RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Bruno dos Reis: Em 2015, o GrETUA “eram quatro paredes (…) e uma teia por eletrificar”

Depois de ter deixado a direção artística do Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA) para abraçar um novo desafio no Teatro Oficina, em Guimarães, Bruno dos Reis, dramaturgo, encenador e artista multidisciplinar foi o mais recente convidado do podcast ‘Ria Co(m)vida’.

Bruno dos Reis: Em 2015, o GrETUA “eram quatro paredes (…) e uma teia por eletrificar”
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
11 fev 2025, 13:02

Aveirense de gema, em entrevista à Ria, Bruno dos Reis começou por recordar o seu percurso pelo GrETUA. “(…) Eu conheci originalmente o GrETUA (…) quando passei pela Universidade enquanto estudante e era um lugar manifestamente diferente. Depois voltei-o a conhecer em 2015 quando estava de saída da cidade (…) Eu acho que o GrETUA estava a passar por uma fase dificilmente difícil (…) Se calhar por motivos dramáticos (…), em 2015, o GrETUA era um lugar, acho eu, com uma história rica para os anos que tinha (…), mas eram quatro paredes, um palco com buracos e uma teia por eletrificar…. Era um lugar precário, por vezes, parecia ao abandono (…)”, recordou. “O contexto cultural também era muito diferente do que é agora. Se nós agora conseguimos reconhecer que é uma capital de distrito frágil ou relativamente frágil, ao nível da área da cultura, em 2015, estávamos no obscurantismo absoluto (…)”, continuou.

Em 2018, ano em que o Bruno dos Reis começou a dirigir o GrETUA, o também dramaturgo e encenador alertou que a realidade já era “manifestamente diferente”. “Na realidade, a região transformou-se muito, entre 2015 e 2018 (…) Começou a pensar-se que aquele espaço estava desocupado, muitas horas do dia (…) e, portanto, o GrETUA começou a mover-se e a alavancar-se através de um princípio de missão de dotar, não só a universidade como a cidade de Aveiro, de um conjunto de iniciativas às quais os jovens (…) não tinham acesso (…)”, realçou.

Questionado se a mudança de núcleo setorial para secção autónoma da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), no ano de 2023, trouxe vantagens para o GrETUA, Bruno dos Reis realçou que a alteração foi “mais fundamental para a Universidade do que para o GrETUA, inclusivamente, para a Associação Académica”. “(…) Há também outro fator aqui que não podemos ignorar que é, em 2017 ou 2018, entra uma nova reitoria e das primeiras coisas que essa reitoria fez foi visitar o GrETUA, através da pessoa da Alexandra Queirós [vice-reitora] (…)”, explicou.

Interpelado se esta estrutura cultural tem vindo a atrair estudantes, o antigo diretor artístico concordou que “dentro das suas capacidades” tem. “(…) A frequência de estudantes do GrETUA continua a ser mais ao menos a mesma… Se é mais neste momento? Não é mais (…) Neste momento, estamos a falar na ordem dos 40% a 50% daquilo que é o público regular do GrETUA. Ainda assim, o GrETUA, todos os anos, consegue mobilizar pessoas não só que fazem parte destes 40% a 50% como fazem parte integrante daquilo que é a estrutura orgânica do GrETUA (…)”, sublinhou.

Atualmente, para Bruno dos Reis uma das grandes dificuldades na comunicação do GrETUA passa pela “própria universidade” e pelos “canais de comunicação da universidade”. “(…) A comunicação da UA deve-se implicar naquilo que é a comunicação do GrETUA (…) A maioria das pessoas que aparecem no GrETUA estão completamente perdidos da vida. Não sabem genuinamente o que querem. Não se identificam com o curso e com os colegas (…)”, atentou.

Sobre como vê a cultura na UA, Bruno dos Reis mostrou-se esperançoso que em “2030” a universidade estará “num lugar muito saudável”. “(…) Eu sinto que a AAUAv acaba por ser um sucedâneo de sinais que vai recebendo da universidade. Eu acho que não é por acaso que agora a Joana Regadas (…) começa por falar de facto sobre cultura (…)”, apontou.

