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‘Aliança Mais Aveiro’ apresenta candidatura em Glória e Vera Cruz com ausência de Fernando Marques

A coligação ‘Aliança Mais Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) apresentou esta quarta-feira, 23 de julho, Glória Leite como candidata à Junta da União de Freguesias de Glória e Vera Cruz. A ausência de Fernando Marques, histórico presidente da junta que liderou a freguesia nos últimos 12 anos, marcou a sessão, contrariando o padrão das anteriores apresentações, onde os autarcas cessantes estiveram sempre presentes.

‘Aliança Mais Aveiro’ apresenta candidatura em Glória e Vera Cruz com ausência de Fernando Marques
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
24 jul 2025, 10:31

A apresentação da candidata Glória Leite à Junta da União de Freguesias de Glória e Vera Cruz, pela coligação ‘Aliança Mais Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM), decorreu esta quarta-feira, em pleno centro da cidade, na Praça Melo Freitas. Ainda antes do início do evento, já se fazia notar uma considerável moldura humana. O ambiente foi animado por um músico ao vivo, acompanhado de um violino, num palco improvisado pela coligação, que atraiu dezenas de apoiantes e curiosos — muitos dos quais aproveitaram para registar o momento em vídeo. Curiosamente, esta mesma praça já foi, em tempos, um espaço de referência para os artistas de rua em Aveiro. Nos últimos anos, porém, vários artistas têm denunciado dificuldades impostas pela autarquia, tal como avançado pela Ria, particularmente no que diz respeito à obtenção de licenças para ali poderem atuar livremente.

Questionado pela Ria sobre se a escolha de um número musical para abrir o evento simbolizava maior apoio aos artistas de rua e à cultura local, Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança’ à Câmara Municipal de Aveiro, garantiu que a sua proposta passa pelo diálogo: “Vamos ouvir todos”, afirmou. “Eu tenho por norma sentar as pessoas à mesa e ouvir os argumentos de uns e de outros. É evidente que também não podemos deixar isto virar uma selva urbana”, sublinhou, mostrando-se disponível para construir consensos.

O candidato reforçou ainda a importância da animação cultural contínua na cidade: “Precisamos de muita animação nas nossas ruas. Como disse no meu discurso, temos uma grande manifestação cultural de rua, que é o Festival dos Canais, mas é preciso mais. Eu quero animação o ano todo”, afirmou. Luís Souto de Miranda adiantou ainda que não descarta a criação de um regulamento municipal específico para os artistas de rua, de forma a garantir “regras claras” para todos.

Além deste pormenor, houve um outro detalhe que não passou despercebido a quem marcou presença na Praça Melo Freitas: a ausência de Fernando Marques, atual presidente da Junta de Freguesia de Glória e Vera Cruz. Ao contrário do que tem sucedido nas restantes apresentações da coligação, o autarca não esteve presente no evento, nem o seu nome foi referido nos discursos de Luís Souto de Miranda ou de Glória Leite.

Recorde-se que Fernando Marques é uma figura histórica do Município de Aveiro, tendo liderado a União de Freguesias de Glória e Vera Cruz ao longo dos últimos 12 anos. Não poderá recandidatar-se nestas eleições por ter atingido o limite legal de mandatos consecutivos.

Confrontado com a ausência do autarca, Luís Souto de Miranda referiu que “este é um momento de apontar para o futuro”. “Nós temos todo o respeito pelo trabalho. Haverá um momento obviamente em que será feita a despedida do atual presidente, mas este era o momento da professora Glória e daí não ter havido especiais referências porque as pessoas queriam saber o que ‘Aliança’ pensa para o futuro. Não é muito o dia hoje das homenagens”, justificou.

Questionado sobre o facto de Fernando Marques ter sido, até ao momento, o único presidente de Junta da coligação a faltar às apresentações, o candidato respondeu: “Terá de perguntar ao senhor presidente de Junta”, sublinhando que não foram feitos convites individuais para o evento. “Nós convidamos toda a população a estar presente. Isto é um espaço aberto. (…) Eu pessoalmente não fiz convites a ninguém, apenas convites gerais, através das redes sociais e outros meios”.

Apesar da ausência, o candidato sublinhou o valor do autarca: “É um histórico autarca que nós prezamos pelo trabalho que fez ao longo de muitos anos. É um servidor público a quem Aveiro está muito grato. Isso não há dúvida nenhuma. Será reconhecido na altura certa. (…) Não esteve aqui presente se calhar também por razões pessoais optou por não estar presente”, insistiu.

Sobre se essa ausência poderia ser um sinal de descontentamento com a escolha da candidata, Luís Souto reafirmou que “isso terá de lhe perguntar a ele”. “Não há assim razão nenhuma. Todos os presidentes atuais foram previamente auscultados. Isso é que é importante as pessoas saberem. Depois dessa auscultação escolhemos as soluções que achamos que eram melhores para o futuro da nossa cidade, do nosso Município”, relembrou.

Por sua vez, Glória Leite, em entrevista à Ria, mostrou-se consciente de uma certa discordância, ao afirmar que gostaria que o autarca estivesse “ao nosso lado”, mas que “tal não é possível, pois todos temos as nossas idiossincrasias e são opções pessoais”. “Eu não sou de criar barreiras, sou de criar pontes. Ao longo do caminho, tentei isso, mas não tem sido possível. Pode ser que até ao fim ainda consigamos”, exprimiu, realçando que é uma mulher de “esperança e otimista”.

Ainda assim, a candidata realçou o valor do trabalho realizado por Fernando Marques: “O senhor Fernando tem um trabalho exemplar na União de Freguesias que deve ser muito respeitado e preservado. É isso que nós devemos fazer. Tanto é que dei ênfase à parte que está feita e que deve ser consolidada”, reforçou.

“Acho que também já é altura de termos alguém que vive aqui”

Já durante a sessão de apresentação, o primeiro a tomar a palavra foi Luís Souto de Miranda. Ao longo do seu discurso, fez questão de sublinhar a “emoção particular” que sentiu por estar a apresentar a candidatura de Glória Leite naquele espaço central da cidade. “É um local cheio de história. Nós temos aqui este obelisco que representa uma homenagem que foi feita à liberdade”, referiu, numa alusão à figura de José Estêvão. No seguimento, fez ainda questão de reforçar que é um “filho desta freguesia”. “Nasci aqui, tenho de dizer aqui que de facto eu sou ceboleiro, não sou cagaréu, mas (…) posso dizer que sou um filho desta União de Freguesias”, disse. “Portanto, nasci aqui, sou residente aqui”, continuou.

