João Moniz: BE avança até “ao início do ano” com candidato à Câmara de Aveiro
João Moniz, dirigente da concelhia do Bloco de Esquerda (BE) foi o quarto convidado no âmbito das grandes entrevistas aos presidentes dos partidos políticos de Aveiro, inseridas no podcast ‘Eleições Autárquicas 2025’, promovido pela Ria – Rádio Universitária de Aveiro.
Isabel Cunha Marques
JornalistaEm grande entrevista à Ria, João Moniz resumiu os últimos 19 anos de governação PSD-CDS, no Município de Aveiro, com “serviços públicos no mínimo e impostos no máximo”. Entre os principais problemas da governação à direita apontou a “política de privatização de serviços públicos e de alienação de património da Câmara e a desvalorização do serviço público e da ação social”. O bloquista considerou ainda a política fiscal do Município como “muito agressiva” realçando que a mesma foi “imposta aos aveirenses” para “resolver os problemas”, nomeadamente, da governação de “Élio Maia”, mas também da governação de “Alberto Souto”. Ainda assim, não deixou de reconhecer que “tem havido um caminho, embora tímido, de desagravamento fiscal, em sede de IMI” (Imposto Municipal sobre Imóveis). “Na nossa opinião ele devia ser acelerado, mas isto é uma realidade que os aveirenses conhecem há dois anos”, constatou.
No que toca ao Executivo atual, liderado por José Ribau Esteves, sustentou que “a questão da habitação é uma marca deste Executivo”. “Aqui mais pela inação do que pela ação (…)”, atirou. “Entre outras variáveis que explicam o galopar dos preços da habitação está precisamente o modelo do Município que foi inaugurado por Ribau Esteves (…) de ultra valorização do turismo (…)”, criticou. “Existe esta estratégia de deixar ao mercado o problema da habitação, mas a Câmara também tem uma outra política pública (…) que também tem efeito na habitação que é esta política que a Câmara tem na requalificação do espaço público (…) na Avenida, no Rossio e em muitos outros sítios (…) Como não existe uma política de habitação e de intervenção no edificado, o efeito que essa requalificação urbana tem é de aumentar brutalmente o valor do património imobiliário (…)”, justificou.
Questionado sobre a obra do Rossio [uma das empreitadas que o BE foi mais crítico no âmbito da qualificação urbana, nos últimos anos, em Aveiro], João Moniz reconheceu que “era preciso requalificar aquela zona” culpabilizando os “executivos liderados por Ribau Esteves, Hélio Maia e por Alberto Souto” pelo estado de “degradação” da mesma. No ponto de vista do Bloco de Esquerda o espaço devia ter mantido a sua função original, neste caso, de “jardim urbano de usufruto público”. “Não foi essa a opção da Câmara… A Câmara decidiu criar ali uma praça de eventos (…) e fazer também o parque de estacionamento que tem consequências logo à partida de atração de mais tráfego automóvel para aquela zona que tendo em conta aquilo que é o consenso de políticas de urbanismo, hoje em dia, nós devíamos de estar a fazer o contrário. (…)”, apontou.
Sobre a recente inaugurada obra do Monumento Evocativo da Muralha de Aveiro, junto à Sé, João afirmou que este “assunto é complexo”. “Nós temos visto que o debate tem andado muito à volta do valor estético da obra. Essa é certamente uma variável, mas na nossa perspetiva não seria a principal variável. Em primeiro lugar, qual era o objetivo daquele monumento? Era evocar a memória histórica da muralha e para tal criou-se esta ideia de que ela seria feita em pedra de Eirol. Ora bem, no momento, em que essa possibilidade ficou descartada aquele monumento parece perder grande parte do seu valor. Isso é uma variável”, expôs. “E depois há outra questão mais de fundo que tem a ver com a forma que nós enquanto comunidade escolhemos aquilo que está no espaço público. E na nossa perspetiva essa escolha não devia pender sobre a vontade do presidente e dos seus gostos pessoais (…) Essas escolhas deviam de ser feitas em diálogo e em articulação com a comunidade, com a cidadania e não estarem à mercê dos gostos pessoais de quem ocupa a Câmara, naquele momento (…)”, continuou.
“Nós queremos continuar a ser o terceiro partido municipal em Aveiro”
Com o aproximar das eleições autárquicas, o bloquista considerou que com base nos resultados anteriores existe uma “adesão razoável” dos aveirenses ao partido “que tem margem para crescimento”. “O Bloco tem dois eleitos à Assembleia Municipal, tem eleitos em várias freguesias, em Esgueira, na Glória Vera Cruz, em Oliveirinha e, portanto, eu diria que existe esse reconhecimento por parte da parte da população, mas a forma como encaramos esse reconhecimento é que nos coloca numa posição de exigência e nós queremos responder a essa posição (…)”, garantiu. “(…) Nós queremos continuar a ser o terceiro partido municipal em Aveiro”, esperançou.
À Ria, João Moniz adiantou ainda que o Bloco de Esquerda tem o “objetivo” de anunciar o candidato à Câmara de Aveiro até “ao início do ano”. “Queremos primeiro focar a nossa intervenção no âmbito do programa e das ideias que vamos apresentar aos nossos cocidadãos. Estamos a preparar esse programa e, portanto, essa será a primeira etapa deste processo… E só depois disso iremos focar as baterias na candidatura do ponto de vista dos nomes específicos. Nós estamos a fazer essas conversações”, sublinhou.
