RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Final do Concurso Internacional de Jazz e exposições assinalam encerramento do Campus Jazz da UA

O Festival da Jazz da Universidade de Aveiro (UA) – Campus Jazz- encerra esta quinta-feira, 5 de junho, com as apresentações finais do Concurso Internacional de Jazz da Universidade de Aveiro (CIJ_UA), no Cine-Teatro de Estarreja, e com uma dupla exposição que desvendará o “Corpo e Alma: O Jazz e os seus divulgadores em Portugal” e “A very literal work” de Julião Sarmento na biblioteca da UA.

Final do Concurso Internacional de Jazz e exposições assinalam encerramento do Campus Jazz da UA
Redação

Redação

05 jun 2025, 12:31

A inauguração das exposições decorrerá esta quinta-feira, pelas 15h00, no edifício da biblioteca na Sala de Exposições Hélène de Beauvoir, seguindo depois para o Centro de Estudos de Jazz (CEJ) da UA [que se localiza no piso térreo da biblioteca].

A primeira mostra intitulada de “Corpo e Alma: O Jazz e os seus divulgadores em Portugal” divulgará, segundo uma nota enviada à Ria, “alguns dos tesouros, das valências e potências” do CEJ. Com curadoria de Ivo Martins, Vera Velez e Manuel Neto na sinopse lê-se que: “(…) é aos apreciadores do género, onde se incluem os colecionadores, os divulgadores e os ativistas, que é dedicada a exposição ‘Corpo e Alma’, cujo núcleo fundamental é formado por uma seleção do acervo pessoal, ao cuidado do Centro de Estudos de Jazz da UA, de dois destes grandes ativistas sem os quais a história do jazz em Portugal seria diferente: os divulgadores José Duarte e Manuel Jorge Veloso”. A exposição pretende ainda mostrar uma “súmula possível da história do jazz em Portugal”.

A exposição estará em exibição no “CEJ alguns meses, para além da agenda do Campus Jazz 2025”. A mesma poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 20h00, e sábado, domingo e feriados, apenas mediante marcação: museu@ua.pt.

Em complemento à exposição “Corpo e Alma: o jazz e os seus divulgadores em Portugal” apresenta-se também na Sala de Exposições Hélène de Beauvoir a obra “A Very Literal Work”, de Julião Sarmento, inspirada no jazz de voz feminina. Esta instalação pretende estabelecer “uma ponte de sentido entre a tradição do passado e o rasgo do futuro, que pode neste contexto ser também entendida como uma ponte entre o arquivo e a prática artística contemporânea”. A mostra ficará patente de segunda a sexta-feira, das 14h00 às 19h00, e sábado, domingo e feriados, apenas mediante marcação: museu@ua.pt. As exposições têm curadoria de Ivo Martins, Vera Velez e Manuel Neto.

O Centro de Estudos de Jazz da UA reúne milhares de discos, CD, bobines, cassetes áudio e vídeo em vários formatos e de diferentes durações. A coordenação científica dos Arquivos de Som e do CEJ é da responsabilidade de Susana Sardo, professora do Departamento de Comunicação e Arte da UA.

Cine-Teatro de Estarreja acolhe final do Concurso Internacional de Jazz da UA

Também esta quinta-feira, no Cine-Teatro de Estarreja, decorrerão as últimas atuações dos oito finalistas no Concurso Internacional de Jazz da UA (CIJ_UA). Pelas 17h30 atuarão o Ensemble João Tavares Trio e o Ensemble Miriam Morgado Septeto e pelas 21h30 o Ensemble João Barreto Trio e o Ensemble Hugo Santos 5tet. A competição é destinada a ensembles de jazz sem trabalho discográfico editado, compostos por músicos portugueses e/ou estrangeiros. As apresentações são abertas ao público e de acesso gratuito através do levantamento do título de ingresso na bilheteira do Cine-Teatro de Estarreja.

O concurso prevê a atribuição de três prémios: Melhor Ensemble; Melhor Composição Original e Melhor Arranjo Original, correspondentes, respetivamente, a 1500 euros cumulativos com o agendamento de quatro concertos (sendo um deles inserido no programa do Campus Jazz do ano seguinte) e a 500 euros para cada um dos dois últimos casos. Os prémios serão atribuídos pelo júri esta noite.

