Filas na Cantina de Santiago chegam a uma hora de tempo de espera e preços vão aumentar
O campus da Universidade de Aveiro (UA), em Aveiro, conta com dois espaços de serviço de refeição social: a Cantina de Santiago e a Cantina do Crasto. Nestas duas unidades alimentares geridas pelos Serviços de Ação Social da Universidade de Aveiro (SASUA), o preço praticado na refeição social é de 2,65 euros para estudantes. Na segunda semana de aulas, a cantina mais central - a de Santiago - registou uma fila com tempo de espera de cerca de uma hora, o tempo que a maioria dos estudantes da academia aveirense possuem para almoçar, segundo os mesmos.
Ana Patrícia Novo
JornalistaFaltam dez minutos para as 13h00. A Ria decide juntar-se aos estudantes que estavam na fila para a cantina, na Zona Técnica Central [Catacumbas]. Somos, por breves instantes, os últimos na fila. A chuva vai caindo e os estudantes vão chegando. Júlia Ferreira e Tânia Costa frequentam o segundo ano do curso de Administração Pública e são duas dessas estudantes. “É uma situação recorrente”, refere Júlia. “É sempre assim. A esta hora a fila está sempre assim e, às vezes, até chega a dar ali a volta e temos que nos enrolar naquele canto”, descreve Tânia. A situação, garantem, é “normal” e até “calma”, em comparação com outras situações já vividas.
A Ria foi falar com os SASUA que garantem que estão a par da situação. João Ribeiro, o diretor delegado destes serviços, afirma mesmo que o problema “já é recorrente e antigo”. As cantinas recebem, neste momento, números “superiores a 1000 estudantes à hora do almoço” e “cerca de 500 à hora de jantar”, afirma o diretor. A tendência, assume, é que os números venham a aumentar.
Como causas para o problema, João Ribeiro refere que os SASUA estão “limitados pelos recursos” e “pela antiguidade do edifício”. A Cantina de Santiago está “dimensionada para 800 refeições por hora”, revela João Ribeiro. “Se nós tivermos 2500 alunos a virem, entre as 13h00 e as 14h00, é impossível [evitar a fila]”, lamenta o diretor delegado.
A solução passa então por escoar os estudantes. O alargamento do horário de funcionamento das cantinas, bem como a alteração dos horários das aulas dos estudantes, para prevenir os fluxos, foram então algumas das soluções encontradas e já implementadas. Segundo João Ribeiro, essas alterações já foram introduzidas, em articulação com a reitoria, mas levaram a um novo desafio a ser superado. “Foi um grande esforço, em termos de articulação de todo o processo de preparação das refeições, para conseguirmos abrir mais cedo”, desabafa o diretor delegado. A cantina passou então a abrir mais cedo, às 11h45, e a fechar às 14h30. Isso, explica, “criou um problema que também já resolvemos”: o descanso dos operacionais.
Wilson Carmo, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) reconhece também que a “redução de staff” é problemática. “Mas isso para os estudantes [que estão na fila] não importa”, refere o dirigente associativo. Apesar de expressar compreensão pela falta de operacionais, sublinha que “a UA tem de garantir que os estudantes conseguem aceder à refeição social na sua hora de almoço”.
Na fila, as estudantes de Administração Pública alertam ainda para um outro problema: o não funcionamento – ou o mau funcionamento – das máquinas para carregar os cartões. “Muitas vezes temos de pagar a refeição normal, sem ser ao preço de estudante, porque não temos o cartão carregado, o que não faz sentido nenhum: a culpa não é nossa de as máquinas não estarem a funcionar”, refere Júlia Ferreira.
“O Crasto é a solução”
A Cantina de Santiago, mais central no campus, atrai para si a maioria dos estudantes. “Eu não vou lá à cantina [do Crasto] porque fico na biblioteca e dá-me mais jeito ficar aqui nesta cantina” referem as companheiras de fila do mesmo curso. “Até porque temos aulas aqui no departamento 12”, concluem.
João Ribeiro alerta que com a Cantina do Crasto “o serviço está duplicado” O edifício não tão central tem capacidade para servir “mil e tal” refeições por hora. “Estamos a falar de outra dimensão” diz. “O Crasto é a solução. O Crasto evita isto [as filas]”, refere o diretor.
