São Jacinto: ‘Aliança Mais Aveiro’ apresenta Cristina Gonçalves e acusa PS de “má gestão”
Com críticas diretas à anterior gestão socialista da Junta de São Jacinto, marcada por “má” governação e gestão da freguesia, a coligação ‘Aliança Mais Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) apresentou, este domingo, 27 de julho, Cristina Gonçalves como candidata à presidência da junta. Cristina Gonçalves, Arlindo Tavares, atual presidente da junta, e Luís Souto de Miranda, cabeça de lista à Câmara, responsabilizaram o Partido Socialista (PS) por salários em atraso, penhoras, dívidas superiores a 700 mil euros e pelo que definiram como um verdadeiro “pesadelo” herdado em 2022.
Redação
Cristina Gonçalves é a atual tesoureira da Junta de Freguesia e sucede a Arlindo Tavares, que não se recandidata por motivos profissionais. A candidata foi a primeira a ser anunciada pela coligação, durante a sessão inaugural da iniciativa “Pensar Aveiro”, realizada precisamente em São Jacinto.
Durante a cerimónia, que decorreu no Salão Paroquial da freguesia, Luís Souto de Miranda começou por destacar o papel da diáspora como um dos pilares da estratégia da candidatura. “[Queremos] pôr essas pessoas em rede, a trabalhar connosco, com a Câmara Municipal, aproveitando os talentos e as ligações que mantêm, nomeadamente com a Universidade de Aveiro (UA)”, afirmou, referindo-se à forte presença de emigrantes da região, sobretudo nos Estados Unidos.
Sobre Cristina Gonçalves, o candidato da ‘Aliança’ sublinhou a sua “seriedade”, “rigor” e “disponibilidade”. “Tenho constatado uma permanente vontade de ouvir, ajudar a encontrar soluções e a lutar pelo melhor para a sua terra”, declarou. A presença de Arlindo Tavares também mereceu destaque por parte do candidato à Câmara. Luís Souto de Miranda descreveu-o como “um grande autarca” e valorizou a sua comparência na sessão como sinal de apoio à candidatura de Cristina Gonçalves. “Está connosco, está com a Cristina e está neste projeto”, afirmou.
Ao comentar a decisão de Arlindo Tavares de não se recandidatar por motivos profissionais, o candidato à ‘Aliança’ elogiou o gesto, considerando-o exemplo de “desprendimento”, uma qualidade que, segundo disse, “é muito rara na política”. E acrescentou: “Pessoas que não ficam agarradas a um lugar merecem todo o respeito”. Sobre o facto de Cristina pertencer à atual equipa desta junta disse ainda que esta integrou um grupo de trabalho que teve “a mais difícil das tarefas de todos os nossos autarcas”. “Foi a tarefa de salvar a Junta de Freguesia e salvar a autonomia de São Jacinto”, atirou.
Como tem sido habitual nas suas intervenções, o candidato da ‘Aliança Mais Aveiro’ dirigiu críticas ao PS, acusando-o de ter conduzido a Junta de São Jacinto à falência e a situações de penhora. “Nunca é demais recordar que o PS, tal como fez na Câmara quando lá esteve, atirou com a Junta de São Jacinto para a falência, para as penhoras, para a angústia de querer fazer muito e não poder”, acusou.
Recorde-se que já na sessão de apresentação da União de Freguesias de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz, Luís Souto de Miranda fez questão de lançar críticas à anterior liderança socialista nesta junta, onde, segundo afirmou, “nem a conta da luz nem a internet eram pagas”.
Relembre-se também que nas eleições autárquicas de 2021, o socialista António Aguiar venceu a Junta de São Jacinto por apenas 29 votos de diferença, elegendo três elementos, o mesmo número que a coligação PSD/CDS/PPM. No entanto, Aguiar renunciou ao cargo em julho do mesmo ano, poucos dias depois de a Câmara Municipal de Aveiro (liderada pela coligação) retirar à Junta a gestão do parque de campismo local, alegando “graves e reiterados incumprimentos”. Nas eleições intercalares de 2022, a coligação ‘Aliança Com Aveiro’ venceu com 48,68% dos votos, conquistando quatro mandatos e assumindo a presidência da junta.
Em relação ao futuro, Luís Souto defendeu uma abordagem assente numa “renovada energia, com determinação e uma vontade de fazer mais — mais por São Jacinto”. Justificou ainda o facto de Cristina Gonçalves ser a primeira candidata anunciada pela coligação com a importância estratégica da freguesia: “São Jacinto é uma prioridade estratégica para o Município. (…) E será assim no futuro”. Para Luís Souto de Miranda, esta freguesia representa uma “trave-mestra da política” que pretende implementar, apontando a coesão territorial como um dos principais objetivos do projeto político da coligação.
Comentando críticas de moradores que consideram São Jacinto uma freguesia esquecida, Luís Souto de Miranda garantiu que “isso não pode acontecer”. Sublinhou ainda o papel ativo da candidata: “A Cristina, desde o momento em que foi apresentada e passou a estar mais próxima da população, não perdeu tempo em mostrar-nos não só o potencial de São Jacinto, mas também as preocupações de quem aqui vive”.
