Ministra acredita que políticas culturais do Governo vão ter “continuidade garantida”
A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, disse hoje estar “motivada” e empenhada no trabalho em curso, acreditando que as políticas do atual Governo “vão ter continuidade garantida” para lá do mandato que está a terminar.
Redação
À margem da abertura do Congresso Internacional “Camilo Castelo Branco, 200 anos depois”, questionada pelos jornalistas sobre o impacto da queda do Governo, Dalila Rodrigues disse que o que estão em causa “são políticas culturais de caráter estruturante que respondem a necessidades elementares do tecido cultural português”.
“Por exemplo, dinamizar as bibliotecas municipais, há 303 municípios que têm bibliotecas. Temos o objetivo de dotar todos os [308] municípios de bibliotecas municipais. Este objetivo é um objetivo muito nobre. Não é possível? Não é aceitável que cada município não tenha a sua biblioteca municipal”, afirmou a ministra, repetindo um dos temas que percorreu o seu mandato, sobre a necessidade de potenciar a ação das bibliotecas enquanto unidades patrimoniais do território.
Questionada sobre se estaria disponível para fazer parte de um novo Governo, após as eleições legislativas de 18 de maio, a ministra afastou uma resposta: “Estamos a fechar um ciclo. Há tantos fatores que podem interferir nessa previsão que não vou evidentemente dizer nada a esse respeito. Eu estou muito motivada e vou continuar a cumprir a minha missão”.
Em relação às declarações do seu antecessor, Pedro Adão e Silva, que na quinta-feira classificou o ano de mandato de Dalila Rodrigues como “um ano perdido para as políticas culturais”, a ministra reagiu dizendo: "Todos somos poucos para afirmar a Cultura. Não vou comentar um comentário de uma pessoa que faz comentário político".
As eleições legislativas antecipadas vão realizar-se a 18 de maio, na sequência da crise política que levou à demissão do Governo PSD/CDS-PP, anunciou o Presidente da República na quinta-feira.
Numa comunicação ao país após uma reunião do Conselho de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa pediu um "debate claro, digno" nos mais de 60 dias que faltam para o ato eleitoral.
Marcelo Rebelo de Sousa já tinha dissolvido a Assembleia da República em dezembro de 2021 e em 09 de novembro de 2023.
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Habitação: Ministro diz que falta mão-de-obra em Portugal para construir
Na audição regimental na Comissão de Reforma do Estado e Poder Local, o ministro admitiu que “muitos edifícios estão a ter dificuldades em ir para o terreno por carência de mão-de-obra”. “Quando se fala com as empresas, muitas delas dizem ‘não, não é falta de mão-de-obra, os senhores estão é a pôr os preços muito baixos’ e as obras só são adjudicadas, nalguns casos, ao segundo, terceiro, quarto ou quinto concurso, com bases de licitação cada vez maiores. A minha convicção é que há mesmo falta de mão-de-obra. Se houvesse mão-de-obra abundante, as obras seriam adjudicadas a outros preços”, insistiu, perante os deputados. Para colmatar a ausência de mão-de-obra, o antigo autarca de São João da Madeira sublinhou a importância da imigração, seja por iniciativa espontânea, seja promovida por associações empresariais ou de grandes empresas que têm “uma via facilitada de integração de imigrantes para trabalhar em Portugal”. O ministro sublinhou que esta “via facilitada” apenas ocorre se os imigrantes tiverem garantido “um posto de trabalho, um contrato de trabalho e um local digno em que possam viver”. Apesar de ter começado “muito devagar”, o governante sublinhou que é algo que está agora a “avançar um pouco mais rápido” e que “já há muitíssimas pessoas a vir para Portugal por esta via, com processos de integração mais rápidos” por terem garantido trabalho e casa. Além destas medidas, o ministro abordou a cooperação com alguns países africanos de língua oficial portuguesa em que é dada formação profissional e parte dos formandos vem para Portugal “já com formação adequada às necessidades das empresas”. O ministro abordou ainda algumas medidas aprovadas pelo Governo com o objetivo de baixar os preços da habitação em Portugal, como alterações aos Planos Diretores Municipais para construir em terrenos rústicos, alterações em impostos para a construção e arrendamento ou a intenção de lançar uma linha do Banco Europeu de Investimento (BEI) para as autarquias. O índice de preços da habitação aumentou 17,2% no segundo trimestre, acelerando 0,9 pontos percentuais face aos três meses anteriores, tendo sido transacionados mais de 10.000 milhões de euros, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo o INE, os preços das casas existentes subiram 18,3% e das habitações novas 14,5% entre abril e junho. Face aos três meses anteriores, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) aumentou 4,7%, contra 4,8% no trimestre precedente, tendo as casas existentes tido um aumento de 5,1% e as habitações novas uma subida de 3,8%.
