Estagiário: Sérgio Ribau Esteves avança com candidatura independente ao Município de Aveiro
Numa reviravolta digna de uma novela mexicana, o pacato cidadão Sérgio Ribau Esteves, irmão de Ribau Esteves e até agora conhecido por “O Outro Ribau”, decidiu, finalmente, sair da sombra… e atirar-se de cabeça para a corrida eleitoral mais famosa do país aos dias de hoje: as eleições autárquicas (ou familiares) Aveiro 2025.
Estagiário
EntretenimentoEm exclusivo para a página do Estagiário da Ria, Sérgio quis juntar-se ao “verdadeiro espetáculo circense que se assiste na cidade” e declarou que “num momento particularmente difícil para o meu irmão, eu não podia deixar de dizer presente”. “Os Soutos querem mostrar que controlam esta cidade, mas se estamos nessa onda, então vão ter que levar com os Ribaus”, afirmou enquanto apertava um fato axadrezado emprestado pelo seu irmão, relembrando que, tal como Luís Souto, também ele é cronista no Diário de Aveiro.
Ribau Esteves também quis prestar declarações ao Estagiário da Ria: "Sim, posso confirmar que o meu mano avisou-me previamente da sua candidatura." Confrontando pelo Estagiário da Ria relativamente ao facto de Luís Souto não ter contactado Alberto Souto antes do anúncio da sua candidatura, Ribau Esteves afirmou no meio de gargalhadas irónicas: "Olhe, essa pergunta tem que fazer ao Luís Souto, não é ele que se apresenta como especialista em genética?"
Enquanto isso, o recém-lançado candidato Sérgio Ribau Esteves parece apostado em criar uma “irmandade eleitoral” para melhorar a imagem da cidade, recordando os aveirenses que tem experiência muito útil em gestão de irmandades. “Se sei gerir a irmandade dos ovos moles, acha que será muito diferente gerir um Município? É tudo uma questão de doçura”, afirmou.
O candidato independente aproveitou para dizer, com aquele sorriso de quem domina matemática, que, diferentemente do Alberto Souto – "que se contenta com 101 ideias para Aveiro" – ele tem “mil e uma ideias”. “Não acha que as minhas ultrapassam as do candidato socialista? E não são apenas devaneios mirabolantes, são planos de verdade para mudar a cidade", afirmou enquanto olhava para o programa eleitoral desenhado pelo seu irmão com 1001 árvores preparadas para abate.
Agora, Aveiro aguarda ansiosamente para ver se esta súbita multiplicação de irmãos candidatos irá resultar numa revolução familiar na política local… ou apenas num almoço de domingo com demasiadas conversas sobre urnas de voto e propostas mirabolantes.
O Estagiário da Ria continua atento a mais novidades, enquanto espreita para ver se ainda resta alguma vaga para ser candidato a sobrinho, primo ou cunhado dos Soutos & Ribaus.
