RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Câmara de Vagos aprova proposta de orçamento que ultrapassa 32 milhões de euros

A Câmara Municipal de Vagos aprovou, por unanimidade, a proposta de orçamento municipal para 2025, que ascende a 32 milhões de euros (ME), mais cerca de 2,7 ME do que no ano anterior.

Câmara de Vagos aprova proposta de orçamento que ultrapassa 32 milhões de euros
Redação

Redação

02 dez 2024, 15:13

A proposta de orçamento municipal para 2025 contou com os votos a favor da maioria eleita pelo PSD, bem como com o voto do vereador do CDS-PP em regime de substituição, que marcou presença na reunião extraordinária do executivo, na sexta-feira.

Numa nota de imprensa enviada à agência Lusa, a Câmara de Vagos destaca que este orçamento reflete o seu compromisso de enfrentar os desafios impostos pelo atual contexto económico, social e administrativo, reforçando a sua determinação em trabalhar “de forma transparente e participativa, envolvendo a comunidade e assegurando a maximização dos recursos disponíveis em benefício de todos os munícipes”.

No orçamento da receita evidencia o aumento das transferências do Orçamento do Estado, “quer no que diz respeito à participação nos impostos do Estado, que registou um aumento de cerca de 10,9%, quer no tocante às verbas relativas ao processo de transferência de competências nas áreas da educação, ação social e saúde, registando-se um aumento de cerca de 2,1%”.

“Este orçamento reflete também a aposta na captação de fundos europeus, marcando a transição entre o encerramento do programa Portugal 2020 e o início da execução do Portugal 2030 e do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]”, acrescenta.

Esta autarquia do distrito de Aveiro prevê também um crescimento de 8,5% de receita fiscal, na ordem dos 6,5 ME, “o que significa um acréscimo de meio milhão de euros relativamente ao exercício anterior, que decorre do crescimento das rubricas de IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis], IUC [Imposto Único de Circulação], IMT [Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis] e da Derrama”.

No que ao orçamento da despesa diz respeito, salienta “um aumento nas despesas com pessoal, reflexo da admissão de novos trabalhadores, sobretudo para a área da educação, no âmbito do processo de transferência de competências e dos aumentos remuneratórios verificados em 2024 e previstos para 2025”.

Em relação às prioridades de investimento, a Câmara de Vagos pretende concluir a obra do Palacete Visconde de Valdemouro, orçamentada globalmente em 4,5 ME; a requalificação das várias unidades locais de saúde do concelho, nomeadamente Vagos, Soza, Gafanha da Boa Hora e Ponte de Vagos, no valor global estimado de 2,3 ME; a requalificação das escolas Básicas de Soza e Ouca, com valor estimado de 900 mil euros; e a requalificação da rua Padre Vicente Maria da Rocha, num investimento de 1,4 ME.

“De realçar também que o Município de Vagos continuará a devolver 2,5% de IRS [Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares] aos munícipes, o que significa um esforço de 562 mil euros, sendo que o IMI se manterá na taxa mínima de 0,3% e a Derrama continuará a ser de 1,5%, sendo de 0,1% para valores inferiores a 150 mil euros”, informa.

Contactado pela agência Lusa, o vereador do CDS-PP em regime de substituição, João Domingues, explicou que votou a favor da remessa dos documentos provisionais à Assembleia Municipal porque, como estão em minoria, “a proposta seria sempre remetida à Assembleia Municipal por maioria”.

“Verificamos as estimativas de receitas e despesas em orçamento e os projetos em curso, e o que chamámos atenção é para a dificuldade que pode haver para angariar determinado tipo de receitas ou estimativas que lá estão serem ou não razoáveis. Mais do que isso, cabe às bancadas da Assembleia Municipal: esses sim têm o dever de votar a favor ou contra, enquanto nós remetemos um documento simplesmente”, argumentou.

Os documentos provisionais da autarquia para o próximo ano vão ser votados na sessão da Assembleia Municipal de Vagos que deverá ocorrer em finais de dezembro e onde o PSD está em maioria.

