Primeiro semestre de 2025 marca “redução substancial” da dívida da AAUAv, segundo Joana Regadas
Na sequência da Assembleia Geral de Alunos (AGA) da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) que na passada quinta-feira, dia 6, se realizou no auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, deu nota à Ria de que a associação conseguiu uma “redução substancial” da dívida ao longo do primeiro semestre do ano civil. O “cuidado redobrado” e os “ajustes de preços” de alguns serviços são algumas das razões que, de acordo com a presidente, justificam o resultado positivo.
Gonçalo Pina
A direção da AAUAv preferiu não adiantar números concretos durante a AGA e, quando, posteriormente, contactada pela Ria, a presidente também não quis dar os dados relativos ao primeiro semestre. “Temos isso explícito. No entanto, acreditamos que esse não deveria ser o foco, porque iremos falar disso na apresentação do Relatório de Atividades e Contas (RAC) final […] Acreditámos que seria mais justo ter uma figura total dos anos e não só comparar períodos homólogos, porque podem sempre depender de outros fatores”, explica Joana Regadas.
Não obstante, os sinais são positivos e, fruto do Plano de Recuperação estabelecido com a Universidade, de um “cuidado redobrado” na gestão da AAUAv e de “ajustes de preços” nos serviços – nomeadamente, conforme destacado em AGA pelo tesoureiro Pedro Rocha, nos preços do Bar do Estudante -, a redução da dívida é “substancial”.
Durante a Assembleia, Pedro Rocha explicou que, entre 1 de janeiro de 2025 e 31 de junho de 2025, o resultado líquido tinha sido positivo, ao invés do que tinha acontecido ao longo do mesmo período do ano anterior. No entanto, o tesoureiro qualificou os números como “enganadores”, uma vez que se baseiam num período que precede os meses mais difíceis para a AAUAv - julho e agosto, em que os serviços têm menos atividade devido à pausa letiva.
Por seu lado, Joana Regadas adianta que, tendo por base a análise trimestral que já foi feita internamente, esse período do verão passou “sem dificuldades”. A pensar no RAC final, a presidente afirma que o objetivo é manter a gestão e forma de trabalho, bem como a organização de tesouraria, uma vez que as coisas “têm resultado e está à vista”.
Ao longo da sua intervenção em AGA, Pedro Rocha deu ainda mais algumas indicações relativamente ao trabalho do semestre. Segundo explica, houve um aumento de vendas e serviços de “10,7%” e de “28,6%” em vendas e donativos. Durante este período, houve funcionários tanto a sair como a entrar, contabilizando-se atualmente 20 funcionários da AAUAv, mas o aumento do salário mínimo acabou por impactar as contas da associação. O tesoureiro garante ainda que não existem quaisquer dívidas à Autoridade Tributária e à Segurança Social e que nunca existiu qualquer atraso no pagamento de salários.
Do trabalho realizado até final de junho destaca-se o novo apoio com a Câmara Municipal de Aveiro (CMA), que vem compensar o apoio perdido da Caixa Geral de Depósitos. O tesoureiro adianta ainda que está a acontecer neste momento a renegociação dos contratos com o Super Bock Group e com o Glicínias Plaza.
Estudantes apresentaram moção contra o aumento das propinas, mas a discussão acabou suspensa
Já perto do final da reunião de estudantes, Leonor Lopes – que disse falar em nome de um “grupo de estudantes” – subiu ao púlpito para defender uma moção contra o aumento das propinas de licenciatura e a remoção dos tetos das propinas de mestrado.
No decorrer da intervenção, a estudante aproveitou para elogiar a mobilização dos estudantes a Lisboa no passado dia 28 de outubro, embora com críticas à AAUAv pela comunicação “tardia” da mobilização. Na resposta, Joana Regadas admitiu que as coisas “podiam ter sido feitas mais cedo”, mas explicou que toda a comunicação foi feita em conjunto com o Conselho de Associações Académicas Portuguesas (CAAP). Na sua opinião, assumir uma frente conjunta com as restantes associações acabou por valorizar mais a iniciativa do que se a AAUAv se tivesse adiantado na mobilização dos estudantes.
