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Autárquicas: Conheça os candidatos do PS às juntas de freguesia de Aveiro

A Comissão Política Concelhia do Partido Socialista (PS) de Aveiro aprovou esta segunda-feira, 26 de maio, em reunião interna, os nomes dos cabeças de lista às dez juntas de freguesia do município para as eleições autárquicas de 2025. A decisão contou apenas com “uma abstenção” numa das propostas e, recentemente, o candidato de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz acabou por abdicar da sua candidatura. A Ria falou com os candidatos para conhecer os seus percursos e motivações.

Autárquicas: Conheça os candidatos do PS às juntas de freguesia de Aveiro
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
28 mai 2025, 20:02

Com exceção das Juntas de Freguesia de São Jacinto e de Eixo e Eirol, onde os candidatos anteriores se mantêm, o PS apostou em novos rostos nas restantes freguesias do concelho para as eleições autárquicas. “Tentámos escolher pessoas que tivessem boa relação com a comunidade, com participação cívica e associativa, que fossem reconhecidas, que não tivessem nada a apontar a nível pessoal e profissional e que estivessem disponíveis para abraçar um projeto de mudança para Aveiro”, explica Paula Urbano Antunes, presidente da concelhia do PS-Aveiro à Ria.

A manutenção de João Morgado, antigo presidente da Junta de Eixo e Eirol, e de José Eduardo Ferreira Leite, cabeça de lista em São Jacinto nas intercalares de 2022, é justificada pelo trabalho já desenvolvido. “Quer uma, quer outra junta de freguesia têm estes primeiros eleitos a trabalhar, neste momento, no terreno. O João Morgado já foi presidente da junta [de Eixo e Eirol], fez dois bons mandatos, tem sido uma voz ativa na oposição e mostrou total disponibilidade para voltar a candidatar-se”, afirma. “Quanto ao nome do José Eduardo Ferreira Leite candidatou-se à Junta de Freguesia de São Jacinto em circunstâncias muito difíceis, perdeu, tem feito o seu trabalho como primeiro eleito na oposição junto da população, na Assembleia da Freguesia, apresentando propostas, criticando aquilo que é para criticar. Apresenta sugestões sempre de uma forma muito construtiva e com conhecimentos sólidos que tem sobretudo na área do direito”, continua Paula Urbano Antunes.

A dirigente socialista sublinhou que o PS está determinado em reconquistar terreno nas freguesias e na Câmara Municipal. “É para ganharmos e porque acreditamos recuperar algumas juntas de freguesia e a Câmara Municipal. Isto é para ganhar”, vinca.

A apresentação oficial das candidaturas está marcada para o próximo domingo, 1 de junho, pelas 16h00, no edifício polivalente de Nossa Senhora de Fátima, freguesia escolhida pelo seu simbolismo territorial. “Queremos dar um sinal claro: nenhuma freguesia será esquecida. Esta, por ser a mais longínqua, representa bem a nossa visão de proximidade e equidade territorial”, afirmou Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara Municipal de Aveiro, numa nota de imprensa enviada à Ria na passada terça-feira.

Estarão presentes os candidatos às juntas de freguesia, dirigentes locais e apoiantes, bem como representantes da estrutura socialista. “Estarei eu, estará o presidente da Federação do PS, o presidente da distrital da JS e também a presidente das Mulheres Socialistas. Da nacional foi feito o convite e aguardamos ainda resposta”, referiu Paula Urbano Antunes.

Conhece aqui os cabeças de listas pelo PS às juntas de freguesia do Município:

Aradas

Atual assistente social na Câmara Municipal de Aveiro e natural de Aradas, Sónia Aires vai liderar a candidatura do Partido Socialista à Junta de Freguesia de Aradas. Recorde-se que este nome já tinha sido anteriormente avançado pela Ria como um dos mais falados. “O interesse pela política começou na minha adolescência e, a partir daí, com uma visão mais direcionada para o Partido Socialista. Não sou militante há muitos anos, mas desde que comecei a votar sempre foi a minha orientação política”, afirma à Ria. Esta será a sua primeira vez como cabeça de lista, mas não a sua estreia no processo autárquico. “Já tinha feito parte da lista [à Junta de Freguesia de Aradas] nas últimas eleições autárquicas de 2021”, relembra. Na altura, integrou as listas na sexta posição.

Nas últimas eleições autárquicas, a coligação 'Aliança com Aveiro' (PSD/CDS/PPM) venceu em Aradas com 46,28% dos votos, elegendo sete mandatos. Em segundo lugar ficou o movimento independente 'Sentir Aradas', com 19,13% e três mandatos, seguido da coligação 'Viva Aveiro' (PS/PAN), que obteve 17,87% e também garantiu três mandatos. O BE, Chega e CDU não conseguiram representação na Assembleia de Freguesia.

Face a estes números do PS, Sónia acredita que há margem para fazer mais e melhor. “Acredito que os resultados poderão ser muito melhores, sem dúvida”, reconheceu. “Estou bastante empenhada, com uma visão de trabalho de muita proximidade e com foco na mudança. Vai ser isso que me vou empenhar”, continuou. Juntamente com a sua “equipa forte”, a candidata à junta de Aradas pelo PS acredita que “vamos trilhar um caminho no sentido de conseguirmos reverter aquilo que foram os resultados de há quatro anos”.

Cacia

João Matos Silva será o rosto do Partido Socialista em Cacia. Natural de Esgueira, onde iniciou o seu percurso de participação cívica e política, aceitou o desafio de liderar a candidatura socialista com o objetivo claro de fazer mais e melhor pela freguesia que hoje chama casa. “O convite surgiu-me e eu fiquei um pouco atónico no dia. Não estava à espera, nem fiz esse caminho de procurar algo”, confessa o candidato, que reconhece que esta candidatura não era um plano traçado, mas sim um compromisso que decidiu assumir por acreditar na força transformadora da política local.

