RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Ribau Esteves avalia compra da SAD do Beira-Mar

Numa jogada ousada para reforçar a sua posição como a maior marca de Aveiro à frente dos ovos moles, Ribau Esteves está a avaliar a possibilidade de adquirir a SAD do Beira-Mar. Segundo fontes próximas do autarca, a ideia surgiu enquanto contemplava o vazio existencial deixado por não ter mais rotundas para construir ou avenidas para requalificar.

Ribau Esteves avalia compra da SAD do Beira-Mar
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Entretenimento
01 dez 2024, 11:36

“Se já consegui pôr Aveiro no mapa com a ria, os moliceiros e o monumento do Siza, imaginem o que posso fazer com um clube de futebol. Isto é uma oportunidade para internacionalizar a marca Ribau”, terá dito o presidente entre vários apertos de mão ao adeptos do Beira-Mar.

Entre as ideias mais arrojadas está a escolha de Rogério Carlos, vice-presidente da Câmara Municipal, para treinador principal. "É a oportunidade perfeita para ele ganhar notoriedade. Eu tenho-lhe dado mais palco, mas com uma época desastrosa no futebol é certo que o nome dele vai estar em todas as capas de jornal. O futebol é o palco ideal para ele aprender a lidar com pressão…”, afirmou Ribau Esteves. “E se falhar?”, perguntaram os jornalistas. “É só dizer que o árbitro estava comprado”, respondeu prontamente Ribau.

Rogério, por sua vez, mostrou entusiasmo contido: "Eu adoro futebol… Embora seja mais de ver do que de jogar. Ainda recentemente meti-me em aventuras e fui parar ao bloco operatório”, brincou o provável futuro treinador principal que tem aparecido em público com muletas.

Quem já reagiu a esta novidade foi a presidente da concelhia do PS-Aveiro. "Não há palavras para mais uma tentativa de Ribau Esteves secar tudo à sua volta. Mas bem, se ele conseguir manter o Beira-Mar nos nacionais, já é mais do que aquilo que fez na Câmara", ironizou Paula Urbano Antunes.

Nuno Quintaneiro, atual presidente do clube, tem resistido ao tradicional “braço longo” de Ribau e insiste em gerir o clube com independência. “Nós queremos um Beira-Mar sustentável, não um palco político”, declarou recentemente. Contudo, segundo rumores, essa postura mais firme pode ter acelerado os planos de Ribau tomar as rédeas da SAD.

"O Quintaneiro está sempre a falar de sustentabilidade financeira, mas o que é isso comparado com um plano de expansão mediática? O Beira-Mar precisa de mediatismo e eu sou o único que pode garantir isso", terá dito Ribau numa reunião privada.

Enquanto Ribau sonha com o Beira-Mar a brilhar nos palcos internacionais, os aveirenses esperam para ver se este novo projeto será um golaço ou mais um remate ao lado. A única certeza? Com Ribau no jogo, o espetáculo está garantido – com ou sem eucaliptos no relvado.

Recomendações

Aquecimento na UA: Reitoria a "banhos de calor", enquanto estudantes fazem Erasmus na Sibéria
Estagiário

Aquecimento na UA: Reitoria a "banhos de calor", enquanto estudantes fazem Erasmus na Sibéria

