"De Indecentes e más figuras, está o povo cansado!", opinião de Marcos Sousa
Marcos Sousa é licenciado em Administração Pública e frequenta, atualmente, o primeiro ano do mestrado em Economia no DEGEIT.
Marcos Sousa
OpiniãoDia 11 de março de 2025 - e volvido pouco mais de um ano de os portugueses terem dado à Aliança Democrática (AD) uma vitória magra nas últimas eleições legislativas - o Governo caiu, após o chumbo da moção de confiança apresentada pelo próprio. Quanto à moção de confiança, já lá vamos, uma vez que considero pertinente fazer um resumo daquilo que provocou a crise política que estamos a viver. A SpinumViva, fundada em 2021, foi apresentada, primeiramente, pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, à época afastado da vida política, como uma empresa familiar constituída para gerir o património da sua família. Contudo, Luís Montenegro voltaria à vida política ativa, ao assumir a liderança do PSD em 2022 e, por conseguinte, transferiu as participações que detinha na SpinumViva para a sua esposa e para os seus filhos, contudo, como é casado em regime de comunhão geral de bens, as participações que havia transferido para a sua esposa continuavam, legalmente, a ser suas. O cenário ficou ainda mais problemático quando a Solverde anunciou que pagava uma avença mensal, de 4.500 euros, à empresa da família do primeiro-ministro. É prudente lembrar que Luís Montenegro já havia prestado serviços à Solverde, relacionados com a assessoria na negociação com o Estado, para a prorrogação da concessão dos casinos de Espinho e do Algarve ao grupo, até dezembro deste ano.
Após outras empresas anunciarem que tinham contratos com a SpinumViva, CHEGA e PCP apresentaram moções de censura ao governo, sendo ambas rejeitadas na Assembleia da República. Contudo, no debate da moção de censura apresentada pelo PCP, Luís Montenegro, que já havia anunciado essa intenção numa declaração ao país, revelou que os partidos da oposição deveriam clarificar se existiam ou não condições para o Governo prosseguir com o cumprimento do seu programa sendo que, se essa clarificação não surgisse, o governo apresentaria uma moção de confiança. Foi agendado esse debate e, consequentemente, a votação que originou o chumbo já referido.
Como seria de esperar o ambiente do debate foi escaldante, havendo troca de acusações entre o Governo e os vários partidos de oposição, em especial com o PS. Perto do fim do debate, Hugo Soares, líder da bancada parlamentar do PSD, afirmou que o Governo havia tentado de tudo para não levar o país a novas eleições, após o deputado ter sugerido a votação de um requerimento para a pausa nos trabalhos de 30 minutos, com o objetivo de Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos poderem discutir uma solução, algo que o PS rejeitou, alegando que, num debate desta importância, todos os esclarecimentos deveriam ser dados aos portugueses no hemiciclo. Depois, Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares sugeriu que a CPI avançasse e que, em 15 dias se obtivessem as conclusões necessárias, algo que o Partido Socialista rejeitou, uma vez que as Comissões Parlamentares de Inquérito tendem a durar, no mínimo, 90 dias, podendo muitas delas ser prolongadas para 120 dias ou até mais. E, finalmente, após a intervenção de encerramento de Joaquim Miranda Sarmento, ministro de Estado e das Finanças, e quando a votação se iria iniciar, o CDS-PP interpôs, potestivamente, um requerimento que levou o Presidente da Assembleia da República a interromper os trabalhos durante uma hora.
Passando agora, à opinião propriamente dita, eu gostaria de começar por uma citação: "Indecente e má figura", foi a expressão que Luís Montenegro usou no 41° Congresso do PSD, realizado em Almada, para se referir à forma como o Governo de António Costa "caiu". Volvidos aproximadamente dois anos, eis que lhe bate à porta uma situação absolutamente confrangedora relacionada à já referida empresa familiar, SpinumViva, cuja sede se encontrava, até à bem pouco tempo, em sua casa. Não sendo jurista, não pretendo comentar a situação do ponto de vista jurídico, pois não possuo conhecimento para tal, contudo não posso deixar de tirar algumas conclusões após todo este processo.
Ao longo deste tempo, Luís Montenegro, o seu Governo e as bancadas parlamentares que o sustentam apresentaram uma postura sobranceira, arrogante e, no debate de ontem, tentaram manobrar o desconhecimento que a maioria dos portugueses tem sobre as regras do Regimento da Assembleia da República para mostrar uma aparente predisposição para negociar com a oposição.
É possível pensar que o povo, já farto de eleições, irá responsabilizar nas urnas o/os partido/s que pensem ter provocado uma nova crise política, contudo não posso deixar de acreditar que o senhor primeiro-ministro se pôs a jeito, na medida em que os esclarecimentos que tem prestado não têm sido suficientes, deixando o ónus de uma eventual crise política para os partidos políticos da oposição representados na Assembleia da República.