Com uma ligação de longa data ao associativismo e ao desporto, João Matos Silva é árbitro de futebol há oito anos na Associação de Futebol de Aveiro. Essa experiência, sublinha, tem-lhe permitido conhecer de perto as dificuldades vividas por clubes e associações, não só no concelho de Aveiro, mas em todo o distrito. “O meu percurso sempre foi dedicado ao associativismo, sou muito ligado ao desporto”, acrescenta, evidenciando a sensibilidade social que pretende trazer para o cargo.

Militante do PS, o candidato a Cacia recorda que a sua ligação à política começou ainda antes da militância formal, com a participação no movimento estudantil. “Na Escola Secundária de Esgueira, onde estudei, fui presidente da Comissão Instauradora da Associação de Estudantes”. Mais tarde, integrou por “duas vezes” as listas do PS em Esgueira, tendo participado de forma ativa nas campanhas eleitorais.

A mudança para Cacia aconteceu por razões pessoais já que foi viver para a terra natal da sua esposa. “Decidi aceitar [o convite] na perspetiva de fazer algo melhor pelos cacienses”, afirma. Ciente das dificuldades e do peso do desafio — nas últimas eleições, a coligação ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS/PPM) venceu com 63,64% dos votos —, João Matos Silva mostra-se determinado: “Se eu não acreditasse, não teria aceite o convite. (…) O objetivo é ambicioso e complicado, mas só nos vai dar mais ânimo para trabalharmos mais do que os outros, para chegar às pessoas de forma diferente e mostrar que temos uma alternativa”.

Eixo e Eirol

João Carlos Morgado, ex-presidente da Junta de Freguesia de Eixo e Eirol, irá novamente disputar o cargo pelo Partido Socialista. Com um percurso de oito anos à frente da freguesia, João Morgado sente que ainda há muito a fazer e vê nesta recandidatura a oportunidade de dar continuidade ao trabalho iniciado. “Fui presidente da freguesia desde 2013 até 2021. Nesse período de oito anos desenvolvemos uma quantidade de trabalho muito grande em prol da freguesia”, atenta. Após a derrota nas eleições de 2021, onde perdeu por uma margem de “apenas 52 votos” [face à coligação Aliança com Aveiro], o candidato acredita que é hora de retomar o projeto iniciado. “Perdemos as eleições por 52 votos e agora vamos fazer a recandidatura porque é de todo o nosso direito dar continuidade ao nosso projeto”, afirma.

Técnico de cerâmica de profissão, João Morgado sempre se apresentou como “candidato independente” nas suas anteriores campanhas, mesmo tendo integrado as listas com o PS. Para este, esta nova candidatura é uma chance de retomar o impulso de desenvolvimento que a freguesia viveu durante os seus mandatos. “O povo é que decide. E o povo também teve a oportunidade de refletir ao longo de quatro anos e ver que a freguesia ficou num marasmo. Não se desenvolveu trabalho quase nenhum. O que fizeram foram aqueles que já estavam planeados com a Câmara no nosso tempo e deram seguimento a isso. De resto, é muito pouco trabalho em prol da nossa freguesia”, exprime.

Recorde-se que nas últimas eleições, realizadas em 2021, a coligação 'Aliança com Aveiro' (PSD/CDS/PPM) venceu esta freguesia com 44.02% dos votos, alcançando sete mandatos. Seguiu-se a coligação 'Viva Aveiro' (PS/PAN) com 42.06% com seis mandatos. O BE e a CDU ficaram fora da representação na Assembleia de Freguesia.

Esgueira

Jaime Paulo será o cabeça de lista do Partido Socialista à Junta de Freguesia de Esgueira. Com 69 anos e uma vida dedicada ao desporto foi um dos fundadores da Associação Desportiva da Taboeira. “A minha vida é desportiva. Politicamente o que mais me seduziu foram as pessoas”, afirma. Natural de Taboeira, Esgueira, Jaime Paulo tem um percurso cívico muito próprio. “Fiz parte de quatro listas à Junta de Freguesia de Esgueira por partidos diferentes, pelas pessoas, no fundo, que estavam nessa altura. Nunca fui militante de nenhum partido. Já concorri pelo PSD, CDS, várias vezes. Pelo PS, julgo que uma vez também”, recorda.

Apesar de nunca ter procurado protagonismo político, o convite para liderar a lista socialista em Esgueira chegou com “convicção” e acabou por falar mais alto. “Foi um desafio feito pelo Alberto Souto que não pude recusar. Ainda posso ser útil à nossa freguesia e achei que, depois de ponderar e pela veemência do convite, acabei por aceitar”, refere.

Atualmente ainda ativo profissionalmente -trabalha numa farmácia na Barra -Jaime Paulo encara este novo desafio com a determinação de quem nunca deixou de contribuir. “Penso que sou útil e que ainda vou ser útil à freguesia.” Sobre o que o move nesta candidatura, Jaime Paulo é claro: “Se eu não estivesse convencido disso não me meteria neste processo. Isso é ponto assente. Eu sou uma pessoa que, quando alguma situação é para vencer, é para vencer”.

Nas eleições de 2021, a coligação 'Aliança com Aveiro' (PSD/CDS/PPM) venceu a freguesia com 43,50% dos votos, conseguindo eleger sete mandatos. Seguiu-se a coligação 'Viva Aveiro' (PS/PAN) com 33,41% e cinco mandatos. O Bloco de Esquerda garantiu um mandato. Chega e CDU ficaram fora da Assembleia de Freguesia.

