Autárquicas: Construção de habitação é prioridade para todos os candidatos em Aveiro
O problema da falta de habitação dominou o debate com os candidatos à presidência da Câmara de Aveiro, que decorreu na sexta-feira à noite na RTP3, com todos os participantes a propor a construção de mais habitação.
Redação
Dos nove candidatos, só a candidata do PAN, Ana Rita Moreira, não compareceu no debate alegando motivos profissionais.
Luís Souto, atual presidente da Assembleia Municipal da coligação PSD/CDS-PP/PPM, que se candidata agora à presidência da Câmara, propôs a criação de "uma estrutura dedicada para enfrentar este grave problema", bem como a criação de uma bolsa de terrenos prontos a construir, com o licenciamento pré-aprovado.
O irmão Alberto Souto, do PS, considerou que a construção de habitação é uma emergência, mas lembrou que essas casas "vão demorar dois a três anos a construir", afirmando que é preciso haver “mecanismos mais ágeis”.
Nesse sentido, propõe várias medidas como a criação de um programa de estímulos para que as pessoas que investiram no alojamento local, e que agora não estão a ter retorno que esperavam, regressem ao arrendamento progressivamente e a permuta de terrenos com construtores, recebendo em troca apartamentos.
João Moniz, do Bloco de Esquerda, defendeu que a construção de mais habitação deve ser a prioridade nos próximos 10 anos, afirmando que é preciso "resgatar o espírito de Girão Pereira", o primeiro presidente da Câmara de Aveiro eleito democraticamente que deixou um importante legado na área da habitação social.
O candidato bloquista diz que apesar de insuficiente, existe uma resposta em termos de habitação social, adiantando que o que não existe é habitação pública a custos controlados com rendas acessíveis para a classe média, e propõem a construção, nos próximos 10 anos, de 800 a 900 fogos a custos controlados com investimento publico.
Diogo Machado, do Chega, apresentou algumas medidas na área da construção privada para estarem implementadas até final do primeiro semestre de 2026, como “o lançamento de loteamentos nas freguesias periurbanas para famílias jovens e com mais dificuldades a preços mais acessíveis” e a isenção de IMI para proprietários que reabilitem prédios devolutos no centro da cidade e que os coloquem no mercado de arrendamento.
Já Isabel Tavares, da CDU, propõe o agravamento do IMI para prédios devolutos criando condições para que esses prédios possam ser utilizados para habitação e lembrou que é preciso apoiar as cooperativas de habitação e “criar novas dinâmicas para criar novas cooperativas de habitação para que as pessoas possam ter acesso à habitação”.
Do lado da Iniciativa Liberal, Miguel Gomes diz que a resposta para a falta de habitação está do lado da iniciativa privada, defendendo uma melhoria da mobilidade no concelho para que os preços das casas no centro de Aveiro possam baixar.
Paulo Alves, do Nós, Cidadãos!, diz que é preciso mais habitação a custos controlados com boa qualidade e o mais próximo da cidade e Bruno Fonseca, do Livre, defendeu a construção de habitação pública municipal com recurso a fundos do Plano de Recuperação e Resiliência.
