RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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O fim da era Ribau e o início de um ciclo fragmentado na política local de Aveiro

Luís Souto é o novo presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA). A coligação ‘Aliança com Aveiro’ venceu as eleições autárquicas com 39,35% dos votos e quatro mandatos, mas, pela primeira vez, terá de governar sem maioria. O resultado marca o fim do ciclo de hegemonia de José Ribau Esteves e traduz uma nova configuração política no concelho. Em 2021, o atual presidente da CMA tinha alcançado 51,26%, garantindo seis mandatos e uma maioria confortável. Quatro anos depois, a coligação perde mais de dez pontos percentuais e vê o Partido Socialista crescer de 26% para 33,67%, enquanto o Chega protagoniza o maior crescimento da noite, ao alcançar 10,90% e eleger Diogo Soares Machado como vereador.

O fim da era Ribau e o início de um ciclo fragmentado na política local de Aveiro
Redação

Redação

13 out 2025, 11:04

A vitória de Luís Souto assentou numa estratégia clara: compensar a desvantagem na cidade com uma forte implantação nas freguesias mais afastadas do centro urbano. Enquanto Alberto Souto conquistava margens significativas em zonas urbanas como Glória e Vera Cruz e Esgueira (saldo positivo nestas freguesias de cerca de 1300 votos), o candidato da ‘Aliança com Aveiro’ manteve a hegemonia nas freguesias mais distantes do centro urbano, sustentado pela rede de presidentes de junta de freguesia do PSD. O próprio Alberto Souto, em declarações à Ria no dia das eleições, mostrou consciência dessa dificuldade, ao recordar que, nas últimas eleições, a coligação tinha vencido “dez a zero” nas Juntas de Freguesia. O aviso acabou por se confirmar e reforçou uma evidência que continua a marcar a política aveirense: ser poder nas freguesias é uma vantagem estrutural determinante para vencer a Câmara.

Apesar das fissuras internas causadas pela escolha do candidato - uma decisão da direção nacional do PSD que dividiu o partido - e da natural erosão resultante da sucessão a uma liderança marcante como a de Ribau Esteves, Luís Souto conseguiu segurar o eleitorado tradicional da coligação nas zonas periféricas e superar as dificuldades de um ciclo de transição. Um dado curioso ajuda a ilustrar as diferenças entre esta eleição autárquica e a última: apenas em Aradas Luís Souto teve mais votos para a Câmara do que a sua candidata à Junta, Catarina Barreto. Ao contrário de Ribau Esteves, que funcionava como um trunfo eleitoral para os candidatos das freguesias, o novo presidente teve dificuldade em capitalizar o apoio local das estruturas da coligação.

Nas Assembleias de Freguesia, a ‘Aliança com Aveiro’ voltou, ainda assim, a ser esmagadora: venceu em nove das dez freguesias. O Partido Socialista apenas conquistou Glória e Vera Cruz, a freguesia da cidade, onde Bruno Ferreira, atual membro do executivo da coligação 'Aliança com Aveiro', se tornou o novo presidente da Junta. A candidata derrotada, Glória Leite, foi uma escolha pessoal de Luís Souto, algo que o próprio fez questão de destacar no discurso da vitória, com um agradecimento especial. Entre os autarcas da coligação, Cristina Gonçalves, em São Jacinto, e Miguel Silva, em Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz, foram os únicos a melhorar os resultados percentuais em relação a 2021.

Em sentido contrário, houve quedas expressivas em várias freguesias. Em Cacia, Nélson Santos manteve a maioria, mas perdeu 12 pontos percentuais, e só a ausência de uma candidatura do Chega poderá ter evitado maiores danos. Em Esgueira, Rui Cordeiro, que era apontando por todos como o grande favorito, acabou por vencer por uma margem mínima de 12 votos e perdeu 8%, num contexto em que o Chega alcançou 12,16% e elegeu dois mandatos. Já em Aradas, Catarina Barreto viu a sua votação descer de 46,28% (2021) para 34,76% este ano, perdendo a maioria, após um mandato marcado por polémicas que chegaram ao tribunal e afetaram fortemente a imagem do executivo.