No restante campus, a realidade é bem mais glacial. Nos departamentos, estudantes, funcionários e docentes testam, involuntariamente, o conceito de "resiliência climática". Cobertores, luvas e até gorros de lã fazem agora parte do novo traje académico da Universidade de Aveiro. “Estamos a trabalhar na técnica do pinguim: encostadinhos uns aos outros para preservar o calor", revelou um estudante de Engenharia Mecânica, enquanto bufava nas mãos. Mas nem todos têm essa sorte. Em alguns departamentos, mesmo que ligassem o aquecimento o efeito seria mais simbólico do que prático, fruto do estado dos equipamentos. “Temos consciência disso, mas mesmo assim o calor na UA escapa mais rápido do que o nosso orçamento anual”, desabafou um funcionário da área da manutenção dos Serviços de Gestão Técnica. Os aquecedores, que não sentem uma revisão desde o tempo do Renato Araújo (primeiro reitor eleito da UA), são hoje peças de museu que só aquecem corações… de saudade. Quando questionada sobre a disparidade climática entre a Reitoria e o resto do campus, uma fonte anónima (que se identificou apenas como "Manuel Mãos Frias") disse: “É uma questão de prioridades. As decisões importantes para a universidade precisam de mentes quentes e corações confortáveis. Os estudantes? Esses que usem cachecol." Entretanto, os estudantes preparam um novo protesto, já batizado de "Marcha dos Pinguins", para exigir "calor para todos" e "mantas polares para cada departamento". “Se isto continuar assim, o meu próximo Erasmus vai ser no Polo Norte. Ao menos lá, sabemos ao que vamos”, afirmou uma estudante de Economia, enquanto tentava escrever com luvas de ski. Enquanto isso, o Estagiário da Ria recomenda: se for para a Reitoria, leve protetor solar. Nos departamentos? Gorros, cachecóis e, se possível, um saco de água quente.

Paulo Jorge Ferreira anuncia investimento de 600 trotinetes para reforçar a segurança no campus
Estagiário

Paulo Jorge Ferreira anuncia investimento de 600 trotinetes para reforçar a segurança no campus

O reitor da Universidade de Aveiro surpreendeu a comunidade académica ao declarar, sem apresentar qualquer dado concreto, que o aumento da insegurança no campus está ligado ao crescente número de estudantes internacionais. “Nunca tivemos tantos estudantes internacionais. Coincidência? Não acredito em coincidências”, afirmou, com ar sério, enquanto segurava um relatório... em branco. “Não há razões para alarme. Os vigilantes estão a ser treinados para identificarem ‘comportamentos suspeitos’, como por exemplo estudantes que falem idiomas que não sejam português”, afirmou José Russo Ferreira, responsável pela segurança no campus, que ignorou o facto do seu próprio apelido causar insegurança no campus. A comunidade internacional não demorou a reagir. “Cheguei aqui há três meses e a única coisa que aumentei foi a venda de pastéis de nata no CUA. Insegurança? Só sinto quando tenho exames de Cálculo”, comentou uma estudante vinda da Polónia. Esta medida já foi muito elogiada pelo diretor do Departamento de Física da UA que terá agora os seus meios reforçados para percorrer todas as salas do seu departamento à procura de estudantes que estejam a utilizar as salas de estudo para jogar League of Legends. Já Wilson Carmo, presidente da Associação Académica, rapidamente reagiu à declaração do reitor, classificando-a como “criativa, mas desinformada”. “Queremos dados concretos ou, pelo menos, uma explicação plausível para a correlação entre o aumento de insegurança e os estudantes internacionais. Não vamos aceitar que o barulho de um estudante espanhol a pedir uma caña seja considerado ‘ameaça ao bem-estar do campus’.” Entretanto Manuel Assunção, antigo reitor da UA, veio a público afirmar que a compra já estava prevista nos mandatos anteriores, com um sorriso que parecia ensaiado em frente ao espelho. A Ria sabe que os atrasos no processo de compra das trotinetes foram atribuídos à burocracia habitual da contratação pública, com piadas de bastidores a sugerirem que os vigilantes receberão as trotinetes na mesma altura em que terminarem as filas nos almoços da cantina – ou seja, nunca.