Todo este taticismo político que tem sido aplicado ao longo deste processo não faz bem à democracia, esta atitude prepotente e irresponsável do primeiro-ministro português não faz bem à democracia, até o simples facto de Luís Montenegro não admitir qualquer problema ético relacionado à sua conduta deve ser encarado com um problema. Não é normal que uma empresa de um primeiro-ministro receba avenças de uma outra empresa, sobretudo quando se trata de uma empresa que precisa do Estado para garantir grande parte do seu volume de negócios. Dito isto, impõe-se uma reflexão: Luís Montenegro e o seu Governo insistem em propagar a ideia de que tudo isto não passa de uma tentativa da oposição de desestabilizar o país, de criar artificialmente uma crise política. Contudo, é inegável que quem se colocou nesta posição foi o próprio primeiro-ministro, uma vez que, desde o início deste caso, a estratégia governativa tem sido a da fuga para a frente, com respostas pouco convincentes, silêncio e um desrespeito flagrante pelas mais elementares regras de transparência e ética política. Acusar o Partido Socialista de ser um fator de instabilidade no país é anedótico, uma vez que tudo fez para suportar este Governo, viabilizando o Programa de Governo, o primeiro Orçamento de Estado e chumbando duas moções de censura. Contudo, não é possível suportar quem se quer deixar cair ao apresentar uma moção de confiança que já tinha chumbo garantido.
Termino, dizendo que o verdadeiro “adulto na sala” foi o Partido Socialista que sempre defendeu a necessidade de estabilidade para governar, mas sem permitir que essa estabilidade sirva de escudo para ocultar práticas que fragilizam a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas. O que está aqui em causa não é apenas uma eventual questão de legalidade – é uma questão de credibilidade, de respeito pelo interesse público e de compromisso com um exercício digno e íntegro do poder e nisso, este governo falhou.
Recomendações
"Região de Aveiro – E quem será o próximo presidente?", opinião de João Manuel Oliveira
Neste segundo artigo, como referido ontem, aprofundo a situação da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA). Também me foco no modelo distrital anacrónico que ainda usamos para votar nas Eleições Legislativas, e que distorce a realidade das populações e dos relacionamentos intermunicipais. Do mapa autárquico regional, podemos tirar algumas conclusões simples: O Partido Social Democrata (PSD) domina de forma inequívoca e irá escolher o próximo presidente da CIRA e a larga maioria na Assembleia Intermunicipal, como tem acontecido nos últimos anos. O CDS manteve as suas duas autarquias, embora tenha perdido mandatos em quase toda a linha. Já o Partido Socialista (PS) não tem voto na matéria no panorama da Região de Aveiro, tendo-se dividido em Estarreja, onde poderia ter ambicionado a um bom resultado. O PSD conseguiu substituir os presidentes que estavam em final de mandato, sendo que a maioria saiu antes. Os seus substitutos naturais (ou escolhidos, como no caso de Vagos, com o regresso de Rui Cruz) venceram em Ovar, Murtosa, Estarreja e, como mencionado, em Vagos. O PSD reforçou a sua posição em Sever do Vouga e em Águeda (onde é sabido que quem governa são independentes aliados ao PSD). Recuperou também Anadia, o filho pródigo que voltou ao seio da família natural, com Jorge Sampaio a transitar de 3 mandatos como vice-presidente para Presidente da autarquia anadiense. Em Aveiro, a coligação liderada pelo PSD venceu, mas perdeu a maioria absoluta. Em Ílhavo, os independentes liderados por João Campolargo não conseguiram assegurar a autarquia para um segundo mandato. Isto deveu-se a uma forte aposta do PSD em Rui Dias, que é extremamente reconhecido localmente e que venceu sem maioria, por menos de um por cento. Um dado histórico que se mantém muito atual: nos municípios a sul do eixo Aveiro/Águeda (Ílhavo, Vagos, Oliveira do Bairro e Anadia) o PS obtém resultados fraquíssimos. Embora em Anadia atinja os 22 por cento, em Ílhavo consegue apenas 13 por cento e nas outras duas autarquias ficam abaixo dos 10 por cento e é suplantado pelo Chega. Na parte norte da Região de Aveiro, a Murtosa foi mais disputada, mercê de uma forte candidatura independente. Por essa razão, o PSD perdeu o título de melhor votação (o resultado de há quatro anos foi acima dos 70 por cento) , apesar de ter conquistado a maioria absoluta. Já em Estarreja, a única mulher líder de uma autarquia na região de Aveiro deve a sua maioria absoluta a uma divisão no seio socialista. Em Albergaria-a-Velha, a saída do presidente (agora presidente da assembleia municipal) foi compensada a contento, e o CDS manteve a maioria. O