Do lado socialista, as apostas de Alberto Souto nas freguesias não produziram os resultados esperados. Em Oliveirinha, Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz e São Jacinto, os candidatos do PS obtiveram resultados inferiores aos de 2021. Uma exceção relevante foi Cacia, onde João Matos Silva protagonizou uma das maiores surpresas da noite: subiu de 20,32% para 33,94%, tornando-se o grande destaque socialista nas freguesias e abrindo caminho para uma futura disputa pela presidência local, quando Nélson Santos atingir o limite de mandatos em 2029.

A ausência de maiorias em várias freguesias promete agora dias de negociações intensas. Os executivos terão de ser aprovados nas primeiras reuniões das Assembleias de Freguesia e há quatro casos em que isso não está garantido: Glória e Vera Cruz, Esgueira, Aradas e Eixo e Eirol. Nestas freguesias, o papel do Chega poderá ser decisivo para a formação dos executivos, embora, no caso da cidade, a Iniciativa Liberal, que elegeu um mandato, possa garantir ao PS uma maioria se houver entendimento entre ambos.

No caso de Aradas, a situação parece mais complicada. Segundo informações recebidas pela Ria, Catarina Barreto, líder da candidatura da ‘Aliança com Aveiro’ nesta freguesia, logo depois de contados os votos e de perceber que tinha perdido a maioria abordou diretamente Gilberto Ferreira, líder do movimento independente ‘Sentir Aradas’, com o objetivo de marcar uma reunião entre ambos. A Ria sabe que será muito difícil para Catarina Barreto conseguir criar executivo nesta Junta de Freguesia. Nesse cenário, poderão ser marcadas eleições intercalares para esta freguesia e tudo fica em aberto, desde entendimentos entre a oposição para superar os 34,76% de Catarina Barreto ou até o surgimento de novos candidatos.

Na Assembleia Municipal, o novo mapa reflete a fragmentação do cenário político do contexto nacional. BE, CDU e PAN ficam sem representação, enquanto o Chega passa de um para três mandatos, a Iniciativa Liberal entra com dois e o Livre estreia-se com um. Somando os presidentes de Junta, que têm assento e direito de voto neste órgão, a ‘Aliança com Aveiro’ assegura a maioria necessária para eleger Miguel Capão Filipe como presidente da Assembleia Municipal.

As eleições de 2025 confirmam uma mudança estrutural no mapa político de Aveiro. A coligação 'Aliança com Aveiro' assegura os mínimos para vencer, mas terá agora que governar sem maioria; o PS reforça-se, mas continua aquém de reconquistar a Câmara; e o Chega afirma-se como novo ator relevante. Luís Souto inicia o mandato num concelho dividido entre centro e periferia e enfrenta um desafio inédito: liderar Aveiro num tempo em que o poder autárquico já não se conquista apenas pela força da máquina partidária, mas pela capacidade de construir consensos.

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Governação em Aveiro: dois caminhos em cima da mesa para Luís Souto
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Governação em Aveiro: dois caminhos em cima da mesa para Luís Souto

O primeiro, aquele que se figura como mais provável para o arranque do mandato, é uma governação minoritária, assente em diálogo permanente e na construção de maiorias ‘ponto a ponto’ para viabilizar as matérias estruturantes como orçamento, grandes opções do plano, investimentos de maior escala ou a política fiscal (IMI, IRS, Derrama). O segundo, mais estável, mas politicamente mais exigente, é uma maioria através da partilha de pelouros, que implicaria integrar no executivo, pelo menos, um dos cinco vereadores da oposição - Diogo Soares Machado do Chega ou, por exemplo, um dos vereadores independentes eleitos nas listas do PS, em troca de responsabilidades executivas e um acordo escrito para o mandato. No primeiro cenário, onde a governação de Carlos Moedas em Lisboa é um bom exemplo, a Câmara funciona com a aritmética de 4-4-1 e a estabilidade nasce de conversações antes de cada reunião. Na prática, Luís Souto teria de dedicar uma fatia relevante da sua agenda a reuniões preparatórias com PS e Chega, enviando propostas com antecedência, acolhendo propostas de alteração e combinando, por exemplo, ‘abstenções técnicas’ sempre que existam pontos de convergência. Em Portugal é regra que a maioria dos pontos discutidos em reuniões de Câmara Municipal seja aprovada sem sobressaltos, mas o novo quadro político de Aveiro torna mais difícil a aprovação dos documentos estruturantes. Neste cenário, perde-se alguma velocidade na decisão e cresce a imprevisibilidade quando as sensibilidades partidárias divergem. Ainda assim, é um caminho que preserva a identidade programática da coligação vencedora e respeita o sinal do eleitorado, que fragmentou o poder. O segundo cenário de maioria com partilha de pelouros oferece estabilidade: bastaria conquistar um dos cinco vereadores da oposição para transformar a geometria variável em maioria estável. Isso pode acontecer de duas formas. A primeira é através do Chega, atribuindo-lhe pelouros com fronteira clara, mediante um acordo escrito que detalhe objetivos comuns. A segunda passa por independentes eleitos em listas do PS (como Marta Ferreira Dias ou Rui Castilho Dias), cuja condição de independência lhes confere, em tese, maior margem para arquitetar uma solução de governabilidade sem que o PS entre formalmente no executivo. Em ambos os casos, os ganhos são evidentes - menos desgaste negocial, capacidade de planear quatro anos de obras e políticas sem sobressaltos -, mas o custo político também pesa: integração da oposição na máquina executiva, partilha de resultados e eventual resistência interna dentro do partido. No caso do Chega, há ainda o enquadramento nacional e a leitura pública que uma solução destas poderia suscitar. Em qualquer dos caminhos, o eleitorado deixou um recado claro: a partir de agora, a governação de Aveiro joga-se menos na força das máquinas partidárias e mais na capacidade de construir consensos úteis.