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Organizado pela d'Orfeu AC, em coprodução com o município de Águeda e com o apoio da Direção-Geral das Artes, o festival com entradas gratuitas irá decorrer no Parque Municipal da Alta Vila. O programa inclui espetáculos para bebés e crianças, jogos, oficinas, instalações artísticas, sessões de histórias e uma zona de 'street food'. Os espetáculos para bebés (Salão de Chá) e os do café-concerto do Parque são de lotação limitada, sujeitos a levantamento de senhas disponíveis no posto de informação, nos dias do Festival, a partir das 9h00.

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O cancelamento deste espetáculo integrado no "Sol da Torreira" foi comunicado à Câmara Municipal da Murtosa, que organiza o evento, pela empresa responsável pelo agenciamento do músico. Na mesma nota, a autarquia refere que em substituição de Agir atuarão os Expensive Soul. O espetáculo que irá decorrer no Largo da Varina, na Torreira, começa às 22h00 e tem entrada livre.

Praia da Barra acolhe em agosto a primeira edição da Noite Branca
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Com entrada gratuita, segundo uma nota enviada às redações, a festa tem apenas um requisito: vestir-se de branco. “A cor símbolo do verão e da celebração dará o mote para uma noite memorável, ao som de vários DJs que irão garantir o ritmo certo até de madrugada”, realça. Até ao momento, estão já confirmadas as atuações de “DJ Hugo Rafael, DJ Vassalo e DJ Luís Novais, entre outros nomes que prometem fazer dançar residentes e visitantes”. A Noite Branca é uma organização da empresa G-Insport, com o apoio do Município de Ílhavo. Conta ainda com o Grupo Namor como parceiro oficial e a Aveiro Mag como media partner. São também parceiros do evento o Café Farol, o Café Marito, o Hotel Farol, o Praia Velha Lounge, a Taberna Nobe e a Gelataria Veneto.

Segundo concurso da alta velocidade entre Oiã-Coimbra deverá ser lançado “a muito breve trecho”
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Em resposta à agência Lusa, a IP disse hoje que o processo de lançamento da segunda parceria público-privada (PPP) da linha de alta velocidade “encontra-se na sua fase final de aprovação, sendo expectável o seu lançamento a muito breve trecho”, não indicando data concreta sobre quando tal poderá acontecer. Anteriormente, a IP tinha afirmado que esse novo concurso público deveria ser lançado a 31 de maio, tendo já passado cerca de dois meses do prazo na altura apontado. Em declarações ao jornal As Beiras, a Câmara Municipal de Coimbra afirmou recentemente que o concurso será lançado ainda neste mês. Esta segunda PPP surge depois de um primeiro concurso lançado em julho de 2024, que recebeu uma única proposta que foi chumbada pelo júri, depois de propor o desvio da estação da linha de alta velocidade de Coimbra-B para Taveiro, fora da cidade de Coimbra, ao contrário do previsto no projeto. Este novo concurso mantém a estação em Coimbra-B, mas reduz vários encargos da concessão, encurtando o traçado previsto nesta PPP, que anteriormente terminava em Soure, e que agora ficará em Taveiro. Em resposta à Lusa, a IP disse hoje que se mantém a construção de um novo edifício de passageiros em Coimbra-B, já o troço que anteriormente estava nesta PPP (Taveiro a Soure, com cerca de 11 quilómetros de extensão) será incluído “no âmbito da próxima PPP” do projeto da linha de alta velocidade, que irá até ao Carregado, contemplando uma estação em Leiria. Em fevereiro, o Jornal de Negócios avançou que o júri do concurso concluiu, no relatório preliminar, que o consórcio Lusolav (liderado pela Mota-Engil) não cumpria o caderno de encargos e recomendava a sua exclusão da única proposta apresentada. A decisão de revogar a contratação do consórcio da Lusolav esteve em linha com a Câmara Municipal de Coimbra, que defendeu a exclusão dessa proposta e o relançamento do concurso público com a maior urgência, apoiada posteriormente pela Assembleia Municipal, com uma moção da CDU aprovada por todas as forças, com exceção do PS e do Chega, que se abstiveram, e um voto contra do presidente União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades (PS). Aqueles órgãos municipais de Coimbra criticavam o facto de a única proposta não respeitar a solução da IP, propondo um desvio da futura estação intermodal de Coimbra-B para Taveiro. O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, em entrevista ao jornal Público no dia 28 de março, disse estar “convencido de que [o concurso] vai ser com o mesmo preço-base”. A linha de alta velocidade Lisboa-Porto deverá ligar as duas principais cidades do país em cerca de uma hora e 15 minutos, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria.

