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Na prisão de Aveiro, o voto é um espaço de liberdade que mantém vivo o espírito do 25 de Abril

Na manhã em que as urnas chegaram à prisão de Aveiro, o ambiente era diferente do habitual. Pelos corredores, sentia-se a expectativa de quem, mesmo privado de liberdade, não abdica do direito de escolher. No âmbito das eleições legislativas, que se realizam no próximo dia 18 de maio, “93” dos “114” reclusos quiseram votar. José Manuel e José Carlos Figueiredo foram dois desses eleitores. A Ria esteve lá para acompanhar o momento.

Na prisão de Aveiro, o voto é um espaço de liberdade que mantém vivo o espírito do 25 de Abril
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
12 mai 2025, 11:08

Era quinta-feira. 9h10. Pela rotunda do Hospital parecia que se avizinhava mais um dia normal por Aveiro com trânsito e com alguns estudantes que por ali passavam apressados em direção à Universidade de Aveiro. Caminhamos em direção à Rua Calouste Gulbenkian que se localiza a poucos metros dali. No Estabelecimento Prisional de Aveiro observamos que o grande portão verde da entrada já se encontrava aberto. Afinal, por lá era dia de votação antecipada para as eleições legislativas que se aproximam. Decidimos entrar para acompanhar o momento. Uma das guardas prisionais que por lá se encontrava, no exterior, pergunta-nos se queremos aguardar dentro ou fora do estabelecimento prisional. Explica-nos que a votação está marcada para as 9h30 e que ainda teríamos de aguardar pelos três representantes da Câmara Municipal de Aveiro para que pudessem dar início à votação. Preferimos aguardar cá fora. Mais perto da hora somos, novamente, convidadas a entrar. Numa espécie de receção, pedem-nos o cartão de identificação pessoal e o IMEI do telemóvel. Garantem que é por questões de segurança dos reclusos que ali estão. Por fim, dão-nos ainda para a mão uma declaração para preenchermos com alguns dos nossos dados pessoais. Entretanto, começamos a avistar os três representantes da autarquia. Um deles era Rogério Carlos, vice-presidente da Câmara de Aveiro. Traziam na mão uma caixa preta. Seria certamente para no final transportarem todos os votos.

Com toda a gente presente perguntam-nos se estamos prontos, mal respondemos afirmativamente abrem-nos uma das portas de acesso ao estabelecimento e começam-nos a encaminhar para a biblioteca. Era por lá que iria decorrer a votação. Nesse espaço repleto de livros, de todos os tipos e géneros, destacava-se o das “Histórias Cravadas” e um outro livro de capa branca cujo título era a “liberdade é.” Mesmo ao lado deles estavam já prontas as duas mesas improvisadas para a votação. Eram simples e tinham um pedaço de cartão aparafusado a separá-las. Em cada uma das cabines de votação, havia também uma caneta presa por um fio. Entre as paredes brancas daquele ambiente, uma parede preta destacava-se. Nela, estava afixado um cartaz com letras grandes que anunciava "Voto Antecipado". Ao lado, uma outra folha tinha a discografia de Carlos Paredes, o renomeado compositor e guitarrista português.

Numa outra mesa começava-se a preparar o processo eleitoral. Do lado dos representantes da autarquia organizava-se, entre outros elementos, os cadernos de recenseamento e os vários envelopes – brancos e azuis – onde seguiriam, posteriormente, os votos. Cláudio Pedrosa, adjunto e substituto do diretor do Estabelecimento Prisional de Aveiro, estava responsável por chamar o nome dos reclusos – um a um – que se tinham inscrito para votar. Antes de se iniciar a votação, Cláudio reforça-nos a importância de mantermos a reserva de imagem dos reclusos que assim o solicitassem. Respeitamos a decisão. Alerta-nos, no entanto, que há dois eleitores que estão disponíveis para falar connosco.

Concluído este processo era então hora de dar início à votação. Durante cerca de 2h00 vimos mais de meia centena de reclusos a ir votar. O processo foi semelhante com todos. Aguardavam junto à porta de entrada da biblioteca, em fila indiana. Só avançavam quando Cláudio os chamasse. Rogério Carlos era o responsável por dar a folha de votação e por alertar: ‘Bom dia. Depois de votar, dobra, coloca dentro deste envelope [branco] e traz’”. Assim aconteceu. Mal acabassem de votar dirigiam-se a uma outra representante da autarquia para que o voto passasse, desta vez, para um envelope azul lacrado. No final, cada um levava ainda o comprovativo por ter exercido o seu direito de voto. Era visível a cara de orgulho de muitos que por ali passavam.

