RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Ribau Esteves: a grande surpresa na entrega das listas do PSD/CDS no Tribunal de Aveiro

Entre vários sociais-democratas que marcaram presença na entrega de listas da AD – Coligação PSD/CDS, esta manhã, no Tribunal de Aveiro, a grande surpresa foi José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA). Depois de semanas atribuladas, onde as suas divergências internas com Luís Montenegro se agudizaram fruto da escolha de Luís Souto como candidato autárquico, Ribau Esteves quis aparecer publicamente ao lado do atual primeiro-ministro, evidenciado que, apesar de tudo, o seu apoio continua garantido.

Ribau Esteves: a grande surpresa na entrega das listas do PSD/CDS no Tribunal de Aveiro
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
07 abr 2025, 17:49

Ribau Esteves juntou-se esta manhã à comitiva do PSD/CDS que acompanhou Luís Montenegro na entrega da lista de deputados pelo círculo de Aveiro no tribunal. Nesta comitiva, o atual presidente da CMA acompanhou Emídio Sousa, presidente da distrital de Aveiro do PSD, Pedro Magalhães, presidente da distrital de Aveiro do CDS, Luís Souto, candidato do PSD/CDS/PPM à autarquia aveirense e ainda os presidentes das concelhias de Aveiro do PSD e do CDS, Firmino Ferreira e Ana Cláudia Oliveira, respetivamente,

Recorde-se que, ao longo das últimas semanas, Ribau Esteves tem sido muito duro na forma como se tem dirigido ao líder nacional do PSD, Luís Montenegro, pela forma com conduziu o processo autárquico em Aveiro, afirmando mesmo, em entrevista à SIC Notícias, no dia 7 de março, que com a escolha de Luís Souto, como candidato à CMA, a derrota do PSD seria “uma possibilidade objetiva”, culpando também Luís Montenegro nesse cenário.

As divergências com Luís Montenegro não são, no entanto, de agora. Ainda há três anos, no âmbito da disputa eleitoral para a presidência do PSD, Ribau Esteves, em entrevista ao Diário de Notícias, afirmou mesmo que Montenegro "representa o pior que o PSD tem". Afirmações que tiveram muito eco a nível nacional e local.

Questionado pela Ria sobre se a sua presença também poderia significar que iria procurar apoiar Luís Souto, Ribau Esteves reforçou que marcou presença, unicamente, por ser “presidente da CMA” e “militante do PSD”. “Eu sei que a Ria gosta imenso de arranjar problemas ao PSD, coisa que ainda não vi a Ria a fazer ao Partido Socialista”, deu nota Ribau Esteves, evitando responder diretamente à questão.

“Aliás, fiquei satisfeito pelo Dr. Luís Montenegro ter mudado a sua opção em relação ao ano passado [de ser cabeça de lista pelo PSD/CDS em Aveiro e não por Lisboa, como fez nas últimas eleições legislativas]. Portanto, vim cá acompanhá-lo, dar-lhe um abraço, desejar-lhe felicidades (…), lembrar-lhe que estou ao dispor neste combate”, continuou.

No que toca ao apoio de Luís Souto voltou a reforçar que “esse assunto” está “completamente tratado” e que entre o PS e o PSD prefere que seja o seu partido “a ganhar as eleições”. “Que não haja nenhuma dúvida em relação a isso, mas estou fora do processo de campanha eleitoral (…). Eu tenho as minhas posições absolutamente claras e fechadas, nem vale a pena estarmos a falar desse assunto, porque vou apenas ser desagradável e vocês também”, vincou. “O que eu disse está dito, permanece atual e verdadeiro, em relação àquilo que é a minha opinião e a minha posição que também a Ria já publicou - e bem. Quem é que eu desejo que ganhe as eleições? Está tudo claro. Não há dúvida nenhuma, nem vou mudar de posição. Agora, não me vão ver com o envolvimento que tive nas outras três, ou em tantas outras [eleições], por motivos muito políticos e de seriedade (…)”, completou.