Recorrendo à expressão “olhos nos olhos”, o cabeça de lista comprometeu-se a enfrentar os desafios específicos da freguesia, frisando a necessidade de “assumir os custos acrescidos de quem vive em São Jacinto”. Como prioridades, apontou a melhoria das acessibilidades entre a freguesia e o centro de Aveiro, bem como a resolução das dificuldades no acesso aos cuidados de saúde.
No seguimento, anunciou a construção de um “Plano Municipal de Saúde” e desconstruiu: “Nós vamos olhar para a rede dos cuidados de saúde primários e incluindo a unidade hospitalar em todo o município de forma a que todas as freguesias tenham uma boa satisfação das suas necessidades no acesso à saúde que é no fundo a maior preocupação que todos temos”. Apontou ainda como prioridade melhorar os serviços de socorro, o policiamento e a necessidade de trabalhar com os municípios e a autarquias vizinhas.
Como problema “número um”, em São Jacinto, apontou a oferta de transportes. Carência essa que disse ser necessário encará-la com “diálogo” e “determinação”. Entre as propostas para melhorar a mobilidade, destacou a intenção de avançar com uma via ciclável e resolver a situação do parque de campismo. Sobre este último, foi claro: “Sem preconceitos, sem complexos, apenas visando encontrar o mais rápido possível uma boa solução”. Falou ainda sobre a necessidade de “dinamizar” o CARSurf São Jacinto, alertando que a ‘Aliança Mais Aveiro’ quer transformar a freguesia “na capital juvenil do Município”.
No que toca às infraestruturas desportivas, Luís Souto de Miranda sublinhou que a piscina local está “em vias de conclusão”. Contudo, reconheceu que é fundamental “trabalhar em conjunto com as coletividades locais e com a Junta de Freguesia para melhorar as condições da prática desportiva”.
Relativamente à antiga base aérea, o candidato afirmou que a coligação pretende defender, junto do Governo, a tradição histórica da aviação em São Jacinto. “Nós queremos e vamo-nos empenhar por recuperar o aeródromo e apostar no enorme potencial que ele tem para São Jacinto e para todo o município, eu diria, para o país”, destacou. Neste seguimento, criticou o facto de Aveiro ser o “único município” que “não tem um aeródromo à sua disposição”. “Isso é inaceitável. Nós temos condições excelentes aqui em São Jacinto. A pista, dizem-nos, é ótima. Há que aproveitá-la e não destruir”, sugeriu.
Ainda sobre a antiga base aérea, Luís Souto de Miranda destacou o seu “grande potencial”, não só para a “recreação aérea”, mas também para a investigação, especialmente em áreas relacionadas com as ciências aeronáuticas, mencionando a UA como exemplo.
Entre as ambições da candidatura, Luís Souto de Miranda sublinhou também a importância da valorização da “frente de Ria”, revelando a intenção de reforçar, junto do Governo, a proposta de gestão municipal daquela zona. “Como já se percebeu, tudo isto depende de uma boa concertação com o Governo”, afirmou, voltando a insistir na ideia-chave que tem vindo a marcar as suas intervenções: “[É fundamental] termos uma freguesia, uma Câmara e um Governo todos bem articulados”. “Só assim é que estes assuntos poderão ser desbloqueados”, vincou.
Sobre a Reserva Natural de São Jacinto vincou que a mesma tem de ser vista como uma “oportunidade” e não como um “empecilho” para a freguesia. “Temos que lhe dar mais dinâmica, reforçar a educação ambiental, mas também o turismo ambiental responsável”, apontou.
Mostrando ainda convicção de que será eleito [presidente da Câmara], o candidato da ‘Aliança’ deixou ainda a nota de que já começou a fazer contactos “informais” para avançar com o "bom progresso de São Jacinto”. Recorde-se que em entrevista ao Jornal de Notícias (JN), este domingo, Luís Souto considerou que é o “pior adversário” que Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, poderia ter e que não admitia a hipótese de “perder” nestas eleições autárquicas.
Sobre os resultados autárquicos daquela Junta de Freguesia, Luís Souto de Miranda avançou que Cristina “tem todas as condições pessoais e políticas para ganhar (…) com uma expressiva vitória”. Mais uma vez, criticando diretamente o PS sugeriu que: “Em Aveiro e em São Jacinto não podemos regressar ao pesadelo da má gestão e da má reputação financeira e institucional das autarquias”, sublinhando a importância das “boas contas”.
“O país não tinha solução para o descalabro das contas da nossa junta”
Na mesma linha, Arlindo Tavares — atual presidente da Junta de Freguesia — usou a sua intervenção para partilhar a experiência vivida desde que tomou posse em 2022, destacando o “orgulho” e a “honra” que sentiu ao assumir o cargo. No entanto, relatou ter encontrado uma situação financeira “muito grave”. “Tão grave que, quando tomamos posse, encontramos salários em atraso, uns míseros sete euros nas contas e uma dívida de 720 mil euros por pagar. Para ajudar ainda, em janeiro de 2023, somos alvo de um arresto de bens, tudo fruto da má gestão, da má governação do PS na nossa junta de freguesia. Isto não se passou há 20 anos, mas sim há pouco mais de dois anos”, contou.
