RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

Universidade

UA: Criada em 1986, mas com algumas paragens, a equipa de rugby voltou aos treinos e está a crescer

Na Universidade de Aveiro (UA) a cultura do rugby conta com quase quatro décadas de história, ainda que com várias interrupções. A Ria foi assistir ao treino da atual equipa na passada quinta-feira, 20 de fevereiro, e encontrou um grupo desejoso de competir e de vencer para tornar a modalidade num atrativo para a Universidade.

UA: Criada em 1986, mas com algumas paragens, a equipa de rugby voltou aos treinos e está a crescer
Ana Patrícia Novo

Ana Patrícia Novo

Jornalista
27 fev 2025, 17:44

A equipa universitária está de volta ao campus e a criação de um núcleo da AAUAv é um dos passos que está a ser pensado para dar início a um novo período. Atualmente são cerca de 18 os estudantes que se encontram às segundas e às quintas-feiras no sintético da UA, pelas 19h30, para treinar. O objetivo é entrar no maior número possível de competições e representar a UA nas competições nacionais universitárias.

Henrique Souto de Miranda é o atual capitão da equipa. Contou à Ria que a equipa se juntou “há cerca de três anos (…) de forma informal”. Começaram a utilizar o campo da Universidade para treinar. “A reitoria reparou nisso e ofereceu-nos a oportunidade de treinar dentro da Universidade: faz este ano 40 anos da criação da primeira equipa de Rugby da Universidade de Aveiro (RUA)”, revelou o capitão.

Sobre a possibilidade de reativarem o núcleo da AAUAv, Henrique não esconde que o processo está em cima da mesa. “Estamos a trabalhar para isso, já inquirimos as pessoas responsáveis por isso”, avançou o estudante de mestrado em Marketing da UA. Para os jogadores faz sentido a constituição de um grupo mais formal, de forma a “'profissionalizar' e a dar mais estrutura à equipa para poder crescer”.

Para já o principal objetivo é mesmo “participar em todas as competições que conseguirmos”, adianta o capitão. “Neste momento ter atletas já é algo excelente e o que nós queremos é participar, não ficar em último, ganhar o que conseguirmos e dar a cara pela Universidade”, frisa o estudante-atleta.

No ano passado a equipa participou no Campeonato Nacional Universitário de Rugby 7s da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), tendo jogado contra a equipa da Associação Académica da Universidade do Minho, do Instituto Politécnico de Coimbra e da Associação dos Estudantes da Faculdade de Motricidade Humana (Lisboa). No total participaram 11 equipas e o último lugar foi ocupado pela equipa de Aveiro, contudo Henrique sublinha que o mais importante foi mesmo a participação.

Falta de jogadores ditou o fim da equipa e do núcleo de rugby na UA

Corria o ano de 1986 quando se formou pela primeira vez a equipa de rugby na UA. Três anos depois, “o RUA dá início à sua participação em competições nacionais [de desporto federado]”, lê-se no site da equipa, da autoria de Miguel Diogo, antigo jogador da equipa. Na época de 90/91, o rugby “disputou até ao último jogo a subida de divisão no escalão de seniores, mantendo em atividade uma equipa de juniores e mesmo uma equipa feminina”. A partir de 1993, a equipa deixou de ter acesso ao campo de treinos do Beira-Mar, numa data que era apontada, à altura, como a marca do “inicio do decréscimo da atividade do RUA”.

A verdade é que em 94/95, a treinar no campo de jogos do seminário, a equipa “ainda disputou o campeonato nacional (…) mas a falta de condições para treinar à noite levaram a que o RUA abandonasse o dito campeonato nesse ano”, aponta o site. Em 98/99 voltaram à carga e em 2001/2002 estavam de volta às competições.

Até 2008, conta Ivan Portela - antigo estudante, ex-jogador de rugby da UA e apontado como coordenador do Núcleo de Rugby da Associação de Antigos Alunos da UA [núcleo que será aprovado hoje mesmo pela direção da associação] - a equipa competiu tanto a nível federado como universitário. A partir da época de 2008 e até 2010, a equipa deixou de competir nas competições federadas, mas continuou a marcar presença nas competições universitárias. Em 2019, deixou de ter jogadores e tanto a equipa como o núcleo extinguiram-se.

