RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

Cidade

Autárquicas: IL apresenta programa para Aveiro e acusa Luís Souto de ser “executor de Ribau Esteves”

A Iniciativa Liberal (IL) de Aveiro apresentou esta quinta-feira, 18 de setembro, o seu programa eleitoral para as próximas eleições autárquicas. Miguel Gomes, candidato à Câmara Municipal, destacou propostas em áreas como mobilidade, educação, saúde e cultura, mas não deixou de criticar a falta de ambição da candidatura de Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) acusando-o de ser apenas um “executor de Ribau Esteves”.

Autárquicas: IL apresenta programa para Aveiro e acusa Luís Souto de ser “executor de Ribau Esteves”
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
19 set 2025, 13:04

Foi no auditório do Centro Municipal de Interpretação Ambiental (CMIA), em Aveiro, que Miguel Gomes apresentou o programa eleitoral do partido para as próximas eleições autárquicas. Logo no início da intervenção, o candidato lamentou aquilo que considerou ser uma “perda de oportunidade”, defendendo que aquele mesmo espaço poderia ter sido aproveitado para a instalação de “duas ou três empresas”. Falando sobre o programa eleitoral, avançou que o mesmo é composto por “cinco grandes bandeiras”: mobilidade integrada; saúde acessível para todos; valorização do património e da cultura local; menos impostos, menos burocracia e mais transparência.

Apesar de sublinhar estas prioridades, o candidato frisou que o programa da IL é “bastante completo”. “Temos propostas para todas as áreas de atuação de uma governação municipal”, afirmou.

Começando por falar sobre cada uma delas debruçou-se primeiro na área da educação. Sobre este campo, o candidato da IL expôs que o partido defende a delegação de competências, a participação das juntas de freguesia nos Conselhos Gerais, a valorização dos profissionais e a lecionação de literacia financeira nas escolas. “Sabemos que o Governo está a procurar algo do género, mas nós queremos uma literacia financeira com maior ocupação de tempo”, defendeu.

Para as famílias, a IL Aveiro propõe o programa “Primeiros Passos”. Um mecanismo que, segundo Miguel Gomes, permite a “particulares, instituições sociais” implementar novas creches no concelho de Aveiro. “Neste momento, as creches são um problema na região de Aveiro. (…) Nós queremos que a Câmara Municipal esteja empenhada em ter novas creches, (…) quer a nível particular, quer a nível social”, disse.

Abordando a “segurança”, o candidato da IL avançou que têm chegado ao partido “vários” relatos de insegurança no concelho. Como exemplo, apontou os assaltos a estudantes, lojas ou empresas. Deste modo, Miguel Gomes defendeu o aumento da polícia de proximidade e uma melhor gestão entre “todos os quadros da polícia”.

No que toca aos “serviços urbanos e gestão do espaço público”, a IL Aveiro reivindica um provedor do município. “Alguém que está presente para receber queixas (…) e que dê também suporte aos próprios munícipes”, explicou Miguel Gomes. Apelou ainda a uma necessidade “urgente” de um canil municipal. “Há uma falha grave. Os serviços em relação aos veterinários são prestados por duas associações que não têm qualquer resultado.É um problema de segurança pública”, assegurou. O partido quer ainda renovar os edifícios municipais.

No campo da “mobilidade”, Miguel Gomes explica que o partido defende um plano de mobilidade “360” para o concelho. “Vamos contar com transportes coletivos, mobilidade suave, partilhada, transporte individual e também a ferrovia”, referiu. Nos transportes coletivos sugeriu a modernização das frotas e o uso de métricas para adequar rotas e a frequência dos mesmos. “Os nossos autocarros estão muito desconectados”, atirou, sugerindo a criação de uma plataforma eletrónica que permitia saber “ao minuto” onde está o autocarro e quanto tempo vai demorar a chegar.