Apesar das dificuldades, o autarca assegurou que o “grave problema” foi resolvido, deixando uma nota de reconhecimento a José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, por ter contribuído para a recuperação financeira da junta. “O país não tinha solução para o descalabro das contas da nossa junta”, exprimiu. “Pagamos a dívida, honramos os compromissos com mais de 42 fornecedores, recuperamos a nossa credibilidade e o nosso bom nome”, continuou Arlindo Tavares.
Face às críticas de que “nos últimos anos nada foi feito em São Jacinto”, o autarca ironizou: “Como se a maior obra que fizemos — a recuperação financeira — não fosse nada”. Apontou ainda várias intervenções concretas realizadas pela Junta, como a requalificação do edifício sede e a ampliação do cemitério. E não poupou a críticas à anterior gestão socialista: “Com a gestão do PS, eram obras feitas e não pagas, como sucedeu com o Parque Infantil Geriátrico e a intervenção no Polo Desportivo Lomba da Mata, que tivemos de ser nós a pagar a fatura final”, assegurou.
Rejeitando as acusações de dependência da Câmara Municipal, Arlindo Tavares foi direto: “Acusam agora as nossas Juntas de Freguesia de subveniência à Câmara Municipal de Aveiro. Negativo”, respondeu. “Onde outros vêm subserviência, nós vemos trabalho de equipa, colaboração e de cooperação”, atirou. O atual presidente da Junta de Freguesia de São Jacinto sublinhou ainda a necessidade de “virar a página”, sem, no entanto, esquecer os “erros cometidos no passado recente” e os responsáveis por esses mesmos erros.
Num apelo direto ao cabeça de lista da coligação ‘Aliança Mais Aveiro’, Arlindo Tavares pediu especial atenção à mobilidade, em particular às carreiras de autocarros que servem a freguesia. “Por isso, peço que possas dar prioridade a este tema de um forte impacto na nossa população”, apelou.
Dirigindo-se diretamente à candidata Cristina Gonçalves garantiu-lhe total “ajuda e apoio” para a candidatura. “Este apoio não se compara a nada àquilo que fizeste em 2021 e em 2022. Que contra tudo e contra todos apoiaste o nosso projeto, as nossas ideias e fizeste parte dele. Sei tudo o que passaste e por isso devo-te uma enorme gratidão e o meu sentido obrigado, Cristina”, exprimiu, partilhando ainda alguns episódios particulares com esta.
“No dia 13 de novembro de 2022, dia das eleições intercalares em que vencemos com maioria absoluta, numa conversa a dois disse-te: ‘Tenho capacidade para resolver o problema financeiro da nossa Junta, mas tenho medo de falhar’. E tu respondeste-me: ‘A população de São Jacinto depositou em nós a sua confiança para resolver este problema. Se falharmos, tentamos”, contou. Na sequência, garantiu ainda que a candidata está “mais do que preparada” para ser presidente de Junta de São Jacinto.
São Jacinto “é uma terra linda, mas que carece de maior atenção”
Na sua intervenção, Cristina Gonçalves falou com emoção sobre aquela que é a sua “casa”: “Aqui nasci, cresci, vivo e trabalho”, partilhou. Reconhecendo o potencial da freguesia, alertou, no entanto, que São Jacinto “é uma terra linda, mas que carece de maior atenção”. “Quem aqui vive conhece bem as dores e as dificuldades. Sabemos o que custa depender de transportes, de horários que não servem as nossas necessidades. Sabemos o que é querer trabalhar, estudar, ter acesso à saúde e serviços e sentirmos que estamos longe de tudo”, reforçou, insistindo que falta “planeamento, investimento, visão e ação” na freguesia.
Dirigindo também críticas à anterior gestão socialista da Junta de Freguesia, Cristina recordou: “Ninguém sabe o que é chegar à junta com vontade imensa de trabalhar e sofrermos de imediato um arresto de bens que nos deixou sem equipamentos: secretárias, computadores, cadeiras, documentos, peças históricas. A isso somaram-se cortes de água, eletricidade, telecomunicações, contas a zero e salários dos funcionários em atraso por pagar. E isto, meus caros, não foram dias… foram meses”, lembrou.
Sobre aquele que será o seu trabalho assegurou que tem como objetivo valorizar o “trabalho feito até aqui e abrir caminho para novas soluções, novas ideias e uma gestão moderna e eficaz, que busque o desenvolvimento que a freguesia merece e necessita”.
Apontando como prioridade uma liderança próxima da população, Cristina Gonçalves comprometeu-se com uma Junta que “se levanta com as pessoas e trabalha para elas”, que ouve, defende e valoriza as ideias da comunidade. No seu discurso, destacou ainda pilares como o serviço à comunidade, o desenvolvimento sustentável, a cultura, a juventude e o envelhecimento ativo, sublinhando que a sua candidatura nasce de “um compromisso contínuo com a comunidade”.