Este ano, o objetivo é voltar a competir no Campeonato Nacional de Universitário (CNU) de Rugby 7s da FADU. A competição deverá decorrer nos dias 20 e 22 de maio, em Lisboa. Além do CNU, Alcino Teixeira, atual treinador da equipa, referiu ainda que “se houver autorização”, fazer a inscrição de equipa no ‘Figueira Beach Rugby’ [um dos maiores eventos mundiais de rugbyde praia], é também um objetivo.

“O ano passado foi lançar as sementes, chegámos a ter dois/três atletas em alguns treinos”

Alcino foi atleta federado de rugby. Jogou pela Associação Académica de Coimbra (AAC) e no seu currículo constam os títulos de campeão nacional e ibérico, tendo vencido “três taças de Portugal” e algumas supertaças. Uma lesão na cervical fez com que deixasse de praticar o desporto a nível de alta competição, mas a paixão pela modalidade não desapareceu.

Continuou a jogar em Coimbra pela Escola Superior Agrária, onde conquistou três taças de Portugal e o título de campeão da segunda divisão por duas vezes. Concluiu a sua formação em Psicologia e hoje mantém a ligação à modalidade trabalhando de forma complementar com a Federação Portuguesa de Rugby e treinando a equipa da UA. Este último projeto, aponta, está a ser “lento, mas interessante”.

“O ano passado foi lançar as sementes, chegámos a ter dois/três atletas em alguns treinos – o máximo que tivemos foi 19. Este ano está a ter uma regularidade de 15 atletas, o que é muito bom”, destacou Alcino.

Esta regularidade já permitiu que a equipa conseguisse, em novembro de 2024, participar pela primeira vez num jogo de treino, em rugby de 15, contra a equipa do Politécnico de Coimbra, uma experiência que o treinador classifica como “muito interessante”. “Eles perceberam que têm capacidade (...). Tiveram competências e pode ser um projeto interessante de se avançar”, frisou Alcino. Acima de tudo motivou e “criou grupo”.

Criar o grupo é precisamente um dos pontos mais importantes para uma equipa de rugby. Quem o diz é Daniel Rainho, atualmente um membro externo à equipa, mas que desempenhou em tempos o papel de coordenador do Núcleo de Rugby da AAUAv. “O rugby é conhecido por ser um desporto com três partes: duas dentro de campo e uma fora. E nós éramos fortes em todas”, revela Daniel.

Daniel começou a jogar rugby na Moita “um pouco antes de entrar na Universidade de Aveiro”. Licenciou-se e tirou o mestrado em Biotecnologia e em simultâneo foi conquistando, juntamente com a equipa, “alguns troféus”. “Fomos vice-campeões de Rugby de praia a nível universitário e no campeonato nacional [federado] também tivemos alguns bons desempenhos, jogamos mesmo para a Taça”, contou Daniel Rainho que jogou pela equipa da UA de 2009 a 2016. Além da equipa masculina, a UA chegou a ter também “uma equipa feminina a competir tanto no CNU como no campeonato nacional [federado]”, frisa Daniel. “Depois houve este interregno”, finaliza.

Independentemente destas interrupções a equipa segue agora com os treinos e com o objetivo de voltar a vencer.