Recomendações
Páscoa na família Souto: falha de comunicação provoca excesso de cabrito no almoço de domingo
Luís Souto, aproveitou este domingo de Páscoa para lançar um vídeo onde ensina os seguidores a cozinhar chanfana. O vídeo é tão longo e didático que a dada altura fazia lembrar as suas aulas de Genética ainda com Power Point em Comic Sans. Fontes próximas admitem que só a introdução demorou mais do que as promessas de Luís Montenegro para a requalificação do Hospital de Aveiro. O vídeo acumula já 13 visualizações, das quais 11 são da esposa do próprio Luís, que o partilhou em todos os grupos de Facebook onde é admin e comentou “meu presidente <3” em cada publicação. Já Alberto Souto, armado em chef rústico, atirou-se ao tradicional cabrito no forno de lenha. Só que a lenha estava molhada - tal como os olhos dos eleitores aveirenses sempre que se lembram do seu último mandato. O vídeo, filmado ao estilo "como acender um forno com zero dignidade", mostra Alberto a soprar brasas com a mesma convicção com que se defendia das críticas sobre endividamento municipal. A dada altura, ouvimos “isto com a antiga equipa da Câmara não acontecia”, mas o cabrito continuou cru e o almoço parece que vai passar a lanche. Fontes próximas garantem que os irmãos não falaram entre si sobre o menu, o que resultou numa quantidade de carne suficiente para alimentar todas as demissões no PSD-Aveiro. A comida era tanta que tiveram de improvisar um novo convidado: Paulo Jorge Ferreira, reitor da Universidade de Aveiro, que, agora em fim de mandato, anda a aceitar tudo o que seja petiscos e tainadas. Os irmãos Souto, sempre atentos às oportunidades, ponderam agora lançar um outro familiar para reitor da UA. Entretanto, Ribau Esteves, depois de uma semana de recuperação em casa pelas violentas dores de costas que o impediram de sair da cadeira no Hotel Meliá na apresentação de Luís Souto, já foi visto novamente muito irritado com toda a situação. Fontes próximas afirmam que já viu os vídeos e deixou claro que não apoia nenhum dos irmãos. Sobre Alberto diz que “continua igualzinho, a gastar dinheiro em lenha sem critério”. De Luís afirma que “tem mais vocação para chefe de cozinha do que para presidente”. Ribau terá ainda acrescentado: “o Luís foi o único aveirense que acreditou que as obras do Hospital arrancam esta ano… deve pensar que a Câmara é como a Bimby: é carregar num botão e esperar milagres”. O almoço terminou sem intoxicações alimentares, mas não por falta de sorte. Felizmente, como as urgências do Hospital de Aveiro estão encerradas neste domingo de Páscoa, ninguém se atreveu a repetir o prato. “Mais vale prevenir do que precisar de médico”, terá dito um dos convivas, enquanto escondia o tupperware com sobras de cabrito no porta-bagagens.
PCP-Aveiro avança com moção de censura pelo atraso no anúncio do cartaz da Feira de Março 2025
“A maior festividade do concelho está a ser gerida com mais segredo do que a escolha de Luís Souto de Miranda como candidato à Câmara Municipal de Aveiro (CMA)", acusou o partido em comunicado, reforçando que "a Feira de Março deve pertencer ao povo e não ser um privilégio das elites que sabem o cartaz antes do resto da população". Apesar de oficialmente ainda não haver confirmações, o PCP-Aveiro jura a pés juntos que já sabe que Diogo Piçarra, Bárbara Tinoco e Richie Campbell fazem parte do alinhamento. “Se nós já descobrimos, não nos venham com histórias de que ainda estão a fechar contratos”, disparou um dirigente comunista, visivelmente indignado por não haver ainda um anúncio oficial. Quem não perdeu tempo a reagir foi o atual presidente da CMA. Ribau Esteves garantiu que "o cartaz será revelado quando for a altura certa”, mas relembrando os aveirenses que “se fosse pelo PCP, a Feira de Março era animada pelos Cante Alentejano e terminava com um debate sobre a luta sindical”. Fontes internas do município garantem que o grande motivo para o atraso na divulgação do cartaz tem nome: MC Soutinho, a dupla escolhida para cabeça de cartaz. A escolha não terá agradado a todos os elementos do Executivo Municipal. Segundo as mesmas fontes, Ribau Esteves terá mostrado algum desagrado, confessando que a sua escolha para cabeça de cartaz seriam os Irmãos Verdades, pois, segundo ele, "o alinhamento político e musical seria mais consistente". Perante a insistência da sua equipa, Ribau terá admitido: "Se queriam uma dupla de irmãos, ao menos que fosse uma que tivesse êxitos nos tops e não nas jogatanas políticas”. Já Rogério Carlos, atual vice-presidente da autarquia, mostrou-se mais soltinho depois de ter sido afastado da corrida à liderança da CMA. “Se querem animar o cartaz da Feira de Março deste ano, pelo menos que sejam mais originais. Eu sugiro um dia dedicado aos cantares ao desafio com um despique amigável entre Catarina Barreto e Ângela Almeida ou Filipe Neto Brandão e Manuel Sousa”, afirmou no meio de gargalhadas irónicas enquanto se preparava para assistir ao debate parlamentar que poderá ditar novas eleições legislativas em Portugal. Outro momento alto será o show "Banda das Coligações", onde diferentes partidos políticos se juntam em leilão ao som do hit musical “eu estou à venda”. Fontes próximas garantem que será uma atuação curta, porque nem sempre conseguem tocar a mesma música até ao fim. Entretanto, os aveirenses continuam sem cartaz oficial, mas já têm uma certeza: o verdadeiro espetáculo da Feira de Março não está no palco, está mesmo na política local.