Interpelado ainda sobre o discurso da tomada de posse dos novos órgãos sociais da AAUAv onde Teresa Van Zeller, coordenadora do GrETUA, deixou uma mensagem crítica aos presentes, Bruno opinou que o “que acontece é que estas pessoas aprendem a representação do que é a política (…) e não aprendem de facto o ato do fazer (…) A mim parece-me que há muito tempo se usam as mesmas palavras nos discursos (…) irreverência, (…) a ousadia dos jovens, isto significa o quê? (…)”, questionou.

Relativamente ao impacto do GrETUA na cidade, o dramaturgo considerou que a “sociedade civil (…) ama o GrETUA incondicionalmente”. “De outra maneira, não seríamos uma casa com tanta gente, tão visitada e tão querida (…) Repara que nós tivemos um ano em que Aveiro não foi (…) Capital Portuguesa da Cultura (…) e o GrETUA não sentiu, minimamente, (…) isso nas suas bilheteiras, no seu carinho, por parte do público (…)”, observou.

Num panorama mais geral sobre a cidade e questionado se Aveiro foi uma “capital de distrito frágil”, Bruno dos Reis exprimiu que “sem dúvida” e que “ainda é”. “(…) Capital Portuguesa da Cultura? Se nós acharmos que o título é pelo mérito do trabalho na área da cultura, comparativamente, ao restante paradigma nacional, claro que não faz sentido (…)”, sustentou. Sobre a candidatura de Aveiro a Capital Europeia da Cultura 2027 acrescentou ainda que “(…) se a escuta não for sincera a quem existe no território (…), então, como é óbvio, eu prefiro que nada aconteça (…)”, opinou.

Questionado numa fase final se gostaria de um dia dirigir o Teatro Aveirense, o antigo diretor artístico não negou e refletiu sobre um possível regresso a Aveiro “(…) se puder ser num lugar que me faz chorar como os outros não fazem, eu ficaria mais feliz (…)”.

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Cantina de Santiago encerra temporariamente para manutenção, mas mantém apoio à Aveiro Cup
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Em declarações à Ria, João Ribeiro, diretor delegado dos Serviços de Ação Social da UA (SASUA), explicou que a decisão visa "preservar as condições de funcionamento" daquele espaço. “Executamos os trabalhos de manutenção e limpeza exigidos, face ao trabalho intensivo e ininterrupto de dois serviços de alimentação diários”, referiu. Segundo João Ribeiro, a Cantina de Santiago requer uma intervenção diferenciada devido à “elevada afluência” que regista ao longo do ano. A reabertura está prevista para o início do próximo ano letivo. Apesar do encerramento, a Cantina de Santiago mantém esta semana o fornecimento de refeições aos participantes da 30.ª edição da Aveiro Cup, torneio internacional de futebol juvenil que decorre de 2 a 6 de julho. Este ano, o evento reúne 40 clubes e centenas de jovens atletas entre os 8 e os 17 anos, com jogos espalhados por vários campos do concelho, incluindo o relvado sintético do Crasto, na UA. “A Cantina do Crasto não tem as mesmas condições em termos de centralidade e, por uma questão de segurança dos miúdos e também de logística, é prática recorrente servir estas refeições em Santiago”, justificou o diretor delegado dos SASUA. As restantes unidades de alimentação da universidade: Restaurante TrêsDê, Espaço Grelhados, Restaurante Universitário e Restaurante Vegetariano – mantêm o seu funcionamento regular.

7ª edição do “Fórum de Ensino e Aprendizagem” reforçou aposta da UA na inovação pedagógica
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7ª edição do “Fórum de Ensino e Aprendizagem” reforçou aposta da UA na inovação pedagógica