O júri do concurso, que estará presente em Estarreja, é constituído por Jorge Castro Ribeiro (professor do Departamento de Comunicação e Arte da UA), Eduardo Lopes, Massimo Cavalli, Óscar Graça e Paulo Perfeito. Até agora, foram distinguidos com o Prémio Melhor Ensemble: Miguel Valente Quarteto (2012); Themandus (2022); Pedro Molina Quartet (2023) e João Rocha Quartet (2024).

Recorde-se ainda que desde a primeira edição do Concurso Internacional de Jazz os palcos do Guimarães Jazz, do Festival “Que jazz é este?” e do “Estarrejazz” acolheram as atuações dos ensembles vencedores pela parceria estabelecida pela UA com os seus promotores, respetivamente, A Oficina, A Gira Sol Azul e o Município de Estarreja.

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UA em destaque no desenvolvimento de bioplásticos sustentáveis com subprodutos vegetais
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UA em destaque no desenvolvimento de bioplásticos sustentáveis com subprodutos vegetais

Na UA, o projeto conta com uma equipa multidisciplinar composta pelas investigadoras Paula Ferreira, Idalina Gonçalves, Célia Miranda e Marta Ferro, do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica e do Instituto de Materiais de Aveiro (CICECO), bem como pelo investigador Manuel A. Coimbra, do Departamento de Química e membro do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE). Ao contrário dos bioplásticos convencionais, que geralmente utilizam recursos comestíveis e competem com a cadeia alimentar, o “BIOCOATING” recorre, segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, a resíduos como lamas ricas em amido de batata, sementes de abacate, pele de prata do grão de café, borras de café e aparas de papel. Esta abordagem evita a competição com o setor alimentar, ao mesmo tempo que promove o reaproveitamento de resíduos agroindustriais. Entre os principais desafios estão a melhoria das propriedades mecânicas dos bioplásticos, a sua capacidade de barreira a gases e a escalabilidade económica, de modo a garantir uma aplicação em larga escala. Financiado pelo programa Portugal 2030, através do Compete 2030, o projeto conta com um investimento elegível superior a 1,3 milhões de euros, dos quais cerca de 939 mil euros são comparticipados pelo FEDER. A colaboração entre a UA e a Isolago não é nova. A mesma já tinha acontecido através dos projetos “POTATOPLASTIC” e “PLASTICOLIGHT”.

Nexus acelera rumo ao pódio da terceira edição do Formula Student Portugal
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Bruno Pereira termina este ano os seus estudos na Universidade de Aveiro (UA). Frequentou Engenharia Aeroespacial e a sua ligação à Nexus é anterior à própria entrada no Ensino Superior. “Mesmo antes de entrar no curso eu já tinha decidido que queria entrar numa equipa de Formula Student, sabia que para ir para uma universidade tinha de ter Formula Student”, partilha à Ria. Candidatou-se “logo no primeiro semestre do primeiro ano” à Engenius (hoje Nexus), mas não foi aceite, lembra. No segundo semestre voltou a tentar, foi aceite e o seu último ano fica marcado por ser o coordenador do desenvolvimento do carro de classe 2 que vai competir na terceira edição do Formula Student Portugal. Pertencer à equipa “foi das experiências mais enriquecedoras a nível académico porque nós aqui somos obrigados a lidar com um mundo diferente, com algo mais aplicado ao mundo real: fazemos contactos com a indústria, percebemos como é que as coisas realmente são feitas fora do ambiente académico”, conta Bruno. A competição que arrancou este domingo, dia 27, contou com a participação de seis equipas portuguesas em classe 2. “Na classe 1 as equipas levam e testam um carro, na classe 2 é avaliado o projeto do carro”, explica Bruno. A equipa da academia aveirense é composta por cerca de 35 estudantes que contribuíram para o desenvolvimento do protótipo do carro e que partilham da ambição do coordenador do desenvolvimento do carro. “Queremos estar no pódio garantidamente”, apontam. O ano passado a equipa aveirense Engenius participou na competição com um carro, tendo alcançado o pódio. Trabalhavam, em simultâneo, no carro de 2023 e no projeto para 2024. Este ano decidiram focar-se apenas “no próximo projeto” – o carro para ser construído em 2026, frisa Bruno. “Entregamos todos os documentos, as coisas foram feitas com muita mais qualidade do que alguma vez se apresentou e acho que estamos bem encaminhados para ter um bom resultado”, afirma Bruno. O grande objetivo é que o protótipo que levam a competir se qualifique e que no próximo ano a equipa possa construir o carro e pô-lo a andar. “Classe 2 é uma competição que está em vias de extinção nas Formula Students, cada vez há menos e cada vez as equipas são mais encorajadas a realmente levar um protótipo, mesmo que não seja o mais avançado, ao menos ter alguma coisa para apresentar”, atenta Bruno. Em 2026, Bruno já não vai participar na construção do carro, mas garante que “a mentalidade com que a equipa está é que tem de ser feito um carro que mesmo que não seja o melhor, seja algo funcional. É nisso que nós nos estamos a focar agora a nível de design e conseguimos fazer algo que tenhamos a certeza que vai funcionar”. Apesar da competição contar com mais equipas do que o ano passado, o coordenador do projeto da equipa da UA considera que estão “bem posicionados”. Ainda assim, Bruno aponta a Nova Formula Student (equipa da Universidade Nova de Lisboa) como uma concorrente direta: “é um projeto novo para eles também, estão a fazer o primeiro carro elétrico (…) então, em termos de estágio embrionário do projeto, eles estão mais ou menos como nós”, considera. A corrida começa muito antes da partida oficial. De olhos postos no pódio, a Nexus não ignora os adversários, mas acredita que Castelo Branco pode dar a Aveiro um lugar de destaque. Para o próximo ano, o carro elétrico há de ser uma realidade.

