Prometida, construída, degradada: a história da pista de atletismo de Aveiro
Corria o ano de 1996 quando foi assinado um contrato-programa entre o então Instituto do Desporto (ID), a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) e a Universidade de Aveiro (UA) que previa a construção de uma pista de atletismo, com um custo de referência de 230 mil contos, o equivalente hoje a cerca de 1.150.000,00€. O projeto avançou, a pista foi construída, mas quase 30 anos depois encontra-se em elevado estado de degradação e a precisar de obras urgentes de requalificação. A Ria ouviu vários intervenientes e conta-lhe toda a história.
Ana Patrícia Novo
JornalistaO contrato-programa, celebrado entre as três referidas entidades, publicado a 26 de novembro de 1996 em Diário da República, tinha como objetivo terminar com “a inexistência de equipamentos desta natureza no distrito de Aveiro”, salientando “a relevância do equipamento em causa no contexto do desenvolvimento da modalidade, quer ao nível formativo, quer ao de uma prática desportiva de rendimento”. No documento a que a Ria teve acesso, lê-se que o ID ficaria responsável pela comparticipação de 15% do valor total do investimento e a CMA por 80% - destes, 75% foram adquiridos através do Programa Operacional da Região Centro (PROCEN-TRO/Subprograma B) e 5% através do orçamento próprio da Câmara Municipal. Os restantes 5% seriam disponibilizados pela Universidade de Aveiro, que ficaria ainda com a responsabilidade de suportar os custos relativos à aquisição do terreno para a futura pista de atletismo, no valor de 339.182,57€.
Segundo o contrato então estabelecido, em 1996, a obra ficaria a cargo da Câmara Municipal, mas com o “controlo técnico, acompanhamento e fiscalização” a serem feitos por uma comissão técnica que incluía também elementos da Universidade de Aveiro. Já a manutenção da futura pista de atletismo seria responsabilidade conjunta entre CMA e UA, com os termos e condições a serem definidos, posteriormente, por via de um regulamento. No contrato, surge ainda referência à Associação de Atletismo de Aveiro (AAA), mas exclusivamente como entidade utilizadora do equipamento.
O equipamento desportivo foi então inaugurado no ano de 1998 “com a realização do Olímpico Jovem Nacional”, aponta a UA. Relativamente aos custos com a manutenção, esses foram só mais à frente protocolados entre a CMA e a UA, como previsto no contrato-programa inicial.
No novo documento, datado de outubro de 2002, mas “com efeitos reportados a 1 de agosto de 2001”, a autarquia aveirense comprometia-se a “participar nas despesas inerentes à manutenção, limpeza e conservação do espaço interior e exterior da pista, nomeadamente da relva, piso sintético, arranjos exteriores e acessos, através da transferência para a segunda outorgante [leia-se, Universidade de Aveiro] da importância de 25 mil euros. Esta importância será atualizada anualmente em função da taxa de inflação verificada no ano em causa”, lê-se no documento a que a Ria teve acesso. Como contrapartidas, a UA ficaria responsável pela “manutenção” e por “disponibilizar um trabalhador” para “acompanhamento aos eventos desportivos previstos”, garantindo ainda “a segurança e o controlo de acesso ao espaço”.
A UA, já na posse do apoio anual concedido pela CMA, assinou um novo protocolo de cooperação, desta vez com a Associação de Atletismo de Aveiro, que previa a cedência gratuita de utilização da pista de atletismo para todos os “clubes, os atletas e treinadores inscritos na AAA”, lê-se no documento assinado pela então reitora, Helena Nazaré, e pelo então presidente da AAA, João Ruela.
Foi assim que avançou a parceria que envolvia as três entidades... Mas em 2007 tudo viria a alterar-se: aquele que parecia um projeto de sucesso acabaria por cair, durante o primeiro mandato de Élio Maia à frente da autarquia aveirense. Segundo a Universidade, o compromisso referente à manutenção do equipamento “foi denunciado pela CMA em 12 de março de 2007”. Desde então, a Câmara Municipal deixou de comparticipar na manutenção da pista e não mais se falou do assunto.