À semelhança do que tem feito noutras apresentações, o candidato da ‘Aliança Mais Aveiro’ aproveitou o momento para criticar Alberto Souto de Miranda, candidato do Partido Socialista (PS) à Câmara de Aveiro, realçando que o mesmo não reside em Aveiro. “Acho que também já é altura de termos alguém que vive aqui, que vive os nossos problemas, também paga as taxas que vai decretar”, atirou.

Virando o discurso para o futuro de Aveiro e da União de Freguesias de Glória e Vera Cruz, Luís Souto de Miranda afirmou querer construí-lo com uma “renovada energia, determinação e vontade de fazer mais por Aveiro”. “A professora Glória personifica este querer fazer mais.Não lhe faltam qualidades”, comparou. Falando diretamente sobre a candidata, acrescentou: “É um exemplo de força, de vontade, de persistência e de que na vida nada se alcança sem esforço, disciplina, rigor e vontade de vencer os desafios”.

Respondendo indiretamente às críticas que apontavam um eventual conflito de interesses pelo facto de Glória Leite ser, atualmente, diretora do Agrupamento de Escolas José Estêvão, Luís Souto de Miranda assegurou que: “A professora Glória, que estamos hoje aqui a apresentar, não precisa de mais um cargo para se evidenciar, não precisa de resolver a sua vida pessoal com o cargo de junta de freguesia”. “A Glória está aqui por uma razão, porque ama a sua freguesia e ama Aveiro.A Glória está aqui porque quer mesmo fazer coisas boas pela comunidade”, reforçou.

Também em entrevista à Ria, Glória Leite reconheceu que têm existido “algumas tentativas” de levantar dúvidas sobre a compatibilidade entre os dois cargos, mas garantiu que só aceitou o convite porque a lei o permite. “Se não fosse compatível, eu não teria aceitado”, afirmou. “A lei prevê que um diretor possa exercer o cargo de presidente de junta em regime de não permanência, sem auferir qualquer vencimento — mantém-se o vencimento de origem na escola — mas assumindo integralmente a responsabilidade executiva”, explicou.

Para que essa conciliação funcione, destacou a importância de ter equipas sólidas em ambas as frentes: "Tenho de ter uma equipa forte na União de Freguesias e uma equipa forte na escola e é isso que pretendo”. Lembrou ainda que não se trata de uma situação inédita, apontando o exemplo de Filinto Lima, atual presidente da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro e, simultaneamente, diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos. “O que temos de ter sempre na vida? Bom senso, equilíbrio e discernimento para saber quando estamos num papel e quando estamos no outro”, rematou.

Ainda na apresentação, Luís Souto de Miranda revelou também que muitos se questionaram por Glória Leite ser candidata independente pela ‘Aliança’. Aproveitou o momento para citar o Luís Montenegro, primeiro-ministro, sublinhando que “temos de trazer os bons para a política, sem exigir cartão de partido”.

Aproveitando o perfil da candidata, Luís Souto de Miranda destacou o seu “rigor” — qualidade que, segundo o próprio, é fundamental também na gestão autárquica — e lançou nova crítica ao PS: “Precisamos de rigor para não voltarmos ao tempo do descrédito. Os aveirenses já tiveram a sua troika, já pagaram os seus impostos, os desvarios do passado da governação socialista da Câmara Municipal”, apontou.

Para reforçar a diferença entre a gestão atual e a anterior, deu como exemplo o prazo médio de pagamento a fornecedores por parte da Câmara de Aveiro, afirmando que atualmente é de apenas “quatro dias”. “Sabem qual era o prazo de pagamento aos fornecedores no tempo da governação socialista? Não havia prazo.Era a perder de vista”, respondeu, classificando essa realidade como uma falta de respeito para com os pequenos empresários, associações, clubes e até juntas de freguesia. “Nós não estamos para esse peditório. (…) O dinheiro público é de todos nós e exige rigor na sua aplicação”, reforçou.

Já sobre os projetos para o futuro da cidade, o candidato da ‘Aliança Mais Aveiro’ destacou a antiga lota como uma “oportunidade única” e lamentou a postura dos partidos da oposição, que se têm mostrado críticos face à proposta do executivo para aquele espaço que prevê, entre outros aspetos, a criação de habitação e de um hotel. “Chega de conversa fiada e de intelectuais de pacotilha que estão sistematicamente a atrasar o desenvolvimento da nossa terra”, criticou.

“O presidente Ribau Esteves conseguiu, após uma luta de anos, (…) que esta área da antiga lota viesse para a esfera municipal.Já foi feito o concurso de ideias.Certamente haverá ajustes, mas não é tempo de andar a repensar tudo”, continuou. Recorde-se que, na passada segunda-feira, 21 de julho, a Iniciativa Liberal (IL) propôs uma alternativa ao plano em curso, sugerindo a criação de um “novo centro de vida urbana” na antiga lota e rejeitando “mais luxo à beira-ria”. Em resposta às críticas e sugestões apresentadas pela oposição, Luís Souto respondeu: “É muito bonito propor ideias muito lindas e o dinheiro senão sair das receitas previstas acreditem que a fatura é de cada um de vocês que está aqui a assistir”.

Para o candidato aquele espaço será a “futura joia da coroa de Aveiro”. “Será um espaço nobre para andarmos lá a passear, para as atividades náuticas.Aveiro tem uma tradição náutica que não pode perder, pelo contrário, temos de expandir”, sublinhou.

Já sobre a Zona do Cais do Paraíso — alvo de críticas recentes da oposição, nomeadamente do Bloco de Esquerda (BE), que classificou o projeto de hotel previsto como um “mamarracho” - Luís Souto de Miranda voltou a criticar o posicionamento dos partidos da oposição. “Agora que se arranjou uma solução para um problema de décadas, uma vergonha às portas da cidade, lá vem novamente o coro dos ‘velhos do Restelo’”, ironizou. “Nós queremos que aquela área seja valorizada, que se torne um local de excelência [e] preservar aquele moinho que ali está”, sintetizou.

Abordando, desta vez, a zona da Beira-Mar e da Praça do Peixe — precisamente o local onde decorreu a sessão —, o candidato da ‘Aliança’ sublinhou a necessidade de reforçar a segurança na freguesia, tanto ao nível da circulação rodoviária como nos espaços públicos. “A prevista videovigilância vai mesmo avançar. Haverá zonas específicas que o justificam. Eu estou farto, mas mesmo farto de ver atos de vandalismo na minha terra”, exprimiu.