Exercer o direito de voto é “um espaço de liberdade todos os anos”

José Manuel e José Carlos Figueiredo foram dois dos reclusos inscritos para o voto antecipado. Falamos com ambos na cozinha do Estabelecimento Prisional de Aveiro para que possamos estar mais à vontade. No caso de José Manuel, partilha que já é a segunda vez que o faz. Insiste que é “fundamental” votarmos pelos “tempos difíceis” que vivemos. Reconhece que é uma exceção aos vários reclusos que ali estão, porque “há a ideia recorrente que não vale a pena votar”. “Mas eu acho que não”, insiste. Fala sobre a importância de exercer o direito de voto “sobretudo para travar a extrema-direita”.

Perguntamos se os temas relacionados com a justiça não deveriam também fazer parte das campanhas dos diversos partidos. Rapidamente, percebemos, pelo olhar abatido de José Manuel, qual seria sua resposta: "os políticos olham para os prisioneiros com algum desdém porque não têm dinheiro, não têm capacidade, estão aqui fechados e penso que nos consideram cidadãos de segunda classe”, lamenta.

Apesar de ser a segunda vez que exerce o direito ao voto no estabelecimento prisional, diz-nos que “sempre” fez questão de votar. “Eu já sou velho e vivi o 25 de abril com muita intensidade. Tinha 14 anos. Tive familiares presos, políticos (…), é uma data magnífica”, partilha. Pergunto-lhe se o voto é uma forma de manter o 25 de abril vivo? Responde-me, imediatamente, “sem dúvida” e que “precisamos é de melhores políticos”.

José Carlos Figueiredo não deixa de ir ao encontro desta opinião. Afirma-nos que “exercer um voto útil” lhe dá “um espaço de liberdade todos os anos”. Acrescenta ainda que votar no estabelecimento prisional é “sempre um dia diferente”. Entre uma ideia e outra, acaba por partilhar também um detalhe do seu dia: hoje é dia de emissão da Rádio da Prisão de Aveiro (RPA), projeto do qual faz parte. Mas, devido ao movimento gerado pelo processo eleitoral, o seu programa teve de ser adiado, excecionalmente, para as 11h00, em vez das habituais 10h30. Optou por preencher o tempo [de atraso] na rádio com alguns dos temas da banda portuguesa: Xutos & Pontapés.

“Um indivíduo que já está condenado (…) não pode estar (…) no mesmo pé de igualdade de quem não tem registo criminal”

João Sá, diretor do estabelecimento prisional de Aveiro está à frente desta prisão há cerca de “dez anos”. Revela-nos que sempre se votou antecipadamente neste espaço “de acordo com as regras que existem”. Partilha que a novidade “de agora” é que, ao longo dos anos, o estabelecimento prisional tem vindo a aumentar o número de votantes. Este ano, votaram “93 reclusos numa população passível de votar de 114”.

Atualmente, a prisão de Aveiro mantém uma parceria com o Agrupamento de Escolas, através da qual docentes lecionam aulas [no estabelecimento prisional] desde o 1.º até ao 12.º ano de escolaridade. “São cursos de educação e formação de adultos, portanto, não têm as disciplinas normais”, realça. É nas aulas de “cidadania” que se conversa com os alunos sobre o significado e a importância dos atos eleitorais. “Os próprios professores desenvolvem trabalhos com os alunos no sentido de estes (…) serem também atores da mudança e de motivarem também os outros [reclusos] a votar”, explica.

Além da disciplina, em todos os atos eleitorais, há ainda “dois técnicos de reeducação” que perguntam aos reclusos se querem ou não votar. “Os técnicos falaram com eles na semana passada. (…) Houve uma altura em que havia alguns partidos políticos que vinham cá, mas deixaram de o fazer, porque provavelmente não acham que é importante exercer qualquer ato de campanha dentro dos estabelecimentos prisionais”, afirma.

Em jeito de desabafo, João Sá partilha-nos, tal como José Manuel e José Carlos, que gostava de ver o tema da justiça abordado nas diferentes campanhas eleitorais. “Praticamente todos os dias, temos notícias na comunicação social relativamente aos estabelecimentos prisionais e normalmente não são notícias abonatórias. (…) Há muita coisa boa que se faz nos estabelecimentos prisionais que as pessoas não têm conhecimento disso”, reforça.

Além do mais, admite que ainda nos dias de hoje existe um “estigma” relativamente aos reclusos. “Um indivíduo que já está condenado, que tem registo criminal, não pode estar, em termos de avaliação externa, no mesmo pé de igualdade de quem não tem registo criminal”, avalia. “A questão é que as pessoas praticam atos, são punidas por esses atos, cumprem as penas que têm a cumprir… É dar-lhes uma nova oportunidade no sentido de elas tentarem escolher outras formas de vida. E é isso também que nós fazemos aqui”, relembra o diretor.