De 2008 a 2024, tendo como referência a taxa de inflação disponível no site da Pordata, a CMA teria contribuído com um total de 548.996,67€, caso o protocolo não tivesse sido denunciado. Sem o apoio da autarquia, a UA garante em nota enviada à Ria que “tem feito esforços no sentido de encontrar financiamento para a reabilitação da pista”. O valor estimado para a requalificação da infraestrutura ascende, segundo a instituição de ensino superior, “a meio milhão de euros” - precisamente o valor que a UA deveria ter recebido da autarquia se o protocolo se mantivesse ativo.
Ribau Esteves afirma que a Câmara Municipal já manifestou “disponibilidade para ser parte de uma solução de investimento”, mas assume que “nunca” pretendeu retomar o protocolo de manutenção
Em declarações à Ria, José Ribau Esteves, presidente da CMA, começa por recordar que o Município de Aveiro foi apenas “um ator que fez parte da nascença [da pista de atletismo], fez parte do processo de lobbying e de investimento para que a infraestrutura existisse, mas (...) nunca fez parte da sua gestão”. Sobre o protocolo de manutenção do equipamento desportivo, celebrado em 2002 e denunciado em 2007 pela CMA, Ribau Esteves reconhece que não foi sua opção retomá-lo desde que é presidente da autarquia aveirense. “Eu não tentei retomar nunca, porque entendi que a gestão do processo, à data da minha chegada, em outubro de 2013, já não tinha a Câmara nem como utilizadora, nem como co-gestora”, afirmou.
Contudo, a Ria sabe que em 2013, tal como até 2020, o equipamento desportivo continuou a ser cedido gratuitamente pela universidade para utilização dos atletas dos clubes da cidade e da região de Aveiro, mesmo com o corte do apoio concedido pela CMA.
Apesar de reconhecer que nunca tentou retomar o protocolo de manutenção do equipamento com a UA, José Ribau Esteves garantiu à Ria que está disponível para participar numa solução de requalificação da pista. O edil aveirense recorda que manifestou “com o reitor Manuel Assunção (…) e já depois com o reitor Paulo Jorge Ferreira (…) disponibilidade da Câmara para ser parte de uma solução de investimento, portanto um novo investimento”, reconhecendo que “a pista tem necessidades de requalificação”. A contrapartida apontada pelo autarca é “a disponibilização parcial da infraestrutura para os cidadãos” - algo que já acontece.
Ribau Esteves adianta ainda que a disponibilidade demonstrada pela autarquia “não teve desenvolvimento”. “A universidade teve outras prioridades, seguiu outro caminho, como sabemos, da construção de infraestruturas, e, portanto, é este o histórico que interessa relevar e a atitude que eu coloquei nesse processo perante a universidade, no âmbito de uma infraestrutura de que, repito com clareza, a Câmara não é gestora, nunca foi”, frisa o autarca.
Universidade desmente Ribau Esteves e relembra que a continuidade do protocolo com a CMA “poderia ter evitado a situação atual”
Na nota enviada à Ria, a Universidade de Aveiro começa por recordar que a “pista de atletismo continua a ser o único equipamento desta natureza na cidade” e que, por isso, “faria sentido que o protocolo [com a CMA] pudesse ser restabelecido”. Para além disso, a instituição afirma que “seria razoável manter a contribuição da autarquia na manutenção, limpeza e conservação” da pista, tendo em conta que o equipamento continua a “servir a cidade”. Como prova disso, para além da utilização do equipamento desportivo por parte dos atletas dos clubes da cidade e da região, a universidade dá nota que “ainda no dia 19 de fevereiro de 2025 se realizou [na pista] o MegaSprint que reuniu cerca de 150 alunos do Agrupamento de Escolas de Aveiro” e que a infraestrutura desportiva também tem sido “utilizada pelo triatlo do Galitos, para testes da GNR, assim como pelo público em geral”.
Confrontada pelas declarações do atual presidente da CMA sobre ter manifestado, “ao reitor Manuel Assunção” e “já depois ao reitor Paulo Jorge Ferreira”, a “disponibilidade da Câmara para ser parte de uma solução de investimento”, a universidade desmente as palavras de Ribau Esteves. “A questão da reabilitação da pista de atletismo nunca nos foi colocada pelo Município, nem integrou qualquer agenda de trabalho entre as duas entidades, no mandato presente ou no anterior”, esclarece a instituição em nota enviada à Ria.