Faleceu Nuno Portas, arquiteto responsável pela expansão do campus da UA
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Faleceu Nuno Portas, arquiteto responsável pela expansão do campus da UA

Figura central da arquitetura portuguesa do século XX, Nuno Portas deixou uma marca profunda na UA, onde liderou, a partir de 1996, a revisão crítica e inovadora do plano urbanístico do campus. Sob a sua coordenação, a expansão do Campus de Santiago tornou-se um modelo de integração entre a universidade e a cidade, apostando numa conceção humanizada do espaço académico. Ao contrário dos modelos isolados e fechados então dominantes, o plano de Nuno Portas promoveu a continuidade urbana, a circulação pedonal e a criação de espaços de encontro. Conforme avança o jornal Público, através de uma estrutura “claustral” em forma de U, centrada numa praça pública, o campus passou a articular os diferentes departamentos com um forte sentido de comunidade e urbanidade. Nuno Portas foi distinguido pela UA com o título de Doutor Honoris Causa em 1998, numa cerimónia que assinalou o 25.º aniversário da instituição. Nuno Rodrigo Martins Portas nasceu em 1934, em Vila Viçosa. Licenciou-se em Arquitetura pela Universidade do Porto, onde viria a tornar-se professor catedrático e onde mais tarde criou e dirigiu o seu Centro de Estudos e lançou o Mestrado em Planeamento e Projeto do Ambiente Urbano. Para além do antigo ministro Paulo Portas e do político, economista e jornalista Miguel Portas — falecido em 2012 —, era também pai da jornalista e empresária Catarina Portas.

Educação sexual fora das escolas: docente da UA alerta para “silenciamento curricular e pedagógico”
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Educação sexual fora das escolas: docente da UA alerta para “silenciamento curricular e pedagógico”