Sobre o conteúdo da moção, a presidente da direção da AAUAv criticou que, sendo uma moção direcionada à luta contra o aumento da propina, fossem mencionados outros assuntos relativos à discussão do ensino superior, nomeadamente o cumprimento do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES) ou o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES).
Do outro lado, Leonor Lopes respondeu que “o foco é a propina, mas é uma luta integrada” e que “medidas individuais não têm tanta força”.
Mais concretamente, Joana Regadas questionou a colega sobre a referência ao aumento de representação estudantil nos órgãos de gestão do ensino superior, ao que Leonor Lopes não foi capaz de responder. Quando a presidente ia sugerir uma alteração ao texto do documento, a proponente acabou por se sentir mal, algo que levou à suspensão dos trabalhos. Assistida no local pelo INEM, a estudante acabou por recuperar sem necessidade de ser levada para o hospital.
Questionada pela Ria à margem da AGA, Joana Regadas considerou que, à luz da proposta de RJIES do Governo, não entendia a reivindicação de ter maior representatividade estudantil nos órgãos de gestão, pelo que preferia a defesa de mais estudantes na Assembleia Transitória que vai decidir os Estatutos de cada instituição e, assim, decidir a proporção de alunos representados no Conselho Geral. Para além disso, a presidente indica que, sendo o título da moção mais voltado para o combate ao aumento das propinas, teria ainda algumas propostas de alteração ao documento para que esse fosse o foco.
Recomendações
Aveiro discute participação cívica esta quarta-feira com base em livro de professor da UA
É com base na investigação, diz José Carlos Mota, que se pode concluir que os cidadãos não estão desinteressados na participação cívica. “Quando se criam condições para o envolvimento dos cidadãos sobre temas que lhes interessam […] o que nós identificamos é uma vontade genuína […] de participar”, sublinha o autor. Este é o mote principal para a discussão da próxima quarta-feira, dia 12, que vai ser moderada pela jornalista Maria José Santana e em que estarão também presentes Artur Rosa Pires (professor aposentado da Universidade de Aveiro), Pompílio Souto (arquiteto e coordenador da Plataforma Cidades), Rui Macário Ribeiro (coordenador do Museu do Falso) e José Carlos Mota. O evento, que conta com o apoio da Universidade de Aveiro e da Fundação Francisco Manuel dos Santos, insere-se num ciclo de sessões que passou também por Lisboa e Coimbra e que ainda vai decorrer em Braga, Faro e no Porto. O desinteresse, no entanto, conta o autor à Ria, resulta muitas vezes “da forma como o convite [à participação] é feito”. Segundo o autor, muitas vezes quem tenta incentivar à atividade cívica assume “um discurso um bocadinho moralista […], colocando o ónus nos cidadãos”. Para além dos problemas com a forma como os convites são feitos, José Carlos Mota sublinha também que se colocam muitas “barreiras” à participação cívica, sendo a maior das quais a “desconfiança” em relação aos decisores. Não obstante, o professor da UA aponta ainda que os cidadãos têm “desconfiança entre si”. No mesmo sentido, o autor aponta o dedo ao Estado, que também tende a “desconfiar” dos cidadãos. Segundo explica, a participação pode ser vista como uma forma de “partilha de poder”, pelo que “muitos decisores entendem que a partilha é uma perda de poder”. Na sua visão, o que acontece é não uma “perda”, mas sim “uma transformação desse poder numa outra forma de exercício que decorre da capacidade de influenciar e mobilizar as pessoas”. A mobilização da comunidade cria o “poder de transformar” – algo que, de acordo com José Carlos Mota, é o que o decisor “deseja”. Nas suas palavras, se as pessoas estiverem envolvidas acabam por estar mais “comprometidas” e, por isso, mais facilmente fazem um esforço de implementação das suas ideias. Outra “barreira”, conta o autor, são as próprias vidas das pessoas. Como, conforme indica, em Portugal as pessoas têm “vidas pessoais e familiares muito intensas” e não têm condições económicas garantidas, acaba por ser mais difícil que as pessoas participem de forma ativa. De acordo com José Carlos Mota, a tendência inverte-se ao dar um verdadeiro espaço de discussão às pessoas em que os decisores tenham “disponibilidade para escutar”. Nessas sessões gera-se um “conhecimento empírico sólido e robusto” sobre a realidade – um “capital relacional muito útil” a que, de outra forma, muitas vezes quem toma as decisões não tem acesso. No livro, o professor diz contar quatro histórias exemplificativas daquilo que defende, duas delas com Aveiro como palco principal: os “Amigos d’Avenida”, que descreve como “mais reativa e de protesto”, e a “Vivó Bairro”, que afirma ter como principal objetivo “o envolvimento das comunidades e a revitalização da zona antiga de Aveiro”.
