Luís Souto de Miranda: conheça aqui o percurso do candidato do PSD Aveiro
Luís Souto de Miranda, atual presidente da Assembleia Municipal de Aveiro, é o nome avançado pelo PSD às eleições autárquicas deste ano. A sua disponibilidade, anunciada à comunicação social pelo próprio em maio de 2024, viu-se confirmada nos últimos dias e tem sido o tema mais falado da cidade.
Ana Patrícia Novo
JornalistaLuís Souto de Miranda, atual presidente da Assembleia Municipal de Aveiro, é o nome avançado pelo PSD às eleições autárquicas deste ano. A sua disponibilidade, anunciada à comunicação social pelo próprio em maio de 2024, viu-se confirmada nos últimos dias e tem sido o tema mais falado da cidade.
Luís Souto de Miranda nasceu em 1964, em Aveiro. Licenciou-se em Biologia pela Universidade de Aveiro (UA), onde é atualmente professor auxiliar de Bioética e Genética Forense e investigador na área da Genética Forense e Populacional, área onde se destacou por ser pioneiro na caracterização genética do povo de Timor-Leste. Rumou ao Porto para se tornar mestre em Genética Aplicada e mais tarde doutorou-se em Ciências Biomédicas pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Do seu currículo académico e científico destaca-se ainda o envolvimento na coordenação de dois projetos europeus ‘Euro4Science’, cujo objetivo passava pela aproximação da ciência aos jovens. É atualmente membro da Comissão Executiva do Departamento de Biologia (DBio) da UA e responsável pelo Laboratório de Genética Aplicada.
No que diz respeito ao percurso na política, os passos foram sempre dados no seio do Partido Social Democrata, tendo sido simpatizante e membro da Juventude Social Democrata (JSD). Foi membro da Comissão Política Concelhia da JSD e participou em vários congressos, tendo-se afastado para se dedicar também ao meio académico.
Acompanhou de forma natural o percurso do irmão mais velho, Alberto Souto de Miranda, como presidente da Câmara de Aveiro pelo Partido Socialista (PS) entre 1997 e 2005 e à semelhança daquilo que fez com os outros projetos políticos em Aveiro: “com muito interesse e atenção sobre aquilo que se ia fazendo”, sublinhou.
Ao recente estatuto de candidato às eleições autárquicas pelo PSD, junta-se a função de presidente da Assembleia Municipal de Aveiro, compromisso que assume há já oito anos. No currículo constam ainda os cargos de presidente da Assembleia Geral da Associação para Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro (ADERAV) e da Confraria dos Ovos Moles.
O anúncio do nome de Luís Souto Miranda tem causado surpresa no meio político aveirense, que contava já com Alberto Souto de Miranda, seu irmão mais velho, como candidato às mesmas eleições pelo Partido Socialista (PS). Recorde-se que, em declarações, o irmão Souto socialista pediu a demissão de Luís Souto de presidente da Assembleia Municipal e afirmou que tem vivido “dias muito difíceis”. “A disputa do poder autárquico não vale mais do que um jantar de Natal”, apontou.
Às críticas por parte do irmão socialista somam-se ainda as demissões dentro do próprio partido Social Democrata, nomeadamente de Simão Santana, presidente demissionário da Comissão Política da Secção de Aveiro, de Rogério Carlos, vogal da mesma comissão e de José Ribau Esteves, presidente da Assembleia de Secção. O autarca de Aveiro comentou recentemente ao Porto Canal o ponto de situação para as eleições autárquicas em Aveiro, tendo descrito Luís Souto como “um homem com uma carreira universitária, sem nenhuma experiência de gestão”.Sobre as demissões na concelhia, Luís Souto de Miranda prefere não tecer comentários, sublinhando que o seu foco está nos “grandes desafios” que tem pela frente. “Poder fazer coisas para melhorar Aveiro em todos os sentidos, sempre”, afirma Luís Souto Miranda, é o que o move.