“A nossa função é avaliar continuamente e tentar encontrar soluções para que se resolva este problema. Já o fizemos no passado, temos um novo problema, vamos tentar implementar novas”, começa por dizer João Ribeiro. O diretor refere-se às bicicletas que estão disponíveis à comunidade académica. O objetivo é atrair os estudantes à Cantina do Crasto através da diminuição do tempo de viagem. João Ribeiro adianta que, por enquanto, há cinco bicicletas disponíveis. A curto prazo o objetivo é “disponibilizar mais”. Já a médio e longo prazo o diretor acredita que a solução pensada “vai criar uma coisa: provavelmente o hábito das pessoas irem ao Crasto”.
Dinis Sampaio, estudante do primeiro ano da licenciatura de Engenharia Aeroespacial, chegou recentemente à academia aveirense. Para ele ir ao Crasto é uma opção “num dia normal, se a fila estiver grande”. “Principalmente se for de bicicleta - não demoro muito”, salienta. Nos dias de chuva, no entanto, admite, que a Cantina do Crasto “até poderia ter uma fila menor”, mas a ideia de “enfrentar o tempo de chuva, ficar todo ensopado para ir comer e voltar” não é algo que esteja disposto a enfrentar.
O presidente da AAUAv acredita também que a solução das bicicletas é “uma medida interessante”. Contudo, alerta que é uma medida que apenas “faz sentido na teoria, porque na prática não será suficiente o número de bicicletas que estamos a falar”. “Há cinco estudantes que podem ir e voltar de forma mais célere, mas são só cinco de cada vez”, refere.
Wilson Carmo aponta outras soluções para a diminuição do tempo da fila de espera na cantina. Refere já ter sugerido “mais agilidade das linhas, nomeadamente com a colocação de mais caixas de pagamento, de forma a acelerar o fluxo das pessoas”. Outras das medidas que sugere é a “preparação prévia dos tabuleiros”, evitando “o tempo que os estudantes demoram a pegar no tabuleiro, na proteção do tabuleiro, nos talheres, nos guardanapos, etc”. “Sei que estamos a falar de pequenos segundos, mas quando falamos em centenas de refeições servidas é muito tempo de espera”, conclui.
Aumento do preço da refeição social está em cima da mesa
O preço da refeição social na UA, apesar de fixada atualmente a 2,65 euros, vai sofrer alterações. O diretor delegado dos SASUA assume que está previsto um aumento de 15 cêntimos. O novo valor de 2,80 euros, assume, deveria ter entrado em vigor no início deste ano letivo. João Ribeiro justifica que a medida se deve, “ao valor da inflação”.
A medida foi contestada pela direção da AAUAv. “Fomos contra”, refere Wilson Carmo. “Estes 15 cêntimos por refeição, tendo em conta o número das refeições totais servidas, resultará num aumento das receitas dos SASUA, claro que sim, mas não terá um impacto tão significativo que justifique esta alteração do preço”, argumenta. O presidente assume, contudo, que quando confrontados com a votação, em reunião do Conselho de Ação Social, e apercebendo-se de que não conseguiriam travar o aumento, decidiram criar uma salvaguarda. “Fizemos uma proposta de haver um prato simples que componha então o prato (a proteína, os hidratos e a salada) e o pão”, refere. Esta refeição, mais simples, teria o custo de 2,20 euros e, na sua visão, é uma medida que se justifica porque “há muitos estudantes que optam, muitas vezes, por não terem uma sopa ou por não terem uma sobremesa ou os dois e, portanto, têm aqui a oportunidade, se quiserem, de ter uma refeição mais barata”. “Não é completo, como a refeição com a sopa e sobremesa”, admite, “mas é uma solução para que os estudantes tenham sempre, pelo menos, a possibilidade de ter uma refeição ao almoço e ao jantar, contornando o aumento dos preços”.
Com ou sem aumento do preço da refeição social, as filas continuam a crescer. O tempo vai passando e são vários os estudantes que desistem de ficar na fila da cantina. Passeiam pelo campus com sandes de panado na mão. “Se voltarmos daqui a uma hora isto está vazio, mas temos que ir para as aulas”, vai-se ouvindo.