Ribau Esteves negoceia com Fábio Coentrão instalação do viveiro de marisco na Ria de Aveiro
"Durante os meus mandatos batemos todos os recordes de turismo. Demos uma nova vida aos nossos canais com os moliceiros elétricos e amigos do ambiente. Agora está na altura de dar o próximo passo: Aveiro precisa de marisco premium e quem melhor que o Fábio Coentrão para ser o rosto desta nova fase?", declarou Ribau Esteves, enquanto tirava uma fotografia ao lado de uma lagosta gigante, com Rogério Carlos a tentar reproduzir o movimento. Entretanto, o reitor da Universidade de Aveiro também já reagiu à mais recente notícia, revelando interesse em localizar o novo viveiro nas marinhas da UA. “Já falei com o presidente da Câmara Municipal de Aveiro e dei-lhe nota da nossa intenção”, declarou Paulo Jorge Ferreira. Confrontado pelos jornalistas sobre a reação de Ribau Esteves, o reitor da UA realçou: “Gostou muito da iniciativa. Afinal de contas, ainda há dias anunciou o início da construção de uma nova residência privada para os estudantes. Ora todos sabemos o tipo de estudantes que procuram estas residências. Colocar o novo viveiro junto à UA pode ser uma excelente oportunidade para atrair ainda mais estudantes deste mercado”. Quem já reagiu a esta nova investida do edil aveirense foi Alberto Souto de Miranda. “Com sinceridade, desta vez tenho que reconhecer que é uma excelente iniciativa de Ribau Esteves. Todos nós vimos a cara avermelhada com que o presidente terminou a arruada de São Gonçalinho. Penso que se continuar a tirar fotos ao lado de lagostas, certamente que o seu tom de pele não irá dar tanto nas vistas” atirou o candidato à CMA, enquanto escrevia a centésima segunda ideia do livro que só ele leu.
Aquecimento na UA: Reitoria a "banhos de calor", enquanto estudantes fazem Erasmus na Sibéria
No restante campus, a realidade é bem mais glacial. Nos departamentos, estudantes, funcionários e docentes testam, involuntariamente, o conceito de "resiliência climática". Cobertores, luvas e até gorros de lã fazem agora parte do novo traje académico da Universidade de Aveiro. “Estamos a trabalhar na técnica do pinguim: encostadinhos uns aos outros para preservar o calor", revelou um estudante de Engenharia Mecânica, enquanto bufava nas mãos. Mas nem todos têm essa sorte. Em alguns departamentos, mesmo que ligassem o aquecimento o efeito seria mais simbólico do que prático, fruto do estado dos equipamentos. “Temos consciência disso, mas mesmo assim o calor na UA escapa mais rápido do que o nosso orçamento anual”, desabafou um funcionário da área da manutenção dos Serviços de Gestão Técnica. Os aquecedores, que não sentem uma revisão desde o tempo do Renato Araújo (primeiro reitor eleito da UA), são hoje peças de museu que só aquecem corações… de saudade. Quando questionada sobre a disparidade climática entre a Reitoria e o resto do campus, uma fonte anónima (que se identificou apenas como "Manuel Mãos Frias") disse: “É uma questão de prioridades. As decisões importantes para a universidade precisam de mentes quentes e corações confortáveis. Os estudantes? Esses que usem cachecol." Entretanto, os estudantes preparam um novo protesto, já batizado de "Marcha dos Pinguins", para exigir "calor para todos" e "mantas polares para cada departamento". “Se isto continuar assim, o meu próximo Erasmus vai ser no Polo Norte. Ao menos lá, sabemos ao que vamos”, afirmou uma estudante de Economia, enquanto tentava escrever com luvas de ski. Enquanto isso, o Estagiário da Ria recomenda: se for para a Reitoria, leve protetor solar. Nos departamentos? Gorros, cachecóis e, se possível, um saco de água quente.