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Com o tema “Contributo para a Competitividade e Resiliência da Economia Portuguesa", a sessão, que decorre no auditório Renato Araújo, pretende dar a conhecer os resultados alcançados até à data no âmbito desta agenda, e promover a reflexão sobre o contributo das agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a competitividade e resiliência da economia portuguesa. A sessão de abertura contará com a intervenção de João Veloso, vice-reitor da UA, seguida da participação de Nelson Ferreira, responsável internacional de Indústria 4.0 na Bosch Termotecnologia, que abordará o papel estratégico do conhecimento e da tecnologia na competitividade. Marta Marques, coordenadora da UACOOPERA - unidade transversal para a Cooperação com a Sociedade -, completará a sessão inaugural sublinhando o papel da UA como catalisador de inovação colaborativa. Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, o painel principal, subordinado ao tema “Impulsionar a Competitividade e a Resiliência Económica através de I&D e Inovação: O Papel Estratégico das Agendas Mobilizadoras do PRR”, reunirá alguns dos protagonistas da inovação em Portugal. Entre eles estará Tiago Sacchetti, diretor da Bosch Industry Consulting em Portugal e Espanha. No encerramento do evento é ainda aguardado Manuel Castro Almeida, ministro da Economia e da Coesão Territorial, mas “ainda sem presença confirmada”. “Mudar a forma como construímos e habitamos é crucial para enfrentar as alterações climáticas. Com a Agenda ILLIANCE, Portugal dá um passo concreto rumo a um futuro mais verde e resiliente, provando que a inovação colaborativa é a chave para transformar desafios globais em oportunidades de desenvolvimento económico e social”, realçou Nelson Ferreira.  João Veloso, citado na nota, acrescentou ainda que “este evento, que junta empresas e academia, evidenciará de forma clara as vantagens desta parceria, que se pretende cada vez mais próxima e mais intensa”. A participação na sessão é livre, mas de inscrição obrigatória, limitada à capacidade do auditório. A Agenda ILLIANCE é uma das 21 Agendas Mobilizadoras/Verdes para a Inovação Empresarial do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em que a UA participa. Financiado pelo PRR, o consórcio da Agenda Mobilizadora ILLIANCE prevê o lançamento de 77 novos produtos, com um potencial de vendas superior a 300 milhões de euros, reforçando a competitividade nacional e posicionando Portugal na linha da frente da construção sustentável e da neutralidade carbónica. Assente nos pilares da saúde, conforto e sustentabilidade, a Agenda ILLIANCE aposta na industrialização de tecnologias inovadoras capazes de transformar o setor dos edifícios, responsável por uma parte significativa do consumo energético e das emissões de gases com efeito de estufa, para reduzir a dependência energética, melhorar a qualidade de vida, proteger o ambiente e acelerar o combate às alterações climáticas.

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Comunicado da Ria - Rádio Universitária de Aveiro
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A Ria - Rádio Universitária de Aveiro nasceu com uma missão clara: servir a comunidade académica e a cidade de Aveiro com informação independente, plural e rigorosa. Desde o primeiro dia, este tem sido o nosso compromisso, certos de que uma democracia mais forte constrói-se com mais liberdade, mais transparência e mais cidadania ativa. No dia 22 de setembro, durante uma ação de campanha da coligação ‘Aliança com Aveiro’, o nosso jornalista Gonçalo Pina foi alvo de manifestações de hostilidade ao colocar uma questão legítima a Ribau Esteves [áudio no topo deste comunicado]. No mesmo contexto, foram ainda proferidas declarações falsas sobre o financiamento e a independência da Ria. Mais do que um ataque a um jornalista, este episódio demonstra a importância de promover um jornalismo livre e responsável, imune a pressões externas ou a tentativas de condicionamento. A vitalidade de uma democracia mede-se, em grande parte, pela forma como o trabalho da comunicação social é respeitado. Questionar, esclarecer e escrutinar não são apenas direitos, mas deveres fundamentais de quem serve o interesse público. É nesse espírito que a Ria reafirma o seu compromisso com a independência, a pluralidade e o rigor informativo - princípios que norteiam a nossa atuação e que não serão postos em causa por intimidações ou pressões de qualquer natureza, especialmente quando a pergunta formulada se resumia, de forma legítima e direta, a questionar a mudança de posição do presidente da autarquia. As vaias, apupos e até objetos lançados durante a intervenção do nosso jornalista procuraram condicionar o exercício livre da sua função, criando um ambiente hostil que em nada dignifica o debate democrático. Lamenta-se que, até ao momento, não tenha havido, publicamente ou pessoalmente, qualquer pedido de desculpas nem um gesto claro de distanciamento por parte do líder da coligação ‘Aliança com Aveiro’. Num tempo em que os cidadãos exigem transparência e elevação no discurso político, tais atitudes apenas contribuem para o empobrecimento da vida pública. Aceitamos, naturalmente, que o jornalismo e o trabalho dos jornalistas possam ser alvo de críticas - também erramos e aprendemos com isso. O que não podemos aceitar é que essas críticas se expressem através de intimidações ou tentativas de silenciamento. Ao longo dos últimos meses, a Ria deu espaço a diversos protagonistas políticos que utilizaram, de forma consciente e premeditada, os meios de comunicação social - incluindo este órgão - para expressar críticas em relação ao seu próprio partido ou a processos internos. Fizeram-no com total liberdade e sem qualquer condicionamento editorial, como é natural numa democracia viva. É, por isso, com surpresa que assistimos agora a tentativas de descredibilizar a mesma cobertura jornalística que antes era considerada legítima e útil para o debate público. Importa também esclarecer que não corresponde à verdade a afirmação de que a Ria é financiada “a 100% por dinheiros públicos da Universidade de Aveiro”. No seu primeiro ano de atividade, 35% das receitas já provêm de serviços prestados a entidades externas, numa estratégia clara de autossustentabilidade através do seu Gabinete de Audiovisual. Sublinha-se ainda que, no início do projeto, foi dirigido a Ribau Esteves um convite para uma reunião de apresentação, convite esse que nunca obteve resposta. Não deixa igualmente de ser relevante recordar que, entre 2020 e 2025, a Câmara Municipal de Aveiro celebrou, segundo dados oficiais do portal Base Gov, mais de 1,3 milhões de euros em contratos de publicidade institucional com órgãos de comunicação social locais, regionais e nacionais. Resta, por isso, compreender se a crítica agora dirigida a este projeto é, de facto, uma objeção ao financiamento público da comunicação social ou apenas ao facto de, neste caso, não envolver fundos municipais. A Ria é um projeto jovem, mas nasceu para perdurar. Ao longo do seu caminho, os aveirenses poderão confirmar, pela prática diária, que a nossa postura de escrutínio será sempre a mesma perante todos os protagonistas políticos, independentemente de quem exerça o poder. O tempo será, assim, o melhor aliado da verdade e a prova mais clara do compromisso que assumimos com a independência e o interesse público. Seguiremos firmes no nosso propósito: dar voz aos estudantes e à comunidade aveirense, estimular o debate de ideias e contribuir para uma sociedade mais informada e consciente. Estamos convictos de que é com informação livre e plural que Aveiro se engrandece. É com todos os aveirenses que queremos continuar a escrever esta história. Aveiro, 24 de setembro de 2025