Sobre a existência de “outras prioridades”, a Universidade de Aveiro reconhece que o investimento na nova nave multiusos ‘Caixa UA’, inaugurada em maio de 2024, teve como objetivo “responder a necessidades internas, que incluíam a promoção da atividade física e desportiva, mas também as vertentes académica e cultural”. A instituição recorda ainda que “em termos desportivos, as necessidades da comunidade académica abrangem um vasto leque de modalidades, atividades e utilizadores” e que para “dar resposta a essas exigências, alargando significativamente o número de atividades, horários e praticantes abrangidos” avançou para a construção de uma nave multiusos “através de mecenato com a CGD”.
Para o futuro e “colmatadas estas carências”, a universidade assume que será “possível dirigir a atenção noutras direções”, registando “com agrado a disponibilidade recentemente manifestada pelo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Aveiro relativamente à reabilitação deste equipamento”. “Reconhecendo a relevância da pista para a cidade e para a região, a UA estará disponível para, em conjunto com outros parceiros, encontrar soluções que permitam a sua requalificação, assegurando condições para a prática desportiva por parte da comunidade académica e da população em geral”, diz por último a universidade.
“Os atletas do SC Beira-Mar estão a treinar por baixo das bancadas do Estádio Municipal de Aveiro”, diz o presidente da Associação de Atletismo de Aveiro
Questionado sobre a realidade do atletismo no Município de Aveiro, Ribau Esteves dá nota que em Aveiro “não temos um clube desportivo dedicado ao atletismo e, portanto, para nós não havia necessidade que muitas vezes temos das infraestruturas (...) para que as nossas associações possam desenvolver trabalho”. Confrontado sobre a existência da Associação de Atletismo de Aveiro (AAA), sediada no concelho, o presidente da Câmara Municipal recorda que esta é uma associação “distrital e que não tem nenhum clube associado nosso, porque nós não temos clubes de atletismo, temos um ou outro clube que tem pequeninas secções de atletismo”.
Por sua vez, Mário Cordeiro, presidente da AAA, dá outra visão dos factos e afirma que a associação que lidera tem atualmente como associados três clubes com sede no concelho de Aveiro. Todos “somam um total de 68 atletas filiados”. O SC Beira-Mar, com “40 atletas”, o Centro Atlético Póvoa Pacense (CENAP) com “16 atletas” e o Grupo Desportivo Assempark com “12 atletas”, descreve.
Mário esclarece ainda que “há vários atletas residentes no Município de Aveiro que estão filiados noutros clubes do distrito”, dando o exemplo do GRECAS - Associação Desportiva e Cultural de Santo António de Vagos que tem “entre 15 e 20 atletas que residem, na realidade, em Aveiro”. Como consequência do estado de degradação da pista de atletismo e da falta de apoios para a modalidade, o presidente da Associação de Atletismo de Aveiro afirma inclusive que “os atletas do SC Beira-Mar estão a treinar por baixo das bancadas do Estádio Municipal de Aveiro” e que “treinam algumas vezes por semana na pista de Vagos”, com transporte assegurado “pelos próprios pais”. Atualmente, segundo Mário Cordeiro, “Vagos tem a única pista do distrito de Aveiro com condições para receber provas oficiais”.
Mário Cordeiro lamenta ainda a opção da Universidade de Aveiro de em 2020 ter começado a cobrar a utilização da pista por parte dos atletas. Segundo o atual presidente da AAA, foi assinado em 2020 um novo protocolo de cooperação entre a UA e a AAA que revogou o protocolo anterior “já com muitos anos” e que “disponibilizava gratuitamente acesso à pista de atletismo”. Segundo Mário, para esta mudança de política, a UA alegou, à data, “necessidade de angariar receitas para cobrir gastos com manutenção da pista”. Apesar disso, a reabilitação continuou sem avançar e “há cerca de um ano” a pista passou a estar novamente disponível de forma gratuita para acesso aos atletas e ao público em geral.
Correr atualmente na pista de atletismo “é quase como correr em paralelo molhado”, diz o estudante-atleta da UA, Francisco Júlio
Se no Município de Aveiro há um total de “68 atletas filiados”, na Universidade de Aveiro a realidade dá-nos um número bastante inferior. Segundo os dados da FADU – Federação Académica do Desporto Universitário, participaram no Campeonato Nacional de Atletismo – Pista Ar Livre 15 estudantes-atletas em 2021/2022 e 2022/2023 e 11 estudantes-atletas na última época desportiva. A universidade dá nota dos mesmos números, mas acredita que na edição deste ano irá “aumentar o número de participantes”.