Inova-Ria e UA promovem um workshop no Departamento de Física esta quarta-feira
O objetivo, explicam os responsáveis na nota de imprensa, é “debater o papel das tecnologias emergentes e da inovação aplicada no desenvolvimento da microeletrónica em Portugal”. Durante a tarde vão ser organizados dois painéis que servem como oportunidade para “para conhecer projetos de I&D, promover a transferência de conhecimento e reforçar a colaboração entre empresas e instituições científicas no ecossistema tecnológico nacional”. Depois da sessão de abertura, começam por se juntar Miguel Drummond, da IT Aveiro, Paulo Antunes, da i3N Aveiro, Francisco Rodrigues, da PICAdvanced, e Joana Martins, da FiberSail, para falar sobre “Fotónica e outras Tecnologias Emergentes”. A conversa vai ser moderada por Sandra Carvalho, subdiretora da Investigação, Inovação e Transferência do Saber da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCTUC) e presidente do Conselho Diretivo da Sociedade Portuguesa de Materiais (SPM). A sessão fecha com um painel sobre “Semicondutores, Microeletrónica e Aplicações Emergentes”, onde já estão confirmadas as presenças de António Relvas, da Tekever, António Barny, da Amkor, Pedro Barquinha, da i3N/CENIMAT, Maria do Rosário Correia, da i3N Aveiro, e Tristan Gomes, da INESC MN. Desta vez, a moderação estará a cargo de Alcino Lavrador, coordenador do Advisory Board da Agenda ME.
Projeto que envolve a UA vence bolsa para estudar células arquitetas de biomateriais
Financiado por uma bolsa “Sinergia” do Conselho Europeu de Investigação, no valor de “dez milhões de euros”, o “Rodin- Plataformas vivas moldáveis mediadas por células” propõe, segundo a nota, uma “mudança radical na engenharia de tecidos”. “Em vez de os cientistas desenharem materiais para as células, o projeto vai dar às próprias células materiais que estas possam moldar ativamente, registar o que fazem e aprender as regras por detrás desse comportamento”, explica. O desafio “científico central” passa por “compreender como as células remodelam, física e biologicamente, o seu meio envolvente”. Posteriormente, a ideia é transformar o conhecimento em “princípios para criar biomateriais mais eficientes e mais próximos dos sistemas vivos”. “Se for bem-sucedido, o Rodin abrirá uma nova forma de engenharia de sistemas vivos. Materiais e células deixarão de ter uma relação de sentido único, em que o material apenas acolhe as células. Em vez disso, ambos se adaptam mutuamente. Isto poderá conduzir a: andaimes mais inteligentes para regeneração de tecidos, modelos de doença mais realistas, plataformas de ensaio de fármacos mais rápidas e a uma redução da experimentação animal”, realça a nota da UA. O projeto junta três investigadores: João Mano, professor no Departamento de Química da UA e membro do laboratório associado CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro; Tom Ellis, professor do Imperial College London e biólogo sintético, e Nuno Araújo, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e físico especializado em sistemas complexos.