Ribau Esteves ordena abate de árvore de Natal de Aveiro
Estagiário

Ribau Esteves ordena abate de árvore de Natal de Aveiro

A árvore, feita inteiramente de ferro e luzes LED, foi classificada como "um insulto à paisagem urbana" pelo próprio presidente. "Não importa que seja metálica. Árvore é árvore e árvore, em Aveiro, tem um destino: a motosserra!", declarou. A decisão foi tão desoladora que Rosinha, curadora do Herbário do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, teve de ser internada de urgência no hospital. Médicos confirmaram tratar-se de uma "síncope botânica", provocada por stress arborístico extremo. Já Pedro Pires da Rosa, ou simplesmente PPR para os seus fãs, mostrou-se dividido. Morador ao lado da estrutura, celebrou o regresso da sua vista panorâmica para a ria, mas lamentou a perda de um dos seus melhores temas para as redes sociais. "Agora vou ter de voltar a tirar fotos a rotundas e, francamente, aquilo não me dá tanto engajamento", desabafou. Fontes próximas da Câmara Municipal garantem que o ferro da árvore será reciclado para aumentar o monumento evocativo da muralha da cidade, pois Ribau considera que “ainda não é suficientemente grande para esconder a Sé de Aveiro”. Já a secção local do PSD sugeriu outra aplicação: "Que tal uma escultura representando as dívidas deixadas pelos socialistas? Assim fazemos algo artístico e educativo", declarou Simão Santana com brilho nos olhos. A Ria já tentou contactar a presidente da concelhia do PS-Aveiro, mas Paula Urbano Antunes pediu mais uns dias para responder a estas acusações, pois os serviços de consultoria de Alberto Souto de Miranda estão suspensos para preparação do seu novo livro. Ribau, por sua vez, já confirmou presença no evento de lançamento do livro. “É uma homenagem ao meu antecessor e à sua capacidade única de transformar a realidade em ficção literária”, declarou com um sorriso irónico. “Espero que o livro venda bem, porque alguém tem de ajudar a pagar as dívidas antigas.” A plateia riu, mas ninguém conseguiu perceber se era ironia, nostalgia ou apenas o espírito natalício em Aveiro.

Diretor do DFis-UA instala radar de velocidade para controlar passos apressados no átrio
Estagiário

Diretor do DFis-UA instala radar de velocidade para controlar passos apressados no átrio

Segundo fontes internas, a medida visa travar "passos apressados e desnecessariamente ruidosos" que perturbam a harmonia científica do departamento. O radar está programado para disparar uma luz estroboscópica e um alerta vocal: "Abrande, imediatamente! Isto é um departamento, não é uma pista de atletismo!". Os estudantes que forem registados pelo radar a caminharem a mais de 3 km/h serão convidados a assistir a um workshop obrigatório denominado "Passos Silenciosos na Física Moderna". Em declarações à Ria, o diretor do DFis quis esclarecer que não está contra o movimento no departamento. "Não estamos contra o movimento, mas a física exige equilíbrio e calma", afirmou o diretor, enquanto demonstrava a técnica correta de deslocação em slow motion. Entretanto, surgem rumores de que está em fase de teste um sistema de controlo de tráfego aéreo para papéis voadores. Afinal, no DFis-UA, até o silêncio precisa de ordem científica.

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GNR regista 10 mortes em 1.231 acidentes na operação Natal e Ano Novo 2024/2025
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GNR regista 10 mortes em 1.231 acidentes na operação Natal e Ano Novo 2024/2025

Segundo os dados hoje divulgados pela GNR, que refere serem ainda provisórios, as vítimas mortais, que tinham entre os 19 e os 76 anos, resultaram de quatro despistes (três de motociclos e um de um veículo ligeiro), três colisões e três atropelamentos. Os despistes registaram-se na Estrada Nacional 125 (EN125), em Albufeira (distrito de Faro), em Fonte Coberta, concelho de Barcelos (Braga), na Estrada Nacional 119 (EN119) em Biscainho, concelho de Coruche (Santarém) e na Autoestrada 23 (A23), em Benquerenças (Castelo Branco). As colisões aconteceram na Estrada da Ponte Barão, em Boliqueime, concelho de Loulé (distrito de Faro), no Itinerário Principal 2 (IP2), em Beja, e no Itinerário Complementar 2 (IC2), em Santa Maria da Feira (Aveiro). Os três atropelamentos registaram-se em Pedroso, Vila Nova de Gaia (Porto), na A19, em Leiria e na localidade de Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro. Durante a operação Natal e Ano Novo 2024/2025, a GNR também já fiscalizou 56.911 condutores, dos quais 609 conduziam com excesso de álcool e, destes, 308 foram detidos por conduzirem com uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 1,2 gramas/litro. Foram ainda detidas 95 pessoas por conduzirem sem habilitação legal. Das 8.317 contraordenações rodoviárias detetadas, a GNR destaca 2.521 por excesso de velocidade, 301 por excesso de álcool e 248 por falta ou incorreta utilização do cinto de segurança e/ou sistema de retenção para crianças (SRC). Outras 180 deveram-se a uso indevido do telemóvel no exercício da condução, 901 a falta de inspeção periódica obrigatória e 276 a falta de seguro de responsabilidade civil obrigatório. Durante a operação, que termina no dia 02 de janeiro, a GNR irá continuar a dar prioridade à fiscalização da condução sob a influência do álcool e de substâncias psicotrópicas, excesso de velocidade e uso indevido do telemóvel. No comunicado, diz ainda que está igualmente atenta à utilização correta do cinto de segurança, à falta de inspeção periódica obrigatória, à falta de seguro de responsabilidade civil obrigatório e à incorreta execução de manobras de ultrapassagem, de mudança de direção e de cedência de passagem.