Francisco Júlio é de Trancoso, distrito da Guarda, e entrou no curso de Bioquímica na Universidade de Aveiro. O ano passado, o primeiro em que participou nos CNU a representar a academia aveirense, conquistou a prata nas estafetas 4x100m. Este ano, conseguiu o sétimo lugar nos 800m e o quinto lugar de estafetas 4x100m. “Para aquilo que estava à espera até foi bom”, afirma.
O meio-fundista, que compete esta época pela primeira vez em sub-23, admite mesmo que os seus principais objetivos são “ajudar” a sua equipa “a manter-se na primeira divisão nacional” e “bater os meus recordes pessoais nos 800m”. “Nós já temos muitas competições por ano, o Campeonato Nacional Universitário às vezes só acrescenta mais fadiga e cansaço, mas nós acabamos por ir porque a universidade dá incentivos, então não temos razões nenhumas para não ir”, aponta Francisco.
O bichinho do atletismo começou a ser alimentado por meio dos irmãos. “A forma como eu entrei para o atletismo foi um bocado diferente das restantes pessoas, porque eu venho de um meio muito pequeno e não tinha muitas oportunidades de sair”, conta Francisco Júlio. O atleta entrou para o desporto escolar no quinto ano de escolaridade e a partir daí não mais parou de correr. “A corrida é um vício e só sabe quem experimenta”, relata.
Chovia no dia em que o meio fundista falou com a Ria e o treino que fez na pista da Universidade de Aveiro somou cerca de 12km às suas sapatilhas. Foi todo feito na pista de fora - a mais longa das oito - porque a interior estava inundada com as águas da chuva.
Ainda assim, o estudante-atleta sublinha que “o principal problema é a aderência ao piso” que, por estar “tão desgastado, é quase como correr em paralelo molhado”. “É muito escorregadio e quando vamos a ritmos muito intensos, escorrega muito e é perigoso”, sublinha Francisco Júlio. “Na época mais intensa de treinos, com ritmos mais fortes, eu não treino aqui, eu em janeiro e fevereiro não pisei esta pista praticamente”, denuncia.
Os treinos da altura mais intensa da preparação para a competição foram todos feitos na pista de atletismo de Vagos. “Estudo na UA e vivo ali no Bairro de Santiago e depois tenho que arranjar boleia para ir a Vagos treinar nessa altura, porque aqui é impossível”, repara. “As sapatilhas de atletismo clássicas de pista têm uma espécie de pitons por baixo que é para agarrar a pista - por isso é que corremos em tartan na pista - aqui é impossível usá-las porque o piso é tão duro que eu sentia os bicos a espetarem no pé, em vez de espetarem no tartan”, exemplifica Francisco Júlio.
Também Margarida Figueiredo e Diogo Oliveira, atuais campeões universitários, confirmam a falta de condições já desvendadas por Francisco. Contrariamente ao que aconteceu com Francisco, a Ria não conseguiu acompanhar os seus treinos – porque para eles a pista acaba mesmo por ser inutilizável.
Diogo Oliveira é campeão nacional em triplo salto e, sem surpresa, campeão nacional universitário. Frequenta o curso de Engenharia Eletrónica na Universidade de Aveiro, mas treina em Arada - Ovar numa pista que, admite, também não tem “muito boas condições, mas são melhores que as de cá”.
Apesar disso, afirma que “se nós tivéssemos aqui uma pista boa” era “muito mais tranquilo” para os estudantes-atletas não terem de enfrentar uma hora de viagem, em transportes, para treinarem diariamente. Diogo sublinha ainda que “havendo boas condições no equipamento desportivo” também tornaria possível a realização de provas, o que atrairia “mais material da federação ou das associações” e, por consequência, “mais atletas” viriam treinar à pista de Aveiro.
Margarida Figueiredo, estudante de Bioquímica e vice-campeã universitária de salto em comprimento e no triplo salto, chama também a atenção para o facto de não conseguir utilizar a pista para se preparar na sua modalidade. À semelhança do que acontece com Diogo, também Margarida aponta que “ter a pista aqui ajudava”. “Eu lembro-me que no primeiro ano de mestrado tinha aulas até às seis/sete da tarde e às vezes nem podia treinar nesse dia, porque não dava tempo”, lembra a atleta que frisa também a falta de iluminação na pista que se faz notar especialmente nos meses de inverno.