“Nós já tínhamos fechado essa porta ao Partido Socialista”
Relativamente à possibilidade do BE se coligar, o representante do partido realçou que lançou um “repto” à esquerda, em Aveiro, para que o Bloco de Esquerda “pudesse ser um polo agregador para uma candidatura mais forte”. “Nós estamos a fazer esse caminho e esse diálogo com a esquerda em Aveiro. Nós vamos fazer o esforço para que essa alternativa aconteça cientes de que se for preciso iremos sozinhos a eleições”, reforçou. Sobre o diálogo [com os outros partidos], João Moniz alertou que o mesmo tem “linhas vermelhas”. “Nós não vamos falar, nem estamos particularmente interessados em falar, pelo menos, neste âmbito de coligação pré-eleitoral com partidos que apoiaram, por exemplo, a venda de terrenos públicos para depois serem alvo de construção e intervenção para a habitação no setor prémio a valor especulativos. Exclui o partido socialista (…) Estamos a falar de outras forças à esquerda que existem aqui no concelho: o Partido Comunista, o Livre (…)”, revelou.
Interpelado com as declarações de Paula Urbano Antunes, líder do PS-Aveiro, em grande entrevista à Ria, onde garantiu que o PS estaria “totalmente indisponível” para se coligar com o BE, João Moniz não se mostrou surpreendido com a afirmação. “Na verdade, o repto que nós lançamos já tinha essa ressalva. Nós não íamos fazer. Não quer dizer que não existam acordos, no sentido, de aproximação (…) Se houver hipótese de haver uma proposta conjunta para aumentar a oferta pública de habitação certamente que sim. Se o Partido Socialista se quiser juntar ao Bloco de Esquerda nessa luta certamente que sim. Nós não vamos fechar essa porta. Agora no âmbito de candidatura autárquica (…) nós já tínhamos fechado essa porta ao Partido Socialista (…)”, relembrou.
Confrontado com os nomes mais falados para os candidatos à Câmara Municipal de Aveiro, da Aliança com Aveiro, entre eles, o de Rogério Carlos, atual vice-presidente do Município de Aveiro, o bloquista realçou que se este “decidir dar continuidade ao projeto de Ribau Esteves nós vamos fazer uma avaliação negativa desse projeto (…)”. Já do lado dos socialistas, João Moniz teceu críticas mais duras quanto ao nome de Alberto Souto de Miranda”. “É um pouco perplexante o facto do Partido Socialista ter de ir buscar alguém que governou a Câmara Municipal há quase duas décadas… Um homem do passado, um homem de ontem para liderar o projeto (…)”, descreveu.
Por fim, questionado pela Ria sobre a possibilidade de também ele ser um dos candidatos à Câmara de Aveiro, João defendeu que “está disponível para aquilo que o Bloco de Esquerda achar que deve ser a minha responsabilidade. Se os militantes do BE acharem que eu tenho esse perfil eu farei uma avaliação pessoal dessa escolha e vou tomar uma decisão (…)”, defendeu.
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São Gonçalinho: entre amizades, amores e a marca da Universidade de Aveiro
Estávamos no ano de 2011. Ricardo Torres e Diogo Matos, dois amigos de infância, deixavam a sua terra natal - a Guarda - para rumarem a Aveiro para ingressarem no curso de mestrado integrado em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações na UA. O objetivo era simples para ambos: terminar o curso e regressar à Guarda. A verdade é que após 14 anos esse objetivo foi em parte cumprido já que ambos continuam, atualmente, na cidade de Aveiro. Ricardo a trabalhar e a concluir o doutoramento na UA na área das telecomunicações. Diogo só a trabalhar. Foi também no curso que ambos se apaixonaram e conheceram as suas atuais companheiras. Por sinal, aveirenses. Ironia do destino, no ano passado, sem que se apercebessem, foram ainda ambos desafiados, por diferentes mordomos, a integrar a mordomia de São Gonçalinho ao longo dos próximos dois anos. Manda a tradição que, no final do segundo ano, cada mordomo em funções escolhe a quem quer entregar o seu ramo. O mesmo acontece com o gabão. Assim aconteceu com estes dois jovens. Ricardo recebeu o convite “em finais de outubro/inícios de novembro” do ano passado por parte do “Vasco”. Nega-se a dizer que quem o convidou foi um “ex-mordomo”. “Uma vez que somos mordomos, somos mordomos para sempre”, justificou prontamente. Prefere referir-se ao “Vasco” como um “mordomo da antiga mordomia”. Partilha que aceitou o convite só depois de conversar com a sua família. É a primeira vez que vai assumir o papel de mordomo de uma festividade. Contra todas as previsões, em Aveiro. “Na Guarda participei em uma ou duas [festividades], mas mais naquela situação de ajudar amigos em que eles é que, efetivamente, eram os mordomos e eu estava lá para ajudar (…). Nunca na vida pensei numa coisa destas. Eu apenas coloquei Aveiro [nas candidaturas ao Ensino Superior] porque o meu pai me disse que Eletrónica poderia ser um curso com muita saída”, recordou. Diz que sentiu a “responsabilidade” de assumir o ‘cargo’ no dia em que as Festas de