Últimas
Caminhada solidária em Ílhavo apoia associação da Gafanha do Carmo este domingo
No âmbito do programa “Maio com Saúde e Bem-Estar”, a iniciativa arrancará pelas 10h00, junto ao Centro Comunitário da Gafanha do Carmo, com rastreios de saúde gratuitos. Pelas 11h00 dará início a caminhada, “num percurso pensado para promover o bem-estar e o convívio”, realça uma nota de imprensa enviada à Ria. No final, haverá ainda uma aula de relaxamento. As inscrições têm um valor simbólico de “três euros por pessoa” (as crianças até aos 12 anos, inclusive, não pagam) e o “valor reverte na totalidade para a Associação de Solidariedade Social da Gafanha do Carmo”. Os interessados em participar poderão realizar a sua inscrição através do contacto telefónico 234 391 354 ou do email [email protected]. A Associação de Solidariedade Social da Gafanha do Carmo concretiza a sua missão através do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo, uma instituição de apoio à população idosa que tem as valências de Estrutura Residencial para Idosos, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário.
Skope – Museu de Medicina e Saúde promove atividades para miúdos e graúdos este verão
Uma dessas atividades passa pela concretização da semana de férias do museu de 30 de junho a 4 de julho e de 7 a 11 de julho, das 9h00 às 18h00, destinado a crianças entre os seis e os 12 anos. Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, “durante duas semanas no mês de julho”, o museu vai promover um “programa completo de férias escolares que alia o brincar ao aprender”. “Cada dia é dedicado a um tema fundamental para a saúde e o bem-estar: atividade física, alimentação, higiene, descanso e convívio”, avança. O programa inclui “oficinas, jogos educativos, momentos de expressão criativa, bem como uma visita orientada e interativa ao museu”. A atividade da semana de férias é ainda limitada “até 20 crianças por semana” e tem o custo de “160 euros por semana (inclui refeições, seguro e materiais)”. As inscrições para a iniciativa estão abertas até ao dia 20 de junho. O Skope vai ainda promover as atividades de meio-dia para grupos que têm como público-alvo os estudantes do 1º ciclo até ao secundário. “Estas atividades destinam-se a grupos organizados, de entidades como centros de estudos e ocupação de tempos livres, instituições educativas ou associações”, esclarece. A iniciativa decorrerá em dois formatos com uma “visita guiada ao museu” que terá a duração de “1h15” e o valor de “dez euros por participante” e com uma visita guiada com atividade temática com a duração de “duas horas” e com um valor de “12 euros por participante”. No que toca às atividades temáticas disponíveis, o Museu terá duas propostas: “Das Plantas ao Remédio” que abordará o uso tradicional e científico das plantas medicinais e o “Pela Minha Rica Saúde” que abordará os principais determinantes de saúde, entre os exemplos, a alimentação ou a higiene e o convívio. Na nota, o Skope alerta ainda que as sessões se realizam em “turnos da manhã (10h00 às 12h30) ou de tarde (14h30 às 17h00), para grupos entre 8 e 20 participantes”. É ainda necessária marcação prévia. O Museu estará também aberto a visitas de público em geral, de terça a sábado. “Famílias, cuidadores, educadores e curiosos de todas as idades são convidados a explorar um espaço onde a história da medicina, os hábitos de saúde e os desafios do presente se apresentam de forma acessível e interativa”, reforça a nota. O espaço está ainda disponível “para a realização de eventos corporativos”.
