Beira-Mar recua na criação da sociedade desportiva com Breno Silva
O Sport Clube Beira-Mar confirmou esta sexta-feira, 20 de junho, que o processo de constituição da sociedade desportiva com o investidor Breno Dias Silva não irá avançar. Em declarações à Ria, Nuno Quintaneiro, presidente do clube, evitou revelar os motivos concretos da decisão, limitando-se a afirmar que não estão reunidas as condições de “confiança e segurança” necessárias para formalizar o acordo.
Isabel Cunha Marques
Jornalista"Disse sempre aos sócios que só colocaríamos a nossa assinatura na escritura de constituição de uma sociedade desportiva se sentíssemos absoluta confiança e segurança no processo. Neste momento, essas condições não estão reunidas", afirmou Nuno Quintaneiro à Ria, sublinhando que a decisão está em linha com o compromisso assumido em Assembleia Geral.
A Direção comunicou oficialmente esta sexta-feira a decisão de não avançar com a constituição da sociedade desportiva, através de uma nota publicada no site do clube. No comunicado lê-se que "a Direção do SC Beira-Mar reuniu com o Sr. Breno Dias Silva, num encontro em que participaram também os presidentes da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal e Disciplinar do Clube, tendo informado o mesmo que, neste momento, não se encontram reunidas as condições para se avançar com a constituição da Sociedade Desportiva (SD) para o futebol".
Confrontado com os pressupostos que terão ficado por cumprir por parte de Breno Silva, o presidente do clube optou por não entrar em detalhes, justificando-se com a sensibilidade da matéria. "Trata-se de uma questão com dimensão jurídica. Para proteger a posição do clube, não me vou pronunciar publicamente sobre esse assunto", declarou.
Recorde-se que a notícia já tinha sido anteriormente avançada pela Ria onde, segundo informação recolhida pela redação, a direção do clube tinha mostrado intransigência em abdicar dos pressupostos previamente aprovados em sede própria pelos sócios. Entre as exigências feitas ao investidor, estavam a regularização de compromissos anteriormente assumidos perante o clube, a apresentação de uma garantia bancária e a demonstração de capacidade financeira para assegurar a totalidade do capital social necessário à constituição da sociedade.
Apesar do recuo neste processo com Breno Silva, a Direção assegurou que o clube “já se encontra inscrito no Campeonato de Portugal e competirá na época 2025/2026”, embora com “restrições orçamentais”. “À luz do que aconteceu na época passada, em que também arrancamos com muitas restrições orçamentais, vamos procurar construir um grupo forte, competitivo, que dignifique as cores do clube e que também nos garanta, do ponto de vista desportivo, a estabilidade para podermos reiniciar este processo de constituição de uma sociedade desportiva”, afirmou.
“Neste momento, o paradigma que temos é (…) de realismo, em que vamos procurar, essencialmente, ser competitivos, sem prometer nenhuma subida de divisão, nem prometer nenhum resultado desportivo em que gostaríamos de ser candidatos, mas nesta altura não estamos em condições de o fazer”, continuou Nuno Quintaneiro.
Sem encerrar o dossiê da sociedade desportiva, o presidente do SC Beira-Mar assumiu que, para esta temporada, a constituição da sociedade desportiva já não será possível. “Vejo com muita dificuldade. Aliás, quase que há uma incompatibilidade prática de constituir a sociedade desportiva a tempo da participação no Campeonato de Portugal. (...) A partir do momento em que estejam estabilizados os quadros competitivos da Federação, já não é possível alterar a estrutura formal de um clube para uma SD”, justificou.
Com o processo em suspenso, o foco do clube passa agora pela preparação da nova época desportiva. “Dentro das limitações orçamentais que temos, queremos formar um grupo competitivo e garantir condições de estabilidade desportiva, o que também nos permitirá trabalhar a vertente institucional, financeira e organizacional do clube”, afirmou.
Ainda assim, Nuno Quintaneiro garantiu que o processo da constituição da sociedade desportiva continuará a ser um dos objetivos estratégicos da direção. “Continuamos com esse objetivo estratégico. (…) Não é por este processo não estar nesta altura no estágio de maturação que vamos desistir”, vincou.
