RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Encontro com a Dança de Aveiro apresenta-se em palco no início de maio

O Centro de Congressos de Aveiro vai acolher a 20.ª edição do Encontro com a Dança de Aveiro (ECADAv) no dia 3 de maio, pelas 17h. A iniciativa, realizada pela Câmara Municipal de Aveiro (CMA), terá como tema a “Dança no tempo”.

Encontro com a Dança de Aveiro apresenta-se em palco no início de maio
Redação

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24 abr 2025, 14:16

Com o tema “Dança no tempo”, o ECADAv constitui uma mostra pública de dança nas diversas modalidades, com o principal objetivo de divulgar o trabalho desenvolvido pelos diversos grupos, escolas, academias, associações e projetos do Município de Aveiro nas diversas vertentes da Dança. A iniciativa contará com cerca de 190 bailarinos que vão interpretar diversas coreografias por 16 classes de nove escolas e academias nas áreas de hip hop, dança contemporânea, dança clássica, fusion, dancehall, ginástica rítmica, dança oriental e dança aérea.

A participação é aberta a toda a comunidade com bilheteira gratuita, mas limitada à lotação do espaço.

Recomendações

 Município de Aveiro aprova Plano Municipal de Habitação e Alojamento com críticas do PS
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Município de Aveiro aprova Plano Municipal de Habitação e Alojamento com críticas do PS

O PMHAA integra a Estratégia Local de Habitação, o Programa Municipal de Desenvolvimento Habitacional e a Carta de Territorialização da Estratégia de Habitação, “criando uma abordagem integrada e sustentada para a resolução das questões habitacionais no Município, no quadro de crescimento demográfico em que nos encontramos”, lê-se na nota. Com este plano, o Município pretende reafirmar o compromisso político com “a boa gestão do direito à habitação, priorizando uma intervenção pública estruturada, em conjunto com um investimento privado significativo”. “O plano reflete também a visão estratégica da Câmara para um território mais inclusivo, coeso e sustentável, colocando a habitação como pilar central de cidadania, dignidade e bem-estar”, destaca. O documento será agora sujeito a consulta pública “por um período de 30 dias” e, após a análise dos contributos, será submetido à apreciação e votação pela Assembleia Municipal. Apesar da aprovação, o documento contou com a abstenção do Partido Socialista (PS), no período da ordem do dia, na reunião camarária desta quinta-feira. “Achamos que era preciso aferir melhor aquilo que é o resultado destas políticas de incentivo de urbanização, de construção e de, ao mesmo tempo, de turistificação”, começa por referir Fernando Nogueira, vereador do PS. “O que nós temos é que os T0 e os T1 cresceram de uma forma muito significativa, sobretudo, na cidade e isto vem-se acumular aquilo que é um processo gradativo de introdução de alojamento turístico seja ele na forma de alojamento local ou de similares”, exemplifica, salientando ainda os “efeitos significativos” no acolhimento de famílias. Neste seguimento, Fernando Nogueira alertou, entre outros pontos, que através deste documento é possível perceber que “40% dos agregados familiares de rendimentos mais baixos” não conseguem pagar as rendas que são praticadas no município “à data, com os preços do mercado e com os rendimentos aferidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e por outras instituições”. O socialista refere ainda que o documento atenta na necessidade de “estimular a criação de outras áreas de regeneração urbana”, mas que isso não se traduz nas propostas. “Há boas intenções que já estavam na estratégia que agora foi incluída neste documento sobre, por exemplo, tratar dos [edifícios] devolutos e dos vazios urbanos, mas por exemplo em relação ao [número de] fogos devolutos, sujeitos a agravamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), continuamos sem ter uma noção de quantos é que são”, atira Fernando Nogueira. O socialista critica ainda José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro por o parque habitacional municipal ser de apenas, atualmente, “1.3%”. “Dá para perceber duas coisas: a capacidade da Câmara (…) de intervir no mercado habitacional é muito pequena e como a Câmara ainda por cima não promove… A ideia é que o mercado resolve isto tudo. Isto não nos parece bom”, sintetiza. “A habitação não é de facto uma preocupação deste município”, finaliza Fernando Nogueira. Em resposta ao socialista, José Ribau Esteves afirmou estar em “desacordo” salientando que têm “perspetivas totalmente diferentes”. “É minha convicção que mantendo a Câmara uma gestão tranquila com a proximidade com os investidores privados, com a regulação que faz das atividades, dos eventos, etc que temos todas as condições para no futuro continuar a gerir bem este equilíbrio que temos hoje [entre o alojamento que se dedica à dimensão turística e o alojamento que se dedica à dimensão residencial] de uma forma que posso considerar positivamente estabilizada”, explica. Em relação ao número de fogos recorda que ainda “há dias” deu na “Assembleia Municipal” estes dados. Em entrevista à Ria, no final da reunião camarária, o presidente da Câmara reforçou ainda que “Aveiro é dos municípios do país, tirando os municípios das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa, que tem um número absoluto e uma percentagem em relação ao número total de fogos de habitação de renda apoiada mais alto. Na soma dos da Câmara e do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) são quase 1000. Nós entendemos que nessa tipologia Aveiro está bem”.