Santa Maria da Feira já tem acordo do Governo para construir novo tribunal
Região

Santa Maria da Feira já tem acordo do Governo para construir novo tribunal

Em causa está a infraestrutura do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto envolvida em polémica desde então: primeiro porque o edifício de 1991, da autoria do arquiteto Alfredo Viana de Lima, foi fechado em 2008 por ordem do Ministério da Justiça, que na época atribuiu a decisão a deficiências estruturais graves; depois, porque a solução encontrada para substituir esses serviços foi alugar um prédio de habitação contíguo cuja renda mensal era na ordem dos 50.000 euros; e, entretanto, porque, após vistorias que em 2014 deram o antigo tribunal como tendo sido sempre seguro, ele reabriu parcialmente em 2020 e o Estado continuou a pagar pelo seu substituto, que nessa altura já rondava os 700.000 euros anuais, o que, ao fim de 16 anos, representará cerca de 11 milhões de euros. “A Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e o Governo chegaram a acordo para a elaboração do projeto que levará à edificação de um novo tribunal no mesmo local do anterior”, revela à Lusa o presidente da autarquia, Amadeu Albergaria. “A construção do novo edifício do Tribunal da Feira foi uma das temáticas que identificámos como prioritárias para Santa Maria da Feira e, logo no primeiro mês de 2025, daremos passos concretos com vista à sua concretização”, adianta. Segundo esse autarca social-democrata, será assim assinado em janeiro o contrato administrativo de colaboração e delegação de competências com vista à elaboração do projeto de arquitetura que permitirá reinstalar no novo edifício os Juízos de Santa Maria da Feira, assim como outros serviços da Justiça. “O município ficará responsável por apresentar uma solução de reabilitação e ampliação do edifício atual ou uma proposta de demolição e construção de um novo imóvel, consoante o que considere mais viável e adequado à criação das condições necessárias para a instalação dos Juízos e serviços da Justiça”, adianta Amadeu Albergaria. Antes disso, contudo, o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça terá que fornecer à câmara um estudo-base que identifique todos os requisitos construtivos exigidos para o correto funcionamento do Tribunal. A despesa nesta fase do processo já está identificada e será suportada pelo Ministério da Justiça: os encargos com o projeto não poderão ultrapassar os 660.000 euros (ao que acresce 23% de IVA), sendo que, desse montante, 490.000 euros estão afetos à elaboração do documento e 170.000 à sua revisão. “O novo edifício, situado numa localização privilegiada no centro da Feira, vai resolver a necessidade premente de instalações mais adequadas e dignas para todos os profissionais de justiça, e também revitalizará um ponto central na vida urbana da nossa cidade”, defende Amadeu Albergaria.