O programa desta manhã contou, entre outros pontos, com a apresentação da “Estratégia@UA”. Na sua intervenção, Sandra Soares, vice-reitora para matérias atinentes aoensino e formação na UA, aproveitou o momento para abordar a oferta formativa, destacando a aposta da Universidade de Aveiro na formação ao longo da vida. “Há uma série de transformações (…) na sociedade, nomeadamente a automação, a inovação tecnológica, a transição ecológica e digital, novas formas de trabalhar (…) que nos faz ter a necessidade de implementar uma estratégia (…) que permita a educação ao longo da vida e (…) o upskilling e o reskilling da nossa população”, apontou. Neste seguimento, a vice-reitora aproveitou a ocasião para dar nota de que o “funcionamento em concreto” dos cursos não conferentes de grau já se encontra implementado no Regulamento de Criação dos Cursos Não Conferentes de Grau. “O crescimento tem sido muito significativo nesta área”, afirmou. Quanto à aposta nas microcredenciais, a vice-reitora sublinhou que desde 2022 foram emitidos quase mil certificados, número que continua “a aumentar a cada dia”. A vice-reitora apontou que há ainda, no entanto, melhorias a fazer no que toca à qualidade do ensino, tendo apontado “o desenho dos cursos e a inovação curricular em função da inteligência artificial” como um dos desafios para o futuro. Sandra frisou também o crescimento registado pela Universidade quanto ao número de estudantes inscritos em cursos conferentes de grau e apontou que a instituição tem recebido também cada vez mais estudantes de fora da Região. Atentou, ainda, que os estudantes internacionais têm sido também uma tendência crescente na UA. “Os dados relativamente aos ciclos de estudo mostram um grau de internacionalização maior nos programas doutorais, seguidos dos mestrados e depois das licenciaturas, mas com números que se vêm a consolidar e mesmo a aumentar e diversificando os países de origem dos nossos estudantes internacionais”, revelou. Joana Regadas, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) sublinhou, na sua intervenção, a importância da adaptação dos métodos de ensino aos tempos atuais. Realçou que o modelo de ensino “em muitas partes, mesmo dentro desta universidade” permanece igual ao que se fazia há 50 anos, com aulas maioritariamente expositivas. No entanto, a estudante aponta que a fórmula não funciona: “[há 50 anos] era o ensino que resultava porque tínhamos dez estudantes numa sala de aula (…) atualmente temos salas com 200 alunos”. A representante dos estudantes alertou ainda para a “evolução cada vez maior”, com as novas gerações expostas cada vez a mais e diferentes estímulos. Para Joana “é necessário existirem técnicas e metodologias” que captem a atenção dos jovens estudantes. A presidente da AAUAv atentou também para a importância da reflexão interna para as realidades existentes na academia aveirense. Frisou que, se por um lado há docentes “que querem que uma aula não seja só uma aula, mas que seja um processo de construção de pensamento em conjunto”, por outro, há estudantes que continuam a ter “uma hora e meia, três horas às vezes, de débito constante daquilo que é a informação que, atualmente, qualquer estudante consegue procurar se for pesquisar online”, considerou. Por sua vez, Sandra Vieira, professora e investigadora no Departamento de Ciências Médicas da UA e vencedora do prémio Boas Práticas Inovação Pedagógica 2023/2024 sublinhou a adoção das metodologias ativas como o caminho que tem seguido precisamente para fazer face aos novos desafios sentidos. Na sua intervenção, a docente destacou algumas iniciativas que tem seguido para implementar este tipo de ensino, apontando que a recetividade dos estudantes tem sido boa, no geral, mas que o processo pode não ser linear com todas as turmas. As aulas de Sandra são realizadas em volta de uma aprendizagem baseada em problemas (problem-based learning [PBL]), com os estudantes a serem desafiados a resolver questões de forma crítica, apesar de existirem na mesma algumas aulas mais centradas na exposição de matéria. Os estudantes são ainda envolvidos em atividades de síntese de papers da área, e contam com seminários ao cargo de especialistas. Parte da avaliação dos estudantes é ainda feita com quizzes e atividades colaborativas realizadas de forma periódica. A abertura da sessão desta manhã esteve ainda a cargo de Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA. A programação, que terminou esta tarde com a apresentação de práticas institucionais que promovem o sucesso escolar e previnem o abandono, contou ainda com a realização de sessões de incentivo a projetos de inovação pedagógica e com a realização de um workshop voltado para os desafios nas áreas de intervenção estratégica no ensino e aprendizagem.