Luís Souto de Miranda apresenta “seis áreas” do programa eleitoral

Referindo-se ao seu programa eleitoral, Luís Souto de Miranda apresentou “seis áreas”, sublinhando que se trata de compromissos “mesmo para cumprir”. “Mais vale prometer pouco e fazer do que anunciar muitos sonhos que se podem traduzir em pesadelos para os contribuintes aveirenses”, atirou.

A primeira dessas áreas prende-se com a melhoria do espaço urbano e das vias de comunicação na cidade. Entre os exemplos referidos, destacou a necessidade de eliminar os buracos nos passeios e de melhorar as condições das ruas, sobretudo para pessoas com deficiência. Ainda neste ponto, anunciou que está previsto um concurso público, “em breve”, para uma intervenção profunda no bairro da Beira-Mar. “Será já no nosso mandato que essa recuperação irá avançar e ser concluída”, garantiu.

O candidato da ‘Aliança’ frisou ainda a urgência de melhorar a acessibilidade pedonal e a fluidez do trânsito automóvel na Avenida, apontando como solução o reforço das condições de segurança e a expansão das vias cicláveis.

Quanto aos transportes públicos, admitiu que, embora tenham sido feitas melhorias, ainda há trabalho por fazer. “Não há dúvida de que é preciso repensar a oferta de transportes públicos”, disse, defendendo também o incentivo à utilização dos parques periféricos em articulação com os transportes coletivos.

Como segundo eixo do seu programa, Luís Souto de Miranda propôs tornar a cidade — e particularmente a freguesia — “mais verde e mais amiga do desporto informal”. “Quero que cada bairro tenha um apontamento paisagístico que torne a cidade mais bonita, mais agradável”, explicou. “Em cada bairro um recinto, pode ser muito simples, mas que permita que os miúdos, ou mais graúdos, brinquem e joguem, que é algo que nos faz muita falta. Não podemos ter só locais para estarem sentados a fazer scrolling no telemóvel”, acrescentou.

No âmbito das requalificações de espaços públicos, manifestou ainda o desejo de intervir no Parque Infante D. Pedro, de avançar com o Parque das Barrocas e de concretizar, por fases, o que chamou de “futuro grande parque da cidade”, previsto para a zona do pavilhão do Galitos, em função dos meios disponíveis.

Como terceiro grande objetivo, o candidato da ‘Aliança’ propôs aumentar a atratividade de Aveiro, tanto para visitantes como para residentes. “É ótimo fazer um passeio de moliceiro (…), mas as pessoas vão dizendo: falta aqui qualquer coisa. O Festival dos Canais é excelente, mas há quem defenda que precisamos de mais atratividade”, observou. Nesse sentido, defendeu a criação de uma programação cultural consistente “ao longo do ano”, com iniciativas que reforcem os motivos para visitar a cidade — e, sobretudo, para nela permanecer.

Como exemplo prático, destacou o Ecomuseu do Sal, iniciativa que considerou “excelente”, propondo o alargamento do conceito com a criação de um novo polo dedicado ao sal, nas suas diversas vertentes. “O sal pode voltar a ser o nosso ouro branco”, afirmou, sublinhando a importância de uma estreita colaboração com a Universidade de Aveiro para concretizar este desígnio.

Valorizando também a preservação das tradições locais, Luís Souto de Miranda assegurou que “tudo o que seja reavivar, preservar e divulgar as nossas tradições contem connosco”. Neste âmbito, propôs o regresso da Feira de Artesanato de Aveiro (FARAV), evento que, recordou, “tanto êxito teve há uns anos atrás com a participação de várias entidades”. Por fim, apontou ainda a criação de um centro de arte contemporânea como um dos projetos emblemáticos para a cidade: “Uma referência a nível nacional e, porque não, a par com o que melhor se faz por essa Europa fora”.

Como quarta grande prioridade, o candidato da ‘Aliança’ assinalou a habitação, classificando-a como “o problema número um — em Aveiro, em Portugal e em toda a Europa”. Defendeu a necessidade de “dar força aos projetos de habitação a custos controlados” já previstos para o concelho.

Apesar de pertencer ao partido que lidera o Governo, garantiu que isso não condicionará a sua atuação. “Eu sou do partido do Governo, mas que ninguém pense que estarei de braços estendidos a pedir favores. Eu vou fazer uma cooperação estratégica com o Governo, para garantir que este assume as suas responsabilidades. E nesta área da habitação, é o Governo que tem a primeira palavra”, vincou.

Luís Souto de Miranda acrescentou que há margem para “ser mais ambicioso” e explorar oportunidades para habitação acessível mesmo no centro da cidade. No entanto, advertiu que esse processo exige “uma concertação ótima entre a Câmara Municipal e o Governo”. E concluiu: “Os aveirenses decidirão, mas, de forma muito racional, penso que será mesmo melhor para Aveiro termos dois Luíses à frente: um na Câmara e outro no Governo”.

Como quinto eixo abordou a questão da educação, garantindo que irão avançar “a todo o vapor” com a construção da nova Escola Secundária Homem Cristo. Por fim, falou sobre a saúde, insistindo que “Aveiro não pode esperar mais pela expansão do hospital”. “É inadmissível o que têm feito a Aveiro. São anos após anos. Parece que estão a gozar connosco”, confessou. Reforçando a crítica ao PS, questionou a pertinência de “voltar à discussão de há 20 anos” sobre a localização do hospital, perguntando diretamente: “Vocês acham que isso é bom para Aveiro nesta altura?”

Glória Leite garante ser uma voz “exigente, ativa e independente”

Na sua intervenção, Glória Leite confessou ter-se inspirado em José Estêvão, citando-o ao longo do discurso: “Os títulos em que fundo a minha candidatura são a inocência da minha vida política e a minha constante dedicação pelas coisas da nossa terra”. “Estar em Aveiro implica disponibilidade, exigência, visão, planeamento, proatividade e inovação”, acrescentou a candidata.

Além das linhas apresentadas por Luís Souto de Miranda, Glória Leite sublinhou ainda a intenção de melhorar a comunicação com os fregueses, propondo a ampliação do horário de funcionamento, a aposta em canais online e a criação de uma linha de apoio para o relato de questões e problemas. Garantiu a manutenção dos “cabazes de Natal” e do “passeio sénior anual”, mas destacou que “queremos uma freguesia sem solidão, com um programa intergeracional com valência múltiplas”.

Apostando no voluntariado, tanto jovem como sénior, a candidata explicou: “Temos pensado num programa que envolva as várias faixas etárias, com mais ou menos experiência de vida, mas com benefícios para todos”. Nesse sentido, anunciou que será implementado o serviço gratuito de “cuidador de proximidade”, destinado a apoiar em pequenas tarefas domésticas e no acompanhamento daqueles que mais precisam.