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Ribau Esteves regressa à campanha ao lado de Luís Souto no “Encontro Continuidade & Inovação”
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Ribau Esteves regressa à campanha ao lado de Luís Souto no “Encontro Continuidade & Inovação”

Os meses que se seguiram à decisão unilateral da direção nacional do PSD, liderada por Luís Montenegro, de avançar com a candidatura de Luís Souto foram marcados por forte turbulência interna. O anúncio, inesperado para a estrutura local, precipitou uma vaga de demissões, com destaque para Simão Santana, então presidente da concelhia e adjunto do gabinete da presidência, Rogério Carlos, vice-presidente da autarquia e vogal da concelhia, e o próprio Ribau Esteves, enquanto presidente da Mesa do Plenário de Militantes. À época, todos invocaram divergências quanto à forma como o processo tinha sido conduzido pela direção nacional, mas foi Ribau Esteves quem mais se destacou pela contundência das críticas. Não se limitou ao comunicado da demissão: em entrevistas à imprensa local e nacional, acusou Luís Souto de não ter “nenhuma experiência de gestão” e, em direto na SIC Notícias em horário nobre, chegou mesmo a admitir que a derrota do candidato social-democrata era “uma possibilidade objetiva”, classificando a sua escolha como “errada” e responsabilizando o próprio candidato e Luís Montenegro por um eventual cenário de derrota. Com o tempo, a polémica foi perdendo intensidade. Ribau Esteves, após uma fase inicial em que fragilizou seriamente a candidatura do seu partido, começou a dar sinais de reaproximação. A primeira evidência surgiu em abril, quando apareceu ao lado de Luís Montenegro e Luís Souto na entrega da lista de candidatos do PSD pelo círculo de Aveiro às eleições legislativas. Ainda assim, nesse dia, garantiu à Ria que estaria “fora do processo de campanha eleitoral” autárquica, embora tenha reiterado a sua preferência pela vitória de Luís Souto, invocando “motivos muito políticos e de seriedade” para se manter afastado. O aparente afastamento durou pouco. Menos de uma semana depois, Ribau Esteves foi a grande surpresa na apresentação oficial de Luís Souto, no Hotel Meliã. Apesar dos elogios dirigidos à sua governação, foi o único que não se levantou para aplaudir de pé o candidato do partido, num gesto que foi registado em vídeo e amplamente partilhado nas redes sociais. A partir daí, os sinais de aproximação tornaram-se mais evidentes, com encontros discretos entre os dois dirigentes, segundo o que apurou a Ria, e uma causa comum a falar mais alto: impedir o regresso do socialista Alberto Souto, presidente da Câmara entre 1998 e 2005, e garantir a continuidade da governação social-democrata em Aveiro. E assim aconteceu. Em junho, Ribau Esteves dava um passo mais explícito ao declarar, novamente na SIC Notícias, que “entre o candidato do Partido Socialista e o candidato da Aliança Democrática em Aveiro, não há dúvida nenhuma, o melhor dos dois é o candidato da AD”. No mesmo momento, admitiu publicamente que gostaria de prolongar a carreira política e que tinha “várias possibilidades em aberto”, que estavam a ser articuladas com a direção nacional do PSD. Já em agosto, na reunião de Câmara que aprovou o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o autarca mostrava-se relutante em ser associado à disputa autárquica. Ribau Esteves, visivelmente tenso pelas acusações que estavam a ser feitas pela oposição a propósito deste tema, quis deixar uma nota a todos os candidatos autárquicos, numa resposta a uma intervenção de Diogo Soares Machado, candidato do Chega à autarquia aveirense. “Os candidatos não têm que falar para mim. Eu não sou candidato. (...) Não me metam numa discussão à qual eu não pertenço. Vocês discutam uns com os outros. (...) Entretenham-se uns com os outros. Deixei-me em paz! Eu não tenho nada a ver com o assunto”, atirou. Agora, semanas depois dessas palavras, Ribau Esteves prepara-se para regressar de forma oficial à campanha, marcando presença no “Encontro Continuidade & Inovação” ao lado de Luís Souto. A iniciativa da ‘Aliança com Aveiro’ acontece esta segunda-feira, às 18h00, na sede de campanha da coligação. Com avanços e recuos, uma coisa é certa: Ribau Esteves continuará a marcar estas eleições e o impacto dos seus comunicados e da sua presença em eventos públicos de campanha eleitoral é evidente para todos.