Na mobilidade suave, sugeriu a adequação da rede de ciclovias, ligando as mesmas a “todas as freguesias do concelho”. Na mobilidade partilhada insistiu na abertura da própria rede de BUGAS [Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro] a entidades privadas e na mobilidade individual a adequação de estradas e passeios. Na ferrovia, Miguel Gomes referiu a modernização da Linha do Vouga para “levar até Ílhavo”. “Nós ficaríamos, neste caso, com Águeda, Aveiro, Ílhavo num grande troço e a servir milhares de pessoas”, opinou.

Nas “obras particulares”, a IL Aveiro defende a simplificação e a desburocratização dos processos através da criação de um portal onde os aveirenses pudessem acompanhar qual o estado das empreitadas. “Nós não podemos ter processos indefinidamente na Câmara”, atirou. Já no “ambiente e sustentabilidade”, o partido apresenta o programa “Aveiro Mais Verde” que pretende trabalhar “melhor o lixo, a reciclagem, (…) e em troca dar algo ao cidadão”. “Um sistema em que as pessoas fazem a devolução do que é reciclável e recebem no cartão algo em troca para usar no futuro”, sintetizou Miguel Gomes.

O candidato da IL disse ainda querer criar um “cluster tecnológico” ligado à economia azul no concelho. Na “cidadania”, o partido diz querer aumentar a participação ativa e a valorização dos jovens e séniores. Para tal, sugere a criação de um Conselho Municipal da Juventude e da Senioridade.

Sem esquecer a cultura, Miguel Gomes começou por perguntar aos presentes o que ficou da Aveiro Capital Portuguesa da Cultura. De seguida, respondeu: “Ficou zero”. Como solução sugeriu que a Escola Homem de Cristo seja transformada num “grande polo cultural”. “Isto é, ligar ao Conservatório, à Universidade de Aveiro, às associações culturais, e criar condições para residências artísticas, para usufruto de salas, para empréstimo de instrumentos musicais, e para valorizar toda a nossa cultura. Os grupos precisam de um sítio para atuar”, insistiu. Sugeriu ainda o fim do limite das licenças de ruído. “Neste momento, numa determinada entidade apenas são atribuídas 12 licenças de ruído, o que limita grandemente a quantidade de eventos que pode haver. Também limita ao mesmo tempo a cultura”, assegura. Avançou também querer apoiar a criação e a consolidação de vários festivais, entre os exemplos, música, gastronomia ou arte. “Havendo cultura conseguimos fixar cá mais tempo os turistas”, assegurou, manifestando também apoio aos artistas de rua.

Relativamente à “saúde”, a IL Aveiro propõe a criação de um seguro de saúde municipal. “Este seguro vai propiciar a todos os aveirenses o acesso à saúde quer seja a entidades privadas ou a entidades sociais”, explicou. Defendeu ainda o alargamento do Hospital de Aveiro. “Estamos na linha da frente para continuar a pressionar o Governo. É um projeto há demasiado tempo adiado”, opinou. Sugeriu ainda o apoio e o incentivo a entidades privadas de saúde para que se estabeleçam novos polos em Aveiro.

Na “toponímia”, Miguel Gomes avançou que o partido defende morais de azulejos “para explicar a ligação de Aveiro à arte do azulejo”, bem como a muralha. No Rossio, na Capela de São João, propõem “tapar” e fazer “um jardim com árvores”. “É muito mais útil do que o estado que está o Rossio que é sol e pouco mais”, atentou.

No campo da “economia”, a IL propõe a redução de impostos e a criação de um gabinete de atração e acompanhamento de empresas. No “turismo” defende uma “taxa turística diferenciadora”. “Para a dormida de uma noite propomos três euros de taxa turística. Se a dormida for superior a uma noite propomos que não seja cobrada qualquer taxa turística”, sintetizou.