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Alberto Souto critica propostas da ‘Aliança’ e apela a um debate “para lá do código postal”
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Alberto Souto critica propostas da ‘Aliança’ e apela a um debate “para lá do código postal”

Começando por se referir às críticas diretas que Luís Souto de Miranda tem vindo a fazer a si próprio nas diferentes apresentações, Alberto Souto de Miranda escreveu que tem “pena” que o candidato da Aliança não resista a um “ataque pessoal”. Seguiu dizendo que, “aos poucos”, o candidato da ‘Aliança’ “dá-se a conhecer”. “Os aveirenses começavam a pensar que não tinha nenhuma ideia. Afinal tem. Só que as ideias boas não são suas e as suas ou são muito vagas ou são mesmo péssimas”, atira. Recorde-se que, esta quarta-feira, durante a apresentação de Glória Leite, Luís Souto de Miranda apresentou “seis áreas” do seu programa eleitoral. Entre as propostas que considerou positivas, mas não originais, o candidato do PS destacou o Parque das Barrocas, o Parque Central, a recuperação dos passeios e a criação de um Museu de Arte Contemporânea, referindo: "É certo que ficou calado, em silêncio conivente, doze anos, mas ainda bem que como vereador votará a favor”, atira.  Já sobre as propostas que classificou como “vagas”, apontou a recuperação do Bairro da Beira-Mar, a melhoria dos transportes, a melhoria da fluidez na Avenida Lourenço Peixinho e a oferta de habitação, afirmando que se trata apenas de “intenções” e que "de concreto nada”. “Todos somos a favor. Mas até agora só eu concretizei como o fazer”, escreve.  Quanto às ideias que considera mesmo “muito más”, Alberto Souto de Miranda referiu quatro casos: a defesa da construção de um edifício de 12 andares junto à rotunda do Marnoto, nos terrenos da “antiga Bóia & Irmão”, que descreveu como um "aleijão urbanístico" e comparou ao “prédio Coutinho”; a massificação dos terrenos da antiga Lota com construção, contrapondo que prefere "pouca construção e mais árvores"; a proposta de construção da nova Escola Homem Cristo "a todo o vapor", criticando a ausência de localização concreta e questionando se o objetivo é "meter o Rossio na Betesga"; e a ideia de recuperar o sal de Aveiro como "ouro branco", considerando-a ilusória e desrespeitosa para com os poucos marnotos ainda em atividade. O candidato socialista reagiu ainda às críticas relacionadas com a sua residência, escrevendo: "Estou surpreendido por ele continuar a atacar os seus: não havia necessidade de lembrar que o Eng. Ribau Esteves sempre viveu na Gafanha… Não havia necessidade de chamar a atenção para o facto de a Drª Glória Leite viver em Mataduços e não na freguesia a que é candidata”. E respondeu: “Sim, sou de Aveiro, há seis anos mais do que ele. E sempre vivi lá, com muita intensidade, mesmo quando lá não resido”. Terminou o texto apelando ao candidato da ‘Aliança’ para que eleve “o debate para lá do código postal”. “Tudo farei para manter um Código de Ética”, afirmou.