Recomendações
GrETUA apresenta programação trimestral “em torno da palavra desejo”
Depois de estrear em maio com “recorder” - o espectáculo que resultou do Curso de Formação Teatral de 2024/2025 - o GrETUA quer que a restante programação do trimestre orbite “em torno da palavra desejo”. “Numa altura em que as distopias de ontem continuam a transformar-se na paisagem que nos envolve, acreditamos que a sustentabilidade do futuro depende cada vez mais da nossa capacidade de continuar a desejar: imaginar o que não vemos, mas que é preciso encenar”, atenta o editorial enviado à Ria. Para tal, o GrETUA pretende, em cena e fora de cena, “inventar novas maneiras de sermos muitos” e “fazer do encontro um gesto radical”. “Na pista de dança suar até nos fundirmos com a batida, no ecrã do cinema iluminar o pluralismo das experiências, multiplicar as possibilidades do prazer. E em todos os instantes, abrir espaço para o toque e a escuta. Trabalhar na construção de uma intimidade comum”, explica. O grupo adianta ainda que, ao longo deste trimestre, vai recuperar uma das descobertas que fez ao digitalizar o arquivo do GrETUA para o documentário que estreou este ano, “Antes de Mais, Parabéns Atrasados”. “Falo do mantra que o encenador Rui Sérgio, e um dos fundadores do GrETUA, gritava aos atores em 1994, momentos antes da estreia do espetáculo “Cabaret Cibernético”: «Tesão, tesão, tesão! Para além da concentração!»”, esclarece. A programação trimestral prossegue assim esta sexta-feira, 23 de maio, com o concerto de emmy Curl, pelas 22h00. Já na próxima segunda-feira, 26 de maio, pelas 21h00, o GrETUA inicia a “Anatomia da Transgressão”. Um ciclo de cinema que pretende investigar “o corpo como espaço político, ficcional, íntimo e indisciplinado”. Dividido em três momentos, o primeiro iniciará com uma “sessão de curtas queer portuguesas, que são quatro contra ficções visuais capazes de pôr em questão os modos dominantes de ver e fantasiar sobre outras possibilidades de toque e cuidado”. Segue-se no dia 9 de junho o embate frontal com “Crash” (1996) de David Cronenberg, “um clássico da pulsão, do corpo-máquina, do prazer entre o aço e a carne”. A terceira sessão acontece no dia 23 de junho com o delírio poético e sensual de “O Lado Obscuro do Coração” (1992), “onde o amor e a morte dançam em espiral para lá dos limites do real”. Antes e depois das sessões, estará em exibição a peça de videoarte "The Kiss" (2020), de Miguel De. “Numa espécie de subversão da moral do obsceno e do sexo explícito, Miguel De constrói o seu filme a partir de fragmentos de cinema pornográfico hardcore, escolhendo apenas os planos de beijos. A obra pisca o olho a The Kiss (1896), de William Heise — um dos primeiros filmes comerciais da história do cinema, escandaloso na altura por mostrar um beijo explícito”, realça a nota. A “Anatomia da Transgressão” tem um custo de dois euros para estudante e de três euros para o público em geral. No dia 30 de maio, a caixa negra recebe, pelas 22h00, uma “noite de viagens musicais sem passaporte”, desta vez, com Mohammad Syfkhan, músico curdo-sírio radicado na Irlanda, e com Tangolo Mangos, diretamente da Bahia. A fechar a noite segue-se Graça, cidadão do mundo e navegador de sonoridades, que levará o público em rota livre entre géneros e geografias, com o corpo em constante rotação. O espectáculo tem um custo de seis euros para estudante e de não estudante de oito euros com reserva. À porta, o bilhete passa a ter um custo de oito euros para estudante e de não estudante de dez euros. De 30 de maio até 28 de junho estará ainda em exibição na nova galeria suspensa – “nas caixas de luz que pairam no foyer” - a exposição “até que tudo fique claro” de Isabel Medeiros”. A mostra foi batizada com as “palavras bonitas que o David Calão escreveu para ‘recorder’, já que os dois trabalharam sobre a memória e o desejo de ver para lá da superfície dos registos”. “Os fungos que cresceram no arquivo físico da erupção do Vulcão dos Capelinhos (1957, Ilha do Faial) deterioraram as imagens, transformando-as, tal como o tempo alterou a memória de quem a viveu. O arquivo surge não como prova, mas como evidência do esquecimento, manifestado na sua própria deterioração. As imagens contaminadas revelam um outro tipo de verdade: a da memória simultaneamente em ruína e em construção”, lê-se na sinopse. Este primeiro ciclo – com uma exposição por trimestre- encerrará com