São Gonçalinho: a Mordomia que toda a gente do bairro da Beira-Mar sonha integrar
Foi na capela de São Gonçalinho, sob o olhar atento do “menino” do bairro da Beira-Mar, de São Nicolau e do Senhor Ecce Homo que António Marques deu a conhecer a festa de São Gonçalinho. Hoje, dia que se comemora São Gonçalo, a Ria conta as memórias de quem já pertenceu por mais do que uma vez à mordomia que serve o santo com um vislumbre de como os tempos mudaram (ou não) a vivência da festa.
Ana Patrícia Novo
JornalistaAntónio Marques – Tó Mané para os amigos – tem 71 anos e mora atualmente em Santa Joana. Vestiu por três vezes o gabão da Mordomia de São Gonçalinho em alturas diferentes - da vida e da festa. Continua a viver o São Gonçalinho com intensidade e não fecha a porta à hipótese de voltar a receber o ramo da mordomia.
A primeira pessoa que lhe passou o ramo foi José Velhinho, antigo morador do bairro da Beira-Mar. José foi colega de António nos tempos em que ambos trabalharam na Sociedade de Pesca Miradouro. “Um dia manifestei a minha vontade de ser mordomo e ele então quando passou o ramo, lembrou-se de mim e passou-me”, conta António Marques.
António recebeu o ramo “com muito orgulho”, conta. Além de colegas de trabalho, José Velhinho conhecia António do bairro da Beira-mar. António passou lá os primeiros 15 anos da sua vida e inclusive foi o Zezocas, como era tratado pelos amigos, que contou a António a história do dia de casamento dos seus pais. “Tentei representá-lo o melhor que pude e soube”, lembra António.
Os mordomos permanecem, atualmente, dois anos a servir São Gonçalinho. Mas nem sempre assim foi. A primeira vez que António Marques entrou na mordomia corria o ano de 1992. Saiu em 1996. Voltou nos anos 2005 e 2006 e a última vez – por enquanto - que envergou o traje da mordomia foi no ano de 2012.
Recorda com saudade no olhar os tempos de infância que passou na Beira-Mar e arredores para explicar o significado da festa que arrancou hoje com uma nova edição. “Para quem cresceu a viver o São Gonçalinho com intensidade e com devoção, o bom desta festa é nós encontrarmo-nos sempre”, explica António Marques.
Na altura em que trabalhava, conta António, tirava férias nas datas da Festa de São Gonçalinho. “E metia sempre mais um dia que era para descansar”, partilha animado. “Saía de casa de manhã, aparecia à noite - a altas horas da noite. E os meus filhos foram iniciados também: nós vínhamos aqui para casa da minha tia e eles ainda pequeninos vinham apanhar cavacas”.
“Não há palavras, para quem é do bairro, que descrevam o sentir aquela devoção em servir o santo”
António tem dois filhos. Os dois fizeram já parte da Mordomia de São Gonçalinho. Rui Vasco Marques é o primogénito de António e participou na mordomia pela primeira vez em 2001 e 2002, quando tinha pouco mais de 20 anos. Para Rui, ser parte da mordomia “foi o realizar de um sonho”. “Toda a gente que é ali do bairro sonha um dia em ser mordomo”, enfatizou Rui Marques.
Para Rui, à semelhança daquilo que conta o pai, o espírito da festa do bairro do Beira-Mar é a confraternização. “Viver as amizades, o cantar as músicas típicas do bairro, andar ali (…) é esse o espírito de São Gonçalinho”, referiu.
A primeira experiência de Rui na mordomia é-lhe difícil de explicar. “Não há palavras, para quem é do bairro, que descrevam o sentir aquela devoção em servir o santo”, conta Rui. A última vez que participou foi há cerca de dez anos, em 2013/14. Os dois anos seguintes marcaram a vez do mais novo da família Marques fazer parte da mordomia.
“As coisas hoje em dia são diferentes. Cavacas sempre houve”
Os anos 90 foram para António a altura em que a festa de São Gonçalinho mais se alterou. “Já nada é como era antes”, refere ao recordar a festa do antigamente. “Eu lembro-me de antes este largo ser de areia, e de nós jogarmos aqui à bola, jogarmos à cavilha”, recorda.