Recomendações
Programa do BE Aveiro propõe duplicar habitação pública e criar metro de superfície
O documento, que sucede à apresentação das “11 medidas para transformar Aveiro”, define como áreas prioritárias a habitação, a ação climática, a mobilidade sustentável, os serviços públicos, a igualdade e os direitos, a cultura e o desporto, o bem-estar animal e a democracia participativa e transparente. No que toca à habitação, numa publicação através das redes sociais, João Moniz, candidato do BE à Câmara de Aveiro, anunciou a meta de duplicar a oferta pública “em dez anos”. “Atualmente, o concelho dispõe de cerca de 870 fogos públicos, entre a Câmara Municipal e o IHRU. Isto significa que, na próxima década, a meta seria alcançar entre 800 a 1000 novos fogos públicos em Aveiro”, realça. Para tal, o bloquista defende que o Município deve mobilizar os recursos financeiros nacionais e comunitários, entre os exemplos, “empréstimos à banca”. A proposta inclui expropriações de terrenos agrícolas entre a Av. Francisco Sá Carneiro e a EN109, para criar um novo bairro de habitação pública com espaços verdes e áreas comuns, semelhante ao Bairro de Santiago. “A estimativa de investimento é clara: a concretização de uma operação desta grandeza em Aveiro, distribuída entre T2 e T3, implicaria um investimento estimado entre 140 e 175 milhões de euros ao longo de uma década […]. Ou seja, meio buraco do Rossio por ano”, realça João Moniz. O programa defende ainda que “25%” das novas construções privadas sejam destinadas a rendas acessíveis, a regulação do alojamento local e a limitação da especulação imobiliária. Relativamente à mobilidade, o BE propõe a remunicipalização da AveiroBus e a criação de uma empresa intermunicipal de transportes públicos, com mais oferta e preços acessíveis. Sugere ainda a expansão da rede ciclável, transporte a pedido e um metro de superfície que ligue a estação, a universidade e as praias. Na ação climática e ambiente, entre as medidas, destaca-se a criação do Parque Natural da Ria de Aveiro, que integraria áreas já protegidas, como as Dunas de São Jacinto e a Pateira. O BE aponta corredores verdes na cidade, maior arborização, combate à pobreza energética e aposta na produção descentralizada de energias renováveis. No plano fiscal, o BE propõe a taxa turística municipal de “dois euros por dormida”, capaz de gerar perto de “um milhão de euros por ano para o Município”, a redução da taxa de Imposto Municipal sobre Imóveis [IMI] e o agravamento fiscal de prédios devolutos e em ruínas. Na igualdade e direitos, o programa defende a criação de um Gabinete Municipal para a Igualdade, gabinetes de apoio a vítimas de violência doméstica, políticas inclusivas de urbanismo e transportes adaptados. Propõe ainda um Centro Municipal LGBTI+, com funções de acolhimento e apoio, e um plano de combate à discriminação racial e xenófoba. No campo dos serviços públicos, saúde e educação, o BE rejeita a municipalização das escolas e propõe reforço do pré-escolar público, planos de combate à iliteracia, programas de saúde mental comunitária e a aplicação da tarifa social da água, impedindo cortes a famílias em situação de carência económica. Na cultura e desporto, o programa propõe dotar o Teatro Aveirense com produção própria, apoiar artistas locais, descentralizar eventos culturais, criar um estúdio público de gravação e reforçar equipamentos desportivos em todas as freguesias, incluindo uma piscina olímpica. No bem-estar animal, o partido compromete-se a construir de imediato um canil e gatil municipal, acompanhado de campanhas de esterilização, adoção e programas CED (Capturar-Esterilizar-Devolver). Por fim, na democracia participativa e combate à corrupção, o BE sugere orçamentos participativos reais, assembleias de cidadãos, digitalização dos serviços municipais e maior transparência nos processos urbanísticos. Defende ainda a responsabilização financeira e judicial de autarcas por decisões ruinosas para o erário público. O programa na íntegra pode ser consultado aqui.
Autárquicas: Candidatos à Câmara de Aveiro admitem aplicar taxa turística