União das Freguesias de Glória e Vera Cruz

Bruno Ferreira será o candidato do Partido Socialista à presidência da União das Freguesias de Glória e Vera Cruz, tal como noticiado pela Ria. Bruno Ferreira é o atual tesoureiro da Junta e parte para este novo desafio – agora pelo PS- com vontade de dar continuidade ao trabalho iniciado. “Dá-me uma grande vantagem porque conheço a junta, os seus procedimentos, as pessoas, os projetos”, afirma o candidato à Ria, destacando a experiência acumulada ao longo do mandato em funções executivas.

Essa proximidade com o dia a dia da freguesia é, segundo Bruno Ferreira, uma das bases sólidas que sustenta a sua candidatura. “Tento dar seguimento a outros projetos em curso e é por isso que eu me perfilo como candidato: para dar o meu contributo à freguesia”, explica.

Nas últimas eleições autárquicas, a coligação 'Aliança com Aveiro' (PSD/CDS/PPM) foi a força mais votada na freguesia, com 41,17% dos votos e sete mandatos. A coligação ‘Viva Aveiro’ (PS/PAN), por sua vez, alcançou 29,46%, elegendo cinco mandatos. O Bloco de Esquerda conquistou um mandato, enquanto outras forças políticas como o Chega, a Iniciativa Liberal e a CDU não conseguiram representação.

Apesar do contexto do PS, Bruno Ferreira acredita que a sua ligação à freguesia e o seu percurso político o tornam num candidato preparado e confiante. “Se se mantiver esta tradição de que as pessoas nas autárquicas têm muita influência, eu creio que sim”, diz, referindo-se à importância das ligações humanas e da proximidade no contexto local. “Modéstia à parte, acho que sou um candidato bastante forte”, realça.

Bruno Ferreira assume esta missão como um ato de serviço público. “Quero dar o meu contributo, quero. Tenho condições para isso, tenho. Tenho uma equipa ganhadora, tenho. A minha convicção é esta”, reforça.

Oliveirinha

Helena Graça será a candidata do Partido Socialista à presidência da Junta de Freguesia de Oliveirinha. Técnica de qualidade na empresa ‘Diatosta’ e residente no lugar da Costa do Valado, Helena tem raízes firmes na freguesia onde será candidata apesar de ser natural de Moçambique.

Militante do PS há “dois anos”, Helena Graça não é, no entanto, uma estreante na política local. Já integrou a lista socialista- também em Oliveirinha- nas últimas eleições autárquicas. “Não vai ser fácil. As lutas nunca são fáceis, especialmente na forma como estão expostas neste momento”, reconhece.

Em 2021, a coligação 'Aliança com Aveiro' (PSD/CDS/PPM) venceu a freguesia com 61,71% dos votos, conquistando seis mandatos. A coligação ‘Viva Aveiro’ (PS/PAN) ficou em segundo lugar com 18,03% e dois mandatos. O Bloco de Esquerda elegeu um mandato e a CDU ficou sem representação.

Apesar das dificuldades, Helena acredita que chegou o momento de uma mudança real. “Oliveirinha tem um passado em que durante muitas décadas esteve nas mãos do PSD (…) e que resultou numa monocultura. Eu estou convencida que as coisas estão a ficar diferentes”. Para a candidata, a freguesia precisa de um novo olhar. “Vivemos numa sociedade dinâmica, no sentido em que cada vez temos mais pessoas de fora. Temos de olhar mais para elas. São pessoas que têm de ser incluídas e que fazem parte do crescimento económico da freguesia”, frisa.

Com sentido de missão, Helena Graça assume esta candidatura como um passo firme na construção de um futuro mais inclusivo e participativo para Oliveirinha. “Eu tenho vontade de seguir caminho com as dificuldades que nunca senti porque nunca trilhei este caminho, mas que já vi que são lutas duras. Agora o que a gente quer é melhorar”, reforça.

Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz

Armando Dias tinha sido anunciado como o candidato do Partido Socialista à Junta de Freguesia de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz. Empresário local e conhecido na região como “Armando Empreiteiros”, é responsável pela empresa “Armando & Fátima Empreiteiros Lda.”, ligada ao setor da construção civil. A Ria tentou entrar em contacto com o candidato, mas não obteve resposta.

Esta quarta-feira, 28 de maio, foi confirmado por parte da candidatura de Alberto Souto de Miranda de que por “questões pessoais supervenientes, a pessoa anunciada para a União de Freguesias de Fátima, Requeixo, Nariz teve de renunciar”. Assim, o PS terá agora a tarefa de escolher um novo candidato para freguesia.

Nas últimas eleições autárquicas, realizadas em 2021, a coligação 'Aliança com Aveiro' (PSD/CDS/PPM) venceu esta freguesia com 60,54% dos votos, alcançando sete mandatos. A coligação 'Viva Aveiro' (PS/PAN) ficou em segundo lugar, com 24,83% dos votos e dois mandatos. O Bloco de Esquerda e a CDU não obtiveram representação na Assembleia de Freguesia.

São Bernardo

André Ferreira será o candidato do Partido Socialista à Junta de Freguesia de São Bernardo. Natural de Aveiro, é Técnico Superior de Justiça e tem atualmente 41 anos. Nas eleições de 2021 integrou, como número três, o movimento independente São Bernardo Mais e Melhor (SB-MM), pelo qual foi eleito vogal na Assembleia de Freguesia -cargo que ainda exerce.

“Não estava nada à espera deste convite”, começa por admitir. “Já tinha feito parte de uma lista — uma única vez — há quatro anos, num movimento independente, o São Bernardo Mais e Melhor. Era um grupo de pessoas independentes que se juntaram com esse objetivo. E este ano, sinceramente, não esperava que o grupo voltasse a reunir-se, nem esperava ser contactado”, partilha. O convite acabou por surgir da estrutura local, desta vez, do Partido Socialista. “Contactaram-me para ser o cabeça de lista a São Bernardo”, assegura.