No setor da “habitação social”, a IL alega que as famílias residentes possam adquirir a sua casa “após 12 anos” de permanência nos alojamentos. “A partir dos 12 anos, uma família que lá habite, tendo condições para isso, com um plano de pagamento adequado pode adquirir a casa”, disse, alertando ainda para a necessidade de “recuperar bairros sociais”. No âmbito do “multiculturalismo”, a IL Aveiro propõe apoiar os imigrantes através de aulas de português. Já quanto a “mercados e feiras”, o partido defende um modelo de menor dimensão, mas com presença em todas as freguesias do concelho

No campo das “obras municipais”, Miguel Gomes avançou com a requalificação da Avenida Europa e a criação da “LOTA – Lugar de Oportunidades, Turismo e Ambiente”. Tal como noticiado pela Ria, a IL apresentou uma proposta para o futuro do terreno da antiga lota de Aveiro, defendendo a criação de um “novo centro de vida urbana”, em alternativa à construção de “mais condomínios de luxo”. Defendeu ainda a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), nomeadamente para possibilitar a construção atrás da estação de comboios.

Por último, no campo do desporto, o candidato da IL avançou que o partido tem o programa “Aveiro Move-te” que propõe aproximar os munícipes dos clubes desportivos para levar os aveirenses a praticar “mais desporto”. Sugeriu, assim, a criação de uma prova anual de natação em mar aberto. “Nós podemos perfeitamente ter uma prova identificadora de Aveiro e da vivência da Ria e essa prova pode ser uma grande prova de natação”, assegurou.

Questionado, à margem da sessão de apresentação, sobre a recusa em integrar uma eventual coligação com a “Aliança com Aveiro” (PSD/CDS-PP/PPM), Miguel Gomes foi taxativo: “Precisamos de um programa ambicioso, e não sentimos que, numa coligação, iríamos ter a ambição que Aveiro merece”. “Vamos ter um Luís Souto que vai ser executor de Ribau Esteves.Nós não queremos isso. Queremos ambição, queremos mudança e queremos um Aveiro melhor do que o que está”, criticou.

Recorde-se que a Iniciativa Liberal não tem atualmente representação na Assembleia Municipal de Aveiro. Ainda assim, Miguel Gomes mostrou-se confiante: “Estou convicto de que vamos eleger, e, provavelmente, em mais do que um órgão. Este programa vai ser essencial para isso”.

O programa autárquico da IL Aveiro pode ser consultado na íntegra aqui.

Recomendações

ERC oficializa sondagem do PS: Alberto Souto à frente, mas com empate técnico
Cidade

ERC oficializa sondagem do PS: Alberto Souto à frente, mas com empate técnico

Recorde-se que a divulgação sem ficha técnica e sem registo oficial foi criticada pela candidatura adversária, que acusou o PS de “ilusionismo”. A própria Ria, numa notícia publicada no seu site, esclareceu que até aquela data nenhuma informação estava disponível no site da ERC que validasse e oficializasse o estudo encomendado pela direção nacional do Partido Socialista. Mas a verdade é que a informação consta hoje no site da ERC, acompanhada de toda a documentação legalmente exigida. O inquérito foi realizado entre 4 e 20 de agosto, através de 603 entrevistas presenciais junto de eleitores do concelho de Aveiro. Os entrevistadores registaram diretamente as respostas em dispositivo eletrónico (sistema CAPI, Computer Assisted Personal Interview). As entrevistas foram distribuídas por todas as freguesias, respeitando quotas de género e idade, para garantir uma amostra semelhante à população recenseada. A margem de erro indicada é de cerca de quatro pontos percentuais. No que diz respeito aos resultados, o PS aparece na frente com 36%, a coligação ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS/PPM) surge logo de seguida com 31% e o Chega com 19%. Os restantes partidos ficam entre 1% e 2%, com BE, IL e Livre a surgirem com 2% cada e CDU e PAN com 1% cada. Como a diferença entre PS e Aliança é de cinco pontos e a margem de erro ronda os quatro pontos, os intervalos possíveis das duas candidaturas sobrepõem-se. Em termos simples: tanto é possível que o PS esteja realmente à frente como que as duas candidaturas estejam praticamente empatadas. É por isso que este cenário é classificado como empate técnico. Na corrida autárquica por candidatos, a vantagem de Alberto Souto (PS) é mais evidente: 46% contra 22% de Luís Souto (‘Aliança com Aveiro’) e 16% de Diogo Soares Machado (Chega). Os restantes candidatos não ultrapassam os 3%, com Miguel Gomes (IL) a registar 3%, João Moniz (BE) 2%, Isabel Tavares (CDU) 2% e Bruno Simões Fonseca (Livre) 1%. O estudo evidencia também um dado curioso: Alberto Souto tem um melhor resultado eleitoral do que o próprio partido, enquanto Luís Souto obtém um resultado inferior à coligação que lidera. Este desfasamento sugere que a imagem de Alberto Souto é mais valorizada pelos eleitores do que a sigla partidária que o apoia, atraindo votos para além da base socialista. No caso da ‘Aliança com Aveiro’, acontece o inverso: a marca partidária parece ter mais força do que o candidato, sinal de que parte do eleitorado social-democrata e centrista pode não estar totalmente convencido com Luís Souto. Apesar destes números, há sinais que recomendam prudência. Três em cada dez eleitores continuam indecisos e outros 7% dizem que não irão votar. A incerteza é maior entre os jovens e entre as mulheres, dois segmentos que podem vir a decidir o desfecho. Salienta-se ainda que, desde o período em que decorreu a sondagem, aconteceram vários debates, iniciativas de rua e até polémicas que podem ter influenciado os eleitores. No retrato que a sondagem traça, espera-se uma eleição autárquica muito disputada em Aveiro, com PS e Aliança separados por uma margem curta e com o Chega (partido que habitualmente tem resultados oficiais superiores aos das sondagens) consolidado como terceira força. O dado mais importante, porém, é o número de indecisos: são esses eleitores que podem, em última instância, decidir quem vai liderar os destinos da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) a partir de 12 de outubro. Ficha técnica da sondagem Relatório da sondagem