uma conversa, pelas 19h00, entre Isabel Medeiros e David Calão. A entrada é livre. No dia 10 de junho, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 17h30, segue-se ainda uma oficina gratuita de VJing com Resolume Arena, com Ricardo Jorge. “Toda a gente quer servir o seu untz untz, mas será que sabem o que é preciso para o ecrã dançar a par da pista? Querem dar show, nós queremos um bocadinho mais de charme. Mas como não somos maus de todo, damos uma ajuda para subir a fasquia”, sintetiza a nota. Assim, nesta oficina, Ricardo Jorge, conhecido por outros como Moho, irá “ensinar a levantar o padrão”. “Propomos um primeiro contacto com o Resolume Arena, ferramenta de eleição para performance visual ao vivo. Exploraremos as bases: linguagem do software, lógica da interface e a viagem do sinal, do ecrã do computador ao projetor, ao LED, ao espaço”, completa. Logo após quatro dias, pelas 22h00, segue-se um novo espectáculo musical com “The Journey to Pleasure Drone”, uma criação de Gil Mac e Henrik Ferrara. “Um mergulho sonoro e musical, entre música eletrónica, performance e dança”, resume. Também “Moho” regressará nessa noite. “Musicalmente, inspira-se em espécies ameaçadas e extintas para criar viagens sonoras profundas e hipnóticas. Fundo do oceano, cume da montanha ou outras descrições vagas que nunca desiludem”, avança a nota. O evento resulta de uma parceria entre o GrETUA e o Núcleo de Estudantes de Engenharia de Computadores e Telemática (NEECT) e tem um custo com reserva de seis euros para estudante e de não estudante de oito euros. À porta, o bilhete tem um custo de oito euros para estudante e para o público em geral de dez euros. No dia 21 de junho, pelas 23h50, a programação prossegue com os “Sleep Stages: concertos para dormir, com Coldest Winter e usof”. O GrETUA, em parceria com a Universidade de Aveiro e o 23 Milhas, volta a abrir espaço para o sono e para tudo o que nele acontece. “Trocamos o ruído pelo murmúrio, a pressa pelo embalo e deixamos que a música nos guie ao longo de oito horas ininterruptas, desta vez com Coldest Winter e usof ao comando. Quem vem, traz a almofada e a disposição para dormir ou não. Quem recebe, garante o colchão e o pequeno-almoço, para que acordemos juntos, a partilhar o que ficou na cabeça e o que se dissolveu no sonho. O resto? Está por vir. É fechar os olhos e deixar-se levar”, realça. Na nota, o GrETUA recorda ainda que o público deverá ocupar os colchões disponibilizados pela organização e que fica ao encargo dos participantes “trazer saco-cama ou outros elementos para pernoitar no espaço”. A reserva tem um custo de 14 euros. A encerrar este trimestre estará a residência artística “Bright Horses” de Carminda Soares e Maria R. Soares. De 3 a 7 de julho, “Bright Horses” é uma peça para seis intérpretes — três duplas de irmãos gémeos — que faz uso de dinâmicas internas e familiares para refletir criticamente sobre a competição na sociedade capitalista atual. “Trazendo a experiência real para palco através do seu elenco, desenvolvem-se três diálogos coreográficos entre irmãos que se posicionam em territórios que evocam disputa, agressão, luto, despedida, afeto e ilustram a complexidade das relações familiares como microcosmos de dinâmicas sociais mais ampla”, finaliza. Todos os bilhetes e reservas podem ser efetuados em gretua.pt.
emmy Curl leva “Pastoral” à caixa-negra do GrETUA esta sexta-feira
Após cerca de um mês e meio dedicados à produção teatral, os concertos regressam ao GrETUA pela mão de uma artista cuja passagem pela cidade de Aveiro foi determinante, já que foi nesta cidade que se lhe viram dar os primeiros passos enquanto música. emmy Curl é um heterónimo de Catarina Miranda Trindade, uma das primeiras produtoras musicais femininas portuguesas. Multi-instrumentista, compositora, produtora, artística plástica e 3D, realizadora de vídeos e canta-autora. Esta sexta-feira traz no reportório o álbum com que ganhou o Prémio José Afonso 2025, “Pastoral”, uma homenagem ao folclore português e “uma celebração de coragem e amor em tempos difíceis”. As portas abrem às 21h30 e o concerto começa às 22h00. Os bilhetes podem ser adquiridos aqui. A programação trimestral do GrETUA prossegue no dia 30 de maio numa noite tripartida entre os brasileiros Tangolo Mango, o sírio Mohammad Syfkhan e as músicas de todo o mundo do DJ Set do Graça, que encerrará o mês de maio na caixa-negra do GrETUA.