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Maratona da Europa 2025 confirma “afirmação internacional” e “impacto positivo no território”
A nota enviada às redações aponta que a iniciativa contou com a participação de “cerca de 20 mil” pessoas de “77 nacionalidades”, uma participação que o município aponta como tendo sido “recorde”. A CMA aponta que a iniciativa reforçou, assim, “a promoção e marketing territorial de Aveiro, Município e Região”. “A Maratona da Europa é hoje uma marca afirmada de Aveiro, que alia desporto, turismo, ambiente e cidade. A edição de 2025 foi particularmente especial, ao acontecer no mesmo dia do encerramento da Feira de Março, permitindo um momento de grande mobilização popular e de afirmação da nossa capacidade organizativa”, reparou Ribau Esteves, presidente da CMA. A nota da autarquia repara ainda que a iniciativa se revelou como “uma forte alavanca de promoção económica e turística da Região de Aveiro e da Região Centro, com a presença de milhares de pessoas (…) que usufruíram da restauração, hotelaria e comércio local durante o fim de semana”. A atividade teve o Cais da Fonte Nova como ponto de partida e de chegada e “voltou a destacar os principais ícones naturais e urbanos dos Municípios de Aveiro e Ílhavo”, destaca o município.
Município de Aveiro afirma que Feira de Março 2025 recebeu mais de meio milhão de visitantes
José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) sublinha que a Feira de Março de 2025 “foi mais uma edição de excelência, que consolidou o evento como um dos maiores e mais relevantes do panorama nacional”. “A diversidade da programação, a qualidade da oferta e a forte adesão popular demonstram que a Feira continua a crescer e a reinventar-se com sucesso”, frisa o autarca. Segundo nota enviada às redações, a edição deste ano da Feira de Março recebeu “cerca de 550.000 visitantes” ao longo do mês em que decorreu. O município destaca ainda que “esta edição voltou a contar com uma forte componente de animação cultural e musical, tendo os concertos noturnos registado grande sucesso de público, com especial destaque para o concerto do Plutónio que registou lotação esgotada, com milhares de pessoas a marcar presença em cada espetáculo”. A nota deixa ainda uma palavra de agradecimento “a todos os que contribuíram para o êxito da Feira de Março 2025 — visitantes, expositores, patrocinadores, parceiros, artistas, associações, toda a equipa técnica gestora, e muito em especial aos Cidadãos que a viveram”.
Legislativas: Pedro Nuno Santos marca presença em Aveiro esta sexta-feira
Depois da entrega das listas para as eleições Legislativas, Pedro Nuno Santos volta a Aveiro - desta vez para o Grande Comício do partido. O encontro está marcado para as 19h, no Parque de Feiras e Exposições de Aveiro, e espera-se que o candidato socialista a primeiro-ministro apresente as suas ideias para Aveiro e para o país. Tal como anteriormente noticiado pela Ria, o programa socialista promete isenção total na A25 e o prolongamento da Linha do Vouga, mas não fala do Hospital de Aveiro. Note-se que esta é a segunda vez que o candidato socialista se desloca a Aveiro e que a iniciativa decorre depois do debate entre o socialista e Luís Montenegro, que concorre também às eleições pelo círculo eleitoral de Aveiro.
