, a entrega da segunda edição do Galardão Renato Araújo e, posteriormente, os discursos institucionais. Segundo Joana, o aniversário, apesar de não ser uma data redonda, é especial e simboliza a vitalidade da Associação. “Queremos mostrar e transparecer a necessidade de a Associação Académica ser um organismo vivo, que se adapta e que vai evoluindo consoante as mudanças e as necessidades que os estudantes vão apresentando e que o mundo apresenta”. Por essa razão, optaram por uma cerimónia aberta “a todos” e ao ar livre, para que possa ser celebrada com a comunidade estudantil. Questionada sobre a importância de celebrar os 47 anos, Joana salientou que já se está a pensar no futuro estratégico da Associação. “Temos cada vez mais desafios, alguns repetidos porque a história é um pouco cíclica, mas é importante (…) já definir uma linha estratégica para o crescimento da AAUAv para o próximo meio século”. Para isso, reforça, é essencial encontrar um equilíbrio entre o “passado, o presente e o futuro” para planear os próximos anos. Como forma de abrir as celebrações, Joana Regadas adiantou ainda à Ria que esta sexta-feira, dia 27, será distribuído bolo aos estudantes, na cantina, "durante o almoço", em modo simbólico de festa. “Estão todos convidados a comparecer ao aniversário e, em jeito de uma pequena lembrança, vamos distribuir bolo de forma a cantarmos os parabéns antecipados à AAUAv- esperemos que não dê azar”, partilhou com uma gargalhada.
Mais de 12 anos depois sem apoio financeiro, AAUAv volta a ser apoiada pela autarquia
O protocolo agora aprovado estabelece um apoio financeiro global no valor de “44.500 euros” para o ano de 2025, distribuído por diversas áreas de atuação da Associação Académica: política educativa, cultura, desporto e bem-estar e eventos académicos. No total, de acordo com uma nota enviada à Ria pela autarquia aveirense, estão incluídos “2.000 euros” para iniciativas de “política educativa”; “2.000 euros” para a área “cultural”; “6.000” euros para apoio ao Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA); “21.000 euros” para o desporto e bem-estar, dos quais “15.000 euros” destinados à “Taça UA e ao desporto adaptado” e “6.000 euros” para o “projeto NEXUS”, e ainda “5.000 euros” para a organização do “Festival Internacional de Tunas Universitárias de Aveiro (FITUA)”. Além do apoio financeiro direto, o acordo contempla também “a regularização do compromisso assumido pela CMA no âmbito da organização das Fases Finais dos Campeonatos Nacionais Universitários (CNU) de 2018, no valor de 12.500 euros”. Curiosamente, as Fases Finais dos CNU que decorreram em abril de 2024 não foram incluídas no documento. Foi ainda resolvida uma pendência financeira com origem em serviços prestados pela antiga AveiroExpo (hoje Parquexpo), através do reconhecimento mútuo de uma dívida no valor de “10.038,72 euros”, que será compensada no âmbito deste protocolo, “assegurando a liquidação integral entre as partes”. Questionado pela Ria, à margem da reunião camarária, José Ribau Esteves, presidente da CMA, explicou que esta formalização - que ficará concluída até “julho” - surge após mais de uma década de cooperação informal. “A Câmara Municipal sempre cooperou, nestes meus 12 anos, com a Associação Académica - em logística, apoio direto, mas por evento. (…) Essa relação de cooperação sempre existiu e entendemos que não era preciso formalizar o protocolo”, justificou, realçando que antes do seu mandato “a tipologia de relação era igual”. “Não descobri, mas também não fiz nenhuma investigação profunda, que no passado tivesse havido um protocolo desta natureza a enquadrar todos os apoios”, continuou. A decisão de avançar com o protocolo foi possível graças à retoma do diálogo institucional com a atual liderança da AAUAv. “O que aconteceu nos últimos dois mandatos com o presidente anterior, o antecessor da Joana Regadas, é que houve problemas de relação institucional. Mesmo com esses problemas, houve alguns apoios pontuais, nomeadamente em sede de logística. (…) Com a presidente Joana Regadas desde que ela chegou interagimos, sentámo-nos à mesa, discutimos, reunimos, mandaram-nos as suas propostas, discutimos e fechamos o acordo”, sintetizou. “Fechámos agora algo que nós já entendíamos há três ou quatro anos, que era útil termos este instrumento”, continuou. Também em entrevista à Ria, Joana Regadas, presidente da AAUAv, reforçou que o protocolo “reflete a cooperação institucional que queremos construir”, sublinhando a “boa vontade” existente “desde o início” entre a Câmara e a Associação. Para Joana Regadas, o acordo valoriza o projeto da AAUAv, reconhecendo o seu impacto “crescente” na cidade. A proposta foi aprovada, esta terça-feira, por unanimidade, no período da ordem do dia da reunião camarária. O vereador Rui Carneiro assinalou a ocasião com “três notas positivas”, destacando que o protocolo representa o “reatar de uma boa relação entre a AAUAv e a Câmara de Aveiro”. Sobre a liquidação das contas, afirmou tratar-se do “fechar de um ciclo” e apoiou os vários setores contemplados no acordo.