Apesar de não ser militante do PS, André sublinha: “Sou socialista de convicção. Se algum dia fosse integrar uma lista que não fosse independente, só poderia ser do Partido Socialista. Isso é claro para mim”, admite.

Nas últimas autárquicas, a coligação 'Aliança com Aveiro' venceu em São Bernardo com 53,61% dos votos e seis mandatos, seguida do SB-MM com 29,02% e três mandatos. O PS não teve representação direta. Sobre a dificuldade do desafio, André reconheceu que “de todo, não será fácil”. “Aliás, o PS nunca ganhou a Junta de São Bernardo, por isso seria um feito histórico se isso acontecesse agora e ainda mais pelas minhas mãos”, exprime.

André Ferreira considera-se profundamente ligado à freguesia. “Cresci aqui, vivi sete anos em Lisboa e todos os dias desses sete anos pensava em voltar a casa. Sei o valor que tem viver aqui, sei o que é gostar desta terra. Por isso, esta é uma oportunidade única para contribuir para a melhoria das condições de vida das pessoas”, vinca.

“O meu objetivo com esta candidatura é apenas e só contribuir para a minha freguesia. Gostava de ter uma campanha limpa, onde a lisura reinasse, onde a verdade imperasse e onde as pessoas se dessem bem. (…) E apenas quero que São Bernardo e as pessoas saiam a vencer”, conclui.

São Jacinto

Com 69 anos e uma carreira de destaque na Polícia Judiciária, José Eduardo Ferreira Leite volta a candidatar-se à Junta de Freguesia de São Jacinto pelo Partido Socialista. Natural e residente nesta freguesia, é licenciado em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa e teve um percurso marcado pelo combate ao tráfico de drogas e ao terrorismo. Entre 2006 e 2009, foi diretor da Diretoria de Lisboa da PJ e mais tarde liderou a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes.

Nas eleições intercalares de 2022, encabeçou já a lista do PS à Junta de São Jacinto, mas foi derrotado por Arlindo Tavares, da coligação 'Aliança com Aveiro'. “Por causa da minha profissão nunca manifestei opções políticas, nunca fui militante de nenhum partido. Aqui surgiu com aquela situação das eleições intercalares e as minhas ideias, sinceramente, estão mais próximas do PS. Foi essa a razão”, explica o candidato.

Nas intercalares de 2022, a coligação 'Aliança com Aveiro' (PSD/CDS/PPM) venceu com 48,68% dos votos e quatro mandatos. O Partido Socialista alcançou 33,47% e dois mandatos, seguido da CDU com 17,44% e um mandato. O Chega não teve representação.

“O objetivo é voltarmos à normalidade. Estou convencido que sim. Não foi das melhores experiências que tivemos em São Jacinto com o atual executivo, onde praticamente não tivemos Junta de Freguesia. Tivemos quase subordinados à Câmara Municipal”, afirma José Eduardo Leite, criticando a perda de autonomia da freguesia.

Para o candidato socialista, São Jacinto merece atenção especial: “São Jacinto tem questões muito próprias, específicas da sua situação geográfica, que merecem alguma atenção e serem manifestadas. É essa a nossa ambição”.

Santa Joana

José Júlio Conceição será o candidato do Partido Socialista à Junta de Freguesia de Santa Joana. Atualmente presidente da direção do Centro Social Santa Joana Princesa, José Júlio sublinha o seu envolvimento de longa data com a instituição. “Eu já tenho um percurso um pouco mais antigo desde a minha juventude, a acompanhar o falecido Zacarias, antigo presidente do centro e um dos fundadores. (…) Há cerca de oito anos fui abordado para regressar e entrei como tesoureiro. Há cinco anos sou o presidente”, explicou.

Natural de Santa Joana, com 65 anos e uma carreira profissional como técnico químico numa multinacional durante 43 anos, José Júlio está aposentado há “dois anos” e assume agora o desafio político com motivação renovada. Militante do PS “há vários anos” partilha à Ria que já foi candidato à Junta de Freguesia de Santa Joana em “1989” e novamente “quatro anos depois”, acumulando ainda “oito anos de experiência como membro da Assembleia de Freguesia”.

Nas últimas eleições autárquicas, a coligação 'Aliança com Aveiro' (PSD/CDS/PPM) venceu com 53,40% dos votos, alcançando oito mandatos. A coligação 'Viva Aveiro' (PS/PAN) ficou em segundo lugar com 28,43% dos votos, conquistando quatro mandatos, e o Bloco de Esquerda obteve um mandato. A CDU não teve representação.

Consciente do contexto eleitoral difícil, o candidato a Santa Joana não esconde o realismo. “Claro que não vai ser fácil. (…) A nossa freguesia tem um historial claramente adepto da AD há 40 anos”. Ainda assim, avança com uma convicção clara: “O motivo como candidato é acreditar na capacidade, na competência, no desempenho e no que foi feito pelo Alberto Souto”.

O candidato a Santa Joana aponta deficiências graves na freguesia e defende a necessidade urgente de investimento público. “Somos uma freguesia sem acessibilidades dignas, com ruas cheias de buracos, sem limpeza de valetas, sem um polo desportivo, sem piscinas, sem cemitério. Carecemos claramente de infraestruturas”, reconhece, acrescentando que a freguesia se tornou o “espelho de antigamente e que está na hora de fazer diferente e melhor”.

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Numa nota de imprensa enviada às redações, João Moniz atira que a “transparência, a ética e a integridade não podem ser apenas bandeiras de ocasião em tempo de campanha”. “Têm de traduzir-se em compromissos concretos, assumidos por quem se propõe representar a nossa comunidade”, sugere o candidato. O bloquista explica que ao assinar este compromisso vincula-se “a um conjunto de práticas que incluem a criação de um Portal de Transparência Local com informação acessível e atualizada, a adoção de um Código de Ética e Conduta com auditoria independente, a implementação de mecanismos externos de denúncia, o acesso ativo à informação pública, o uso de dados abertos, a prevenção da corrupção em processos de contratação pública, a promoção de pactos de integridade e de participação cidadã em decisões estruturantes, bem como a prestação anual de contas sobre o grau de cumprimento destes compromissos”. João Moniz afirma ainda que “assinar este compromisso significa garantir que a governação autárquica se rege por princípios claros de ética, integridade e prestação de contas à comunidade".

