Lucros da Brisa Concessão Rodoviária sobem 17,8% para 325,9 ME em 2024
A Brisa Concessão Rodoviária (BCR) registou, no ano passado, lucros de 325,9 milhões de euros, um aumento de 17,8% em relação ao período homólogo, adiantou em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
De acordo com a Brisa, o tráfego médio diário (TMD) durante o ano foi de 24.386 veículos por dia, “o que representa um aumento de 4,9% em comparação com o período homólogo”, sendo que “a circulação aumentou 5,2%, beneficiando do facto de 2024 ser um ano bissexto”.
De acordo com a BCR, “a análise do tráfego por tipo de veículo mostra uma evolução mais favorável dos veículos pesados face aos ligeiros”, destacando que o “crescimento do TMD registado nos veículos pesados foi de 5,7% e nos veículos ligeiros de 4,8%”. Ainda assim, os veículos ligeiros representaram 93,7% do total do tráfego.
No final do ano, os rendimentos operacionais da BCR totalizaram 843,4 milhões de euros, “um acréscimo de 7,4% face ao período homólogo”, com as receitas de portagem a atingir os 806,5 milhões de euros, mas 7,6% em relação a 2023.
Já as receitas relacionadas com as áreas de serviço atingiram os 30,6 milhões de euros, uma subida de 4,7%.
Segundo a BCR, o resultado operacional (EBITDA) no final de 2024 foi de 689,9 milhões de euros, “o que representa um acréscimo de 8,9% face ao período anterior”.
A BCR realçou ainda que os gastos operacionais, excluindo amortizações, depreciações, ajustamentos e provisões, atingiram os 153,4 milhões de euros em 2024, registando-se um aumento de 1,2% face ao período homólogo.
No ano passado, o investimento (capex) na rede concessionada totalizou 61,8 milhões de euros, “em linha com o valor do período homólogo”, indicou, acrescentando que este montante inclui 40,3 milhões de euros “referentes a grandes reparações, maioritariamente relacionadas com trabalhos de pavimentação na A1, A2, A3 e A6, mas também com intervenções em viadutos e outras estruturas, com destaque para a reabilitação de viadutos na A1 e A3. Foram ainda realizados trabalhos de estabilização de taludes e estruturas de contenção inseridos na A1”, referiu.
Em 31 de dezembro de 2024, a dívida bruta da BCR era de 1.384 milhões de euros. Segundo a BCR, “cerca de 59% da dívida está sujeita ao regime de taxa de juro fixa e cerca de 41% ao regime de taxa de juro variável”.
A concessionária revelou ainda que “em 2024, o número de vítimas mortais em acidentes rodoviários na rede BCR caiu 56,3% face a 2019, ano de referência para esta década (14 em 2024 vs. 32 em 2019)” e que “o número de feridos graves diminuiu 40,2% face ao mesmo ano (61 em 2024 vs. 102 em 2019)”.
A empresa revelou que “o número de mulheres no conselho de administração da BCR subiu para 33,3%, sendo ainda de salientar, no pilar da governança, que, do total de administradores, 25% são independentes”.
Poroutro lado, “o número de mulheres em cargos de liderança fixou-se nos 33% em 2024, sendo objetivo da BCR chegar a 39% até 2029”, indicou.
Recomendações
Casa da Música celebra mulheres na música com ciclo de concertos que se inicia no sábado
De acordo com a Casa da Música, em comunicado, a compositora parisiense do século XIX Augusta Holmès, “quase remetida ao esquecimento, renasce nos concertos deste ciclo”, ao lado de “figuras grandes do panorama internacional”, como a maestrina Ustina Dubitsky e a pianista Yeol Eum Son, e da música de compositoras como Yiran Zhao, Olga Neuwirth, Lili Boulanger, e da compositora em residência na presente temporada, Liza Lim, “ela própria evocando a poeta grega Safo”. No ciclo “Mulheres na Música” surgem também representados “homens que refletiram sobre figuras femininas”, como Leoš Janáček, que contou a história trágica de Jenufa, uma mulher amada por dois homens, Beethoven, que teve em Leonora a protagonista da ópera “Fidelio”, e Mark-Anthony Turnage, que escreveu uma ópera sobre a “figura trágica” da atriz e modelo Anna Nicole Smith ("Anna Nicole", estreada em 2011 na Royal Opera House). O ciclo abre no sábado com o programa "Tchaikovski, primeiro concerto", em torno do primeiro Concerto para piano e orquestra do compositor russo, com a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música a ser dirigida pela maestrina assistente da Orquestra Gürzenich de Colónia, Ustina Dubitsky, com a pianista Yeol Eum Son, como solista. Além do primeiro concerto, a pianista irá interpretar duas peças da compositora francesa Lili Boulanger, “D’un matin de printemps” e “D’un soir triste”, assim como “Jenufa-Rhapsodie”, do compositor checo Leoš Janáček. Ainda no sábado, acontece “XX”, um concerto “totalmente no feminino, que celebra tanto o passado como o futuro da música eletrónica e o seu impacto ao longo dos quase 20 anos de atividade da Casa da Música”. O programa deste concerto inclui obras de compositoras de várias gerações, “desde as pioneiras da música eletrónica, como Delia Derbyshire e Daphne Oram, passando por compositoras que estiveram em residência na Casa da Música, como Kaija Saariaho e Unsuk Chin, até jovens compositoras portuguesas, como Ema Ferreira e Francisca Martins (COW Shift Z)”. O ciclo prossegue no dia 14 de março com “Uma noite de Amor”, programa no qual