Últimas
Docentes do DCSPT juntam-se a vários especialistas na defesa de uma política “integrada” nas cidades
“Portugal precisa de uma política de cidades.” O título do artigo de opinião publicado no Jornal Público, no passado dia 16 de junho, é o ponto de partida para um movimento cívico e académico que quer colocar as cidades no centro da agenda política nacional. O texto, subscrito por um conjunto de personalidades com vasta experiência no ordenamento do território e nas políticas públicas, alerta para a ausência de uma estratégia urbana integrada e lança o apelo à mobilização de todos os cidadãos para um debate público alargado. Entre os signatários destacam-se os professores Gonçalo Santinha e José Carlos Mota, que integram o núcleo de dinamização deste debate nacional. Em entrevista à Ria, Gonçalo Santinha sublinhou que uma política de cidades “é uma política que olha para as cidades de forma integrada no território”, criticando a atual prática de definir políticas urbanas de forma desarticulada e muitas vezes dependente apenas de financiamentos disponíveis, sem uma visão estratégica coerente. Tal como avança o artigo publicado no Público, atualmente, cerca de “75%” da população portuguesa vive em áreas urbanas, um número que deverá “aumentar nos próximos anos”. Para Gonçalo Santinha, esta realidade traz consigo vantagens, mas também riscos evidentes, como a “menor coesão territorial”. “Se determinados lugares perderem cada vez mais população, esses lugares terão ainda menos oportunidades e serão menos desenvolvidos”, alertou o docente. Face a esta evolução, a definição de uma política de cidades torna-se ainda mais urgente. “É sempre importante, independentemente da população, mas claro que se torna um desafio cada vez maior porque há mais necessidades, preocupações e, como a população é heterogénea, tem de ser rigorosamente pensado de forma intersectorial”, defendeu Gonçalo Santinha. O artigo apela a uma visão “multidimensional” e “multiescalar” da política de cidades, que reforce o papel do planeamento e do ordenamento do território em todos os níveis da administração pública — central, regional e local. A proposta assenta em dois grandes objetivos: Assegurar “uma visão integrada de diferentes setores, territórios (urbanos e não urbanos) e instrumentos de política e escalas de ação” e “garantir níveis socialmente exigíveis de coesão territorial com base numa visão estratégica de consolidação de (sub)sistemas urbanos enquanto ossatura indispensável à existência de territórios mais equilibrados porque mais policêntricos”. Mas porque é que, até hoje, Portugal ainda não tem uma verdadeira política de cidades? Segundo os autores do artigo, a responsabilidade é partilhada entre a omissão do Estado e a falta de iniciativa por parte de muitas autarquias, frequentemente limitadas por escassos recursos e por uma cultura institucional que “raramente” promove processos participados. Como sublinham, o debate urbano tem sido muitas vezes fragmentado em agendas temáticas, modelos de cidade ou populações-alvo, sem uma visão global e articulada. Embora tenham existido “tentativas anteriores”, como a liderada por “João Ferrão enquanto secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades” — a realidade mostra que “o problema está em concretizar e mudar a práxis”. O docente considera também que as autarquias devem desempenhar um papel central, sublinhando a importância do momento atual, em vésperas de eleições autárquicas. “Precisamos de palco para debater o que é que as autarquias estão a pensar para as suas cidades, nesta perspetiva integrada”, relembrou Gonçalo Santinha. É face a esta realidade e como resposta ao apelo da Associação Causa Pública, conforme explicam no artigo do Público, que os signatários convidam os cidadãos