Autárquicas: Núcleo duro da direção do PSD reúne-se hoje dois dias depois de vitória eleitoral
De acordo com uma nota à imprensa, a Comissão Permanente Nacional reúne-se a partir das 10:30 num hotel em Lisboa, prevendo-se que Leonor Beleza, primeira vice-presidente do partido, faça uma declaração à imprensa no final. Este órgão integra o presidente do PSD e também primeiro-ministro, Luís Montenegro, os seis ‘vices’ do partido, o secretário-geral e líder parlamentar Hugo Soares e, como convidado, o coordenador nacional autárquico Pedro Alves. Apesar de não ter sido indicado qualquer tema para a convocatória à imprensa, a reunião acontece dois dias depois das autárquicas de domingo que o PSD venceu. Sozinho e em coligações, os sociais-democratas conseguiram eleger o maior número presidentes de câmara, 136, de acordo com os resultados provisórios do Ministério da Administração Interna, sendo que em 109 concelhos governarão com maioria absoluta. Destes, 78 foram eleitos em listas apenas do PSD e 58 em coligações. No total, o PSD conseguiu perto de 1,9 milhões de votos e 34,31% do total. Em relação às anteriores autárquicas, em 2021, o partido conquistou mais 22 câmaras (tinha 114) e inverteu a liderança do poder local, com mais câmaras e freguesias do que o PS, o que lhe permitirá liderar a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (Anafre), o objetivo traçado por Luís Montenegro. O PSD, sozinho ou em coligações, ganhou os cinco municípios com mais população no país – mantém Lisboa e Cascais, recuperando Porto, Vila Nova de Gaia e Sintra -, vencendo também no bastião socialista Guimarães. No entanto, os sociais-democratas perderam capitais de distrito em relação há quatro anos (lideram agora sete, contra nove em 2021): o PSD ficou sem os bastiões de Bragança e Viseu e câmaras que detinha como Coimbra e Faro; em contrapartida, ganhou Beja pela primeira vez e recuperou o Porto, mantendo Aveiro, Braga, Lisboa, Portalegre e Santarém. Nas autárquicas de 10 de outubro, o PS foi o segundo partido e conquistou, sozinho, 126 câmaras, e mais duas em coligação com o Livre e PAN.
PSP realiza até dia 24 em todo o país operação “Bullying é Para Fracos”
Em comunicado, a PSP adianta que durante duas semanas serão intensificadas “as ações de sensibilização”, realizadas através das suas Equipas do Programa Escola Segura (EPES), "sobre as temáticas do 'bullying' e 'cyberbullying' junto da comunidade escolar”. Com a campanha a PSP pretende "chamar a atenção para o impacto negativo que estes comportamentos têm na vida das vítimas, bem como para a importância de identificar comportamentos e sinais que permitam detetar, de forma precoce, vítimas que estejam a ser alvo destes fenómenos, promovendo assim a sua proteção e encaminhamento para as entidades competentes”. Segundo o comunicado, no ano letivo 2024/2025, a PSP realizou 6.336 ações de sensibilização sobre 'bullying' e 'cyberbullying' que contaram com a participação de mais de 131.200 alunos. Durante esse período, as EPES registaram 2.791 ocorrências criminais, 130 das quais relacionadas com situações de 'bullying' e 21 com situações de 'cyberbullying', “representando um decréscimo residual em comparação com o ano letivo 2023/2024”. “Estas 151 ocorrências correspondem a 5,4% do total das ocorrências criminais verificadas no último ano letivo”. A PSP apela à denúncia de todas as situações de 'bullying/cyberbullying' de que se tenha conhecimento e, numa tentativa de identificar as vítimas, aconselha os pais a estarem atentos a alterações de comportamentos ao nível alimentar ou do sono, bem como do rendimento escolar, ao desinteresse por atividades que as cativavam, mudança de amigos e tentativas e/ou ameaças de suicídio. Deverão ainda prestar atenção a sinais como hematomas, cortes, arranhões, dores de cabeça e de barriga, material escolar danificado ou que desaparece, ansiedade/depressão, agressividade/timidez ou isolamento, acrescenta. Segundo a PSP, não discriminar nem censurar as vítimas, inclui-las nas atividades do grupo e promover a sua autoestima pode ajudá-las. “A operação pretende ainda assinalar o Dia Mundial de Combate ao 'Bullying', que se celebra anualmente a 20 de outubro, relembrando que a luta contra este fenómeno não se cinge a uma data isolada nem a um grupo restrito de pessoas, tratando-se sim de uma luta diária e constante, cuja responsabilidade cabe a toda a comunidade”.