Entre os desafios mais urgentes que identificou estão os transportes, o turismo e a habitação. Cristina defendeu uma aposta clara na melhoria das ligações rodoviárias e na reorganização dos horários e frequências de autocarros, realçando que a atual limitação de acessos “condiciona o dia-a-dia das pessoas e isola a freguesia”. Sobre o turismo, defendeu um modelo sustentável, com investimento planeado, apoio ao comércio local e a reabertura do parque de campismo como elemento estratégico para a economia local. “Caro futuro presidente, a intervenção na nossa frente de Ria é primordial para o desenvolvimento de São Jacinto. A construção de uma marina não é uma miragem, é uma necessidade”, insistiu. Já em matéria de habitação, alertou para a escassez de oferta e apelou a políticas que permitam aos jovens “permanecer na terra onde nasceram”.
A candidata defendeu ainda que a freguesia deve ser beneficiada financeiramente pela utilização de equipamentos como as piscinas, o complexo desportivo e o parque de campismo, cuja gestão é atualmente articulada com a Câmara Municipal. “Outra coisa não faria sentido, afinal é o nosso património”, afirmou.
Cristina Gonçalves terminou a sua intervenção com um compromisso claro: “Colocar a experiência que adquiri ao serviço da população, com uma equipa preparada, renovada e motivada”.
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Cais do Paraíso: Deputados acusaram-se de “não pensar pela sua cabeça” e levaram posições até ao fim
A novela do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso acabou por ficar selada na discussão de ontem da Assembleia Municipal de Aveiro. De acordo com as contas já feitas pela Ria, seria difícil que a decisão tomada pela Câmara Municipal de revogar o documento fosse viabilizada, mas isso não impediu que a discussão se prolongasse por cerca de duas horas. Tiveram de ser substituídos nesta sessão, que serviu de continuação à sessão da passada quinta-feira, os deputados Arlindo Tavares e Armando Vieira, do PSD, Gonçalo Caetano Alves, do CDS-PP, e Diogo Gomes, da IL. Também Bruno Ferreira, presidente da Junta de Freguesia da Glória e Vera Cruz, e Miguel Silva, presidente da Junta de Freguesia de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz, estiveram ausentes da reunião. Bruno Fonseca, deputado do Livre, ainda não tomou posse por estar “em comissão de serviço oficial no estrangeiro”. O PSD cedo mostrou que o Plano de Pormenor se ia manter em vigor. Catarina Barreto, presidente da Junta de Freguesia de Aradas, justificou que a revogação seria um “ato de improviso político” e que fragilizaria a confiança de cidadãos, investidores e parceiros institucionais. Como tinha sido feito por Luís Souto na reunião de Câmara, Catarina Barreto também se baseou no º1 do artigo 127º do Decreto-Lei nº 80/2015, de 14 de maio, que determina que “os programas e planos territoriais podem ser objeto de revogação sempre que a avaliação da evolução das condições ambientais, económicas, sociais e culturais assim o determine”. A presidente, profissional de advocacia, defendeu que mudança na composição dos órgãos autárquicos não se pode qualificar como “evolução das condições sociais”, mas apenas como “a democracia a funcionar. Do lado do PSD, também se pronunciaram em defesa do Plano os deputados Leonardo Maio, Armando Peres, Joaquim Marques e o presidente da Junta de Freguesia de Óscar Ratola Branco. Os eleitos acabaram por reafirmar a posição já defendida pelo executivo. Foi no mesmo sentido que também se manifestaram os colegas do CDS. A deputada Ana Oliveira assumiu que o partido ia votar contra a proposta do Partido Socialista pela “estabilidade”. No entendimento da eleita, o Plano de Pormenor “não é um processo descartável” e “revogá-lo sem que esteja claro o modelo que o substitui introduz incerteza”. A principal voz da oposição foi Clara Cruz Santos, líder da bancada do PS, que argumentou que a revogação não seria um “bloqueio”, uma vez que “o bloqueio está todo no Plano de Pormenor”. Para além dos argumentos já apresentados pelos socialistas durante a reunião de Câmara, a deputada acrescentou também que “aquilo que vemos quando analisamos o mapa do contencioso da Câmara é que há um inquéritocriminal […] relacionado com o Plano Pormenor do Cais do Paraíso […]e também há ações cíveis intentadas por particulares”.