De resto, o que impede a atleta do GRECAS de utilizar a pista em Aveiro é o mesmo problema apontado também por Francisco Júlio. O piso da pista não permite à atleta utilizar as sapatilhas de salto. “Não é só saltar, temos que correr”, salienta.
Também na pista de atletismo da UA treina diariamente Miguel Monteiro, estudante-atleta da Universidade de Aveiro durante os últimos anos e medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos Paris 2024, na modalidade de lançamento do peso F40.
Não sabem, no entanto, nem Francisco, Diogo, Margarida ou Miguel, que a história da pista de atletismo começa ainda antes de qualquer um deles ter nascido e se ter apaixonado pela modalidade. Entre denúncias de protocolo e outras prioridades, o tempo vai passando e, com ele, também o rendimento e a segurança de quem ali treina vai sendo afastado da linha de chegada. A esperança corre agora atrás de um entendimento para que seja possível avançar para uma requalificação que todos apontam como necessária, mas que tarda em arrancar.
Esta reportagem insere-se numa parceria estabelecida entre a Ria - Rádio Universitária de Aveiro e a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e resultará, ao longo dos próximos meses, num conjunto de artigos sobre temas que afetam diariamente a vida dos estudantes da UA. Todas as reportagens serão acompanhadas por um cartoon satírico que pretende representar a problemática abordada. Se tens sugestões de temas que gostarias de ver abordados envia um email para [email protected].
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Na passada quinta e sexta-feira, dias 25 e 26, José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA), marcou presença na Comissão COTER do Comité das Regiões. A iniciativa decorreu em Brest, na França, para discutir a acessibilidade e sustentabilidade da mobilidade na União Europeia. Ribau Esteves foi um dos oradores num painel da conferência e, em representação do Partido Popular Europeu (PPE), destacou, na sua intervenção, que “a sustentabilidade tem três importantes pilares: ambiental, económico e social”, considerando que “a abordagem aos sistemas de transportes públicos de passageiros na União Europeia tem de dar uma especial atenção às dimensões económica e social, cuidando sempre da preservação dos valores ambientais”, lê-se em nota enviada às redações. Segundo a mesma nota o autarca apontou a existência de “uma discrepância preocupante e um desequilíbrio crescente na gestão dos sistemas de transportes públicos” entre as áreas rurais e urbanas. O edil apontou como medidas a debater o aumento “de financiamento público (…) nas áreas de menor densidade populacional” e “a utilização do transporte individual como um elemento do sistema de mobilidade com financiamento público, com diminuição dos impostos sobre a eletricidade e os combustíveis fósseis” para combater esta discrepância. O presidente da CMA sublinhou ainda, na sua intervenção, que este desequilibro “exige atenção, reflexão e medidas” para que o caminho possa vir a ser mudado. “A presença do Ser Humano em todo o território Europeu é muito importante para a coesão territorial, económica e social”, atenta o presidente da autarquia.
Futuro do Mercado do Peixe será decisão do próximo Executivo
O concurso previa, segundo uma nota de imprensa enviada às redações, uma concessão por “dez anos”, com um “valor base mensal de 3.000 euros (acrescidos de IVA)” e um “período de carência de seis meses”. A iniciativa, aprovada em abril deste ano, tinha como data-limite para apresentação de candidaturas o “dia 30 de maio de 2025”. No entanto, a ausência de interessados levou o executivo a decidir pela “não adjudicação do procedimento”. Na reunião camarária, no período da ordem do dia, José Ribau Esteves, presidente da CMA, explicou a decisão de não avançar com um terceiro concurso. “Entendemos que é um tipo de procedimento que nesta fase do mandato não faz sentido e depois ainda por cima conjugado com a época do ano. Se nós já não tivemos candidatos, o pico de verão para a restauração é sempre um pico de trabalho também”, justificou. No seguimento, Ribau Esteves sublinhou ainda que a gestão e utilização do edifício continuará a ser feita pela autarquia, com enfoque cultural e comunitário, à semelhança do que tem acontecido nos últimos tempos. “Vamos prosseguir a gestão como temos feito do Mercado do Peixe como edifício cultural. Neste momento, está lá a Feira do Livro e estão vários eventos lá marcados para ocorrerem. É isso que vamos continuar a fazer. Deixar para os gestores do próximo mandato a decisão sobre o futuro [do Mercado do Peixe]”, sublinhou. A proposta foi aprovada por unanimidade.