Ria transmite hoje, às 16h, o debate das eleições para o Conselho Científico da UA
Em representação da lista “futUrA: ciência, comunidade e inovação” participarão Marco Alves (Departamento de Ciências Médicas), Gonçalo Paiva Dias (Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda) e Elisabeth Pereira (Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo). A lista “Construir o Futuro, Cuidar a UA” será representada por Armando Pinho (Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática), António Nogueira (Departamento de Biologia) e Jorge Ferraz (Departamento de Comunicação e Arte). O debate será moderado pela diretora de informação da Ria, a jornalista Isabel Marques, e é também aberto ao público até esgotada a capacidade máxima do Auditório Hélder Castanheira, na Livraria dos Serviços de Ação Social da UA. Recorde-se que o Conselho Científico é o órgão responsável pela definição e coordenação da política científica da Universidade de Aveiro, competindo-lhe, entre outras funções, apreciar o plano e as atividades científicas da instituição, pronunciar-se sobre a criação de novas áreas e unidades científicas, deliberar sobre a distribuição do serviço docente, aprovar planos de estudos, propor prémios e distinções honoríficas, ou definir júris e participar nos processos de recrutamento de docentes e investigadores. Tem ainda competência para se pronunciar sobre a nomeação do diretor da Escola Doutoral e sobre acordos ou parcerias internacionais, exercendo todas as demais funções previstas nos Estatutos e na Lei. De acordo com os Estatutos da UA, recentemente alterados, o Conselho Científico é composto por 20 representantes eleitos entre docentes e investigadores e 5 representantes das unidades de investigação. As eleições decorrem em três circunscrições eleitorais - duas com sete mandatos e uma com seis mandatos - distribuídas pelas grandes áreas de conhecimento da Universidade de Aveiro. Em todas concorrem duas listas: ‘futUrA: Ciência, Comunidade e Inovação’ e ‘Construir o Futuro, Cuidar a UA’.
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Ferryboat ‘Salicórnia’ está parado desde ontem devido a avaria e sem previsão de retorno
Contactada hoje de manhã pela Ria, Cristina Gonçalves afirmou estar “preocupada” com a situação, embora acredite que os problemas se devem resolver de forma “célere”. Questionada sobre o ponto de situação, a autarca disse estar a aguardar informações oficiais sobre as causas da avaria, não conseguindo adiantar qualquer previsão para que fosse encontrada uma solução. Fonte da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) confirmou também à Ria a avaria e, tal como a autarca, não foi capaz de adiantar um prazo para que o problema esteja resolvido. A autarquia garantiu estar a “trabalhar com o concessionário [AveiroBus] para resolver a situação o mais rapidamente possível”. No entretanto, a Ria procurou falar também com a AveiroBus, mas ainda não obteve qualquer resposta. Sem ferry, a população vê-se obrigada a fazer a travessia na lancha, que não tem capacidade para o transporte de automóveis. A presidente da Junta assegura que a situação “implica grandes transtornos” para os fregueses, que assim acabam por encontrar grandes constrangimentos em prosseguir o seu dia-a-dia, quer seja para estudar, trabalhar ou aceder a serviços.