Legislativas: IL promete contribuir para “uma solução de centro-direita reformista e estável”
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Legislativas: IL promete contribuir para “uma solução de centro-direita reformista e estável”

“O nosso compromisso com os portugueses é, primeiro, mudança, reformas, exigência e, segundo, contribuir para uma solução de centro-direita, reformista e estável do ponto de vista político”, afirmou Rui Rocha em declarações aos jornalistas numa loja de ovos moles, em Aveiro, onde vestiu o avental e cozinhou o tradicional doce aveirense. Sem querer pronunciar-se sobre as sondagens que indicam que a AD e a IL estão longe de, juntas, obter uma maioria absoluta, Rui Rocha disse que o importante é transmitir aos portugueses que “há uma oportunidade única de ter uma solução de centro-direita” a governar o país. “Mas uma solução de centro-direita que não é para fazer a mesma coisa. É para fazer muito mais: uma solução reformista, ambiciosa para o país e isso para reforçar a votação na IL”, disse. O líder da IL disse que o seu partido tem “objetivos claros de transformação” do país e garantiu que será “rigoroso e sempre muito exigente” caso venha a integrar uma solução de centro-direita. Interrogado sobre quais são as exigências que coloca para eventualmente coligar-se com a AD, Rui Rocha disse que é necessário “mudar o sistema de saúde e criar acesso à saúde para os portugueses, que hoje não têm”. “Nós temos de trazer mais casas para o mercado da habitação, seja de arrendamento, seja no mercado da construção. Temos de baixar os impostos aos portugueses, às famílias e às empresas e temos de diminuir a burocracia e rever o sistema eleitoral”, referiu, acrescentando que esses são os “objetivos claros da IL”. Sobre se a AD e a IL não estão já a aproximar-se, uma vez que, por exemplo, ambas têm defendido parcerias público-privadas para os mesmos hospitais, Rui Rocha respondeu: “Não basta ter os ingredientes guardados numa gaveta, tirá-los quando dá jeito e depois guardá-los outra vez”. “A IL não faz isso. A IL tem as pessoas, os ingredientes, a visão, mas quer usá-los mesmo para mudar o país. Outros, eventualmente, têm os ingredientes guardados nas gavetas, fazem uso deles como propaganda, uma vez ou outra, mas depois os ingredientes voltam à gaveta”, criticou, numa alusão à AD.