São Gonçalinho 2025 terminaram. “Até ao dia da passagem do ramo, eu era um aveirense emprestado por assim dizer. Quando entramos na capela já com o ramo na mão aí sim, deu-me um arrepiozinho de receio com satisfação”, descreveu. Até hoje, Ricardo Torres não consegue associar a um único episódio a ligação “especial” que sente por São Gonçalinho, mas sim a um conjunto de momentos e pessoas. A maioria associado ao contexto de estudante e da UA. Ainda assim, não deixa de reconhecer que uma das peças “mais relevantes” foi a sua namorada. Uma pessoa que descreve como “extremamente devota ao santo”. “Ela apresentou-me o santo não da forma festiva como eu o conhecia. Apresentou-me a parte mais devota e mais brincalhona do santo, por assim dizer. Eu comecei-me a enturmar e a gostar bastante e, entretanto, este ano, alguém decidiu, por obra e graça do santo, como nós dizemos, que eu era merecedor desta honra e deste convite”, partilhou. Conhecido também como o santo casamenteiro, Ricardo acredita que, até aos dias de hoje, este foi o santo que deu o “empurrãozinho” para conhecer a sua companheira. Diogo estava a organizar o almoço de aniversário da sua namorada quando recebeu o convite para a Mordomia de São Gonçalinho “em meados de novembro” do ano passado. Confidencia que não esperava o convite “num futuro tão próximo” já que sabia o que significava aceitar um “desafio destes” num ano em que tem também planeado casar. Conta, entre risos, que ficou em “estado de choque”. “Fiquei sem saber o que é que ia fazer. Não estava nada à espera disto. Entretanto, quando aceitei, liguei [ao Ricardo] e foi quando soube que ele também tinha sido convidado”, relembrou. Recorda que o primeiro contacto que teve com o São Gonçalinho surgiu logo “nos primeiros anos” quando chegou a Aveiro enquanto estudante. Na altura, numa abertura do Festival Internacional de Tunas da Universidade de Aveiro (FITUA) que decorreu na capelinha de São Gonçalinho. “Não conhecia de todo o São Gonçalinho. Ouvi falar que era uma festa de atirar cavacas…”, partilhou. Das Festas de São Gonçalinho, enquanto estudante, relembra ainda os tempos em que tinha de fazer “um jogo de cintura” para conseguir ir às festividades já que “coincidiam sempre com a época de exames”. “Foi engraçado ver essa evolução e o crescimento das festas. As festas antes eram num pequeno palco no antigo Rossio, que agora está todo remodelado. Agora temos uma tenda que está ao nível das semanas académicas. Eu acho que isso foi engraçado de se ver”, sublinhou com um orgulho evidente no olhar. A relação “mais próxima” com o São Gonçalinho acabaria por surgir “nestes últimos quatro ou cinco anos”. “Foi quando o pessoal mais próximo de mim e do Ricardo fez parte da mordomia. Foi aí que começamos a viver um bocadinho mais de próximo e mais intensamente estas festividades aqui da Beira Mar e mais relacionadas com o santo”, contou. Sobre o que representa para si o São Gonçalinho? Diogo diz ser “complicado de responder”. “Para mim representa amizade e família. Foi aqui no São Gonçalinho que cresceram várias relações, nomeadamente, da minha namorada e dos meus amigos. É o significado de estar em família. Acho que é um bocadinho a definição que consigo pôr em palavras de forma mais concisa”, assegurou. Osvaldo Pacheco foi o juiz da mordomia escolhido, este ano, pelos 21 novos mordomos das Festas de São Gonçalinho. É, atualmente, a figura máxima dentro do grupo. Curiosamente, também ele tem ligação à UA e ao Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) enquanto professor auxiliar. Foi também pró-reitor da UA durante oito anos. A única diferença entre Ricardo e Diogo é que Osvaldo nasceu e sempre viveu em Aveiro. Atribui os seus 14 anos como a idade de descoberta da festividade já que passou a sua infância na freguesia de Glória. “Na altura, vinha à festa com a família, mas não da forma como as pessoas do Bairro da Beira-Mar a viviam. Eu visitava as festas… Era uma coisa diferente”, reconheceu. Sublinha que antes o São Gonçalinho “era algo muito pequeno”. “Tenho poucas memórias, mas recordo-me que havia um coreto e que já havia o lançamento das cavacas. Lembro-me de uma fogueira, algures por aí, e que era uma festa muito mais pequena, com uma dimensão que não tinha nada a ver”, relembrou. Tal como Ricardo e Diogo, também Osvaldo recebeu o convite para ser mordomo. Explica que foi o grupo atual que, posteriormente, o “escolheu” para ser o juiz da mordomia. “Nós não vimos para a mordomia por causa do cargo. Vimos para servir aquilo que é o bem maior, que são as festividades em torno de São Gonçalinho”, vincou. À Ria, recorda que recebeu o convite para ser mordomo “um ano antes” e que demorou “muito tempo a aceitar” por saber que a tarefa exigia uma “grande disponibilidade mental e física”. “Eu tenho uma atividade profissional também muito impactante e com muita dedicação. Portanto, conciliar tudo isto significa que os dias