Câmara de Aveiro lança concurso de 423 mil euros para requalificar Centro Cultural
Cidade

Câmara de Aveiro lança concurso de 423 mil euros para requalificar Centro Cultural

Segundo uma nota camarária, a empreitada de reabilitação do Edifício Centro Cultural da Taipa, tem um valor base de 423.519,05 euros e um prazo de execução de 180 dias. A autarquia justifica esta intervenção com a necessidade de corrigir patologias identificadas no edifício, melhorando as condições de segurança, conforto e funcionalidade para os utilizadores deste equipamento cultural. “Reconhecendo a relevância deste espaço para a dinâmica social e artística local, a Câmara avança agora com a requalificação do edifício, com o objetivo de o dotar de condições adequadas para acolher ensaios, apresentações e processos de criação artística, ao serviço da comunidade e do reforço da oferta cultural do município”, refere a mesma nota. A autarquia assumiu em maio a gestão do Centro Cultural da Taipa, destinado ao desenvolvimento de atividades culturais, na sequência de um contrato de comodato celebrado com a Junta da União de Freguesias de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz.

Educação sexual fora das escolas: docente da UA alerta para “silenciamento curricular e pedagógico”
Universidade

Educação sexual fora das escolas: docente da UA alerta para “silenciamento curricular e pedagógico”