Estudante de Bioquímica vence Concurso de Previsão Eleitoral promovido pelo DCSPT, Ria e AAUAv
O grande vencedor foi Bruno Tiago, estudante do 2.º ano da Licenciatura em Bioquímica da UA, cuja previsão obteve o menor erro global face aos resultados oficiais, de acordo com o Índice LSq (Least Squares) - o modelo estatístico utilizado para avaliar a precisão das respostas. Bruno Tiago estimou que a AD – Coligação PSD/CDS alcançaria 31,1% dos votos (32,7% oficiais), o PS 25,5% (23,4% oficiais) e o Chega 23,7% (22,6% oficiais). Para a Iniciativa Liberal previu 7,1%, mais 1,6% do que o resultado final, e para o Livre 5,0%, também acima dos 4,2% obtidos nas urnas. Já o PAN foi estimado em 1,5% (1,4%) oficiais, enquanto o Bloco de Esquerda e a CDU foram previstos com 3,0% e 2,0%, respetivamente (valores próximos dos 2,0% e 3,0% oficiais). O seu índice LSq foi de apenas 2,59, o mais baixo do concurso e explica-se em boa parte por ter sido um dos participantes que submeteu uma previsão do resultado eleitoral do Chega mais próxima do resultado oficial. No segundo lugar ficou João Abreu, cuja previsão indicava 33% para a AD, 25,4% para o PS e 20,2% para o Chega. A IL foi estimada em 7,3% e o Livre em 4,1%. Já o BE, CDU e PAN foram previstos com 2,1%, 3,6% e 1,2%, respetivamente. Com um índice LSq de 2,60 ficou a escassos centésimos do primeiro lugar. Luís Simões completou o pódio, com uma previsão de 33,1% para a AD, 25,4% para o PS e 19,7% para o Chega. A sua estimativa para a IL foi de 6,3%, para o Livre 5,1%, para o BE 2,9%, para a CDU 2,8% e para o PAN 0,9%. O seu índice LSq finalizou nos 2,75. Destaca-se ainda a menção honrosa para Miguel Viegas, docente e investigador do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da Universidade de Aveiro (DEGEIT-UA), que foi o grande vencedor da previsão para os resultados eleitorais do círculo de Aveiro. Para a organização “este concurso foi uma excelente forma de envolver a comunidade UA num exercício de literacia democrática, estatística e política. O número e a qualidade das participações superaram largamente as expectativas". Os três primeiros classificados receberão vales FNAC no valor de 100€, 50€ e 20€, respetivamente. A classificação geral do Concurso de Previsão Eleitoral pode ser consultada aqui. Bruno Tiago, estudante do 2.º ano do curso de Bioquímica da UA foi o grande vencedor do concurso de previsão eleitoral das Legislativas 2025. Apesar de não ter formação na área das ciências sociais ou políticas, Bruno Tiago destacou-se pela precisão das suas previsões. “Eu não tive propriamente pontaria. Aquilo que eu lá coloquei nas minhas previsões foi aquilo que eu realmente achava que era”, afirmou, explicando que se guiou por uma análise pessoal da tendência de subida ou descida dos partidos com base nos últimos resultados das eleições legislativas de 2024. “Comecei a fazer e guiei-me pela subida ou descida dos partidos”, acrescentou. Neste seguimento, admite que não esperava vencer: “Não, claro que não”, assegurou. Em entrevista à Ria admitiu ainda que a participação no concurso ocorreu por mero acaso motivado pelos colegas na biblioteca. “Eu já tinha visto o email e achei interessante. Entretanto passou e não cheguei a participar. Um dia estava na biblioteca com os meus amigos e eles estavam a preencher o formulário e decidi fazer com eles”, contou. Numa análise crítica aos resultados das eleições, Bruno destacou a subida do partido Chega como um ponto negativo. “Eu destaco a subida do Chega como um ponto negativo. No entanto, existem jovens que gostaram que o Chega tivesse aumentado o número de deputados no Parlamento”, afirmou, acrescentando que, por outro lado, viu com bons olhos o desempenho do Livre. “Como um ponto positivo, acho que posso dar como exemplo a subida de deputados do Livre. Acho que é um partido íntegro e que mereceu ter aumentado o número de deputados”, opinou. No final, questionado também sobre o alegado desinteresse dos jovens pela política, o estudante defendeu uma visão mais complexa. “Eu acho que existem as duas versões. (…) Eu sinceramente creio que o desinteresse que muitos dos jovens têm é por não se sentirem representados na política. Na representatividade daquilo que os jovens querem para os seus futuros”, exprimiu.