Aurora Cunha, Zacarias Andias e Rosa Alice Branco entre os distinguidos pela Câmara de Aveiro
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Aurora Cunha, Zacarias Andias e Rosa Alice Branco entre os distinguidos pela Câmara de Aveiro

A votação para a aprovação das propostas decorreu, no período da ordem do dia, na reunião camarária desta quinta-feira. No total, foram escolhidas cinco personalidades que serão distinguidas com medalha de Mérito Municipal em grau prata e duas entidades que serão distinguidas com medalha de Mérito Municipal em grau cobre. Nos nomes propostos para personalidades está o de Aurora Cunha e o de João Neto. Aurora Cunha conquistou quatro das mais prestigiadas maratonas do mundo (Paris, Chicago, Tóquio e Roterdão), sagrou-se tri-campeã mundial de atletismo de estrada e foi novamente a madrinha de mais uma edição da Maratona Europa. João Neto é um ultramaratonista português reconhecido pelo compromisso com causas sociais, tendo sido o padrinho da Maratona Europa. Fernando Vasconcelos, Rosa Alice Branco e Zacarias Andias foram os restantes nomes sugeridos. Fernando Vasconcelos, ao longo do seu percurso, desempenhou funções como presidente do Conselho de Administração da Águas da Região de Aveiro (AdRA); Rosa Alice Branco é uma poetisa, ensaísta, investigadora e tradutora aveirense e Zacarias Andias foi um atleta do Galitos, remador nas Olimpíadas de 1952 e ajudou a empreender o Centro Social de Santa Joana Princesa. A Academia de Saberes e a Associação de Natação Centro Norte de Portugal foram as duas entidades escolhidas. A Academia de Saberes de Aveiro foi constituída em 2004, tendo como objetivos "promover, assegurar e manter uma integração harmoniosa dos cidadãos aposentados e pré-aposentados na sociedade" e "fomentando o espírito de cooperação, apoio mútuo e solidariedade entre os mais velhos, e canalizando os seus saberes em prol da comunidade", conforme se lê no seu site. A Associação de Natação Centro Norte de Portugal conta com atividade nas “quatro disciplinas da natação” e tem em atividade “cerca de milhares de atletas federados”, que representam cerca de “40 clubes da região”. A proposta foi aprovada pelo executivo com um voto contra no nome de Aurora Cunha e outro no nome de João Neto. A sessão solene, que decorre na próxima segunda-feira, contará com os discursos do presidente da Câmara Municipal de Aveiro, José Ribau Esteves e do presidente da Assembleia Municipal de Aveiro, Luís Souto de Miranda assim como de um representante dos condecorados, em representação das instituições e personalidades distinguidas.

Câmara de Aveiro adjudica obra de expansão do canal de São Roque por 2,3 milhões de euros
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Câmara de Aveiro adjudica obra de expansão do canal de São Roque por 2,3 milhões de euros

A proposta de adjudicação foi aprovada na última reunião pública do executivo municipal que se realizou esta quinta-feira, 8 de maio. A empreitada de expansão Norte do Canal de São Roque foi adjudicada pelo valor de 2.382.945,92 euros, abaixo do valor base fixado em três milhões de euros, com um prazo de execução previsto de 270 dias. A intervenção visa o prolongamento do Canal de São Roque para norte, aumentando em cerca de 25% a capacidade dos canais urbanos que funcionam como bacia de retenção em situações de simultaneidade de chuva intensa e maré alta. "A obra permitirá uma maior retenção da água pluvial até à abertura das comportas com a maré vazante", refere uma nota enviada esta sexta-feira às redações. Segundo a autarquia, este investimento representa um contributo relevante para a adaptação do território às alterações climáticas, em conformidade com a estratégia nacional e o Plano Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas.