A disciplina de Educação para a Cidadania foi lançada no ano letivo de 2017/2018 como projeto-piloto, tendo sido alargada, no ano seguinte, a todas as escolas e níveis de ensino básico. O programa inicial previa 17 domínios temáticos, incluindo direitos humanos, igualdade de género e educação para a saúde — esta última com conteúdos explícitos sobre sexualidade e prevenção de riscos. “A aplicação da disciplina era transversal, envolvendo diversas áreas curriculares e parcerias externas, como centros de saúde”, conforme recorda Patrícia Sá em entrevista à Ria. Até agora, estes conteúdos relacionados com a sexualidade eram de abordagem obrigatória em “pelo menos dois ciclos do ensino básico”. Contudo, como relembra a docente, a disciplina foi desde cedo envolvida em várias polémicas. Um dos episódios mais mediáticos ocorreu quando os pais de dois alunos recusaram que os filhos frequentassem as aulas de Cidadania, alegando que os conteúdos ensinados colidiam com os seus valores cristãos. Este caso acabou por desencadear um debate público mais alargado sobre o papel da disciplina no currículo escolar e sobre os temas que nela devem ser abordados. Em outubro do ano passado, Luís Montenegro, primeiro-ministro, anunciou, durante o congresso do PSD, tal como noticia a Renascença, a intenção do Governo rever o currículo da disciplina, afirmando que pretendia “reforçar o cultivo dos valores constitucionais e libertar esta disciplina das amarras a projetos ideológicos ou de fação”. Quatro dias depois, conforme avança o jornal Público, Fernando Alexandre garantia aos jornalistas que o Governo “não faz alterações em função de ideologia”, sublinhando que qualquer modificação ao guião da disciplina teria por base o parecer de um grupo de investigadores. Questionado sobre se os conteúdos como igualdade de género e sexualidade deveriam continuar [ou não] a serem lecionados na disciplina de Cidadania, o ministro respondeu que “podem ser” incluídos, mas que a questão passava por definir “como é que isso deve ser feito na sala de aula”. Há cerca de duas semanas, durante uma conferência de imprensa, o ministro da Educação, acompanhado pelo secretário de Estado, apresentou as linhas gerais da revisão da disciplina, conforme noticiado pelo Expresso. Na ocasião, afirmou que os temas relacionados com a sexualidade passariam a estar integrados no “domínio da saúde”. No entanto, ao consultar o documento que se encontra atualmente em consulta pública, não é possível encontrar qualquer referência explícita aos termos “sexualidade” ou “saúde sexual e reprodutiva” — ambos incluídos na versão de 2017 da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania. Analisando em detalhe a dimensão da saúde no novo guião da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, verifica-se que, no primeiro ciclo do ensino básico, entre os conhecimentos previstos incluem-se metas como “expressar afetos através de uma comunicação positiva, respeitadora e assertiva” e “reconhecer que as pessoas são diferentes, física e mentalmente”. Já no segundo e terceiro ciclos, surgem objetivos como “respeitar questões relacionadas com a intimidade e a privacidade de cada pessoa” e “estabelecer relações interpessoais saudáveis, baseadas no respeito, na comunicação, na confiança e no consentimento”. No ensino secundário, as aprendizagens destacam-se pela ênfase no bem-estar e na convivência inclusiva, como “interagir com base no respeito e na confiança, sem discriminação” e “reconhecer a responsabilidade de cada indivíduo na saúde mental e no equilíbrio emocional, em prol do bem-estar individual e coletivo”. O termo “sexual” surge, por sua vez, na nova proposta apresentada na dimensão dos “direitos humanos”, aplicada ao terceiro ciclo do ensino básico, onde se lê: “Analisar casos históricos e atuais de violação dos direitos humanos (incluindo, entre outros, tráfico de seres humanos, abusos sexuais, violência de género, bem como violência contra pessoas com orientação sexual e identidade e expressão de género não normativas)”. Em conversa com a Ria, Patrícia Sá alerta que o novo documento pretende alterar “alguns pontos essenciais”. Segundo explica, “em primeiro lugar, reduz os 17 domínios temáticos, dos quais a Educação para a Sexualidade fazia parte de forma explícita, para apenas oito dimensões obrigatórias — sendo quatro transversais e quatro flexíveis”. “De facto, a Educação Sexual já não consta nas aprendizagens essenciais e apenas surge, de forma pontual, no contexto dos direitos humanos, e apenas no terceiro ciclo, nomeadamente no sétimo ano”, analisa. A docente sublinha ainda que a proposta “retira explicitamente os temas da sexualidade e da identidade de género e dá maior ênfase a áreas como o empreendedorismo, a literacia financeira e a segurança”. Além disso, destaca que a participação das famílias passa a ter um papel mais ativo na definição dos planos da disciplina, ao mesmo tempo que é criado um currículo nacional “mais