Quanto a novos interessados, Nuno Quintaneiro revelou que têm surgido abordagens, “essencialmente, de fora”, mas sem qualquer formalização. “Muitas das abordagens que recebemos são de pessoas que estão no mercado do futebol: agentes, empresários, jogadores, etc. (…) Portanto, pessoas que têm muitos contactos com investidores e que muitas vezes funcionam aqui como intermediários de investidores e que estão no terreno à procura de clubes para realizar esses investimentos e essas parcerias”, avançou.
Recorde-se que os pressupostos da sociedade desportivos foram aprovados na Assembleia Geral no dia 22 de novembro de 2024 com um voto contra e duas abstenções.
Breno Dias Silva, um empresário de nacionalidade brasileira, residente em Londres, com “vasta experiência na orientação de empresas em processos de expansão internacional” tinha sido o investidor escolhido para a constituição da sociedade desportiva pela direção do SC Beira-Mar. O seu nome foi oficialmente anunciado a 19 de janeiro, numa conferência de imprensa no Auditório António José Bartolomeu, no Estádio Municipal de Aveiro - Mário Duarte, por Nuno Quintaneiro. . Na altura, a proposta de Breno Silva destacou-se pelo “amplo consenso dentro do clube”.
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Catarina Barreto afirma que oposição garantiu aprovação do executivo após reunião negocial
A sessão de instalação dos novos órgãos autárquicos de Aradas estava marcada para as 21h00. O Salão Nobre Manuel Simões Madaíl foi o local escolhido para o evento, mas, ainda antes da hora marcada, já se percebia que o espaço seria pequeno para acolher as dezenas de pessoas que quiseram assistir ao momento. Muitas acabaram mesmo por ficar de pé. Entre os presentes destacavam-se, entre outros, Firmino Ferreira, presidente da concelhia do PSD-Aveiro, e Diogo Machado, vereador eleito pelo Chega na Câmara Municipal de Aveiro. À chegada ao salão, Catarina Barreto começou por exigir aos vários elementos da oposição - Movimento Sentir Aradas, Partido Socialista (PS) e Chega - que se encontravam sentados na fila da frente, que se posicionassem de acordo com a ordem determinada pelo tribunal. Concluído esse processo, a sessão teve início cerca de oito minutos depois da hora prevista. Seguiu-se a instalação da Assembleia de Freguesia, com a tomada de posse dos diferentes eleitos. Catarina Barreto passou então a presidir à primeira reunião da Assembleia de Freguesia, destinada à instalação dos órgãos autárquicos. “Desejo que este ato decorra com urbanidade e humildade democrática na sequência também das reuniões que foram assim havidas”, vincou a presidente. A verdade é que a primeira reunião demoraria apenas cerca de 30 minutos. Tal como anteriormente avançado pela Ria, Catarina Barreto optou por submeter à votação o primeiro vogal do futuro executivo através de votação nominal, em vez de votação em lista. A proposta acabou por ser reprovada pelos membros da Assembleia, com sete votos contra e seis a favor, e os trabalhos foram imediatamente suspensos pela presidente de Junta. No seguimento, a autarca alertou os presentes de que a Junta se manteria em gestão com o órgão executivo em funções e que seria agendada uma nova Assembleia de Freguesia, embora sem adiantar uma data. Mesmo depois de ter comunicado a suspensão dos trabalhos, restando apenas a assinatura da ata final, o número de pessoas presentes manteve-se praticamente inalterado até Catarina Barreto encerrar a sessão. Antes disso, Gilberto Ferreira, eleito pelo Movimento ‘Sentir Aradas’, pediu à presidente para intervir e fazer uma declaração de voto, ao que esta respondeu que o fizesse por escrito. Perante a resposta, um dos cidadãos presentes comentou, em tom baixo, com outro: “Isto é uma vergonha”. Questionada no final pela Ria, sobre a suspensão dos trabalhos, Catarina Barreto explicou que teve uma reunião com a oposição, “na passada quarta-feira”, e que foi acordado aprovar a “composição” que tinha indicado. “A maioria