Ribau Esteves reafirma que Luís Souto é o melhor candidato à CMA em ação de campanha da “Aliança”
Cidade

Ribau Esteves reafirma que Luís Souto é o melhor candidato à CMA em ação de campanha da “Aliança”

Os termos que davam nome à iniciativa, continuidade e inovação, pautaram o discurso do ainda presidente da Câmara Municipal. Segundo Ribau Esteves, “a continuidade e inovação só pode ter competência na verdade das duas palavras (…) se tiver balanço. Se essa mensagem não estiver bem balanceada, ela até pode vir a ser inovadora, mas vai ter sempre uma perda de um recurso (…) absolutamente essencial, que é o recurso tempo”. “Seria uma burrice” que a continuidade não tivesse uma dimensão inovadora, afirma o autarca. Com a lembrança de que quem governa não tem total controlo dos fatores – nomeadamente, não controla as “dinâmicas do tempo e do mundo” -, Ribau Esteves considerou que apenas cabe aos autarcas “influenciar um pouco”, podendo fazê-lo de forma positiva ou negativa. Nesse sentido, definiu duas formas de fazer o balanço daquilo que é a ação autárquica: uma forma estática e uma dinâmica. O balanço estático, afirma, é aquele “mais clássico”, que configura a ação de olhar para os três mandatos em que chefiou os destinos da autarquia e perguntar o que foi bem feito. Quando definia esta forma de balanço, RIbau Esteves não deixou passar a oportunidade para deixar uma farpa a Alberto Souto, candidato do Partido Socialista, que volta a concorrer à autarquia depois de a ter governado entre 1997 e 2005: “Está para nascer o primeiro ser humano que conseguiu viver sem errar. Ainda não nasceu. Alguns já erraram muito e procuram transformar-se em gente nova que vai deixar de errar. Aí está a mentira mais grave que um ser humano pode partilhar com outro”. Feitas as contas, Ribau Esteves acredita que este “balanço estático” dos seus mandatos foi “muito positivo”, embora só revele resultados definitivos entre o dia das eleições e o dia em que o próximo presidente da Câmara tomar posse. Segundo entende, a sua governação acrescentou valor ao que herdou. Sobre este balanço, o autarca reflete ainda que “as democracias ocidentais vivem um tempo dramático porque a malta gosta imenso de estar no poder e de anunciar coisas, mas o resultado dos anúncios é cada vez mais miserável. Vejam que os políticos estão a fazer carreiras mais na comunicação e não assentam a comunicação nos resultados do seu trabalho. Assentam a comunicação nas intenções e isto está a dar cabo das democracias ocidentais”. Por tudo isso, garante que, em todas as áreas de atuação, acrescentou valor acrescentado, sendo que ainda foram inventadas coisas novas, como é exemplo o Aveiro Tech City. Nesse sentido, afirma que o seu executivo “entendeu as dinâmicas do tempo” e trouxe assim a componente digital para a CMA. Por outro lado, surge o balanço dinâmico. Fazendo uma analogia com um baloiço, Ribau Esteves explica que se trata de “ganhar balanço para seguir mais além, para ter capacidade de aproveitar o dinamismo da física (…)”. A ideia é que, quem vem numa lógica de continuidade, possa “aproveitar o empurrão do passado” e, assim, aliar uma lógica de continuidade a inovação. A dimensão inovadora, segundo o autarca, prende-se não só nas ideias que já existem ao dia de hoje, mas nas ideias que ainda vão aparecer nos anos envolvidos pelo mandato. Porque “nenhum de nós é bruxo” para perceber que instrumentos novos o futuro reserva, é preciso, no entender de Ribau Esteves, que haja essa tal componente de inovação que tome balanço na continuidade do passado. Mais uma vez a dirigir-se a Alberto Souto, que tem acusado de estar a querer governar sem ainda ter sido eleito, o autarca nota que ainda há coisas para fazer neste mandato e que é importante não o abandonar antes do fim: “Há alguma malta que ainda não percebeu que os mandatos são como os jogos de futebol. Acabam no fim. (…) Quem deixa de jogar o jogo antes de acabar, arrisca-se a perder. Arrisca-se a perder dinâmicas de