Paulo Raimundo diz que não irá ter espasmo simulado para conseguir mediatismo
Cidade

Paulo Raimundo diz que não irá ter espasmo simulado para conseguir mediatismo

“Nós só contamos com a força que temos. Não contemos com as câmaras de televisão. Não contemos com notícias extraordinárias. Não contemos, que eu me dê para aqui um espasmo qualquer para passar 15 dias na televisão para trás e para a frente. Não contemos com nada disso, porque isso não vai haver. Nem eu vou ter um espasmo simulado, nem as câmaras vão andar atrás de nós”, disse Paulo Raimundo. O secretário-geral do PCP falava durante um comício em Aveiro com a presença da candidata da coligação que junta PCP e o partido ecologista “Os Verdes” à presidência da Câmara local, Isabel Tavares. Raimundo disse não saber o que vai acontecer nas eleições autárquicas de 12 de outubro, mas mostrou-se convicto de que esta jornada de mobilização e esclarecimento que estão a desenvolver dará os seus frutos e resultados. “Uns serão resultados do ponto de vista eleitoral e outros serão resultados de alargamento para a luta que vai continuar”, acrescentou. O líder dos comunistas realçou ainda o esforço feito pela CDU para a elaboração das listas que vão concorrer às eleições autárquicas, afirmando que a coligação que junta PCP e "Os Verdes" é "a única força que em Portugal continental e na Madeira concorre a todos os órgãos autárquicos, seja câmaras, seja assembleias municipais". Paulo Raimundo referiu que as listas da CDU contam com 35 mil candidatos, 45% dos quais são mulheres, e assinalou ainda a presença de 12 mil independentes. “São independentes e não estão aqui para dar a fotografia. Não estão aqui para compor o ramalhete. Estão aqui para serem construtores e protagonistas desta mesma força. Fazem cá falta. Queremos que sejam mais e queremos alargar ainda mais a CDU a toda essa gente”, concluiu.