do acordo não contemplava nada do que foi falado. A reunião iniciou-se às 17h30 e durou até às 19h30”, contou. Recorde-se que, tal como noticiado, a oposição em Aradas estava disponível para aprovar um executivo integralmente constituído por elementos da coligação ‘Aliança com Aveiro’, tendo proposto um conjunto de condições, com destaque para a realização de uma auditoria financeira independente, o acesso integral à documentação que levou a Junta de Freguesia a ser condenada em Tribunal e a reintegração das duas funcionárias, alegadamente vítimas de assédio laboral, nas anteriores funções e local de trabalho. Ainda sobre a reunião de negociação do “acordo de entendimento” que decorreu na passada quarta-feira, 22 de outubro, a presidente de Junta assegurou que em “momento algum foi utilizada a palavra auditoria” e que “em momento algum iríamos reconhecer o quer que seja quanto à questão das trabalhadoras”. “Até porque a questão das trabalhadoras é uma questão, como foi explicado, que está a ser devidamente investigada pela Inspeção-Geral das Finanças (IGF), e, portanto, teria oportunamente que aguardar o seu desenlace”, disse. “Eu disponibilizei-me até, inclusivamente, a mostrar todos os documentos que tínhamos quanto à IGF. (…) Foi de comum acordo que não seria dado nenhum desenlace à questão das trabalhadoras”, continuou. Relativamente à auditoria, Catarina Barreto assegurou que só soube esta quinta-feira, 23 de outubro, da exigência. “Ficou acordado que eles redigiriam o documento escrito e que me enviariam até ao final da manhã. O email chegou eram 17h15 [de quinta-feira]. Não foi enviado para o meu email pessoal, foi enviado para os serviços da secretaria da Junta. Quando eu tive conhecimento do mesmo, de imediato, iniciei a redação do email em que narrei todas as questões que foram abordadas e que não estão contempladas”, referiu. Segundo a presidente, o acordo “preconizava só obrigações para o órgão executivo e obrigações que não podem”. “O projeto votado foi o projeto da ‘Aliança com Aveiro’. (…) Como é que uma reunião que decorre com líderes partidários para definir a composição dos órgãos não consta nenhuma referência a essa mesma composição?”, questionou, dando nota que a oposição, “em vez de responder ao meu email, comunicaram à comunicação social. Isto não é de todo [correto]…. O email devia ter tido uma resposta”, exprimiu. Entretanto, a Ria já teve acesso ao email que Catarina Barreto remeteu para a oposição esta quinta-feira, pelas 19h23, onde criticou a alegada mudança de posição da oposição e propôs uma “revisão integral do acordo e das suas cláusulas”, manifestando “disponibilidade para firmar o acordo que espelhe o que foi discutido e acordado em sede da reunião, nos moldes e termos nela analisados e por todos aceites”. No fim, interpelada ainda se estaria disponível para assinar o acordo, no caso da oposição manter as condições, nomeadamente a realização de uma auditoria, a presidente de Junta respondeu prontamente: “A postura da ‘Aliança com Aveiro’ mantém-se”. “A ‘Aliança com Aveiro’ está disponível, dentro do que foi conversado e acordado, em sede de reunião de líderes. (…) Não é uma questão de estar disponível ou não para a auditoria. A Junta de Freguesia de Aradas foi fiscalizada por várias entidades… Aliás, eu não percebo como é que uma das condições do acordo era contratarmos uma auditoria escolhida por eles. Como é que em termos de procedimentos administrativos eles podem indicar a contratação da empresa que nós teríamos. A ser uma auditoria teria de ser lançado um concurso como todos sabemos… Portanto, não me parece viável eles indicarem uma empresa à escolha deles para a Junta de Freguesia suportar”, atentou. A Ria consultou o “acordo de entendimento” disponibilizado pela própria presidente de Junta de Aradas, onde a oposição fala que “deverá ser efetuada consulta ao mercado, podendo as entidades a serem consultadas serem sugeridas por qualquer um dos signatários do presente acordo”.