A medida foi lançada durante a pré-campanha, pelo candidato do Bloco de Esquerda, João Moniz, que diz que “é preciso fazer justiça fiscal para que o peso que é exercido pelo turismo nas infraestruturas do município seja repartido não só por quem já paga IMI mas também pelo setor do turismo”. O candidato bloquista propôs uma taxa de dois euros por dormida, mas Miguel Gomes, da Iniciativa Liberal, avançou com um valor diferente: “Como queremos promover as dormidas em Aveiro, propomos uma taxa de três euros para a primeira noite e quem ficar mais de uma noite não paga nenhuma taxa”. “Está adjudicada. Boa ideia”, disse Alberto Souto, do PS, que começou por concordar com a taxa de dois euros. Diogo Machado, do Chega disse ser favorável à implementação da taxa turística assim como Luís Souto, da coligação PSD/CDS-PP/PPM, embora este último tenha ressalvado que o valor e a forma de implementar deve ser discutido com todos os ‘players’. Paulo Alves, do Nós, Cidadãos!, entende que o município deve seguir a tendência do território nacional, apesar de falar numa "taxa mínima", alegando que Aveiro “não está ainda consolidado em termos de turismo”. Isabel Tavares, da CDU, admitiu uma taxa turística com regimes de exceção para quem se desloca para a cidade em trabalho e precisa de alojamento e os jovens que vêm praticar desporto ou participar em competições. Também Bruno Tavares, do Livre, disse concordar com a taxa turística, mas assinalou que é preciso saber onde o dinheiro vai ser aplicado. O debate na RTP3 começou com a polémica em torno do Plano de Pormenor (PP) do Cais do Paraíso, aprovado recentemente e que prevê a construção de um hotel de 12 andares numa das principais entradas da cidade. O socialista Alberto Souto disse que se trata de uma “aberração urbanística” e acusou o seu irmão e adversário, Luís Souto, de ser “conivente com a prevalência do interesse privado sobre o interesse público”, alegando que o PP em causa “foi elaborado à medida dos interesses do investidor privado”, uma ideia partilhada por Diogo Machado, do Chega, que fala num “crime de lesa Aveiro”. Pelo Bloco, João Moniz, diz que este PP “é uma peça do que tem sido a governação autárquica do PSD e CDS que é feita à medida dos interesses da especulação imobiliária”. Miguel Gomes, da Iniciativa Liberal, referiu que o prédio previsto para aquele local tem “uma volumetria exagerada” e “vai manchar o contacto por completo entre Aveiro e a ria”, enquanto que Isabel Tavares, da CDU, disse que “é um desastre total do ponto de vista paisagístico e urbanístico”. Opinião diferente foi transmitida por Paulo Alves, do Nós, Cidadãos!, que disse não ter nada contra o prédio de 12 andares, mas alertou que um hotel de 600 camas no centro da cidade vai “dar cabo” dos alojamentos locais e hotéis de pequena dimensão que existem na zona. Ao contrário de todos os outros candidatos, Luís Souto, da coligação PSD/CDS-PP/PPM, foi o único a defender o projeto, sustentando que é preciso garantir competitividade para Aveiro. "Se o hotel não vier para Aveiro vai para outra cidade”, frisou. A candidata do PAN, Ana Rita Moreira, não participou no debate devido a motivos profissionais.
Autárquicas: PS quer “restaurar a democracia” em Aradas e questiona gestão da ‘Aliança’
Na intervenção, a candidata começou por destacar as suas raízes à freguesia e por evocar a anterior gestão socialista liderada por Álvaro Patrício do Bem. “Houve conquistas, houve progresso, houve trabalho feito, mas também sabemos que esse caminho foi interrompido e que parte desse património coletivo se perdeu e que a confiança da comunidade foi em alguns momentos abalada”, frisou. No seguimento, Sónia Aires garantiu que o PS pretende “retomar esse fio” e “recuperar o que foi destruído”. “Durante a liderança socialista, a freguesia conheceu um tempo de investimento sério e responsável”, destacou. Falando sobre os princípios da sua candidatura, a candidata do PS referiu querer descentralizar o atendimento, dar respostas rápidas aos problemas e criar canais diretos de comunicação. Acrescentou ainda o apoio às coletividades e associações locais, bem como a valorização e a proteção do património. Sugeriu também, entre outras medidas, a criação de um espaço de convívio para a juventude, de um conselho jovem da freguesia e de um laboratório cívico, o mapeamento do território material, a eliminação das “barreiras arquitetónicas” e a melhoria da mobilidade e segurança da freguesia. Num tom mais crítico, Sónia Aires apontou falhas à atual gestão da Junta de Freguesia, que descreveu como “desastrosa, feita de autoritarismo, falta de transparência e mais preocupada com o mediatismo do que com as pessoas”. Recorde-se que, atualmente, a Junta de Freguesia de Aradas é liderada por Catarina Barreto, eleita pela coligação ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM). No seguimento, questionou: “Que legitimidade tem em falar em legados?”