Autárquicas: Caberá aos executivos municipais criar condições de governabilidade – Montenegro
“Não, nós no PSD não damos orientações aos nossos autarcas. Nós, no PSD, defendemos a autonomia do poder local, que está plasmada e consagrada na Constituição da República e nós levamos isso a sério. Quem tem de gerir os municípios são os autarcas Não somos nós. O que nós damos aos autarcas são orientações estratégicas, são orientações políticas de base”, disse Luís Montenegro. Antes de rumar a Espinho, onde vive e onde vai cumprimentar o social-democrata Jorge Ratola que ganhou a presidência da câmara local com maioria absoluta, após uma campanha acidentada para PSD e PS, Luís Montenegro que esteve a acompanhar a noite autárquica no Porto, parou m Vila Nova de Gaia para dar os parabéns a Luís Filipe Menezes pelo regresso a um concelho que liderou durante 16 anos. Numa passagem curta de menos de 15 minutos, depois de um abraço logo à saída do carro e ao som de gritos de “vitória”, o líder do PSD elogiou o autarca histórico de Vila Nova de Gaia que recupera a autarquia ao fim de 12 anos de liderança socialista, mas sem maioria absoluta. “Nós somos amigos há muitos anos, muitos mesmo. E conversámos e perspetivámos esta possibilidade [de regresso a uma candidatura em Gaia] aqui em Francelos, sem ninguém saber, longe da atenção quer dos dirigentes partidários, quer da imprensa, com um conjunto de pressupostos que depois se vieram a verificar, mas sobretudo com um espírito de reconhecimento pelo trabalho que ele já fez nos 16 anos”, disse Montenegro. Mas, recordando o passado, deixou uma promessa: “Ele não veio para contemplar o que já fez. Ele veio para fazer muita coisa nova”. Referindo-se a esta eleição, na qual PSD concorria coligado com CDS-PP e IL, Luís Montenegro disse que “o PSD é, efetivamente, hoje o maior partido português”, algo “indiscutível” que o torna “o partido mais português de Portugal”, confessando-se “muito satisfeito”. “Eu só posso ficar muito satisfeito por termos conseguido, de uma vez, ganhar duas eleições relativas, ganhar três eleições regionais, ganhar as eleições autárquicas e, pela primeira vez na nossa história, termos presidências de Câmara Municipal em todos os distritos do país”, resumiu. Já questionado sobre o que poderá estar a faltar ao PS para alcançar vitórias semelhantes, Montenegro disse que não é comentador ou analista político e que por “respeito democrático” não responderia à pergunta, mas acabou por sugerir reflexão aos socialistas. “Efetivamente, alguma coisa está mal quando se quer, no fundo, negar uma realidade política que muitas vezes ultrapassa algumas barreiras ideológicas mais fechadas, mais dogmáticas, mas isso é uma questão que o Partido Socialista terá de analisar. Eu já tenho muito com o que me preocupar para gerir o PSD, não vou estar agora a dedicar-me àquilo que é a gestão dos outros partidos. Como português, como cidadão, tenho a minha leitura, mas fica para mim”, disse. Voltando a possíveis acordos de governabilidade, o presidente social-democrata reiterou que são os autarcas quem tem “condições de poder executar nos seus territórios as balizas da orientação política” que o PSD defende para Portugal. “Porque o país será tão mais competitivo e desenvolvido se nas autarquias houver a mesma capacidade de transformação, de reforma, de arrojo, de ambição que nós queremos implementar e estamos a implementar no Governo (…). Naqueles casos em que localmente seja necessário aproximar posições, cultivar o diálogo político, os autarcas estão habituados a isso”, referiu.