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Dia Internacional e Noite Europeia dos Museus celebrados no Museu Marítimo de Ílhavo
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Dia Internacional e Noite Europeia dos Museus celebrados no Museu Marítimo de Ílhavo

A inauguração da exposição “Azul em Festa”, pelas 16h30 de dia 17, é apontado pelo município como o destaque das celebrações. Com curadoria de Fátima Marques Pereira, a exposição pretende, segundo nota enviada às redações, “celebra o olhar, o gesto e a presença das mulheres no território simbólico e real do mar”.  A exposição reúne assim obras de artistas mulheres que “abordam o mar como espaço vivido, imaginado e transformado, onde se cruzam o íntimo e o coletivo, o corpo e a paisagem, a história e o presente”, refere a mesma nota. A mostra vai ficar patente na sala de exposições temporárias e no decorrer do percurso expositivo do Museu até ao dia 19 de outubro. A abertura da exposição é precedida, pelas 15h30, pela performance “Sonoridade Táctil”, criada pelo Núcleo de Criação e Investigação Artística entre Expressões e Linguagens - SUSPENSÃO - no âmbito do projeto de residência artística “SOM E GESTO em síntese do existir”, aponta a autarquia.  Ainda no âmbito da assinalação da Noite Europeia dos Museus, o Museu Marítimo de Ílhavo estará aberto das 21h30 às 24h00, com entrada gratuita, visitas livres e a dinamização de um peddy paper. O período da manhã conta, pelas 11h, com uma visita pela exposição de fotografia de Eduardo Martins, “Património em rede: um peixe, uma comunidade, dois países”. Também no dia 17 de maio, entre as 10h e as 16h, volta a realizar-se uma ação de formação em torno da “Literacia do Oceano”, desta vez sob o tema “Economia Azul Sustentável e Regenerativa”.  A sessão conta com dinamização por parte de Álvaro Sardinha, especialista em Economia Azul. A ação de formação é certificada pelo Centro de Formação de Associação de Escolas dos Concelhos de Ílhavo, Vagos e Oliveira do Bairro, e destina-se a educadores e professores. A inscrição pode ser feita através do site oficial ou através do email [email protected].       

GrETUA: ‘recorder’ estreia esta noite e as previsões apontam para casa cheia
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GrETUA: ‘recorder’ estreia esta noite e as previsões apontam para casa cheia