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Campanha Anual de Vacinação Antirrábica e Identificação Eletrónica arranca a 22 de maio em Aveiro
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Campanha Anual de Vacinação Antirrábica e Identificação Eletrónica arranca a 22 de maio em Aveiro

A vacinação antirrábica é obrigatória para todos os cães com três ou mais meses de idade, sendo também obrigatória a identificação eletrónica (microchip). Numa nota de imprensa enviada à Ria, a CMA apela à responsabilidade dos detentores de animais de companhia, reforçando a importância da legalização, que inclui vacinação, microchip e registo. “Fora das datas da campanha, a vacinação e identificação podem ser realizadas ao longo de todo o ano, às quartas-feiras, entre as 14h30 e as 16h30, no Gabinete Médico Veterinário Municipal, localizado na Divisão de Serviços Urbanos, na Zona Industrial de Taboeira (Rua das Fontainhas). Este serviço regular terá início a 21 de maio, com aplicação das mesmas taxas da campanha”, esclarece a nota. Para o registo no Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC), os proprietários deverão apresentar os seguintes dados: nome completo, morada, Cartão de Cidadão ou BI, NIF e contacto telefónico. “A vacina utilizada nesta campanha confere uma proteção válida por três anos, mas a licença anual na Junta de Freguesia mantém-se obrigatória”, adianta. No serviço, aplicam-se ainda as seguintes taxas: Vacinação Antirrábica, 10 euros; Registo do Microchip: 2,50 euros; Boletim Sanitário (se necessário), 1,00 euros. O calendário da campanha no Município de Aveiro pode ser consultado na íntegra aqui: Glória 22 maio – 10h00 | Parque de Estacionamento do Mercado de Santiago Aradas 23 maio – 10h30 | Largo Acácio Rosa (junto à Junta de Freguesia) 16 setembro – 10h00 | Quinta do Picado (Largo da Capela) Oliveirinha 27 maio – 10h00 | Largo da Capela (Quintãs) 27 maio – 12h00 | Largo da Capela (Costa do Valado) 3 junho – 10h00 | Largo da Feira (Oliveirinha) 3 junho – 12h00 | Largo da Fonte da Nossa Senhora da Guia (Granja) 20 junho – 15h00 | Largo frente à Capela (Moita) São Jacinto 27 junho – 11h00 | Av. Almirante Gago Coutinho (junto à Junta de Freguesia) São Bernardo 15 julho – 10h00 | Rua Cónego Maio, 133 (junto à Junta de Freguesia) Santa Joana 22 julho – 10h00 | Av. D. Afonso V (junto à Junta de Freguesia) Nossa Senhora de Fátima 29 julho – 10h00 | Rua da Igreja (Largo da Junta de Freguesia) Nariz 5 agosto – 10h00 | Largo da Junta de Freguesia (Largo de São Pedro) Requeixo 14 agosto – 10h00 | Rua do Sobral (junto ao Centro Social) Eirol 21 agosto – 10h30 | Campo de Futebol de Eirol Eixo 28 agosto – 10h00 | Parque da Balsa Azurva 28 agosto – 12h00 | Rua Vitorino Nemésio Cacia 2 setembro – 10h00 | Av. Fernando Augusto Oliveira (junto à Junta de Freguesia) Esgueira 9 setembro – 10h00 | Serviços Urbanos – Taboeira

Legislativas: José Américo Quaresma é o cabeça de lista do PPM em Aveiro
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Legislativas: José Américo Quaresma é o cabeça de lista do PPM em Aveiro

Numa nota de imprensa enviada à Ria, o PPM refere que tem a visão “clara” de “construir um país mais coeso, justo e ético, onde o Estado serve os cidadãos com proximidade e eficiência”. Ao longo da sua candidatura, o partido defende uma “justiça acessível e independente”; uma “administração pública transparente e descentralizada”; “uma política de habitação justa”; uma “regionalização responsável”; uma “abordagem séria à imigração” e uma “agricultura sustentável e inovadora”. “Acreditamos num Portugal que respeita as suas raízes e aposta no futuro com ambição e responsabilidade. A sua voz, na Assembleia da República, será a de quem conhece as realidades do terreno e defende um Estado ético, descentralizado e próximo dos cidadãos”, lê-se na nota. Natural de Arouca, José Américo Quaresma é médico dentista desde 1994, com consultórios em Oliveira de Azeméis e Arouca, e dedica-se à prática exclusiva de ortodontia em várias clínicas da região. O seu percurso académico inclui uma licenciatura em Medicina Dentária e um mestrado em Ortodontia, tendo inicialmente frequentado a licenciatura em Geografia na área de Planeamento. Antes da sua carreira na saúde, exerceu funções como professor efetivo do Ensino Secundário durante mais de uma década. Foi membro da Assembleia de Freguesia de Moldes durante 12 anos, assumindo a presidência da mesa da Assembleia por dois mandatos. No associativismo, destaca-se como presidente da mesa da Assembleia Geral do Futebol Clube de Arouca, vice-presidente da mesa da Assembleia Geral do Centro de Arqueologia de Arouca e presidente da mesa da Assembleia Geral do Centro Cultural e Recreativo de Moldes (CCR Moldes).