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Na tarde de ontem, o PS Aveiro realizou um comício na Praça da República para apresentar as suas listas eleitorais. A iniciativa contou com a presença do eurodeputado Bruno Gonçalves e reuniu dezenas de apoiantes. Durante a sessão, Cláudia Cruz Santos, cabeça de lista do PS à Assembleia Municipal, dirigiu críticas a Luís Souto de Miranda, candidato da coligação ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) e atual presidente daquele órgão. A socialista acusou Luís Souto de Miranda de limitar o debate democrático, sublinhando que “há um défice democrático no funcionamento da Assembleia Municipal”. “O atual presidente da Assembleia Municipal (…) tem vindo a estender a passadeira vermelha ao atual presidente da Câmara e tem permitido que ele use a casa (…) de todos os aveirenses como se fosse o seu salão de festas, destratando com frequência deputados municipais e limitando as possibilidades de participação do público”, atirou. As críticas referiam-se à última Assembleia Municipal, na qual foi aprovado o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso.  Cláudia Cruz Santos acusou ainda o executivo de ter promovido um “esquecimento das freguesias” e criticou os sucessivos cortes de árvores na cidade, apontando como exemplos a Avenida Lourenço Peixinho e o Rossio. A candidata referiu-se também à recusa de Luís Souto de Miranda em dar a palavra a uma cidadã na última Assembleia Municipal, comparando a situação a práticas do Estado Novo. “Os líderes autoritários não gostam de parlamentos, de assembleias, de ser fiscalizados, escrutinados e tomam as assembleias peças decorativas”, atentou. “Não é isso que vai acontecer connosco e essa é a principal promessa que quero deixar”, continuou. No seguimento, defendeu ser essencial elaborar e aprovar “um regimento da Assembleia Municipal que garanta o contraditório e abra a porta a todos os aveirenses”. Já Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, reforçou a ideia de que o partido pretende dar voz a “todos os anseios” na Assembleia Municipal, sublinhando que não quer um órgão reduzido a uma “caixa de ressonância”. “De um pregador desrespeitoso”, acrescentou. Também dirigido a Luís Souto de Miranda, o socialista apontou: “Foram oito anos de emojis de aplauso e de silêncios cúmplices. Deve ser por isso que ele agora sentiu tanta necessidade de fazer um autorretrato. Mas o retrato das suas ideias parece uma foto bolorenta”. Entre as críticas, destacou ainda o que classificou como “o maior erro estratégico” de Aveiro: o Pavilhão Oficina. “E ele a sorrir e a bater palmas”, atirou. Apontou ainda a massificação da antiga lota, o Rossio, Avenida Lourenço Peixinho ou a antiga casa da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Aveiro (CERCIAC). “Estas são as fotografias do passado que eles querem construir. As nossas estão cheias de verde, de azul e de luz”, clarificou. O candidato socialista deixou ainda uma palavra de reconhecimento a Fernando Nogueira e Rosa Venâncio, atuais vereadores do PS na Câmara Municipal, elogiando a sua “lealdade, competência e resistência”. “Tiveram de encontrar doses suplementares de boa educação para não responderem aos destratos dela”, acrescentou. Recorde-se que Rui Soares Carneiro também integrava a vereação socialista, mas o partido retirou-lhe a confiança política no passado dia 23 de junho.  Numa alusão direta ao edifício dos Paços do Concelho, Alberto Souto de Miranda defendeu que a Câmara Municipal “tem de ser de vidro”, num apelo a uma gestão cívica e “totalmente transparente nos processos”. O candidato do PS à Câmara de Aveiro respondeu ainda ao comunicado do Município em que José Ribau Esteves, presidente da autarquia, o acusava de recorrer à “mentira”, ao “insulto” e à “arrogância” de querer governar sem legitimidade eleitoral. “A minha liberdade de expressão não se intimida com comunicados oficiais da Câmara Municipal. É falso que eu tenha mentido, insultado ou sido arrogante”, afirmou. Alberto Souto enumerou depois o que classificou como “erros” da atual gestão, destacando a intenção de construir um “caixote” na Betesga, bem como a demolição do edifício da CERCIAV. “São factos”, frisou, contrapondo ainda que Ribau Esteves não herdou uma Câmara do PS, mas sim “oito anos de gestão PSD-CDS”. “Não pode reescrever a história. Os aveirenses recordam-se do que nós fizemos e do que foi feito a seguir”, disse, rejeitando críticas de ter desfeito o trabalho de anteriores executivos. “É de uma ignorância atrevida de quem não estava cá quando estávamos nós na autarquia. (…) Os erros vão ser corrigidos, é essa a nossa obrigação”, atirou ainda Alberto Souto de Miranda. O socialista lamentou que Ribau Esteves “não esteja a saber terminar o mandato com dignidade”. Na reta final da intervenção, Alberto Souto de Miranda acusou ainda Luís Souto de Miranda de fugir aos debates e defendeu que Aveiro “precisa de muito mais”. Relembre-se que o candidato da ‘Aliança’ foi o único a não aceitar estar presente nos frente-a-frente promovidos pela Ria. “Precisa das nossas ideias, da nossa visão, da nossa vontade e dos nossos projetos. É por isso que no dia 12 vamos mudar de locatário. Quem vai para lá não sou eu, somos todos nós, o povo de Aveiro, que vai construir o futuro desta terra”, concluiu, repetindo várias vezes: “Viva Aveiro”.