“Isto é muito novo, não se diga que não há novidade”, defendeu. Luís Souto viria mais tarde a recusar “a ideia de que há aqui uma investigação criminal e de que a Polícia Judiciária está em campo”. Segundo o autarca, as diligências em curso prendem-se apenas com “denúncias anónimas”, naturais de processos em que há muitos “interesses” em jogo. A palavra “interesses” despertou a curiosidade de Armando Grave, do Chega, mas Luís Souto também esclareceria que se estava a referir a proprietários, promotores e ao interesse público. Como já tinha feito Alberto Souto através de publicação feita nas redes sociais, Cláudia Cruz Santos fez um apelo para que os deputados sociais-democratas – nomeadamente, o líder de bancada Joaquim Marques – “pensassem pela própria cabeça”. Em resposta direta, o eleito do PSD viria a afirmar que “pensa e continuará a pensar sempre pela sua própria cabeça”. O assunto viria a estender-se até mais tarde, quando Luís Souto acusou os socialistas de também não pensarem pela sua cabeça. Depois de o autarca ter deixado no ar a ideia de que as votações do PS eram determinadas por Alberto Souto, João Sarmento, deputado do partido, defendeu-se e disse que não queria ser “paternalizado”, aceitando que todos pensam pela sua própria cabeça. Dirigindo-se a Luís Souto, presidente da CMA, o deputado socialista Fernando Nogueira acusou o autarca de ter descontextualizado uma frase sua durante a reunião de Câmara. Na altura, o presidente tinha dito que “não é inusitado um Plano de Pormenor ser usado para apoiar um investimento privado”. “A mesma frase também dizia: «se acautelado o interesse coletivo». E a frase seguinte sublinhava que o interesse coletivo tinha sido atropelado, neste caso”, apontou. Por seu lado, Luís Souto veio dizer que a frase “não tinha sido descontextualizada”, mas antes “escolhida” por ser “a de que mais gostou”. “Só tive pena de não ter lido isso durante a minha campanha”, ironizou. Fernando Nogueira atirou também a Rui Santos, vice-presidente da Câmara Municipal de Aveiro, ao dizer que o responsável também não era adepto do Plano, pegando nas palavras do próprio em reunião de Câmara. Recorde-se que o vereador tinha dito que também gostaria que o hotel tivesse uma menor volumetria e número de pisos, mas frisou que “nunca apareceu ninguém para um investimento desta envergadura”, apontando que “o investidor também procura sítios estratégicos” e que “cabe ao decisor político fazer essa gestão”. Luís Souto acabou também por passar a palavra ao colega para que este se defendesse, ao que Rui Santos esclareceu que tinha ficado claro que a sua intervenção em reunião de Câmara tinha sido em defesa do Plano.Apesar de compreender o ataque político dos socialistas, o vereador não deixou de dar uma nota negativa à comunicação social que, nas palavras do presidente, criou um “facto político”. Armando Grave, do Chega, lembrou que o partido “avisou que ia usar a opção da revogação se as condições não se alterassem”, considerando que tal não veio a acontecer. Como já tinha feito o vereador eleito pelo Chega Diogo Soares Machado, Armando Grave assinalou também que “há terrenos que não pertencem ao promotor” e que daí podem advir problemas para a CMA. Para o representante do Chega, existem ainda problemas de transparência e ataca o responsável pelo empreendimento previsto para o terreno ao dizer que, com a construção do hotel, “um ganha, todos perdem”. Ao deputado do Chega, Luís Souto apontou que “nunca tinha havido tanta transparência relativamente a uma matéria como a esta”. Para Tomás Pereira, deputado eleito pela Iniciativa Liberal, o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso devia ser revogado, uma vez que “não serve o interesse público”. O deputado argumenta que o hotel “rompe com a escala da cidade” e sublinha que Aveiro “não rejeita a requalificação do Cais do Paraíso, mas sim a volumetria do hotel”. Antes da votação, Cláudia Cruz Santos sugeriu que os presidentes das Juntas de Freguesia não afetadas pelo Plano se deveriam abster, uma vez que não é na qualidade de deputados que assumem funções na Assembleia Municipal. Se assim fosse, a oposição acabaria por ficar com a maioria dos votos – dos 21 contra 16 que se contavam, passaria a haver 12 contra 16. No entanto, o PSD não viu a proposta com bons olhos e a revogação do Plano acabou por mesmo por ficar pelo caminho.
Firmino Ferreira anuncia candidatura a presidente da Comissão Política do PSD-Aveiro
Numa breve nota de imprensa enviada às redações, Firmino Ferreira informa que tomou a decisão de avançar com a candidatura, acrescentando que as linhas programáticas e a constituição da lista que o acompanhará serão divulgadas “oportunamente”. Recorde-se que Firmino Ferreira, antigo presidente da Junta de Freguesia de Oliveirinha, assumiu funções de presidente da concelhia do PSD-Aveiro após substituir Simão Santana, que se demitiu das mesmas funções. A saída de Simão Santana ocorreu na sequência da decisão da direção nacional do partido de escolher unilateralmente Luís Souto como candidato à Câmara Municipal de Aveiro nas últimas eleições autárquicas. Apesar do anúncio da candidatura de Firmino Ferreira, a Ria sabe que Nélson Santos, atual presidente da Junta de Freguesia de Cacia, também está no terreno a recolher apoios para uma eventual candidatura à liderança da secção social-democrata de Aveiro. Esta situação não é do agrado de Luís Souto, que preferia uma candidatura agregadora e capaz de unir o partido no concelho. Ainda assim, apurou a Ria, esse desígnio está longe de ser consensual e não se afigura como uma tarefa fácil para o atual presidente da Câmara Municipal de Aveiro. As próximas semanas serão decisivas.