a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música oferece “três distintas representações do feminino, acrescentando-lhes a flautista Ana Maria Ribeiro, na interpretação de uma obra concertante central no repertório do instrumento”, o Concerto para flauta e orquestra, de Carl Reinecke. No dia 16 de março, haverá “Contos de Ravel”, um concerto comentado, com a Orquestra Sinfónica, sob a direção do maestro Nuno Coelho, no qual serão interpretadas peças de Augusta Holmès ("La nuit et l’amour") e de Maurice Ravel ("Ma mère l’oye"). Em 18 de março, o Quatuor Agate apresenta “Outlaws”, que junta “música e as histórias de artistas considerados ‘fora da lei’, pelo seu distanciamento das normas musicais ou sociais do seu tempo”, como Carlo Gesualdo, Ethel Smith e Dmitri Chostakovitch. O concerto “Cinderella(s?)” marca a estreia em Portugal das peças “Texan Tenabrae”, da ópera “Anna Nicole”, de Mark-Anthony Turnage, e “Sappho/Bioluminescence", de “Annunciation Tryptich”, de Liza Lim. No concerto, no qual é ainda apresentada a “Suite de Cinderella”, de Prokofieff, a Orquestra Sinfónica é dirigida pelo maestro Ludovic Morlot, titular da Sinfónica de Barcelona e aclamado pelo seu percurso histórico como diretor musical da Sinfónica de Seattle. O ciclo “Mulheres na Música” termina em 25 de março com “Do Cabaré ao Barroco”, “um programa totalmente constituído por estreias em Portugal, incluindo a primeira audição mundial de uma obra de Yiran Zhao”, "the unreachable shore", uma encomenda da Casa da Música. Neste concerto, que inclui também obras de Olga Neuwirth ("Hommage a Klaus Nomi") e Liza Lim ("Speak, be silent", o Remix Ensemble Casa da Música interpreta também pela primeira vez o compositor Jo Kondo ("Albizzia").
Mulheres jovens são as mais prejudicadas no mercado laboral
No estudo “As mulheres jovens no mercado de trabalho: desemprego, precariedade laboral e desigualdades”, de Inês Tavares e Renato Miguel do Carmo, revela-se que, “apesar dos avanços verificados ao longo dos anos, as sociedades contemporâneas atuais são ainda profundamente marcadas pela desigualdade de género” em vários domínios da sociedade. Apesar de as desigualdades se verificaram para o geral da população, têm particular incidência entre os mais jovens “nos quais as mulheres são as mais prejudicadas”, pelo que o estudo propôs-se explorar estas desigualdades de género no mercado laboral jovem, analisando Portugal no contexto europeu. Ao longo do estudo os autores verificaram que, modo geral, os jovens são um grupo mais exposto “a situações de debilidade face ao desemprego, precariedade ou às desigualdades” no mercado de trabalho e, tanto entre os jovens como entre o total da população, “as mulheres encontram-se numa situação de maior desigualdade face a estes indicadores”. Em relação ao desemprego, em Portugal, tanto as mulheres jovens como as mulheres em idade ativa são sistematicamente as que mais se encontram no desemprego, quando comparadas com os homens. Em todos os países europeus as taxas de desemprego jovem superam sempre as taxas de desemprego geral, enfatizando como os jovens são mais permeáveis ao desemprego, revela-se no estudo. Ao analisar os níveis de escolaridade alcançados, na maioria dos países europeus são as mulheres com o ensino básico as que revelam taxas de desemprego mais elevadas. São as mulheres que, tanto em Portugal como na média dos 27 países da União Europeia, tendem a ser mais penalizadas pelo desemprego, realidade que se agrava quão mais baixos forem os seus níveis de escolaridade. Já tomando a precariedade laboral como exemplo, no estudo constata-se que, embora os jovens europeus tenham mais proporção de contratos a tempo parcial, quando se analisa o trabalho a tempo parcial involuntário, os valores já são superiores em Portugal, evidenciando como a precariedade laboral se encontra mais presente no país, face ao resto da Europa. Mais uma vez, em ambas as situações, as mulheres são mais afetadas por esta precariedade. No caso do trabalho temporário, os jovens em Portugal são mais pautados pelo trabalho temporário e pelo trabalho temporário involuntário que a generalidade dos jovens europeus, sendo as mulheres as mais afetadas. É ainda de notar a desigualdade de género encontrada entre os jovens que não estudam nem trabalham, entre os quais, na maioria dos países europeus, existe maior proporção de mulheres que de homens. Relativamente às desigualdades face ao mercado de trabalho jovem em Portugal, aprofundadas através dos dados do inquérito que serviu de base ao livro “Jovens e o Trabalho em Portugal: Desigualdades, (Des)proteção e Futuro”, é de sinalizar como a desigualdade de género está presente em todos os indicadores. Os homens beneficiam, sistematicamente, face a mulheres com o mesmo nível de escolaridade, tanto ao nível dos rendimentos, como da pluriatividade, do desemprego ou de receber apoio monetário de familiares e amigos. Esta desigualdade reflete-se nas disparidades de género encontradas em cada nível de escolaridade e demonstra que os níveis de escolaridade mais elevados tendem a beneficiar mais os jovens homens do que as jovens mulheres. O estudo foi divulgado no dia em que se assinala o Dia Internacional da Mulher.