IL Aveiro promove tertúlia “Reforma do Estado” este domingo na Praça do Peixe
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De acordo com uma nota enviada às redações, a IL entende que a verdadeira “Reforma do Estado não pode ser apenas administrativa ou fiscal”. “Deve ser uma transformação profunda na forma como o poder é exercido e distribuído”, lê-se. Para tal, o partido propõe “descentralização efetiva” com o transferir de competências do Governo para as autarquias; “municípios mais fortes e autónomos” dando às câmaras e freguesias os meios e a liberdade necessários para responderem às necessidades locais com rapidez e eficácia; “menos concentração em Lisboa, mais poder nas comunidades locais” sugerindo que as cidades decidam diretamente sobre saúde, educação, mobilidade e ambiente, “sem dependência constante da burocracia do Estado central” e “transparência e responsabilidade”. Carlos Guimarães Pinto foi presidente do partido entre 2018 e 2019, período em que ajudou a transformar a IL num movimento político nacional com presença no Parlamento. Segundo a nota, o atual deputado da IL tem defendido “de forma consistente que Portugal precisa de um Estado mais leve, eficiente e focado no essencial, capaz de prestar serviços públicos de qualidade sem sufocar os cidadãos e as empresas com impostos excessivos e burocracia”.

Eurodeputado Bruno Gonçalves marca presença hoje no comício de apresentação do PS Aveiro
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Tal como noticiado anteriormente pela Ria, antes do comício de apresentação haverá uma arruada de militantes, apoiantes e simpatizantes da candidatura, que partirão do Largo da Estação de Aveiro por volta das 15h30, a pé, até à Praça da República. De acordo com uma nota de imprensa enviada às redações, esta sexta-feira, 19 de setembro, o momento vai contar também com a presença de Bruno Gonçalves. Natural de Braga, Bruno Gonçalves é, desde 2024, membro do Parlamento Europeu pelo PS. Eleito como o mais jovem eurodeputado português. Foi secretário-geral da União Internacional da Juventude Socialista e vice-presidente da Internacional Socialista de 2022 a 2024. No seu mandato como eurodeputado, tem-se destacado na “defesa do reconhecimento do Estado Palestiniano, no combate à extrema-direita e na promoção de uma indústria europeia forte, competitiva e sustentável”.

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Um morto e um ferido grave em acidente com duas motos na A1 em Estarreja
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De acordo com a fonte do Comando Sub-Regional da Região de Aveiro, as duas motos despistaram-se ao quilómetro 247/250, antes da saída para Albergaria. O ferido, em estado considerado grave, foi transportado para o Hospital de Aveiro, disse a fonte. O acidente ocorreu cerca das 08:10 e cerca das 09:30 a circulação do trânsito ainda se encontrava condicionada. Para o local do acidente foram deslocados 17 operacionais e sete viaturas.