balanço, credibilidade junto do cidadão, junto dos investidores (…)”. Sobre o futuro da CMA, Ribau Esteves garante que o seu sucessor será o mais “privilegiado” dos presidentes da Câmara, pois é quem vai receber a melhor herança. Por não controlar o futuro, salvaguarda que é importante que a política se faça num exercício positivo. A título de exemplo, aponta que não “vamos desinvestir hoje [no futuro de um filho] porque daqui a uma semana ele vai fazer uma agenda gravíssima que nós o vamos querer deserdar”. O autarca pede também “seriedade com a democracia”. A pensar nas eleições – não só nas que se avizinham, mas também naquelas em que ganhou -, Ribau Esteves assume que teve sempre uma postura de “humildade” e aponta que os eleitores “não refletem em conjunto”. “Ninguém manda na cabeça de ninguém. Os eleitores não se juntam em Assembleia Geral para decidir o que fazem. O exercício daquela noite é muito simples, é fazer uma conta de somar”, concluiu. Da sua chegada à autarquia, recorda que apenas herdou cinco obras em curso – e, mesmo essas, estavam paradas, segundo diz. Apesar disso, agradece ao seu antecessor, o presidente Élio Maia, que recebeu uma autarquia ainda em pior estado. Sobre os dois mandatos de Élio Maia, considera que ao passo que o primeiro foi “bonzinho”, mas que o segundo foi uma “tragédia”. Durante esse tempo, Ribau Esteves conta que o ex-autarca conseguiu melhorar dois aspetos, um por mérito próprio e outro devido à mudança na legislação: obrigou à redução da dívida e obrigou à redução da quantidade de funcionários na Câmara, respetivamente. Para terminar, o presidente da Câmara Municipal de Aveiro pediu que se seguisse o exemplo “de quem trabalha, de quem idealiza para a vida das pessoas e de quem comunica resultados em vez de intenções” com a noção de que a vida é como o baloiço: “se a malta não continuar a baloiçar, ele para”. A mensagem é de apelo a uma política “positiva, de quem não insulta”, embora também sem “levar sem retribuir”. “Façam como o FCP [Futebol Clube do Porto], sempre a jogar ao ataque. Quem defende só tem duas hipóteses, ou perde ou empata”, rematou Ribau Esteves. Depois de Ribau Esteves, quem tomou a palavra foi Luís Souto, o líder da candidatura. Sobre o discurso do autarca, Luís Souto comentou apenas: “São muitos anos a virar frangos”. Nas suas palavras, supondo que Ribau Esteves se quisesse candidatar, o programa que viria defender seria sempre “alicerçado na sua forma de estar (…), mas teria criatividade para apresentar novas ideias, novas propostas e novos caminhos”. Da mesma forma, Luís Souto diz ter definido desde o primeiro momento que a candidatura “não vinha fazer rutura” e que partia de uma apreciação muito positiva daquele que tem vindo a ser o trabalho feito até agora. Não obstante, “naturalmente, um novo ciclo teria que introduzir alguma inovação”. Luís Souto acredita que, o que vai estar em causa no dia 12 de outubro, quando ocorrem as eleições autárquicas, é a diferença entre a concretização de “projetos muito ambiciosos para Aveiro” e “um compasso de espera” para o Município. Entre as coisas a que quer dar continuidade, o candidato da “Aliança” refere o projeto da Lota, a expansão do Hospital de Aveiro, o Pavilhão Municipal – Oficina do Desporto ou a necessidade de piscinas municipais. Do outro lado da luta autárquica, o cabeça-de-lista diz que já se vislumbra uma “coligação negativa” que junta o Partido Socialista e o Chega, sendo que, aponta, ambos querem parar os trabalhos e voltar a discutir o modelo para o Hospital. No ataque aos opositores, acrescenta mesmo que “os extremos se tocam”. Como já tem vindo a dizer, Luís Souto considera importante que as Juntas de Freguesia, a Câmara Municipal e o Governo sejam da mesma cor política. Mas, para além destas instâncias, o candidato acrescenta agora que Aveiro beneficiaria se a comunicação do próximo presidente com o seu antecessor, Ribau Esteves, for boa. Nesse sentido, apesar do abandono das funções, o candidato