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Os meses que se seguiram à decisão unilateral da direção nacional do PSD, liderada por Luís Montenegro, de avançar com a candidatura de Luís Souto foram marcados por forte turbulência interna. O anúncio, inesperado para a estrutura local, precipitou uma vaga de demissões, com destaque para Simão Santana, então presidente da concelhia e adjunto do gabinete da presidência, Rogério Carlos, vice-presidente da autarquia e vogal da concelhia, e o próprio Ribau Esteves, enquanto presidente da Mesa do Plenário de Militantes. À época, todos invocaram divergências quanto à forma como o processo tinha sido conduzido pela direção nacional, mas foi Ribau Esteves quem mais se destacou pela contundência das críticas. Não se limitou ao comunicado da demissão: em entrevistas à imprensa local e nacional, acusou Luís Souto de não ter “nenhuma experiência de gestão” e, em direto na SIC Notícias em horário nobre, chegou mesmo a admitir que a derrota do candidato social-democrata era “uma possibilidade objetiva”, classificando a sua escolha como “errada” e responsabilizando o próprio candidato e Luís Montenegro por um eventual cenário de derrota. Com o tempo, a polémica foi perdendo intensidade. Ribau Esteves, após uma fase inicial em que fragilizou seriamente a candidatura do seu partido, começou a dar sinais de reaproximação. A primeira evidência surgiu em abril, quando apareceu ao lado de Luís Montenegro e Luís Souto na entrega da lista de candidatos do PSD pelo círculo de Aveiro às eleições legislativas. Ainda assim, nesse dia, garantiu à Ria que estaria “fora do processo de campanha eleitoral” autárquica, embora tenha reiterado a sua preferência pela vitória de Luís Souto, invocando “motivos muito políticos e de seriedade” para se manter afastado. O aparente afastamento durou pouco. Menos de uma semana depois, Ribau Esteves foi a grande surpresa na apresentação oficial de Luís Souto, no Hotel Meliã. Apesar dos elogios dirigidos à sua governação, foi o único que não se levantou para aplaudir de pé o candidato do partido, num gesto que foi registado em vídeo e amplamente partilhado nas redes sociais. A partir daí, os sinais de aproximação tornaram-se mais evidentes, com encontros discretos entre os dois dirigentes, segundo o que apurou a Ria, e uma causa comum a falar mais alto: impedir o regresso do socialista Alberto Souto, presidente da Câmara entre 1998 e 2005, e garantir a continuidade da governação social-democrata em Aveiro. E assim aconteceu. Em junho, Ribau Esteves dava um passo mais explícito ao declarar, novamente na SIC Notícias, que “entre o candidato do Partido Socialista e o candidato da Aliança Democrática em Aveiro, não há dúvida nenhuma, o melhor dos dois é o candidato da AD”. No mesmo momento, admitiu publicamente que gostaria de prolongar a carreira política e que tinha “várias possibilidades em aberto”, que estavam a ser articuladas com a direção nacional do PSD. Já em agosto, na reunião de Câmara que aprovou o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o autarca mostrava-se relutante em ser associado à disputa autárquica. Ribau Esteves, visivelmente tenso pelas acusações que estavam a ser feitas pela oposição a propósito deste tema, quis deixar uma nota a todos os candidatos autárquicos, numa resposta a uma intervenção de Diogo Soares Machado, candidato do Chega à autarquia aveirense. “Os candidatos não têm que falar para mim. Eu não sou candidato. (...) Não me metam numa discussão à qual eu não pertenço. Vocês discutam uns com os outros. (...) Entretenham-se uns com os outros. Deixei-me em paz! Eu não tenho nada a ver com o assunto”, atirou. Agora, semanas depois dessas palavras, Ribau Esteves prepara-se para regressar de forma oficial à campanha, marcando presença no “Encontro Continuidade & Inovação” ao lado de Luís Souto. A iniciativa da ‘Aliança com Aveiro’ acontece esta segunda-feira, às 18h00, na sede de campanha da coligação. Com avanços e recuos, uma coisa é certa: Ribau Esteves continuará a marcar estas eleições e o impacto dos seus comunicados e da sua presença em eventos públicos de campanha eleitoral é evidente para todos.

PS Aveiro critica “défice democrático” e Alberto Souto responde a Ribau Esteves em comício
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PS Aveiro critica “défice democrático” e Alberto Souto responde a Ribau Esteves em comício