padronizado” e com “menor autonomia” para as escolas. Apesar de reconhecer a importância de garantir igualdade de acesso, a docente alerta que esta mudança exige “cautela”. “A educação pública é regida pelo princípio da igualdade de acesso, e, portanto, o currículo comum pretende garantir que todos os alunos tenham a mesma oportunidade, independentemente da sua origem familiar ou da sua ideologia. Esta personalização curricular, quando é motivada por convicções — sejam religiosas, morais ou políticas — pode criar desigualdades educativas e excluir alunos de aprendizagens que são fundamentais”, reflete. No que diz respeito aos argumentos invocados para justificar a retirada explícita dos temas ligados à sexualidade, a docente alerta para aquilo que considera um grave retrocesso em matéria de direitos humanos e de educação sexual em Portugal. “Desde 1984 que existe educação sexual no sistema educativo português. Ao longo do tempo, o conceito evoluiu — inicialmente designava-se ‘Educação Sexual’, mais tarde passou a ser ‘Educação para a Sexualidade’, refletindo uma abordagem mais ampla e contextualizada”, conta. Segundo Patrícia Sá, este percurso tem sido de reforço e consolidação, culminando com a aprovação da Lei de 2009, que consagrou a obrigatoriedade da educação sexual nas escolas públicas. “Em 2010, o Ministério da Educação publicou inclusivamente um documento de orientações para a educação sexual em meio escolar, e em 2017 a Estratégia Nacional para a Cidadania passou a integrar a Educação para a Sexualidade”, recorda. Nesse sentido, a docente considera que o novo guião representa “um recuo de quatro décadas em avanços e de consenso político relativamente à presença da educação para a sexualidade no currículo”. Adverte ainda para o que descreve como um “silenciamento pedagógico e curricular”. “Há uma clara e intencional diluição de conteúdos fundamentais, construídos ao longo de décadas, que dizem respeito à igualdade de género, à sexualidade, à cidadania inclusiva e aos direitos humanos”, atenta. Para Patrícia Sá, esta mudança representa uma rutura com compromissos assumidos a nível nacional e internacional em matéria de igualdade e não discriminação. “Basta olhar para documentos como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, a Convenção sobre os Direitos da Criança ou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no âmbito da Agenda 2030. Todos eles sublinham a importância de uma educação orientada, de forma explícita, para a promoção da igualdade, da diversidade, da tolerância e da não discriminação — princípios que têm sido considerados nos desenvolvimentos curriculares em vários países, incluindo Portugal”, especifica. Caso se confirme a exclusão destes conteúdos do currículo escolar, a docente alerta para as consequências “absolutamente diretas” para os jovens. “Aliás, há dados. Existem estudos, inclusive realizados em Portugal, que comprovam estes impactos”, afirma. “Num contexto em que assistimos à normalização e até à proliferação de discursos de ódio, de mensagens homofóbicas entre jovens, e em que a violência no namoro continua a ser uma realidade alarmante, inclusive entre estudantes universitários, os relatos são chocantes: muitos jovens normalizam o controlo e a violência nas relações”. Patrícia Sá cita ainda os estudos do Observatório Nacional da Violência Escolar e da ILGA Portugal [Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo], que demonstram como os alunos LGBT+ são desproporcionalmente vítimas de bullying, exclusão e, em muitos casos, de abandono escolar. “A escola tem de ser um espaço seguro, onde conteúdos explícitos sobre identidade de género, orientação sexual, empatia e diversidade estejam presentes. Sabemos que esta presença reduz a violência e melhora o ambiente escolar”, reforça. Relembra ainda que a educação para a sexualidade, quando integrada de forma transversal desde os primeiros anos de escolaridade, é um instrumento fundamental de prevenção e de proteção. “Sem qualquer dúvida, é uma ferramenta essencial para proteger os mais vulneráveis — aqueles que são mais frequentemente alvo de discriminação e de violência, nomeadamente a violência de género”. Ao longo da conversa, a docente sublinha também que “educação para a sexualidade não é educação para o sexo”. “Muito pelo contrário”, frisa. “Uma educação para a sexualidade é uma educação que pretende promover exatamente conhecimento e dar ferramentas às crianças, aos jovens, para que ao longo da sua vida de forma adequada vão conseguindo construir conhecimento sobre a dimensão da sexualidade e em que vão aprender a estabelecer barreiras, a criar empatia, a identificar violência, a identificar bullying, a intervir de forma responsável, consciente e adequada”, continua. Insiste ainda que se trata de um “contexto livre de ideologia”. “A escola deve respeitar a diversidade, mas não se deve submeter à censura ou a um veto ideológico de grupos sociais, políticos e de grupos