Ilustrador Paulo Galindro conversa sobre “A Vida Secreta dos Livros” este sábado em Ílhavo
Dirigida a crianças a partir dos cinco anos até aos 103 anos, esta conversa desafia “a mergulhar no mundo mágico que está por trás desse montinho de páginas impressas, coladas, cosidas e encadernadas a que chamamos livro, a mais bela invenção da humanidade, abordando o tema das ilustrações”, realça uma nota de imprensa enviada à Ria. Os interessados em participar devem inscrever-se através do email: [email protected] ou pelo número de telefone 234 321103. Até 5 de julho, na Biblioteca Municipal de Ílhavo, estará ainda patente a exposição de ilustração “Com o coração na ponta do lápis”, de Paulo Galindo, que reúne as ilustrações originais dos livros: “O Cuquedo e um amor que mete medo”, “Guia prático do susto”, “O Cuquedo e os pequenos aprendizes do medo”, “Mãe, ainda não posso ir dormir…”, “O meu Avô consegue voar!” e “Talvez um cão”. Em paralelo, no âmbito do Programa de Promoção do Livro e das Literacias da Rede de Bibliotecas de Ílhavo, encontra-se ainda patente até ao próximo sábado, 31 de maio, a exposição de criações em torno da obra de Paulo Galindro, realizados pelos alunos do pré-escolar ao ensino secundário, das escolas do Agrupamento Escolas do Município de Ílhavo. De acordo com a nota, os trabalhos expostos estão sujeitos “a votação presencial, alargada a toda a comunidade, para eleger o trabalho vencedor por cada nível de ensino”. “Os prémios serão atribuídos às bibliotecas escolares ou ao fundo bibliográfico do respetivo agrupamento de escolas, a integrar nos Baús de Histórias. Neste contexto, o ilustrador estará na BMI, no dia 23 de maio, em sessões exclusivas aos alunos do Agrupamentos de Escolas do Município de Ílhavo”, esclarece.
Escola Mário Sacramento e DCSPT unem-se para impedir que jovens se “divorciem” da política
Marta Monteiro foi uma das alunas do secundário presentes na iniciativa e à Ria confidenciou ter optado pela disciplina de Ciência Política por considerar os temas abordados “relevantes para o ambiente geopolítico que vivemos atualmente”. No domingo passado, dia 18, exerceu pela primeira vez o direito ao voto e sente que o conhecimento que adquiriu ao longo do ano letivo na disciplina foi “fundamental” na sua decisão. “Creio que a disciplina de Ciência Política me ajudou a entender como funciona o sistema político português e o sistema eleitoral”, explica Marta. “Tornei-me mais informada e mais interessada na política”, repara. Margarida Dinis é estudante do primeiro ano do mestrado e foi uma das estudantes destacadas para dinamizar a atividade junto dos alunos da Secundária. Ao contrário de Marta expressa uma visão mais crítica do atual cenário político, confessando sentir que “é muito assustador votar nos dias de hoje, tendo em conta a realidade de que muitos jovens votam na extrema-direita”. Para Margarida, o mais inquietante é perceber que “há pessoas que efetivamente tomam essas decisões de forma informada e que procuram ler os programas dos partidos”, embora reconheça que “quem vota nesse tipo de forças, muitas vezes, não tem essa procura”. Os jovens portugueses, em particular do género masculino são, segundo um estudo noticiado pelo Público,os segundos na União Europeia que mais votam na extrema-direita. Na mesa em que Margarida dinamizou o jogo, os dados confirmaram-se. Apesar do voto ser secreto, a proximidade da temática levou alguns alunos a admitir, informalmente, que votam ou tencionam votar no partido português mais próximo da extrema-direita. Patrícia Silva, diretora do mestrado, aponta que a iniciativa foi uma novidade na Escola Mário Sacramento, embora já tenha sido dinamizada uma atividade semelhante nas Escolas de Santiago. O objetivo, aponta, “é trazer às escolas do ensino secundário um jogo e uma forma de pensarmos a democracia e os efeitos da desinformação na democracia e trabalhar isso”. O jogo escolhido para o efeito foi ‘Secret Hitler’, um jogo de dedução social que transporta os jogadores