Na tarde de ontem, o PS Aveiro realizou um comício na Praça da República para apresentar as suas listas eleitorais. A iniciativa contou com a presença do eurodeputado Bruno Gonçalves e reuniu dezenas de apoiantes. Durante a sessão, Cláudia Cruz Santos, cabeça de lista do PS à Assembleia Municipal, dirigiu críticas a Luís Souto de Miranda, candidato da coligação ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) e atual presidente daquele órgão. A socialista acusou Luís Souto de Miranda de limitar o debate democrático, sublinhando que “há um défice democrático no funcionamento da Assembleia Municipal”. “O atual presidente da Assembleia Municipal (…) tem vindo a estender a passadeira vermelha ao atual presidente da Câmara e tem permitido que ele use a casa (…) de todos os aveirenses como se fosse o seu salão de festas, destratando com frequência deputados municipais e limitando as possibilidades de participação do público”, atirou. As críticas referiam-se à última Assembleia Municipal, na qual foi aprovado o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso.  Cláudia Cruz Santos acusou ainda o executivo de ter promovido um “esquecimento das freguesias” e criticou os sucessivos cortes de árvores na cidade, apontando como exemplos a Avenida Lourenço Peixinho e o Rossio. A candidata referiu-se também à recusa de Luís Souto de Miranda em dar a palavra a uma cidadã na última Assembleia Municipal, comparando a situação a práticas do Estado Novo. “Os líderes autoritários não gostam de parlamentos, de assembleias, de ser fiscalizados, escrutinados e tomam as assembleias peças decorativas”, atentou. “Não é isso que vai acontecer connosco e essa é a principal promessa que quero deixar”, continuou. No seguimento, defendeu ser essencial elaborar e aprovar “um regimento da Assembleia Municipal que garanta o contraditório e abra a porta a todos os aveirenses”. Já Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, reforçou a ideia de que o partido pretende dar voz a “todos os anseios” na Assembleia Municipal, sublinhando que não quer um órgão reduzido a uma “caixa de ressonância”. “De um pregador desrespeitoso”, acrescentou. Também dirigido a Luís Souto de Miranda, o socialista apontou: “Foram oito anos de emojis de aplauso e de silêncios cúmplices. Deve ser por isso que ele agora sentiu tanta necessidade de fazer um autorretrato. Mas o retrato das suas ideias parece uma foto bolorenta”. Entre as críticas, destacou ainda o que classificou como “o maior erro estratégico” de Aveiro: o Pavilhão Oficina. “E ele a sorrir e a bater palmas”, atirou. Apontou ainda a massificação da antiga lota, o Rossio, Avenida Lourenço Peixinho ou a antiga casa da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Aveiro (CERCIAC). “Estas são as fotografias do passado que eles querem construir. As nossas estão cheias de verde, de azul e de luz”, clarificou. O candidato socialista deixou ainda uma palavra de reconhecimento a Fernando Nogueira e Rosa Venâncio, atuais vereadores do PS na Câmara Municipal, elogiando a sua “lealdade, competência e resistência”. “Tiveram de encontrar doses suplementares de boa educação para não responderem aos destratos dela”, acrescentou. Recorde-se que Rui Soares Carneiro também integrava a vereação socialista, mas o partido retirou-lhe a confiança política no passado dia 23 de junho.  Numa alusão direta ao edifício dos Paços do Concelho, Alberto Souto de Miranda defendeu que a Câmara Municipal “tem de ser de vidro”, num apelo a uma gestão cívica e “totalmente transparente nos processos”. O candidato do PS à Câmara de Aveiro respondeu ainda ao comunicado do Município em que José Ribau Esteves, presidente da autarquia, o acusava de recorrer à “mentira”, ao “insulto” e à “arrogância” de querer governar sem legitimidade eleitoral. “A minha liberdade de expressão não se intimida com comunicados oficiais da Câmara Municipal. É falso que eu tenha mentido, insultado ou sido arrogante”, afirmou. Alberto Souto enumerou depois o que classificou como “erros” da atual gestão, destacando a intenção de construir um “caixote” na Betesga, bem como a demolição do edifício da CERCIAV. “São factos”, frisou, contrapondo ainda que Ribau Esteves não herdou uma Câmara do PS, mas sim “oito anos de gestão PSD-CDS”. “Não pode reescrever a história. Os aveirenses recordam-se do que nós fizemos e do que foi feito a seguir”, disse, rejeitando críticas de ter desfeito o trabalho de anteriores executivos. “É de uma ignorância atrevida de quem não estava cá quando estávamos nós na autarquia. (…) Os erros vão ser corrigidos, é essa a nossa obrigação”, atirou ainda Alberto Souto de Miranda. O socialista lamentou que Ribau Esteves “não esteja a saber terminar o mandato com dignidade”. Na reta final da intervenção, Alberto Souto de Miranda acusou ainda Luís Souto de Miranda de fugir aos debates e defendeu que Aveiro “precisa de muito mais”. Relembre-se que o candidato da ‘Aliança’ foi o único a não aceitar estar presente nos frente-a-frente promovidos pela Ria. “Precisa das nossas ideias, da nossa visão, da nossa vontade e dos nossos projetos. É por isso que no dia 12 vamos mudar de locatário. Quem vai para lá não sou eu, somos todos nós, o povo de Aveiro, que vai construir o futuro desta terra”, concluiu, repetindo várias vezes: “Viva Aveiro”.

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IL Aveiro promove tertúlia “Reforma do Estado” este domingo na Praça do Peixe

De acordo com uma nota enviada às redações, a IL entende que a verdadeira “Reforma do Estado não pode ser apenas administrativa ou fiscal”. “Deve ser uma transformação profunda na forma como o poder é exercido e distribuído”, lê-se. Para tal, o partido propõe “descentralização efetiva” com o transferir de competências do Governo para as autarquias; “municípios mais fortes e autónomos” dando às câmaras e freguesias os meios e a liberdade necessários para responderem às necessidades locais com rapidez e eficácia; “menos concentração em Lisboa, mais poder nas comunidades locais” sugerindo que as cidades decidam diretamente sobre saúde, educação, mobilidade e ambiente, “sem dependência constante da burocracia do Estado central” e “transparência e responsabilidade”. Carlos Guimarães Pinto foi presidente do partido entre 2018 e 2019, período em que ajudou a transformar a IL num movimento político nacional com presença no Parlamento. Segundo a nota, o atual deputado da IL tem defendido “de forma consistente que Portugal precisa de um Estado mais leve, eficiente e focado no essencial, capaz de prestar serviços públicos de qualidade sem sufocar os cidadãos e as empresas com impostos excessivos e burocracia”.

