Luís Souto lança candidatura e quer fazer de Aveiro “uma espécie de Silicon Valley português”
Decorreu ontem à apresentação oficial da candidatura de Luís Souto de Miranda à Câmara Municipal de Aveiro (CMA). O candidato da coligação ‘Aliança Mais Aveiro, formada por PSD/CDS/PPM, apresentou as linhas gerais do seu projeto para o Município de Aveiro, ao lado de Luís Montenegro, e com uma surpresa: a presença de Ribau Esteves.
Ana Patrícia Novo
JornalistaDepois de já ter adiantado à Ria as razões que levaram à alteração do nome da coligação entre PSD/CDS/PPM, Luís Souto de Miranda apresentou ontem as linhas programáticas gerais do seu projeto. O candidato que se propõe a suceder a José Ribau Esteves, atual presidente da CMA, começou por citar Abraham Lincoln com uma ideia que afirma querer seguir. “O governo do povo, pelo povo e para o povo: eu estou aqui, nesta candidatura, animado desse propósito”, afirmou.
“Quero construir um projeto com as pessoas, pelas pessoas e por mais Aveiro” aponta Luís Souto que admite que o programa mais detalhado “para o futuro de Aveiro”, que será apresentado “mais para a frente”, vai ser “o corolário das audições” que já iniciou e que irá intensificar “a partir agora”, de forma a “ir de encontro às reais aspirações dos aveirenses”. Reforçar a qualidade de vida dos aveirenses, promover a cultura e a inovação, desenvolver as relações com a universidade e as empresas são alguns dos pontos apresentados por Luís Souto.
No seguimento dessas ideias, Luís acredita ainda que “a paisagem única da Ria, as acessibilidades, em breve reforçadas com o eixo Aveiro-Águeda (…), o nosso futuro aeródromo municipal requalificado, o know-how que temos na nossa universidade, a experiência já de vários anos nas áreas de alta tecnologia, eletrónica e afins” podem fazer de Aveiro “uma espécie de um Silicon Valley português”. “Temos todas as condições para o fazer e a Câmara Municipal, no seguimento de projetos que, como foi iniciando com a universidade, como a Aveiro Tech City, deverá dar aqui um impulso decisivo para que isso aconteça”, reforça o candidato da coligação ‘Aliança Mais Aveiro’. Note-se que Silicon Valley é uma região da Califórnia, nos Estados Unidos, que alberga algumas das maiores empresas de alta tecnologia no mundo, como por exemplo a Microsoft, a Apple, a Google e a Netflix.
Luís Souto reforça ainda que Aveiro possui “excelentes condições para a mobilidade suave”, sublinhando que quer “tirar partido, alargando a rede ciclável existente” e a afinando “a oferta pública dos transportes”. Aponta ainda que pretende reforçar “a política pública da habitação incentivando os projetos de custos controlados”, sem descurar, no entanto, que Aveiro “deve continuar a ser um município com inovados índices de atração para os investidores”. Luís Souto olha ainda para “os recordes de turistas dos últimos anos” como um “um desafio e um reconhecimento de oportunidades”.
Luís Souto apresentou as linhas gerais do seu projeto com Ribau Esteves sentado ao seu lado
Depois de se ter demitido da concelhia do PSD-Aveiro por não concordar com a escolha de Luís Souto como candidato a presidente da CMA e depois de ter afirmado que o candidato da coligação ‘Aliança Mais Aveiro’ não tinha “nenhuma experiência de gestão” para liderar o Município de Aveiro, José Ribau Esteves voltou atrás e marcou ontem presença na sessão de apresentação da candidatura, sentando-se ao lado de Luís Souto, apesar de não ter subido ao palco para intervir. Um volte-face que marcou, inevitavelmente, o final da tarde no Hotel Meliá.
Para Luís Souto, a presença do atual presidente da Câmara Municipal “é um sinal de apoio inequívoco”, mas Ribau Esteves não quis prestar declarações à Ria no fim do evento. À saída da sala, o autarca foi, no entanto, abordado de forma humorada por uma militante que o questionou sobre um futuro cargo de ministro, ao qual Ribau Esteves respondeu, em tom de brincadeira, que seria uma possibilidade.
“Houve aqui também o reconhecimento pelo trabalho que ele [Ribau] tem desenvolvido, como é manifesto para todos, o nosso projeto é um projeto assente no bom trabalho que tem sido desenvolvido e introduzindo os mecanismos de inovação para um novo tempo, estamos perfeitamente sintonizados a esse nível”, deu nota Luís Souto, em declarações à Ria.