. “Não tem nenhuma”, respondeu prontamente. Entre o legado que considera ter sido “destruído”, apontou como exemplo as piscinas do Carocho. “Aradas não precisa de espetáculo, precisa de proximidade. Aradas não precisa de autoritarismo, precisa de comunidade. Não queremos cargos para aparecer, queremos funções para assumir e servir”, atirou ainda a candidata socialista. Numa crítica direta à atual presidente de Junta, Sónia Aires evocou as notícias que dão conta de “inspeções, processos, denúncias de assédio laboral e processos disciplinares”. Enquanto membro da Assembleia de Freguesia pelo PS, denunciou ainda que os elementos desse órgão já foram “humilhados e destratados”. “Este é o retrato dos últimos anos”, rematou. Na mesma sessão, Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, comentou o debate transmitido na RTP3, que juntou os candidatos à autarquia, e reagiu também ao programa eleitoral da coligação ‘Aliança com Aveiro’, igualmente apresentado na sexta-feira. Dirigindo-se diretamente a Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança’, apontou que o mesmo teve uma “ideia nova e uma ideia original só que a ideia original não é boa e a nova não é original”. Sobre a “ideia nova”, recordou já a ter defendido meses antes: transformar o quartel de Sá em habitação. “É uma excelente ideia, mas precisamos de negociar muito bem com o Estado e é preciso desalojar todos os serviços de ordem nacional que lá estão para outras latitudes para que aquele quarteirão possa ser utilizado como habitação”, explicou. Sobre a outra ideia “original” apontou: a criação de uma agência de captação de investimento. “A agência de captação do investimento, se não tiver subjacente um trabalho muito mais profundo, é só mais uma burocracia. Nós não precisamos de mais uma agência para nomear os amigos, para ter orçamentos, para ter burocracia.Não vale nada ter uma agência de captação de investimento e depois quando os investidores chegarem a Aveiro não haver zonas industriais em terrenos infraestruturados onde se instalarem, não haver condições para fixar o talento que eles precisam ou não existirem bons acessos a esses terrenos”, comentou o candidato socialista. “Pronto apareceram duas ideias ao fim destes meses todos não é mal”, rematou em tom irónico. Regressando a Aradas, Alberto Souto de Miranda sublinhou que o maior compromisso do PS na freguesia é “restaurar e dignificar a democracia local”. “Porque Aveiro se é terra de liberdade deve-o muito a Aradas, ao papel do conselheiro Joaquim José de Queirós que foi um dos conspiradores da liberdade e o primeiro movimento que se associou a Aveiro em termos de liberdade”, recordou.
Aliança acusa Bruno Ferreira de “aproveitamento político” e exige posição sobre o Cais do Paraíso
No mesmo texto, a ‘Aliança com Aveiro’ pede que Bruno Ferreira esclareça publicamente a sua posição sobre o Plano de Pormenor “Cais do Paraíso”. A coligação recorda que, na Assembleia Municipal de 2 de setembro, “onde o Plano de Pormenor foi discutido”, o executivo da Junta da Glória e Vera Cruz se fez representar pela segunda vogal, “que votou favoravelmente à aprovação do Plano de Pormenor”. Face a isso, a candidatura pergunta se Bruno Ferreira “acompanha a votação favorável do seu Executivo da Junta" e a posição "do candidato do PS à Câmara Municipal de Aveiro”. A Ria apurou que Fernando Marques, presidente da Junta de Freguesia da Glória e Vera Cruz - que já esclareceu não apoiar a escolha de Glória Leite como candidata àquela junta - optou por não participar na votação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso e indicou a vogal da sua equipa para representar a Junta de Freguesia. Segundo fontes próximas, a decisão terá sido motivada pela sua proximidade pessoal à família Bóia e por reservas em relação ao projeto previsto para aquela zona da cidade. A estrutura de campanha acrescenta ainda que, caso Bruno Ferreira não siga o voto favorável do seu Executivo em relação ao Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, “por uma questão de seriedade e ética política, não lhe resta outra alternativa senão a de se demitir”. No comunicado, a coligação caracteriza Bruno Ferreira como alguém que “já foi candidato pelo PS, depois pela ‘Aliança’ e agora novamente pelo PS”, sublinhando que essa trajetória, aliada ao alegado uso do cargo, “visa a obtenção de ganhos políticos”. A direção de campanha da 'Aliança com Aveiro' estende as críticas a Alberto Souto, candidato do PS à Câmara, acusando-o de “incoerência política”. Recorda que o socialista “veio exigir publicamente a demissão do candidato Luís Souto de Miranda da presidência da Assembleia Municipal, para não usar o cargo para aproveitamento político”, mas que, “em relação ao seu candidato Bruno Ferreira, o silêncio é absoluto e total”. O comunicado termina reiterando o apelo a que Bruno Ferreira esclareça a sua posição relativamente ao Plano de Pormenor “Cais do Paraíso” e cesse “de imediato” o alegado aproveitamento do cargo de tesoureiro para efeitos de campanha. O texto é assinado pela direção de campanha da ‘Aliança com Aveiro’ e foi enviado à comunicação social precisamente na hora de início da apresentação da candidatura de Bruno Ferreira.