Glória Leite reforçou o compromisso com a cultura e o desporto, explicando que pretendem “fazer acontecer mais Aveiro com ação, visão e compromisso, dando particular relevância à ligação entre a cultura, incluindo todas as vertentes culturais, e o desporto, com as associações e clubes que têm demonstrado toda a disponibilidade para participar num programa social de dinamização cultural anual da União de Freguesias, em diferentes locais”.

A candidata destacou ainda a importância de “unir gerações, fomentar a captação de talentos para as nossas associações e clubes e fazer dos eventos uma normalidade, respeitando quem cá mora e aqueles que escolheram a cidade como sua”. Sobre o desporto, apontou que “os espaços que estão à nossa volta necessitam de intervenção urgente para que possam ser fruídos por todos, para que sejam fator de promoção da atividade física na nossa cidade”. Entre as prioridades estão a dinamização do Parque Infante D. Pedro, a requalificação dos bairros de Santiago e do Liceu, e a intervenção nos campos de basquetebol, futebol e ténis, para “colocar os vizinhos a conviver, travar as solidões e promover a saúde mental”.

Glória Leite apontou ainda a necessidade de reordenar o turismo, propondo que a União de Freguesias promova a mobilidade entre a estação e o centro da cidade, “feita com equilíbrio para existirem turistas em ambos os lados da freguesia”. Sugeriu também disponibilizar “informação consolidada, atualizada e de fácil acesso” com todos os pontos de interesse “cultural, etnográfico, material e imaterial”, assim como articular com o comércio e artesãos para a organização de eventos ao longo do ano.

“Queremos ser uma União de Freguesias sustentável e amiga do ambiente. Queremos os parques verdes para as gerações, promotores de atividades para todas as idades, multiculturais, multifunções e inclusivos”, destacou. “Queremos as hortas no centro da cidade e também as queremos em Vilar, e teremos estas como uma prioridade”, continuou. Sobre este último, disse que “a Ribeira de Vilar está no nosso programa como prioritária” e que acolhem “o projeto da Universidade do Minho, colaborando com a Câmara e com as outras freguesias da cidade”.

Envolvendo as escolas, Glória Leite enfatizou que “os nossos fregueses mais novos têm de ser parte da solução. (…) Também com eles levaremos a cabo ações de limpeza comunitária nas margens e canais, em parceria com associações náuticas, ambientais e outras da freguesia”.

Prometeu ainda melhorar a limpeza e manutenção dos cemitérios. Destacou a prioridade em “rebaixar os passeios e melhorar as acessibilidades em toda a cidade”, comprometendo-se a resolver, em cooperação com a Câmara e com Luís Souto, “a falta de estacionamento, a habitação e a melhoria da iluminação pública”.

No final, assegurou que será sempre uma voz “exigente, ativa, independente, junto do nosso futuro presidente da Câmara”. “Seremos sempre uma voz firme,construtiva na defesa dos interessesda nossa União de Freguesias,com humildade e com muita alegria”, rematou.

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Bruno Alves começou, numa fase inicial, por se dar a conhecer aos presentes. Aveirense de gema, exprimiu que tem uma “paixão imensa” pela cidade e que mora “há 15 anos” em Santa Joana. Num tom crítico, reconheceu que a freguesia “precisa de muita atenção”, apontando em particular o estado “muito degradado” das estradas. “É uma freguesia que vive apenas para uma ou duas ruas, ficando o restante remetido para segundo plano”, sublinhou, insistindo que o partido quer mudar esta realidade. “Queremos representar esta mudança de mentalidade de que só existe um sítio ou aquilo que vai na cabeça de quem governa”, atirou Bruno Alves. Ainda nas críticas, o candidato do Chega em Santa Joana apontou o exemplo da escola EB1 do Solposto, que considera estar “absolutamente esquecida”. “É de uma falta de cuidado tremenda a forma como nós tratamos as nossas crianças, os nossos pais, os nossos professores. É inadmissível uma obra estar há quatro ou cinco anos no começa, acaba. Passa por duas empresas ambas abriram falência. Não há responsabilidade do executivo na falência das empresas”, criticou. Bruno Alves defendeu que a sua candidatura pretende trazer “transparência”. “Temos ido a outras freguesias vizinhas e as queixas são transversais a toda a gente. São as estradas, os passeios, as escolas, o facto de não se ponderar sequer a execução de um cemitério…. (…) Temos de ter esta presença, ouvir as pessoas constantemente, perceber o que é que realmente a freguesia quer e para onde a freguesia quer caminhar”, explicou. No seguimento, avançou que a sua candidatura assenta em “cinco compromissos básicos”: Cuidados com os espaços públicos; apoio às famílias; transparência nas contas; segurança e educação e presença. “A nossa freguesia só tem a presença do executivo naqueles pontos-chave da freguesia e são pontos-chave para eles. Para mim, o ponto-chave da freguesia é toda a freguesia”, reforçou. A sessão contou ainda com a intervenção de Diogo Soares Machado, candidato do Chega à Câmara de Aveiro, que aproveitou o momento para criticar o atual executivo. A propósito da habitação em Santa Joana, apontou como exemplo negativo as zonas do Caião e do Griné. “Foi construir e abandonar”, frisou, atirando responsabilidades ao Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) e ao Município. “Uma vez eleitos, tudo o que é IHRU vai passar para a posse do Município. (...) Com essa gente nós não vamos perder mais tempo”, garantiu. O candidato acrescentou ainda que o Chega se apresenta “para assumir responsabilidades que outros permanentemente tentam alijar, passando-as para terceiros”. Numa crítica direta a Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, atirou, ironicamente, que: “um deixou 250 milhões de euros de dívidas e foi-se embora dizendo que foram 250 milhões, mas deixou um estádio”. Sem esquecer a área da saúde, Diogo Soares Machado classificou-a como “quase criminosa”. “Ao longo de 35 anos, o Hospital de Aveiro é o mesmo. (…) Há dez anos não tinha contentores… Agora tem contentores onde funcionam consultas (…) de quimioterapia, de oncologia”, atirou. O candidato acusou ainda a autarquia de inação. “O que é que fez a Câmara que ainda está? Vendeu (…) o terreno em frente ao hospital e comprou, demoliu os antigos armazéns da Câmara e o antigo estádio Mário Duarte. (…)E, em oito anos, o que fez foi um parque de estacionamento em gravilha. Mais nada. Zero”, criticou. Recorde-se que tal como noticiado pela Ria, o Chega apresenta como uma das principais medidas a construção de um novo hospital, localizado fora de Aveiro, na confluência das grandes autoestradas, nos terrenos do Parque Desportivo de Aveiro. A propósito da reclamação que suspendeu a adjudicação do projeto de ampliação do Hospital de Aveiro, Diogo Soares Machado deixou ainda uma garantia: “Se for preciso eu acampo à porta do Ministério da Saúde e não saio enquanto não me disserem quais são os compromissos e os requisitos que a Câmara de Aveiro tem de cumprir para, em conjunto com o Ministério da Saúde, ambos unirem esforços e até 2029 termos o novo hospital a construir”. Sobre o curso de Medicina na Universidade de Aveiro acrescentou também: “Vai ser o nosso parceiro de excelência, não só no projeto do novo hospital, como na exploração do novo hospital. O edifício académico, com laboratórios, com 15 blocos operatórios”.