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Há três deputados do PSD eleitos pelo círculo de Aveiro a presidir a comissões parlamentares
Natural do concelho de Águeda, Paula Cardoso foi reconduzida na liderança da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Almiro Moreira, de Castelo de Paiva, passa a presidir à Comissão da Reforma do Estado e do Poder Local e o secretário-geral adjunto do PSD, o sanjoanense Paulo Cavaleiro, preside à Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, onde já exercia funções na legislatura anterior, avança o partido em comunicado. O PSD dá ainda nota de que, “entre os eleitos por Aveiro, há duas deputadas social-democratas eleitas vice-coordenadores de comissões”. Trata-se de Helga Correia, natural de Oliveira de Azeméis, que vai exercer funções na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão e Adriana Rodrigues, natural de Vale de Cambra, que assume o cargo na Comissão de Assuntos Europeus. Firmino Ferreira integra também como elemento efetivo, a Comissão de Agricultura e Pescas, enquanto Almiro Moreira e Adriana Rodrigues assumirão também a integração na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública. A espinhense Carolina Marques vai exercer funções na Comissão de Educação e Ciência e na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.
AAUAv celebra 47º aniversário com reflexões para o futuro
O 47º aniversário da AAUAv ficou marcado pela formalização de um protocolo entre a estrutura estudantil e a Câmara Municipal de Aveiro (CMA). Na sua intervenção, José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro salientou o momento como “importante” e “relevante”. A formalização do protocolo é, para o autarca, a consolidação da “relação das instituições”. “A palavra dos Homens é sempre mais importante do que os documentos, mas os documentos consolidam a relação das instituições: porque os homens passam e as instituições sempre ficarão”, frisou Ribau Esteves. O protocolo formalizado na cerimónia, no valor global de 44.500 euros, foi aprovado na última reunião camarária. O autarca saudou ainda a associação pelo seu 47º aniversário, “por tudo aquilo que marca o seu passado e, existindo, estimula e aposta no seu futuro”. Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, sublinhou no discurso comemorativo do 47º aniversário que “todas as celebrações de aniversário pressupõem a existência de momentos de reflexão”, tendo sublinhado que a sua reflexão “começa no futuro”. “Infelizmente, muitas das lutas [dos estudantes] permanecem as mesmas, e outras tantas avizinham-se a ressurgir mesmo ao virar da curva”, começou por refletir a dirigente. A representante dos estudantes da academia aveirense deu então nota de cinco notícias recentes relativas ao ensino superior, alertando, em primeiro lugar, para a saúde mental dos estudantes. “Mais de metade dos universitários está em burnout e 40% consomem psicotrópicos (…) esta não é uma urgência de agora, é uma verdade que (…) se tornou uma banalidade, uma urgência que carece de atuação há quase uma década”, enfatizou. O abandono e insucesso escolar, as práticas de ensino serem “as mesmas há 20 anos” e a incapacidade de retenção do talento foram também temas abordados no discurso da dirigente. Joana alertou ainda para o descongelamento das propinas, uma preocupação dos estudantes que volta a estar em cima da mesa devido a declarações da nova secretária do Ensino Superior. "O ensino superior não pode nunca ser reservado apenas para alguns. A aquisição de conhecimento deve ser um fator de nivelação social, nunca de distanciamento", defendeu a presidente da direção da AAUAv. Para Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, a Associação Académica “é simultaneamente história, presente e é também futuro”. No seu discurso, o reitor sublinhou que o trabalho desenvolvido pelo movimento estudantil “é imprescindível para que hoje sejamos aquilo que somos, enquanto universidade, enquanto instituição, enquanto associação académica”, apontando ainda o papel da associação na atração e fixação de jovens em Aveiro e na região. “Hoje em dia, desses cerca de 2.400 novos estudantes que veem para a Universidade de Aveiro e dos quais saem também os dirigentes futuros da associação académica, dois em cada três veem de fora da região de Aveiro e muitos ficam nesta região”, atentou. O reitor frisa ainda a ambição da universidade em “mais do que técnicos competentes, formar