A festa acontecia apenas nas imediações da capela. “Os conjuntos, as bandas de música atuavam aqui no Largo da Capela”, recorda António enquanto descreve o despique das bandas a que toda a gente assistia religiosamente. Hoje em dia, por conta do crescimento da afluência de pessoas, a festa teve de se alargar para acolher os artistas e quem vem viver as festas, contando com o palco na zona do Rossio.
“Apesar de [antigamente] virem pessoas de fora do bairro da Beira-Mar”, só a partir de 1990 é que “as coisas começaram a evoluir de tal forma que de um momento para o outro ganhou uma expressão muito maior junto das pessoas, mesmo a nível nacional”, diz-nos António Marques. Prova disso é a recente inscrição das festas de São Gonçalinho no inventário de Património Nacional Cultural Imaterial.
“E depois havia um bairrismo, havia uma tradição no culto ao Santo muito fervorosa, mesmo muito grande. As coisas hoje em dia são diferentes. Cavacas sempre houve”, recorda. Apesar de não ser à escala de hoje, sempre choveram cavacas da capela de São Gonçalinho, conta António.
Vê as mudanças com misto de emoções, mas crê que o culto e a devoção ao santo continuam a ser a maior ligação das pessoas à festa – e para António isso é o mais importante. Entende as mudanças e recorda até algumas, feitas na altura em que foi mordomo. Destaca a criação das litografias, agora tido como momento tradicional na festa de São Gonçalinho e recorda o primeiro peddy-paper realizado pela mordomia.
Relembra também alguns momentos menos bons dos tempos em que passou pela mordomia. Como a altura em que os mais velhos criticaram o santo ter ido à boate. Para angariar dinheiro para a festa, conta António, a mordomia fez uma festa numa discoteca, algo que as pessoas mais velhas criticaram. “Agora o Santo vai para a boate” era o que diziam, recorda António a rir.
São Gonçalinho: padroeiro da Beira-Mar, casamenteiro e curador
Diz-nos António que São Gonçalinho é “padroeiro do bairro da Beira-Mar e de quem ia ao mar: dos pescadores, dos marnotos, da safra do sal. Foi sempre assim conhecido”, sublinha. “O santo é tido como um santo casamenteiro, é tido como um curador de doenças ósseas. É brincalhão o Santo, é rapioqueiro”, brinca o antigo membro da Mordomia de São Gonçalinho.
São Gonçalinho chegou a Aveiro, na perspetiva de António, pela mão dos dominicanos que pregavam São Gonçalo no norte do país. “Não há escrito nenhum que diga que São Gonçalo passou por Aveiro”, nota António. O dia de São Gonçalo celebra-se a 10 de janeiro, pela data da sua morte, e acredita-se que nasceu e viveu entre Vizela e Guimarães – antes de rumar a Roma e à Palestina.
Milagres, pelo menos a nível pessoal, António considera não ter vivido. Mas desvendou uma coincidência pela qual passou. Pela altura de São Gonçalinho, andava mal de um joelho devido a um acidente que teve. “Houve uma determinada altura que as coisas ficaram um bocadinho negras e eu mancava muito”, revela.
A arruada da passagem dos ramos estava à porta, mas como mancava decidiu ficar-se pela capela. Contudo “a música a tocar e o pessoal todo a dançar e a cantar” foi para António como um chamamento de São Gonçalinho. Viu como coincidência, afinal, diz o dito popular: para a festa não há perna manca, mas o certo é que António se juntou ainda a uma parte da arruada e muito provavelmente à tradicional Dança dos Mancos que se faz no fim da festa, normalmente à capela fechada.
Além de curador dos males de ossos, São Gonçalo é tido também como santo casamenteiro. António vivenciou essa devoção através de uma carta que encontrou na capela.
“Um dia, debaixo da porta da sacristia, apanhei uma carta – nunca mostrei a ninguém, mas ainda guardo essa carta”, começa por contar António. O texto pedia ao Santo, “com um português muito arcaico”, nota António, que fosse concedida “a honra de casar com uma determinada senhora”. “Uma coisa muito engraçada”, enfatiza António Marques.
Se o casamento aconteceu, António não sabe. A carta, essa, está guardada com um dos homens que é do bairro da Beira-Mar (de coração) e serviu já a São Gonçalinho por mais do que uma vez.