UA realiza encontro sobre sustentabilidade para promover o “espírito da partilha de conhecimento”
Ana Lillebø, vice-reitora para a Promoção da Qualidade, Comunicação, Eficácia e Eficiência da Universidade e a Sustentabilidade Ambiental dos Campi na UA foi a responsável por fazer a sessão de apresentação, bem como o primeiro plenário. Com o tema “Sustentabilidade: conhecer para transformar”, fez questão de abrir o debate ressaltando que o ato de transformar “não depende apenas do conhecimento, mas também da capacidade de interiorizá-lo e colocá-lo em prática”. Em entrevista à Ria, Ana Lillebø foi de encontro a esta ideia realçando que este terceiro encontro mantém, precisamente, esse “espírito da partilha de conhecimento”. “O objetivo é que nós possamos, de uma forma coletiva, interiorizarmos esse conhecimento e depois já é uma opção pessoal. Para transformar nós temos de conhecer, temos de ter informação para as nossas escolhas e para as nossas opções”, explicou. Questionada sobre como sobre pode a UA continuar a transformar, a vice-reitora sublinhou que passa por “várias medidas”. “Uma delas passa logo ao nível do plano estratégico do sr. reitor, que é muito claro nas questões da sustentabilidade e no facto de ser um desígnio de todos. (…) Cabe-nos a nós, e a mim em particular, com a responsabilidade da sustentabilidade nos campi promover as ações, este tipo de reuniões, envolvendo toda a comunidade para mostrar o que melhor se faz na Universidade”, realçou. “Há muita coisa que se faz em grupos mais pequenos [na UA], mas depois nós temos tanta informação e somos bombardeados com tantas notícias que às vezes temos dificuldade em acompanhar tudo o que se passa”, continuou Ana Lillebø. Ao longo do encontro foram apresentados vários projetos que têm vindo a ser desenvolvidos em prol da sustentabilidade. Um deles foi a plataforma UA-Nature. Um projeto, disponível online, que pretende dar a conhecer a biodiversidade e a geodiversidade nos campi e que, atualmente, conta já com “180 espécies introduzidas”. “Esta plataforma, na verdade, começou a ser trabalhada há mais de um ano. Houve uma parte de conceptualização (…) e só depois é que fomos construindo [a plataforma]. Claro que começámos pelas plantas e arbustos (…) e depois fomos envolvendo outros elementos para poder integrar os diferentes elementos da coleção. Numa fase mais avançada fazia todo o sentido incluir a geodiversidade”, sintetizou, realçando ainda que este é um “processo em construção”. “Nós não temos o exclusivo das ideias e o próprio livro é permeável a sugestões. O único critério é que toda a informação que seja disponibilizada esteja validada cientificamente, como ocorrendo nos campi da UA”, avançou a vice-reitora. De forma a tentar assegurar que a plataforma “não se extingue nestes próximos quatro anos” e que possa ser do domínio público – “para a comunidade UA, mas também para fora da comunidade UA”- o projeto estará associado aos serviços da biblioteca, informação documental e museologia da UA. “Esse foi um dos critérios para escolhermos a biblioteca porque é dos serviços que serve não só a comunidade UA, mas toda a comunidade. (…) Já existe uma coleção do espólio não literário que se chama MusA”, apontou. Numa etapa final do encontro, Ana Lillebø deixou ainda o desafio à comunidade UA de continuar a participar nesta missão da sustentabilidade. Interpelada pela Ria sobre como o podem fazer? A vice-reitora respondeu: “partilhando as iniciativas”. “Há muitas iniciativas muito interessantes, quer da associação académica, dos núcleos de estudantes, quer dos serviços da UA”, considerou, relembrando que a sustentabilidade “é um desígnio de todos”. “Um desse exemplo é o da plataforma [UA Nature], que envolve os vários departamentos, os estudantes, os serviços da UA, os serviços de comunicação, por causa dos logos, os serviços técnicos, por causa dos levantamentos, os sTIC, por causa da questão informática, a biblioteca, por causa da questão da plataforma onde está alojada, o herbário no departamento de Biologia, para além dos outros especialistas das áreas que têm validado a informação”, exemplificou. O terceiro encontro de sustentabilidade termina esta tarde com um workshop de “Teatro para a Transformação Socioecológica", na Sala do Senado, na UA, mas a garantia é que regressará já no próximo ano. “Os encontros da sustentabilidade são anuais, é sempre em maio, é sempre o encontro da primavera. (…) Portanto, em maio do próximo ano aqui estaremos novamente”, assegurou a vice-reitora. A programação deste encontro pode ser consultada na íntegra aqui.