Portugal foi o sexto pior da União Europeia em mortos na estrada em 2023
Segundo o Relatório Anual de 2023 da Sinistralidade a 30 dias, só hoje divulgado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), o número de vítimas mortais por milhão de habitantes em Portugal foi então de 60,8, acima da média de 45,6 da UE, numa tabela liderada pela Suécia (21,8). Em 2013, a taxa nacional tinha sido de 63,8, o que se traduz numa diminuição de 4,8% numa década no número de mortos por milhão de habitantes em Portugal. Na Europa, a média de redução foi 17,2%, posicionando-se Portugal "em 23.º lugar entre os Estados-Membros com as diminuições mais significativas". Em sentido inverso, o número de acidentes com vítimas por milhão de habitantes em território nacional aumentou de 2.888 para 3.480 entre 2013 e 2023 (+20,5%). A média europeia foi de menos 28,6%, com 2.076 em 2013 e 1.483 em 2023. De acordo com o Relatório, há dois anos morreram nas estradas portuguesas 642 pessoas, 163 das quais nos 30 dias seguintes ao acidente, admitindo a ANSR que a sinistralidade no continente está a regressar aos níveis pré-covid-19. Em 2023, registaram-se 36.595 acidentes, dos quais resultaram ainda 2.500 feridos graves e 42.873 ligeiros. A UE tem como meta reduzir em 50% as mortes na estrada até 2030.
PSP faz 637 detenções nos primeiros dias da operação Carnaval
Fazendo um balanço dos primeiros sete dias da operação “Carnaval em Segurança 2025”, a PSP refere que foi ainda apreendida droga suficiente para 21.400 doses individuais. “Das detenções efetuadas destacamos 253 detenções por crimes rodoviários, nomeadamente 127 por condução de veículo em estado de embriaguez e 126 por falta de habilitação legal para conduzir”, refere a PSP. Além disso, “foram detidos 41 cidadãos por crimes contra a propriedade (furtos e roubos) e 70 suspeitos por tráfico de estupefacientes”. Na operação, foram apreendidas 41 armas de fogo e 27 armas brancas, algumas das quais através das 13 detenções efetuadas por posse de armas proibidas. As autoridades apreenderam ainda 16.916 artigos de pirotecnia, com 33,8 quilos de líquido explosivo. No que respeita à prevenção rodoviária, “foram fiscalizados 14.419 condutores e controladas 49.191 viaturas por radar, tendo sido detetadas 4.776 infrações à legislação rodoviária”. Deste volume de infrações, a maioria foi por excesso de velocidade (569), falta de inspeção periódica obrigatória (455), falta de seguro de responsabilidade civil obrigatório (163), uso de telemóvel (100) e condução sob efeito do álcool (68). Na área da responsabilidade da PSP, os centros urbanos, foram registados 1.034 acidentes, que causaram 318 feridos (14 dos quais graves) e três vítimas mortais. “Neste período carnavalesco, a PSP, com o objetivo de redução da sinistralidade rodoviária no nosso país, vai incidir a sua operação em três vetores de atuação – prevenção, sensibilização e fiscalização – apelando a todos os condutores para que conduzam em segurança, adaptando a sua condução às condições meteorológicas e ao estado do piso e que não adotem comportamentos que possam diminuir as suas capacidades”, refere a força policial. Nos conselhos à população para este período, a PSP recomenda que as pessoas se desloquem “atempadamente para os locais dos festejos”, tenham atenção à circulação de peões, respeitem as indicações das autoridades e não utilizem artigos de pirotecnia.
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Fábrica Centro de Ciência Viva vai acolher conferência de ‘Matemática, Arte e Criatividade’
A sessão contará com a elaboração de três painéis, que abordarão temas como os motivos matemáticos nos azulejos portugueses, a matemática na arte têxtil e a arte na era da Inteligência Artificial. A iniciativa irá contar ainda com a apresentação do livro ‘Aprender’, de Nuno Crato, antigo ministro da Educação e Ciência e professor catedrático no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG). A abertura contará com a participação de Pedro Pombo, diretor da FCCVA, Alexandre Almeida, diretor do DMat e de Jorge Nuno Silva, presidente da associação LUDUS. A iniciativa é de participação gratuita mas carece de inscrição prévia.