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GNR inicia terça-feira operação de fiscalização “RoadPol – Safety Days”
Em comunicado, a GNR refere que a operação “RoadPol – Safety Days”, que começa na terça-feira e termina em 22 de setembro, “procura fomentar a consciencialização e promoção de hábitos de condução mais seguros e contribuir para a redução dos acidentes de viação causados por comportamentos agressivos durante o exercício da condução”. A GNR lembra que entre 01 de janeiro e 31 de agosto registou 1.899 contraordenações relacionadas com a condução de motociclos, das quais 428 dizem respeito à falta ou à utilização incorreta do capacete de proteção. “Importa alertar que a condução agressiva, aliada à velocidade excessiva, à falta de atenção e manobras irregulares, praticada pelos condutores dos veículos aumenta a probabilidade da ocorrência de acidentes de viação, e que em média, diariamente, morrem 70 pessoas nas estradas europeias”, segundo a guarda. A Roadpol, da qual a GNR é membro e representante nacional, é uma organização estabelecida pelas polícias de trânsito da Europa, com a finalidade de melhorar a segurança rodoviária e a aplicação da lei nas estradas. De acordo com a nota da GNR, estas operações visam a “criação de um ambiente rodoviário mais seguro, através de uma intervenção simultânea sobre as principais causas de acidentes procurando influenciar positivamente os utilizadores das vias a adotarem comportamentos mais seguros”.
Programa do BE Aveiro propõe duplicar habitação pública e criar metro de superfície
O documento, que sucede à apresentação das “11 medidas para transformar Aveiro”, define como áreas prioritárias a habitação, a ação climática, a mobilidade sustentável, os serviços públicos, a igualdade e os direitos, a cultura e o desporto, o bem-estar animal e a democracia participativa e transparente. No que toca à habitação, numa publicação através das redes sociais, João Moniz, candidato do BE à Câmara de Aveiro, anunciou a meta de duplicar a oferta pública “em dez anos”. “Atualmente, o concelho dispõe de cerca de 870 fogos públicos, entre a Câmara Municipal e o IHRU. Isto significa que, na próxima década, a meta seria alcançar entre 800 a 1000 novos fogos públicos em Aveiro”, realça. Para tal, o bloquista defende que o Município deve mobilizar os recursos financeiros nacionais e comunitários, entre os exemplos, “empréstimos à banca”. A proposta inclui expropriações de terrenos agrícolas entre a Av. Francisco Sá Carneiro e a EN109, para criar um novo bairro de habitação pública com espaços verdes e áreas comuns, semelhante ao Bairro de Santiago. “A estimativa de investimento é clara: a concretização de uma operação desta grandeza em Aveiro, distribuída entre T2 e T3, implicaria um investimento estimado entre 140 e 175 milhões de euros ao longo de uma década […]. Ou seja, meio buraco do Rossio por ano”, realça João Moniz. O programa defende ainda que “25%” das novas construções privadas sejam destinadas a rendas acessíveis, a regulação do alojamento local e a limitação da especulação imobiliária. Relativamente à mobilidade, o BE propõe a remunicipalização da AveiroBus e a criação de uma empresa intermunicipal de transportes públicos, com mais oferta e preços acessíveis. Sugere ainda a expansão da rede ciclável, transporte a pedido e um metro de superfície que ligue a estação, a universidade e as praias. Na ação climática e ambiente, entre as medidas, destaca-se a criação do Parque Natural da Ria de Aveiro, que integraria áreas já protegidas, como as Dunas de São Jacinto e a Pateira. O BE aponta corredores verdes na cidade, maior arborização, combate à pobreza energética e aposta na produção descentralizada de energias renováveis. No plano fiscal, o BE propõe a taxa turística municipal de “dois euros por dormida”, capaz de gerar perto de “um milhão de euros por ano para o Município”, a redução da taxa de Imposto Municipal sobre Imóveis [IMI] e o agravamento fiscal de prédios devolutos e em ruínas. Na igualdade e direitos, o programa defende a criação de um Gabinete Municipal para a Igualdade, gabinetes de apoio a vítimas de violência doméstica, políticas inclusivas de urbanismo e transportes adaptados. Propõe ainda um Centro Municipal LGBTI+, com funções de acolhimento e apoio, e um plano de combate à discriminação racial e xenófoba. No campo dos serviços públicos, saúde e educação, o BE rejeita a municipalização das escolas e propõe reforço do pré-escolar público, planos de combate à iliteracia, programas de saúde mental comunitária e a aplicação da tarifa social da água, impedindo cortes a famílias em situação de carência económica. Na cultura e desporto, o programa propõe dotar o Teatro Aveirense com produção própria, apoiar artistas locais, descentralizar eventos culturais, criar um estúdio público de gravação e reforçar equipamentos desportivos em todas as freguesias, incluindo uma piscina olímpica. No bem-estar animal, o partido compromete-se a construir de imediato um canil e gatil municipal, acompanhado de campanhas de esterilização, adoção e programas CED (Capturar-Esterilizar-Devolver). Por fim, na democracia participativa e combate à corrupção, o BE sugere orçamentos participativos reais, assembleias de cidadãos, digitalização dos serviços municipais e maior transparência nos processos urbanísticos. Defende ainda a responsabilização financeira e judicial de autarcas por decisões ruinosas para o erário público. O programa na íntegra pode ser consultado aqui.