GNR regista 10 mortes em 1.144 acidentes nos últimos cinco dias
País

GNR regista 10 mortes em 1.144 acidentes nos últimos cinco dias

Segundo os dados hoje divulgados pela GNR, que refere serem ainda provisórios, as vítimas mortais, que tinham entre os 19 e os 76 anos, resultaram de quatro despistes, três motociclos e um veículo ligeiro, três colisões e três atropelamentos. As colisões aconteceram na Estrada da Ponte Barão, em Boliqueime (Faro), no Itinerário Principal número 2 (IP2) em Beja e no Itinerário Complementar número 2 (IC2), em Santa Maria da Feira (Aveiro). Os três atropelamentos registaram-se em Pedroso, Vila Nova de Gaia (Porto), na A19, em Leiria e na localidade de Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro. Os despistes registaram-se nos distritos de Faro, Braga, Santarém e Castelo Branco. Durante a operação Natal e Ano Novo 2024/2025, a GNR fiscalizou ainda 50.197 condutores dos quais 572 conduziam com excesso de álcool e, destes, 286 foram detidos por conduzirem com uma taxa de álcool no sangue igual ou superior a 1,2 g/l. Foram ainda detidas 89 pessoas por conduzirem sem habilitação legal. Das 7.816 contraordenações rodoviárias detetadas, a GNR destaca 2.364 por excesso de velocidade, 286 excessos de álcool, 238 por falta ou incorreta utilização do cinto de segurança e/ou sistema de retenção para crianças (SRC). Foram ainda registadas 173 contraordenações por uso indevido do telemóvel no exercício da condução, 813 por falta de inspeção periódica obrigatória e 252 por falta de seguro de responsabilidade civil obrigatório. Durante a operação, que termina dia 02 de janeiro, a GNR irá continuar a priorizar a fiscalização da condução sob a influência do álcool e de substâncias psicotrópicas, excesso de velocidade e uso indevido do telemóvel. As autoridades vão ainda estar atentas à utilização correta do cinto de segurança, à falta de inspeção periódica obrigatória, à falta de seguro de responsabilidade civil obrigatório e à incorreta execução de manobras de ultrapassagem, de mudança de direção e de cedência de passagem.