CDU Aveiro apresenta programa eleitoral com foco em habitação, cultura, transportes e desporto
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CDU Aveiro apresenta programa eleitoral com foco em habitação, cultura, transportes e desporto

“Há toda uma panóplia de medidas que podem e devem ser postas em marcha. Claro que não é de um dia para o outro, tudo leva o seu tempo e nós temos compromisso e assumindo o compromisso que queremos cumprir, tem de ser dado o tempo necessário para que todas estas medidas possam ser implementadas”, frisou Isabel Tavares. Segundo a cabeça de lista, o projeto está “alicerçado num conjunto de medidas necessárias à população”. Questionada pelos jornalistas sobre o que distingue a CDU dos restantes partidos, a cabeça de lista foi clara: “A carência habitacional que se vive no concelho, a questão dos transportes públicos que não dão resposta às necessidades da população, o desporto que está deixado de parte e a cultura nem se fala… Uma cidade viva tem de ter cultura e nós queremos que Aveiro tenha resposta também nestas vertentes”, exprimiu. Ao longo de 23 páginas do seu programa eleitoral, a CDU propõe para enfrentar o problema da habitação, entre outras propostas, um reforço da habitação social e cooperativa, a criação de novas cooperativas de moradores e o combate aos imóveis devolutos. A coligação quer ainda que 20% dos fogos em novos empreendimentos sejam destinados a custos controlados, além de programas de habitação jovem nos centros urbanos e históricos. No campo da cultura, a CDU defende um Teatro Aveirense mais aberto às produções locais, a criação de ateliers municipais coletivos para artistas e uma aposta forte na valorização do património histórico, cultural e industrial da cidade. No campo da mobilidade, a CDU compromete-se a municipalizar os transportes rodoviários, reduzir tarifas e caminhar para a gratuitidade progressiva. O programa inclui ainda a requalificação da Linha do Vouga, a expansão das ciclovias e o reforço das ligações fluviais a São Jacinto. O desporto é outra das áreas em destaque. A CDU propõe a construção de um pavilhão multiusos com capacidade para 3000 pessoas (no mínimo) e de um complexo de piscinas municipais, incluindo uma piscina olímpica. Quer ainda apoiar o desporto escolar e de formação, criar um parque para desportos radicais e valorizar o CAR-Surf de São Jacinto. Quanto às acessibilidades, o programa insiste na conclusão da ligação sul à A1, na valorização da Linha do Vouga e na recuperação das estradas e passeios degradados. A CDU quer também mais percursos pedonais e cicláveis e uma gestão do estacionamento que dê prioridade aos residentes. Para além das propostas, o programa eleitoral da CDU aponta também críticas à atual gestão camarária, acusando-a de manter uma “dívida relevante, fruto de décadas de irresponsabilidade política na gestão do património e das finanças municipais, com projeção no presente e futuro”. “Mantemos hoje uma câmara à deriva, que foi abdicando ao longo das últimas décadas das suas principais competências, privatizando serviços, na maior parte dos casos de forma ruinosa, desde os resíduos sólidos urbanos à água, do saneamento aos transportes”, lê-se no documento. Confrontada com estas críticas, Isabel Tavares explicou que este tipo de afirmações tem a ver com o tipo de investimento que foi feito no município, “que foi sempre em prol dos privados e em prol da obra que não traz benefícios para os aveirenses”. Como exemplos apontou a obra do Rossio ou da Avenida Lourenço Peixinho. “Há um conjunto de obra feita no Município que não veio reforçar, nem dar aos aveirenses aquilo que era necessário. Veio descaraterizar. É betão em cima de betão”, atentou, insistindo que houve dinheiro “mal investido”. “Os aveirenses não estão libertos de continuar a pagar a dívida que veio no passado. Ribau Esteves a sair da Câmara Municipal propõe honorar Aveiro com mais um empréstimo para a construção do pavilhão municipal”, continuou Nuno Teixeira. Sobre a dispersão de votos à esquerda com a entrada do LIVRE Aveiro nas eleições autárquicas, Isabel Tavares recordou que a CDU tem um projeto “próprio, virado para aquilo que são as necessidades de Aveiro, dos aveirenses e daqueles que cá querem viver”. “Estamos disponíveis para trabalhar com todos desde que tenhamos voz e que nos deem essa voz para podermos fazer esse trabalho”, afirmou. Recorde-se que nas eleições autárquicas de 2021, a CDU obteve 3,34% dos votos, contra os 51,26% alcançados pela coligação PSD/CDS/PPM, que conquistou a liderança da Câmara. Questionados ainda sobre a possibilidade de o Partido Socialista (PS) chegar ao poder e se seria mais fácil para a CDU estar “alinhada”, Nuno Teixeira explicou que, no caso da revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o partido estará ao lado da proposta. Ainda assim, recordou que, em outras ocasiões, como nas votações [em Assembleia Municipal] sobre as portagens da A25 ou sobre os artistas de rua, o PS votou “contra”. “Sempre dissemos: todas as propostas que sejam em prol da população, a CDU lá estará”, sublinhou. “Não nos fechamos ao diálogo com ninguém, estamos abertos ao diálogo, mas sempre nesta perspetiva”, completou Isabel Tavares.

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Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, a sessão será conduzida por Miguel Gomes, candidato da IL à Câmara Municipal de Aveiro, que apresentará as principais propostas do partido para as áreas de: “Educação; Segurança e Proteção Civil; Serviços Urbanos e Gestão do Espaço Publico; Mobilidade e Transportes; Obras Particulares; Ambiente e Sustentabilidade; Cidadania Juventude e Seniores; Cultura; Saúde; Toponímia e História Urbana; Economia, Turismo e Habitação; Habitação Social; Multiculturalismo; Mercados e Feiras; Obras Municipais; Planeamento e Ordenamento e Desporto”. “A Iniciativa Liberal acredita que Aveiro merece mais ambição e mais liberdade. Este programa é o resultado de um trabalho sério, com propostas concretas e realistas, pensadas para responder às necessidades das famílias, dos jovens, das empresas e das freguesias”, realça. O evento contará ainda com a presença de Hugo Condesa, gestor e empreendedor comprometido com a transformação do país. Licenciado em Economia e mestre em Gestão de Empresas, Hugo Condesa “é uma voz ativa na defesa de uma verdadeira descentralização de funções e competências do Estado central para os Municípios, alinhada com a visão da Iniciativa Liberal de uma governação mais próxima, eficaz e livre”, esclarece a nota.