Autárquicas: Candidatos à Câmara de Aveiro admitem aplicar taxa turística
A medida foi lançada durante a pré-campanha, pelo candidato do Bloco de Esquerda, João Moniz, que diz que “é preciso fazer justiça fiscal para que o peso que é exercido pelo turismo nas infraestruturas do município seja repartido não só por quem já paga IMI mas também pelo setor do turismo”. O candidato bloquista propôs uma taxa de dois euros por dormida, mas Miguel Gomes, da Iniciativa Liberal, avançou com um valor diferente: “Como queremos promover as dormidas em Aveiro, propomos uma taxa de três euros para a primeira noite e quem ficar mais de uma noite não paga nenhuma taxa”. “Está adjudicada. Boa ideia”, disse Alberto Souto, do PS, que começou por concordar com a taxa de dois euros. Diogo Machado, do Chega disse ser favorável à implementação da taxa turística assim como Luís Souto, da coligação PSD/CDS-PP/PPM, embora este último tenha ressalvado que o valor e a forma de implementar deve ser discutido com todos os ‘players’. Paulo Alves, do Nós, Cidadãos!, entende que o município deve seguir a tendência do território nacional, apesar de falar numa "taxa mínima", alegando que Aveiro “não está ainda consolidado em termos de turismo”. Isabel Tavares, da CDU, admitiu uma taxa turística com regimes de exceção para quem se desloca para a cidade em trabalho e precisa de alojamento e os jovens que vêm praticar desporto ou participar em competições. Também Bruno Tavares, do Livre, disse concordar com a taxa turística, mas assinalou que é preciso saber onde o dinheiro vai ser aplicado. O debate na RTP3 começou com a polémica em torno do Plano de Pormenor (PP) do Cais do Paraíso, aprovado recentemente e que prevê a construção de um hotel de 12 andares numa das principais entradas da cidade. O socialista Alberto Souto disse que se trata de uma “aberração urbanística” e acusou o seu irmão e adversário, Luís Souto, de ser “conivente com a prevalência do interesse privado sobre o interesse público”, alegando que o PP em causa “foi elaborado à medida dos interesses do investidor privado”, uma ideia partilhada por Diogo Machado, do Chega, que fala num “crime de lesa Aveiro”. Pelo Bloco, João Moniz, diz que este PP “é uma peça do que tem sido a governação autárquica do PSD e CDS que é feita à medida dos interesses da especulação imobiliária”. Miguel Gomes, da Iniciativa Liberal, referiu que o prédio previsto para aquele local tem “uma volumetria exagerada” e “vai manchar o contacto por completo entre Aveiro e a ria”, enquanto que Isabel Tavares, da CDU, disse que “é um desastre total do ponto de vista paisagístico e urbanístico”. Opinião diferente foi transmitida por Paulo Alves, do Nós, Cidadãos!, que disse não ter nada contra o prédio de 12 andares, mas alertou que um hotel de 600 camas no centro da cidade vai “dar cabo” dos alojamentos locais e hotéis de pequena dimensão que existem na zona. Ao contrário de todos os outros candidatos, Luís Souto, da coligação PSD/CDS-PP/PPM, foi o único a defender o projeto, sustentando que é preciso garantir competitividade para Aveiro. "Se o hotel não vier para Aveiro vai para outra cidade”, frisou. A candidata do PAN, Ana Rita Moreira, não participou no debate devido a motivos profissionais.