mesmo ocorreu em Oliveira do Bairro, com Duarte Novo a iniciar o seu último mandato com maioria absoluta. Em Águeda, Jorge Almeida aumentou a sua votação, ganhou mais freguesias e será o decano dos presidentes da Região de Aveiro. Aliás, e quem será o próximo presidente da CIRA? Duarte Novo poderá ser um dos vice-presidentes, tendo em conta o peso institucional do CDS, mas o presidente e o outro vice-presidente serão certamente do PSD, já que o número de câmaras é sintomático: 9-2. Tendo em conta a renovação dos mandatos e o peso relativo das autarquias, veremos quem se candidata. Poderá existir uma proposta de rotatividade, como aconteceu mais recentemente, em que a presidência muda a cada dois anos. Contudo, a minha aposta pessoal recai entre Jorge Almeida, o mais antigo e conhecedor dos dossiers, e nomes como Jorge Sampaio, Januário Cunha ou Rui Dias. A palavra está com o PSD. No que respeita ao distrito, a sul, o único município que não integra a Região de Aveiro é a Mealhada, onde António Jorge Franco se mantém à frente de forma absolutíssima – o que é fácil quando o PSD parece não existir ou aguarda pela lei de limitação de mandatos. A norte, Castelo de Paiva mudou para o PS de forma categórica – tornando-se num município “swing state” com mudanças regulares. Já Arouca é um caso diferente. O trabalho desenvolvido pela oposição dará frutos quando a incumbente, do PS, tiver de sair nas próximas eleições. Continuando a norte, Santa Maria da Feira e Oliveira de Azeméis mantiveram as cores políticas. Se a primeira sempre foi laranja, Oliveira de Azeméis mantém-se rosa mais uma vez. Será mais uma autarquia interessante de seguir em 2029. Por outro lado, São João da Madeira virou laranja, destronando Jorge Vultos Sequeira do seu terceiro mandato. Veremos como correrá o mandato ao vencedor. Por fim, deixei dois concelhos muito diferentes e curiosos para o final. Em Espinho, Jorge Ratola tinha uma tarefa difícil, mas o PS também a tinha, dado que havia duas candidaturas dessa área: a da ainda presidente da autarquia e a do candidato oficial. Jorge, que foi uma escolha pessoal de Luís Montenegro, ganhou. Em Vale de Cambra, o PSD apostou forte, com um empresário de sucesso e uma deputada, Adriana Rodrigues, como candidata à Assembleia. No final, o CDS ainda celebrou o sucesso, mas sem maioria na autarquia – e perdeu a Assembleia Municipal Em jeito de conclusão final: o distrito parece pintado de laranja. Em 19 concelhos, há apenas um independente (Mealhada), quando havia três. O PS e o CDS dominam três municípios cada. E o PSD, com diferentes nuances (sozinho ou líder de coligação), irá chefiar 12 municípios. As tendências, no entanto, são ainda mais curiosas para o futuro: O PS terá duas autarquias em fim de ciclo, o CDS uma e o PSD nenhuma. Mas, como fui referindo, há tendências para análise profunda pelos partidos. O Chega suplantou o PS no sul do distrito e elegeu seis vereadores, incluindo em Aveiro. Há autarquias sem maioria onde o trabalho da oposição poderá ser interessante de observar (Ílhavo). O CDS foi varrido do mapa autárquico em Águeda (e suplantado pelo Chega), em Sever do Vouga e perdeu vereadores em Vale de Cambra, Albergaria e Aveiro. O PS terá de preparar as suas sucessões, ou corre o risco de ver o distrito ainda mais pintalgado de laranja. Boa sorte a todos, porque os cidadãos precisam de bons autarcas.
"Eleições Autárquicas em Aveiro – o perpetuar da história", opinião de João Manuel Oliveira
Decorreram no passado domingo as eleições autárquicas no país. No entanto, nesta sequência de artigos irei escalpelizar a nossa região. Primeiro, Aveiro, depois a CIRA e por fim, aquele, ainda existente, e no entanto anacrónico limite territorial, o distrito. Em síntese, a Aliança com Aveiro teve um resultado satisfatório, Alberto Souto atingiu, mais uma vez, o seu limiar de resistência, o resultado máximo que ele poderia almejar, o Chega entra na vereação, algo histórico e a IL passa a estar presente na Assembleia Municipal. O Livre passa a ter um deputado municipal único e o Bloco de Esquerda e o PCP perdem os seus representantes. Não tenho a certeza absolutíssima, mas acho que é a primeira vez que este partido não tem representação em Aveiro. A Aliança com Aveiro ganhou as eleições e conseguiu fazer um 9-1 nas freguesias, demonstrando a sua presença e consistência. Desde 2005, em que historicamente o CDS e o PSD se uniram em Aveiro – mas mesmo antes, com a exceção de 2001 – o resultado destes dois partidos dá sempre para vencer em Aveiro e na quase totalidade das suas freguesias (o centro da cidade, com a união, é um caso à parte). Alberto Souto atingiu quase o seu limiar de resistência, aqueles votantes que teve em 