Apesar do trabalho de Ribau Esteves à frente do Município de Aveiro ter sido muito elogiado durante a sessão por Emídio Sousa, presidente da distrital do PSD, por Luís Montenegro, presidente do partido e pelo candidato Luís Souto, o atual autarca não retribuiu e permaneceu sentado quando toda a sala recebeu de pé e com aplausos o candidato da coligação ‘Aliança Mais Aveiro’, Luís Souto, nas próximas eleições autárquicas. Um momento que foi captado em vídeo e que já circula pelas redes sociais.
À presença de Ribau Esteves, soma-se, pelo contrário, a ausência de Simão Santana e de Rogério Carlos, os dois primeiros atores políticos do núcleo duro do atual edil aveirense a demitirem-se do PSD-Aveiro. Foram várias as ausências dos membros da concelhia do partido, destacando-se também a de João Machado, atual vereador na CMA, embora por “motivos pessoais”, segundo informações transmitidas pela candidatura de Luís Souto.
Outra surpresa foi a ausência de Gonçalo da Câmara Pereira, presidente da direção nacional do PPM – Partido Popular Monárquico que, contrariamente ao que tinha adiantado à Ria, não marcou presença na apresentação da candidatura.
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“SAÚD´AVEIRO – Saúde na Praça” sensibiliza sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica na quarta-feira
O evento de sensibilização assume o lema “CapacitAR para melhor RespirAR” e integra atividades de promoção de literacia em saúde, sendo nesta data o enfoque na prevenção da DPOC e doenças respiratórias associadas. O evento é de acesso livre e destina-se ao público em geral. As atividades, que partem de uma organização conjunta entre Câmara Municipal de Aveiro (CMA), Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro (ULS-RA) e Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA), incluem várias abordagens sobre a função respiratória através de seis “estações” distintas que vão informar os participantes sobre como prevenir, identificar e viver com a doença. O tema vai ser também debatido numa mesa-redonda com a professora Alda Marques, da ESSUA, e Andreia Andrade, do Serviço de Pneumologia da ULS-RA.
Agora Aveiro desafia comunidade UA a plantar “500 árvores” em dezembro
Apesar do projeto “Plantar o Futuro” se encontrar em “pausa”, tal como avançado anteriormente pela Ria, a Agora Aveiro refere, numa nota de imprensa enviada às redações, que nem assim quer deixar de “fazer crescer esta ideia”. Assim, aproveitando a época de chuvas, a associação desafia toda a comunidade académica da UA- alunos, docentes e funcionários- a participar na ação de reflorestação em Estarreja, no próximo dia 3 de dezembro. “Num mundo onde as alterações climáticas e a degradação ambiental se tornaram uma ameaça cada vez mais real, é fundamental agir para proteger o nosso planeta e garantir um futuro para as próximas gerações. Apesar da complexidade e dimensão do desafio que enfrentamos, muitas vezes é nas ações mais simples que encontramos a solução. Como cidadãos do mundo, cada um de nós tem um papel a desempenhar na preservação do meio ambiente”, alerta na nota. Nesta iniciativa, serão plantadas “500 árvores” - carvalhos-alvarinhos, pilriteiro, medronheiros e sobreiros- cujo objetivo é promover a recuperação ecológica do município e da região. Os interessados em participar devem inscrever-se aqui. O ponto de encontro será na Reitoria da UA, pelas 14h00, seguindo-se a partida de autocarro pelas 14h30 e a chegada ao local pelas 15h00. O regresso a Aveiro está marcado para as 18h00. “No cenário global esta é apenas uma pequena ação, mas uma com o potencial para ser replicada noutras universidades, escolas e comunidades, demonstrando que ações individuais, embora pequenas, quando repetidas por centenas ou até milhares de pessoas, têm o potencial para mudar as nossas comunidades e o mundo”, continua a nota. No comunicado, a Agora Aveiro relembra ainda que o projeto “Plantar o Futuro”, surgiu em 2014, como “Biologia a Plantar o Futuro” e estava integrado no programa de receção e integração dos novos alunos da Licenciatura em Biologia da Universidade de Aveiro. O seu objetivo era promover a responsabilidade social e ambiental, bem como contribuir para a recuperação da Floresta Nativa Portuguesa. Em 2018, na sequência dos devastadores incêndios que assolaram Portugal, com especial incidência em Pedrógão Grande, nasceu o “Plantar o Futuro”. O projeto passou a abranger toda a comunidade académica da Universidade de Aveiro, incluindo alunos, docentes e funcionários, com as atividades de reflorestação agora focadas no Município de Estarreja. Desde 2014, somando os resultados do “Biologia a Plantar o Futuro” e do “Plantar o Futuro”, contabilizam-se mais de 5600 “adotantes” - pessoas que adotaram uma árvore nativa - e mais de 7800 árvores plantadas por cerca de 850 voluntários na Mata Nacional do Buçaco e nos Municípios de Albergaria-a-Velha, Lousada e Estarreja.