passam a ser mais longos e que são mais as horas que eu não dedico à família e a outras coisas que eu gosto… Ao meu Benfica e ao meu Beira-Mar”, brincou. Apesar da hesitação inicial, Osvaldo Pacheco acabou por aceitar ser mordomo e, posteriormente, ser juiz. Sublinha que o fez por uma única razão: a “paixão”. “Isto é o concretizar de um namoro e que depois se transforma em casamento (…) A mim aconteceu um pouco o mesmo sendo que a minha família também é devota do São Gonçalinho. A minha filha e a minha mulher foram as primeiras a dizer-me que tinha de ser mordomo e a empurrarem-me para ser mordomo”, contou com um sorriso rasgado. Este ano, dos 21 novos mordomos de São Gonçalinho, Osvaldo realça, com orgulho, que “oito ou nove” são alumnis da UA. “Muitos deles são nascidos e criados aqui no Bairro. Outros vieram de fora, como o Diogo e o Ricardo e depois vivenciam o Bairro como se fosse deles… E é o bairro de todos. Portanto, não só respeitam as tradições como as querem manter, como querem ser os curadores dessas tradições”, exprimiu. “Isso do meu ponto de vista é muito bom, porque só enriquece quer o bairro, quer as Festas de São Gonçalinho”, continuou. Satisfeito com o que já foi feito, Osvaldo Pacheco diz querer dar “continuidade” ao “legado” que as anteriores mordomias deixaram. “Queremos fazer as festas com pequenos toques pessoais, mas fazer da mesma maneira, para criar, no fundo, o hábito de existir certas atividades para que a comunidade se reveja nelas. Nós não podemos esquecer que o São Gonçalinho é mais do que uma festa religiosa. É multidimensional”, recordou. Entre os “toques pessoais” aponta um dia dedicado à UA. “A Universidade de Aveiro é obviamente uma das grandes instituições da cidade e do país. Essa ligação [entre a UA e o São Gonçalinho] existe mais do que nós pensamos. As Tunas Universitárias – feminina e masculina - da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) têm como padroeiro o São Gonçalinho. (…) Eu gostava que essa ligação se estendesse à universidade… Aí ainda não estamos no ponto que gostava que estivéssemos”, confidenciou. Também nos desejos desta mordomia está em fazer com que a festa se estenda a todo o Bairro da Beira-Mar. “Ela já lá está, mas podemos ter novas centralidades dentro do bairro, com outros eventos mais pequenos, em que aproxime toda a gente da festa”, apontou. Os restantes desejos? Osvaldo prefere não os revelar sublinhando que “o segredo é a alma do negócio”. No final da festividade, Osvaldo Pacheco partilha ainda à Ria que “gostava muito” que os 21 mordomos que iniciaram em janeiro terminassem com o sentimento de que constituíram “uma família”. Sobre se gostará mais do São Gonçalinho, nos próximos dois anos, do que do seu Beira-Mar ou do seu Benfica? Osvaldo responde-nos com uma gargalhada: são “coisas complementares”. “Diria que, nestes dois anos, a minha prioridade, para além da parte profissional e familiar (…) onde eu vou dedicar grande parte do meu tempo, é esta causa. Tem de ser. Não há outra forma de lidar com estas coisas”, reconheceu. Até janeiro de 2026, altura em que ocorrem, novamente, as Festas de São Gonçalinho, os 21 novos mordomos vão afinando a voz, por aqui e acolá, ensaiando com devoção a marcha que todos esperam ouvir: a “Marcha de São Gonçalinho”.
Seis anos e cinco meses de prisão para autor de três fogos em Aveiro
Durante a leitura do acórdão, o juiz presidente disse que o tribunal ficou convicto de que o arguido cometeu os factos que lhe vinham imputados na acusação do Ministério Público. O arguido foi condenado em três penas parcelares (uma de três anos e meio, outra de três anos e nove meses e outra de quatro anos de prisão) por três crimes de incêndio florestal. Em cúmulo jurídico, foi-lhe aplicada uma pena única de seis anos e cinco meses de prisão. O tribunal decidiu ainda manter em regime de prisão preventiva o arguido até esgotar o prazo para recorrer da decisão. Os incêndios ocorreram em 16 de agosto de 2023 e em 08 e 15 de setembro de 2024, em várias zonas do concelho de Aveiro (Cacia, Monte do Paço e Mataduços). O arguido, que já cumpriu pena de prisão pelo mesmo tipo de crime, foi captado pelas câmaras de videovigilância instaladas numa residência situada em Monte do Paço, em Esgueira, junto a um terreno onde deflagrou um dos incêndios. O homem foi detido, fora de flagrante delito, pela Polícia Judiciária (PJ) em setembro de 2024, após o último incêndio ocorrido em Cacia. Aquando da detenção, a PJ informou que o incêndio ocorreu numa zona de extensa mancha florestal, onde nas proximidades se encontravam várias habitações e instalações industriais e “só não atingiu grandes dimensões graças à pronta deteção e combate do mesmo”. A Judiciária referiu ainda que o detido "revela uma propensão para a repetição do comportamento incendiário, não tendo sido possível determinar “qualquer motivação racional ou explicação plausível para a prática” dos crimes.