Autárquicas: Vereador do Chega em Aveiro disponível para ajudar à “estabilidade governativa”
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Autárquicas: Vereador do Chega em Aveiro disponível para ajudar à “estabilidade governativa”

“Estamos disponíveis para conversar e definir uma base em que se possa garantir a estabilidade governativa do município. Se isso passa por pelouros ou não, é prematuro falar nisso”, disse à Lusa Diogo Machado, garantindo que irá assumir o lugar na vereação. Numa análise aos resultados em Aveiro, Diogo Machado admitiu que esperava mais do que os 10,90% dos votos que o Chega obteve para o executivo municipal. “Não foi o resultado que nós gostaríamos nem que estávamos à espera, mas é um resultado que assumimos como democratas que somos e, portanto, assumimos e vamos honrar o compromisso com os aveirenses que em nós confiaram”, declarou. O candidato do Chega referiu ainda que a correlação de forças no executivo municipal "foi a que os aveirenses quiseram", sublinhando que todos os que têm assento nos órgãos do governo do município, têm que saber honrá-la e respeitá-la. “Eu tenho que saber assumir o resultado com humildade e com a responsabilidade de que fomos eleitos com um programa (...). Vamos agora esperar que quem foi eleito presidente de câmara entenda se quer ou não falar connosco”, concluiu. O Chega foi a terceira força política no concelho e elegeu Diogo Machado como vereador, garantindo assim representação no executivo pela primeira vez. O partido triplicou também a presença na Assembleia Municipal, passando de um para três eleitos, e elegeu oito vogais nas juntas de freguesia. Depois de apurados os resultados nas 10 freguesias, segundo dados do Ministério da Administração Interna, a coligação PSD/CDS-PP/PPM, liderada por Luís Souto, venceu as eleições sem maioria, elegendo quatro mandatos e a oposição elegeu cinco (o PS quatro e o Chega um). Há quatro anos, o PSD/CDS-PP/PPM obteve uma maioria absoluta com 51,26% dos votos (17.549), elegendo o presidente e cinco vereadores, seguindo-se o PS com 26% (8.901) e três vereadores. A coligação conquistou ainda nove das 10 freguesias, acabando por conquistar também esta última em eleições intercalares. O executivo do mandato 2021-2025 é presidido pelo social-democrata Ribau Esteves, que, no seu terceiro mandato, integra o executivo com outros cinco eleitos da coligação PSD/CDS-PP/PPM, e três eleitos da coligação PS/PAN, sendo dois do PS e um independente (ex-PS). Concorreram à presidência da Câmara de Aveiro Alberto Souto (PS), Luís Souto (PSD/CDS-PP/PPM), Diogo Machado (Chega), João Moniz (BE), Isabel Tavares (CDU), Miguel Gomes (IL), Bruno Fonseca (Livre), Ana Rita Moreira (PAN) e Paulo Alves (Nós, Cidadãos!).