Biblioteca da Gafanha da Nazaré abre portas à comunidade na próxima terça-feira
Com a abertura deste espaço, de acordo com uma nota de imprensa enviada à Ria, o Município de Ílhavo pretende devolver à Gafanha da Nazaré “uma valência que já teve anteriormente, estendendo a esta cidade a aposta que já tem vindo a realizar na Biblioteca Municipal de Ílhavo, na promoção das diversas literacias junto da comunidade”. “Desde maio de 2024, o Município de Ílhavo já disponibiliza as habituais valências de biblioteca no Convés da Fábrica das Ideias, mas a partir de terça-feira, a Biblioteca abre as portas num espaço dedicado e renovado, em frente ao Centro de Saúde da Gafanha da Nazaré”, lê-se. A Biblioteca da Gafanha da Nazaré disponibilizará os habituais serviços de empréstimo domiciliários de livros, jogos, DVD e CD; possibilitará a consulta de jornais diários e permitirá o acesso ao Press Reader, uma plataforma digital de acesso a mais de 7000 jornais e revistas do Mundo inteiro. O local estará equipado com computadores e wi-fi, para utilização gratuita. As portas estarão abertas de terça a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 horas e das 14h00 às 18h00. A autarquia refere ainda na nota que, “regularmente”, decorrerão iniciativas como “Ferramentas Web para Todos” e “História do Dia…”. “A primeira visa promover a aquisição de competências digitais, a navegação segura na internet e a utilização de serviços online, sendo dirigida ao público adulto e sénior”, explica. As ações são gratuitas e realizadas quinzenalmente, às terças-feiras, das 14h30 às 16h00, mediante inscrição. Com sessões semanais, gratuitas, às quintas-feiras, das 17h30 às 18h00, a “História do Dia....” é especialmente dirigida a famílias com crianças a partir dos dois anos. As inscrições para as atividades devem ser feitas através do email [email protected] ou do número de telefone 234 321 103. A partir de terça-feira, 11 de março, haverá ainda uma programação especial de abertura, com um conjunto de ações dirigidas ao público escolar, seniores e população em geral, dando a conhecer as atividades e os serviços disponíveis. Para o público em geral, no dia 11 de março, às 18h00, está previsto um momento cultural com a Casa do Povo da Gafanha da Nazaré. No dia seguinte, 12 março, às 14h30, realiza-se uma sessão de “Maré de Jogos” e, às 16h00, “Quarta às Quatro”, para o público jovem. No dia 13 de março, há “História do Dia... de tirar o chapéu!”, para crianças a partir dos dois anos acompanhadas por um adulto. Por fim, a 14 de março, durante todo o dia, realiza-se um “Workshop Maker – Juntos Fazemos!”, para todo público; às 17h30 há uma sessão de “Por Falar em Cresc(S)er: “Medos e Fobias”, dirigida a pais e educadores, dinamizada por Clara Rocha do, GAF (Gabinete de Apoio à Família), e Patrícia Pereira, da EMACE (Equipa Multidisciplinar de Apoio à Comunidade Educativa). Recorde-se que na próxima terça-feira, 11 de março, assinala-se também o Dia da Rede Nacional das Bibliotecas Públicas.
Isabel Alarcão: “Nunca senti nenhum problema por ser mulher”
Em 52 anos de história, a UA contou, até ao momento, com duas mulheres na liderança da Reitoria. Isabel Alarcão ocupou o cargo durante seis meses, a propósito da nomeação do reitor Júlio Pedrosa para ministro da Educação em julho de 2001, tendo organizado as eleições que deram a vitória à segunda reitora – e última, por enquanto – Maria Helena Nazaré. À Ria, Isabel Alarcão conta que nunca teve como objetivo ser reitora. “A primeira noite em que soube que tinha de assumir não preguei olho”, partilha a professora. A ideia foi recebida de forma natural pelos colegas docentes e a reação foi globalmente, “muito boa”. “Os alunos, curiosamente, andavam encantados. Gostaram imenso da ideia e (…) acho que era por eu ser mulher”, confidencia a professora. Além de primeira reitora da UA, Isabel Alarcão foi na verdade a primeira reitora de uma universidade pública em Portugal. “Para mim acho que foi mais significativo ser reitora da Universidade de Aveiro do que ser a primeira reitora. Na altura, as pessoas até nem falaram muito nisso e eu própria também não liguei muito”, admite a professora. Isabel nasceu, cresceu e estudou em Coimbra. Seguiu o curso de Filologia Germânica e recorda que tinha muitas colegas mulheres. “O meu curso era em Letras e havia poucos homens”, nota Isabel. “Se nós passássemos da Faculdade de Letras para a Faculdade de Direito (…) era o contrário: havia muito mais rapazes do que raparigas (…) dependia muito dos cursos”, repara. Atualmente vê a chegada de mais raparigas ao Ensino Superior como uma evolução. “Eu fiz a Universidade nos anos 60, nessa altura raparigas e engenheiras, se calhar nem havia. Em alguns cursos era capaz de nem haver, noutros contavam-se pelos dedos”, aponta. Sobre se sente que ainda há resistência em ver mulheres em papéis de liderança, Isabel Alarcão acredita que embora se tenha feito um caminho “muito positivo” ainda há uma tendência para os homens assumirem papéis de liderança. “Eu acho que mais nas empresas, propriamente dito, do que na vida académica”, repara. Depois de Maria Helena Nazaré, a reitoria não voltou a ser assumida por nenhuma mulher, mas Isabel Alarcão repara que “não se