Luís Souto quer criar Centro de Energias Oceânicas em parceria com a Universidade de Aveiro
A sessão de abertura do IV Encontro Energia e Território, onde também estiveram presentes Jean Barroca, secretário de Estado Adjunto e da Energia, e Carlos Santos, presidente da E-REDES, serviu para Luís Souto explanar algumas das suas ideias para aplicar no Município ao longo dos próximos anos. Em colaboração com a Universidade de Aveiro, “dedicado ao desenvolvimento de tecnologias baseadas nas ondas, marés e vento offshore”, o presidente propõe que se crie um Centro de Energias Oceânicas. Como aposta para Aveiro, o autarca quer começar a utilizar a cidade como “laboratório vivo” através da Aveiro Tech City, de forma a “testar novas soluções energéticas e ambientais”. Da mesma forma, durante a sua intervenção, Luís Souto propôs uma aposta na criação de Comunidades de Energia Renovável, na produção de energia limpa em edifícios públicos, em incentivos à mobilidade sustentável de forma a premiar quem opte por meios de transporte “mais ecológicos” e na “resiliência da rede elétrica”. Como tem feito desde a apresentação do programa eleitoral da ‘Aliança com Aveiro’, o agora presidente reforçou a vontade de investir nas freguesias e garantiu que “a transição energética só é válida se for justa e inclusiva”. Dessa forma, o autarca quis priorizar não só as freguesias mais pequenas do Município, também as pequenas empresas, as comunidades mais vulneráveis e o investimento em literacia energética. Luís Souto fez ainda questão de destacar que a cidade de Aveiro “reúne condições únicas para liderar a transição energética e responder, com ambição e pragmatismo, aos desafios climáticos, tecnológicos e sociais do nosso tempo”. Nesse sentido, garantiu que a escolha do Município para a realização deste IV Encontro não foi casual e reforçou que “temos uma universidade de excelência, um tecido empresarial inovador, um ecossistema tecnológico único e, sobretudo, uma vontade política firme”.
Governo vai investir 52 ME em equipamentos para prevenir os fogos
“Em boa hora fizemos uma reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Agora entregamos motorroçadoras. Depois teremos tratores, bulldozers, máquinas de rasto, o transporte respetivo destas máquinas que as Comunidades Intermunicipais (CIM) se vão responsabilizar a garantir a manutenção e de encontrar manobradores. Estes últimos concursos estão a andar”, afirmou José Manuel Fernandes. O governante falava no hangar do centro de meios aéreos de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, onde o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) entregou 135 motorroçadoras a 27 equipas de Sapadores Florestais dos 10 concelhos do distrito, naquele que é o primeiro lote a ser entregue no âmbito do reequipamento dos Sapadores Florestais. Na área da prevenção, o Ministro da Agricultura e Mar destacou ainda “o plano para pastorícia extensiva, dotado com 30 milhões de euros do Fundo Ambiental para reduzir o material combustível e, em simultâneo, colocar pessoas no território, criando riqueza”. “Tudo isto está englobado no Pacto para a Floresta, que está aprovado. É absolutamente essencial, para termos sucesso, que toda a legislação relativa à propriedade, em 2026, esteja pronta. A Assembleia da República será fundamental para esse objetivo e eu espero um grande consenso para podermos atuar”, afirmou. Outro aspeto preventivo enfatizado por José Manuel Fernandes prende-se com o fogo controlado. O ministro da Agricultura e Pescas disse que o objetivo do Governo é “mais que duplicar” a área de aplicação dessa técnica, que em 2025 rondou os 2.500 hectares. “Queremos atingir os mais de cinco mil hectares”, reforçou, acrescentando que em muitos sítios onde se devia ter feito fogo controlado, e não se fez, houve uma destruição enorme. Fazer fogo controlado significa usarmos um meio técnico para protegermos, cuidarmos, para evitarmos que os incêndios depois tenham material combustível de tal ordem que ninguém os consegue controlar. Será um trabalho a realizar em conjunto com as CIM”, sublinhou. Segundo o ministro, “há muitos locais onde as pessoas sabem que o fogo vai passar se nada se fizer e muitos locais que sabem que o fogo se pode agarrar”. “É absolutamente essencial que esse trabalho de planeamento do fogo controlado se faça. É tecnicamente, não só, defensável, como, em termos ambientais, é uma necessidade e uma exigência”, frisou Em declarações aos jornalistas, no final da cerimónia, José Manuel Fernandes disse que o Governo “tudo fará para valorizar o trabalho dos sapadores florestais, para que eles tenham o rendimento justo e digno de um trabalho árduo, que não é fácil”. “Quando chegámos ao Governo, havia dívidas às equipas de sapadores que nós regularizámos. Passámos o montante de cada equipa de sapadores florestais, composta por cinco elementos, de 55 para 61 mil euros. Tudo o que pudermos fazer dentro legalidade, mas também com o objetivo de valorização dos sapadores florestais iremos fazê-lo. A compra de equipamento é também uma forma a ajudarmos a que o trabalho seja mais facilitado e menos árduo. A formação conta 100% como serviço público. Antes, não contava. São passos que estamos a dar que os sapadores florestais merecem”, referiu. Além das 135 motorroçadoras hoje entregues aos sapadores florestais do Alto Minho, ao todo, serão entregues 2.060 motorroçadoras, numa ação financiada pelo PRR, sendo um investimento destinado a mais de 400 equipas de Sapadores Florestais, contribuindo para o melhoramento e otimização da maquinaria de trabalho e para o reforço da capacidade operacional destas equipas na prevenção da floresta.