A disciplina de Educação para a Cidadania foi lançada no ano letivo de 2017/2018 como projeto-piloto, tendo sido alargada, no ano seguinte, a todas as escolas e níveis de ensino básico. O programa inicial previa 17 domínios temáticos, incluindo direitos humanos, igualdade de género e educação para a saúde — esta última com conteúdos explícitos sobre sexualidade e prevenção de riscos. “A aplicação da disciplina era transversal, envolvendo diversas áreas curriculares e parcerias externas, como centros de saúde”, conforme recorda Patrícia Sá em entrevista à Ria. Até agora, estes conteúdos relacionados com a sexualidade eram de abordagem obrigatória em “pelo menos dois ciclos do ensino básico”. Contudo, como relembra a docente, a disciplina foi desde cedo envolvida em várias polémicas. Um dos episódios mais mediáticos ocorreu quando os pais de dois alunos recusaram que os filhos frequentassem as aulas de Cidadania, alegando que os conteúdos ensinados colidiam com os seus valores cristãos. Este caso acabou por desencadear um debate público mais alargado sobre o papel da disciplina no currículo escolar e sobre os temas que nela devem ser abordados. Em outubro do ano passado, Luís Montenegro, primeiro-ministro, anunciou, durante o congresso do PSD, tal como noticia a Renascença, a intenção do Governo rever o currículo da disciplina, afirmando que pretendia “reforçar o cultivo dos valores constitucionais e libertar esta disciplina das amarras a projetos ideológicos ou de fação”. Quatro dias depois, conforme avança o jornal Público, Fernando Alexandre garantia aos jornalistas que o Governo “não faz alterações em função de ideologia”, sublinhando que qualquer modificação ao guião da disciplina teria por base o parecer de um grupo de investigadores. Questionado sobre se os conteúdos como igualdade de género e sexualidade deveriam continuar [ou não] a serem lecionados na disciplina de Cidadania, o ministro respondeu que “podem ser” incluídos, mas que a questão passava por definir “como é que isso deve ser feito na sala de aula”. Há cerca de duas semanas, durante uma conferência de imprensa, o ministro da Educação, acompanhado pelo secretário de Estado, apresentou as linhas gerais da revisão da disciplina, conforme noticiado pelo Expresso. Na ocasião, afirmou que os temas relacionados com a sexualidade passariam a estar integrados no “domínio da saúde”. No entanto, ao consultar o documento que se encontra atualmente em consulta pública, não é possível encontrar qualquer referência explícita aos termos “sexualidade” ou “saúde sexual e reprodutiva” — ambos incluídos na versão de 2017 da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania. Analisando em detalhe a dimensão da saúde no novo guião da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, verifica-se que, no primeiro ciclo do ensino básico, entre os conhecimentos previstos incluem-se metas como “expressar afetos através de uma comunicação positiva, respeitadora e assertiva” e “reconhecer que as pessoas são diferentes, física e mentalmente”. Já no segundo e terceiro ciclos, surgem objetivos como “respeitar questões relacionadas com a intimidade e a privacidade de cada pessoa” e “estabelecer relações interpessoais saudáveis, baseadas no respeito, na comunicação, na confiança e no consentimento”. No ensino secundário, as aprendizagens destacam-se pela ênfase no bem-estar e na convivência inclusiva, como “interagir com base no respeito e na confiança, sem discriminação” e “reconhecer a responsabilidade de cada indivíduo na saúde mental e no equilíbrio emocional, em prol do bem-estar individual e coletivo”. O termo “sexual” surge, por sua vez, na nova proposta apresentada na dimensão dos “direitos humanos”, aplicada ao terceiro ciclo do ensino básico, onde se lê: “Analisar casos históricos e atuais de violação dos direitos humanos (incluindo, entre outros, tráfico de seres humanos, abusos sexuais, violência de género, bem como violência contra pessoas com orientação sexual e identidade e expressão de género não normativas)”. Em conversa com a Ria, Patrícia Sá alerta que o novo documento pretende alterar “alguns pontos essenciais”. Segundo explica, “em primeiro lugar, reduz os 17 domínios temáticos, dos quais a Educação para a Sexualidade fazia parte de forma explícita, para apenas oito dimensões obrigatórias — sendo quatro transversais e quatro flexíveis”. “De facto, a Educação Sexual já não consta nas aprendizagens essenciais e apenas surge, de forma pontual, no contexto dos direitos humanos, e apenas no terceiro ciclo, nomeadamente no sétimo ano”, analisa. A docente sublinha ainda que a proposta “retira explicitamente os temas da sexualidade e da identidade de género e dá maior ênfase a áreas como o empreendedorismo, a literacia financeira e a segurança”. Além disso, destaca que a participação das famílias passa a ter um papel mais ativo na definição dos planos da disciplina, ao mesmo tempo que é criado um currículo nacional “mais padronizado” e com “menor autonomia” para as escolas. Apesar de reconhecer a importância de garantir igualdade de acesso, a docente alerta que esta mudança exige “cautela”. “A educação pública é regida pelo princípio da igualdade de acesso, e, portanto, o currículo comum pretende garantir que todos os alunos tenham a mesma oportunidade, independentemente da sua origem familiar ou da sua ideologia. Esta personalização curricular, quando é motivada por convicções — sejam religiosas, morais ou políticas — pode criar desigualdades educativas e excluir alunos de aprendizagens que são fundamentais”, reflete. No que diz respeito aos argumentos invocados para justificar a retirada explícita dos temas ligados à sexualidade, a docente alerta para aquilo que considera um grave retrocesso em matéria de direitos humanos e de educação sexual em Portugal. “Desde 1984 que existe educação sexual no sistema educativo português. Ao longo do tempo, o conceito evoluiu — inicialmente designava-se ‘Educação Sexual’, mais tarde passou a ser ‘Educação para a Sexualidade’, refletindo uma abordagem mais ampla e contextualizada”, conta. Segundo Patrícia Sá, este percurso tem sido de reforço e consolidação, culminando com a aprovação da Lei de 2009, que consagrou a obrigatoriedade da educação sexual nas escolas públicas. “Em 2010, o Ministério da Educação publicou inclusivamente um documento de orientações para a educação sexual em meio escolar, e em 2017 a Estratégia Nacional para a Cidadania passou a integrar a Educação para a Sexualidade”, recorda. Nesse sentido, a docente considera que o novo guião representa “um recuo de quatro décadas em avanços e de consenso político relativamente à presença da educação para a sexualidade no currículo”. Adverte ainda para o que descreve como um “silenciamento pedagógico e curricular”. “Há uma clara e intencional diluição de conteúdos fundamentais, construídos ao longo de décadas, que