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Candidatos do PS da Murtosa reuniram com a SEMA para discutir comércio e desenvolvimento local
Em nota enviada às redações, a Comissão Política da Concelhia da Murtosa dá nota de que o encontro teve como principal objetivo debater medidas de apoio ao comércio local e ao tecido empresarial da Murtosa. Na reunião foram abordadas questões vistas pelos socialistas como “prioritárias”, tais como “o apoio logístico e formativo aos comerciantes”, “a sustentabilidade e desenvolvimento” dos negócios locais e a “necessidade de criação de ‘imagens de marca’ identitárias” da região. Os representantes do PS reconheceram ainda o esforço dos comerciantes e defendem “que o Município deve ser um “aliado” de referência, em parceria e reciprocidade com esta [SEMA] e outras associações”. Para Augusto Vidal Leite, candidato à presidência da Câmara, “o comércio local é um pilar essencial da economia e da vida dos nossos munícipes”. “Vamos construir uma política municipal que incentive o consumo local, as nossas “imagens de marca” e crie condições para que os nossos comerciantes se possam afirmar e fixar os seus negócios na Murtosa”, defendeu o candidato socialista. A candidatura socialista continuará nas próximas semanas a promover encontros com associações e representantes da sociedade civil.
"Os Traidores", opinião de Samuel Dias Xavier
Dizem que aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo. Se fizermos um pequeno exercício de memória, seja ela mais curta ou mais longínqua, temos na nossa memória, enquanto indivíduos, enquanto parte de um grupo ou família, parte de um povo ou de uma nação, a resposta para quase todos os nossos problemas. A natureza humana, por mais solavancos a que possa ser sujeita, está condenada a repetir-se, a criar rotina e a gerar ciclos. O resultado das eleições do passado domingo são surpreendentes, chocantes, mas que em certa parte não são uma novidade. Desta vez, teremos um partido ultrarradical de extrema-direita como líder da oposição. Não é a primeira vez que outros partidos, além do PSD e PS, têm elevadas representações parlamentares. PCP e CDS já tiveram quase 50 deputados cada um e, em finais dos anos 80, PPD, CDS e PRD tinham cerca de 70% da representação parlamentar, o mesmo que hoje AD, IL e Chega representam. O que há aqui de diferente é que o PRD desapareceu, entalado entre PS e PSD, condenado à sua dimensão unipessoal de Eanes, facto este que dificilmente acontecerá com o Chega. A minha reflexão não tem como objetivo discutir e analisar as flutuações percentuais e de representação parlamentar que o povo português sabiamente vai confiando aos partidos. Portugal tem sido condenado a ciclos governativos muito curtos no passado recente, sempre incentivados por dissoluções da Assembleia da República. Estes miniciclos não permitem que se mude rigorosamente nada, além da composição parlamentar. Esta circunstância, a somar à complexidade da geopolítica atual gera frustração e resignação. O país não cresce de acordo com as expectativas, a economia não consegue subir de patamar e a esperança vai caindo. Na Grécia antiga, Platão apontava para o declínio das democracias através dos populismos – gerado através das frustrações pessoais dos cidadãos, da exploração das paixões do povo em contraste com as ideias e a razão. Os ingleses, com uma cultura democrática largamente maior que a nossa não têm embaraços destes. Felizmente para eles, uma maioria parlamentar consegue manter-se e seguir um programa de ideias, independentemente do primeiro-ministro, do governo e dos MP’s (veja-se que a maioria absoluta dos conservadores em 2019 teve 3 primeiros-ministros: Boris, Truss e Sunak). Também na Alemanha há compromissos entre os partidos para garantir uma legislatura completa. Enfim, poderia dar variadíssimos exemplos europeus que se distanciam da nossa circunstância. A situação atual é complexa, muito complexa. Como nos sugeriu Mencken: “para cada problema complexo, há uma resposta simples, clara e errada”. Podemos ver então que nada disto é novo. O ser humano, quando é confrontado com problemas, tem instintivamente uma inclinação para responsabilizar alguém ou uma circunstância e de procurar uma certa ideia messiânica que responda facilmente ao problema. Não existe mais espaço para a razão e para as ideias. Esse espaço é agora ocupado pela purga, pelo simplismo e por modas. Não interessa a governação, a estabilidade, a previsibilidade, nem a discussão. Também os romanos nos advertiam por sermos “um povo que não se governa nem se deixa governar”. É sempre mais simples responsabilizar um grupo (normalmente excluído e em minoria) por um problema mais complexo e antigo. A retórica é sempre a mesma: subsídio-dependentes, ciganos, imigrantes, palestinianos, judeus… As minorias