2005 e em 1997. É alguém que ultrapassa a base do partido e entra em todo o lado, mas também tem um conjunto de resistências que não conseguiu ultrapassar durante a campanha. Em termos comunicacionais, passou uma mensagem de Messias (o cartaz junto à rotunda da Salineira é o melhor exemplo), de alguém que tinha e tem um desígnio para a cidade. Ora, isso não batia certo com a mensagem-slogan “um futuro com todos, com as pessoas”. Demasiados projetos e ideias – algumas com vinte e cinco anos e que estão ultrapassadas ou erradas – voltaram a passar a mensagem de despesista, que se colocou como supercola, embora ele se tentasse libertar. O Chega quase que cumpria o desígnio do seu líder André Ventura. Diogo Soares Machado utilizou os chavões todos mas esqueceu-se que, a exemplo dos irmãos, também ele faz parte de uma família com pergaminhos na cidade, uma elite. E que também ele tem um passado. Mesmo assim, conseguiu ultrapassar os resultados absolutos da última campanha em que tinha sido mentor, em 2013 e segurar o seu lugar de vereador. Será um erro a Aliança com Aveiro se unir a ele, de forma permanente. Em relação aos partidos que não entraram na vereação, mas sim na Assembleia: a IL conseguiu solidificar a sua presença, garante um resultado sólido e consegue 2 elementos na Assembleia Municipal. Ainda tem uma presença fraca nas freguesias, algo muito parecido com todos os outros partidos que andam à caça de candidatos a menos de seis meses das eleições – o trabalho político, ao contrário do que se pesa, deve começar três anos antes… O candidato do Livre conseguiu atingir um dos seus três resultados e será deputado municipal. Quem merecia lá estar era a Aurora Cerqueira, porque foi ela que andaram a mostrar em todo o lado, para que as pessoas não se esquecessem que ele era o candidato triplo. Receberam os votos dos que, à esquerda, quiseram castigar o BE e PCP. Quanto a João Moniz, basta dizer que não chega ser o melhor nos debates e um dos mais bem preparados quando se cola a uma extrema-esquerda em plena crise de identidade… Se continuar com vontade e for independente, será alguém a ter debaixo de olho para 2029. Quanto ao PCP, precisa olhar para dentro. Perdeu a sua representação em Aveiro, pela primeira na sua história. Terá sido a última? Não refiro o PAN, pois a sua presença na Assembleia Municipal em 2021 foi, somente, devido ao acordo maravilhoso feito com o PS. A representatividade real está expressa nos resultados deste ano. Candidatos à última da hora dão nisto. Em relação às freguesias e a resultados específicos, é de salientar que poderemos ainda vir a ter novidades, dada a evidente dificuldade da Aliança com Aveiro (e Catarina Barreto, que ganhou com larga margem, mas sem maioria) fazer executivo em Aradas. Se a mesma situação acontece em Esgueira e Eixo Eirol, as campanhas nesses dois locais pareceram mais pacíficas e que darão lugar a negociações mais simples para formar o executivo. São Jacinto foi uma vitória forte da Aliança, demonstrativa que a mensagem do caos anterior afetará o PS nos próximos tempos. Em 2029, Cacia poderá ser um problema grave para a Aliança. Os últimos dados ideológicos (votos as legislativas) levam-me a analisar que a mudança de presidente poderá levar outro tipo de mudanças. Nas outras freguesias (com exceção de Aradas, caso Catarina Barreto se mantenha) os presidentes ainda se poderão recandidatar e por isso, poderemos antecipar eleições mais calmas, em condições normais. Luis Souto de Miranda vai ter um mandato mais fácil do que se julga. Com quatro vereadores e uma assembleia municipal maioritária, basta aguardar para as mudanças que o PS terá no executivo e na sua liderança partidária, e cumprir os mínimos olímpicos. Saiba auscultar as pessoas e resolver alguns assuntos, sendo que o mais crítico em Aveiro será o do estacionamento – com aquilo que está previsto e no terreno. Aveiro, em termos noticiosos, foi tratado como um fait-divers. Fomos falados, nos meios de comunicação, pela “curiosidade” de termos dois irmãos, um contra o outro. Mas não fomos alvo de sondagens, estudos de opinião ou cobertura. Demonstrativo da falta de peso nacional, e de figuras nacionais, mas também da crença no que poderia acontecer. Já em termos noticiosos regionais, vou dar uns enormes parabéns a todos. Numa altura em que a comunicação social nacional passa por uma crise estrutural e de confiança, notei uma evolução positiva em todos os meios, com debates, podcasts, análises e muito trabalho de casa. Parabéns ao Diário de Aveiro, à AveiroMag, ao Noticias de Aveiro, Rádio Terranova e, claro, à Rádio Ria. Amanhã publicarei um segundo artigo, sobre as eleições em termos regionais/distritais e conclusões.