Aveiro comemora hoje feriado municipal com homenagens, procissão e inaugurações
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Aveiro comemora hoje feriado municipal com homenagens, procissão e inaugurações

As comemorações iniciam-se, esta segunda-feira, com o soar dos sinos da Sé e da Igreja de Jesus. A eucaristia realiza-se pelas 10h00 na Sé de Aveiro, seguindo-se, às 11h30, o hastear da Bandeira na Praça da República, acompanhado do hino da cidade e da guarda de honra. Às 11h45, nos Paços do Concelho, tem lugar a sessão solene e a entrega das condecorações honoríficas municipais. A tradicional procissão parte da Sé às 16h00. Os Museus de Aveiro estarão abertos com entrada gratuita entre as 10h00 e as 12h30 e entre as 12h30 e as 18h00. Outro dos pontos em destaque do programa comemorativo decorrerá, nas imediações da nova rotunda entre as Ruas de Viseu e do Senhor dos Milagres, pelas 19h00, com a inauguração do busto do antigo presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Dr. Girão Pereira [1977-1994]. “A escultura evoca a memória de uma das figuras mais marcantes da história recente do Município, que liderou o executivo aveirense ao longo de 17 anos”, lê-se numa nota de imprensa enviada à Ria. A cerimónia inclui também a inauguração do Monumento ao Poder Local, símbolo de reconhecimento ao papel do poder autárquico democrático no desenvolvimento dos territórios e que contará com a presença da presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro. Será também inaugurada a obra de qualificação urbana das Ruas de Viseu e do Senhor dos Milagres, com um “investimento municipal de 1,5 milhões de euros”, integrada na segunda fase de requalificação da envolvente ao túnel de acesso à Avenida Dr. Lourenço Peixinho.

Durante a noite escura, o 'Moliceiro Solidário' leva comida e afeto a cerca de 40 sem-abrigos
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Durante a noite escura, o 'Moliceiro Solidário' leva comida e afeto a cerca de 40 sem-abrigos