pode tirar daí a ilação de que não houve mais reitoras por não haver mulheres capazes”. No ano de 2024, em Portugal, as mulheres representavam “48% da população ativa”, sendo que nas empresas a percentagem de emprego feminino era de 42%. O número desce ainda mais quando se analisam cargos de liderança. “Nas funções de direção geral, 16,9% são exercidas por mulheres e apenas 16,4% dos lugares nos conselhos de administração são ocupados por mulheres”, lê-se no estudo ‘Presença feminina nas empresas em Portugal’, divulgado pela D&B no passado dia 6 de março. Apesar desta realidade, Isabel Alarcão confidencia à Ria que “nunca sentiu nenhum problema por ser mulher”, mas partilha uma história que considera caricata e que teve como pano de fundo o facto de ser mulher. “Na altura, só o reitor e os vice-reitores é que presidiam aos júris de doutoramento e às provas de agregação (…) um dia, eu estava a coordenar o júri, em sessão pública, e já o tinha feito não sei quantas vezes (…) e, quando um dos professores que ia arguir a tese começou a falar, disse que tinha estranhado muito, mas com aspeto positivo, o facto do júri ser presidido por uma mulher”, conta a professora que, com a distância do tempo, revela ter feito um “esforço enorme” para não se rir. “Ainda havia alguém que se admirava por uma mulher poder presidir um júri de doutoramento (…) mas como digo: era um, num universo muito grande”, nota a professora. Eleições feitas, tomou posse em janeiro de 2002 Maria Helena Nazaré. Assumiu a reitoria durante oito anos, tendo terminado a sua missão já no ano de 2010. Estudou Física na Universidade de Lisboa e fez um doutoramento em Londres. Chegou à UA pela mão do professor Veiga Simão. “Eu era docente em Moçambique, na Universidade Eduardo Mondlane, porque o meu marido tinha sido mobilizado quando estava na guerra (…) e o professor Veiga Simão, na altura, andou pelas universidades a tentar recrutar pessoal docente para as novas universidades no Minho, em Aveiro, etc”, conta Helena Nazaré. “Eu apareci, ou tive acesso à universidade, numa altura negra para Portugal”, avalia a professora Helena Nazaré. “Estávamos na altura da Guerra Colonial, portanto, muitos colegas meus e muitos amigos da mesma idade ou não se formaram ou foram mobilizados e vieram traumatizados”, partilha. Este contexto, conta Helena Nazaré, resultou num menor “contingente de homens que estava habitualmente disponível para entrar nas filas de Ensino Superior”. “E isso teve como consequência (…) as mulheres ocuparem esses lugares”, relata. No momento das eleições para a reitoria foi motivada pelos colegas a assumir a missão. “Foi-me sugerido por vários colegas e outros professores que estava na altura de eu me candidatar à reitoria”, recorda Helena Nazaré. Antes da reitoria, a professora tinha já assumido o cargo de diretora do Departamento de Física da UA e de coordenadora da Unidade de Investigação Física de Semicondutores em Camadas, Optoelectrónica e Sistemas Desordenados. A par do apoio dos colegas, Helena Nazaré confidencia que foi o apoio familiar que permitiu desenvolver o trabalho como reitora durante oito anos. “Não vale a pena estar a dourar a pílula, não sou a supermulher e, portanto, se não fosse o apoio familiar, se calhar nem sequer me teria conseguido doutorar”, partilha a professora. “Eu tive muita sorte, porque o meu marido sempre foi, e ainda hoje é, o meu braço direito, o meu braço esquerdo, as pernas, tudo”, revela. “Não fosse esse apoio familiar, eu nunca teria conseguido fazer o que fiz”, reitera. A família via com orgulho o papel que desempenhava, embora por vezes mostrasse preocupação relativamente à carga de trabalho. “São sete dias por semana, semana após semana”, enfatiza. Dos desafios enquanto reitora, sente que nenhum adveio da condição de ter nascido mulher. “Houve desafios que tiveram de ser enfrentados, qualquer que fosse o género da pessoa que estava à frente da universidade”, revela. Cortes no orçamento, a questão das propinas, a adaptação dos currículos ao processo de Bolonha e a adaptação dos estatutos da Universidade [de Aveiro] ao Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES), que se encontra atualmente em processo de revisão, foram alguns desses desafios. Em nenhum desses momentos, afirma Helena Nazaré, se sentiu desvalorizada pelo facto de ser mulher. “Nunca senti isso dentro da Universidade”, reforça. Apesar disso, sente que o caminho para a paridade se está a fazer de forma lenta, deixando um apelo e incentivo “a todas as mulheres e a todos os homens, no sentido de que se caminhe mais rapidamente para a paridade”. “Faz-nos falta. Não é uma questão de as mulheres mandarem mais do que homens ou de os homens mandarem mais do que mulheres: é que, na situação em que nós estamos atualmente no mundo, é um disparate desperdiçarmos todos os esforços, toda a capacidade que existe no país. Se homens e mulheres trabalharem igualmente e puderem desempenhar todo o tipo de tarefas e que se vejam motivados para o fazer, o país cresce. É um disparate desperdiçarmos essa fortuna que nós temos”, reforça a professora. Em 2024, o ensino superior público em Portugal tinha, segundo dados da PORDATA,32.749 docentes, 47% dos quais mulheres. Na UA, no mesmo