É esta noite, pelas 21h30, que o texto de David Catalão – encenado por João Garcia Neto, João Tarrafa e Maria R. Soares e interpretado por Diogo Figueiredo, Daniela Lopes, Ana Conde e Inês Hermenegildo – sobe ao palco do GrETUA. A obra resulta no espetáculo final do Curso de Formação Teatral 2024-2025 do GrETUA e pode ser visto até ao próximo dia 18 de maio. A peça nasce da escrita de David Catalão que, em entrevista à Ria, dá nota de que parte de um “desafio” de um texto para ser entregue “a três ensaiadores diferentes, com três linguagens diferentes, para fazerem três interpretações diferentes”. A repetição da palavra diferente não é acidental. É que a diferença é mesmo “a chave do exercício”, aponta o autor. “Isso foi logo uma coisa que me seduziu bastante porque me interessa sobretudo a questão do texto como a sua leitura e a sua abordagem e receção, mais do que a construção”, explica David. Foi então construído com “bastantes coisas em aberto” e com “poucas indicações de cena”, desvenda o autor. Essa construção permite que a interpretação possa ser “livre” e “como houve esta lógica de ele ser feito em sequência (…) levou-me aqui para uma escrita também a incidir sobre esta questão da repetição, da memória, do ciclo da perda que existe com as repetições, de uma certa metáfora do teatro também e do ensaio com base de repetir até criar algo novo”, aponta. “Todas estas ideias levaram-me a uma ideia que eu já tinha há bastantes anos, que era esta premissa de alguém que procura gravar momentos como quem tira fotografias”, conta David. “A nossa memória não é autossuficiente, ela ativa-se através de objetos como fotografias”, aponta o autor. Além disso, o tema da memória “está muito associada” às “artes do tempo”. “Aliás, no caso do teatro, a memória é mesmo uma ferramenta de trabalho”, frisa David que sublinha que o conflito da peça surge “à volta de diferentes ideias acerca de uma memória”. E mais não avançamos para não estragar a estreia da peça. João Garcia Neto, João Tarrafa e Maria R. Soares são as pessoas que ficaram responsáveis pela encenação da peça que pretende ser uma unidade, partida em três formatos. Maria R. Soares aborda o texto a partir do movimento, João Garcia Neto a partir do cinema e João Tarrafa a partir do teatro. Para a encenadora que abre a peça, a abordagem adotada é a do movimento, “uma abordagem se calhar mais performativa” do texto, aponta Maria. O seu processo foi, a partir do texto, “tentar imaginar a forma como as personagens se relacionam e o espaço que constroem em conjunto”. Partindo desse feito, o desafio passou por “compor dinâmicas de cuidado, de tensão e de fricção entre eles”, repara a encenadora. Essa composição é feita de forma mais física, “mas também com os objetos que ocupam o espaço”, adianta Maria. “Na minha encenação existem pequenos objetos, simples e cotidianos, mas que depois são reinventados na forma como são usados pelos performers, o que permite criar uma certa carga simbólica e diferentes leituras ao longo da encenação”, revela Maria R. Soares. Por sua vez, João Garcia Neto vê o texto como “uma prenda” por permitir “convocar a linguagem do cinema para o palco como um dispositivo que vem falar também sobre estas questões do texto, da memória e do registo”, repara. “A mim interessou-me pensar desde o início (…) uma forma quase performativa como o cinema é colocado em palco”, adiantou o atual diretor artístico do GrETUA. “Como estávamos a trabalhar a questão da memória, há aqui um trabalho (…) de poder convocar diferentes camadas, imagens de diferentes tempos e eventualmente noutros lugares, que se sobrepõe ao momento real ao da apresentação”, repara ainda João Garcia Neto em relação à abordagem dada ao texto. Já para João Tarrafa a peça é um desafio sobretudo ao nível do conflito. “É muito giro passar um mês (…) a perceber quais são os conflitos entre aquelas pessoas - que são imaginárias, mas que que se tornam cada vez mais palpáveis de dia para dia - e perceber porque é que elas não se conseguem relacionar umas com as outras”, aponta o encenador. Para João a peça é significante precisamente por essa perspetiva. “No mundo eu gosto de pessoas, gosto da maneira como nós não nos conhecemos a nós próprios e não conhecemos o outro, (…) há muitas coisas para descobrir aí”, entende João Tarrafa. A sua abordagem interpretativa do texto é a que termina a peça e, como parte da linguagem do teatro, admite João, “será provavelmente a mais concreta, a mais convencional”. Os bilhetes para a sessão de hoje já estão esgotados, mas ainda há lugares disponíveis para as próximas exibições. Tem um preço de cinco euros para estudantes e de sete euros e cinquenta cêntimos para o público em geral e podem ser adquiridos através do preenchimento do formulário,disponível a partir das redes sociais do GrETUA.

Jovens têm interesse na política, mas continuam distantes das urnas. O que explica este paradoxo?
Universidade

Jovens têm interesse na política, mas continuam distantes das urnas. O que explica este paradoxo?