religiosos”, relembra. Esta terça-feira, 23 de julho, tal como noticiado pela RTP, Fernando Alexandre garantiu que a educação sexual na disciplina de Cidadania é para “manter”. Para o ministro da Educação foi feita uma “má interpretação da proposta que foi apresentada”. “Seria um retrocesso enorme se a educação para a sexualidade saísse das escolas e da formação dos alunos”, afirmou, garantindo ainda que “nenhum tema vai ser retirado do programa”. Em declarações aos jornalistas, o ministro sublinhou que as aprendizagens essenciais correspondem a uma “descrição muito sintética daquilo que vai ser trabalhado na disciplina (…) e, por isso, os conteúdos que têm vindo a ser discutidos que foram excluídos como, por exemplo, a educação sexual não é verdade”. Acrescentou ainda: “Primeiro, não é verdade na disciplina. Continua presente e pode ter mais densidade ou menos consoante a forma como for adotada no currículo. Aquilo que foi apresentado são as aprendizagens essenciais e depois a educação para a sexualidade está prevista na Lei n.º60/2009. (…) É uma matéria que é desenvolvida em várias disciplinas de uma forma interdisciplinar. Há projetos específicos nas escolas”. Durante a mesma intervenção, Fernando Alexandre deixou ainda um alerta para um tema que considera essencial e que, segundo o próprio, “ainda não viu discutido”: a formação dos professores. “No fundo, quem vai estar na sala de aula a dar seja a educação para a sexualidade, seja a literacia financeira”, resumiu. O ministro da Educação admitiu ainda que o prazo da consulta pública poderá ser alargado já que “desde terça-feira vários sites do Ministério da Educação registaram constrangimentos, chegando a ficar em baixo, incluindo a página da Direção-Geral da Educação, onde decorre a consulta pública”. Perante estas declarações, Patrícia Sá considera que se trata de uma tentativa de “suavizar a discussão”. “Quando nós olhamos para a nova proposta que é pública (…) de facto as questões da sexualidade são realmente retiradas. Elas estão remetidas a um ponto relacionado com os direitos humanos e com a saúde. (…) Penso que isso é uma tentativa de diluir e de suavizar, digamos assim, este silenciamento, que é um silenciamento curricular e pedagógico. Não está previsto. É uma lacuna. Há uma amputação, digamos assim, do documento orientador”, explica. Relativamente à formação dos professores considerou ser “absolutamente essencial”, ainda assim, recordou que as questões da educação para a sexualidade “estão previstas na formação inicial” de docentes. “A formação inicial dos professores e depois a nível do segundo ciclo, portanto, a nível do mestrado, têm unidades curriculares que abordam diferentes questões da estratégia nacional da educação para a cidadania (…) e, por exemplo, esta questão da educação para a sexualidade (…) é abrangida em diferentes unidades curriculares”, partilha. Uma das principais novidades da nova proposta apresentada é a introdução da dimensão da “literacia financeira e empreendedorismo” já no primeiro ciclo do ensino básico, passando a ser obrigatória em todos os anos de escolaridade. Na versão anterior, de 2017, a literacia financeira surgia integrada no segundo grupo, que era obrigatório apenas em “pelo menos dois ciclos do ensino básico”. Já o empreendedorismo aparecia de forma isolada, no terceiro grupo, com carácter opcional e aplicável a qualquer ano de escolaridade. Questionada sobre esta reformulação, Patrícia Sá é clara: “Eu acho que não é incompatível. Acho que podemos promover literacia financeira e empreendedorismo sem deixar cair a educação para a sexualidade”. “Receio, e isto é uma opinião pessoal, que isto tenha mais a ver com opções e discursos políticos, que depois se traduzem naquilo que se consegue perceber o que é e como funciona a escola, e até a própria educação e a sua finalidade”, remata.

Recuperação de estruturas metálicas do Estádio de Aveiro custa meio milhão de euros
Cidade

Recuperação de estruturas metálicas do Estádio de Aveiro custa meio milhão de euros

Em comunicado, a autarquia refere que a proposta de adjudicação foi aprovada na reunião privada do executivo municipal, que se realizou esta manhã. A empreitada de reabilitação dos guarda-corpos metálicos do Estádio Municipal de Aveiro – Mário Duartefoi adjudicada por 540.188,50euros, abaixo do valor base fixado em 625.400 euros, e um prazo de execução de 180 dias. Segundo a autarquia, a intervenção tem caráter preventivo, mas inclui também zonas de reabilitação profunda, com o objetivo de recuperar as estruturas metálicas de proteção e vedação, que desde a inauguração do Estádio, em 2003, nunca tinham sido alvo de uma intervenção global de manutenção. "Trata-se de uma das primeiras ações inseridas no plano de investimento progressivo e estruturado de qualificação do Estádio Municipal, com intervenções por tipologia, assegurando as condições de segurança e longevidade da infraestrutura desportiva de maior dimensão do município", conclui a nota.