João Moniz desafia candidatos de Aveiro a assumir compromisso com transparência e ética
Cidade

João Moniz desafia candidatos de Aveiro a assumir compromisso com transparência e ética

Numa nota de imprensa enviada às redações, João Moniz atira que a “transparência, a ética e a integridade não podem ser apenas bandeiras de ocasião em tempo de campanha”. “Têm de traduzir-se em compromissos concretos, assumidos por quem se propõe representar a nossa comunidade”, sugere o candidato. O bloquista explica que ao assinar este compromisso vincula-se “a um conjunto de práticas que incluem a criação de um Portal de Transparência Local com informação acessível e atualizada, a adoção de um Código de Ética e Conduta com auditoria independente, a implementação de mecanismos externos de denúncia, o acesso ativo à informação pública, o uso de dados abertos, a prevenção da corrupção em processos de contratação pública, a promoção de pactos de integridade e de participação cidadã em decisões estruturantes, bem como a prestação anual de contas sobre o grau de cumprimento destes compromissos”. João Moniz afirma ainda que “assinar este compromisso significa garantir que a governação autárquica se rege por princípios claros de ética, integridade e prestação de contas à comunidade".

Ribau Esteves regressa à campanha ao lado de Luís Souto no “Encontro Continuidade & Inovação”
Cidade

Ribau Esteves regressa à campanha ao lado de Luís Souto no “Encontro Continuidade & Inovação”

Os meses que se seguiram à decisão unilateral da direção nacional do PSD, liderada por Luís Montenegro, de avançar com a candidatura de Luís Souto foram marcados por forte turbulência interna. O anúncio, inesperado para a estrutura local, precipitou uma vaga de demissões, com destaque para Simão Santana, então presidente da concelhia e adjunto do gabinete da presidência, Rogério Carlos, vice-presidente da autarquia e vogal da concelhia, e o próprio Ribau Esteves, enquanto presidente da Mesa do Plenário de Militantes. À época, todos invocaram divergências quanto à forma como o processo tinha sido conduzido pela direção nacional, mas foi Ribau Esteves quem mais se destacou pela contundência das críticas. Não se limitou ao comunicado da demissão: em entrevistas à imprensa local e nacional, acusou Luís Souto de não ter “nenhuma experiência de gestão” e, em direto na SIC Notícias em horário nobre, chegou mesmo a admitir que a derrota do candidato social-democrata era “uma possibilidade objetiva”, classificando a sua escolha como “errada” e responsabilizando o próprio candidato e Luís Montenegro por um eventual cenário de derrota. Com o tempo, a polémica foi perdendo intensidade. Ribau Esteves, após uma fase inicial em que fragilizou seriamente a candidatura do seu partido, começou a dar sinais de reaproximação. A primeira evidência surgiu em abril, quando apareceu ao lado de Luís Montenegro e Luís Souto na entrega da lista de candidatos do PSD pelo círculo de Aveiro às eleições legislativas. Ainda assim, nesse dia, garantiu à Ria que estaria “fora do processo de campanha eleitoral” autárquica, embora tenha reiterado a sua preferência pela vitória de Luís Souto, invocando “motivos muito políticos e de seriedade” para se manter afastado. O aparente afastamento durou pouco. Menos de uma semana depois, Ribau Esteves foi a grande surpresa na apresentação oficial de Luís Souto, no Hotel Meliã. Apesar dos elogios dirigidos à sua governação, foi o único que não se levantou para aplaudir de pé o candidato do partido, num gesto que foi registado em vídeo e amplamente partilhado nas redes sociais. A partir daí, os sinais de aproximação tornaram-se mais evidentes, com encontros discretos entre os dois dirigentes, segundo o que apurou a Ria, e uma causa comum a falar mais alto: impedir o regresso do socialista Alberto Souto, presidente da Câmara entre 1998 e 2005, e garantir a continuidade da governação social-democrata em Aveiro. E assim aconteceu. Em junho, Ribau Esteves dava um passo mais explícito ao declarar, novamente na SIC Notícias, que “entre o candidato do Partido Socialista e o candidato da Aliança Democrática em Aveiro, não há dúvida nenhuma, o melhor dos dois é o candidato da AD”. No mesmo momento, admitiu publicamente que gostaria de prolongar a carreira política e que tinha “várias possibilidades em aberto”, que estavam a ser articuladas com a direção nacional do PSD. Já em agosto, na reunião de Câmara que aprovou o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o autarca mostrava-se relutante em ser associado à disputa autárquica. Ribau Esteves, visivelmente tenso pelas acusações que estavam a ser feitas pela oposição a propósito deste tema, quis deixar uma nota a todos os candidatos autárquicos, numa resposta a uma intervenção de Diogo Soares Machado, candidato do Chega à autarquia aveirense. “Os candidatos não têm que falar para mim. Eu não sou candidato. (...) Não me metam numa discussão à qual eu não pertenço. Vocês discutam uns com os outros. (...) Entretenham-se uns com os outros. Deixei-me em paz! Eu não tenho nada a ver com o assunto”, atirou. Agora, semanas depois dessas palavras, Ribau Esteves prepara-se para regressar de forma oficial à campanha, marcando presença no “Encontro Continuidade & Inovação” ao lado de Luís Souto. A iniciativa da ‘Aliança com Aveiro’ acontece esta segunda-feira, às 18h00, na sede de campanha da coligação. Com avanços e recuos, uma coisa é certa: Ribau Esteves continuará a marcar estas eleições e o impacto dos seus comunicados e da sua presença em eventos públicos de campanha eleitoral é evidente para todos.