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PS-Aveiro responde à ‘Aliança’ sobre Bruno Ferreira e lança questões sobre Catarina Barreto

No texto, o PS acusa a Aliança com Aveiro de incoerência e de emitir “juízos de valor” infundados. A força política recorda que Bruno Ferreira integra o atual executivo da Junta, eleito pelo PSD/CDS, como tesoureiro, mas sublinha que se trata de um candidato independente, sem lealdades partidárias. “O Partido Socialista reconhece as suas qualidades técnicas, pessoais e políticas. Orgulha-se em tê-lo na candidatura ‘Um Futuro com Todos’”, lê-se no comunicado. Recorde-se que no passado sábado, 13 de setembro, a direção de campanha da coligação ‘Aliança com Aveiro’ acusou Bruno Ferreira de usar “o cargo, os eventos e as instalações da autarquia” para fins eleitorais. Em resposta às acusações de aproveitamento político, os socialistas questionam se “os presidentes de junta e restantes membros dos executivos em funções, eleitos pelo PSD/CDS, que se recandidatam às autárquicas 2025, não o fazem sistemática e diariamente”, apontando exemplos de publicações em redes sociais que, alegadamente, configurariam práticas semelhantes. “Não publicam nas redes sociais das Juntas de Freguesia, atividades , inaugurações, campanhas que não existem? Como fez a presidente e atual candidata à Junta de Freguesia de Aradas com o «Pack Bebé»? A publicação foi apagada mas há prints da mesma”, atira. Sobre o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o PS reafirma a sua oposição à alteração proposta e assegura que Bruno Ferreira “acompanha essa posição”. O partido sublinha ainda que, caso o candidato tivesse estado presente numa reunião da Assembleia Municipal, “votaria como lhe aprouvesse”, rejeitando a ideia de imposições. O comunicado acusa ainda Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança’ à Câmara Municipal e atual presidente da Assembleia Municipal, de incoerência política, por ter recusado demitir-se do cargo quando lhe foi sugerido, ao mesmo tempo que exige a saída de Bruno Ferreira da Junta de Freguesia. Os socialistas vão mais longe e levantam dúvidas sobre a recandidatura de Catarina Barreto, atual presidente da Junta de Freguesia de Aradas, eleita pela coligação da ‘Aliança’. “Desafia os jornalistas a «investigar o caso». Não confia na candidata por si escolhida? Não está seguro de que a mesma não se inscreveu indevidamente na ADSE, Instituto de Proteção e Assistência na Doença, I.P. ? Este assunto é para si um assunto novo do qual nunca tinha ouvido falar? A falta de transparência e de respeito pelo Estatuto da Oposição, nesta Junta de Freguesia, não o incomodam? Não beliscam a ética por si defendida?”, questiona. Relembre-se que, em entrevista à Ria, Luís Souto admitiu que teria de “atuar” caso Catarina Barreto tivesse beneficiado indevidamente de ADSE. A concluir, a Comissão Política Concelhia de Aveiro do PS deixa um aviso ao candidato da Aliança com Aveiro: “Não é por falar mais alto que o ouvem, não é por apontar o dedo aos adversários que passará incólume. Estamos de olhos postos no futuro. Atentos ao presente".

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Chega apresenta Bruno Alves como candidato em Santa Joana e aponta críticas à gestão local
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Chega apresenta Bruno Alves como candidato em Santa Joana e aponta críticas à gestão local

Bruno Alves começou, numa fase inicial, por se dar a conhecer aos presentes. Aveirense de gema, exprimiu que tem uma “paixão imensa” pela cidade e que mora “há 15 anos” em Santa Joana. Num tom crítico, reconheceu que a freguesia “precisa de muita atenção”, apontando em particular o estado “muito degradado” das estradas. “É uma freguesia que vive apenas para uma ou duas ruas, ficando o restante remetido para segundo plano”, sublinhou, insistindo que o partido quer mudar esta realidade. “Queremos representar esta mudança de mentalidade de que só existe um sítio ou aquilo que vai na cabeça de quem governa”, atirou Bruno Alves. Ainda nas críticas, o candidato do Chega em Santa Joana apontou o exemplo da escola EB1 do Solposto, que considera estar “absolutamente esquecida”. “É de uma falta de cuidado tremenda a forma como nós tratamos as nossas crianças, os nossos pais, os nossos professores. É inadmissível uma obra estar há quatro ou cinco anos no começa, acaba. Passa por duas empresas ambas abriram falência. Não há responsabilidade do executivo na falência das empresas”, criticou. Bruno Alves defendeu que a sua candidatura pretende trazer “transparência”. “Temos ido a outras freguesias vizinhas e as queixas são transversais a toda a gente. São as estradas, os passeios, as escolas, o facto de não se ponderar sequer a execução de um cemitério…. (…) Temos de ter esta presença, ouvir as pessoas constantemente, perceber o que é que realmente a freguesia quer e para onde a freguesia quer caminhar”, explicou. No seguimento, avançou que a sua candidatura assenta em “cinco compromissos básicos”: Cuidados com os espaços públicos; apoio às famílias; transparência nas contas; segurança e educação e presença. “A nossa freguesia só tem a presença do executivo naqueles pontos-chave da freguesia e são pontos-chave para eles. Para mim, o ponto-chave da freguesia é toda a freguesia”, reforçou. A sessão contou ainda com a intervenção de Diogo Soares Machado, candidato do Chega à Câmara de Aveiro, que aproveitou o momento para criticar o atual executivo. A propósito da habitação em Santa Joana, apontou como exemplo negativo as zonas do Caião e do Griné. “Foi construir e abandonar”, frisou, atirando responsabilidades ao Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) e ao Município. “Uma vez eleitos, tudo o que é IHRU vai passar para a posse do Município. (...) Com essa gente nós não vamos perder mais tempo”, garantiu. O candidato acrescentou ainda que o Chega se apresenta “para assumir responsabilidades que outros permanentemente tentam alijar, passando-as para terceiros”. Numa crítica direta a Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, atirou, ironicamente, que: “um deixou 250 milhões de euros de dívidas e foi-se embora dizendo que foram 250 milhões, mas deixou um estádio”. Sem esquecer a área da saúde, Diogo Soares Machado classificou-a como “quase criminosa”. “Ao longo de 35 anos, o Hospital de Aveiro é o mesmo. (…) Há dez anos não tinha contentores… Agora tem contentores onde funcionam consultas (…) de quimioterapia, de oncologia”, atirou. O candidato acusou ainda a autarquia de inação. “O que é que fez a Câmara que ainda está? Vendeu (…) o terreno em frente ao hospital e comprou, demoliu os antigos armazéns da Câmara e o antigo estádio Mário Duarte. (…)E, em oito anos, o que fez foi um parque de estacionamento em gravilha. Mais nada. Zero”, criticou. Recorde-se que tal como noticiado pela Ria, o Chega apresenta como uma das principais medidas a construção de um novo hospital, localizado fora de Aveiro, na confluência das grandes autoestradas, nos terrenos do Parque Desportivo de Aveiro. A propósito da reclamação que suspendeu a adjudicação do projeto de ampliação do Hospital de Aveiro, Diogo Soares Machado deixou ainda uma garantia: “Se for preciso eu acampo à porta do Ministério da Saúde e não saio enquanto não me disserem quais são os compromissos e os requisitos que a Câmara de Aveiro tem de cumprir para, em conjunto com o Ministério da Saúde, ambos unirem esforços e até 2029 termos o novo hospital a construir”. Sobre o curso de Medicina na Universidade de Aveiro acrescentou também: “Vai ser o nosso parceiro de excelência, não só no projeto do novo hospital, como na exploração do novo hospital. O edifício académico, com laboratórios, com 15 blocos operatórios”.