UA promove esta semana 7ª edição do “Fórum de Ensino e Aprendizagem”
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UA promove esta semana 7ª edição do “Fórum de Ensino e Aprendizagem”

O primeiro dia do Fórum, entre as 9h30 e as 12h30, será dedicado à apresentação das práticas pedagógicas desenvolvidas por docentes da UA. Ao longo das três sessões, docentes das várias unidades orgânicas apresentarão os resultados dos projetos de inovação pedagógica financiados desde 2020. Todas as sessões ocorrerão na sala do Senado. A partir das 13h45, na sala de Atos Académicos, haverá ainda uma sessão dedicada à apresentação das práticas pedagógicas distinguidas com o “Prémio de Boas Práticas Pedagógicas da Universidade de Aveiro”, bem como a atribuição de menções honrosas. O prémio visa reconhecer o mérito, a qualidade e a inovação pedagógica de docentes ou equipas docentes no contexto das unidades curriculares da UA e foi instituído no âmbito do “Regulamento para a Valorização e Desenvolvimento de Boas Práticas e Inovação Pedagógica”. Na sala do Senado, pelas 14h00, estarão ainda a decorrer três sessões de comunicações orais, dinamizadas por docentes e outros membros da comunidade académica da UA, cujas propostas foram selecionadas no âmbito da submissão de trabalhos da 7.ª edição do “Fórum de Ensino e Aprendizagem – Teaching & Learning Forum”. No dia seguinte, 3 de julho, na sala de Atos Académicos, a abertura do evento estará a cargo de Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, seguindo-se, pelas 9h30, uma apresentação do responsável institucional, com prestação de contas sobre o trabalho realizado e ações para o futuro e partilha de contributo de um membro da comunidade UA. O painel contará com a intervenção de Sandra Soares, vice-reitora para o Ensino e Formação da UA, Joana Regadas, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e de Sandra Vieira, vencedora do Prémio de Boas Práticas Pedagógicas 2023/2024. Após o coffee-break, pelas 10h15, seguir-se-á um momento de disseminação de boas práticas da comunidade UA, seguindo-se a partilha de William Carey, desenvolvedor educacional sénior na Universidade Nottingham Trent. Pelas 14h30 haverá ainda workshops sobre os desafios mais imediatos em áreas de intervenção estratégica no ensino e aprendizagem. Já na sala de Atos Académicos, a partir das 16h00, decorrerá uma sessão de posters digitais e a “Estratégias@UO” com a apresentação de uma seleção de práticas institucionais das unidades orgânicas que promovam o sucesso escolar e previnam o abandono. O encerramento acontecerá pelas 17h30. O programa na íntegra pode ser consultado aqui. As inscrições para os diferentes momentos do Fórum de Ensino e Aprendizagem - Teaching & Learning Forum podem ser efetuadas aqui.

AAUAv celebra 47º aniversário com reflexões para o futuro
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AAUAv celebra 47º aniversário com reflexões para o futuro