dizem respeito à igualdade de género, à sexualidade, à cidadania inclusiva e aos direitos humanos”, atenta. Para Patrícia Sá, esta mudança representa uma rutura com compromissos assumidos a nível nacional e internacional em matéria de igualdade e não discriminação. “Basta olhar para documentos como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, a Convenção sobre os Direitos da Criança ou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no âmbito da Agenda 2030. Todos eles sublinham a importância de uma educação orientada, de forma explícita, para a promoção da igualdade, da diversidade, da tolerância e da não discriminação — princípios que têm sido considerados nos desenvolvimentos curriculares em vários países, incluindo Portugal”, especifica. Caso se confirme a exclusão destes conteúdos do currículo escolar, a docente alerta para as consequências “absolutamente diretas” para os jovens. “Aliás, há dados. Existem estudos, inclusive realizados em Portugal, que comprovam estes impactos”, afirma. “Num contexto em que assistimos à normalização e até à proliferação de discursos de ódio, de mensagens homofóbicas entre jovens, e em que a violência no namoro continua a ser uma realidade alarmante, inclusive entre estudantes universitários, os relatos são chocantes: muitos jovens normalizam o controlo e a violência nas relações”. Patrícia Sá cita ainda os estudos do Observatório Nacional da Violência Escolar e da ILGA Portugal [Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo], que demonstram como os alunos LGBT+ são desproporcionalmente vítimas de bullying, exclusão e, em muitos casos, de abandono escolar. “A escola tem de ser um espaço seguro, onde conteúdos explícitos sobre identidade de género, orientação sexual, empatia e diversidade estejam presentes. Sabemos que esta presença reduz a violência e melhora o ambiente escolar”, reforça. Relembra ainda que a educação para a sexualidade, quando integrada de forma transversal desde os primeiros anos de escolaridade, é um instrumento fundamental de prevenção e de proteção. “Sem qualquer dúvida, é uma ferramenta essencial para proteger os mais vulneráveis — aqueles que são mais frequentemente alvo de discriminação e de violência, nomeadamente a violência de género”. Ao longo da conversa, a docente sublinha também que “educação para a sexualidade não é educação para o sexo”. “Muito pelo contrário”, frisa. “Uma educação para a sexualidade é uma educação que pretende promover exatamente conhecimento e dar ferramentas às crianças, aos jovens, para que ao longo da sua vida de forma adequada vão conseguindo construir conhecimento sobre a dimensão da sexualidade e em que vão aprender a estabelecer barreiras, a criar empatia, a identificar violência, a identificar bullying, a intervir de forma responsável, consciente e adequada”, continua. Insiste ainda que se trata de um “contexto livre de ideologia”. “A escola deve respeitar a diversidade, mas não se deve submeter à censura ou a um veto ideológico de grupos sociais, políticos e de grupos religiosos”, relembra. Esta terça-feira, 23 de julho, tal como noticiado pela RTP, Fernando Alexandre garantiu que a educação sexual na disciplina de Cidadania é para “manter”. Para o ministro da Educação foi feita uma “má interpretação da proposta que foi apresentada”. “Seria um retrocesso enorme se a educação para a sexualidade saísse das escolas e da formação dos alunos”, afirmou, garantindo ainda que “nenhum tema vai ser retirado do programa”. Em declarações aos jornalistas, o ministro sublinhou que as aprendizagens essenciais correspondem a uma “descrição muito sintética daquilo que vai ser trabalhado na disciplina (…) e, por isso, os conteúdos que têm vindo a ser discutidos que foram excluídos como, por exemplo, a educação sexual não é verdade”. Acrescentou ainda: “Primeiro, não é verdade na disciplina. Continua presente e pode ter mais densidade ou menos consoante a forma como for adotada no currículo. Aquilo que foi apresentado são as aprendizagens essenciais e depois a educação para a sexualidade está prevista na Lei n.º60/2009. (…) É uma matéria que é desenvolvida em várias disciplinas de uma forma interdisciplinar. Há projetos específicos nas escolas”. Durante a mesma intervenção, Fernando Alexandre deixou ainda um alerta para um tema que considera essencial e que, segundo o próprio, “ainda não viu discutido”: a formação dos professores. “No fundo, quem vai estar na sala de aula a dar seja a educação para a sexualidade, seja a literacia financeira”, resumiu. O ministro da Educação admitiu ainda que o prazo da consulta pública poderá ser alargado já que “desde terça-feira vários sites do Ministério da Educação registaram constrangimentos, chegando a ficar em baixo, incluindo a página da Direção-Geral da Educação, onde decorre a consulta pública”. Perante estas declarações, Patrícia Sá considera que se trata de uma tentativa de “suavizar a discussão”. “Quando nós olhamos para a nova proposta que é pública (…) de facto as questões da sexualidade são realmente retiradas. Elas estão remetidas a um ponto relacionado com os direitos humanos e com a saúde. (…) Penso que isso é uma tentativa de diluir e de suavizar, digamos assim, este silenciamento, que é um silenciamento curricular e pedagógico. Não está previsto. É uma lacuna. Há uma amputação, digamos assim, do documento orientador”, explica. Relativamente à formação dos professores considerou ser “absolutamente essencial”, ainda assim, recordou que as questões da educação para a sexualidade “estão previstas na formação inicial” de docentes. “A formação inicial dos professores e depois a nível do segundo ciclo, portanto, a nível do mestrado, têm unidades curriculares que abordam diferentes questões da estratégia nacional da educação para a cidadania (…) e, por exemplo, esta questão da educação para a sexualidade (…) é abrangida em diferentes unidades curriculares”, partilha. Uma das principais novidades da nova proposta apresentada é a introdução da dimensão da “literacia financeira e empreendedorismo” já no primeiro ciclo do ensino básico, passando a ser obrigatória em todos os anos de escolaridade. Na versão anterior, de 2017, a literacia financeira surgia integrada no segundo grupo, que era obrigatório apenas em “pelo menos dois ciclos do ensino básico”. Já o empreendedorismo aparecia de forma isolada, no terceiro grupo, com carácter opcional e aplicável a qualquer ano de escolaridade. Questionada sobre esta reformulação, Patrícia Sá é clara: “Eu acho que não é incompatível. Acho que podemos promover literacia financeira e empreendedorismo sem deixar cair a educação para a sexualidade”. “Receio, e isto é uma opinião pessoal, que isto tenha mais a ver com opções e discursos políticos, que depois se traduzem naquilo que se consegue perceber o que é e como funciona a escola, e até a própria educação e a sua finalidade”, remata.