Autárquicas: Luís Souto de Miranda ganha Aveiro sem maioria para o PSD/CDS/PPM
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Autárquicas: Luís Souto de Miranda ganha Aveiro sem maioria para o PSD/CDS/PPM

Vencendo por 5,68%, o socialista Alberto Souto, que é seu irmão, o futuro presidente do município com cerca de198 quilómetros quadrados e 62.700 habitantes, não conseguiu maioria absoluta e elegeu quatro elementos face a outros quatro do PS e um do Chega. “Os entendimentos serão feitos na altura devida, tendo em conta o interesse dos aveirenses”, declarou Luís Souto Miranda na sua sede de campanha, entre mais de 100 militantes e apoiantes da sua candidatura. “Sempre dissemos que estávamos neste projeto não por interesse privado ou carreira individual, mas pela melhoria constante do bem-estar dos aveirenses e será sempre essa a nossa linha-mestra”, acrescentou. Para o seu irmão, o vencedor deixou palavras específicas: “Deu o seu contributo como aveirense que é e deu o seu melhor, com uma perspetiva política que foi sempre distinta e até oposta da minha, mas esteve aqui também em nome do seu amor a Aveiro. As pessoas estranharam muito haver dois irmãos na contenda e isso só tem como razão: o facto de ambos gostarmos imenso de Aveiro”. Eleito com 39,35% dos votos, num total de 15.240 boletins a seu favor, Luís Souto Miranda obteve um resultado abaixo do que a mesma coligação obtive nas autárquicas de 2021, quando a coligação PSD/CDS/PPM convenceu 51,26% dos votantes e obteve 17.549 votos, mas desvaloriza essa diminuição. “Havia aqui fenómenos [políticos] novos que não se verificaram no passado e que nós enfrentámos, portanto o resultado é muito bom”, defende. “Sempre que há mudança de um ciclo longo e um líder carismático é natural que haja alguma quebra de força, não é uma surpresa, mas a vitória é muito clara e não deixa margem para dúvidas”, argumenta. Quanto à atividade a desenvolver a partir da tomada de posse, Luís Souto Miranda recorda o espírito da sua campanha eleitoral – “muito alegre e bem-disposta, mas também séria nos princípios e na maneira de estar na política” – e propõe-se continuar no mesmo tom, dando continuidade ao trabalho desenvolvido nos últimos 12 anos pelas equipas do seu antecessor, Ribau Esteves. “Estabelecemos desde o início que a nossa candidatura era de continuidade e inovação. Queremos continuidade em tudo aquilo que foi bom e que foi construído ao longos destes anos, porque não aceitávamos agora um ciclo de destruição, e queremos um ciclo de valorização, para andar para a frente com todos os projetos que já tinham grau de maturidade suficiente para isso”, afirma. Natural de Aveiro, Luís Souto Miranda tem 61 anos, é licenciado em Biologia pela Universidade local, mestre em Genética Humana pela Universidade do Porto e doutorado em Ciências Biomédicas pela de Coimbra. A título profissional, exerce as funções de professor de Bioética e Genética Forense na Universidade de Aveiro, sendo também presidente da Assembleia Municipal de Aveiro desde 2017, da assembleia-geral da ADERAV – Associação de Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro, e da Confraria dos Ovos Moles. Nas autárquicas de 2021, a Câmara de Aveiro também foi ganha pelo PSD/CDS/PPM, com Ribau Esteves a aceder assim ao seu terceiro e último mandato na liderança do executivo. Nessa altura coligação ganhou com uma margem de 51,26%, num total de 17.549 votos, elegendo seis elementos para o executivo camarário, enquanto a coligação PS/PAN se ficou pelos 26% e 8901 votos, com o que obteve três vereadores. Este domingo, contudo, a prestação do PS, não-coligado, aumentou para 33,67% e 13.040 votos. Nas eleições atuais, Luís Souto Miranda foi o cabeça de lista apresentado pela direção nacional do PSD, depois de essa estrutura ter rejeitado o nome de Rogério Carlos, que, enquanto vice-presidente da câmara, era o candidato inicialmente recomendado por Ribau Esteves.