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UA assinala novo ano letivo com alertas à valorização da ciência e inclusão no Ensino Superior
No seu discurso, Paulo Jorge Ferreira começou por referir a diminuição do número de candidatos no Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, que em 2025, comparativamente a 2019 e anos anteriores, “decresceu dramaticamente”. “Isso deve preocupar-nos. Portugal precisa de pessoas qualificadas, capazes de transformar conhecimento em progresso, ciência em inovação, e ideias em futuro”, atentou. “Num país em declínio demográfico e em plena aceleração tecnológica, não podemos perder talento. É fundamental assegurar uma maior fluidez entre o ensino secundário e o ensino superior, para que nenhum jovem com capacidade e vontade de aprender fique pelo caminho”, continuou o reitor. Embora reconhecendo que esta realidade é transversal à UA, o reitor sublinhou que, na instituição, as notas “continuam a melhorar de forma expressiva”. “Comparando com 2019, o número de estudantes colocados na primeira fase, em primeira opção, com nota superior a 18 valores, triplicou”, afirmou, excluindo os cursos de Medicina e Engenharia Aeroespacial, que em 2019 ainda não existiam. “Se os incluirmos, o crescimento mais que quadruplicou. É um sinal de confiança dos melhores estudantes na qualidade do ensino e da investigação que aqui fazemos”, referiu. Na cerimónia, que distinguiu também os melhores estudantes que ingressaram este ano na UA, bem como aqueles que entraram em anos anteriores e mantiveram ou superaram a sua média, Paulo Jorge Ferreira assegurou que foi graças a este trabalho que, esta quarta-feira, foi possível entregar “178 bolsas e prémios”. Foi ainda atribuído o Prémio Literário Aldónio Gomes, que tem como objetivo estimular a criação literária e apoiar novos autores, a Renata Zanete, na categoria de narrativa juvenil, com o texto “Férias de verão e águas de bacalhau”. Paulo Jorge Ferreira dirigiu-se ainda aos estudantes internacionais. Segundo o reitor, este ano, a UA acolheu “4478 estudantes de 109 países, em todas as modalidades de ensino, de grau ou em mobilidade”. “Somos uma comunidade multicultural, onde se cruzaram, ao longo dos últimos anos, mais de 150 nacionalidades”, afirmou. “Num tempo em que milhões de pessoas são forçadas a deixar as suas casas por causa da guerra, da pobreza ou das alterações climáticas, a Universidade deve continuar a ser um porto de abrigo para o diálogo, a compreensão e a esperança. (…) Cada um dos nossos estudantes é uma semente de conhecimento e paz. Possam essas sementes germinar, mesmo se tudo à nossa volta parecer desfazer-se. O mundo bem precisa”, continuou Paulo Jorge Ferreira. Refletindo também sobre a realidade nacional, Paulo Jorge Ferreira sublinhou que, atualmente, “há áreas do saber cuja situação merece reflexão”, apontando como exemplos “a Física, a Geologia e a Química”, onde o “número de candidatos se reduziu de forma drástica”. “Apenas seis em cada 1000 jovens candidatos escolheram Química. Só 36, em todo o país, a colocaram como primeira opção. Apenas um a inscreveu como única escolha. Em Geologia, a situação é semelhante; em física, pouco melhor”, frisou. No seguimento, alertou que o “problema do desinteresse pelas ciências começa a montante da universidade e 12 anos de escolaridade antes da entrada na universidade”. “Precisamos de cultivar, desde cedo, o gosto pelo saber e pela descoberta. (…) A ciência não precisa de espectadores, precisa de protagonistas”, atentou Paulo Jorge Ferreira. Na reta final do seu discurso interrogou: “Quem sabe se não será aqui, na Universidade de Aveiro, que um dos nossos novos estudantes venha um dia a descobrir uma nova terapia, ou um material revolucionário capaz de mudar o mundo? Que maior aventura poderiam desejar?”. “Estamos preparados para acolher mais estudantes”, garantiu ainda o reitor da UA. No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) avançou que a Universidade de Aveiro está, neste momento, a investir “26 milhões de euros” em novas residências que juntas constituirão “cerca de 425 novas camas e a reabilitar 556 camas existentes”. “Estamos atentos às necessidades dos nossos estudantes. Lamento que ainda não seja, este ano, que estejam disponíveis, mas conseguiremos torná-las disponíveis a tempo do próximo ano, em junho”, avançou. Agradeceu ainda, de forma particular, à Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, parceira no projeto desenvolvido naquele município, e, no caso de Aveiro, aos Armazéns da Quimigal e ao campus do Crasto, “que correm inteiramente por nossa conta”. Joana Regadas aproveitou a ocasião para relembrar o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgado esta terça-feira, 14 de outubro, no qual se