Autárquicas: “Motivos pessoais e familiares” afastam Pedro Teixeira da disputa das eleições
O projeto independente estava a ser pensado e contava já com alguns apoiantes, mas Pedro Teixeira adiantou à Ria que não vai avançar com a candidatura por motivos “exclusivamente pessoais e familiares”. “Achei também importante dar essa satisfação porque, efetivamente, várias pessoas se questionam e me questionam se efetivamente seria uma alternativa de voto às candidaturas que agora já são conhecidas e, portanto, quis dar a conhecer que, efetivamente, não o vou fazer”, aponta Pedro Teixeira. O advogado aveirense nota ainda que antes de avançar a informação de que estaria a pensar numa candidatura independente à Ria, no início do mês passado, “já sabia que [o projeto] era viável”, no entanto, “era preciso ver toda a organização, toda a estrutura que é preciso ter e, efetivamente, de bom grado vi que tinha uma estrutura muito sólida e uma estrutura muito competente e que tinha bastantes apoiantes” garantiu. Pedro Teixeira repara que o apoio o deixou “extremamente feliz”, mas frisa que a candidatura não vai mesmo avançar – pelo menos por enquanto. Para o futuro, Pedro não esconde que é uma opção em aberto. “Não sendo eu um político, efetivamente há um órgão político pelo qual eu tenho muito carinho, que é a presidência da Câmara porque, efetivamente, trabalha-se para as pessoas, trabalha-se para a nossa cidade (…) é algo que eu vejo muito bonito na política”, sublinha. Pedro Teixeira continua a acreditar que há espaço para uma candidatura independente no município, mas garante que não avançará pela sua mão. “Mais nenhuma pessoa das que estava à minha volta demonstrou disponibilidade para ser ela a avançar com a candidatura independente e agora, não sei, cada um seguirá o seu rumo e terá de votar em consciência com os candidatos que agora há, não obstante (…) poder aparecer alguém”, aponta. Ainda assim confia que “se avançasse iria ter resultados muito positivos”. Confrontado com a possibilidade de vir a apoiar algum dos candidatos já conhecidos, Pedro Teixeira afirma apenas que tem vindo a “acompanhar os projetos” e “a forma de exercer e de estar na política”, contudo “não posso dizer se poderia apoiar este ou aquele candidato, até porque também ninguém falou comigo, mas eu também não pensei nisso”, frisa. Apesar de afirmar que não tem “tempo para desempenhar funções executivas”, a opção não é totalmente descartada por Pedro. “Teríamos de ver (…) como é que é a candidatura, quais é que são as ideias, quais é que são os projetos” e se se “identificava ou não [com o projeto]”, aponta o advogado aveirense.
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A ouvir e a agir: o balanço de Pedro Lages como provedor do estudante da UA
Nomeado por unanimidade pelo Conselho Geral, o também antigo dirigente associativo e alumni UA começou por explicar à Ria que aceitou o convite para esta entrevista “por acreditar que é relevante poder prestar contas sobre aquilo que tem sido o seu trabalho (…), mas também [para] promover um pouco mais a figura do provedor”. Este “é um dos objetivos que acabei por definir quando aceitei este desafio”, assegurou. Ao refletir sobre a sua missão, Pedro Lages avançou que a tem encarado de uma “forma tranquila” para “conhecer bem os problemas que são transmitidos pelos estudantes”. “Isso também acredito que é um garante da independência que esta função pode ter. É escutar os problemas que os estudantes nos transmitem, estudá-los de certa forma e enquadrá-los na realidade da UA, para depois poder promover mudanças ou resoluções que possam ir de encontro às suas expectativas”, sintetizou. Apesar da importância do cargo, o provedor reconheceu que a maioria dos estudantes desconhece a sua existência. “Se nós atentarmos no número de estudantes da nossa universidade e no número de requisições que o provedor do estudante tem ao longo dos tempos, desde a sua criação, reparamos que não ultrapassamos o 1% dos estudantes a recorrerem ao provedor. Isto não pode ser por não existirem situações a carecer de apoio, porque elas acontecem diariamente e não quer dizer que a universidade esteja a falhar na sua missão”, refletiu. Para Pedro Lages a curta duração dos ciclos de estudo pode ser uma das razões que contribuiu, ao longo dos tempos, para esse afastamento. “Se não houver um esforço constante de promoção dos órgãos e dos serviços da universidade... Eles não vão conhecê-los durante a sua passagem. [Os estudantes] passam por cá em ciclos cada vez mais curtos. As licenciaturas têm três anos, os novos públicos que conseguimos atrair vêm cá em formações cada vez mais reduzidas e, portanto, este esforço de difusão desta figura deve ser constante”, reforçou. Pedro considera ainda o provedor do estudante como o “último recurso” dentro da universidade “para resolver situações que os estudantes possam considerar injustas, eventuais conflitos com serviços, docentes, colegas”. Embora não tenha poder deliberativo, o provedor tem a capacidade de “mediar (…) junto dos órgãos ou dos serviços da universidade”. “[É] quase um soft power, que é, não tendo capacidade de decidir, as suas recomendações são ou carecem de uma justificação em caso de não serem seguidas por parte da entidade que recebe a recomendação”, expôs. Ao longo do seu mandato, um dos eixos prioritários tem sido a proteção dos estudantes com atividades extracurriculares, entre os exemplos, dirigentes associativos ou trabalhadores-estudantes. “A universidade não é apenas uma instituição de formação académica, é também um espaço de cidadania. (…) Portanto, todos estes estudantes carecem de uma maior proteção”, vincou. Ao longo da entrevista, Pedro Lages analisou ainda o último relatório de atividades disponível de 2023 onde foram identificadas como principais áreas de atuação os temas académico-administrativos, pedagógicos e de ação social. Apesar do relatório de 2024 ainda não estar disponível, publicamente, o provedor adiantou que o número de exposições “aumentou” e que, apesar dos temas serem transversais [aos de 2023], há uma “grande prevalência nos temas académico-administrativos”. Dentro destes temas, destacam-se assuntos relacionados com dívidas de propinas, concessão de estatutos especiais e pedidos para inscrição em unidades curriculares adicionais. “No ano de 2024 eu posso destacar um aumento da procura por estudantes de doutoramento, associada a temas de pressão académica, que devemos estar atentos e analisar com a calma necessária, mas que devem merecer aqui a nossa atenção”, adiantou. “Há alguns conflitos conducentes, alguma incompatibilidade com orientadores, mas são temas que carecem também de calma, de reflexão, para percebemos como é que conseguimos ultrapassar estas situações”, continuou o provedor estudante. Já com um olhar crítico sobre o perfil de um provedor de provedor do estudante, Pedro Lages afirmou que se revê com o modelo utilizado na UA já que este prevê a escolha de um provedor sem vínculo formal à universidade. “Eu acredito que este modelo mais facilmente salvaguarda esta independência. E é uma independência que, ao mesmo tempo, deve uma responsabilidade diretamente aos estudantes”, sublinhou. Também sobre a duração do número de anos do mandato [três anos], o provedor opinou ser “relevante” e “adequada”. “Seria, na minha opinião, muito mais relevante definir quantos mandatos é que um provedor pode fazer limitando-os. Acredito que essa renovação acaba por ser muito importante no exercício das funções, ou seja, traz dinamismo, novas ideias e impede quem está no exercício do cargo de se acomodar ao normal funcionamento”, exprimiu. Note-se que na revisão dos estatutos da UA não foi definido nenhum limite de mandatos para a figura do provedor do estudante, mas a proposta do Governo para o novo RJIES aponta a um limite de dois mandatos de três anos. Questionado ainda sobre a relação com a Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), o provedor definiu-a como “extraordinária”. “Pela minha experiência não me faria sentido, exercendo estas funções, não ter uma relação próxima com a Associação Académica. (…) A relação com a AAUAv tem sido extraordinária, tem vindo a melhorar ao longo do tempo, fruto também dessa maior proximidade que eu tenho tentado assumir junto da Associação”, disse. A um ano para terminar o mandato, Pedro Lages exprimiu que sente que tem sido “útil” à comunidade e que “essa é uma das grandes satisfações” que leva do exercício destas funções. Sobre uma eventual continuidade no cargo, responde com ponderação: “Naturalmente, tendo exercido um mandato, ou estando a chegar próximo do final do mandato, tenho disponibilidade, naturalmente, para continuar, porque também tenho mais conhecimento e acredito que (…) posso aportar um maior valor”, considerou.
Maratona da Europa 2025 confirma “afirmação internacional” e “impacto positivo no território”
A nota enviada às redações aponta que a iniciativa contou com a participação de “cerca de 20 mil” pessoas de “77 nacionalidades”, uma participação que o município aponta como tendo sido “recorde”. A CMA aponta que a iniciativa reforçou, assim, “a promoção e marketing territorial de Aveiro, Município e Região”. “A Maratona da Europa é hoje uma marca afirmada de Aveiro, que alia desporto, turismo, ambiente e cidade. A edição de 2025 foi particularmente especial, ao acontecer no mesmo dia do encerramento da Feira de Março, permitindo um momento de grande mobilização popular e de afirmação da nossa capacidade organizativa”, reparou Ribau Esteves, presidente da CMA. A nota da autarquia repara ainda que a iniciativa se revelou como “uma forte alavanca de promoção económica e turística da Região de Aveiro e da Região Centro, com a presença de milhares de pessoas (…) que usufruíram da restauração, hotelaria e comércio local durante o fim de semana”. A atividade teve o Cais da Fonte Nova como ponto de partida e de chegada e “voltou a destacar os principais ícones naturais e urbanos dos Municípios de Aveiro e Ílhavo”, destaca o município.