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Demolição da antiga sede da CERCIAV “suspensa” após providência cautelar de Alberto Souto de Miranda
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Demolição da antiga sede da CERCIAV “suspensa” após providência cautelar de Alberto Souto de Miranda

Segundo Alberto Souto de Miranda, o imóvel em causa é “único” e possui “interesse arquitetónico relevante”, razão pela qual defende a sua preservação. O candidato revelou ainda que o procedimento cautelar deu entrada “na semana passada” e assegura que, para já, a operação de demolição fica “suspensa” até decisão judicial. Recorde-se que, conforme noticiado pelo Jornal de Notícias a 23 de junho, a casa em causa — que em tempos acolheu a sede da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Aveiro (CERCIAV) — está integrada no projeto de remodelação e ampliação do Conservatório Calouste Gulbenkian, prevendo-se a sua demolição para dar lugar a uma nova ala do edifício. O anúncio da intervenção foi feito por José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, durante uma Assembleia Municipal, na qual afirmou que o projeto está “praticamente terminado” e que “todas as opções estão tomadas”. O autarca frisou tratar-se de “uma reabilitação profunda de todo o edificado existente”, justificando a nova construção com a necessidade de dar resposta à falta de espaço para o ensino da dança. “Vamos acabar com aquele edificado que lá está, algum que já caiu e outro que está para cair. Aqueles anexos e aquela casa velha que está lá no gaveto [mesmo ao lado do conservatório]. É aí a parte nova, porque como sabemos temos um problema na área da dança [uma vez que o Conservatório carece de espaço para dar formação]”, referiu Ribau Esteves, citado pelo JN. Já na altura, Alberto Souto de Miranda contestou a decisão, alegando que “outras decisões devem ser equacionadas”. Para o candidato, “a necessidade de uma sala para a dança não implica, porém, a demolição daquela casa, que, uma vez recuperada, pode servir o Conservatório em outras valências”.