Aveiro discute participação cívica esta quarta-feira com base em livro de professor da UA
É com base na investigação, diz José Carlos Mota, que se pode concluir que os cidadãos não estão desinteressados na participação cívica. “Quando se criam condições para o envolvimento dos cidadãos sobre temas que lhes interessam […] o que nós identificamos é uma vontade genuína […] de participar”, sublinha o autor. Este é o mote principal para a discussão da próxima quarta-feira, dia 12, que vai ser moderada pela jornalista Maria José Santana e em que estarão também presentes Artur Rosa Pires (professor aposentado da Universidade de Aveiro), Pompílio Souto (arquiteto e coordenador da Plataforma Cidades), Rui Macário Ribeiro (coordenador do Museu do Falso) e José Carlos Mota. O evento, que conta com o apoio da Universidade de Aveiro e da Fundação Francisco Manuel dos Santos, insere-se num ciclo de sessões que passou também por Lisboa e Coimbra e que ainda vai decorrer em Braga, Faro e no Porto. O desinteresse, no entanto, conta o autor à Ria, resulta muitas vezes “da forma como o convite [à participação] é feito”. Segundo o autor, muitas vezes quem tenta incentivar à atividade cívica assume “um discurso um bocadinho moralista […], colocando o ónus nos cidadãos”. Para além dos problemas com a forma como os convites são feitos, José Carlos Mota sublinha também que se colocam muitas “barreiras” à participação cívica, sendo a maior das quais a “desconfiança” em relação aos decisores. Não obstante, o professor da UA aponta ainda que os cidadãos têm “desconfiança entre si”. No mesmo sentido, o autor aponta o dedo ao Estado, que também tende a “desconfiar” dos cidadãos. Segundo explica, a participação pode ser vista como uma forma de “partilha de poder”, pelo que “muitos decisores entendem que a partilha é uma perda de poder”. Na sua visão, o que acontece é não uma “perda”, mas sim “uma transformação desse poder numa outra forma de exercício que decorre da capacidade de influenciar e mobilizar as pessoas”. A mobilização da comunidade cria o “poder de transformar” – algo que, de acordo com José Carlos Mota, é o que o decisor “deseja”. Nas suas palavras, se as pessoas estiverem envolvidas acabam por estar mais “comprometidas” e, por isso, mais facilmente fazem um esforço de implementação das suas ideias. Outra “barreira”, conta o autor, são as próprias vidas das pessoas. Como, conforme indica, em Portugal as pessoas têm “vidas pessoais e familiares muito intensas” e não têm condições económicas garantidas, acaba por ser mais difícil que as pessoas participem de forma ativa. De acordo com José Carlos Mota, a tendência inverte-se ao dar um verdadeiro espaço de discussão às pessoas em que os decisores tenham “disponibilidade para escutar”. Nessas sessões gera-se um “conhecimento empírico sólido e robusto” sobre a realidade – um “capital relacional muito útil” a que, de outra forma, muitas vezes quem toma as decisões não tem acesso. No livro, o professor diz contar quatro histórias exemplificativas daquilo que defende, duas delas com Aveiro como palco principal: os “Amigos d’Avenida”, que descreve como “mais reativa e de protesto”, e a “Vivó Bairro”, que afirma ter como principal objetivo “o envolvimento das comunidades e a revitalização da zona antiga de Aveiro”.