Sábado.19h05. Pelas traseiras da Estação de Comboios de Aveiro avista-se um grupo de três pessoas vestidas com um colete refletor. Parecem estar a preparar-se para a noite que se avizinha. Aproximamo-nos para perceber quem são. Dizem-nos que são escuteiros da Gafanha da Nazaré e que vieram ajudar o projeto do “Moliceiro Solidário”. Um projeto feito por pessoas voluntárias que todos os sábados e domingos sai à rua para distribuir comida às pessoas em situação de sem-abrigo em Aveiro. Alertam-nos que este é sempre o ponto de partida, mas que ainda ninguém da organização do projeto chegou. Confidenciam-nos também que ainda é cedo, visto que a volta sairá, como sempre, pelas 19h30. Restavam 25 minutos. Mantemo-nos com este grupo à conversa. Entretanto, começamos a ver um conjunto de pessoas a aproximarem-se de nós. Cada uma delas fazia-se a acompanhar de um ou dois sacos de compras. Uns vinham a pé, outros de bicicleta. Era notória a felicidade na cara destas pessoas. Mal nos avistaram, vieram diretamente ao encontro dos escuteiros. Tal como a Ria, também eles os identificaram pelos coletes amarelos que vestiam. Não tardaram em perguntaram-lhes: “já não há comida?”. Um dos escuteiros respondeu-lhes, prontamente, que a Sónia, uma das atuais responsáveis pelo “Moliceiro Solidário”, ainda não tinha chegado. Imediatamente, afastaram-se de nós e juntaram-se em grupo um pouco mais atrás. A cinco minutos da hora marcada eram já mais de uma dezena de pessoas que por ali aguardava. No entretanto, uma dessas pessoas decidiu pegar na sua pequena coluna de som e pôr música para alegrar os restantes. A maioria começou a dançar. A um minuto para as 19h30 começamos a avistar um carro preto. Automaticamente, um elemento desse grupo sai e aguarda pela chegada desse carro junto a um estacionamento que por lá se encontrava. Começa a fazer gestos como se fosse um arrumador de carros. Mal esse carro preto estaciona, percebemos que se tratava de Sónia. Se o ambiente já era de ‘festa’, assim que a viram passou a ser ainda mais. A maioria foi até abraçá-la, como se fosse já uma amiga de longa data. E era. Sónia Corujo está no projeto do Moliceiro Solidário desde “novembro de 2022”. Conta-nos que a ideia começou através de uma publicação do “Diogo [Torres]”, na rede social ‘Facebook’, onde partilhou que estava com a ideia de iniciar um projeto, porque se tinha apercebido que “havia muitos sem-abrigos” em Aveiro. “Na altura, até tínhamos aqui vários sítios com vidros [no chão] e estava muita gente a morar [aqui]. Entretanto, [esse grupo] até foi desmantelado”, recordou. Se ao início aceitou o desafio, juntamente com o seu marido pela “carolice”, rapidamente, apercebeu-se que a situação “era mais grave” do que imaginava. “De dia não víamos assim uma coisa tão grande. As pessoas em situação de sem-abrigo, em Aveiro, não estão aqui ao descoberto. Não estão aqui com mantas. Não fazem isso. Eles escondem as coisas durante o dia e à noite é que os vemos dentro de prédios, debaixo das escadas, com cobertores, com mantas, com frio. Mais atrás daqui temos pessoas com tendas que não têm mesmo sítio onde estar e onde viver”, descreveu. Atualmente, este grupo complementa o trabalho também realizado pelas “Florinhas do Vouga”, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que apoia também pessoas em situação de sem-abrigo. “Nós no início não sabíamos onde eles estavam especificamente. Eles não nos conheciam. Só conheciam as Florinhas do Vouga. [Esta IPSS] trabalhava de segunda a sexta e nós começamos a fazer os sábados e os domingos”, explicou. Depois, “foi mais a palavra puxa a palavra (…). Nós íamos mesmos aos pontos onde os víamos passar… Era sempre durante a noite escura que os conseguíamos encontrar”, continuou. Logo após ser abraçada por este grupo, Sónia dirigiu-se à mala do seu carro onde se viam diferentes tupperware’s com comida, água e até café. Disse-nos que tinha trazido para este sábado “40 refeições” e que amanhã seriam mais “40” para distribuir pelas cerca de quatro dezenas de pessoas em situação de sem-abrigo em Aveiro. “Este fim de semana tivemos muita sorte, porque houve uma entidade pública que teve um evento e sobraram muitas coisinhas como croissants, pão, rissóis, croquetes, bolinhos de bacalhau e doces”, desabafou. Nos dias em que não há restos de comida são os próprios voluntários que cozinham. “Normalmente, faço eu vinte e outras duas colegas fazem cada uma também vinte refeições”, apontou. Há medida em que ia distribuindo os alimentos, em conjunto com os escuteiros da Gafanha da Nazaré, juntava-se o grupo que tínhamos visto inicialmente. No total, naquele ponto, acabaria por distribuir “25 refeições”. As restantes 15 seriam para distribuir por mais três pontos da cidade que Sónia prefere que não sejam revelados nesta reportagem. Com os sacos de compras cheios, rapidamente aquele grupo de 25 pessoas desapareceu dali. Sónia alerta-nos que aquelas pessoas “não têm sítio certo para dormir” e que, atualmente, são “postos de lado pela própria Câmara”. “Nós aqui devíamos ter um sítio, pelo menos, onde eles pudessem guardar as mochilas e a roupa, durante o dia, uma vez que eles não têm sítio certo para dormir”, reconheceu. A Ria tentou