conclui, entre outros aspetos, que os alunos carenciados continuam a enfrentar mais obstáculos para prosseguir os estudos após o ensino secundário. “O Ensino Superior não está a cumprir o seu principal propósito, não é para todos”, alertou a presidente da AAUAv. “Quando entram, é mais provável que escolham instituições não tão reconhecidas, e menos provável que sejam colocados em programas de excelência e que consigam bolsas de mérito. É mais provável que se vejam obrigados a cingirem-se às oportunidades dentro da sua região”, continuou. A presidente da AAUAv centrou ainda o seu discurso na “definição de resiliência”. “Outra palavra que se encontra no campo lexical do sucesso no Ensino Superior. Uma característica que todo o estudante universitário tem de ter na bagagem, é já quase como um pré-requisito na admissão ao curso, mas que nem por isso são garantidas as ferramentas para que todos possam adquiri-la”, justificou Joana Regadas. Numa crítica direta à realidade atual, a presidente da AAUAv acrescentou que “é um caminho solitário, apoiado na grande maioria das vezes por colegas, em chamadas com os serviços que teimam em não ser atendidas, em apoios que não têm datas, nem montantes previstos para serem recebidos, em listas de espera de cinco meses para consultas, que prometem auxiliar nesta caminhada”. Tal como Paulo Jorge Ferreira, lembrou também os estudantes internacionais que chegam “à universidade meio ano depois do início do ano letivo, sendo expectável o mesmo aproveitamento escolar do que um colega que entrou no dia um”. “Podemos adicionar não conseguir compreender a língua em que os conteúdos são lecionados, esperar meses para conseguir um agendamento na Agência para a Integração, Migrações e Asilo [AIMA], um simples número de segurança social para poder seguir com todos os processos burocráticos, com o simples e necessário passo de encontrar casa. Podemos ainda adicionar a probabilidade de ficarem retidos nos aeroportos, porque o visa de estudante que lhes disseram ser suficiente não foi”, relembrou Joana Regadas. “A resiliência consiste na capacidade de se saber adaptar face aos desafios e recursos disponíveis”, rematou. Acrescentou ainda ao seu discurso as palavras de “adaptabilidade e recursos”. “Recursos financeiros que teimam em impor limitações nas condições de cada estudante, ou porque não conseguem encontrar uma casa a um preço suportável, ou porque não conseguem adquirir o material necessário para frequentarem o seu curso”, atirou. “Porque ficaram no limiar de obter uma bolsa de estudo e deixaram de ter oportunidade de permanecer no ensino superior, porque os fundos europeus que financiavam diferentes projetos de ensino terminaram e ficaram sem saber o passo seguinte”, continuou. Sobres os recursos criticou ainda a falta de transportes públicos “nos horários e nas zonas necessárias” e a falta de condições nos “edifícios onde têm aulas”. “Porque querem praticar desporto, mas deparam-se com uma pista de atletismo sem condições. Porque querem almoçar na cantina, mas encontram-na sistematicamente fechada, vendo-se obrigados a optarem por uma refeição incompleta ou a deslocar-se até à cantina mais próxima e a atrasarem-se para a aula seguinte”, lembrou, recordando também os “trabalhadores-estudantes”. “Passam por muitas horas de preocupações sobre o mês seguinte e até quando serão capazes de permanecer matriculados. Passam por enfrentar as recentes notícias de descongelamento das propinas, passam pelo receio de que o Ensino Superior permaneça apenas para algumas classes sociais”, prosseguiu Joana Regadas. Por fim, terminou com a palavra “liberdade”. “Liberdade para ser valorizado, porque não podemos pedir apenas que as Instituições de Ensino Superior falem para fora da sua comunidade, temos de pedir que saibam também dar espaço e valor à sua comunidade, aos seus estudantes para falar”, apelou. Na sua intervenção, Fernando Alexandre começou por reconhecer que os “estudantes têm que estar cada vez mais no centro” em todos os ciclos de ensino. Citando também o estudo da OCDE, que foi apresentado na passada terça-feira, o ministro da Educação, Ciência e Inovação concentrou-se essencialmente a falar sobre o “sistema complexo” da ação social. De acordo com Fernando Alexandre, atualmente, a nível nacional, há “cerca de 84 mil estudantes a receber apoio [na ação social]- bolsa e complemento para alojamento”. Reconheceu ainda ser necessário existir “equidade no Ensino Superior”, recordando que o regulamento de ação social está agora a ser revisto e que “em breve” entrará em discussão pública. Sem esquecer o novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) anunciou ainda que o mesmo entrará em discussão na Assembleia da República (AR), na próxima semana, no dia “23 de outubro”.