Presidenciais: Seguro apela à participação de progressistas e humanistas
“Nenhum Presidente ou líder transforma um país sozinho” disse, deixando o apelo para que os democratas, progressistas e humanistas participem ativamente nas eleições presidenciais, pois “a democracia é uma responsabilidade pessoal e Portugal merece o melhor de cada um”. António José Seguro falava em Aveiro, na apresentação e debate do “Contrato de Confiança” com os portugueses para o mandato presidencial, assumindo as suas raízes socialistas, de uma “esquerda moderada e moderna”, mas salientando que será o Presidente de todos e lembrando que se soube afastar quando podia dividir e regressa “para unir”. O candidato presidencial sublinhou que a democracia “enfrenta novos desafios, como a polarização, a desinformação e a indiferença cívica”, afirmando mesmo que a estabilidade democrática, o respeito institucional e a confiança estão ameaçados, numa época em que “as redes sociais amplificam o antagonismo com falsidades valorizadas por algoritmos”. “É preciso cuidar da democracia e assegurar que a política seja um espaço de construção, esperança, e não de medo ou divisão”, declarou. Para António José Seguro é preciso reconstruir a confiança entre eleitos e eleitores, referindo no seu discurso a necessidade de acabar com a discriminação das mulheres e combater a emigração de talentos, porque “Portugal não pode conformar-se com a perda dos seus melhores”. Caso seja eleito, garantiu, não será “um Presidente de gestão diária ou de manutenção do ‘status quo’, mas sim o Presidente para um "tempo novo", mas leal e cumpridor da Constituição. Comprometeu-se a dar ao país “estabilidade, confiança e sentido de direção”, referindo, por exemplo, que o chumbo de um Orçamento não tem de implicar dissolver o parlamento. “Serei um Presidente próximo, retomando as "presidências abertas", trabalhando em todos os distritos e regiões, e atento às comunidades portuguesas no mundo”, adiantou. Assumiu-se como defensor do Estado Social, da Saúde e da Educação para todos e da centralidade da cultura e reafirmou o seu europeísmo, “acreditando que problemas comuns exigem soluções comuns e que os nacionalismos não são a solução”. “Aprofundar a integração europeia é essencial para responder aos desafios globais, na segurança, economia, ambiente, demografia” e puxou da sua experiência política europeia para afirmar ser o candidato melhor preparado a esse nível. As eleições presidenciais estão marcadas para 18 de janeiro de 2026. Esta é a 12.ª vez (incluindo as duas voltas das eleições de 1986) que os portugueses são chamados, desde 1976, a escolher o Presidente da República em democracia. Às eleições presidenciais anunciaram, entre outros, as suas candidaturas António Filipe (com o apoio do PCP), António José Seguro (apoiado pelo PS), André Ventura (apoiado pelo Chega), Catarina Martins (apoiada pelo BE), Henrique Gouveia e Melo, João Cotrim Figueiredo (apoiado pela Iniciativa Liberal), Jorge Pinto (apoiado pelo Livre) e Luís Marques Mendes (com o apoio do PSD). Segundo o portal da candidatura, do Ministério da Administração Interna, há mais 31 cidadãos que se encontram a recolher assinaturas para uma candidatura à Presidência.