Capicua, Ana Deus e dezenas de autores nos 10 anos do Festival Literário de Ovar
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Capicua, Ana Deus e dezenas de autores nos 10 anos do Festival Literário de Ovar

Com entrada livre em todas as iniciativas do programa, o evento do distrito de Aveiro é organizado pela Câmara Municipal local e propõe uma edição comemorativa “mais alargada, participativa e profundamente ligada ao território e ao seu tempo”. Domingos Silva, presidente da Câmara de Ovar, declarou à Lusa que, ao fim de 10 anos e 11 edições, o festival está “totalmente consolidado” e acrescenta: “Se é verdade que o Festival Literário de Ovar é hoje uma efetiva celebração do concelho, que durante cinco dias se transforma numa verdadeira biblioteca viva, também tem a ambição de continuar a reinventar-se, na certeza da sua valia cultural, social e económica da proposta neste caminho dinâmico e eterno de aproximar a literatura dos leitores”. O autarca defende, por isso, que o futuro do evento passa por “continuar a crescer e a reinventar novas formas de promover a leitura e a partilha de momentos culturais diferenciadores e identitários”. Distribuída por locais como o Parque Urbano de Ovar, o Centro de Arte, a Escola de Artes e Ofícios, o Museu Júlio Dinis e o Parque Ambiental do Buçaquinho, a edição do 2025 do Festival Literário de Ovar propõe para o seu primeiro dia uma instalação sonora de Tiago Schwäbl, uma mesa-redonda sobre a relação entre criação artística e obra literária, uma performance teatral pela companhia Contacto, uma conversa entre os músicos Capicua e Luís Portugal, e um concerto por Carlos Alberto Moniz. Para quinta-feira está prevista a apresentação do livro de Daniel Pinto-Rodrigues “O corregedor interior”, assim como uma conferência sobre literatura enquanto processo de libertação e o concerto “Canções para beber com Pessoa”, de Ana Deus e Luca Argel. O dia seguinte está reservado para uma performance do Trigo Limpo Teatro ACERT, uma oficina de leitura e escrita por Paulo Freixinho, a apresentação dos livros “Um pouco mais de sol” de Abel Mota e “Phosphoros (100 amorfos)” de António Carlos Santos, uma conferência sobre a relação do festival com o território e outra sobre o potencial anti-poder da cultura – tudo antes do concerto “Anónimos de Abril” com Joana Alegre, Rogério Charraz e José Fialho Gouveia. Sábado será dedicado à entrega de prémios do Concurso Literário e de Ilustração Júlio Dinis, a oficinas de ilustração por Nuno Alexandre Vieira e aRita, e à apresentação dos livros “Truz Truz, abre a porta, avestruz”, de Vera Morgado, “Patrulha Raposa – Vigilantes da floresta”, de Diana de Oliveira, “Agora sou capaz”, de Ricardo Santos e Joana Nogueira, e “Cartografia”, de Minês Castanheira e Raquel Patriarca. No mesmo dia haverá mais teatro do Trigo Limpo, uma sessão de contos por Luís Correia Carmelo, uma mesa-redonda sobre vaidade e inveja, outra sobre amizade e dinheiro, e uma terceira sobre obstinação na escrita, sendo que para a noite está reservada uma sessão de “Poesia a meias” e o espetáculo “Para atravessar contigo o deserto do mundo”, com Lúcia Moniz e Pedro Lamares. O festival encerra domingo com várias outras atividades: além de teatro profissional e cinema por estudantes locais, incluirá sessões de contos por Cândida Jardim e Paula Margato, oficinas de ilustração por Matilde Horta e Rita Correia, e a apresentação dos livros “O descabido caso dos livros desaparecidos” de Carlos Nuno Granja, “A dança dos pássaros invisíveis” de Edgar Pedro, “O rufo do tambor que levamos no peito” de Rui Guedes e os títulos da coleção “Colégio do Templo” de Nuno Bernardo. As mesas redondas desse dia, por sua vez, contarão com os autores Vanessa Martins, Alice Caetano, Joana Leitão Cristina Carvalho, José Manuel Castanheira, Madalena Sá Fernandes, Manuel Frias Martins e Rui Couceiro.