disse acreditar que o atual autarca vai “manter Aveiro no seu coração” e ser um canal que “vamos querer ouvir com regularidade”. Para falar da componente inovadora que quer trazer ao projeto, Luís Souto pegou no programa eleitoral e começou a elencar propostas. Entre os destaques, o candidato mencionou a continuação da aposta na habitação a custos controlados, o reforço do apoio às instituições de solidariedade social, a construção de novos parques no Município, a aposta na Frente Ria ou a criação do Centro de Arte Contemporânea. Se, na apresentação do programa eleitoral, o candidato da “Aliança” já tinha clamado que “chegou a hora das freguesias”, a ideia foi retomada durante o encontro com Ribau Esteves. Luís Souto reconhece que nos últimos mandatos houve a tentativa de “pôr novamente São Jacinto no mapa” e estabelece que a afirmar “é um eixo estratégico definir uma política de coesão das freguesias”, recorrendo a “equipamentos âncora”. Entretanto, Luís Souto voltou a dirigir-se aos outros concorrentes à CMA. O candidato disse ter ouvido uma crítica ao abate da antiga frota de autocarros, que “estavam a cair aos bocados”. Nas suas palavras, “é incrível o que se vai ouvindo nestes debates plenos de demagogia, de falsidades e que revelam uma total impreparação da parte dos nossos adversários”. Mais à frente, o cabeça-de-lista frisou que a candidatura quer “captar o investimento, mas parece que há quem não queira”. Em resposta às críticas da oposição de que “está feito com os investidores”, Luís Souto garante que o está, mas “no bom sentido”. Para o candidato, a vontade de trabalhar com quem quer colocar dinheiro em Aveiro foi uma marca dos mandatos de Ribau Esteves e será também nos próximos, caso seja eleito. Conforme afirma, o que os adversários têm feito é “atirar constantemente sobre os investidores atuais e sobre potenciais investidores”. “Imaginem se eles algum dia tomassem conta da Câmara Municipal. Acontecia aquilo que aconteceu nos anos do PREC, a seguir ao 25 de abril, que é a fuga dos capitais de onde eles são bem recebidos”, considerou. Para garantir mais investimento em Aveiro, Luís Souto voltou a referir uma das suas principais propostas: a criação de uma Agência Municipal de Investimento e Inovação. Colocando lado-a-lado a intervenção na Avenida Dr. Lourenço Peixinho, feita durante a governação de Ribau Esteves, e a construção da Praça Marquês de Pombal, do tempo de Alberto Souto. Ao passo que a primeira, na sua opinião, tornou a Avenida num espaço “dinâmico, renovado, com passeios largos e com elementos verdes”, a Praça é “inerte” e “é a marca do Partido Socialista”. Na luta autárquica, Luís Souto diz “ter de fazer face” a dois tipos de populismo diferente: “o populismo da extrema-direita e o populismo da geringonça”. Depois de alguns segundos de hesitação a medir as palavras, Luís Souto atirou mesmo que as críticas que lhe têm sido feitas são de um “populismo rasca”, declaração pela qual recebeu um aplauso na sala. Entre as propostas também referidas para a educação, o candidato abordou a necessidade de uma nova Escola Secundária Homem Cristo, assim como garantiu uma aposta reforçada no ensino de artes em Aveiro. Esse reforço só será possível, no seu entender, com a expansão do Conservatório. O tema serviu para nova bicada a Alberto Souto, que interpôs uma providência cautelar que suspendeu a demolição da casa que serviu de sede à CERCIAV – providência que, entretanto, já perdeu o efeito devido à aprovação de uma resolução fundamentada em sede de reunião de Câmara. “Eu, pessoalmente, nunca deitei uma casa abaixo. Agora, quem já os deitou abaixo ou os deixou ir abaixo, muitas vezes sim, com valor cultural e patrimonial, não fica nada bem vir agora tentar assustar com este tipo de argumentos”, rematou Luís Souto. Luís Souto deu ainda notas de algumas propostas na área do bem-estar animal, como a criação de um Centro Intermunicipal de Apoio e trabalhar com as associações existentes. A terminar, reforçou o “legado extraordinário” deixado por Ribau Esteves de que espera estar à altura e voltou a deixar o alerta para o “risco de aventuras que fatalmente (…) irão acarretar um bloqueio estrutural no Município”. Ficou reservado para o final da sessão o momento de colocar questões. A Ria – Rádio Universitária de Aveiro, presente no evento, perguntou se tinha existido alguma mudança de posição do autarca em relação às considerações que tinha feito sobre Luís Souto. Recorde-se que, quando foi escolhido o cabeça-de-lista da coligação “Aliança com Aveiro”, Ribau Esteves afirmou que, pela opção tomada pelo partido, a derrota era uma “possibilidade objetiva” e que Luís Souto não tinha "nenhuma experiência de gestão", nem "perfil" para ser presidente da autarquia aveirense. No imediato, Ribau Esteves dirigiu-se ao jornalista e começou por atacar o órgão de comunicação social: “Já o disse a colegas seus (…) e já fiz também essas diligências junto de um dos responsáveis da reitoria. A Rádio Ria é um instrumento anti-Ribau Esteves, anti-‘Aliança com Aveiro’, anti-PSD, ao serviço do Partido Socialista (…) Como muita gente não sabe, a Rádio Ria é paga a 100% por dinheiros públicos da Universidade de Aveiro e, portanto, deve ter também essa caracterização bem feita”. Em reação, a sala aplaudiu o autarca, procurou fazer barulho de forma a importunar o jornalista e inclusive ouviram-se alguns apoiantes gritar “Rua!” na sala. De seguida, e de forma a procurar responder à pergunta, Ribau Esteves explicou que as discordâncias internas nos partidos são normais e que a posição que tomou teve o seu tempo, mas terminou a 18 de agosto, data de término do prazo de entrega de listas de candidatos no Tribunal. Mesmo assim, diz autarca, “na análise comparativa destes nove [candidatos à Câmara Municipal] - que os conheço bem a todos – (…), olhamos para as pessoas, para o que elas têm de caminho, de experiências, de ligação política, ao trabalho, ao balanço… Qual é a dúvida que o melhor candidato dos nove é o Luís Souto?”. Perante a insistência para que respondesse com sim ou não em relação a uma mudança de opinião em relação ao que antes tinha dito, Ribau Esteves disse não fazer futurologia e, portanto, não poder dizer se acredita agora que a “Aliança” vai com certeza ganhar a Câmara. Nesse sentido, o autarca garante que sim, mudou de opinião, embora sem querer adivinhar resultados. A questão foi também oportunidade para que Luís Souto voltasse à carga contra o candidato do Partido Socialista. Segundo recorda, Alberto Souto afirmou que só seria candidato caso “não houvesse mais ninguém para o ser”. Por isso, aponta que “o esgotamento do PS em Aveiro já vem de há muito tempo. O desligamento da realidade social e económica já vem de há muito tempo e, portanto, é normal que no PS não haja mais ninguém com coragem”. De seguida, atirou também a Diogo Soares Machado: “Parece que é muito corajoso porque é vocal e, afinal, nunca apareceu em candidatura nenhuma a não ser neste ano, que é o ano de todas as candidaturas”. Durante o espaço para questões, Ribau Esteves foi também interpelado por um apoiante que se identificou como António Gonçalves. Na sua intervenção, pediu ao presidente da Câmara Municipal que reagisse à proposta do Chega de fazer uma auditoria aos últimos 12 anos de governação da autarquia. O presidente respondeu que não é candidato e que “só sai a terreiro” para questões de dignidade mínima, como fez na passada sexta-feira, num comunicado em que acusou Alberto Souto de mentir. No entanto, explicou não ter problemas com auditorias e considerou mesmo ter “banido a corrupção” da Câmara. “Façam as auditorias que quiserem, mas completamente à vontade. (…) A nossa Câmara é bem gerida e tranquila, auditem o que quiserem”, rematou. Pela negativa, não deixou de dizer que a proposta de uma auditoria por parte de um candidato só mancha o seu nome porque “a declaração é sempre feita no sentido em que “Eu já sei o resultado e vou descobrir uma série de crimes”.