ano, existiam 1946 professores e investigadores. Desse universo, segundo dados enviados pela reitoria, cerca de 59% são mulheres. A percentagem é dez pontos maior quando analisamos a distribuição de género no Técnicos de Apoio à Gestão (TAG) – 69% são mulheres. Estão distribuídos pelos 16 departamentos que constituem a Universidade de Aveiro. Destes 16, apenas quatro têm uma mulher como diretora. Assim, apesar do número de pessoal docente do género feminino na UA ser globalmente acima dos 50%, apenas 25% dos diretores de departamentos são mulheres. Neste caso, são Maria de Fátima Lopes Alves, diretora do Departamento do Ambiente e Ordenamento, Ana Veloso, diretora do Departamento de Comunicação e Arte, Anabela Botelho Veloso, diretora do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo e Carla Alexandra de Figueiredo Patinha, diretora do Departamento de Geociências. Das quatro escolas da UA, Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologias da Produção Aveiro Norte (ESAN), Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESUA), Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) e Instituto Superior de Contabilidade e Administração (ISCA), nenhuma delas conta com uma mulher no cargo da direção. Ainda assim, dados fornecidos pela reitoria mostram que desde 2018 no ensino politécnico a assimetria que se verificava relativamente ao número de docentes mulheres em 2018 foi revertida. “Havia uma diferença de dez pontos percentuais favoráveis aos homens”, realidade que em 2024 já não se verificava, existindo “apenas dois pontos percentuais de diferença, favoráveis às mulheres”, conclui a reitoria. Relativamente aos professores associados e catedráticos, no subsistema politécnico, “as conclusões são semelhantes”. Os professores catedráticos universitários na área das engenharias, apesar de existirem “mais homens do que mulheres, em 2018 a percentagem de mulheres que eram associadas ou catedráticas era superior à percentagem de homens (46% vs 38%)”. Em 2024, os valores inverteram-se, registando-se uma diferença de apenas “um ponto percentual, favorável aos homens” lê-se nos dados cedidos pela reitoria. “Nas ciências sociais, artes e humanidades, também houve atenuação da assimetria”. Em 2018 existiam 28% de docentes do gênero masculino associados e catedráticos e, na mesma situação, 23% do gênero feminino. “Em 2024 a diferença era de apenas dois pontos (45% vs. 43%)”, lê-se. Relativamente aos cargos de professores catedráticos, a reitoria assume que ainda há “caminho a percorrer”. “Quando se compara a fração de professores catedráticos, no universo dos homens, com a fração de professoras catedráticas, no universo das mulheres, a balança inclina-se para o lado dos homens”, lê-se nas conclusões. “Contudo, a diferença está a diminuir: em 2018 era de 10 pontos percentuais a favor dos homens (14% vs. 4%), em 2024 registou-se um aumento de cinco pontos percentuais relativamente às mulheres, tendo os homens registado a mesma percentagem (14% vs 9%). Alexandra Queirós, vice-reitora com a pasta das políticas para a cultura e a vida nos campi entrou na reitoria em 2018, ano da elaboração do Plano de Igualdade de Género da Universidade de Aveiro. O seu percurso académico e profissional foi traçado na área das tecnologias da saúde, e afirma que a nível pessoal “nunca sentiu entraves”, contudo admite saber que “podem acontecer e são reais”. “Comecei como professora adjunta, depois passei a professora coordenadora, nunca senti, efetivamente, que o facto de ser mulher poderia - ou era - um entrave, ou que foi mais difícil para mim chegar onde cheguei por ser mulher, mesmo estando na área das tecnologias”, admite Alexandra Queirós. Um dos principais entraves que identifica é mesmo a “conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar”. Esta realidade é também demonstrada em estudos que mostram que “grande parte do trabalho não-remunerado (tarefas domésticas e de cuidado)” continuam a recair sobre as mulheres. Em 2022, o Boletim Estatístico para a Igualdade de Género em Portugaldava conta, precisamente, de que “a responsabilidade das tarefas domésticas continua a recair sobre as mulheres”. Alexandra Queirós refere que esta conciliação entre a vida profissional e pessoal é “uma questão cultural que está a mudar aos poucos” e assume que “estes planos que se vão construindo (…) tem um contributo muito importante”. “Nós [UA] agora já somos certificados pela norma de conciliação da vida familiar e profissional”, sublinha. O objetivo do Plano de Igualdade de Género da UA é mesmo a de se construir “uma comunidade que siga os princípios da igualdade e que não discrimine ninguém. É óbvio que tem um traço muito vincado no que diz respeito a esta questão da igualdade de género, por todos os motivos, porque há orientações (…) que nos obrigam a ter este plano, mas aqui não foi uma questão até de obrigação, foi uma questão da própria Universidade que sentiu que era necessário ter esse plano que queremos [continuar a] desenvolver e a atualizar”, refere a vice-reitora. Nas 20 unidades de investigação existentes na UA, sete contam com a coordenação por parte de uma mulher, o que equivale a uma percentagem de 35%. Mas se há mais estudantes do género