“Aveiro entre o passado e o futuro”, opinião de Diogo Gomes
As eleições autárquicas de 2025 em Aveiro são mais do que uma disputa local — são um espelho de duas formas de encarar o tempo: entre quem insiste em reviver o passado e quem ousa pensar o futuro. Este fim de semana, Aveiro vai a votos numas eleições autárquicas dominadas pelo passado. A candidatura da coligação “Aliança Mais Aveiro” parte para o sufrágio, assombrada pelo legado de 12 anos de Ribau Esteves, a quem a cidade deve estabilidade financeira, após o descalabro herdado de anos de má gestão do PS e do próprio PSD. Mas esses três mandatos também ficaram marcados por polémicas, decisões contestadas e por uma notória incapacidade de ouvir a sociedade civil. Essa tensão entre o agradecimento e o desgaste está bem espelhada no slogan da coligação liderada pelo PSD: “continuidade & inovação”. O projeto de Luís Souto é, pois, indissociável do passado — sem o seu protagonista principal é uma mão cheia de nada. Na candidatura socialista reencontramos o seu irmão. Alberto Souto encarna como poucos a ideia de círculo fechado que tem marcado a política aveirense. Autarca entre 1997 e 2005, regressa agora, vinte anos depois, movido por um impulso quase revanchista — uma tentativa de reabilitar a imagem de despesismo e de ruína financeira que se lhe seguiu. O slogan “Um futuro com todos” promete futuro, mas a campanha vive do passado: do que fez, do que diz ter feito e da vontade de reescrever a memória de um tempo em que Aveiro mergulhou na estagnação orçamental. Há ainda outro nome que remete para o passado: Diogo Machado, candidato do CHEGA, autointitulado herdeiro de Girão Pereira, histórico autarca aveirense do CDS. Mais um representante de velhas famílias e dinastias políticas, preso a uma retórica de nostalgia que idealiza a Aveiro dos anos 80 e 90 — uma cidade que já não existe, nem deve existir. Em contraste com este panorama, surge a Iniciativa Liberal (IL), que se apresenta como a verdadeira candidatura do futuro. Sob o lema “Somos a diferença que Aveiro precisa”, a IL apresenta uma equipa com perfis jovens e profissionais: Miguel Gomes para a Câmara e Cláudia Rocha para a Assembleia Municipal. Esta mudança geracional é, por si só, um sinal de esperança: menos carreirismo político, mais mérito, mais trabalho e mais ideias. A IL distingue-se pelo compromisso com a modernização institucional, pela defesa de uma gestão municipal mais leve, transparente e orientada para resultados, e pela aposta na liberdade individual, na competitividade e na inovação como motores de progresso. Em vez de repetir as fórmulas do passado, propõe uma nova relação entre a autarquia, os cidadãos e as empresas. O PSD, o PS e o CHEGA representam, cada um à sua maneira, a nostalgia de um tempo que já passou — uns pela herança familiar, outros pela inércia, outros ainda pela crítica sem proposta. A Iniciativa Liberal é a única força política que fala a linguagem do futuro: habitação, mobilidade inteligente, cultura, empreendedorismo e participação cívica real. Aveiro precisa disso, de ideias novas, de políticas modernas, de energia transformadora. Porque o futuro da cidade constrói-se com a coragem de redesenhar.
"A ciência e a investigação são um bem público, não são mercadoria", opinião de Miguel Pedro Araújo
A proposta orçamental para a Ciência e Tecnologia em 2025 já tinha marcado um retrocesso preocupante: 607 milhões de euros, o valor mais baixo desde 2018. A herança deixada pelo Governo de António Costa - um orçamento de 675 milhões de euros, mais 2,5% do que em 2023 - foi desperdiçada, revelando não só falta de ambição, mas também um desrespeito profundo pelo papel estratégico da ciência. Mas este Governo preferiu continuar a escolher enfraquecer deliberadamente um setor vital para o desenvolvimento do país. Depois da não inclusão de uma Secretaria de Estado para o Ensino Superior na orgânica do Governo, em 2024, surgiu a decisão de extinguir a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), fundindo-a numa nova estrutura orgânica (Agência para a Investigação e Inovação) sem identidade, nem referência, diluindo e esvaziando a missão de uma instituição que, com as suas limitações, era central para a consolidação do sistema científico português. A ciência precisa de estabilidade, previsibilidade e autonomia, não de reformas administrativas que se traduzem em incerteza, perda de história institucional e riscos para a continuidade de projetos, bolsas e, nomeadamente, para as carreiras profissionais, aumentando a precaridade laboral que marca o setor da investigação. Como se tudo isto não fosse, por si só, preocupante, ainda mais inquietante e revelador da ideologia estratégica do Governo é a visão que o atual ministro da Educação deixou clara, no jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD (curiosamente, uma alegada iniciativa de formação de jovens quadros) ao afirmar que “a sociedade tem que perceber que é importante e os cientistas têm que perceber que têm a obrigação de devolver à sociedade o investimento que é feito neles”. Esta declaração encerra uma conceção mercantilista e economicista da investigação, como se o valor da ciência pudesse ser medido apenas como retorno imediato ou em ganhos financeiros. A comunidade científica já devolve à sociedade o investimento que recebe. Fá-lo através da produção de conhecimento, da formação qualificada, da inovação que capacita empresas e instituições públicas, e sobretudo pela construção de uma cidadania crítica e informada. O conhecimento científico não é um luxo nem um custo: é um bem público, indispensável para o ensino superior, para a saúde, para a cultura, para a economia, para a justiça social e para que a sociedade seja mais capacitada para enfrentar os grandes desafios do século XXI: das alterações climáticas às desigualdades, da transição digital à defesa da democracia. A imprevisibilidade nos apoios, a instabilidade das carreiras científicas e a instrumentalização da investigação para fins conjunturais fragilizam um sistema que levou (e leva ainda) tempo a consolidar-se. O risco é claro: transformar a ciência e a investigação numa engrenagem subalterna (subsidiodependente) de curto prazo, sem autonomia, incapaz de planear e de responder com liberdade às necessidades da sociedade. Está em causa uma visão do país que queremos ser. E este Governo parece escolher a via de desvalorização do conhecimento, onde a ciência é reduzida a mercadoria, em vez de ser reconhecida como pilar do saber e do desenvolvimento humano, social, económico e cultural de Portugal. É preciso defender a ciência e a investigação, defender o conhecimento, defender o futuro. E isso faz-se com mais investimento, mais estabilidade e mais respeito pelos que dedicam a sua vida à investigação. Porque sem ciência não há futuro. E sem respeito pelos cientistas e investigadores não há democracia digna desse nome.