Cineasta aveirense Manuel Paula Dias morre aos 90 anos
“Faleceu o cineasta aveirense Manuel Paula Dias, que iria completar 91 anos no próximo dia de Natal. Figura ímpar da memória cultural de Aveiro, dividiu a sua longa vida entre a indústria de fundição — onde trabalhou desde muito cedo — e o cinema, que assumiu como paixão profunda e constante”, afirmou o Cine Clube numa nota enviada à agência Lusa. Manuel Paula Dias filmou, sobretudo, nas décadas de 1960 e 1970, recorrendo aos formatos reduzidos característicos do cinema amador da época e, através da sua câmara, “documentou como poucos a vida da cidade, da região e da ria de Aveiro, criando um vasto e valioso arquivo audiovisual que preserva tradições, paisagens e modos de vida hoje desaparecidos”. Na nota de imprensa, o Cine Clube de Avanca, com sede em Estarreja, no distrito de Aveiro, destaca que Manuel Paula Dias “deixa um legado maior no cinema documental português e uma memória artística profundamente entrelaçada com a história de Aveiro e da sua gente”. “A sua obra mais conhecida, o documentário “Sal, Duro Sal”, capta com intensidade e autenticidade a dureza do trabalho nas marinhas de sal aveirenses. Este filme, juntamente com outros da sua autoria, integrou a retrospetiva que o 3º Mar Film Festival lhe dedicou em 2019, no Museu Marítimo de Ílhavo”, destacou o documento. Em 2013, tinha também sido exibido no ciclo “Fitas da Ria”, organizado pelo grupo “uariadeaveiro” da Universidade de Aveiro e apresentado no Teatro Aveirense. Nesse mesmo ano, o RIOS – 2º Festival Internacional de Cinema Documental e Transmedia, realizado em Vila Real por Anabela Branco de Oliveira, acolheu uma retrospetiva dedicada ao cinema de Aveiro, exibindo “Sal, Duro Sal” e “Um Olhar Diferente pela Ria de Aveiro”, contribuindo para dar nova visibilidade à sua obra. Em 2009, Manuel Paula Dias realizou um remake de “Decomposição”, um filme originalmente rodado em 1972, uma ficção experimental que, no seu início, “relembra as dificuldades que o cinema amador e independente enfrentava com a ação da censura”. “Em colaboração com Ernesto Barros, realizou ainda ‘Derrame’, filme rodado em 1975 e concluído em 1977, que inclui imagens únicas do funeral do soldado morto no assalto à sede de Aveiro do Partido Comunista Português, num momento particularmente tenso do pós-Revolução”, lê-se. O Cine Clube de Avanca realçou ainda que Manuel Paula Dias e Ernesto Barros integraram o chamado “Grupo de Aveiro”, núcleo que marcou o cinema não-profissional português dos anos 60 e 70, ao lado de nomes como Vasco Branco e Manuel Matos Barbosa. “Este grupo deixou um importante legado fílmico profundamente ligado à identidade cultural de Aveiro e da sua região”, considerou o Cine Clube. O “AVANCA – Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia”, festival no qual participou várias vezes como membro de júris da competição internacional, homenageou, em 2014, o cineasta. Em 2018 foi igualmente júri do “Paisagens – Festival Internacional de Cinema de Sever do Vouga”, continuando a ser reconhecido pela sua experiência e contributo. “Nos últimos anos, dedicava-se à escrita de um livro sobre a história da sua família e o início da indústria de fundição em Aveiro — um relato marcado pelo episódio dramático de um avião que, saído da Base Aérea de São Jacinto, se despenhou nos terrenos pertencentes ao seu pai”, escreveu o Cine Clube de Avanca que lamentou a morte do cineasta.
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UA: Primeira edição do “ShiftE” espera “casa cheia” durante quatro dias e ir “além-fronteiras”
Ao longo de quatro dias, o evento da UA, em parceria com a Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), pretende “promover a inovação, a empregabilidade e o empreendedorismo, oferecendo uma plataforma única que reflete a diversidade das áreas científicas da UA”. Em entrevista à Ria, à margem da sessão de abertura, João Veloso, vice-reitor para a Cooperação da UA, salientou a importância do “ShiftE”- ao unir a Semana do Empreendedorismo à Feira de Emprego- , nomeadamente, para a fomentação do espírito empreendedor dos estudantes. “Ser proativo, pensar fora da caixa e contribuir de um modo significativo para aquilo que é a produtividade das empresas”, descreveu. “Hoje, em média, [a produtividade das empresas] em Portugal está na cauda da Europa. Temos de inverter isto e criar pessoas que façam diferença dentro do mercado de trabalho”, alertou. Sem esquecer a estratégia de promoção de empreendedorismo que a UA tem vindo a seguir, que culminou, em 2024, com a criação