feminino a entrar no ensino superior – inclusive na Universidade de Aveiro – por que razão as mulheres continuam a não estar representadas proporcionalmente em cargos de liderança? Quem nos responde a esta questão é Teresa Carvalho, uma das sete mulheres que coordenam uma unidade de investigação na UA. É investigadora e coordenadora do Centro de Investigação de Políticas de Ensino Superior (CIPES), professora catedrática no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território (DSCPT) e a coordenadora responsável pelo Plano de Igualdade de Género da Universidade de Aveiro. “Há vários fatores que justificam”, começa por revelar a investigadora. Agrega-os em fatores sociais e culturais, fatores individuais e fatores relativos ao funcionamento das instituições. Teresa Carvalho sublinha que continua a existir uma sociedade patriarcal e, em sequência disso, há uma naturalização da “associação que nós fazemos entre poder e masculinidade”. “O próprio funcionamento da instituição muitas vezes leva a esta reprodução e a uma menor participação das mulheres”, destaca Teresa. Em 2018 a Universidade criou o Plano de Igualdade de Género. “De facto, a Universidade de Aveiro tinha alguns aspetos bastante positivos: nós fomos a primeira universidade em Portugal a ter uma mulher reitora, o que já indicia, de facto, uma certa abertura para as questões da inclusão e da igualdade de género”, alerta a professora Teresa Carvalho. Foram identificadas, contudo, “duas grandes tendências: uma, que a literatura identifica como a segregação horizontal” que desagua “no outro fenómeno (…) que é o fenómeno da segregação vertical”, identifica a investigadora. A segregação horizontal verifica-se, segundo Teresa Carvalho, nas “escolhas em termos das áreas de investigação e de ensino, que continuam a ser muito marcadas pelo género”, identifica a professora. As raparigas tendem a escolher áreas “mais próximas da noção de cuidar e (…) mais próximas da esfera privada (…) enquanto as áreas tecnológicas e das engenharias estão mais associadas ao masculino e, portanto, os rapazes tendem também a escolher mais”, aponta Teresa Carvalho. Esta escolha reflete-se depois em assimetrias em cargos de tomada de decisão, a tal segregação vertical. Com o Plano de Igualdade de Género, o “grande objetivo teve a ver exatamente com essa mudança, no sentido de estimular uma maior participação das mulheres nos processos de tomada de decisão na instituição”, revela Teresa Carvalho. Na academia, Joana Regadas, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) parece ter conseguido quebrar o padrão. Em 2024 a Universidade contava com 16 899 estudantes, distribuídos pelos vários ciclos e incluindo os estudantes de cursos de Especialização e de Cursos Técnicos Superior Profissionais (TeSP). Deste universo, 51% pertencem ao género feminino e apenas nos TeSP se verifica uma percentagem abaixo dos 50% referentes a estudantes mulheres. Pela primeira vez em 19 anos, a AAUAv volta a ter uma mulher sentada à cadeira da presidência da direção e na estrutura, avança Joana, 53% dos núcleos são liderados por mulheres. As equipas da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal e de Jurisdição são compostas por 15 estudantes, dez das quais são estudantes do género feminino (66,66%). A Direção, para além de Joana, é composta por 24 estudantes, sendo 12 do género feminino. Estes números, revela Joana, não foram um “esforço impositivo”. “Foi algo que aconteceu de forma natural e acho que isto é o melhor que podemos ver”, repara. “Temos uma equipa muito boa, (…) ser mulher ou não ser mulher não é um facto: não é dentro destas portas que sinto estas diferenças”, afirma Joana Regadas. As diferenças são sentidas “lá fora”. “Por ser mulher acho que as expectativas são um bocadinho diferentes do que são as dos homens. É cultural. É a mesma coisa que eu sinto (…) quando vou às aulas: é esperado que a minha organização e o meu desempenho académico sejam diferentes do que o de um rapaz”, admite a dirigente da AAUAv. Depois de tomar posse, Joana Regadas afirma que espera ser uma inspiração para outras estudantes. “Na altura, quando fui eleita, e também agora que tomei posse, recebo muitos comentários de mulheres que passam por mim, que se identificam e que ficam muito felizes por desmistificar isto que era, desde há 19 anos, uma casa que não era liderada por uma mulher”, refere. “Desde que entrei aqui [UA ] posso dizer (…) que os momentos em que me senti mais discriminada, sofri assédio e me senti mais desvalorizada, foi a partir do momento em que entrei para o associativismo, não foi fora dele”, continua Joana Regadas. Atualmente, a nível nacional o movimento académico tem apenas duas mulheres a liderar: Joana Regadas, por Aveiro e Ana Beatriz Calado, por Évora. “É importante celebrar o passado e marcar dias importantes para que não sejam esquecidas as referências e as lutas que foram feitas para se conseguir chegar à atualidade. Eu espero que chegue o dia em que o Dia Internacional da Mulher não seja celebrado só para relembrar as conquistas que foram feitas, para pedir mais e para alertar para as injustiças que ainda existem. Atualmente é ainda muito celebrado pelas duas coisas” colmata Joana Regadas.