Autárquicas: PS quer “restaurar a democracia” em Aradas e questiona gestão da ‘Aliança’
Na intervenção, a candidata começou por destacar as suas raízes à freguesia e por evocar a anterior gestão socialista liderada por Álvaro Patrício do Bem. “Houve conquistas, houve progresso, houve trabalho feito, mas também sabemos que esse caminho foi interrompido e que parte desse património coletivo se perdeu e que a confiança da comunidade foi em alguns momentos abalada”, frisou. No seguimento, Sónia Aires garantiu que o PS pretende “retomar esse fio” e “recuperar o que foi destruído”. “Durante a liderança socialista, a freguesia conheceu um tempo de investimento sério e responsável”, destacou. Falando sobre os princípios da sua candidatura, a candidata do PS referiu querer descentralizar o atendimento, dar respostas rápidas aos problemas e criar canais diretos de comunicação. Acrescentou ainda o apoio às coletividades e associações locais, bem como a valorização e a proteção do património. Sugeriu também, entre outras medidas, a criação de um espaço de convívio para a juventude, de um conselho jovem da freguesia e de um laboratório cívico, o mapeamento do território material, a eliminação das “barreiras arquitetónicas” e a melhoria da mobilidade e segurança da freguesia. Num tom mais crítico, Sónia Aires apontou falhas à atual gestão da Junta de Freguesia, que descreveu como “desastrosa, feita de autoritarismo, falta de transparência e mais preocupada com o mediatismo do que com as pessoas”. Recorde-se que, atualmente, a Junta de Freguesia de Aradas é liderada por Catarina Barreto, eleita pela coligação ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM). No seguimento, questionou: “Que legitimidade tem em falar em legados?”. “Não tem nenhuma”, respondeu prontamente. Entre o legado que considera ter sido “destruído”, apontou como exemplo as piscinas do Carocho. “Aradas não precisa de espetáculo, precisa de proximidade. Aradas não precisa de autoritarismo, precisa de comunidade. Não queremos cargos para aparecer, queremos funções para assumir e servir”, atirou ainda a candidata socialista. Numa crítica direta à atual presidente de Junta, Sónia Aires evocou as notícias que dão conta de “inspeções, processos, denúncias de assédio laboral e processos disciplinares”. Enquanto membro da Assembleia de Freguesia pelo PS, denunciou ainda que os elementos desse órgão já foram “humilhados e destratados”. “Este é o retrato dos últimos anos”, rematou. Na mesma sessão, Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, comentou o debate transmitido na RTP3, que juntou os candidatos à autarquia, e reagiu também ao programa eleitoral da coligação ‘Aliança com Aveiro’, igualmente apresentado na sexta-feira. Dirigindo-se diretamente a Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança’, apontou que o mesmo teve uma “ideia nova e uma ideia original só que a ideia original não é boa e a nova não é original”. Sobre a “ideia nova”, recordou já a ter defendido meses antes: transformar o quartel de Sá em habitação. “É uma excelente ideia, mas precisamos de negociar muito bem com o Estado e é preciso desalojar todos os serviços de ordem nacional que lá estão para outras latitudes para que aquele quarteirão possa ser utilizado como habitação”, explicou. Sobre a outra ideia “original” apontou: a criação de uma agência de captação de investimento. “A agência de captação do investimento, se não tiver subjacente um trabalho muito mais profundo, é só mais uma burocracia. Nós não precisamos de mais uma agência para nomear os amigos, para ter orçamentos, para ter burocracia.Não vale nada ter uma agência de captação de investimento e depois quando os investidores chegarem a Aveiro não haver zonas industriais em terrenos infraestruturados onde se instalarem, não haver condições para fixar o talento que eles precisam ou não existirem bons acessos a esses terrenos”, comentou o candidato socialista. “Pronto apareceram duas ideias ao fim destes meses todos não é mal”, rematou em tom irónico. Regressando a Aradas, Alberto Souto de Miranda sublinhou que o maior compromisso do PS na freguesia é “restaurar e dignificar a democracia local”. “Porque Aveiro se é terra de liberdade deve-o muito a Aradas, ao papel do conselheiro Joaquim José de Queirós que foi um dos conspiradores da liberdade e o primeiro movimento que se associou a Aveiro em termos de liberdade”, recordou.