‘Aliança’ vota em bloco e faz com que AM não revogue o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso
A Assembleia Municipal reprovou há instantes a proposta de revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso. A união da oposição, composta do PS, Chega e Iniciativa Liberal não foi suficiente para conseguir fazer cair o Plano de Pormenor – recorde-se que o deputado eleito pelo Livre ainda não tomou posse, uma vez que por estar “em comissão de serviço oficial no estrangeiro”. Assim sendo, os 12 votos dos deputados da ‘Aliança’ (quatro do CDS e oito do PSD) somados aos nove votos dos presidentes de Juntas de Freguesia eleitos pela coligação foram suficientes para que a proposta não fosse viabilizada. Contas feitas, o Plano acabou por não ser revogado com 21 votos contra, 16 votos a favor e zero abstenções. [Em atualização]
Decisão final sobre Plano de Pormenor do Cais do Paraíso deve ser tomada hoje em AM
A sessão da AMA retoma hoje a partir do ponto 6, “Apreciação e deliberação da Atualização de Taxas para 2026 do Regulamento Municipal de Taxas e Outras Receitas”. Recorde-se que, na passada quinta-feira, decorreu apenas o período antes da ordem do dia, o ponto de “informações” e foi votado o pacote fiscal para 2026, ou seja, a discussão não ultrapassou o ponto 5 da ordem de trabalhos. Entre os pontos a discutir, ficou a sobre o ponto 8, “Apreciação e deliberação da revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso”. A proposta de revogação foi apresentada pelo PS que, em conjunto com o Chega, a aprovou, obrigando a que o assunto passe agora para as mãos da Assembleia. De acordo com as contas feitas pela Ria na passada semana, para que a revogação seja aprovada é necessário que pelo menos quatro deputados eleitos pela ‘Aliança com Aveiro’ divirjam da posição de Luís Souto e Ribau Esteves, presidente e ex-presidente da autarquia – isto porque Bruno Fonseca, deputado do Livre, ainda não tomou posse por estar “em comissão de serviço oficial no estrangeiro” e, por isso, representa menos um voto para a oposição. A viabilização da proposta socialista afigura-se assim bastante improvável, uma vez que a comissão concelhia do PSD-Aveiro já emitiu um comunicado na passada segunda-feira, dia 15, em que manifestava “profunda discordância e preocupação” com a revogação. Por seu lado, a estrutura do CDS não tomou nenhuma posição pública, mas Ana Cláudia Oliveira, presidente da concelhia do partido, esteve entre os vereadores que votou contra a revogação, portanto é possível deduzir que os centristas também estarão do lado do executivo. O grupo parlamentar do CDS representa quatro deputados. Conforme já tinha feito na passada quinta-feira, Alberto Souto, que se candidatou pelo PS à Câmara Municipal de Aveiro (CMA) nas últimas autárquicas, voltou a recorrer ao Facebook para apelar à revogação do Plano. Na publicação, reforça que a decisão é pessoal e nominativa, não partidária”. Nesse sentido, diz acreditar que “deputados municipais “como Miguel Capão Filipe, Caetano Alves, Joaquim Marques, Armando Vieira ou Manuel Cartaxo” podem “pensar pela própria cabeça e que não alienem a sua autonomia de gosto e de pensamento em benefício de um plano disparatado e urbanisticamente criminoso”. “Não devem nada a ninguém, nem a Ribau, nem a Luís, nem ao investidor. Devem à população de Aveiro que os elegeu”, insiste o socialista.
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Município de Ílhavo inicia elaboração do Regulamento do Conselho Municipal do Desporto
Segundo a autarquia, o futuro Conselho Municipal do Desporto pretende afirmar-se como uma “plataforma estável de diálogo e cooperação” entre a autarquia, clubes, associações, coletividades, estabelecimentos de ensino e demais entidades com intervenção no setor, contribuindo para a qualificação da oferta desportiva e para o reforço da participação cívica. A iniciativa, sublinham, está alinhada com os princípios da Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto e com os objetivos do Plano Nacional de Desenvolvimento Desportivo, que preconiza a existência de conselhos municipais do desporto em todas as autarquias, promovendo a articulação entre estratégias locais e nacionais.