Executivo em Aradas reprovado: e agora? A Ria explica-lhe o que se segue
Não. Segundo a ANAFRE, o princípio da continuidade do mandato (artigo 80.º da Lei n.º 169/99, na redação da Lei n.º 5-A/2002) determina que os titulares dos órgãos autárquicos mantêm-se em funções até serem legalmente substituídos. Isto significa que o anterior executivo - ainda que cessante - continua em funções até que um novo seja aprovado e tome posse, evitando qualquer vazio de poder na gestão local. De acordo com a ANAFRE, a proposta dos vogais é apresentada pela presidente da Junta à Assembleia de Freguesia, que vota de forma secreta. Se a proposta for rejeitada, “cria-se uma situação de bloqueio e a consequente paralisação da atividade dos dois órgãos da freguesia”. Nessa situação, a presidente deve reformular a proposta e apresentá-la novamente, podendo este processo repetir-se “até esgotadas todas as possibilidades”, esclarece a ANAFRE. A lei não prevê uma dissolução automática nem eleições intercalares imediatas por causa da não aprovação dos vogais do executivo. Enquanto não houver novo executivo, mantém-se o anterior em funções, em gestão corrente, até que uma nova proposta seja aprovada pela Assembleia de Freguesia. Se o impasse persistir, o que poderá provocar eleições é a renúncia dos eleitos e a verificação da falta de quórum no órgão (note-se que, por exemplo, foi por esse motivo que foram convocadas eleições intercalares em São Jacinto, em 2022). Neste período os órgãos das autarquias locais e os seus titulares, no âmbito das respetivas competências, sem prejuízo da prática de atos correntes e inadiáveis, ficam impedidos de deliberar ou decidir em relação às seguintes matérias: “Contratação de empréstimos; Fixação de taxas, tarifas e preços; Aquisição, alienação ou oneração de bens imóveis; Posturas e regulamentos; Quadros de pessoal; Contratação de pessoal; Criação e reorganização de serviços; Nomeação de pessoal dirigente; Nomeação ou exoneração de membros de conselhos de administração dos serviços municipalizados e das empresas municipais; Remuneração dos membros do conselho de administração dos serviços municipalizados; Participação e representação da autarquia em associações, fundações, empresas ou quaisquer outras entidades públicas ou privadas; Municipalização de serviços e criação de fundações e empresas; Cooperação e apoio a entidades públicas ou privadas e apoio a atividades correntes e tradicionais; Concessão de obras e serviços públicos; Adjudicação de obras públicas e de aquisição de bens e serviços; Aprovação e licenciamento de obras particulares e loteamentos; Apoiar ou comparticipar, pelos meios adequados, no apoio a atividades de interesse da freguesia de natureza social, cultural, educativa, desportiva, recreativa ou outra; Afetação ou desafetação de bens do domínio público municipal; Deliberar sobre a criação dos conselhos municipais; Autorizar os conselhos de administração dos serviços municipalizados a deliberar sobre a concessão de apoio financeiros, ou outro, a instituições legalmente constituídas; Aprovar os projetos, programas de concurso, caderno de encargos e adjudicação”.
Partido Socialista aprova executivo de Rui Cordeiro na Junta de Esgueira
A proposta teve apenas dois votos contra. [EM ATUALIZAÇÃO]
Primeiro vogal para executivo de Aradas chumbado e Catarina Barreto suspende trabalhos
Logo após o chumbo do nome apresentado, Catarina Barreto suspendeu de imediato os trabalhos, sem permitir intervenções por parte dos eleitos da oposição. A decisão surpreendeu os restantes membros da Assembleia, que aguardavam a possibilidade de intervir antes de dar seguimento ao processo. A reunião ficará assim adiada, mantendo-se em aberto a definição do executivo que irá liderar a freguesia nos próximos anos. Segundo a oposição, Catarina Barreto recusou assinar o "acordo de entendimento" que previa a realização de uma auditoria financeira e gestão aos mandatos 2017-2021 e 2021-2025, a disponibilização de todos os documentos que constam da sentença do Tribunal de Aveiro e que resultou na apresentação de um recurso por parte da Junta de Freguesia e o regresso das funcionárias da Junta que alegam serem vítimas de assédio laboral aos seus anteriores local de trabalho e funções. [EM ATUALIZAÇÃO]
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