Ribau Esteves critica “pressa” nas presidenciais e Simão Santana apoia Gouveia e Melo
A cerca de meio ano para as eleições presidenciais há já três nomes em cima da mesa. Luís Marques Mendes, antigo presidente do PSD; Henrique Gouveia e Melo, ex-chefe do Estado-Maior da Armada; António José Seguro, ex-secretário-geral do PS. Mariana Leitão da Iniciativa Liberal (IL) também tinha anunciado a sua candidatura, mas esta quinta-feira acabou por a retirar para disputar a liderança da IL, depois da saída de Rui Rocha. Interpelado pela Ria, no final da reunião camarária desta quinta-feira, Ribau Esteves criticou a excessiva aceleração e a partidarização do processo eleitoral. “Nunca percebi a pressa nestas eleições presidenciais. Nunca percebi, de todo. Nem a pressa, nem a partidarização. Esta questão de que cada partido tem de ter um candidato, eu discordo”, frisou. Para o autarca, “os candidatos têm de se apresentar, têm de fazer o seu trabalho”, cabendo depois aos partidos decidir se apoiam ou não.” Como exemplo, referiu a candidatura de Luís Marques Mendes, que, num “ato muito simbólico”, decidiu “formalmente deixar de ser militante do PSD”. Reconheceu, no entanto, “que Marques Mendes nunca deixou de ser militante do PSD, mas formalmente deixou de o ser”, acrescentando que foi “um sinal de que aquela eleição não é partidária - embora, há muito tempo, esta eleição tenha sido partidarizada”. Numa visão sobre os partidos, Ribau Esteves criticou ainda a forma como estes têm tratado a eleição presidencial. “O PSD tem um candidato, o PS anda à rasca, mas está à procura de um, a Iniciativa Liberal tem um [entretanto Mariana Leitão retirou a sua candidatura], o Chega já teve um, agora não sabemos se vai continuar ou não”, expôs, vincando ser “contra isto”. Num tom mais pessoal acrescentou ainda que, oportunamente, tomará uma decisão e que a tornará pública, “tranquilo da minha vida”. “Qual é a pressa?”, voltou a questionar Ribau Esteves. Para o autarca aveirense “vivemos numa sociedade em que tudo anda com uma pressa absurda”. Ainda sem uma decisão tomada, garantiu: “Vou querer o mais possível fazer aquela escolha boa de qual destes todos é o melhor, mas mesmo que essa não acontecesse (…) ia pela outra de qual destes todos é o menos mau”. Ribau Esteves terminou assegurando à Ria que votará “em alguém, não me vou abster, nem anular o voto, nem votar em branco, mas não há pressa nenhuma”. Por sua vez, Simão Santana, adjunto do presidente da Câmara Municipal de Aveiro, revelou à Ria que está a apoiar Henrique Gouveia e Melo “por uma questão de convicção”. O ex-presidente do PSD-Aveiro consta na lista de apoiantes que foi tornada pública no site oficial da candidatura de Gouveia e Melo. “Acho que o espaço democrático em Portugal está minado pelo medo e os partidos (…) não têm sido capazes de conquistar as pessoas pela esperança, pelo futuro, pelas coisas boas que podemos fazer, não só para nós próprios, mas para o nosso país”, opinou. “Acho que Gouveia e Melo representa esta liderança que precisamos. É um líder nato, não é uma segunda ou terceira figura de um partido, até porque isto não se trata de uma eleição de partidos. Trata-se de uma eleição de pessoas”, assegurou. Neste seguimento vincou à Ria, ser “um simples apoiante português” que considera o antigo almirante o “líder certo, na hora certa”. Questionado sobre o facto do PSD ter declarado, na última semana, apoio à candidatura presidencial de Marques Mendes, Simão Santana respondeu que apesar de discordar da escolha continua a apoiar o partido. “Não está nada disso em causa, não misturo. Além do mais, é importante, dentro do PSD, que existam ideias diferentes, porque isto obviamente enriquece o PSD. Acho que a candidatura do Gouveia e Melo vai enriquecer o espaço político e vem ajudar os partidos (…) moderados a poderem ter mais força no mundo”, justificou. Neste seguimento, relembrou ainda que é “apenas um militante livre, que gosta muito do seu partido, mas que gosta muito do seu país”. “O país está sempre à frente de qualquer circunstância pessoal”, assegurou. Sobre o nome de Luís Marques Mendes foi mais além e disse que esta foi uma decisão “fabricada” pela direção do PSD. “Eu acho que não é uma boa escolha. Eu gostaria muito que o Partido Social Democrata pudesse apoiar o antigo almirante à presidência da República. Acho que era a escolha certa”, insistiu. Questionado ainda pela sua saída da presidência da concelhia do PSD-Aveiro e por um possível regresso à vida política, Simão Santana reafirmou que “não” abandonou a política. “Eu simplesmente saí da minha posição de presidente do PSD porque achei que não fui bem tratado, nem tido em conta (…) num momento da decisão que me diria absolutamente respeito. Portanto, eu não saí da vida política ativa, continuo como conselheiro nacional. E enquanto achar que sou útil ao PSD cá continuarei”, assegurou.