Autarcas da Região de Aveiro apoiam candidatura de Ribau Esteves à CCDR do Centro
De acordo com a agência Lusa, a decisão foi tomada na última reunião do Conselho Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), realizada na segunda-feira, “fundamentada na convicção de que o autarca reúne as condições necessárias para a coordenação de políticas públicas e para o desenvolvimento equilibrado do território nacional”. “Os anos de convivência com Ribau Esteves permitem manifestar confiança nas suas capacidades de articulação institucional, em benefício da região e do país”, declarou Jorge Almeida, presidente do conselho intermunicipal da CIRA. Na manifestação do apoio à candidatura de Ribau Esteves a presidente da CCDRC, os autarcas destacam “a capacidade de trabalho e o conhecimento de dossiês demonstrados” pelo antigo presidente da CIRA e da Câmara de Aveiro ao longo do seu percurso público. “A CIRA enaltece as qualidades técnicas e a sensibilidade do candidato para as matérias do poder local, acreditando que a experiência acumulada assegurará uma relação institucional eficaz entre os municípios e a CCDRC”, refere a declaração de apoio. O antigo presidente das câmaras de Aveiro e Ílhavo, o social-democrata Ribau Esteves, anunciou em 16 de dezembro que é candidato à presidência da CCDRC. “Sou candidato com o apoio oficial do PSD e do PS, no âmbito de um compromisso que aceitei e assumi”, afirmou Ribau Esteves, numa informação enviada à agência Lusa, agradecendo a confiança do presidente do PSD, Luís Montenegro, e do secretário-geral do PS, José Luís Carneiro. As eleições para a presidência e vice-presidência das cinco CCDR foram marcadas pelo Governo para o dia 12 de janeiro num contexto de entendimento entre o PS e o PSD para a distribuição das lideranças regionais. Segundo o acordo estabelecido, os sociais-democratas deverão liderar as CCDR do Norte e do Centro enquanto os socialistas assumirão as presidências de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. Os presidentes das CCDR são eleitos para um mandato de quatro anos por colégios eleitorais de autarcas das respetivas regiões, constituídos pelos presidentes de câmara, presidentes das assembleias municipais, vereadores eleitos e deputados municipais, incluindo os presidentes das juntas de freguesia. Os vice-presidentes, um por cada região, são eleitos por um colégio eleitoral constituído pelos presidentes das câmaras municipais. No dia eleitoral, a eleição dos presidentes decorre em todas as assembleias municipais, em simultâneo e ininterruptamente, entre as 16:00 e as 20:00. No mesmo dia, as eleições para o vice-presidente decorrem também em simultâneo e ininterruptamente, mas nas instalações das comunidades intermunicipais (CIM) e das áreas metropolitanas. Os dirigentes eleitos das CCDR estão também sujeitos a regras de limitação a três mandatos consecutivos. Além destes dirigentes eleitos indiretamente, o Governo está a desenvolver alterações para a nomeação de cinco vice-presidentes para as áreas da Educação, Saúde, Cultura, Ambiente e Agricultura, que reportam diretamente ao executivo nacional.
Cais do Paraíso: Deputados acusaram-se de “não pensar pela sua cabeça” e levaram posições até ao fim
A novela do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso acabou por ficar selada na discussão de ontem da Assembleia Municipal de Aveiro. De acordo com as contas já feitas pela Ria, seria difícil que a decisão tomada pela Câmara Municipal de revogar o documento fosse viabilizada, mas isso não impediu que a discussão se prolongasse por cerca de duas horas. Tiveram de ser substituídos nesta sessão, que serviu de continuação à sessão da passada quinta-feira, os deputados Arlindo Tavares e Armando Vieira, do PSD, Gonçalo Caetano Alves, do CDS-PP, e Diogo Gomes, da IL. Também Bruno Ferreira, presidente da Junta de Freguesia da Glória e Vera Cruz, e Miguel Silva, presidente da Junta de Freguesia de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz, estiveram ausentes da reunião. Bruno Fonseca, deputado do Livre, ainda não tomou posse por estar “em comissão de serviço oficial no estrangeiro”. O PSD cedo mostrou que o Plano de Pormenor se ia manter em vigor. Catarina Barreto, presidente da Junta de Freguesia de Aradas, justificou que a revogação seria um “ato de improviso político” e que fragilizaria a confiança de cidadãos, investidores e parceiros institucionais. Como tinha sido feito por Luís Souto na reunião de Câmara, Catarina Barreto também se baseou no º1 do artigo 127º do Decreto-Lei nº 80/2015, de 14 de maio, que determina que “os programas e planos territoriais podem ser objeto de revogação sempre que a avaliação da evolução das condições ambientais, económicas, sociais e culturais assim o determine”. A presidente, profissional de advocacia, defendeu que mudança na composição dos órgãos autárquicos não se pode qualificar como “evolução das condições sociais”, mas apenas como “a democracia a funcionar. Do lado do PSD, também se pronunciaram em defesa do Plano os deputados Leonardo Maio, Armando Peres, Joaquim Marques e o presidente da Junta de Freguesia de Óscar Ratola Branco. Os eleitos acabaram por reafirmar a posição já defendida pelo executivo. Foi no mesmo sentido que também se manifestaram os colegas do CDS. A deputada Ana Oliveira assumiu que o partido ia votar contra a proposta do Partido Socialista pela “estabilidade”. No entendimento da eleita, o Plano de Pormenor “não é um processo descartável” e “revogá-lo sem que esteja claro o modelo que o substitui introduz incerteza”. A principal voz da oposição foi Clara Cruz Santos, líder da bancada do PS, que argumentou que a revogação não seria um “bloqueio”, uma vez que “o bloqueio está todo no Plano de Pormenor”. Para além dos argumentos já apresentados pelos socialistas durante a reunião de Câmara, a deputada acrescentou também que “aquilo que vemos quando analisamos o mapa do contencioso da Câmara é que há um inquéritocriminal […] relacionado com o Plano Pormenor do Cais do Paraíso […]e também há ações cíveis intentadas por particulares”.