cidadãos”, destacando o papel da AAUAv nesse processo. “Aprenderem na Associação Académica faz de vós melhores cidadãos, faz da Universidade de Aveiro uma instituição mais bem preparada para assegurar o futuro, mais atrativa para aqueles que a procuram”, reiterou. O discurso de comemoração ficou ainda pautado pela menção à independência, autonomia e irreverência do movimento estudantil em Aveiro. “Nunca se curvou perante nenhum reitor. Nunca se curvou perante nenhum governante. E todos aqueles que o tentaram fazer, falharam miseravelmente na tentativa: é necessário que assim continue. Nunca como hoje foi tão necessário. Tenho a fé, tenho a certeza, que convosco não corro esse risco”, frisou Paulo Jorge Ferreira. A tomada de posse dos núcleos da AAUAv foi o primeiro momento da celebração. Inês Filipe, presidente da Mesa da Assembleia Geral da AAUAv deu posse aos novos órgãos dos Núcleos, afirmando que o aniversário da AAUAV assinala também “o início de um novo ciclo, um momento de continuidade, de renovação e acima de tudo de compromisso com o associativismo estudantil, que tanto caracteriza a nossa academia”. No seu discurso, Inês Filipe sublinhou que “os núcleos são sem dúvida uma das bases mais sólida deste projeto coletivo que é a AAUAv: são eles que aproximam os estudantes do movimento associativo, que fazem ecoar as suas necessidades, as suas ideias e os seus sonhos”. A dirigente aproveitou ainda a oportunidade para agradecer aos núcleos cessantes e para desejar “aos que agora iniciam este desafio (…) um mandato de crescimento, coragem e celebração”. “Esta associação e academia contam convosco, com a vossa energia, com a vossa visão e sobretudo com o vosso compromisso”, concluiu. O processo eleitoral para os núcleos da AAUAv para o mandato de 2025/2026 decorreu no dia 5 de junho, tendo ficado marcado por irregularidades que levaram à convocação da repetição, em setembro, das eleições do Núcleo Associativo de Estudantes do Instituto Superior de Contabilidade e Administração (NAE-ISCA). Por sua vez, Joana Regadas sublinhou a tomada de posse de “516 novos dirigentes” dos núcleos como uma “personificação” da renovação da AAUAv. “[São] 516 novos estudantes que querem discutir o ensino superior, o desporto, a cultura (…), discutir a UA, Aveiro, Águeda, Oliveira de Azeméis, a região, o país, a Europa, o mundo”, enfatizou a representante dos estudantes. No seu discurso, a dirigente associativa aproveitou ainda para criticar a falta de valorização dos estudantes que participam no movimento associativo. “Escolher fazer parte desta história é grandioso, mas também ingrato”, reparou. “A falta de reconhecimentos e apoios inicia-se muitas vezes neste mesmo local onde nos encontramos: o local que por um lado quer privilegiar os que vão mais além (…) os que, para além de procurarem ser bons profissionais, procuram na universidade encontrar um percurso para se tornarem melhores cidadãos, mas que por outro lado, pouca valorização dá ao percurso integral”, atira. Por sua vez, Paulo Jorge Ferreira agradeceu também aos dirigentes cessantes dos núcleos da Associação, deixando uma palavra também em relação aos novos dirigentes. “Fico satisfeito por ver mais do que nunca mais núcleos, mais estudantes, mais compromissos com esse futuro, porque sei que é daqui que sairão as sementes para uma sociedade melhor, mais pacífica”, refletiu. Também Ribau Esteves deixou uma palavra de “estímulo” aos dirigentes dos núcleos que tomaram posse. “Que sejam um importante contributo continuado nesse processo (…) em que sempre podemos fazer mais e melhor em cada uma das funções que temos para cumprir”, aponta o autarca, destacando a cidadania como uma dessas funções. A AAUAv entregou ainda cinco distinções aos núcleos: Núcleo Mais Solidário, Núcleo Mais Desportivo, Núcleo Mais Setorial, Núcleo Mais Núcleo e o Núcleo Revelação. As distinções foram entregues, respetivamente, ao Núcleo de Estudantes de Ciências Biomédicas, Núcleo de Estudantes de Engenharia Mecânica, Núcleo de Cinema e Fotografia, Núcleo de Estudantes de Multimédia e Tecnologias da Comunicação e ao Núcleo de Estudantes de Gestão. O 47º aniversário contou ainda com a atribuição do galardão Renato Araújo. A iniciativa, que arrancou no ano passado, distinguiu este ano a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), por atuar “diariamente em todo o território nacional, garantindo proteção, apoio emocional e psicológico a quem sofreu o impacto da violência”.