Comerciantes locais de Aveiro descontentes com Município
Cidade

Comerciantes locais de Aveiro descontentes com Município

Senhor Frutuoso – é assim que o conhecem – está à frente da Casa do Café, na Rua dos Mercadores, há 40 anos. Conta a transformação que viu e viveu tanto na rua como no negócio. “Eu trabalhava à base de merceeiro”, começa por contar. Tinha de tudo um pouco e vendia a granel. Atualmente, a granel “ainda se vende os feijões”. No entanto, a tudo o resto teve de se adaptar. “Fui-me adaptando e fui transformando isto, pronto. Como vê, esta parte que era dos cereais, está quase tudo fechado e antes estava tudo aberto, tudo cheio”, repara Frutuoso. A ligação que tem com África e os amigos de São Tomé e Príncipe fizeram com que conseguisse alargar o negócio para o café. “Éramos cinco pessoas aqui a trabalhar, portanto, trabalhava-se muito bem. Abriram os supermercados e (…) nós chegamos a um ponto que nos tivemos de render”, conta o dono da Casa do Café. Continua com vontade de ter a porta aberta. Conta que já recusou ofertas para trocar de loja e diz com orgulho que no seu estabelecimento só entram os melhores produtos para vender aos clientes. Na altura do Natal sente um pouco mais de movimento. “Tenho muito cliente que só vem cá uma vez por ano, veem aos frutos secos”, aponta. Mesmo assim o senhor Frutuoso não tem dúvidas nenhumas de que “esta parte [comércio na rua dos mercadores e arredores] mais dia menos dia, mais ano menos ano - é extinta”, aposta. Para a conta pesa o sentimento de um certo abandono por parte da Câmara. Frutuoso refere que a Câmara de Aveiro afirma apoiar o comércio local, “mas a realidade é que não”. “Por muito que digam, é mentira…. Põem tudo de maneira que as pessoas não possam vir…”, conclui o senhor Frutuoso. No Mercado Manuel Firmino, os comerciantes apontam também a abertura das grandes superfícies como o principal motivo para as dores do comércio local. “Os grandes são grandes, os pequenos ficam pequenos”, apontam. Se alguns comerciantes consideram que o papel da Câmara não altera os hábitos de consumo, por outro lado há quem defenda que o Município não tem preocupações com quem lá vende e aponta a má divulgação do espaço como exemplo dessa falta de empenho. “A Câmara se pudesse fechava isto”, referem. Quem vende produtos frescos – das frutas e hortícolas ao pescado – repara ainda que o mercado mexe mais quando se está a poucos dias do Natal. Polvo e fruta é o que tem tido mais saída. Os preços, alertam alguns comerciantes, são contestados pelos clientes. Em resposta, os comerciantes garantem que a frescura dos produtos é um encargo que levam a sério e que pesa no final do mês para a balança de quem vende. “Só funciona se oferecermos”, sublinham os comerciantes. Segundo o estudo ‘Compras de Natal 2024’do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM), este ano os portugueses tencionam gastar, em média, cerca de 392 euros com compras de Natal, um aumento de cerca de 10% no orçamento comparativamente ao ano passado. Ainda assim, quase 60% das pessoas referiram que este aumento de orçamento se deve ao aumento generalizado dos preços dos produtos. Em suma, este ano os portugueses que vão gastar mais dinheiro em relação ao ano transato vão estar, ainda assim, a reduzir custos com compras de Natal e a diminuir o número de pessoas a quem vão oferecer presentes. Também Mira Costa, dona do Charles Coffe Point, vê os turistas – em particular os espanhóis – como a salvação do comércio mais pequeno em Aveiro. “Por aquilo que eu me apercebi, e os meus vizinhos que já cá estão há uma data de anos dizem, é que são os espanhóis que salvam esta altura”. A altura a que Mira se refere é a estação do Inverno, em particular a altura do Natal e os meses de dezembro e janeiro. São “os meses de menor fluxo” pelo menos “no que diz respeito à restauração”, garante a dona do Charles. “As pessoas canalizam-se mais para as compras de Natal e o dinheiro como não estica ou vão ao café ou vão fazer as compras de Natal”, justifica Mira. Também em relação aos apoios camarários Mira concorda com o senhor Frutuoso da Casa do Café. O sentimento é na verdade partilhado por vários comerciantes da Rua dos Mercadores e arredores. “Apoios da Câmara? Zero. Sabe para que é que eles servem? Para nos multar”, atira a dona do Charles. “Nós só servimos para contribuir”, remata. “Nós todos já pensamos até em juntar e pedir uma reunião ao senhor presidente da Câmara porque estamos assim um bocadinho ‘desprezados’”, adianta. Reclama ainda de que não há estacionamento, em particular para os comerciantes. “Acho que deviam tentar arranjar aqui uma maneira de nos ajudar, não é preciso oferecer estacionamento, mas haver uma contemplação”, repara Mira Costa. “Nós abrimos às 9h30, saímos daqui às 22h00, nós não podemos estar a pôr 1,20€ por cada hora que cá estamos ou a pagar uma mensalidade”, referiu Mira Costa que notou ainda que a mensalidade só compensa nos meses de verão. Na quadra que vivemos, a iluminação e a agenda de Natal é vista por alguns comerciantes como um atrativo e apontado como um apoio indireto à atividade comercial. Há quem critique, no entanto, a falta de aviso prévio aos comerciantes sobre as iniciativas que decorrem na zona. Este ano a iluminação de Natal, em Aveiro, tem um preço contratual um pouco acima dos 203 mil euros, valor ao qual acresce IVA. Em declarações à Ria, à margem da última reunião pública camarária, José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, afirmou que atualmente não fazia sentido investir diretamente nas atividades comerciais em Aveiro. “Neste momento, as medidas que temos é um investimento brutal de qualificação urbana, de promoção da cidade e, portanto, toda a gente reconhece que os negócios, a atividade económica está bem, está em crescimento e, portanto, não faz sentido nós termos investimentos diretos”, referiu o autarca. Ribau Esteves destacou ainda o investimento na iluminação de Natal como “um atrativo adicional” para trazer pessoas a passear e a comprar em Aveiro.