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Aveiro Smart Business abre recrutamento a estudantes da UA até este domingo

A associação tem como missão, segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, aproximar o meio académico do tecido empresarial, oferecendo aos estudantes a possibilidade de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos ao longo da formação académica. O processo de recrutamento decorre até este domingo, 28 de setembro, e está aberto a todos os estudantes da UA. As candidaturas devem ser submetidas através do formulário online disponível aqui.  No âmbito da sua atividade, a ASB promove também esta quinta-feira, 25 de setembro, pelas 18h00, uma formação online sobre “Entrevistas de Emprego – Postura e Boas Práticas”, ministrada pela EY, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo. A sessão é gratuita, inclui certificação e mantém as inscrições abertas até ao início da formação, aqui

Aveiro entre os distritos que mais furtos registou em residências até 31 de agosto
Região

Aveiro entre os distritos que mais furtos registou em residências até 31 de agosto

Na sua área de responsabilidade territorial, a GNR registou até 31 de agosto 5.454 crimes, a maioria por furto com recurso a arrombamento, escalamento ou chaves falsas. Em 2022, a GNR registou 8.684 crimes de furto ou roubo a residências, em 2023 foram 8.213 e no ano passado 8.394. “No que se refere aos ‘modus operandi’ mais comuns no cometimento de furtos em residências, no período diurno, os suspeitos usualmente batem à porta e, com uma conversa aparentemente bem estruturada e previamente planeada, conseguem entrar nas residências, abordando por vezes os proprietários quando estão a chegar a casa, ou quando os mesmos se encontram nas imediações (quintal/logradouro)”, conta a guarda. De forma idêntica efetuam burlas, em particular com vítimas idosas (ou com outra vulnerabilidade), iniciando com uma conversa afável. “No período noturno, verifica-se, por vezes, a entrada forçada dos suspeitos nas residências, através de arrombamento de porta ou janela, quando as vítimas já se encontram em casa descontraídas ou a dormir, sem qualquer hipótese de reação”, é referido na nota. De acordo com a GNR, alguns dos suspeitos aparentam conhecer as rotinas das vítimas e das pessoas que vivem na residência alvo. No que diz respeito ao crime de roubo em residências, a guarda diz que são executados com recurso a violência sobre as vítimas, em particular cidadãos idosos e pessoas vulneráveis. A GNR refere que, nestes roubos, as vítimas são agredidas ou imobilizadas, sendo que, em alguns casos, são sequestradas no interior da sua própria residência enquanto os suspeitos executam o roubo. “As residências situadas em locais ermos ou afastadas dos aglomerados populacionais, acabam por ser alvos mais vulneráveis, bem como aquelas que não dispõem de medidas de segurança”, segundo a GNR. No que diz respeito ao Programa “Chave Direta 2025”, que decorreu entre 15 de junho e 15 de setembro, a GNR adianta ter realizado diversas ações de sensibilização e patrulhamento junto das zonas residenciais, com o objetivo de alertar para os procedimentos de segurança a adotar na prevenção de situações de furto e roubo em residência, particularmente durante a ausência dos seus proprietários no período das férias de verão. No âmbito do programa estiveram envolvidos 5.797 militares da guarda, foram feitos 510 pedidos de adesão ao “Chave Direta 2025” e foram realizadas 2.913 visitas.