Ribau Esteves evita comentar 'Rota de Oportunidades' de Alberto Souto, mas enumera investimentos
Desde o passado dia 22 de maio que Alberto Souto de Miranda, candidato socialista à CMA, iniciou uma nova ação de campanha intitulada “Rota das Oportunidades”. A iniciativa pretende “identificar no terreno situações de estagnação e desperdício de potencial no concelho”. Questionado pela Ria, no final da reunião camarária desta quinta-feira, sobre se tem acompanhado esta iniciativa, o atual presidente da Câmara, José Ribau Esteves afirmou que vê “tudo o que é o processo político do Município de Aveiro, com toda a atenção”. “Não exatamente por obrigação, mas também tenho como uma das minhas funções como presidente de Câmara, que é um cargo político, estar a par de tudo. Portanto, é uma opção política que também a sinto como uma obrigação”, justificou. Sobre Alberto Souto, Ribau Esteves recorda que este foi presidente da Câmara e deixou a autarquia em situação crítica. “O Dr. Alberto Souto foi presidente desta Câmara e saiu despedido pelos cidadãos. Entendeu [ser candidato], 20 anos depois de ter sido despedido e de ter trabalhado nesta Câmara durante oito anos. Fez algumas coisas boas, fez muitas asneiras e deixou a Câmara na pré-falência. E os cidadãos, que é quem manda na democracia, despediram-no”, atirou. O autarca sublinhou ainda o percurso dos seus antecessores. “Nós somos cinco [ex] presidentes de Câmara. Só quatro fomos eleitos. O presidente Celso Santos foi presidente desta Câmara, mas não foi eleito. Quando tentou ser eleito, perdeu. Como o seu sucessor, Alberto Souto, perdeu as eleições. Como o seu sucessor, Élio Maia, perdeu as eleições. O nosso primeiro presidente de Câmara eleito, Girão Pereira - e o último presidente de Câmara eleito e ainda em funções ‘José Ribau Esteves’ - não perderam as eleições, saem por motivos de vontade própria e/ou do quadro legal que limita uma outra qualquer possibilidade”, frisou. Até ao momento, Alberto Souto já lançou quatro vídeos no âmbito da iniciativa “Rota das Oportunidades” que, como diz, tem como objetivo falar de ideias e obras que estão paradas “há 20 anos”. Entre os temas que já falou está a zona urbanística junto ao Moinho do Canal do Paraíso, onde referiu estar com um “enorme desmazelo urbanístico”; a antiga lota de Aveiro que considera ser o “maior impasse e o maior buraco urbanístico” do concelho de Aveiro; o famoso prédio da Avenida Lourenço Peixinho em que destaca ser um “escândalo urbanístico” e referências a Esgueira onde atira que “não há um único parque digno desse nome”. Questionado diretamente sobre os conteúdos da "Rota das Oportunidades", Ribau Esteves evitou tecer comentários sobre as ideias do opositor. “Ouço tudo, mas não faço declarações públicas de concordância ou discordância. Não faço ideia do que é que quer dizer o ‘Parque de Esgueira’. Não faço ideia, nem quero fazer. Respeito e, obviamente, o sr. candidato explicará ao seu eleitorado e discutirá com os outros candidatos essa e as outras ideias”, vincou. Ainda assim, Ribau Esteves respondeu às críticas apontadas por Alberto Souto com exemplos de projetos em curso ou já realizados pela autarquia, como o Plano de Pormenor do Canal do Paraíso. “Está em curso um plano de pormenor, chama-se Plano de Pormenor do Canal do Paraíso, que integra essa zona. As opções (...) vieram aqui à Câmara, são públicas. O plano teve uma primeira fase de inquérito público, virá proximamente para ser aprovado e vai ter outro inquérito público. Portanto, a posição da Câmara sobre essa matéria está claríssima e tem um processo em curso, com uma importância legal brutal”, respondeu. Sobre a antiga lota, o presidente da Câmara recordou que já há um “projeto em curso”. “Estamos a formalizar o projeto de execução e temos um fundo comunitário aprovado, do ITI [Instrumentos Territoriais Integrados] das Redes Urbanas, no caso das Cidades Azuis, que vai comparticipar uma primeira fase das obras de urbanização e infraestruturação daquele terreno”, recordou. Sobre o prédio da Avenida Lourenço Peixinho, Ribau Esteves relembrou que há já uma nova empresa titular do espaço e um projeto em desenvolvimento. “Posso adicionar que a AM48 - a mesma empresa que é dona da Foz de Prata - fez um concurso para escolher o arquiteto e participaram cinco ou seis gabinetes. Eu fui chamado à sede da empresa, em Lisboa, porque a empresa quis ouvir-me antes de fechar a sua decisão. (…) Foi-me dito recentemente que o projeto desse arquiteto (…) entrará proximamente. Não sei dizer nada de mais rigoroso em termos matemáticos do que o proximamente”, assegurou. Quanto à freguesia de Esgueira, Ribau Esteves admitiu que existe um problema com a “falta objetiva de espaço público”, relembrando alguns dos investimentos feitos pelo atual Executivo como, por exemplo, o Parque Aventura Fonte do Meio. “Um grande investimento que acabou com um dos mais graves passivos ambientais”, considerou. Por fim, Ribau Esteves considerou que Alberto Souto já teve várias oportunidades para se candidatar, mas optou por não o fazer. “Se o Dr. Alberto Souto tivesse vindo disputar comigo [eleições]... Teve a oportunidade de fazer três disputas comigo: não foi a uma. Ele podia ter disputado três eleições comigo. Perdeu a oportunidade de discutirmos tudo e mais alguma coisa”, exprimiu.