O 47º aniversário da AAUAv ficou marcado pela formalização de um protocolo entre a estrutura estudantil e a Câmara Municipal de Aveiro (CMA). Na sua intervenção, José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro salientou o momento como “importante” e “relevante”. A formalização do protocolo é, para o autarca, a consolidação da “relação das instituições”. “A palavra dos Homens é sempre mais importante do que os documentos, mas os documentos consolidam a relação das instituições: porque os homens passam e as instituições sempre ficarão”, frisou Ribau Esteves. O protocolo formalizado na cerimónia, no valor global de 44.500 euros, foi aprovado na última reunião camarária. O autarca saudou ainda a associação pelo seu 47º aniversário, “por tudo aquilo que marca o seu passado e, existindo, estimula e aposta no seu futuro”. Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, sublinhou no discurso comemorativo do 47º aniversário que “todas as celebrações de aniversário pressupõem a existência de momentos de reflexão”, tendo sublinhado que a sua reflexão “começa no futuro”. “Infelizmente, muitas das lutas [dos estudantes] permanecem as mesmas, e outras tantas avizinham-se a ressurgir mesmo ao virar da curva”, começou por refletir a dirigente. A representante dos estudantes da academia aveirense deu então nota de cinco notícias recentes relativas ao ensino superior, alertando, em primeiro lugar, para a saúde mental dos estudantes. “Mais de metade dos universitários está em burnout e 40% consomem psicotrópicos (…) esta não é uma urgência de agora, é uma verdade que (…) se tornou uma banalidade, uma urgência que carece de atuação há quase uma década”, enfatizou. O abandono e insucesso escolar, as práticas de ensino serem “as mesmas há 20 anos” e a incapacidade de retenção do talento foram também temas abordados no discurso da dirigente. Joana alertou ainda para o descongelamento das propinas, uma preocupação dos estudantes que volta a estar em cima da mesa devido a declarações da nova secretária do Ensino Superior. "O ensino superior não pode nunca ser reservado apenas para alguns. A aquisição de conhecimento deve ser um fator de nivelação social, nunca de distanciamento", defendeu a presidente da direção da AAUAv. Para Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, a Associação Académica “é simultaneamente história, presente e é também futuro”. No seu discurso, o reitor sublinhou que o trabalho desenvolvido pelo movimento estudantil “é imprescindível para que hoje sejamos aquilo que somos, enquanto universidade, enquanto instituição, enquanto associação académica”, apontando ainda o papel da associação na atração e fixação de jovens em Aveiro e na região. “Hoje em dia, desses cerca de 2.400 novos estudantes que veem para a Universidade de Aveiro e dos quais saem também os dirigentes futuros da associação académica, dois em cada três veem de fora da região de Aveiro e muitos ficam nesta região”, atentou. O reitor frisa ainda a ambição da universidade em “mais do que técnicos competentes, formar cidadãos”, destacando o papel da AAUAv nesse processo. “Aprenderem na Associação Académica faz de vós melhores cidadãos, faz da Universidade de Aveiro uma instituição mais bem preparada para assegurar o futuro, mais atrativa para aqueles que a procuram”, reiterou. O discurso de comemoração ficou ainda pautado pela menção à independência, autonomia e irreverência do movimento estudantil em Aveiro. “Nunca se curvou perante nenhum reitor. Nunca se curvou perante nenhum governante. E todos aqueles que o tentaram fazer, falharam miseravelmente na tentativa: é necessário que assim continue. Nunca como hoje foi tão necessário. Tenho a fé, tenho a certeza, que convosco não corro esse risco”, frisou Paulo