Município de Aveiro afirma que Feira de Março 2025 recebeu mais de meio milhão de visitantes
José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) sublinha que a Feira de Março de 2025 “foi mais uma edição de excelência, que consolidou o evento como um dos maiores e mais relevantes do panorama nacional”. “A diversidade da programação, a qualidade da oferta e a forte adesão popular demonstram que a Feira continua a crescer e a reinventar-se com sucesso”, frisa o autarca. Segundo nota enviada às redações, a edição deste ano da Feira de Março recebeu “cerca de 550.000 visitantes” ao longo do mês em que decorreu. O município destaca ainda que “esta edição voltou a contar com uma forte componente de animação cultural e musical, tendo os concertos noturnos registado grande sucesso de público, com especial destaque para o concerto do Plutónio que registou lotação esgotada, com milhares de pessoas a marcar presença em cada espetáculo”. A nota deixa ainda uma palavra de agradecimento “a todos os que contribuíram para o êxito da Feira de Março 2025 — visitantes, expositores, patrocinadores, parceiros, artistas, associações, toda a equipa técnica gestora, e muito em especial aos Cidadãos que a viveram”.
Desfile do Enterro: Milhares de estudantes encheram as ruas de Aveiro com crítica e criatividade
O fim da tarde do Dia do Trabalhador trouxe ao centro comercial ‘Glicínias Plaza’ um maior fluxo de pessoas. Estudantes e familiares apressavam-se para assistirem ao arranque do desfile dos estudantes da Universidade de Aveiro. Eram cerca de 19h quando os carros começaram a sair do piso -1 do estacionamento do espaço comercial – onde os estudantes se reuniram durante os últimos sete dias para se prepararem para percorrer as ruas de Aveiro. Desfilaram pela Rua Mário Sacramento, com destino ao Cais da Fonte Nova, onde se encontrava o júri que daqui a cerca de uma semana anuncia o resultado do desfile deste ano. O curso de Ciências Biomédicas venceu o desfile do ano passado, o que lhe deu a possibilidade de ser o primeiro curso a desfilar este ano. Criticam a “partilha de informações falsas e enganadoras nas redes sociais que podem levar a uma má informação da população no que diz respeito à saúde”, enquanto alertam, simultaneamente, para o perigo da “confiança cega” dos conteúdos que consomem. Quem o diz é Miguel Marques, aluno do primeiro ano de Ciências Biomédicas da UA. O carro leva atrelado um boneco vendado a bordo de um moliceiro. É a “metáfora para a confiança cega que as pessoas depositam na informação que retiram das redes sociais”, explica o estudante. A parte de trás é um monte de areia, onde estão elementos que remetem para o conhecimento científico e para a razão. “O moliceiro desloca-se para fora da areia”, aponta Miguel Marques, numa clara alusão ao afastamento da valorização do conhecimento científico por parte da população. Mas Ciências Biomédicas não é o único curso que traz a Saúde às ruas aveirenses. O carro da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) – e dos vários cursos da escola – critica também matérias relativas à Saúde. Apostaram na “emigração dos profissionais de saúde e, por consequência, a falta de mão-de-obra em Portugal que leva ao fecho de alguns serviços de saúde”, explica Samuel Cruz, estudante de Imagem Médica e Radioterapia. Psicologia – um curso também ligado à Saúde - muda ligeiramente a temática e critica a utilização da inteligência artificial como substituição de aconselhamento psicológico. “ChatGPT versus psicológos” é o tema do carro, aponta Beatriz Moreira, estudante do primeiro ano do curso. O objetivo “é tentar mostrar às pessoas que a inteligência artificial não faz o mesmo trabalho que nós”, aponta a estudante. Na linha da tecnologia, também o curso de Multimédia e Tecnologias da Comunicação (MTC) decidiu criticar a inteligência artificial, juntamente