Últimas
Aveiro sob aviso amarelo até à madrugada de quinta-feira devido à “chuva persistente”
Além de Aveiro, também os distritos de Viseu, Porto, Vila Real, Viana do Castelo e Braga estarão sob aviso amarelo esta quarta-feira, 22 de outubro, no mesmo horário. De acordo com o IPMA, trata-se dos efeitos do sistema frontal associado à depressão Benjamin que se farão sentir, especialmente, entre a tarde de hoje e a madrugada de quinta-feira, prevendo-se o aumento da intensidade do vento, do quadrante oeste, com valores que podem chegar aos 95 quilómetros por hora (km/h) nas terras altas. A precipitação irá ser por vezes forte, em especial no Minho e Douro Litoral, sendo fraca na região Sul, informou o IPMA. Segundo o IPMA, devido a esta situação foram emitidos avisos de nível amarelo de precipitação para o Minho e Douro Litoral, e de rajada nas terras altas das regiões Norte e Centro. Os distritos de Bragança, Viseu, Porto, Guarda, Vila Real, Viana do Castelo e Braga vão estar sob aviso entre as 21h00 de hoje e as 06h00 de quinta-feira devido à previsão de vento sudoeste rodando para noroeste, com rajadas até 95 km/h nas terras altas. “Nos próximos dias, o estado do tempo no continente continuará a ser caracterizado por um fluxo do quadrante oeste, com transporte de uma massa de ar com conteúdo elevado em vapor de água, o que irá originar precipitação forte e persistente, em especial no período compreendido entre sexta-feira, dia 24, e sábado, dia 25”, indicou ainda o instituto meteorológico português. A região Centro é a que tem maior probabilidade de registar acumulados de precipitação mais elevados neste período, com valores entre 50 e 100 mm, uma situação que pode estender-se à região Norte. No domingo, dia 26, prevê-se um desagravamento das condições meteorológicas nas regiões do Norte e do Centro, mas com o sistema frontal a deslocar-se para sul, onde a precipitação poderá ser temporariamente mais intensa até ao início da tarde. Devido à “incerteza espacial e temporal associada a esta situação meteorológica”, o IPMA aconselha o acompanhamento da situação e dos avisos meteorológicos que serão emitidos nos próximos dias. O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.
Câmara Municipal de Estarreja volta a promover programa de exercício físico para maiores de 50 anos
Duas vezes por semana ao longo de todo o ano letivo, os inscritos participam de aulas que, de acordo com a Câmara Municipal de Estarreja, se caracterizam por um “trabalho generalizado, incluindo uma ativação geral, exercícios aeróbios (caminhar, dança, jogging), exercícios de força, de equilíbrio, jogos lúdicos e relaxamento final”. O objetivo é “possibilitar o aumento da autonomia e da qualidade de vida” dos munícipes. A inscrição no programa pode ser feita no Complexo de Desporto e Lazer de Estarreja e tem uma mensalidade de cinco euros. As aulas acontecem sempre durante o período da manhã e são lecionadas diferentes pontos do concelho. A Câmara Municipal de Estarreja promove ainda outras atividades para além do programa “Ginástica Sénior” dirigidos à população sénior, tais como hidrofuncional, hidroginástica, zumba gold e Walking Football. Estas iniciativas estão inseridas no programa VIVER+, que “visa promover o envelhecimento ativo e saudável, a aprendizagem ao longo da vida e o combate ao isolamento social”.