Casa da Música celebra mulheres na música com ciclo de concertos que se inicia no sábado
De acordo com a Casa da Música, em comunicado, a compositora parisiense do século XIX Augusta Holmès, “quase remetida ao esquecimento, renasce nos concertos deste ciclo”, ao lado de “figuras grandes do panorama internacional”, como a maestrina Ustina Dubitsky e a pianista Yeol Eum Son, e da música de compositoras como Yiran Zhao, Olga Neuwirth, Lili Boulanger, e da compositora em residência na presente temporada, Liza Lim, “ela própria evocando a poeta grega Safo”. No ciclo “Mulheres na Música” surgem também representados “homens que refletiram sobre figuras femininas”, como Leoš Janáček, que contou a história trágica de Jenufa, uma mulher amada por dois homens, Beethoven, que teve em Leonora a protagonista da ópera “Fidelio”, e Mark-Anthony Turnage, que escreveu uma ópera sobre a “figura trágica” da atriz e modelo Anna Nicole Smith ("Anna Nicole", estreada em 2011 na Royal Opera House). O ciclo abre no sábado com o programa "Tchaikovski, primeiro concerto", em torno do primeiro Concerto para piano e orquestra do compositor russo, com a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música a ser dirigida pela maestrina assistente da Orquestra Gürzenich de Colónia, Ustina Dubitsky, com a pianista Yeol Eum Son, como solista. Além do primeiro concerto, a pianista irá interpretar duas peças da compositora francesa Lili Boulanger, “D’un matin de printemps” e “D’un soir triste”, assim como “Jenufa-Rhapsodie”, do compositor checo Leoš Janáček. Ainda no sábado, acontece “XX”, um concerto “totalmente no feminino, que celebra tanto o passado como o futuro da música eletrónica e o seu impacto ao longo dos quase 20 anos de atividade da Casa da Música”. O programa deste concerto inclui obras de compositoras de várias gerações, “desde as pioneiras da música eletrónica, como Delia Derbyshire e Daphne Oram, passando por compositoras que estiveram em residência na Casa da Música, como Kaija Saariaho e Unsuk Chin, até jovens compositoras portuguesas, como Ema Ferreira e Francisca Martins (COW Shift Z)”. O ciclo prossegue no dia 14 de março com “Uma noite de Amor”, programa no qual a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música oferece “três distintas representações do feminino, acrescentando-lhes a flautista Ana Maria Ribeiro, na interpretação de uma obra concertante central no repertório do instrumento”, o Concerto para flauta e orquestra, de Carl Reinecke. No dia 16 de março, haverá “Contos de Ravel”, um concerto comentado, com a Orquestra Sinfónica, sob a direção do maestro Nuno Coelho, no qual serão interpretadas peças de Augusta Holmès ("La nuit et l’amour") e de Maurice Ravel ("Ma mère l’oye"). Em 18 de março, o Quatuor Agate apresenta “Outlaws”, que junta “música e as histórias de artistas considerados ‘fora da lei’, pelo seu distanciamento das normas musicais ou sociais do seu tempo”, como Carlo Gesualdo, Ethel Smith e Dmitri Chostakovitch. O concerto “Cinderella(s?)” marca a estreia em Portugal das peças “Texan Tenabrae”, da ópera “Anna Nicole”, de Mark-Anthony Turnage, e “Sappho/Bioluminescence", de “Annunciation Tryptich”, de Liza Lim. No concerto, no qual é ainda apresentada a “Suite de Cinderella”, de Prokofieff, a Orquestra Sinfónica é dirigida pelo maestro Ludovic Morlot, titular da Sinfónica de Barcelona e aclamado pelo seu percurso histórico como diretor musical da Sinfónica de Seattle. O ciclo “Mulheres na Música” termina em 25 de março com “Do Cabaré ao Barroco”, “um programa totalmente constituído por estreias em Portugal, incluindo a primeira audição mundial de uma obra de Yiran Zhao”, "the unreachable shore", uma encomenda da Casa da Música. Neste concerto, que inclui também obras de Olga Neuwirth ("Hommage a Klaus Nomi") e Liza Lim ("Speak, be silent", o Remix Ensemble Casa da Música interpreta também pela primeira vez o compositor Jo Kondo ("Albizzia").