Estudo da Universidade de Aveiro defende reforço da legislação farmacêutica
Universidade

Estudo da Universidade de Aveiro defende reforço da legislação farmacêutica

O trabalho, desenvolvido pelo Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA, no âmbito do Projeto ETERNAL, foca-se no reforço da legislação europeia, “promovendo práticas mais sustentáveis e seguras para o ambiente”.  Desenvolvido em colaboração com o UK Centre for Ecology & Hydrology (Centro para a Ecologia e Hidrologia do Reino Unido), o estudo analisa a estratégia e as propostas legislativas da União Europeia relativas a produtos farmacêuticos, face “aos riscos potenciais para os ecossistemas e para a saúde humana”. A análise identifica áreas fundamentais onde persistem necessidades de melhoria, nomeadamente a avaliação de misturas de fármacos em vez de substâncias individuais. São também defendidas “abordagens mais abrangentes para testar e prever efeitos ecológicos, consideração da variabilidade ambiental, e medidas mais rigorosas para reduzir as emissões de fármacos para o ambiente”. “O estudo sublinha a necessidade de uma legislação adaptativa, que evolua em consonância com os avanços científicos, garantindo uma proteção mais robusta da biodiversidade e da saúde pública”, refere o texto sobre o trabalho, publicado na página oficial da UA. A contribuição da Universidade de Aveiro foi descrita num artigo científico publicado na revista Environmental Sciences Europe, disponível para consulta online, em co-autoria de Susana Loureiro, Maria Pavlaki, Patrícia Veríssimo Silva e Madalena Vieira, investigadoras do CESAM, no quadro do projeto Horizon Europe ETERNAL. Com base em conhecimento especializado em modelação de alterações ambientais, sistemas marinhos e terrestres e abordagens One Health (Uma Só Saúde), os autores revisitaram documentos legislativos chave, literatura científica e contributos de várias partes interessadas recolhidos em consultas públicas realizadas entre 2021 e 2023. Os investigadores esperam que as suas conclusões “apoiem o diálogo entre decisores políticos, comunidade científica e setor industrial, promovendo uma regulamentação farmacêutica mais sustentável na Europa”.

CDU Aveiro apresenta programa eleitoral com foco em habitação, cultura, transportes e desporto
Cidade

CDU Aveiro apresenta programa eleitoral com foco em habitação, cultura, transportes e desporto

“Há toda uma panóplia de medidas que podem e devem ser postas em marcha. Claro que não é de um dia para o outro, tudo leva o seu tempo e nós temos compromisso e assumindo o compromisso que queremos cumprir, tem de ser dado o tempo necessário para que todas estas medidas possam ser implementadas”, frisou Isabel Tavares. Segundo a cabeça de lista, o projeto está “alicerçado num conjunto de medidas necessárias à população”. Questionada pelos jornalistas sobre o que distingue a CDU dos restantes partidos, a cabeça de lista foi clara: “A carência habitacional que se vive no concelho, a questão dos transportes públicos que não dão resposta às necessidades da população, o desporto que está deixado de parte e a cultura nem se fala… Uma cidade viva tem de ter cultura e nós queremos que Aveiro tenha resposta também nestas vertentes”, exprimiu. Ao longo de 23 páginas do seu programa eleitoral, a CDU propõe para enfrentar o problema da habitação, entre outras propostas, um reforço da habitação social e cooperativa, a criação de novas cooperativas de moradores e o combate aos imóveis devolutos. A coligação quer ainda que 20% dos fogos em novos empreendimentos sejam destinados a custos controlados, além de programas de habitação jovem nos centros urbanos e históricos. No campo da cultura, a CDU defende um Teatro Aveirense mais aberto às produções locais, a criação de ateliers municipais coletivos para artistas e uma aposta forte na valorização do património histórico, cultural e industrial da cidade. No campo da mobilidade, a CDU compromete-se a municipalizar os transportes rodoviários, reduzir tarifas e caminhar para a gratuitidade progressiva. O programa inclui ainda a requalificação da Linha do Vouga, a expansão das ciclovias e o reforço das ligações fluviais a São Jacinto. O desporto é outra das áreas em destaque. A CDU propõe a construção de um pavilhão multiusos com capacidade para 3000 pessoas (no mínimo) e de um complexo de piscinas municipais, incluindo uma piscina olímpica. Quer ainda apoiar o desporto escolar e de formação, criar um parque para desportos radicais e valorizar o CAR-Surf de São Jacinto. Quanto às acessibilidades, o programa insiste na conclusão da ligação sul à A1, na valorização da Linha do Vouga e na recuperação das estradas e passeios degradados. A CDU quer também mais percursos pedonais e cicláveis e uma gestão do estacionamento que dê prioridade aos residentes. Para além das propostas, o programa eleitoral da CDU aponta também críticas à atual gestão camarária, acusando-a de manter uma “dívida relevante, fruto de décadas de irresponsabilidade política na gestão do património e das finanças municipais, com projeção no presente e futuro”. “Mantemos hoje uma câmara à deriva, que foi abdicando ao longo das últimas décadas das suas principais competências, privatizando serviços, na maior parte dos casos de forma ruinosa, desde os resíduos sólidos urbanos à água, do saneamento aos transportes”, lê-se no documento. Confrontada com estas críticas, Isabel Tavares explicou que este tipo de afirmações tem a ver com o tipo de investimento que foi feito no município, “que foi sempre em prol dos privados e em prol da obra que não traz benefícios para os aveirenses”. Como exemplos apontou a obra do Rossio ou da Avenida Lourenço Peixinho. “Há um conjunto de obra feita no Município que não veio reforçar, nem dar aos aveirenses aquilo que era necessário. Veio descaraterizar. É betão em cima de betão”, atentou, insistindo que houve dinheiro “mal investido”. “Os aveirenses não estão libertos de continuar a pagar a dívida que veio no passado. Ribau Esteves a sair da Câmara Municipal propõe honorar Aveiro com mais um empréstimo para a construção do pavilhão municipal”, continuou Nuno Teixeira. Sobre a dispersão de votos à esquerda com a entrada do LIVRE Aveiro nas eleições autárquicas, Isabel Tavares recordou que a CDU tem um projeto “próprio, virado para aquilo que são as necessidades de Aveiro, dos aveirenses e daqueles que cá querem viver”. “Estamos disponíveis para trabalhar com todos desde que tenhamos voz e que nos deem essa voz para podermos fazer esse trabalho”, afirmou. Recorde-se que nas eleições autárquicas de 2021, a CDU obteve 3,34% dos votos, contra os 51,26% alcançados pela coligação PSD/CDS/PPM, que conquistou a liderança da Câmara. Questionados ainda sobre a possibilidade de o Partido Socialista (PS) chegar ao poder e se seria mais fácil para a CDU estar “alinhada”, Nuno Teixeira explicou que, no caso da revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o partido estará ao lado da proposta. Ainda assim, recordou que, em outras ocasiões, como nas votações [em Assembleia Municipal] sobre as portagens da A25 ou sobre os artistas de rua, o PS votou “contra”. “Sempre dissemos: todas as propostas que sejam em prol da população, a CDU lá estará”, sublinhou. “Não nos fechamos ao diálogo com ninguém, estamos abertos ao diálogo, mas sempre nesta perspetiva”, completou Isabel Tavares.