Jorge Ferreira. A tomada de posse dos núcleos da AAUAv foi o primeiro momento da celebração. Inês Filipe, presidente da Mesa da Assembleia Geral da AAUAv deu posse aos novos órgãos dos Núcleos, afirmando que o aniversário da AAUAV assinala também “o início de um novo ciclo, um momento de continuidade, de renovação e acima de tudo de compromisso com o associativismo estudantil, que tanto caracteriza a nossa academia”. No seu discurso, Inês Filipe sublinhou que “os núcleos são sem dúvida uma das bases mais sólida deste projeto coletivo que é a AAUAv: são eles que aproximam os estudantes do movimento associativo, que fazem ecoar as suas necessidades, as suas ideias e os seus sonhos”. A dirigente aproveitou ainda a oportunidade para agradecer aos núcleos cessantes e para desejar “aos que agora iniciam este desafio (…) um mandato de crescimento, coragem e celebração”. “Esta associação e academia contam convosco, com a vossa energia, com a vossa visão e sobretudo com o vosso compromisso”, concluiu. O processo eleitoral para os núcleos da AAUAv para o mandato de 2025/2026 decorreu no dia 5 de junho, tendo ficado marcado por irregularidades que levaram à convocação da repetição, em setembro, das eleições do Núcleo Associativo de Estudantes do Instituto Superior de Contabilidade e Administração (NAE-ISCA). Por sua vez, Joana Regadas sublinhou a tomada de posse de “516 novos dirigentes” dos núcleos como uma “personificação” da renovação da AAUAv. “[São] 516 novos estudantes que querem discutir o ensino superior, o desporto, a cultura (…), discutir a UA, Aveiro, Águeda, Oliveira de Azeméis, a região, o país, a Europa, o mundo”, enfatizou a representante dos estudantes. No seu discurso, a dirigente associativa aproveitou ainda para criticar a falta de valorização dos estudantes que participam no movimento associativo. “Escolher fazer parte desta história é grandioso, mas também ingrato”, reparou. “A falta de reconhecimentos e apoios inicia-se muitas vezes neste mesmo local onde nos encontramos: o local que por um lado quer privilegiar os que vão mais além (…) os que, para além de procurarem ser bons profissionais, procuram na universidade encontrar um percurso para se tornarem melhores cidadãos, mas que por outro lado, pouca valorização dá ao percurso integral”, atira. Por sua vez, Paulo Jorge Ferreira agradeceu também aos dirigentes cessantes dos núcleos da Associação, deixando uma palavra também em relação aos novos dirigentes. “Fico satisfeito por ver mais do que nunca mais núcleos, mais estudantes, mais compromissos com esse futuro, porque sei que é daqui que sairão as sementes para uma sociedade melhor, mais pacífica”, refletiu. Também Ribau Esteves deixou uma palavra de “estímulo” aos dirigentes dos núcleos que tomaram posse. “Que sejam um importante contributo continuado nesse processo (…) em que sempre podemos fazer mais e melhor em cada uma das funções que temos para cumprir”, aponta o autarca, destacando a cidadania como uma dessas funções. A AAUAv entregou ainda cinco distinções aos núcleos: Núcleo Mais Solidário, Núcleo Mais Desportivo, Núcleo Mais Setorial, Núcleo Mais Núcleo e o Núcleo Revelação. As distinções foram entregues, respetivamente, ao Núcleo de Estudantes de Ciências Biomédicas, Núcleo de Estudantes de Engenharia Mecânica, Núcleo de Cinema e Fotografia, Núcleo de Estudantes de Multimédia e Tecnologias da Comunicação e ao Núcleo de Estudantes de Gestão. O 47º aniversário contou ainda com a atribuição do galardão Renato Araújo. A iniciativa, que arrancou no ano passado, distinguiu este ano a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), por atuar “diariamente em todo o território nacional, garantindo proteção, apoio emocional e psicológico a quem sofreu o impacto da violência”.