Quatro freguesias de Aveiro fecham negociações para evitar eleições intercalares
Após as eleições autárquicas, começam a ser agendados os primeiros atos de instalação das Assembleias de Freguesia. No concelho de Aveiro, apenas seis das dez freguesias alcançaram maioria absoluta. Nas restantes quatro -Glória e Vera Cruz, Esgueira, Aradas e Eixo e Eirol - os futuros presidentes enfrentam agora o desafio de negociar com os outros partidos a aprovação dos respetivos executivos logo na primeira reunião da Assembleia. A 12 de outubro, a coligação ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) venceu nove das dez freguesias, falhando apenas a União de Freguesias de Glória e Vera Cruz, onde o PS conquistou a presidência, com Bruno Ferreira, atual membro do executivo da Aliança, agora eleito presidente da Junta, como já noticiado pela Ria. Recorde-se que, na primeira reunião da Assembleia de Freguesia, cabe ao presidente recém-eleito apresentar a proposta de vogais para o executivo, que só tomará posse se for aprovada pelos restantes eleitos. No caso de Eixo e Eirol, a ‘Aliança com Aveiro’ venceu esta Junta de Freguesia com 1.316 votos (42,89%), baixando 1,13% em relação ao resultado de 2021 (44,02%). Esta descida, acrescida à entrada do Chega (que anteriormente não tinha concorrido a esta junta), fez com que a ‘Aliança’ perdesse a maioria, alcançando seis mandatos. Já o Partido Socialista (PS) alcançou seis mandatos e o Chega um mandato. Contactada pela Ria, Sara Rocha, atual presidente de Junta e reeleita novamente para o cargo pela ‘Aliança’, mostrou-se confiante quanto à aprovação do executivo na primeira Assembleia de Freguesia que decorrerá já esta sexta-feira, 24 de outubro, pelas 21h00. “Eu acho que todos nós, pelo menos, falo pela ‘Aliança’ e pelo PS, queremos o melhor para a nossa terra”, exprimiu. No seguimento, adiantou à Ria que já conversou com o João Morgado, candidato do PS a esta Junta de Freguesia, sobre a proposta de executivo que procurará aprovar esta sexta-feira. “Ele ficou de me dar um ok. (…) Acredito na maturidade democrática e como eles perderam eu acho que faz todo o sentido eles aprovarem o nosso executivo. (…) Acredito nas pessoas e, principalmente, que querem o melhor para a nossa freguesia. (…) Como tal, acredito que o PS vai apoiar a minha lista”, vincou. Relativamente ao mandato do Chega, Sara Rocha disse ainda que não acredita que esta força política “crie um bloqueio”. “Não o vejo como tal, porque acho que também vai pensar na freguesia”, afirmou. “Eu acho que aqui temos de defender a nossa freguesia. Não é só a questão da cor partidária…”, exprimiu. No caso de Esgueira, a ‘Aliança com Aveiro’ venceu esta Junta de Freguesia com 35,33%, ainda que por uma margem muito reduzida: 12 votos. No que toca ao número de mandatos na Assembleia de Freguesia, a ‘Aliança’ alcançou seis, o PS cinco e o Chega dois. Tal como a de Eixo e Eirol, a instalação da Assembleia de Freguesia ocorrerá já esta sexta-feira, 24 de outubro, pelas 21h00. Em relação a este momento, Rui Cordeiro, eleito presidente de Junta pela coligação ‘Aliança com Aveiro’, mostrou-se também confiante de que a sessão possa decorrer “normalmente”, ainda que tenha admitido à Ria que o executivo não está fechado e que se encontra, neste momento, “em negociações com os restantes partidos”. “Só tem de estar fechado no dia da instalação”, atentou. “Obviamente um executivo uniforme é mais fácil do que gerir um executivo partilhado, mas, neste momento, não vou dizer o que vai acontecer porque ainda não está fechado”, afirmou, deixando tudo em aberto. No caso da União de Freguesias de Glória e Vera Cruz, o PS venceu esta junta, ao contrário de 2021, com 3.710 votos (37,46%). Em relação à ‘Aliança com Aveiro’ obteve mais 429 votos. O resultado garantiu ao PS a vitória ainda que não tenha alcançado maioria absoluta. Em relação ao número de mandatos, o PS conquistou seis, a ‘Aliança’ cinco, a Iniciativa Liberal (IL) um e o Chega um. De salientar que, nas últimas eleições autárquicas, tanto o Chega como a Iniciativa Liberal não haviam obtido qualquer mandato. Em entrevista à Ria, Bruno Ferreira, atual tesoureiro e agora eleito presidente de Junta pelo PS, garantiu que as conversações sobre o futuro executivo “estão finalizadas”. “Foi muito fácil”, insistiu. “Por uma questão de cortesia conversei com a AD [Aliança com Aveiro] e o partido pôs determinadas condições que foram acordadas e estão aceites. A IL propôs uma situação que a nós não nos agradou muito, quase uma imposição, e nós não aceitamos. (…) Aliás, já lhes informei disso mesmo. (…) Do Chega está em cima da mesa não um acordo, mas uma conversa”, partilhou. Contactada pela Ria, Glória Leite, candidata da ‘Aliança’ a esta Junta, confirmou o acordo com o PS, salientando que a coligação ajudará a “viabilizar” o executivo e que no seu caso ficará com o cargo de “presidente da Assembleia de Freguesia”. A cabeça de lista adiantou também que Bruno Ferreira lhe chegou a propor um lugar no executivo, mas que acabou por “recusar” por não concordar com a opção. Neste caso, a instalação da Assembleia