Teatro do Bolhão produz espetáculo com imigrantes em fábrica desativada de Vale de Cambra
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Teatro do Bolhão produz espetáculo com imigrantes em fábrica desativada de Vale de Cambra

Intitulada “Palcos do Mundo – Fábrica”, esta produção comunitária inédita foi concebida por encomenda da ADRIMAG - Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras de Montemuro, Arada e Gralheira e, além da autarquia local, envolve ainda os municípios de Arouca e Castelo de Paiva, também do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto. João Carlos Pinto, coordenador executivo da ADRIMAG, diz que esta segunda produção na fábrica desativada da Martins & Rebello foi inspirada pela frase do Papa Francisco “Somos todos imigrantes. Ninguém tem morada fixa nesta terra”, e recorre às artes performativas para integrar a comunidade migrante, na convicção de que “a arte tem o poder de unir comunidades, aproximar vizinhos e abrir portas”. “É um momento feito com e para a comunidade, que honra a memória coletiva e, ao mesmo tempo, acolhe quem chega de fora e escolhe os nossos territórios para viver”, defende. O encenador e ator Miguel Hernandez é o diretor artístico do espetáculo, que começou a ser preparado em abril e, além da dramaturgia, também envolve cenários, adereços e figurinos próprios, para melhor potenciação de um enredo que visa “a valorização e o respeito pelos imigrantes, bem como a denúncia dos problemas e atrocidades que enfrentam na atualidade”. “O espetáculo inspira-se nos profundos desafios ligados à imigração e aos milhares de refugiados que marcam o mundo atual”, declara Miguel Hernandez à Lusa. “Procuramos, através da aproximação a diferentes culturas, despertar a consciência, a compreensão e o entendimento entre os povos, para que juntos possamos trilhar um caminho de esperança rumo a uma humanidade mais sensível e responsável”, explica. Nesse esforço, o encenador admite que foi particularmente exigente lidar com a dimensão e os diferentes graus de experiência da equipa envolvida, que integra 81 atores profissionais, 253 amadores e ainda 37 técnicos. “Essa complexidade representa um desafio que exige um grande empenho, dedicação e a superação diária de obstáculos. Mas, ao mesmo tempo, traz-nos uma enorme satisfação perceber que todo esse processo é transformador para a vida das pessoas envolvidas, promovendo o que há de melhor no que a cultura pode oferecer”, garante. Mehreen Yasir é paquistanesa, vai ter um monólogo no espetáculo e reconhece que a sua participação no projeto tem feito diferença. “Viemos para Portugal para que os nossos filhos pudessem ter uma boa educação e eles estão a recebê-la, mas é uma verdadeira luta para nós. O meu marido é o único que trabalha e é muito difícil sobreviver, porque não há escolas de Português para estrangeiros aqui em Vale de Cambra”, começa por contar. Os transportes públicos indispensáveis para quem não possui carro também “são muito caros” e inibem-lhe tanto os afazeres quotidianos como a fuga à rotina. Consequência: “Como não conseguimos ir a lado nenhum para aprender a língua, sentimo-nos presos aqui”. O projeto da ADRIMAG, em contrapartida, permitiu-lhe conhecer “muitas pessoas de diferentes países” e deu-lhe um novo ânimo. “Foi muito bom conhecer toda a gente, são todos muito simpáticos e, pelo menos, temos um local onde podemos defender os nossos direitos. Caso contrário, parece que os imigrantes não são humanos nem existem, mesmo que estejam a ajudar este país", disse Mehreen Yasir à Lusa. "Por isso é que o projeto é muito bom e devia haver mais assim - para que os imigrantes sejam reconhecidos e não sejam tratados de forma injusta”. Nos dois dias de exibição do espetáculo “Palcos do Mundo – Fábrica”, as portas abrem às 18:30, convidando o público para o que a organização define como “uma verdadeira festa, onde será possível saborear a gastronomia de diferentes lugares do mundo” e também apreciar uma exposição sobre imigração, em que se incluem projeções com depoimentos de imigrados. Às 22:00 terá início a itinerância pelos percursos da antiga fábrica, com diversas intervenções artísticas da comunidade nesse trajeto, e depois concentrar-se-ão no largo principal performances de circo, música coral e dança. Embora implique levantamento prévio de bilhetes no Centro de Artes e Espetáculos de Vale de Cambra, é gratuita a entrada no recinto – que está em vias de ser adquirido pela autarquia para instalação do futuro Museu Nacional dos Laticínios.