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"Porquê orgulho? Porque ainda não é seguro viver sem medo", opinião de Hugo Filipe Nunes
Junho é o mês do Orgulho LGBTQIA+. É um mês de visibilidade, de luta, de memória e de celebração. Mas, ano após ano, há quem insista em perguntar: “E o orgulho hetero, quando é?” Como se fosse comparável. Como se a história fosse igual para todas as pessoas. Como se o orgulho de quem foi silenciado, perseguido, ridicularizado ou agredido fosse um capricho — e não um ato de resistência. É importante dizer o óbvio: ninguém precisa de um “orgulho hetero” porque ninguém foi jamais espancado por ser heterossexual. Ninguém perdeu o emprego, foi expulso de casa ou ameaçado na rua por andar de mão dada com alguém do sexo oposto. Ninguém se viu forçado a esconder quem é — para sobreviver. O orgulho LGBTQIA+ não nasce da arrogância. Nasce da dor e da recusa da vergonha. É o contrário da superioridade; é uma resposta à humilhação imposta. Estamos em 2025. Portugal é, em muitos aspetos, um país progressista. Temos casamento igualitário, possibilidade de adoção por casais do mesmo sexo, reconhecimento legal da identidade de género, e algumas proteções anti-discriminação. Mas quem acha que “está tudo resolvido” vive numa bolha. As agressões homofóbicas continuam a acontecer. O bullying nas escolas é uma realidade. O acesso a cuidados de saúde competentes e respeitadores da identidade de género continua desigual. E há cada vez mais discursos públicos que ridicularizam ou atacam os direitos conquistados. Este ano, o mês do Orgulho acontece num contexto político particularmente preocupante. Com a extrema-direita a almejar cada vez mais poder, os direitos das pessoas LGBTQIA+ voltaram a ser alvo. Com linguagem disfarçada de “liberdade de expressão” ou “defesa da família”, o que se vê é o retorno de preconceitos já combatidos: a ideia de que somos uma ameaça à infância, de que devemo-nos “manter discretos”, de que exigir respeito é impor uma “agenda”. É neste contexto que surgem também os ataques ao chamado “wokismo”. A palavra “woke”, que começou por significar consciência social e atenção às injustiças, foi capturada e transformada num insulto. Sempre que alguém se indigna com o racismo, com a homofobia, com o sexismo ou com a desigualdade, é imediatamente apelidado de “woke”. Como se lutar por direitos fosse uma moda. Como se combater a exclusão fosse uma fraqueza. É uma estratégia velha: gozar com a linguagem para deslegitimar a causa. Mas as causas permanecem. E são justas. Não é coincidência que, em todos os países onde a extrema-direita governa ou tem alta influencia, os direitos LGBTQIA+ estejam entre os primeiros a serem atacados. A lógica é simples: criar inimigos internos, dividir a sociedade, impor uma moral única. Em nome da tradição, retiram-se direitos. Em nome da ordem, persegue-se a diferença. Mas a resposta a este avanço não pode ser o silêncio. Não podemos baixar os braços, nem tratar a igualdade como garantida. O Orgulho existe precisamente porque o perigo ainda existe. Porque, mesmo com avanços legislativos, o preconceito não desapareceu. Porque cada gesto público de afeto entre duas pessoas do mesmo sexo ainda é, muitas vezes, um ato corajoso. Porque os adolescentes LGBTQIA+ continuam a crescer com medo, sem referências, sem apoio. Enquanto existir medo, vergonha, discriminação ou violência, o orgulho é necessário. Não é provocação; é defesa. Não é espetáculo; é sobrevivência. É dizer “estamos aqui” num mundo que tantas vezes nos quis apagar. E sim, este combate é político. Porque a liberdade e a igualdade não se defendem apenas com boas intenções. Exigem leis, políticas públicas, financiamento a organizações de apoio, campanhas de sensibilização. Exigem coragem de quem governa e de quem representa, mesmo em assembleias de freguesia. Neste junho, que ninguém se cale. Que se pinte, que se dance, que se ocupe o espaço público, que se abracem causas e pessoas. Porque o orgulho não é só de quem é LGBTQIA+. É de todas e todos os que acreditam que ninguém deve ser tratado como cidadão de segunda. Se ser woke é defender quem sempre foi silenciado, então que nunca me falte orgulho de o ser.