"Região de Aveiro – E quem será o próximo presidente?", opinião de João Manuel Oliveira
Neste segundo artigo, como referido ontem, aprofundo a situação da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA). Também me foco no modelo distrital anacrónico que ainda usamos para votar nas Eleições Legislativas, e que distorce a realidade das populações e dos relacionamentos intermunicipais. Do mapa autárquico regional, podemos tirar algumas conclusões simples: O Partido Social Democrata (PSD) domina de forma inequívoca e irá escolher o próximo presidente da CIRA e a larga maioria na Assembleia Intermunicipal, como tem acontecido nos últimos anos. O CDS manteve as suas duas autarquias, embora tenha perdido mandatos em quase toda a linha. Já o Partido Socialista (PS) não tem voto na matéria no panorama da Região de Aveiro, tendo-se dividido em Estarreja, onde poderia ter ambicionado a um bom resultado. O PSD conseguiu substituir os presidentes que estavam em final de mandato, sendo que a maioria saiu antes. Os seus substitutos naturais (ou escolhidos, como no caso de Vagos, com o regresso de Rui Cruz) venceram em Ovar, Murtosa, Estarreja e, como mencionado, em Vagos. O PSD reforçou a sua posição em Sever do Vouga e em Águeda (onde é sabido que quem governa são independentes aliados ao PSD). Recuperou também Anadia, o filho pródigo que voltou ao seio da família natural, com Jorge Sampaio a transitar de 3 mandatos como vice-presidente para Presidente da autarquia anadiense. Em Aveiro, a coligação liderada pelo PSD venceu, mas perdeu a maioria absoluta. Em Ílhavo, os independentes liderados por João Campolargo não conseguiram assegurar a autarquia para um segundo mandato. Isto deveu-se a uma forte aposta do PSD em Rui Dias, que é extremamente reconhecido localmente e que venceu sem maioria, por menos de um por cento. Um dado histórico que se mantém muito atual: nos municípios a sul do eixo Aveiro/Águeda (Ílhavo, Vagos, Oliveira do Bairro e Anadia) o PS obtém resultados fraquíssimos. Embora em Anadia atinja os 22 por cento, em Ílhavo consegue apenas 13 por cento e nas outras duas autarquias ficam abaixo dos 10 por cento e é suplantado pelo Chega. Na parte norte da Região de Aveiro, a Murtosa foi mais disputada, mercê de uma forte candidatura independente. Por essa razão, o PSD perdeu o título de melhor votação (o resultado de há quatro anos foi acima dos 70 por cento) , apesar de ter conquistado a maioria absoluta. Já em Estarreja, a única mulher líder de uma autarquia na região de Aveiro deve a sua maioria absoluta a uma divisão no seio socialista. Em Albergaria-a-Velha, a saída do presidente (agora presidente da assembleia municipal) foi compensada a contento, e o CDS manteve a maioria. O mesmo ocorreu em Oliveira do Bairro, com Duarte Novo a iniciar o seu último mandato com maioria absoluta. Em Águeda, Jorge Almeida aumentou a sua votação, ganhou mais freguesias e será o decano dos presidentes da Região de Aveiro. Aliás, e quem será o próximo presidente da CIRA? Duarte Novo poderá ser um dos vice-presidentes, tendo