à Alemanha Nazi e que desafia dois partidos – os liberais e os fascistas – a remarem para o seu lado. Do lado da equipa liberal o objetivo é aprovar cinco políticas liberais ou assassinarem Hitler; do lado da equipa fascista, o objetivo é aprovar políticas fascistas ou eleger Hitler como Chanceler. O jogo resulta por tudo ser feito de forma mais ou menos dissimulada, com as identidades dos jogadores a serem secretas para que o caos dificulte a identificação tanto dos membros da equipa liberal como da equipa fascista, na qual se inclui Hitler. “É importante que comecemos a trabalhar a qualidade das democracias, a pensar o que é que torna uma democracia numa democracia de qualidade e fazê-lo cada vez mais cedo para que estes jovens também possam rapidamente ser envolvidos e sentir-se parte do processo”, considera Patrícia Silva. “Muitos destes jovens ou são primeiros votantes ou são futuros votantes e, portanto, embora a lógica partidária não esteja aqui envolvida, a lógica da importância das eleições, de pensar políticas públicas e a implicação da escolha e do exercício de escolha para a sociedade, para a democracia, já está aqui”, repara ainda a docente e investigadora do DSCPT. A ideia é partilhada, de resto, pelos professores do secundário. Vítor João Oliveira é professor de filosofia e o responsável pela organização da iniciativa, que chega à Mário Sacramento por via de uma outra iniciativa organizada no dia 1 de abril. “Uma mesa-redonda chamada a Verdade da Mentira”, que explorou o “caráter paradoxal da democracia”. À Ria aponta ser esse mesmo caráter paradoxal “aquilo que é mais importante hoje (…) que as pessoas percebam”. “As pessoas não têm a noção dessa fragilidade [da democracia] e a nossa ideia na escola é, com experiências significativas, alertar para tal”, frisa o professor. “Se há lugar onde a democracia é a essência da instituição é a escola: a escola pública é o lugar da democracia, do confronto de ideias”, acrescenta ainda Vítor Oliveira. Também Paulo Abreu, um dos professores da disciplina de Ciência Política na Mário Sacramento, destaca a importância da inclusão da disciplina no plano curricular de todos os estudantes do secundário. “É opcional e só apanha as áreas de humanidades e socioeconómicas, sendo que no nosso entender de ciência política, devia abranger todas as áreas do secundário, e mais: devia ser uma disciplina obrigatória e não opcional”, alerta o professor. A adesão na Mário Sacramento tem-se mantido estável, com a disciplina “a funcionar há mais de dez anos e sempre com duas ou três turmas”, nota o professor. Pesa para essa consistência a fomentação de outras atividades como a participação, por exemplo, em iniciativas como o Parlamento Jovem e visitas de estudo por vezes a locais históricos como o campo de concentração de Auschwitz. “Naturalmente tentamos que a disciplina seja uma mais-valia, porque achamos que nos tempos que correm é essencial que ela seja mesmo essa mais-valia e que os alunos entendam como tal”, entende Paulo Abreu. A perspetiva é ainda partilhada por José Nunes, diretor do agrupamento que, apesar de ter dedicado o seu percurso pessoal às ciências exatas, defende a importância da ciência política como disciplina interdisciplinar. “Um dos muitos objetivos que temos aqui no agrupamento é de facto que os alunos se vão envolvendo [na política]”, recorda. A iniciativa conjunta foi considerada pelo diretor do agrupamento como mais uma das atividades desenvolvidas para promover essa consciência política. Sublinha, à semelhança do professor Paulo Abreu, a participação dos alunos no Parlamento Jovem e na Assembleia Municipal Jovem em Aveiro, bem como “as associações de estudantes, onde os próprios alunos se candidatam e propõem coisas”. “Estamos a fazer o nosso caminho no sentido de trazer os jovens novamente para pensarem nesses assuntos e não se divorciarem da atividade política”, assegura José Nunes que mostrou abertura para se dinamizarem mais atividades entre as instituições de ensino.