Novo alerta para mensagens fraudulentas enviadas em nome da Autoridade Tributária
“Prezado(a) contribuinte: informamos que o sistema informático identificou um reembolso de imposto pendente associado ao seu NIF (Número de Identificação Fiscal). Para evitar atrasos no processamento, confirme os seus dados bancários através do portal seguro. O procedimento é rápido e obrigatório para a validação do reembolso”, refere o corpo de uma dos ‘emails’ falsos que a AT partilhou hoje no seu portal, e que, de seguida, fornece um 'link' malicioso. Este novo alerta de fraude – o sétimo que a AT efetua desde o início do ano – mostra vários exemplos de ‘emails’, sendo que quase todos usam o logótipo da AT e a maioria acena com o pagamento de reembolsos, fornecendo ‘links’ maliciosos que, se abertos, poderão dar acesso a dados relevantes do visado, nomeadamente bancários. Num outro exemplo de ‘email’ fraudulento partilhado pela AT neste novo alerta, a mensagem inclui mesmo ‘campos’ para as pessoas colocarem os dados do seu cartão bancário (número, data de validade e CVV). Perante estas situações a AT reitera que as mensagens em causa devem ser ignoradas e apagadas, pois o seu objetivo “é convencer o destinatário a aceder a páginas maliciosas carregando nos ‘links’ sugeridos ou a efetuar pagamentos indevidos”.
Filmes portugueses conseguiram este ano 1% dos 4,5 milhões de espectadores das salas de cinema
As estatísticas mensais de exibição comercial de cinema, divulgadas hoje pelo ICA, dão conta de que este ano, até maio, os cinemas portugueses acolheram 4.525.468 espectadores, ou seja, mais 13% do que igual período de 2024. Em termos de receita de bilheteira, somaram-se 28,5 milhões de euros, num aumento de 16,5% (cerca de quatro milhões de euros) face ao mesmo período de 2024. Os filmes portugueses ou com coprodução nacional, estreados este ano, foram vistos por 48.449 espectadores, o que significa que representaram 1,1% da quota total do mercado. Em receitas de bilheteira, a quota é de 0,8%, com um total de 228 mil euros. Dos 172 filmes estreados nos cinemas entre janeiro e maio, apenas 44 (25,6%) foram de produção ou coprodução norte-americana, mas são os que têm mais sucesso, ultrapassando a quota dos 67% do total da exibição, tanto em receita de bilheteira como em audiência. Comparando apenas a prestação do mês de maio, este ano houve um aumento de 27,4% no número de espectadores face a 2024, para um total de 852.584 entradas, e uma subida de 37% em receitas de bilheteira, somando 5,3 milhões de euros. Esta subida pode justificar-se pela realização da iniciativa “Cinema em Festa”, organizada durante três dias de maio pela Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas, com a venda de bilhetes a 3,5 euros em mais de 420 salas. Este ano, e com dados contabilizados até maio, o filme mais visto nos cinemas foi “Um Filme Minecraft”, de Jared Hess, com 498.120 espectadores e três milhões de euros de receita. O segundo filme mais visto continua a ser “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, com 383.829 entradas e 2,4 milhões de euros de bilheteira. “On Falling”, de Laura Carreira, é o filme português mais visto este ano, com 12.531 espectadores e cerca de 75 mil euros de receita.
Diretor da PJ alerta para aumento da violência contra as mulheres mais jovens
À margem do seminário sobre violência doméstica, que decorre hoje no edifício da PJ, Luís Neves defendeu que é necessário combater este tipo de violência contra as mulheres, crime que considerou “absolutamente intolerável”, e deu como exemplo jogos ‘online’ em que o alvo são precisamente as mulheres e em que o objetivo é violar, abater e perseguir mulheres. “Isto é absolutamente inqualificável, sobretudo quando estamos a falar de gente jovem”, referiu o diretor nacional da PJ, dando como exemplo três detenções feitas por esta polícia e relacionadas com o crime de violação em apenas dez dias. “Estamos a falar de violações de gente muito jovem em relações de proximidade. É intolerável termos mulheres como alvo a abater”, acrescentou. Luís Neves falou ainda sobre a investigação relacionada com o jovem de Santa Maria da Feira, de 17 anos, que foi recentemente acusado pelo Ministério Público de vários crimes, incluindo o de instigar um massacre no Brasil, em 2023. Este jovem, descreveu o diretor nacional da PJ, recrutou e incentivou, sempre ‘online’, jovens no Brasil para que fosse feito um ataque em massa numa escola, sendo que neste momento a Polícia Judiciária está a trabalhar com a Polícia Federal do Brasil para que sejam identificados todos os autores do massacre que resultou na morte de uma jovem. Além deste massacre, o jovem de Santa Maria da Feira, que vivia com os pais e se encontra detido desde o ano passado, estaria a planear matar pessoas em situação de sem-abrigo em direto para vender as imagens em ‘streaming’. “Foram também cometidas agressões sexuais a jovens mulheres, adolescentes, que foram violadas em grupo, incentivadas a partir da ‘internet’. Essas mesmas vítimas, que foram duplamente vitimizadas, acabaram depois por ser pressionadas para se automutilarem sob pena de as imagens das violações serem difundidas”, explicou ainda Luís Neves a propósito deste jovem de Santa Maria da Feira. Para o diretor nacional da Polícia Judiciária, estes crimes “são sinais de que há um foco muito especial na mulher, nas mulheres jovens, em que são tratadas como coisas, são abusadas, são agredidas e violentadas”.