em conta o peso institucional do CDS, mas o presidente e o outro vice-presidente serão certamente do PSD, já que o número de câmaras é sintomático: 9-2. Tendo em conta a renovação dos mandatos e o peso relativo das autarquias, veremos quem se candidata. Poderá existir uma proposta de rotatividade, como aconteceu mais recentemente, em que a presidência muda a cada dois anos. Contudo, a minha aposta pessoal recai entre Jorge Almeida, o mais antigo e conhecedor dos dossiers, e nomes como Jorge Sampaio, Januário Cunha ou Rui Dias. A palavra está com o PSD. No que respeita ao distrito, a sul, o único município que não integra a Região de Aveiro é a Mealhada, onde António Jorge Franco se mantém à frente de forma absolutíssima – o que é fácil quando o PSD parece não existir ou aguarda pela lei de limitação de mandatos. A norte, Castelo de Paiva mudou para o PS de forma categórica – tornando-se num município “swing state” com mudanças regulares. Já Arouca é um caso diferente. O trabalho desenvolvido pela oposição dará frutos quando a incumbente, do PS, tiver de sair nas próximas eleições. Continuando a norte, Santa Maria da Feira e Oliveira de Azeméis mantiveram as cores políticas. Se a primeira sempre foi laranja, Oliveira de Azeméis mantém-se rosa mais uma vez. Será mais uma autarquia interessante de seguir em 2029. Por outro lado, São João da Madeira virou laranja, destronando Jorge Vultos Sequeira do seu terceiro mandato. Veremos como correrá o mandato ao vencedor. Por fim, deixei dois concelhos muito diferentes e curiosos para o final. Em Espinho, Jorge Ratola tinha uma tarefa difícil, mas o PS também a tinha, dado que havia duas candidaturas dessa área: a da ainda presidente da autarquia e a do candidato oficial. Jorge, que foi uma escolha pessoal de Luís Montenegro, ganhou. Em Vale de Cambra, o PSD apostou forte, com um empresário de sucesso e uma deputada, Adriana Rodrigues, como candidata à Assembleia. No final, o CDS ainda celebrou o sucesso, mas sem maioria na autarquia – e perdeu a Assembleia Municipal Em jeito de conclusão final: o distrito parece pintado de laranja. Em 19 concelhos, há apenas um independente (Mealhada), quando havia três. O PS e o CDS dominam três municípios cada. E o PSD, com diferentes nuances (sozinho ou líder de coligação), irá chefiar 12 municípios. As tendências, no entanto, são ainda mais curiosas para o futuro: O PS terá duas autarquias em fim de ciclo, o CDS uma e o PSD nenhuma. Mas, como fui referindo, há tendências para análise profunda pelos partidos. O Chega suplantou o PS no sul do distrito e elegeu seis vereadores, incluindo em Aveiro. Há autarquias sem maioria onde o trabalho da oposição poderá ser interessante de observar (Ílhavo). O CDS foi varrido do mapa autárquico em Águeda (e suplantado pelo Chega), em Sever do Vouga e perdeu vereadores em Vale de Cambra, Albergaria e Aveiro. O PS terá de preparar as suas sucessões, ou corre o risco de ver o distrito ainda mais pintalgado de laranja. Boa sorte a todos, porque os cidadãos precisam de bons autarcas.