interessados a juntarem-se ao Fórum sobre a Política de Cidades, que se realiza na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, este sábado, 28 de junho. Este será o primeiro de vários encontros pensados para mobilizar a sociedade civil, especialistas e decisores políticos em torno do debate. O evento estará organizado em torno de quatro grandes eixos: “Cidades como fator de desenvolvimento nacional”; “Cidades para a qualidade de vida”; “Cidades e articulação de políticas” e “Cidades para a democracia”. Cada tema será trabalhado por um grupo distinto e apresentado durante o encontro. “A abertura do fórum será feita pelos professores José Reis, economista e professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e João Ferrão. O encerramento contará com Paulo Areosa Feio e Ana Drago, ambos geógrafos. Em cada tema haverá dois intervenientes que apresentam e moderam o debate”, adiantou Gonçalo Santinha. A escolha de Coimbra, explica, é simbólica e estratégica, refletindo a intenção de descentralizar o debate e envolver diferentes regiões. “Vamos começar por debater isto em Coimbra convidando pessoas de todo o território”, afirmou. O programa na íntegra pode ser consultado aqui. Por fim, Gonçalo Santinha lembrou ainda a importância da criação de espaços participativos “genuínos”. “Se os cidadãos (…) nas suas cidades, verificarem que de facto existe um interesse genuíno por parte dos decisores de que querem promover os tais palcos de debate, de interação e de participação por parte dos seus cidadãos, então isso significa que os cidadãos olham para os seus decisores de uma outra forma, que não só como alguém que lhes quer ir só aplicar taxas ou impostos”, reforçou.
Iniciada empreitada para a cobertura de saneamento de Ílhavo a 100%
A intervenção representa um investimento de 1,5 milhões de euros, com financiamento da Águas da Região de Aveiro, S.A. (AdRA) em cerca de 1,06 milhões de euros e da Câmara Municipal de Ílhavo em cerca de 440 mil euros. “Com prazo de execução de 12 meses, esta obra, além de dotar a freguesia de São Salvador, sobretudo na Gafanha da Boavista, de um sistema de drenagem de águas residuais que servirá cerca de 500 habitantes, proporcionará ao Município de Ílhavo atingir a cobertura total da rede de saneamento”, salienta uma nota de imprensa da autarquia. O início da empreitada foi assinalado com uma cerimónia em que participaram Joaquim Baptista, presidente do conselho de administração da AdRA, e João Campolargo, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo. Joaquim Batista lembrou que “há 15 anos, os municípios da Região de Aveiro tomaram uma decisão e lançaram-se num projeto inovador de gestão comum e integrada dos sistemas de abastecimento de água e de saneamento: a AdRA”. “Hoje, simbolicamente, ao arrancarmos com esta empreitada cuja realização permitirá a Ílhavo ter 100% de cobertura de rede de saneamento, fechamos um ciclo que começou há 15 anos”, afirmou o presidente da AdRA. Joaquim Baptista considerou tratar-se de “um projeto simbólico por ser um consórcio entre a Câmara Municipal de Ílhavo e a AdRA, que exemplifica bem o compromisso e a profunda colaboração institucional e operacional que existe entre a AdRA e os Municípios”. O presidente da Câmara de Ílhavo destacou que “foi obra a obra, investimento a investimento, que se chegou à cobertura total do saneamento básico no Município. “Estas intervenções são fundamentais para o desenvolvimento do território, e dotar as localidades destas infraestruturas é essencial para a fixação da população, por isso, nunca representam um custo, mas um investimento”, afirmou. O novo sistema inclui mais 4,5 quilómetros de coletores de águas residuais domésticas, duas estações elevatórias e cerca de 900 metros de extensão de rede de águas pluviais.