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Autárquicas: Estudantes deslocados têm até hoje para pedir voto antecipado
Universidade

Autárquicas: Estudantes deslocados têm até hoje para pedir voto antecipado

De acordo com a informação disponível na Comissão Nacional de Eleições (CNE), o pedido deve ser dirigido ao presidente da Câmara Municipal da autarquia onde o estudante está recenseado, podendo ser feito por “meios eletrónicos ou via postal”. A candidatura deve ser acompanhada de uma cópia do documento de identificação civil [cartão de cidadão ou bilhete de identidade] e de uma declaração emitida pelo estabelecimento de ensino que comprove a admissão ou frequência. Após a receção do requerimento, o presidente da câmara tem até esta quinta-feira, “25 de setembro”, para enviar, por correio registado com aviso de receção, a documentação necessária ao exercício do voto, devolvendo igualmente os documentos apresentados pelo estudante. O processo culmina entre “29 de setembro e 2 de outubro”, período durante o qual “o presidente da Câmara Municipal da área onde se encontre situado o estabelecimento de ensino desloca-se a esse estabelecimento de ensino para que seja exercido o direito de voto pelos estudantes”. Após a votação é ainda entregue um documento comprovativo do exercício do direito de voto. Recorde-se que as eleições autárquicas estão marcadas para o próximo dia 12 de outubro.

Movimento de Ovar submeteu petição à UE para travar demolição da fachada do Cineteatro
Região

Movimento de Ovar submeteu petição à UE para travar demolição da fachada do Cineteatro

Com dois eleitos na Assembleia Municipal viabilizados pelo Partido Popular Monárquico e pelo Nós Cidadãos, e concorrendo também às eleições autárquicas do próximo dia 12 de outubro, o movimento em causa revela hoje que o pedido foi submetido “ao abrigo da Convenção de Faro” e reflete “as preocupações de boa parte dos vareiros”, que, em alternativa à demolição, defendem a reabilitação do edificado que persiste do auditório inaugurado em 1944 e desativado nos anos 90. “Esta petição pode ser a nossa luz ao fundo do túnel”, declara o Movimento 2030 que submeteu a petição na sexta-feira, cerca de duas semanas depois de PSD e PS terem aprovado, em reunião de câmara, o projeto que prevê a demolição da fachada do antigo imóvel. Para o movimento, “apesar do seu estado, por inação dos seus próprios donos, este edifício merece carinho, atenção e uma segunda vida – uma segunda oportunidade que pode impulsionar o nosso concelho”. Referindo que foi por sua iniciativa que o tema ganhou notoriedade em 2024, o Movimento lamenta que a discussão pública sobre o novo projeto da Câmara tenha sido “intencionalmente limitada” e considera que isso é mais grave porque a demolição “não estava prevista na estratégia política do PSD para os quatro anos de mandato” que agora estão prestes a terminar. Face a “pedidos de reunião com o executivo que nunca tiveram resposta”, e um “ofício da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro [CCDRC] que sugeria à Câmara de Ovar a salvaguarda do edifício”, o Movimento avançou com um abaixo assinado que reuniu 1.053 assinaturas contra a demolição e foi partilhada por várias figuras públicas nacionais ligadas às artes. O tema chegou assim à Assembleia da República, “levando à criação de uma comissão parlamentar”. Mesmo assim, o projeto de arquitetura que a Câmara aprovou este mês prevê o desaparecimento do que resta do antigo auditório, pelo que o Movimento alerta: “Não queremos acreditar que o executivo camarário tenha iniciado uma votação unânime sem ter um parecer favorável, evitando assim futuros constrangimentos, tal como aconteceu recentemente na Avenida do Bom Reitor, onde a câmara avançou com uma obra sem o aval da CCDRC, vendo-a depois embargada”. Em todo o caso, os autores da petição enviada à UE comprometem-se a “fazer de tudo para salvar o edifício” e, embora assumindo-se “bairristas”, admitem horizontes alargados. “Que se desenganem os fundamentalistas: o património de Ovar não é apenas para Ovar e deve estar à disposição do mundo”, concluem. Segundo o site da Comissão Europeia, qualquer pessoa ou organização estabelecida num dos países da UE pode apresentar uma petição sobre questões relacionadas com legislação ou políticas europeias. O conteúdo do pedido é “tratado pelo Parlamento Europeu”, sendo que, “na maioria dos casos, o Secretariado da Comissão das Petições elabora uma síntese que é depois traduzida em todas as línguas oficiais da EU” e, por sua vez, “publicada no Portal das Petições logo que a comissão tiver tomado uma decisão sobre a admissibilidade” do tema. Quanto à Convenção de Faro, como é frequentemente designada a  Convenção-Quadro do Conselho da Europa sobre o Valor do Património Cultural para a Sociedade, é um tratado multilateral  pelo qual os estados subscritores concordam em proteger o património cultural e os direitos dos cidadãos de aceder e participar desse património.

Motoristas marcam greve contra horários da Unir impossíveis de cumprir com segurança
Região

Motoristas marcam greve contra horários da Unir impossíveis de cumprir com segurança