Últimas

ERC oficializa sondagem do PS: Alberto Souto à frente, mas com empate técnico
Cidade

ERC oficializa sondagem do PS: Alberto Souto à frente, mas com empate técnico

Recorde-se que a divulgação sem ficha técnica e sem registo oficial foi criticada pela candidatura adversária, que acusou o PS de “ilusionismo”. A própria Ria, numa notícia publicada no seu site, esclareceu que até aquela data nenhuma informação estava disponível no site da ERC que validasse e oficializasse o estudo encomendado pela direção nacional do Partido Socialista. Mas a verdade é que a informação consta hoje no site da ERC, acompanhada de toda a documentação legalmente exigida. O inquérito foi realizado entre 4 e 20 de agosto, através de 603 entrevistas presenciais junto de eleitores do concelho de Aveiro. Os entrevistadores registaram diretamente as respostas em dispositivo eletrónico (sistema CAPI, Computer Assisted Personal Interview). As entrevistas foram distribuídas por todas as freguesias, respeitando quotas de género e idade, para garantir uma amostra semelhante à população recenseada. A margem de erro indicada é de cerca de quatro pontos percentuais. No que diz respeito aos resultados, o PS aparece na frente com 36%, a coligação ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS/PPM) surge logo de seguida com 31% e o Chega com 19%. Os restantes partidos ficam entre 1% e 2%, com BE, IL e Livre a surgirem com 2% cada e CDU e PAN com 1% cada. Como a diferença entre PS e Aliança é de cinco pontos e a margem de erro ronda os quatro pontos, os intervalos possíveis das duas candidaturas sobrepõem-se. Em termos simples: tanto é possível que o PS esteja realmente à frente como que as duas candidaturas estejam praticamente empatadas. É por isso que este cenário é classificado como empate técnico. Na corrida autárquica por candidatos, a vantagem de Alberto Souto (PS) é mais evidente: 46% contra 22% de Luís Souto (‘Aliança com Aveiro’) e 16% de Diogo Soares Machado (Chega). Os restantes candidatos não ultrapassam os 3%, com Miguel Gomes (IL) a registar 3%, João Moniz (BE) 2%, Isabel Tavares (CDU) 2% e Bruno Simões Fonseca (Livre) 1%. O estudo evidencia também um dado curioso: Alberto Souto tem um melhor resultado eleitoral do que o próprio partido, enquanto Luís Souto obtém um resultado inferior à coligação que lidera. Este desfasamento sugere que a imagem de Alberto Souto é mais valorizada pelos eleitores do que a sigla partidária que o apoia, atraindo votos para além da base socialista. No caso da ‘Aliança com Aveiro’, acontece o inverso: a marca partidária parece ter mais força do que o candidato, sinal de que parte do eleitorado social-democrata e centrista pode não estar totalmente convencido com Luís Souto. Apesar destes números, há sinais que recomendam prudência. Três em cada dez eleitores continuam indecisos e outros 7% dizem que não irão votar. A incerteza é maior entre os jovens e entre as mulheres, dois segmentos que podem vir a decidir o desfecho. Salienta-se ainda que, desde o período em que decorreu a sondagem, aconteceram vários debates, iniciativas de rua e até polémicas que podem ter influenciado os eleitores. No retrato que a sondagem traça, espera-se uma eleição autárquica muito disputada em Aveiro, com PS e Aliança separados por uma margem curta e com o Chega (partido que habitualmente tem resultados oficiais superiores aos das sondagens) consolidado como terceira força. O dado mais importante, porém, é o número de indecisos: são esses eleitores que podem, em última instância, decidir quem vai liderar os destinos da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) a partir de 12 de outubro. Ficha técnica da sondagem Relatório da sondagem