da STEP UP, João Veloso referiu ainda que este conceito se projeta “nesta semana do empreendedorismo”. “Tentamos agregar tudo num único bolo de forma a podermos interagir com as diferentes especificidades do empreendedorismo que, muitas vezes, estavam desagregadas. É um grande passo que se está a dar e que pensamos que vai dar frutos para o futuro”, desejou. Fazendo uma reflexão sobre a atualidade, o vice-reitor notou ainda que os jovens estão a enfrentar uma época de “empregabilidade facilitada” em que “há mais dificuldade no estímulo dos jovens e não jovens que queiram construir o seu próprio emprego”. “Temos de continuar esse esforço porque temos visto que no próprio país a componente associada ao Produto Interno Bruto (PIB), relativa ao desenvolvimento das startups, já começa a ter alguma expressão. Ainda é pequeno, mas nota-se um crescimento muito rápido e, por isso, sentimos que era uma obrigação da UA promover e estimular o empreendedorismo”, realçou. Em relação à Feira de Emprego Universidade 5.0, que só arranca amanhã, 18 de novembro, João Veloso deixou ainda a garantia de que, ao longo dos três dias, vão passar pela Nave UA “cerca de 110 empresas”. “No ano passado, tivemos 112 empresas, mas tem sido um número constante também devido às limitações do espaço”, disse, realçando que a expectativa é ter “sempre casa cheia”. Também em entrevista à Ria, Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, caraterizou a primeira edição do ‘ShiftE’ como ir “além-fronteiras”. “É isso que queremos transmitir, ao longo do evento, a todos os participantes que venham aqui. Quer sejam estudantes, quer sejam pessoas da comunidade académica ou até mesmo pessoas da cidade. É pensarem que ao juntarem-se a alguém, a algum projeto, é muito mais fácil irem além-fronteiras. (…) É procurarem no desconforto aquilo que pode ser um futuro ainda melhor e que dê resposta a muitas mais perguntas”, exprimiu. Debruçando-se também sobre a Feira de Emprego Universidade 5.0, a presidente da AAUAv destacou que, até ao momento, já têm “mais de 400 inscrições” para as entrevistas de emprego com as empresas confirmadas. Ao longo do evento, estará ainda a decorrer o “Shark Thesis”. Inspirado no formato “pitch”, o Shark Thesis convida estudantes e recém-graduados da UA a apresentarem, em apenas três minutos, as suas teses, dissertações ou projetos finais de forma “clara, criativa e acessível”. “Tivemos um aumento de 20% de participantes [em relação a maio] para o Shark Thesis. (…) O que pretendemos com este momento é dar a oportunidade a todos para explicarem que aquilo que é produzido em contexto académico pode ser replicado em contexto de mercado de trabalho”, reforçou. À Ria, Joana Regadas deixou ainda a garantia de que haverá várias empresas presentes “pela primeira vez”. “Fizemos uma recolha junto do núcleo de estudantes para perceber que empresas é que faziam mais sentido para certas áreas”, partilhou. Tal como avançado pela Ria, a primeira edição do “ShiftE” estará dividido entre a Semana do Empreendedorismo e a Feira do Emprego. Consultando a programação, a 7ª edição da Semana do Empreendedorismo arrancou esta segunda-feira, 17 de novembro, com a sessão de abertura, seguindo-se uma mesa sobre o “Empreendedorismo: O futuro começa agora” com João Afonso (UPTEC). A iniciativa prossegue amanhã, 18 de novembro, com uma palestra sobre “Produtividade com IA”, das 9h00 às 11h00, com André F. Costa (Super_Humano AI); seguindo-se uma conversa sobre “IntraEmpreendedorismo – Inovação e Proatividade, das 14h30 às 16h00, com César Henriques (ECOX), Gonçalo de Macedo (SONAE), Nuno Silva (Altice Labs) e com a moderação de Ana Estima (UA). O dia encerra com um encontro de mentores entre as 18h00 e as 20h00. Na quarta-feira, 19 de novembro, o dia começa com “Técnicas de Negociação”, das 9h30 às 11h00, com João Catalão (Vitamina Catalão). Da parte de tarde, segue-se a conversa “Negócios com Propósito”, das 14h30 às 18h00, com Ana Pais (Beesweat), Rute Cruz (Phenix), Narciso Moreira (Betweien) e com a moderação de Ana Moutas (Aveiro Impact Hub). O último dia, contará com um “Pitch Your Thing”, 10h00 às 12h30, com João Magalhães (Super.brand consultants); com um “Manual de Boas Ideias”, das 16h30 às 17h30, com Diogo Pires (podcast Manual de Boas Ideias) e um “Happy Hour & Networking” pelas 17h30. A programação da Semana do Empreendedorismo pode ser consultada na íntegra aqui. Além disto, a Nave UA estará ainda a acolher as atividades da Feira de Emprego U5.0. As empresas que estarão presentes- já amanhã- podem ser consultadas aqui.