são sempre a válvula de escape para os maiores disparates. A ironia disto tudo é sermos também um povo que tem milhões de emigrantes pelos vários continentes - e que também eles próprios foram responsabilizados por problemas aos quais eram alheios – encontramos as responsabilidades para os nossos problemas nesse grupo tão heterogéneo que são os imigrantes. Nos anos 60, muitos milhares de portugueses emigraram para Paris, ilegalmente, para encontrarem refúgio nos bidonville (bairros de lata), vivendo na lama, em barracas de tijolo e chapa, muitas vezes sem luz ou água canalizada, para fugir a um regime totalitário, à miséria e à guerra. Trabalhando de sol a sol, amealharam o pouco que conseguiam para trazer de volta à sua pátria amada, com um sonho de criar família e de dar um futuro melhor aos seus filhos. Hoje, muitos dos netos destes emigrantes votam no Chega para dar “um abanão” ao país. Porque não querem imigração ilegal, não querem estrangeiros na sua terra. Quando desligamos da nossa identidade o ‘botão do humanismo’, não há esclarecimentos nem pedagogia que nos possam salvar. O mundo pós-1945 permitiu construir sociedades modernas e capazes de criar equilíbrios e consensos. Foi uma época em que imperou a razão, a ideia e o compromisso. Daí triunfaram os catch-all parties. Foi possível estimular a economia, criar estados de direito, equilíbrio de poderes, distribuição de riqueza e consolidação dos welfare state. Em Portugal, com várias crises sucessivas, permitiu-se um certo desgaste das ideias, dos partidos e destes grandes progressos que foram possíveis. Que não haja ilusões, os partidos e o parlamento são o reflexo da sociedade, são o primeiro indício de um certo declínio das ideias. Responsabilizar líderes, partidos ou o parlamento é desonesto e é antidemocrático. Não há democracia sem partidos, ponto. A História tem essa prova, tudo o resto são ilusões e fantasias platónicas de uma sociedade de independentes com ideias simples e luminosas como uma manhã de primavera. Este é um regime de Homens, e portanto, de erros. Se ignorarmos esse facto, estaremos a cavar uma trincheira de ignorância, para ali permanecer, imóveis, e resguardarmo-nos de qualquer bala de responsabilidade. Shakespeare revelou-nos em ‘Júlio César’ a natureza traiçoeira do ser humano. Somos capazes da maior das traições – contra os nossos, contra as nossas ideias, contra nós próprios. Permitir que nos deixemos enganar por soluções simples, para causar “abanões”, para realçar o ódio contra o que é diferente, é trair a nossa História e a nossa experiência coletiva. Seremos os nossos próprios traidores.
Livro "A Sagres em Aveiro 2024" apresentado na Expo 2025 em Osaka
A obra documenta a passagem do navio-escola Sagres pela cidade de Aveiro, durante as comemorações do Dia da Marinha em 2024, no âmbito do programa “Aveiro – Capital Portuguesa da Cultura”. Atracada junto à antiga lota, a Sagres foi, durante vários dias, ponto de encontro entre tradição marítima, cultura e comunidade. A apresentação do livro foi um dos momentos da visita oficial de José Ribau Esteves ao Japão.
Casa Melhor em Estarreja apoia famílias de poucos recursos a reabilitar as casas
Foram apresentadas 16 candidaturas ao programa, lançado anualmente em setembro, que tem como requisitos o imóvel ser propriedade do candidato, e o rendimento mensal 'per capita' do agregado familiar não ser superior ao valor da Retribuição Mínima Mensal Garantida (RMMG) em vigor em cada ano civil. O Casa Melhor “visa apoiar cidadãos residentes no concelho que necessitam de realizar obras de conservação ou melhoria nas suas habitações, mas que não possuem capacidade financeira para tal”. Nas três últimas edições, o programa criado pela Câmara Municipal de Estarreja apoiou 23 famílias, com um valor máximo de sete mil euros por agregado familiar, num total de 161.017,69 euros. Em 20 anos de Casa Melhor, entre 2004 e 2024, foram apoiadas 300 famílias, traduzindo-se num apoio municipal superior a um milhão de euros. “O programa Casa Melhor tem sido essencial para melhorar a qualidade de vida de famílias vulneráveis, decorrentes do processo de envelhecimento, incapacidade física ou visual e baixos rendimentos, refletindo-se na conservação e beneficiação das suas habitações”, salienta a autarquia em nota de imprensa. As obras financiadas pelo programa têm contribuído para resolver problemas de humidade, isolamento deficiente, instalações elétricas e de água, acessibilidade e eficiência energética. Ainda na área da habitação, a nota de imprensa faz referência à intervenção feita na Urbanização da Teixugueira, com a reabilitação de três blocos de habitação social, num investimento de cerca de meio milhão de euros que beneficia 120 pessoas, no âmbito da Estratégia Local de Habitação, ao abrigo do programa “1.º Direito”.