ainda contactar a autarquia para apurar dados e esclarecer que tipo de apoio está a ser prestado às pessoas em situação de sem-abrigo em Aveiro, mas até à data de publicação desta reportagem não obteve resposta. Terminado o primeiro local, seguiu-se um segundo ponto de distribuição, desta vez, numa casa abandonada ocupada por cerca de cinco pessoas em situação de sem abrigo. Recebem também eles comida e questionam-nos se queremos entrar. Reforçam-nos que aqui “há limpeza” e para “não termos medo”. Dizem que habitam naquela casa há cerca de dois anos e que os proprietários sabem da presença deles ali. Referem-nos que os donos nunca se importaram até porque “nunca foram mal-educados com ninguém”. Temos a oportunidade de conversar com um deles. Rúben, nome fictício, fala-nos com um especial brilho nos olhos sobre o projeto do “Moliceiro Solidário”. “Se a pessoa tivesse assim uma companhia durante todo o dia ainda era melhor… Eles vêm aqui, a gente já fala e já ficamos um bocado mais alegres a falar com outras pessoas lá de fora. Eu saio à rua, não falo com ninguém...”, lamentou. Rúben é de Aveiro, tem cerca de 50 anos, o quarto ano de escolaridade e adianta-nos que sabe ler e escrever. Acrescenta-nos que trabalhou durante muitos anos nas obras, no estrangeiro e que foi isso que o fez perder grande parte da sua saúde. Diz que, atualmente, recebe “200 e poucos euros por mês” de apoio da segurança social e que está à procura de emprego há vários anos. “Há muito preconceito. Vou pedir trabalho e não aceitam… As pessoas não têm confiança uma nas outras, não se falam… Eu se disser bom dia ninguém me responde sequer”, desabafou. “Se não são vocês, os moliceiros e as pessoas que sabem que estamos por aqui, não sei onde a gente iria chegar… Roubar não sei, fazer mal também não sei”, continuou. “Estas pessoas todas já estiveram bem na vida (…). Eu tenho duas filhas e não queria que acontecesse a elas o que aconteceu comigo. Os dias não são todos iguais… Um dia estamos bem, no outro dia pode ir tudo por água abaixo”, alertou um outro ‘colega’ que se encontra com Rúben naquela casa. “Nós temos de respeitar o próximo. Foi aquilo que sempre me ensinaram. Um sem-abrigo perante a sociedade rouba, é bêbado, etc”, reforçou com tristeza. Já no terceiro local, mais uma vez, encontramos um conjunto de pessoas em situação de sem-abrigo. Não conseguimos perceber bem quantas são, já que estava escuro no local. Ao contrário de Rúben, não estão a pernoitar numa casa, mas sim ao ar livre. Abrigam-se junto a uns tanques onde, antigamente, se chegou a lavar roupa. Nesse local há um som que impera: o som da rádio. Enquanto distribui comida também por eles, Sónia comenta-nos que, desta vez, não vai ser fácil falar com ninguém, exceto, se aparecesse o Fernando, o que já não acontecia há bastante tempo. Por sorte nossa, nessa noite, Fernando veio e aceitou conversar connosco. Fazia-se acompanhar de uma bicicleta. Começa por nos dizer prontamente que não tem problema em que seja revelado a sua identidade já que é “conhecido em todo lado” e que “não deve nada a ninguém”. Avança-nos que tem “54 anos” e que está em situação de sem-abrigo há “12 anos”. Atualmente, vive encostado ao terreno da Universidade de Aveiro (UA) numa das casas que está, neste momento, isolada com as obras das novas residências do Crasto. Há cerca de um ano e meio que não recebe qualquer ajuda e partilha que se “desenrasca” a fazer “biscates, a limpar terrenos ou a apanhar material para vender para o ferro velho”. Fernando sente que “não é invisível na cidade”, mas que faltam “ajudas como deve ser”. “Se eu andasse metido na droga até ao pescoço eu tinha tudo o que queria. Eu não me meto na droga, não tenho nada”, expôs. Sobre o projeto do “Moliceiro Solidário” assegura-nos que pode chegar ali “maldisposto que a má disposição desaparece logo”. Perto das 21h30 chegamos, finalmente, ao último ponto. Curiosamente foi o local onde menos pessoas em situação de sem abrigo apareceram. Ali encontravam-se apenas três pessoas: dois adultos e uma criança que se fazia acompanhar com uma bola de futebol. Sónia reforça-nos que aqui não será possível conversar com ninguém para a reportagem. Aproveitamos apenas para ouvir as suas histórias e para dar uns ‘toques’ na bola com esta criança. A volta do “Moliceiro Solidário” terminou já perto das 22h00. No final, Sónia pergunta-nos se a queremos acompanhar até ao restaurante “Cozinha do Rei”. Tinha recebido uma chamada do gerente a informar que tinha sobras de comida para doar. Este é um dos dois espaços de restauração que, atualmente, se associa a este projeto. Aceitamos ir com ela. Mal chegamos somos recebidos por Carlos Santos, gerente do “Cozinha do Rei”, que nos explica que sempre que terminam os jantares de grupo ligam “logo” para o projeto. “Já é um hábito”, partilhou. Muitas vezes, chegam a doar ao “Moliceiro Solidário” até “seis quilos [de comida] de cada vez”. Independentemente da quantidade doada, a verdade é que no final da noite a mala do carro de Sónia voltou a ficar cheia. Isso significava que no dia seguinte as cerca de 40 pessoas em situação de sem-abrigo, identificadas pelo projeto, em Aveiro, teriam novamente refeição. Assim aconteceu.