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Além dos 89 presidentes de câmara que saem das respetivas autarquias nestas eleições, marcadas para 12 de outubro, outros 46 que também estavam no limite dos mandatos já deixaram os cargos nos últimos dois anos, sobretudo para ocuparem lugares no Governo, como deputados na Assembleia da República ou na Europa e cargos públicos: 28 do PSD ou coligações social-democratas, 16 do PS, um CDU (PCP/PEV) e um do Juntos Pelo Povo (JPP). Dos 89 presidentes de câmara em fim de mandato, 49 são socialistas, 21 social-democratas ou de coligações lideradas pelo PSD, 12 da CDU, três do CDS-PP e quatro independentes. Ribau Esteves (PSD) é um dos autarcas que vai ter de deixar a presidência do município. A lista conta ainda com nomes como o do independente Rui Moreira, no Porto, Carlos Carreiras (PSD) em Cascais e Basílio Horta (PS) em Sintra, no distrito de Lisboa, Ricardo Rio, em Braga (PSD/CDS-PP/PPM/Aliança), e Rogério Bacalhau, em Faro (PSD/CDS-PP/IL/MPT/PPM). No distrito de Aveiro há seis presidentes no limite dos mandatos: Aveiro, Estarreja e Murtosa (todas PSD), Vale de Cambra e Albergaria-a-Velha (ambas do CDS-PP) e a presidente da Anadia, eleita por um movimento de cidadãos. Além do independente Rui Moreira, no distrito do Porto estão em fim de mandato outros seis autarcas, nomeadamente três do PS (Lousada, Paços de Ferreira e Valongo) e três do PSD ou coligações lideradas pelos sociais-democratas (Póvoa de Varzim, Penafiel e Amarante). Em Viana do Castelo, os socialistas de Paredes de Coura e de Melgaço também não se podem recandidatar. Em Braga, além do presidente da câmara capital de distrito também estão no fim do ciclo os autarcas de Guimarães (PS) e de Amares (PSD), enquanto no distrito de Vila Real não se pode recandidatar o presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião (PS). Em Viseu são oito os presidentes em final de mandato nas câmaras de Armamar, Tabuaço e Tarouca (PSD ou em coligação com o CDS-PP) e os socialistas de São Pedro do Sul, Santa Comba Dão, Resende, Penalva do Castelo e Cinfães. Em Coimbra estão de saída os presidentes de seis câmaras municipais, todos socialistas, em Condeixa-a-Nova, Lousã, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Soure e Vila Nova de Poiares. No distrito da Guarda são três: os socialistas de Trancoso e de Fornos de Algodres e o social-democrata de Gouveia. No distrito de Castelo Branco há seis presidentes, cinco dos quais socialistas, que não se podem recandidatar às mesmas autarquias por atingirem o limite de mandatos nas câmaras da Covilhã (PS), Fundão (PSD), Belmonte (PS), Penamacor (PS), Idanha-a-Nova (PS) e Vila Velha de Ródão (PS). No distrito de Santarém, Almeirim, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha, todas do PS, Benavente (CDU) e Sardoal (PSD), têm presidentes de câmara em final de mandato. O socialista de Figueiró dos vinhos, no distrito de Leiria, também chegou ao limite de mandatos. Em Lisboa, atingiram o limite de mandatos cinco presidentes:  em Cascais (PSD/CDS-PP) e Sobral de Monte Agraço (CDU), além dos socialistas de Sintra, Lourinhã e Alenquer. No distrito de Setúbal há quatro presidentes da CDU impedidos de se recandidatarem à mesma autarquia em Palmela, Grândola, Santiago do Cacém e Alcácer do Sal, além do presidente de Sines (PS). Em Évora, existem quatro presidentes de câmara impedidos de se recandidatarem aos municípios de Évora e de Arraiolos, ambos comunistas, de Portel (PS) e Borba (independente). Em Portalegre, são seis presidentes de câmara que não podem recandidatar-se às autarquias socialistas do Gavião, Ponte de Sor e Nisa. Os presidentes das câmaras comunistas de Monforte e de Avis também não se podem recandidatar, assim como o social-democrata de Castelo de Vide. No distrito de Beja chegaram ao fim dos mandatos os presidentes de Almodôvar (PS) e de Cuba (CDU). No Algarve, são cinco os presidentes em fim de ciclo, entre os quais o presidente de Faro (PSD) e os socialistas dos concelhos de Loulé, São Brás de Alportel e de Olhão, além da autarca comunista de Silves. Bragança é o único distrito onde não existem presidentes no limite de mandatos autárquicos. Nos Açores, estão de saída os presidentes socialistas de Angra do Heroísmo, Corvo e Santa Cruz das Flores, além de um centrista em Velas, um social-democrata em Ribeira Grande e um independente na Calheta. Na Madeira têm de sair cinco do total de 11 autarcas: três social-democratas ou de coligações lideradas pelo PSD das câmaras de Calheta, Ribeira Brava e São Vicente e os socialistas de Machico e Porto Moniz. Portugal tem 308 concelhos, a maior parte dos quais elegeram em 2021 executivos socialistas. Há um ano, no início de agosto, de um total de 308 presidentes das câmaras municipais portuguesas, eram 105 os que se mantinham no cargo, impedidos de uma recandidatura nas próximas eleições autárquicas devido à limitação de três mandatos consecutivos à frente do mesmo município.