VIC Aveiro Arts House apresenta ciclo dedicado à música contemporânea a partir desta sexta-feira
Esta sexta-feira, pelas 21h30, o primeiro a pisar o palco da VIC Aveiro Arts House será o duo norte-americano “John & Dan” que apresentará um universo sonoro que combina riffs de guitarra e texturas delicadas, vocais terrosos e atmosferas cinematográficas. Formados por John Bollinger (bateria, vibrafone, baixo, voz) e Dan Kaufman (guitarra, voz), colaboram desde 2001 no grupo avant-rock Barbez e agora exploram uma sonoridade elementar e imprevisível. O grupo está atualmente a finalizar o seu álbum de estreia e o concerto, segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, pretende oferecer a oportunidade de ouvir as composições antes do lançamento do disco. Os bilhetes têm o custo de seis euros e estão disponíveis à porta e revertem integralmente para os artistas. Já este sábado e domingo, 18 e 19 de outubro, das 10h00 às 17h00, seguir-se-á um workshop, lecionado por Rodrigo Constanzo, sobre “Tecnologias para a criação e performance musical: Introdução a ferramentas de machine learning”. A formação é gratuita, mas requer inscrição obrigatória. O workshop pretende explorar estratégias de machine learning aplicadas à criação e performance musical em tempo real. De acordo com a nota, a atividade pretende “sensibilizar os participantes para os impactos negativos da utilização excessiva e da contaminação de lagos, rios e oceanos, utilizando a criação musical como ferramenta de consciência ambiental” e está inserido no projeto Shores. Durante dois dias, os participantes trabalharão com ferramentas como Data Knot e Fluid Corpus Manipulation, aprendendo a manipular sons e a explorar novos processos de performance musical. “O workshop inclui almoço ligeiro e os participantes devem trazer auscultadores e computador com Max/MSP instalado (versão temporária gratuita disponível). Conhecimentos básicos de Max/MSP são desejáveis, mas não obrigatórios”, realça a nota. A programação termina na próxima quinta-feira, 23 de outubro, pelas 21h30, com o concerto do trio francês “Catalogue” que procurará misturar “pós-punk, new-wave e espírito DIY”. “A sua música é guiada por uma caixa de ritmos insistente, um baixo pulsante e guitarras e sintetizadores que se entrelaçam em melodias ora frenéticas, ora melancólicas, conduzidas por uma voz feminina - com o seu inconfundível sotaque francês-que tanto sussurra como desafia”, refere a nota. Os bilhetes têm o custo de seis euros e revertem integralmente para os artistas.
Habitação: Ministro diz que falta mão-de-obra em Portugal para construir
Na audição regimental na Comissão de Reforma do Estado e Poder Local, o ministro admitiu que “muitos edifícios estão a ter dificuldades em ir para o terreno por carência de mão-de-obra”. “Quando se fala com as empresas, muitas delas dizem ‘não, não é falta de mão-de-obra, os senhores estão é a pôr os preços muito baixos’ e as obras só são adjudicadas, nalguns casos, ao segundo, terceiro, quarto ou quinto concurso, com bases de licitação cada vez maiores. A minha convicção é que há mesmo falta de mão-de-obra. Se houvesse mão-de-obra abundante, as obras seriam adjudicadas a outros preços”, insistiu, perante os deputados. Para colmatar a ausência de mão-de-obra, o antigo autarca de São João da Madeira sublinhou a importância da imigração, seja por iniciativa espontânea, seja promovida por associações empresariais ou de grandes empresas que têm “uma via facilitada de integração de imigrantes para trabalhar em Portugal”. O ministro sublinhou que esta “via facilitada” apenas ocorre se os imigrantes tiverem garantido “um posto de trabalho, um contrato de trabalho e um local digno em que possam viver”. Apesar de ter começado “muito devagar”, o governante sublinhou que é algo que está agora a “avançar um pouco mais rápido” e que “já há muitíssimas pessoas a vir para Portugal por esta via, com processos de integração mais rápidos” por terem garantido trabalho e casa. Além destas medidas, o ministro abordou a cooperação com alguns países africanos de língua oficial portuguesa em que é dada formação profissional e parte dos formandos vem para Portugal “já com formação adequada às necessidades das empresas”. O ministro abordou ainda algumas medidas aprovadas pelo Governo com o objetivo de baixar os preços da habitação em Portugal, como alterações aos Planos Diretores Municipais para construir em terrenos rústicos, alterações em impostos para a construção e arrendamento ou a intenção de lançar uma linha do Banco Europeu de Investimento (BEI) para as autarquias. O índice de preços da habitação aumentou 17,2% no segundo trimestre, acelerando 0,9 pontos percentuais face aos três meses anteriores, tendo sido transacionados mais de 10.000 milhões de euros, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo o INE, os preços das casas existentes subiram 18,3% e das habitações novas 14,5% entre abril e junho. Face aos três meses anteriores, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) aumentou 4,7%, contra 4,8% no trimestre precedente, tendo as casas existentes tido um aumento de 5,1% e as habitações novas uma subida de 3,8%.