A Ria conversou com Patrícia Silva, docente e investigadora no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro (DCSPT-UA), que integrou a equipa do livro “O Eleitorado Português no Século XXI”, tendo coautorado um capítulo dedicado às formas de participação política dos jovens. A investigação existente tem posicionado os jovens como uma “geração à parte” no que toca à participação política e eleitoral. Apesar desta “perceção”, no caso português, este capítulo sugere que, pelo contrário, os jovens têm vindo a mostrar “sinais de vitalidade em termos de participação cívica e política”, sugerindo mesmo que as notícias sobre a “morte da política neste grupo [são] francamente exageradas”. Patrícia Silva não deixou de concordar com esta perspetiva destacando que este “exagero” deriva de uma interpretação daquilo que é a política. “Existe esta perceção de que os jovens não se interessam por política, sendo que os dados sugerem é que os jovens se interessam muito por política”, afirmou. Apesar deste interesse, a investigadora relembrou que isso não tem sido suficiente para evitar, nos últimos anos, as [altas] “taxas de abstenção” e a “baixa taxa de participação dos jovens” que se tem verificado. Patrícia sugeriu mesmo que há um “sentimento de afastamento em relação aos partidos políticos” [por parte dos jovens] que pode ser explicada, conforme refere o estudo, “pelo afastamento crítico de formas mais convencionais de participação”. “Quando nós olhamos para todas as formas de participação que não envolvam partidos políticos (…) como, por exemplo, manifestações ou petições, os jovens participam e têm registado taxas de participação consideráveis ao longo das últimas décadas. Isto não se nota no caso do voto”, exemplificou. “É por isso que nós notamos que os jovens estão interessados na política. No entanto, estão bastante afastados dos atos eleitorais”, continuou. Segundo o estudo este “afastamento” pode ser explicado, entre outros motivos, pelo “ciclo de vida” em que existe um “efeito curvilíneo da idade”, ou seja, as taxas de participação eleitoral “tendem a aumentar com a transição para a idade adulta”. Em Portugal, a investigadora alerta que a “idade média” [desse ciclo] tem vindo a aumentar encontrando-se, atualmente, nos “39 anos”. “Esse aumento está relacionado com a forma como os jovens adiam estes momentos fundamentais como a saída de casa ou a constituição de família”, expôs. “Naturalmente isto está também associado com o facto de termos um mercado laboral que é muito precário e com o facto dessa precariedade atingir sobretudo os jovens”, continuou a investigadora. Patrícia Silva acrescentou que, face a isto, há uma “desilusão” dos mais novos. Neste seguimento, a investigadora foi mais além e recordou que “historicamente” os programas eleitorais de todos os partidos políticos “dedicam uma percentagem muito pequena a propostas e promessas eleitorais para os mais jovens”. “Nós fizemos esse levantamento em 2020, e olhando para as eleições de 2019, creio que a saliência de propostas apresentadas para os jovens é muito baixa”, reconheceu. “Todos os programas eleitorais tendem a ser formados e apresentam, sobretudo, propostas para faixas etárias mais avançadas e para o mercado laboral já estabelecido”, sintetizou a autora do estudo. No entendimento de Patrícia Silva, tanto o partido Chega como a Iniciativa Liberal, “nos últimos dois atos eleitorais”, têm conseguido “captar esta franja do eleitorado de uma forma mais clara”. “Eu creio que isso tem feito com que os outros partidos percebam que havia aqui um mercado, digamos assim, do ponto de vista eleitoral que estava a ser negligenciado. (…) Isto tem feito com que os outros partidos, de alguma forma, passassem a destacar um pouco mais esta dimensão da juventude e que nós vimos [recentemente] até em termos de propostas… A questão da facilidade da aquisição de casa para os mais jovens, as questões de fiscalidade [IRS Jovem], etc”, opinou. Ainda no campo das razões para o “afastamento”, o estudo aponta para uma “alteração nos perfis de participação” onde os jovens passaram a colocar no “topo das suas prioridades as questões pós-materialistas”, com destaque para temas como a igualdade sexual ou a consciência ecológica. “Naturalmente, há uma diferença entre as prioridades políticas dos mais velhos, que olha sobretudo para as questões mais materialistas. Eu creio que essa diferença tem vindo a ser cada vez menos acentuada, mas a verdade é que temos uma diferença em termos geracional nas prioridades”, referiu. “Os mais velhos com uma maior inclinação para a proteção dos valores