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O edifício atual, que acolhe as Unidades de Saúde Familiar Beira Ria e Atlântico Norte, apresenta “desde há vários anos sérias patologias construtivas e encontra-se desatualizado face às atuais exigências técnicas e padrões de qualidade”, aponta a Câmara da Ílhavo em nota enviada às redações. A intervenção “visa não apenas corrigir essas deficiências, agravadas ao longo dos anos, mas também modernizar e ampliar as instalações”, afirma a autarquia. O investimento de 3.672.662,01 euros conta com um financiamento de 2.700.000,00 euros através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e reforça “o compromisso do Município de Ílhavo com a melhoria das infraestruturas de saúde e com a qualidade de vida dos seus munícipes”, refere a Câmara.

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De acordo com os cálculos do instituto, o perigo de incêndio rural vai manter-se elevado nos próximos dias em alguns distritos localizados sobretudo no interior norte e centro. Apenas o concelho de Esposende, em Braga, e o de Olhão, em Faro, não apresentam risco de incêndio. Este perigo, determinado pelo IPMA, tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo. Os cálculos são obtidos a partir da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas. Segundo o IPMA, os distritos de Bragança, Évora, Guarda, Vila Real, Beja, Castelo Branco e Portalegre estão sob aviso amarelo até às 18:00 de terça-feira devido à persistência de valores elevados de temperatura máxima. O aviso amarelo, o menos grave, é emitido pelo IPMA quando há uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica. Para hoje no continente é esperado céu pouco nublado ou limpo, com nebulosidade no litoral Centro a partir do fim da tarde. O vento soprará forte no litoral oeste e nas terras altas. Está prevista uma pequena descida de temperatura nas regiões Norte e Centro e uma pequena subida na região Sul. As temperaturas mínimas vão oscilar entre os 16 graus Celsius (em Viana do Castelo) e os 21 (em Portalegre) e as máximas entre os 23 (em Aveiro) e os 39 (em Évora e Beja).

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Festival Cabelos Brancos: mais de 300 pessoas envolvidas sob o mote “Mudar de Vida”

Sob o tema ‘Mudar de Vida’, o festival estende-se por seis espaços de programação – o Palco Henriqueta Maia, a Quinta Joana Maluca, o Palco Horácio da Velha e o Palco Hipólito Andrade, todos localizados no Jardim Henriqueta Maia, bem como a Casa da Cultura de Ílhavo e a Sala estúdio cinema, aponta a autarquia em nota enviada às redações. Os locais vão acolher “mais de 30 iniciativas protagonizadas por mais de 300 artistas e formadores, com idades compreendidas entre os 10 e os 90 anos”, atenta a Câmara Municipal de Ílhavo. O Palco Henriqueta Maia vai acolher os “grandes concertos”, recebendo na noite de sexta-feira, dia 25, Ágata. No sábado, o palco recebe “Kind of Magic”, um tributo aos Queen. O Jardim Henriqueta Maia, por sua vez, acolhe a Feira de Iguarias, “onde IPSS locais oferecem produtos e sabores regionais”, e a “Sala Costura Criativa”. No Palco Hipólito Andrade, poderá assistir-se ao “Coro Memória”, um coletivo de 55 pessoas e a uma “jam session”, com os músicos Guilherme Fradinho e Fausto Andrezo, acompanhados por tricotadeiras locais. O espaço recebe ainda o encontro “Vamos Falar de Coragem (e de Medo Também)”, com Zita Leal e Pedro Tróia, a oficina “Vem Bordar com Gisela João” e ainda a “Hora do Fado”, com os fadistas António Machaco e Édena Costa, acompanhados por João Mário Grave e Horácio Labrincha. Na Sala Estúdio Cinema será exibido o filme “Vitória” e apresentado o ciclo de curtas-metragens “O Tempo que Herdámos”, curtas-metragens realizadas por netos onde os protagonistas são os avós. Esta iniciativa conta, entre outras, com a curta-metragem ‘Memórias em tons de esquecimento, de Pedro Gomes, estudante da Universidade de Aveiro.  A Quinta Joana Maluca vai acolher “oficinas ambientais, experiências e partilha de saberes tradicionais”, aponta a autarquia. Por aquele espaço vão passar atividades “que vão desde a demonstração de cães treinados para competição até oficinas sobre plantas, animais, sustentabilidade e gastronomia”, lê-se na nota.  Já o Palco Horácio da Velha acolhe dança e movimento, com a realização do arraial “Olhaaa as Marchas!”. Na Casa da Cultura de Ílhavo, o teatro e o cinema assumem o protagonismo, com o acolhimento do espetáculo “Baião D’Oxigénio”, interpretado por João Baião e Cristina Oliveira. A entrada é livre em várias atividades e há bilhetes disponíveis na Casa da Cultura de Ílhavo, na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré e no posto de informação do festival.  O Festival Cabelos Brancos pretende reforçar “o compromisso de Ílhavo com uma longevidade participada”, aponta a nota enviada pela autarquia. Para mais informações poderá contactar o telefone 234 329 636 ou os canais oficiais do Município.