“Isto é muito novo, não se diga que não há novidade”, defendeu. Luís Souto viria mais tarde a recusar “a ideia de que há aqui uma investigação criminal e de que a Polícia Judiciária está em campo”. Segundo o autarca, as diligências em curso prendem-se apenas com “denúncias anónimas”, naturais de processos em que há muitos “interesses” em jogo. A palavra “interesses” despertou a curiosidade de Armando Grave, do Chega, mas Luís Souto também esclareceria que se estava a referir a proprietários, promotores e ao interesse público. Como já tinha feito Alberto Souto através de publicação feita nas redes sociais, Cláudia Cruz Santos fez um apelo para que os deputados sociais-democratas – nomeadamente, o líder de bancada Joaquim Marques – “pensassem pela própria cabeça”. Em resposta direta, o eleito do PSD viria a afirmar que “pensa e continuará a pensar sempre pela sua própria cabeça”. O assunto viria a estender-se até mais tarde, quando Luís Souto acusou os socialistas de também não pensarem pela sua cabeça. Depois de o autarca ter deixado no ar a ideia de que as votações do PS eram determinadas por Alberto Souto, João Sarmento, deputado do partido, defendeu-se e disse que não queria ser “paternalizado”, aceitando que todos pensam pela sua própria cabeça. Dirigindo-se a Luís Souto, presidente da CMA, o deputado socialista Fernando Nogueira acusou o autarca de ter descontextualizado uma frase sua durante a reunião de Câmara. Na altura, o presidente tinha dito que “não é inusitado um Plano de Pormenor ser usado para apoiar um investimento privado”. “A mesma frase também dizia: «se acautelado o interesse coletivo». E a frase seguinte sublinhava que o interesse coletivo tinha sido atropelado, neste caso”, apontou. Por seu lado, Luís Souto veio dizer que a frase “não tinha sido descontextualizada”, mas antes “escolhida” por ser “a de que mais gostou”. “Só tive pena de não ter lido isso durante a minha campanha”, ironizou. Fernando Nogueira atirou também a Rui Santos, vice-presidente da Câmara Municipal de Aveiro, ao dizer que o responsável também não era adepto do Plano, pegando nas palavras do próprio em reunião de Câmara. Recorde-se que o vereador tinha dito que também gostaria que o hotel tivesse uma menor volumetria e número de pisos, mas frisou que “nunca apareceu ninguém para um investimento desta envergadura”, apontando que “o investidor também procura sítios estratégicos” e que “cabe ao decisor político fazer essa gestão”. Luís Souto acabou também por passar a palavra ao colega para que este se defendesse, ao que Rui Santos esclareceu que tinha ficado claro que a sua intervenção em reunião de Câmara tinha sido em defesa do Plano.Apesar de compreender o ataque político dos socialistas, o vereador não deixou de dar uma nota negativa à comunicação social que, nas palavras do presidente, criou um “facto político”. Armando Grave, do Chega, lembrou que o partido “avisou que ia usar a opção da revogação se as condições não se alterassem”, considerando que tal não veio a acontecer. Como já tinha feito o vereador eleito pelo Chega Diogo Soares Machado, Armando Grave assinalou também que “há terrenos que não pertencem ao promotor” e que daí podem advir problemas para a CMA. Para o representante do Chega, existem ainda problemas de transparência e ataca o responsável pelo empreendimento previsto para o terreno ao dizer que, com a construção do hotel, “um ganha, todos perdem”. Ao deputado do Chega, Luís Souto apontou que “nunca tinha havido tanta transparência relativamente a uma matéria como a esta”. Para Tomás Pereira, deputado eleito pela Iniciativa Liberal, o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso devia ser revogado, uma vez que “não serve o interesse público”. O deputado argumenta que o hotel “rompe com a escala da cidade” e sublinha que Aveiro “não rejeita a requalificação do Cais do Paraíso, mas sim a volumetria do hotel”. Antes da votação, Cláudia Cruz Santos sugeriu que os presidentes das Juntas de Freguesia não afetadas pelo Plano se deveriam abster, uma vez que não é na qualidade de deputados que assumem funções na Assembleia Municipal. Se assim fosse, a oposição acabaria por ficar com a maioria dos votos – dos 21 contra 16 que se contavam, passaria a haver 12 contra 16. No entanto, o PSD não viu a proposta com bons olhos e a revogação do Plano acabou por mesmo por ficar pelo caminho.
Firmino Ferreira anuncia candidatura a presidente da Comissão Política do PSD-Aveiro
Numa breve nota de imprensa enviada às redações, Firmino Ferreira informa que tomou a decisão de avançar com a candidatura, acrescentando que as linhas programáticas e a constituição da lista que o acompanhará serão divulgadas “oportunamente”. Recorde-se que Firmino Ferreira, antigo presidente da Junta de Freguesia de Oliveirinha, assumiu funções de presidente da concelhia do PSD-Aveiro após substituir Simão Santana, que se demitiu das mesmas funções. A saída de Simão Santana ocorreu na sequência da decisão da direção nacional do partido de escolher unilateralmente Luís Souto como candidato à Câmara Municipal de Aveiro nas últimas eleições autárquicas. Apesar do anúncio da candidatura de Firmino Ferreira, a Ria sabe que Nélson Santos, atual presidente da Junta de Freguesia de Cacia, também está no terreno a recolher apoios para uma eventual candidatura à liderança da secção social-democrata de Aveiro. Esta situação não é do agrado de Luís Souto, que preferia uma candidatura agregadora e capaz de unir o partido no concelho. Ainda assim, apurou a Ria, esse desígnio está longe de ser consensual e não se afigura como uma tarefa fácil para o atual presidente da Câmara Municipal de Aveiro. As próximas semanas serão decisivas.