Domingos Vilarinho (PS) promete “ser presidente de todos” na Gafanha do Carmo
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Domingos Vilarinho (PS) promete “ser presidente de todos” na Gafanha do Carmo

“Não quero e não vou criticar o atual executivo da nossa Junta de Freguesia. Será o povo que fará essa avaliação no dia 12 de outubro. Digo apenas: acredito que todos os executivos fazem o melhor que podem e sabem para beneficiar os seus territórios e populações. Uns melhores que outros, mas ninguém agrada a todos. Acredito no projeto do PS, e acredito que podemos fazer mais e melhor pela nossa terra”, vincou Domingos Vilarinho, citado numa nota de imprensa enviada esta terça-feira, 29 de julho, à Ria. Ao longo da sessão, o candidato assegurou ainda que se for eleito será o “presidente de todos” e garantiu não discriminar “ninguém”. “A minha missão será sempre a de servir e auxiliar os cidadãos da Gafanha do Carmo, ouvindo-os e respeitando a sua voz, de forma igualitária, independentemente de visões partidárias. Se for eleito, como espero, não pouparei esforços para conseguir apoios das entidades competentes, para investirem na nossa freguesia”, exprimiu. No seguimento, comprometeu-se ainda a “revindicar investimento municipal” pelo melhoramento do Caminho do Praião e do Centro Cívico e pela construção da ciclovia na Estrada Florestal n.º 1, entre a Zona Industrial da Mota e a Gafanha da Boa Hora, e de passeios nas ruas principais. Garantiu também que a Junta de Freguesia investirá na aquisição de uma viatura de nove lugares ao serviço da comunidade; em mais apoio às associações; na reativação da Associação Cultural e Recreativa da Gafanha do Carmo; na melhoria e dinamização do Parque de Merendas; na melhoria dos dois Parques da Ria, plantando árvores e arbustos e na modernização da comunicação e imagem da Junta de Freguesia. Para além da intervenção de Domingos Vilarinho, a iniciativa contou com ainda com a intervenção de Pedro Tróia, mandatário da candidatura autárquica do PS de Ílhavo, e de Sónia Fernandes, candidata à presidência da Câmara Municipal de Ílhavo. Sónia Fernandes apresentou-se aos presentes concentrada em sublinhar que não aceita mais que a Gafanha do Carmo continue a ser tratada como se não existisse: “uma terra onde os transportes não chegam, onde os serviços faltam, onde a Junta mais parece estar ausente”. “É por isso que vos trago uma palavra de esperança. Porque com o Domingos Vilarinho, a Gafanha do Carmo tem alguém que não promete ilusões, mas que traz projetos reais para esta terra. Alguém com uma vontade enorme — mas, acima de tudo, com um amor enorme — para fazer da Gafanha do Carmo um lugar onde todos queiram viver, e possam viver com dignidade”, reforçou. Por sua vez, Pedro Tróia lembrou a inestimável obra de Domingos Vilarinho ao serviço da freguesia da Gafanha do Carmo. “Foi presidente da Junta durante 12 anos, de 2001 a 2013, praticamente sem apoios financeiros municipais, e fez obra”, disse. Entre as empreitadas apontou a instalação de sanitários e alarme no cemitério, o estacionamento em frente ao Beira-Ria e as obras de proteção no caminho do Praião. Domingos Vilarinho tem 64 anos e é natural e residente na Gafanha do Carmo. Empresário agrícola e cidadão profundamente ligado à comunidade local, tem um percurso reconhecido de serviço público e associativo. Foi presidente da Junta de Freguesia da Gafanha do Carmo entre 2001 e 2013. Após esse ciclo autárquico, manteve-se ligado à vida política e comunitária. 