Eixo Aveiro-Águeda sem verba garantida: Governo “analisa opções” e custo triplica para 140 milhões
No Relatório do Orçamento do Estado para 2026, que deverá ser aprovado nos próximos dias na Assembleia da República, o Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda surge inscrito no “Quadro 4.20 – Investimentos estruturantes: Administração Central e Segurança Social (Parte III)”, com uma verba prevista de 47 milhões de euros, acompanhada da nota de que “inclui PRR”. De acordo com o portal ‘Mais Transparência’ do Governo, o projeto apresenta um custo total de 46,9 milhões de euros, totalmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com data de início em 9 de junho de 2022 e conclusão prevista para 31 de dezembro de 2025. Contudo, o prazo já não corresponde à realidade. O concurso para a empreitada ainda está em fase de lançamento e os diferentes intervenientes admitem que a execução irá prolongar-se para além dos prazos definidos no PRR. A par disso, o valor da obra evoluiu substancialmente. A Câmara Municipal de Aveiro (CMA), numa informação publicada no seu site a 3 de outubro de 2025, referia que o volume total de investimento municipal previsto para 2025-2027 ascendia a 125 milhões de euros, aos quais se “espera acrescentar os 143 milhões de euros correspondentes ao projeto do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda, em desenvolvimento”. Ou seja, o custo total estimado triplicou face à candidatura inicial - de cerca de 47 milhões para mais de 140 milhões de euros -, deixando claro que o financiamento previsto no PRR já não cobre a totalidade da obra. A situação não é isolada. Numa auditoria publicada em junho, o Tribunal de Contas alertava para “atrasos significativos na execução dos investimentos previstos” em vários projetos de municípios portugueses, financiados pelo PRR, advertindo que “a sua conclusão já não se mostra compatível com as datas-limite definidas” e que existe “um sério risco de incumprimento da data-limite de 30-06-2026”. No caso do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda, somam-se aos atrasos do planeamento da obra a insuficiência das verbas do PRR. Consciente desta realidade, Firmino Ferreira, presidente do PSD-Aveiro e deputado à Assembleia da República, aproveitou a audição do secretário de Estado das Infraestruturas e Habitação, no âmbito do Orçamento do Estado para 2026, para questionar o ponto de situação do financiamento para esta obra. Mas a resposta do Governo deixou margem para dúvidas e gerou alguma apreensão em diferentes agentes políticos locais. “O Eixo Aveiro-Águeda é absolutamente fundamental. Basta passar na região para perceber que é. Estamos, neste momento, a analisar quais são as opções, quer para assegurar o financiamento, quer para assegurar a prossecução e a concretização desta obra que está, neste momento, a ser analisada pelo Governo”, esclareceu o secretário de Estado Hugo Espírito Santo. A expressão “a analisar opções” foi suficiente para agitar a região e, nesse sentido, a Ria contactou os diferentes intervenientes para explicar-lhe tudo. Em declarações à Ria, o deputado do PSD eleito por Aveiro, Firmino Ferreira, confirma que o valor inicialmente previsto para o Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda está hoje completamente desajustado face à realidade. “Em 2022, o valor que estava previsto - e para o qual se tinham conseguido fundos comunitários - apontava para um valor a rondar os 46 milhões de euros. Só que (…) é completamente inviável fazer a obra pelo valor que estava pensado. O valor é significativamente mais elevado e, por isso, é preciso reequacionar como é que se vai conseguir captar fundos para a concretização da mesma”, afirma. O também presidente do PSD de Aveiro explica que a sua pergunta ao Governo visava precisamente perceber como será assegurado o novo modelo de financiamento da obra. “Portanto, é preciso perceber como é que se vai fazer o financiamento da obra. E a minha preocupação era nesse sentido. Perceber como vamos fazer isso e, inclusivamente, se os municípios envolvidos poderiam vir aqui a ter alguma implicação nos seus orçamentos também, se a sua participação tivesse que ser revista. O sentido da minha questão era também, de alguma forma, pressionar que o Governo ande com este processo para a frente e procure a melhor forma de o financiar”, sublinha. Questionado sobre a existência de garantias concretas, o deputado admite que a resposta só chegará com a aprovação de um futuro Orçamento do Estado. “Garantia vamos sabê-la com a aprovação do Orçamento do Estado. Isso é que é a garantia se este valor estará ou não estará”, refere, reconhecendo que o Governo “está ciente da necessidade da concretização desta obra”, mas que “a probabilidade maior será a afetação do dinheiro do Estado”. Já o presidente da Câmara Municipal de Águeda, Jorge Almeida, garante que o financiamento do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda “está assegurado”. “Eu diria que o interessante era perguntar ao secretário de Estado o que é que ele queria dizer, porque há uma coisa que eu sei, que efetivamente o assunto estava a ser tratado a nível ministerial, com o envolvimento do primeiro-ministro, que deixou absolutamente claro aos ministros que esta obra é para fazer e ponto”, afirma o autarca. Segundo Jorge Almeida, o Governo já assumiu o compromisso de garantir o financiamento para além do PRR. “Quanto ao financiamento, como toda a gente sabe, há uma resolução do Conselho de Ministros de 20 de março a garantir o financiamento para além do PRR, porque a obra não vai acabar nos prazos do PRR”, reconhece, acrescentando que “a única coisa que teve que ser minimamente decidida foi a questão da plurianualidade do financiamento”. Contudo, a verificação feita pela Ria à Resolução do Conselho de Ministros n.