com a liberalização do acesso às tecnologias dos mais novos. “Infância digital: já não se brinca no parquinho” é o tema do carro, aponta Carolina Pereira, estudante do terceiro ano de MTC. Querem “alertar para o facto das crianças já numa idade muito nova estarem logo em contacto com as tecnologias” e, pelo caminho, levantam, enquanto futuros profissionais da área, a “preocupação em relação à forma como as tecnologias são utilizadas”. Saindo da tecnologia, o curso de curso de Línguas, Literaturas e Culturas apresenta um carro sobre o abuso contra as mulheres e o machismo. “Apesar de estarmos no século 21, acho que ainda é um tema muito recorrente e acho que toda a gente deve lutar contra isso”, nota Rafaela Silva, estudante do curso. Ao seu argumento junta que a escolha partiu muito também pelo facto de serem “um curso maioritariamente de raparigas” e o caso recente da demissão de dirigentes associativos da Universidade do Porto, por alegadamente captarem imagens de colegas sem autorização. Ainda no campo social, o curso de Engenharia e Gestão Industrial explica que a temática escolhida se foca na “injustiça social”. “É um tema que é básico, mas a verdade é que está sempre presente na nossa na nossa sociedade, é algo que já é muito antigo, mas nunca há soluções eficientes”, apontam duas estudantes do primeiro ano do curso que preparavam uma faixa onde se iria ler “onde uns jantam, outros sobrevivem”. “É o nosso slogan”, aponta Laura. “A nossa mesa tem uma balança que está muito caída para o lado «rico», tem muitas coisas lá e do outro lado não tem quase nada e mesmo na mesa o pobre tem ali um um pãozito e um banquito para se sentar, enquanto o rico vai ter uma garrafa de vinho. um jantar todo completo, um trono para se sentar”, sublinham as estudantes. Mas nem só de crítica foi feito o desfile. Os cursos de Design e Engenharia Mecânica foram dois cursos que mantiveram vivas tradições. Em Design não houve carro – a estrutura do curso foi carregada às costas. Em Engenharia Mecânica foi literalmente quase construído um carro que, avisam os estudantes com orgulho, “nunca chega ao fim do percurso” e “é sempre desqualificado”. Um coração gigante pintado de vermelho assente numa estrutura de canas foi o carro de Design. Não têm propriamente uma crítica, mas sim a pretensão de exaltar o curso. “o nosso tema é vermelho nas veias”, começa por explicar Alice Silva, estudante do primeiro ano de design. “Todos nós viemos ter aqui a Design por algum motivo e esse motivo corre-nos nas veias, está no nosso sangue (…), mesmo sendo todos pessoas muito diferentes, (…) temos isto em comum”, repara Alice. A estrutura em canas de bambu foi carregada aos ombros, uma tradição que, pensa Alice, dura “há 26 anos”. Engenharia Mecânica, por sua vez, começou a preparação do carro com uma ida à sucata há já “um ou dois meses”. É Carlos Santos, estudante de Engenharia Mecânica que conta a história do único carro do desfile que não é totalmente preparado no parque de estacionamento subterrâneo do Glícinias Plaza. “Nós vamos à sucata, eles oferecem-nos o carro e depois vêm-no buscar no fim”, começa por contar o estudante. “É a mesma sucata já há 20 e tal anos”, frisa. “Escolhemos o carro, o que estiver disponível para nos dar (…) e nós depois inventamos o escape e os miúdos fazem as pinturas e as construções das coisas e pronto, tenta-se depois fazer o máximo de barulho”, aponta. Este ano o carro queria ser uma espécie de crítica aos casinos ilegais, mas o objetivo dos estudantes fica-se mais pelo “carro ‘fazer’ o máximo de cenário possível”, explica. O final do desfile fica marcado para os estudantes do curso pela destruição do trabalho feito no carro, que é devolvido à sucata. “Nós somos sempre desqualificados porque na teoria isto não se pode fazer, mas o nosso carro é o melhor na mesma: só não tem prémio”, aponta.