Explorador que percorreu 5 continentes quer tecnologia que detete microplásticos no corpo
Em entrevista à Lusa antes da sua palestra no evento Tecnet, que decorre quinta e sexta-feira em São João da Madeira, o espanhol, que se apresenta como “a primeira pessoa na história a ter caminhado à volta do planeta e a nadar entre cinco continentes”, diz estar a estudar a presença de plásticos de dimensões microscópicas na costa portuguesa. “A minha perceção evoluiu de uma visão mais poética da natureza para uma perspetiva mais científica, suportada por dados e estudos rigorosos”, diz o naturalista de 44 anos. “Os três aspetos que hoje me preocupam especialmente, porque ameaçam a saúde do ambiente e da Humanidade, são o aquecimento global, a alarmante perda de biodiversidade e o alto nível de poluição por plásticos”, realça. É por essa consciência que Nacho Dean defende que, em circunstâncias ideais, a prioridade atual da ciência e do empreendedorismo deveria ser o desenvolvimento de “tecnologia destinada, por um lado, a um uso e gestão mais eficientes da água e da comida, e, por outro, à deteção de micro e nanoplásticos no corpo humano e à identificação do respetivo impacto na saúde”. É precisamente nesse domínio que a empresa de organização de expedições científicas do naturalista espanhol, já habituada a colaborar com universidades e organismos estatais no domínio da natureza, ambiente e energia, se associou recentemente à academia portuguesa para concretizar o projeto “Portugal Azul”. Segundo Nacho Dean, trata-se da primeira expedição científica a percorrer a costa portuguesa, incluindo os arquipélagos da Madeira e dos Açores, e conta com o apoio científico da Universidade de Coimbra. Com uma sonda, os investigadores recolhem amostras em pontos geolocalizados sobre a poluição por microplásticos, a biodiversidade (fitoplâncton e zooplâncton), a poluição química (fármacos) e outros parâmetros, como temperatura, salinidade, percentagem de oxigénio e alcalinidade, explica. A “Portugal Azul” iniciou a expedição no final de março no Porto de Leixões, em Matosinhos, e está esta semana no Algarve, depois de ter recolhido amostras no Porto, Aveiro, Figueira da Foz, Ilhas Berlengas, Lisboa, Sines e na foz da Ria Formosa, após o que seguirá a recolha idêntica na Madeira e nos Açores. Na sua palestra, Nacho Dean vai abordar a importância de cada cidadão manter “uma mentalidade de explorador para encarar o futuro com uma atitude positiva” e de trabalhar em equipa para melhor “enfrentar as mudanças e as incertezas” da atualidade, até porque as relações humanas funcionam como constante lembrança de que “a tecnologia deve estar ao serviço das pessoas”. Seja por via do relato pessoal ou da análise de dados científicos, Nacho Dean acredita que a partilha da sua experiência sensibiliza o público para a necessidade da adoção de novos comportamentos, gerando práticas mais conscientes na indústria e escolhas mais exigentes no consumidor. Acima de tudo, antes da inovação, da legislação ou das finanças sustentáveis, o explorador defende que a educação é o pilar fundamental para construir uma sociedade ambientalmente consciente e respeitadora.
Protótipo de bicicleta "inteligente" desenvolvido na Universidade de Aveiro
Segundo nota enviada às redações pela UA, o sistema “inclui ainda uma célula de carga para monitorizar o peso transportado e integra comunicação via “CAN Bus”, o que permite que várias unidades de controlo possam interagir e trocar informações e decisões de um modo mais eficiente”. O protótipo “também é capaz de enviar mensagens de alerta a utilizadores vulneráveis de estrada, promovendo uma maior proteção do ciclista, e possui gestão térmica adaptativa da bateria, aumentando a sua durabilidade e segurança”. “Este protótipo representa um avanço significativo na segurança do ciclista e deteção de obstáculos, monitorização das condições do ciclista e do ambiente e na comunicação inteligente, permitindo a integração com infraestruturas urbanas e redes inteligentes de mobilidade”, destaca a nota. O modelo da "bicicleta inteligente conectada", apresentado na conferência internacional promovida pelo Centro de Inovação de Valor para a Bicicleta (BIKINNOV), foi desenvolvido no âmbito de uma colaboração entre o Instituto de Telecomunicações (IT) e o Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da UA. A equipa do DEM, composta por Tiago Gândara e Adriano Figueiredo, sob orientação do professor José Paulo Santos, foi responsável pela conceção e fabrico da estrutura do protótipo, do controlador inteligente e da bateria modular com sistema de arrefecimento ativo. A equipa do IT focou-se, por sua vez, na integração de múltiplos sensores e no desenvolvimento de algoritmos avançados de segurança e deteção de colisões.