materiais, da economia e da segurança. Os mais jovens com as questões do ambiente, da igualdade, da comunidade LGBT, etc”, refletiu a investigadora. Também o “contexto familiar” pode ser outro dos motivos que explicam esta realidade. No estudo, os autores concordam que “na transição para a vida adulta, os jovens que foram socializados em contextos parentais e que abraçaram as opiniões políticas dos seus pais tendem a revelar padrões mais estáveis de participação política no início da sua vida adulta”. Patrícia Silva sugeriu que há aqui uma “desigualdade económica e social que está quase subjacente a este efeito de socialização”, alertando que é necessário prestar atenção ao mesmo “nos próximos anos”. “Vale a pena destacar porque é que em algumas famílias o tema da política não é tão importante e a razão é que muitas vezes está associada às dificuldades económicas e às carências e à desigualdade que toma conta destas famílias”, relembrou. “Aquilo que nós sabemos é que a participação eleitoral está muito associada à satisfação de necessidades básicas em primeiro lugar. (…) Enquanto há famílias que vivem confortáveis e que têm as suas questões de necessidades básicas - habitação, alimentação e educação - facilmente resolvidas, as famílias que lutam e que têm esta dificuldade adicional são famílias que sentem, em primeiro lugar, que a política falhou em relação às suas expectativas de vida e ao que esperavam de uma democracia”, apontou. Em segundo lugar, a investigadora sugeriu ainda que para estas pessoas [com dificuldades económicas] a política não é central, porque têm naturalmente os seus problemas diários maiores para resolver”. Com um olhar mais atento sobre a realidade universitária, Patrícia Silva refletiu ainda que o facto de haver estudantes deslocados, ou seja, que estudam fora da sua área de residência fiscal, também é um fator que pode explicar, “em parte”, as baixas taxas de participação. “Isto é um efeito que noutros países tem sido notado. Há países onde se nota que na primeira votação [dos jovens] há uma maior taxa de participação eleitoral, mas depois cai”, explicou. “A maior parte dos estudos o que sugere é que esse efeito tem relação com o facto de muitos destes estudantes estudarem fora (…). E o facto de terem de votar no local onde residem, implica uma deslocação adicional no dia das eleições”, relembrou. Apesar de existir, atualmente, a possibilidade de voto antecipado a investigadora deixou ainda a nota de que é necessário fazer uma “análise maior das razões pelas quais esse efeito não se nota muito bem entre os jovens”. “Não sei se é uma questão da burocracia envolvida, não sei se é, de facto, também por algum desinteresse em relação ao ato eleitoral. Agora, o ato de, no dia das eleições, fazer essa deslocação, que implica naturalmente custos para estes jovens, pode, em parte, pelo menos, explicar essa taxa de participação eleitoral mais baixa”, frisou. Questionada sobre se existem números sobre a taxa de participação dos jovens no voto antecipado, Patrícia Silva referiu não ter dados sobre isso, salientando que esta seria uma “boa questão de investigação”. “Acho que essa é uma nota muito interessante de vermos em que medida é que, sobretudo entre a faixa dos estudantes de Ensino Superior, esse mecanismo de voto antecipado é, de facto, aproveitado”, reforçou. O livro “O Eleitorado Português no Século XXI” foi organizado por Marina Costa Lobo, professora e investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e Ana Espírito-Santo, professora associada e investigadora no Instituto Universitário de Lisboa. O capítulo 2 cujo título é “A Participação Política dos Jovens no Novo Milénio: Ainda uma Geração à Parte?” contou com os contributos de Carlos Jalali e Patrícia Silva, docentes e investigadores no DCSPT-UA e de Patrício Costa, professor associado na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Este capítulo examina as formas de participação política dos jovens e questiona se continuam a constituir uma geração à parte no contexto da democracia portuguesa. Esta reportagem insere-se numa parceria estabelecida entre a Ria - Rádio Universitária de Aveiro e a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e resultará, ao longo dos próximos meses, num conjunto de artigos sobre temas que afetam diariamente a vida dos estudantes da UA. Todas as reportagens serão acompanhadas por um cartoon satírico que pretende representar a problemática abordada. Se tens sugestões de temas que gostarias de ver abordados envia um email [email protected].

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