Fonte do PS-Aradas denuncia “situação muito complicada” nas mesas de voto
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Fonte do PS-Aradas denuncia “situação muito complicada” nas mesas de voto

“Nós apresentámos umas sete reclamações. Aqui em Aradas está a ser muito complicado a ida às urnas, porque a presidente da Junta de Freguesia de Aradas, Catarina Barreto, além de estar no recinto, tem o executivo todo, que ainda exerce funções, aqui no recinto também”, afirmou a mesma fonte. Segundo o PS-Aradas, “estão a ir buscar pessoas, a trazer pessoas, a levar pessoas às mesas” e já foram apresentadas várias queixas formais nas secções de voto. “Nós já temos três queixas numa mesa, duas noutras e acho que mais duas noutra. Queixas relativas a membros do executivo e dela estar no recinto a cumprimentar pessoas e a fazer campanha eleitoral”, explicou. A mesma fonte acrescentou ainda que a autarca “está aqui desde as 6h30 – diz que saiu e voltou, mas é mentira: ela esteve aqui imenso tempo, ausentou-se por volta de 10 minutos e regressou”.

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PSP realiza até dia 24 em todo o país operação “Bullying é Para Fracos”
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PSP realiza até dia 24 em todo o país operação “Bullying é Para Fracos”

Em comunicado, a PSP adianta que durante duas semanas serão intensificadas “as ações de sensibilização”, realizadas através das suas Equipas do Programa Escola Segura (EPES), "sobre as temáticas do 'bullying' e 'cyberbullying' junto da comunidade escolar”. Com a campanha a PSP pretende "chamar a atenção para o impacto negativo que estes comportamentos têm na vida das vítimas, bem como para a importância de identificar comportamentos e sinais que permitam detetar, de forma precoce, vítimas que estejam a ser alvo destes fenómenos, promovendo assim a sua proteção e encaminhamento para as entidades competentes”. Segundo o comunicado, no ano letivo 2024/2025, a PSP realizou 6.336 ações de sensibilização sobre 'bullying' e 'cyberbullying' que contaram com a participação de mais de 131.200 alunos. Durante esse período, as EPES registaram 2.791 ocorrências criminais, 130 das quais relacionadas com situações de 'bullying' e 21 com situações de 'cyberbullying', “representando um decréscimo residual em comparação com o ano letivo 2023/2024”. “Estas 151 ocorrências correspondem a 5,4% do total das ocorrências criminais verificadas no último ano letivo”. A PSP apela à denúncia de todas as situações de 'bullying/cyberbullying' de que se tenha conhecimento e, numa tentativa de identificar as vítimas, aconselha os pais a estarem atentos a alterações de comportamentos ao nível alimentar ou do sono, bem como do rendimento escolar, ao desinteresse por atividades que as cativavam, mudança de amigos e tentativas e/ou ameaças de suicídio. Deverão ainda prestar atenção a sinais como hematomas, cortes, arranhões, dores de cabeça e de barriga, material escolar danificado ou que desaparece, ansiedade/depressão, agressividade/timidez ou isolamento, acrescenta. Segundo a PSP, não discriminar nem censurar as vítimas, inclui-las nas atividades do grupo e promover a sua autoestima pode ajudá-las. “A operação pretende ainda assinalar o Dia Mundial de Combate ao 'Bullying', que se celebra anualmente a 20 de outubro, relembrando que a luta contra este fenómeno não se cinge a uma data isolada nem a um grupo restrito de pessoas, tratando-se sim de uma luta diária e constante, cuja responsabilidade cabe a toda a comunidade”.

Autárquicas: Caberá aos executivos municipais criar condições de governabilidade – Montenegro
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Autárquicas: Caberá aos executivos municipais criar condições de governabilidade – Montenegro