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Legislativas: PAN foi à feira de Espinho apelar ao voto para eleger grupo parlamentar
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Legislativas: PAN foi à feira de Espinho apelar ao voto para eleger grupo parlamentar

Num dia em que vários partidos políticos optaram por fazer campanha eleitoral na feira semanal de Espinho, incluindo PS e AD, entre outros, Inês Sousa Real encontrou muita gente zangada, em particular com os partidos que têm governado o país. “As pessoas sentem que as suas vidas foram postas em causa e que passam mais tempo a discutir, em tricas políticas, do que propriamente a falar dos problemas dos portugueses” e é, por isso, que disse ter ficado “emocionada” com os desabafos de muitas pessoas, sobretudo das mais idosas, reformadas e que se preocupam com a causa animal. “Muitos deles hoje pediram-nos isso mesmo, mais apoio”, afirmou. Em Espinho, terra natal de Luís Montenegro, a porta-voz do PAN disse ter sido bem recebida, acima de tudo, porque “as pessoas têm compreendido que o PAN tem trabalhado”. Com uma única deputada no parlamento, o PAN tem sido “uma força que não esquece as preocupações dos portugueses” e, por isso mesmo, “parte com a legitimidade de pedir um grupo parlamentar”. “As pessoas querem quem trabalhe no Parlamento, não querem quem lá esteja agarrado aos telemóveis, como acabei de ouvir, não querem quem lá esteja efetivamente a zelar pelos seus interesses pessoais ao invés de zelar pelos interesses do país”, frisou. Questionada pelos jornalistas com quem preferia cruzar-se, se PS e AD viessem na sua direção, Inês Sousa Real respondeu assim: “Nós já deixámos bem claras as diferenças que nos marcam com ambos os partidos, seja com a AD de Luís Montenegro, que fez recuos significativos na causa animal, o que reforça a importância do PAN estar no parlamento”. “E em matéria daquilo que é a crise climática, é difícil aproximarmo-nos de uma força política como a AD quando sabemos que querem cortar e cortaram mais 700 milhões de euros para a combater ou até mesmo quando ambos [os partidos] ignoram aquilo que é um dos maiores flagelos do nosso país, a violência doméstica”, disse. Assim, acrescentou, “seja cruzando-nos com Luís Montenegro ou com Pedro Nuno Santos, o PAN não deixará nunca de ser um contraponto em relação aos grandes partidos, e os portugueses contam com isso”. Questionada sobre o aumento da mortalidade infantil, em 2024, a dirigente do PAN referiu que já tinha deixado “bastante claro”, que Luís Montenegro “falhou aos portugueses” quando disse que iria ter mais respostas ao nível dos médicos de família e de maior prevenção no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e “falhou nesse objetivo” porque há “mais de 39 mil pessoas” sem médico de família, como também “os portugueses chegam ao verão, ao Natal e também à Páscoa e continuam a ver as urgências fechadas”. “O PAN já deixou muito claro que nós queremos apostar na medicina de prevenção, de proximidade, nas unidades de saúde familiar, tem que haver investimento no SNS, tem que haver maior prevenção, em particular também naquilo que é a obstetrícia, saúde materna ou infantil (…), na saúde mental ou até mesmo nas doenças oncológicas”, sublinhou. Em relação ao voto dos emigrantes portugueses, em particular, às dificuldades que tem surgido nesta e em eleições passadas, o PAN irá “apreciar, efetivamente, o que é que se está a passar, o que é que se passou nas mesas de voto para garantirmos que ninguém é inibido de votar” para contribuir na próxima legislatura para que diminuem as burocracias que estão associadas ao voto dos nossos portugueses na diáspora”.

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Azeméis com mais animais, máquinas de costura e triciclos no Mercado à Moda Antiga

Com o seu centro histórico fechado ao trânsito para acomodar tabernas, bancas de vendas, palcos, oficinas e outras estruturas lúdicas, Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, alberga assim a 26.ª edição do evento, que envolve o trabalho de coletividades, instituições sociais, escolas e artesãos, num total de 160 entidades cujos membros trajam a rigor para o efeito. O presidente da Câmara Municipal, Joaquim Jorge Ferreira, lembrou que essa recriação histórica evoca o mercado que, entre finais do século XIX e inícios do XX, se realizava semanalmente na antiga Praça dos Vales e já na altura integrava uma significativa componente de jogos tradicionais, à semelhança da sua réplica atual. “A edição de 2025 do Mercado à Moda Antiga mantém a mesma pujança dos anos anteriores, manifestando um arrojo e uma criatividade que procuram, acima de tudo, ir ao encontro das expectativas de quem nos visita, mas reafirmando também a sua vertente pedagógica, ao gerar dinâmicas que permitem a partilha intergeracional de saberes, de conhecimento e de vivências únicas e enriquecedoras”, declarou à Lusa o autarca socialista. Nessa componente pedagógica, Joaquim Jorge Ferreira realçou o contacto com os “animais de quinta”, este ano “agrupados numa exposição revista e melhorada com a participação da [empresa] Fazenda dos Animais e do Centro Hípico e Terapêutico de Carregosa”, e igualmente abordados nos jogos da área temática “O campo na cidade”. “O meio rural ocupará assim um espaço onde crianças e famílias poderão interagir com o mundo animal, decorado à época, e contactar com monitores preparados para esclarecer dúvidas e interagir com os visitantes”, notou o presidente da Câmara. Outra faceta em destaque na programação de 2025 é o que Joaquim Jorge Ferreira definiu como “uma cativante exposição de máquinas de costura antigas”, à qual se juntam ainda “experiências com triciclos” de outros tempos, para usufruto dos mais novos, e o já “tradicional desfile de trajes de época”, no que o autarca disse estar refletida “a preocupação para com o rigor histórico do evento”. Ocupando cerca de 4.000 metros quadrados distribuídos por várias ruas da cidade, a 26.ª edição do Mercado à Moda Antiga de Oliveira de Azeméis comercializa desde refeições, petiscos e doces já confecionados até frutas e legumes a granel, assim como enchidos regionais, mel e compotas, plantas e flores, passadeiras e outros têxteis artesanais, peças de madeira, couro e ferro, etc. Com entrada livre em todas as atividades, o programa propõe igualmente concertos de música popular, espetáculos de folclore, atuações de ardinas e estátuas vivas, performances de teatro e circo, sessões de contos infantis e um carrossel infantil artesanal.