A medida foi decidida num plenário nas instalações da Feirense em Lourosa, no concelho de Santa Maria da Feira, com representantes dos cerca de 100 motoristas que fazem os percursos entre Vila Nova de Gaia e Espinho na referida rede de transportes públicos da Área Metropolitana do Porto. Segundo Hélder Borges, dirigente da Fectrans - Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, “os horários que existem não são compatíveis com circulação em segurança e o nível de limpeza e manutenção está um caos”. “Vamos fazer greve para alertar para isto e ver se começa a haver fiscalização decente, antes que aconteça uma desgraça e depois nos venham dizer que não os alertámos a tempo”, acrescentou. O sindicalista culpa pela situação “tanto a Unir, que estabelece os horários, como a Feirense, que assume o compromisso de os cumprir” mesmo sabendo que não são viáveis. Entidades fiscalizadoras como “a Autoridade para as Condições do Trabalho e o Instituto de Mobilidade e Transportes também não estão a cumprir o seu papel como deviam porque permitem que isto continue a acontecer”, disse. Como exemplos de rotas impossíveis de cumprir no trajeto anunciado, Hélder Borges aponta a viagem entre as Vendas de Grijó, em Pedroso, no extremo sul de Gaia, e a Praça D. João II, no Porto, ou o trajeto entre essa última e o Largo da Feira dos Carvalhos, também em Pedroso, pela Senhora do Monte. “A Unir quer que esses trajetos durem 30 minutos, mas, como os motoristas não conseguem fazê-los em menos de 40, na melhor das hipóteses, isso quer dizer que, a meio da manhã, dos quatro ou cinco horários previstos, um já desapareceu e foi suprimido”, notou o porta-voz dos trabalhadores. Além do atraso, há ainda a agravante de que “as pessoas estão na paragem à espera de um autocarro que não vai aparecer e depois, quando entram no próximo, se põem a ‘trocar galhardetes’ com o motorista, que fica ainda mais em stress, chega ao fim do dia desfeito e só almoçou em meia hora quando devia ter tido 60 minutos de pausa”, referiu. Pelas mesmas razões, também o nível de “limpeza e manutenção dos autocarros está muito mau”, o que se agrava agora que começou o período de aulas, com transporte de maior número de estudantes, “mais entradas e saídas nas paragens, e mais atrasos a acumular”. Hélder Borges afirma que há outras questões para resolver no setor, como os salários baixos e o subsídio de refeição sem atualização há dois anos, mas disse que “a prioridade é mesmo a segurança” e, como solução, defendeu que a mais exequível é “a retificação dos horários, de forma a que se possa cumprir os limites de velocidade e conduzir com segurança”. Contactada pela Lusa, fonte oficial da Transportes Metropolitanos do Porto esclarece: “Não detetamos nenhum horário que seja impossível de realizar. Todos os tempos atribuídos são perfeitamente viáveis”. Quanto às outras questões abordadas pela Fectrans, a Unir diz que lhes é “alheia”, porque não tem “qualquer responsabilidade nos horários de trabalho atribuídos aos motoristas nem na sobrecarga laboral que eles alegam”. “É ao operador que compete atribuir as linhas a fazer por cada profissional e garantir a sua boa condição física e mental”, disse a mesma fonte da Unir, referindo como exemplo que uma viagem de Espinho ao Porto não tem que ser feita em ambos os sentidos pelo mesmo motorista. “Ele pode chegar ao Porto e depois mudar de autocarro e fazer outro trajeto menos cansativo. O operador é que tem a responsabilidade de gerir isso”, declarou. A Lusa tentou ouvir telefonicamente a Feirense, que é detentora da marca Beira Douro, que também opera para a Unir em Gaia e Espinho, mas as chamadas não foram atendidas. Na rede Unir, no lote Norte Nascente (Santo Tirso/Valongo/Paredes/Gondomar) opera a Nex Continental, no Norte Poente (Póvoa de Varzim/Vila do Conde) a Porto Mobilidade, no Norte Centro (Maia/Matosinhos/Trofa) a Vianorbus, no Sul Poente (Vila Nova de Gaia e Espinho) a Transportes Beira Douro e no Sul Nascente (Santa Maria da Feira/São João da Madeira/Arouca/Oliveira de Azeméis/Vale de Cambra) a Xerbus.

Ex-juiz da Feira condenado mais uma vez agora por ameaçar um militar da GNR
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Ex-juiz da Feira condenado mais uma vez agora por ameaçar um militar da GNR

A sentença do Tribunal da Feira, datada de outubro de 2024, foi agora confirmada pelo TRP, que negou provimento ao recurso interposto pelo ex-magistrado judicial. O antigo juiz, natural de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, foi condenado por um crime de ameaça agravado, na pena de 100 dias de multa, à taxa diária de 15 euros, o que perfaz o montante global de 1.500 euros. Os factos ocorreram na noite de 28 de abril de 2021. O Tribunal deu como provado que o arguido e um outro indivíduo iniciaram uma discussão com o dono de um restaurante em Santa Maria da Feira que lhes recusou servir bebidas alcoólicas. A GNR foi chamada ao local e quando um dos militares se dirigiu ao arguido para lhe pedir a identificação, porque este se recusou a tirar a viatura, que estava mal estacionada, este exibiu o cartão profissional do Conselho Superior de Magistratura, dizendo-lhe que se estava a meter com um tubarão e que iria usar a farda mas não iria ser por muito tempo. O arguido ameaçou ainda o militar de morte fazendo referência ao caso mediático do homicida de Aguiar da Beira: “nunca ouviste falar do caso do Pedro Dias de Arouca? Já não te recordas do que ele fez aos Guardas e àquele casal? Olha, se calhar pode-te acontecer igual e pode não demorar muito tempo”. Os juízes desembargadores não tiveram dúvidas que o arguido queria atemorizar o ofendido com uma agressão futura contra a sua vida e que as expressões usadas e a analogia com o caso de Pedro Dias “eram adequadas a provocar-lhe medo ou inquietação, não obstante as suas funções e o hábito de lidar com situações e pessoas problemáticas”. O antigo magistrado esteve colocado em Santa Maria da Feira até ter sido aposentado compulsivamente, em 2015, pelo Conselho Superior de Magistratura, por ter dirigido atos processuais aparentando encontrar-se alcoolizado ou sob influência de medicamentos. Já antes deste caso, o ex-juiz foi condenado ao pagamento de uma multa de 4.000 euros por agredir um casal, e, num outro processo, viu ser-lhe aplicada uma pena de 15 meses de prisão suspensa por um crime de condução perigosa de veículo rodoviário, um crime de desobediência e outro de difamação agravada.