º 69/2025 de 20 de março mostra que o documento não contém qualquer autorização de encargos ou inscrição orçamental para esta obra - apenas a classificação como “projeto prioritário” e instruções à CCDR-Centro e à Infraestruturas de Portugal para “prosseguir com os estudos”. O presidente da Câmara de Águeda adianta, tal como já tinha feito a 3 de outubro de 2025 a Câmara Municipal de Aveiro, que “a obra vai custar mais de 100 milhões de euros” e que “a única coisa que estamos a articular com o Governo é a plurianualidade”, ou seja, a distribuição do financiamento público pelos próximos anos. Sobre os atrasos no avanço da obra, Jorge Almeida recorda que este “é um projeto que teve a avaliação de impacto ambiental”. “Só em termos de avaliação de impacto ambiental, teve que recolher a opinião das mais de 20 entidades. E a coordenação de todas essas coisas foi quase um ano e meio”, esclarece, relembrando que este é “um projeto com uma envergadura muito grande, com múltiplas especialidades”, mas deixando a garantia que “a obra será repartida ao longo dos exercícios de 2026, 2027 e 2028 - que será o término da obra. Em 2028 vamos chegar de Águeda a Aveiro muito rápido”, garante. O presidente da Câmara Municipal de Águeda explica ainda à Ria a diferença significativa entre o valor inicialmente submetido no âmbito da candidatura ao PRR e o custo atualmente previsto para a execução do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda. O autarca recorda que o projeto começou praticamente do zero. “Repare numa coisa: nós começamos a fazer o projeto - não havia absolutamente nada - em setembro de 2022. Foi quando nós entregamos ao gabinete projetista o início do projeto. E o início começou por levantamentos topográficos, como todos os projetos. Portanto, nessa altura, o valor da obra era uma incógnita para todos”, justifica. Segundo Jorge Almeida, só com o projeto finalizado foi possível perceber a verdadeira dimensão do investimento necessário. “[Tivemos noção de que a obra custaria mais do que os 47 milhões previstos no PRR] quando passamos a ter o projeto completo. E quando o projeto estava pronto, ficamos com a noção de que a obra custa 100 e tal milhões de euros”, revela. O autarca justifica o aumento expressivo com a complexidade técnica e estrutural do traçado. “Pois claro, 40 milhões era uma autêntica 'pechincha'. Estamos a falar de uma obra com perfil de autoestrada, com uma enorme passagem superior sobre a linha de alta velocidade, sobre a A1, com a duplicação do nó da A17, com aquela ponte altíssima sobre o rio Águeda... Estamos a falar disto. E estamos a falar de 15 quilómetros de estrada com estas características, numa zona urbana, a passar por zonas urbanas... Portanto, é uma obra cara, claro que sim.” Desta forma, Jorge Almeida sustenta que o orçamento inicial de 47 milhões de euros do PRR era insuficiente e meramente indicativo, tendo o valor real da empreitada sido apurado apenas após a conclusão do projeto técnico. Essa diferença, aliada ao atraso no lançamento de uma obra “complexa” e de “grande envergadura”, acabou por colocar o projeto numa posição de dependência face às verbas do Orçamento do Estado, uma vez que o financiamento comunitário já não é suficiente nem compatível com o novo calendário de execução. O novo presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Luís Souto, em declarações à Ria depois da última reunião de Câmara, também abordou o tema e garantiu que o projeto do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda continua a ser uma prioridade. “Como eu expliquei aqui, é um assunto prioritário. Para a semana vamos reunir com a Câmara de Águeda para fazer o ponto da situação e empenharmo-nos ao máximo para que o projeto avance”, afirmou o autarca. Luís Souto sublinha a dimensão técnica e os desafios que o projeto envolve. “É uma obra complexa, é uma obra muito complexa. E atenção que temos ali o atravessamento do rio Vouga, há ali uma complexidade muito grande”, reconhece. Apesar das incertezas sobre o financiamento, o presidente da Câmara de Aveiro mostra-se confiante de que o projeto não será travado. “Eu acredito que não haja retrocesso, porque seria muito mal que o Eixo Aveiro-Águeda tivesse um retrocesso. E, portanto, as coisas acabarão por se compor, de uma forma ou de outra, porque a vontade política existe, eu acredito que existe, a vontade política que se mantém, não há dados contrários a isso, é uma aspiração regional dos nossos deputados, também, obviamente, e, portanto, agora, pode ter que haver alterações, vamos aguardar, em termos do formato de financiamento, ou quer que seja, para a semana vamos fazer um ponto da situação sobre isso”, conclui. Três anos depois do anúncio público do acordo de financiamento e de inscrição do projeto no PRR, o Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda continua sem obra, sem concurso e com o financiamento indefinido. O Governo reconhece a importância, mas admite estar ainda a “analisar opções de financiamento”. Águeda garante que há uma resolução que cobre o excedente, mas o documento não o confirma. A indefinição repete-se noutros investimentos estruturantes da região. O novo Hospital de Aveiro, por exemplo, tem apenas 30 milhões de euros garantidos através do Portugal 2030, apesar de o custo total previsto rondar os 150 milhões de euros, um valor muito próximo do necessário para o Eixo Rodoviário. Dois projetos considerados prioritários, mas ambos dependentes de verbas do Orçamento do Estado para poderem avançar em pleno. Quanto ao Eixo Aveiro-Águeda há vontade política, consenso regional, um projeto tecnicamente pronto e um concurso de obra em vias de ser lançado. Quanto a garantias de financiamento, só com os próximos Orçamentos do Estado.