Legislativas: Campanha entra hoje na última semana com AD e PS a cruzarem-se em Espinho
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Legislativas: Campanha entra hoje na última semana com AD e PS a cruzarem-se em Espinho

Ao nono dia da campanha para as eleições legislativas de domingo, o presidente do PSD vai estar às 10:30 na feira de Espinho, seguindo depois para Chaves, onde vai contactar a população, e ao final da tarde vai estar em Vila Real para novamente contactar com a população e fazer um comício. O secretário-geral do PS também vai estar na feira de Espinho, mas meia hora mais cedo, do que Luís Montenegro. Pedro Nuno Santos segue depois para um almoço na Figueira da Foz e para Coimbra, onde às 17:30 contacta com a população e às 19h00 tem um comício. Ainda pelo norte vai andar a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, que começa o dia em Braga, passa também pela feira de Espinho e termina em Coimbra. Lisboa e Almada são os locais escolhidos para hoje pela comitiva da CDU, com o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, a visitar de manhã a Escola Artística António Arroio e a contactar com profissionais de saúde na Gare do Oriente. Durante a tarde tem um encontro com profissionais da cultura e com a população em Almada, terminando o dia com um comício em Alpiarça (Santarém). Também em Lisboa vai estar o porta-voz do Livre, Rui Tavares, onde às 08:00 faz uma deslocação de autocarro entre a Pontinha e o Arco do Cego para apresentação de propostas sobre corredores BUS, seguindo depois para o Seixal (Setúbal) onde às 16h00 visita o refúgio dos Gatos do Bairro. O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, vai estar hoje em campanha no distrito de Faro para visitar uma empresa de biotecnologia de algas em Olhão, além de um jantar comício em Albufeira. O Bloco de Esquerda estará também no Algarve, tendo Mariana Mortágua marcado para as 10:00 um encontro com moradores que lutam pelo direito à habitação em Loulé e para as 16:00 uma visita ao memorial do forte de Peniche, em homenagem aos presos políticos e à resistência antifascista. Também no Algarve vai estar o presidente do Chega, onde tem uma arruada às 17:00 em Portimão, depois de passar durante a manhã por Évora. Concorrem a estas eleições antecipadas 21 forças políticas: AD (PSD/CDS-PP), PS, Chega, IL, BE, CDU (PCP/PEV), Livre, PAN, ADN, RIR, JPP, PCTP/MRPP, Nova Direita, Volt Portugal, Ergue-te, Nós, Cidadãos!, PPM, PLS e, com listas apenas numa ou nas duas regiões autónomas, MPT, PTP e PSD/CDS/PPM.

Salas de cinema superam fasquia de um milhão de espectadores em abril
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Salas de cinema superam fasquia de um milhão de espectadores em abril

Comparando só o mês de abril, o número de espectadores contabilizados – 1.006.263 – só tem expressão semelhante antes da pandemia da covid-19, quando em abril de 2019 o ICA registou 1.538.195 entradas. Em matéria de receitas de bilheteira, em abril passado as idas ao cinema renderam 6,3 milhões de euros, num aumento de 62% em relação a abril de 2024. No conjunto do quadrimestre deste ano, a exibição comercial de cinema somou 23 milhões de euros de bilheteira e 3,6 milhões de espectadores, o que representa um aumento de 12% e 9,6%, respetivamente, face a igual período de 2024. “Um Filme Minecraft”, de Jared Hess, estreado a 03 de abril, foi o filme mais visto nesse mês e também do quadrimestre, o que terá contribuído para os aumentos registados, já que obteve 433.624 espectadores e 2,7 milhões de euros de bilheteira. “On Falling”, de Laura Carreira, mantém-se o filme português mais visto este ano em sala, com 11.493 entradas e cerca de 70 mil euros de receita de bilheteira. Do total de filmes exibidos este ano no circuito comercial, o cinema português foi visto por 36.610 espectadores (com uma quota de mercado de 1%) e obteve 170.667 euros de receita (0,7% da quota de mercado).