GrETUA estreia rubrica “Fora do Armário” com conversa sobre a ‘flânerie’
Universidade

GrETUA estreia rubrica “Fora do Armário” com conversa sobre a ‘flânerie’

Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, a primeira edição do “Fora do Armário” será dedicada ao tema “A Flânerie: dos livros às outras artes” e procurará “debruçar-se sobre esta figura icónica da poesia do século XIX para explorar o gesto de caminhar e deambular pela cidade enquanto prática literária e artística”. O convidado desta edição será Diogo Marques, investigador do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa e do CODA - Center for Digital Culture and Innovation da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A conversa contará ainda com sugestões de leitura do “catálogo da livraria-armário que o GrETUA mantém em parceria com a snob e por leituras de textos selecionados”. A entrada é gratuita. A nova rubrica ficará ainda, posteriormente, disponível em formato podcast.

Requalificação de centros de saúde por ajuste direto aprovadas pela Câmara da Mealhada
Região

Requalificação de centros de saúde por ajuste direto aprovadas pela Câmara da Mealhada

De acordo com esta autarquia do distrito de Aveiro, a decisão foi tomada pelo executivo municipal na segunda-feira para garantir a execução destas obras apoiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O executivo aprovou a contratação, por ajuste direto, da requalificação do Centro de Saúde da Mealhada à entidade Canas – Engenharia e Construção, pelo valor de 2,2 milhões de euros, com o prazo de execução de 240 dias. Já a requalificação do Centro de Saúde da Pampilhosa será contratada à empresa BERAFA, Lda, por 720.500 euros, com um prazo de execução de 180 dias. “Os dois avisos do PRR contemplam, além das unidades da Mealhada e da Pampilhosa, a requalificação do Centro de Saúde do Luso, com 377.200 euros, cuja obra já está a decorrer. Um outro aviso do PRR contempla a construção de um novo equipamento, na Vacariça, com um financiamento de 702.168 euros, cuja construção avançará no início de outubro”, indicou. Na nota de imprensa enviada à agência Lusa, a Câmara da Mealhada referiu também que foi aprovado o lançamento de novo concurso para a Requalificação da Pampilhosa Baixa – Fase 1, após o primeiro concurso ter ficado deserto. Com o preço base de 1,6 milhões de euros e um prazo de execução de um ano, a intervenção pretende requalificar o espaço público nas suas várias vertentes, quer ao nível dos trajetos motorizados e pedonais, quer como espaço de convívio e fruição, promovendo a circulação pedonal. Visa ainda a criação de espaços seguros e confortáveis para todo o tipo de mobilidade e, paralelamente, pretende melhorar as condições de circulação motorizada e de estacionamento de veículos.