Incêndios: Ministra diz que é irrelevante número de meios aéreos para combater fogos
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Incêndios: Ministra diz que é irrelevante número de meios aéreos para combater fogos

À saída de uma reunião na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Oeiras, Maria Lúcia Amaral sublinhou que, olhando aos incêndios que mais afligem as autoridades neste momento, "a existência de 72 ou 76 ou 80 meios aéreos" seria irrelevante, "porque o que causa dificuldade aos operacionais é o caráter extremamente acidental da orografia, a dificuldade de acesso". "A complexidade das operações e do combate é tal que não ajuda nada estar a saber quantos meios aéreos temos, se faltam muitos, se não faltam muitos. E, de facto, não faltam", acrescentou. De acordo com a governante, atualmente estão "imediatamente disponíveis" 72 meios aéreos. Questionada sobre o que é que tem falhado no combate aos incêndios, Maria Lúcia Amaral respondeu que "falha o que falha". "Falha que não queríamos nada que isto acontecesse no nosso país, como não queríamos nada que isto acontecesse no resto do sul da Europa. O que é um facto é que está a acontecer", afirmou, sustentando que o que é necessário compreender "é a raiz desses incêndios". Avisando que todos têm de contribuir para que estes não ocorram, a ministra apelou à população que mude "práticas ancestrais", como a realização de queimadas para proteger a casa dos incêndios. Maria Lúcia Amaral alertou ainda que, por exemplo no incêndio de Arouca, que está a preocupar as autoridades, há imagens de fogo-de-artifício ao fundo quando o fogo começou. Na reunião de hoje com o presidente da ANEPC, José Manuel Moura, participou ainda o primeiro-ministro, que apelou igualmente à "colaboração de todos" na luta contra os incêndios. "Este é um combate de todos, que precisa da colaboração de todos e, para esse efeito, todos devemos seguir as orientações que as autoridades vão emitindo", disse Luís Montenegro, assegurando que todo o dispositivo de combate a fogos está, "neste momento, de prontidão".

PS Aveiro arranca apresentações públicas das candidaturas às freguesias a 22 de agosto
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PS Aveiro arranca apresentações públicas das candidaturas às freguesias a 22 de agosto

Tal como a coligação “Aliança Mais Aveiro” (PSD/CDS-PP/PPM), também PS vai sair à rua para apresentar os seus candidatos às Juntas de Freguesia no concelho de Aveiro. Ao contrário da coligação, que já iniciou esse processo, o PS opta por começar mais tarde, depois de entregues as listas no tribunal. Recorde-se que o prazo para a entrega das candidaturas termina a 18 de agosto. João Carlos Morgado, candidato do PS à Junta de Freguesia de Eixo e Eirol, será o primeiro a ser apresentado publicamente no dia 22 de agosto. Ex-presidente da junta entre 2013 e 2021, João Morgado marca o arranque das apresentações com duas sessões distintas, a realizar-se em Azurva e em Eixo. Depois de terminadas as apresentações dos candidatos às freguesias, a 13 de setembro, o PS Aveiro tem ainda previsto apresentar a lista candidata à Câmara Municipal de Aveiro no dia 20 de setembro.