de Freguesia ocorrerá na próxima quarta-feira, 29 de outubro, pelas 21h00. No caso de Aradas, a ‘Aliança com Aveiro’ venceu esta junta de freguesia com 1.548 votos (34,76%), menos 11,52% do que em 2021 (46,28%). No que toca ao número de mandatos, a ‘Aliança’ alcançou seis, o movimento independente ‘Sentir Aradas’ três, o PS três e o Chega um mandato. Tal como Eixo e Eirol e Esgueira, a instalação da Assembleia de Freguesia decorrerá também esta sexta-feira, pelas 21h00. Em entrevista à Ria, Catarina Barreto, reeleita presidente de Junta nestas eleições, não se alongou muito quanto ao assunto, referindo apenas que “estamos em conversações”. Sobre a aprovação do executivo, a presidente de Junta referiu ainda estar com a “serenidade necessária para conduzir o ato de instalação e ser o que resultar da vontade dos eleitos”. Recorde-se que, segundo informações recebidas pela Ria, logo após a contagem dos votos, Catarina Barreto abordou diretamente Gilberto Ferreira, líder do movimento independente ‘Sentir Aradas’, com o objetivo de marcar uma reunião entre ambos. Os contactos entre Catarina e a oposição intensificaram-se nos últimos dias e está prevista uma reunião decisiva para hoje. A Ria sabe que este assunto está a ser tratado de forma diferente por partes dos partidos da oposição. No entendimento destes, tendo em conta todas as polémicas que surgiram ao longo deste mandato relacionadas com a Junta de Freguesia de Aradas e a sua presidente, só uma negociação com cedências claras por parte de Catarina Barreto poderá levar a oposição a aprovar a proposta para criação do executivo. Caso a situação não evolua para um entendimento, poderá colocar-se o cenário de eleições intercalares nesta freguesia. Confrontada com esta realidade, a autarca garantiu que esse cenário “não a preocupa nada”. “A minha disponibilidade é para aceitar o que for deliberado. Tenho um mandato, já governei duas vezes com maioria absoluta, e, portanto, tenho maturidade política suficiente para aceitar este resultado e aceitá-lo de forma democrática e depois em função do desenrolar ir acompanhando e tomando decisões. Cada facto implica uma nova decisão… Portanto, não vou dizer que estou preocupada com eleições e se vou proceder à eleição do executivo ou não. Eu estou eleita e tenho um executivo em gestão. Sexta-feira os eleitos serão chamados a pronunciar-se e certamente poderão ou não eleger e poderá ou não repetir-se o ato de eleição do executivo”, afirmou. No seguimento, recordou o caso do Município de Águeda em que a “Assembleia [de Freguesia] reuniu 21 vezes até ir para eleições intercalares”. “As situações nunca são lineares. No caso de Aradas, em concreto, há dois partidos e um movimento de cidadãos para conversar e, portanto, segue uma conjuntura de soluções que se podem construir querendo o bem da freguesia”, afirmou. “A Aliança está disponível para negociar, para conversar e aceitou o resultado com humildade democrática e tem maturidade para isso. Portanto, estamos abertos a conversações e é o que estamos a fazer”, rematou. A Ria sabe que há outra dúvida que corre nos bastidores da política em Aradas e que poderá ser decisiva neste desfecho: o facto de Catarina Barreto tomar posse na próxima sexta-feira para um terceiro e último mandato como presidente da Junta de Freguesia de Aradas. Ora, no entendimento da oposição, não é garantido que Catarina Barreto se possa recandidatar num cenário de eleições intercalares, por ter atingido o limite legal de “três mandatos consecutivos”. No site da Comissão Nacional de Eleições (CNE), nas “perguntas frequentes” sobre “limitação de mandatos” há uma que salta à vista: “Não cheguei a completar o 3º mandato consecutivo. Posso candidatar-me na eleição seguinte ao mesmo órgão? No entender da CNE não, pois não é necessário que os mandatos sejam integralmente cumpridos por parte dos presidentes de câmara ou de junta”. Falta perceber se o entendimento do CNE seria ou não acompanhado pelas autoridades competentes, no caso de realização de eleições intercalares. Mas, para já, uma coisa é certa: nesta freguesia a aprovação do executivo poderá ser uma tarefa mais complicada para a coligação ‘Aliança com Aveiro’.
“Final Girl” e “Palestra Purgatório” trazem dança e música até ao GrETUA esta sexta-feira
“Final Girl” é, segundo uma nota enviada à Ria, o “resultado do desafio que a bailarina Rina Marques estendeu ao palhaço e encenador Rui Paixão para dirigir um solo de dança”. A performance é inspirada na “figura da sobrevivente feminina do cinema de terror”. “A imagem desse universo cinematográfico, da última mulher viva para defrontar o assassino, a que sobrevive para contar a história, é o ponto de partida para a criação de uma performance que pretende criar um imaginário plástico e coreográfico clownesco”, explica a nota. A noite prossegue com “Palestra Purgatório”, a dupla que junta DJ Auchantopshelf e DJ Passou Bem. São ainda esperados convidados, entre eles, a “estreante DJ Bruxsa”. As reservas para esta noite podem ser feitas aqui. O evento tem o custo de seis euros para estudante e de oito euros para não estudante.