“Não, nós no PSD não damos orientações aos nossos autarcas. Nós, no PSD, defendemos a autonomia do poder local, que está plasmada e consagrada na Constituição da República e nós levamos isso a sério. Quem tem de gerir os municípios são os autarcas Não somos nós. O que nós damos aos autarcas são orientações estratégicas, são orientações políticas de base”, disse Luís Montenegro. Antes de rumar a Espinho, onde vive e onde vai cumprimentar o social-democrata Jorge Ratola que ganhou a presidência da câmara local com maioria absoluta, após uma campanha acidentada para PSD e PS, Luís Montenegro que esteve a acompanhar a noite autárquica no Porto, parou m Vila Nova de Gaia para dar os parabéns a Luís Filipe Menezes pelo regresso a um concelho que liderou durante 16 anos. Numa passagem curta de menos de 15 minutos, depois de um abraço logo à saída do carro e ao som de gritos de “vitória”, o líder do PSD elogiou o autarca histórico de Vila Nova de Gaia que recupera a autarquia ao fim de 12 anos de liderança socialista, mas sem maioria absoluta. “Nós somos amigos há muitos anos, muitos mesmo. E conversámos e perspetivámos esta possibilidade [de regresso a uma candidatura em Gaia] aqui em Francelos, sem ninguém saber, longe da atenção quer dos dirigentes partidários, quer da imprensa, com um conjunto de pressupostos que depois se vieram a verificar, mas sobretudo com um espírito de reconhecimento pelo trabalho que ele já fez nos 16 anos”, disse Montenegro. Mas, recordando o passado, deixou uma promessa: “Ele não veio para contemplar o que já fez. Ele veio para fazer muita coisa nova”. Referindo-se a esta eleição, na qual PSD concorria coligado com CDS-PP e IL, Luís Montenegro disse que “o PSD é, efetivamente, hoje o maior partido português”, algo “indiscutível” que o torna “o partido mais português de Portugal”, confessando-se “muito satisfeito”. “Eu só posso ficar muito satisfeito por termos conseguido, de uma vez, ganhar duas eleições relativas, ganhar três eleições regionais, ganhar as eleições autárquicas e, pela primeira vez na nossa história, termos presidências de Câmara Municipal em todos os distritos do país”, resumiu. Já questionado sobre o que poderá estar a faltar ao PS para alcançar vitórias semelhantes, Montenegro disse que não é comentador ou analista político e que por “respeito democrático” não responderia à pergunta, mas acabou por sugerir reflexão aos socialistas. “Efetivamente, alguma coisa está mal quando se quer, no fundo, negar uma realidade política que muitas vezes ultrapassa algumas barreiras ideológicas mais fechadas, mais dogmáticas, mas isso é uma questão que o Partido Socialista terá de analisar. Eu já tenho muito com o que me preocupar para gerir o PSD, não vou estar agora a dedicar-me àquilo que é a gestão dos outros partidos. Como português, como cidadão, tenho a minha leitura, mas fica para mim”, disse. Voltando a possíveis acordos de governabilidade, o presidente social-democrata reiterou que são os autarcas quem tem “condições de poder executar nos seus territórios as balizas da orientação política” que o PSD defende para Portugal. “Porque o país será tão mais competitivo e desenvolvido se nas autarquias houver a mesma capacidade de transformação, de reforma, de arrojo, de ambição que nós queremos implementar e estamos a implementar no Governo (…). Naqueles casos em que localmente seja necessário aproximar posições, cultivar o diálogo político, os autarcas estão habituados a isso”, referiu.

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Venda de livros aumenta 3,7% no terceiro trimestre face ao mesmo período de 2024
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Venda de livros aumenta 3,7% no terceiro trimestre face ao mesmo período de 2024

Segundo os números anunciados pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), entre julho e setembro deste ano foram vendidos 3,622 milhões de livros, mais 3,7% do que no período homólogo do ano passado. As vendas traduziram-se num encaixe financeiro de 52,640 milhões de euros, mais 5% face ao terceiro trimestre de 2024, de acordo com os dados disponibilizados à APEL pela Gfk, entidade independente que faz auditoria e contagem das vendas de livros ao longo do ano. A subida do número de unidades vendidas foi registada apesar do aumento do preço médio do livro em 1,2%, para os 14,53 euros, em relação aos preços médios do terceiro trimestre do ano passado. Quanto aos pontos de venda, 77,4% dos livros, neste terceiro trimestre, foram vendidos por livrarias, enquanto 22,6%, por hipermercados. Por categoria, o género mais procurado foi a ficção, com o maior número de unidades vendidas - 35,5% do total -, a um preço médio de 16,94 euros, o que representa a maior 'fatia' do volume de vendas, 41,4%. Em segundo lugar, está a literatura infantojuvenil, com um peso de 33,1% do mercado, em número de livros vendidos, a um preço médio de 11,63 euros por unidade, o que se traduz em 26,5% do valor total das vendas. A venda de livros de não-ficção representou 28,2%, em unidades, a um preço médio de 16,07 euros, para 31,2% do valor do mercado. O género menos representativo - campanhas e exclusivos - contribuiu com 3,1% em número de unidades vendidas, 0,9% do valor final apurado, tendo o preço médio destas publicações rondado os 4,09 euros. Os números globais deste terceiro trimestre, traduzem ainda um crescimento em relação ao trimestre anterior (abril-junho de 2025), quando foram vendidos perto de 3,278 milhões de livros, num total de 47,683 milhões de euros.