Bob James, Hollenbeck, Yumi Ito e Marta Ren nos 16 espetáculos de Espinho até fim do ano
Região

Bob James, Hollenbeck, Yumi Ito e Marta Ren nos 16 espetáculos de Espinho até fim do ano

O programador dessa sala de espetáculos do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto revela que o cartaz inicialmente previsto para o último trimestre de 2025 também incluía um espetáculo com o compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal, para o qual a bilheteira já tinha sido aberta e rapidamente esgotara, mas essa agenda teve de ser redefinida face à morte do artista brasileiro no passado dia 13 de setembro, aos 89 anos (que também incluía passagens por Braga, Lisboa e Viseu). "Temos as melhores memórias da passagem do Hermeto Pascoal por Espinho em 2018 e dos dois concertos que deu nessa altura, um com o seu sexteto e outro com a Orquestra de Jazz de Espinho. Era um génio, um dos maiores nomes da história da música, e era com muita felicidade que nos preparávamos para o receber de novo. Tal já não será possível, mas o seu legado é eterno”, declarou o programador André Gomes à Lusa. A programação definitiva do Auditório aposta agora em música, dança e na performance multidisciplinar da americana Meredith Monk, cuja atuação a 14 de outubro já tem plateia esgotada, tal como acontece com a estreia nacional de Michelle David & The True-tones e o regresso de Kandace Springs, em parceria com a Orquestra Clássica de Espinho. “Será um trimestre que nos permitirá afirmar ainda mais o Auditório de Espinho como uma sala que pretende proporcionar ao seu público experiências originais ou distintas”, realça André Gomes. O cartaz do último trimestre arranca já esta sexta-feira com o concerto que junta a violinista holandesa Noa Wildschut à Orquestra Clássica de Espinho, para, sob a direção do jovem maestro polaco Pawel Kapula, se explorar repertório de Max Bruch, Mendelssohn e Mieczyslaw Weinberg. Seguem-se duas formações portuguesas: a 04 de outubro, o Ludovice Ensemble, com composições barrocas que marcaram o ambiente de Paris no tempo de Luís XV, e a 10 a dupla constituída pelo barítono André Baleiro e pelo pianista David Santos, com “Paisagens Marítimas” a partir de obras de Brahms, Fauré, Debussy, Benjamin Britten, Rebecca Clarke, Freitas Branco e Lopes-Graça. A 18 o palco será para Marta Ren e a Orquestra de Jazz de Espinho, com o que André Gomes define como “um programa inédito de homenagem ao cantor e compositor norte-americano Otis Redding”, e a 31 dar-se-á “a estreia absoluta em Portugal do lendário teclista Bob James”, que, vencedor de dois prémios Grammy, para uns é “o padrinho do smooth jazz” e para outros “um ícone do hip-hop, uma vez que os samples da sua música tiveram um papel fundamental na fundação do rap”. Além da esgotada sessão com Kandace Springs, novembro trará quatro outras propostas: a 14, o regresso da pianista e cantora Yumi Ito, que, no âmbito do Misty Fest, demonstra porque a consideram “uma referência mundial na improvisação vocal, entre a art-pop, o jazz e o neoclássico”; a 21, o brasileiro Castello Branco, que se associa ao Ensemble da Escola Profissional de Música de Espinho para reinterpretar temas da sua discografia; a 28 o espetáculo “Take”, em que a Companhia Instável apresenta com detalhes “cinematográficos” uma criação de dança contemporânea de São Castro e António M. Cabrita; e a 30 a estreia em Portugal do recital para traverso e cordas pela brito-australiana Liane Sadler e o alemão Elias Conrad, a partir de temas do compositor e teórico português renascentista Vicente Lusitano. A 06 de dezembro o foco passa para a Mimo’s Dixie Band, cuja performance para famílias “Circus Time” envolve música da década de 1920, artes circenses e comédia, e a 12 estará em cena a Orquestra de Jazz de Espinho com o compositor e baterista norte-americano John Hollenbeck, que André Gomes considera “um dos mais inovadores e singulares criadores do jazz contemporâneo”. Os últimos concertos do trimestre serão protagonizados, a 19 e 20 de dezembro, por outro coletivo germinado no Auditório, em concreto a Orquestra Clássica de Espinho, que, sob a batuta da jovem maestrina austríaca Katharina Wincor, escolheu para concerto de Natal “Danças Orquestrais” que evocarão “desde o hedonismo dos salões vienenses dos últimos anos do Império Austro-Húngaro até à música tradicional eslovaca”.