“SAÚD´AVEIRO – Saúde na Praça” sensibiliza sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica na quarta-feira
O evento de sensibilização assume o lema “CapacitAR para melhor RespirAR” e integra atividades de promoção de literacia em saúde, sendo nesta data o enfoque na prevenção da DPOC e doenças respiratórias associadas. O evento é de acesso livre e destina-se ao público em geral. As atividades, que partem de uma organização conjunta entre Câmara Municipal de Aveiro (CMA), Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro (ULS-RA) e Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA), incluem várias abordagens sobre a função respiratória através de seis “estações” distintas que vão informar os participantes sobre como prevenir, identificar e viver com a doença. O tema vai ser também debatido numa mesa-redonda com a professora Alda Marques, da ESSUA, e Andreia Andrade, do Serviço de Pneumologia da ULS-RA.
Oliveira de Azeméis: Património Cultural inicia classificação do Monte Calbo e do Castro de Ul
Segundo recorda, à agência Lusa, o Rui Luzes Cabral, vereador da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis com o pelouro da cultura, é recente a descoberta de que o Monte Calbo poderá ter acolhido um povoado no período do Bronze Final, na transição do segundo para o primeiro milénio a.C. Essa suspeita, aponta, é reforçada pelo facto de, nas zonas onde houve revolvimento de terras para plantação de árvores, foram recolhidos “fragmentos de cerâmica e um pequeno machado de anfibolito”. O vereador afirma que a escolha do Monte Calbo para instalação de antigos povos dever-se-á às condições favoráveis da zona, já que esse topo da serra do Pinheiro, situado a uma cota de 460 metros, tem “um amplo domínio da paisagem dos vales envolventes”, que, por sua vez, também apresentam “boa capacidade agrícola”. Além disso, “do ponto mais alto é possível, em dias sem neblina, avistar a linha de costa”, o que, em paralelo à componente contemplativa dessa posição geográfica, teria a vantagem de ajudar a identificar possíveis perigos, como a aproximação por mar de povos invasores. Um aspeto a investigar em futuras prospeções é particularmente nessa perspetiva: “O povoado seria delimitado por uma estrutura tipo muralha em pedra, que não foi ainda escavada”. Já no que se refere ao Castro de Ul, Rui Luzes Cabral explicou que está situado num local “razoavelmente conservado, embora tenha algumas zonas afetadas por trabalhos agrícolas e de silvicultura realizados ao longo do tempo, ao que se junta alguma afetação devido à construção de habitações numa das encostas do cabeço”. Localizado num pequeno monte com cota máxima de 105 metros, na confluência dos rios Antuã e Ul, o Castro de Ul não possui o domínio da paisagem que é característico dos povoados castrejos fortificados da Idade do Ferro, mas apresenta “vertentes relativamente íngremes que lhe garantem uma boa defensabilidade natural”. Ainda assim, os vestígios identificados no sítio – que terá tido uma ocupação mais alargada no tempo, “desde o primeiro milénio a.C. até ao século V d.C.” – revelam sinais de edificado defensivo: “As escavações realizadas até à data têm deixado à vista um conjunto de estruturas em pedra associadas a um troço de muralha com uma porta”. As prospeções aí levadas a cabo no século XX também identificaram “algumas estruturas relacionadas com a ocupação romana” e um conjunto de artefactos que “sugerem a existência de ocupações anteriores, tanto da Idade do Ferro como da Pré-história”. Rui Luzes Cabral quer continuar a estudar o local porque, face aos achados do Calcolítico e Idade do Bronze já descobertos no Castro de Ul, acredita que haverá mais a conhecer: “Foram recolhidos utensílios em sílex, nomeadamente lascas, lâminas, raspadores e núcleos, assim como um machado em pedra polida. Apesar de não terem sido identificadas estruturas habitacionais, há pelo menos uma base de lareira que corresponderá à ocupação do sítio durante este vasto período”.