Recomendações
Município de Aveiro aprova Plano Municipal de Habitação e Alojamento com críticas do PS
O PMHAA integra a Estratégia Local de Habitação, o Programa Municipal de Desenvolvimento Habitacional e a Carta de Territorialização da Estratégia de Habitação, “criando uma abordagem integrada e sustentada para a resolução das questões habitacionais no Município, no quadro de crescimento demográfico em que nos encontramos”, lê-se na nota. Com este plano, o Município pretende reafirmar o compromisso político com “a boa gestão do direito à habitação, priorizando uma intervenção pública estruturada, em conjunto com um investimento privado significativo”. “O plano reflete também a visão estratégica da Câmara para um território mais inclusivo, coeso e sustentável, colocando a habitação como pilar central de cidadania, dignidade e bem-estar”, destaca. O documento será agora sujeito a consulta pública “por um período de 30 dias” e, após a análise dos contributos, será submetido à apreciação e votação pela Assembleia Municipal. Apesar da aprovação, o documento contou com a abstenção do Partido Socialista (PS), no período da ordem do dia, na reunião camarária desta quinta-feira. “Achamos que era preciso aferir melhor aquilo que é o resultado destas políticas de incentivo de urbanização, de construção e de, ao mesmo tempo, de turistificação”, começa por referir Fernando Nogueira, vereador do PS. “O que nós temos é que os T0 e os T1 cresceram de uma forma muito significativa, sobretudo, na cidade e isto vem-se acumular aquilo que é um processo gradativo de introdução de alojamento turístico seja ele na forma de alojamento local ou de similares”, exemplifica, salientando ainda os “efeitos significativos” no acolhimento de famílias. Neste seguimento, Fernando Nogueira alertou, entre outros pontos, que através deste documento é possível perceber que “40% dos agregados familiares de rendimentos mais baixos” não conseguem pagar as rendas que são praticadas no município “à data, com os preços do mercado e com os rendimentos aferidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e por outras instituições”. O socialista refere ainda que o documento atenta na necessidade de “estimular a criação de outras áreas de regeneração urbana”, mas que isso não se traduz nas propostas. “Há boas intenções que já estavam na estratégia que agora foi incluída neste documento sobre, por exemplo, tratar dos [edifícios] devolutos e dos vazios urbanos, mas por exemplo em relação ao [número de] fogos devolutos, sujeitos a agravamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), continuamos sem ter uma noção de quantos é que são”, atira Fernando Nogueira. O socialista critica ainda José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro por o parque habitacional municipal ser de apenas, atualmente, “1.3%”. “Dá para perceber duas coisas: a capacidade da Câmara (…) de intervir no mercado habitacional é muito pequena e como a Câmara ainda por cima não promove… A ideia é que o mercado resolve isto tudo. Isto não nos parece bom”, sintetiza. “A habitação não é de facto uma preocupação deste município”, finaliza Fernando Nogueira. Em resposta ao socialista, José Ribau Esteves afirmou estar em “desacordo” salientando que têm “perspetivas totalmente diferentes”. “É minha convicção que mantendo a Câmara uma gestão tranquila com a proximidade com os investidores privados, com a regulação que faz das atividades, dos eventos, etc que temos todas as condições para no futuro continuar a gerir bem este equilíbrio que temos hoje [entre o alojamento que se dedica à dimensão turística e o alojamento que se dedica à dimensão residencial] de uma forma que posso considerar positivamente estabilizada”, explica. Em relação ao número de fogos recorda que ainda “há dias” deu na “Assembleia Municipal” estes dados. Em entrevista à Ria, no final da reunião camarária, o presidente da Câmara reforçou ainda que “Aveiro é dos municípios do país, tirando os municípios das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa, que tem um número absoluto e uma percentagem em relação ao número total de fogos de habitação de renda apoiada mais alto. Na soma dos da Câmara e do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) são quase 1000. Nós entendemos que nessa tipologia Aveiro está bem”.
Legislativas: IL promete contribuir para “uma solução de centro-direita reformista e estável”
“O nosso compromisso com os portugueses é, primeiro, mudança, reformas, exigência e, segundo, contribuir para uma solução de centro-direita, reformista e estável do ponto de vista político”, afirmou Rui Rocha em declarações aos jornalistas numa loja de ovos moles, em Aveiro, onde vestiu o avental e cozinhou o tradicional doce aveirense. Sem querer pronunciar-se sobre as sondagens que indicam que a AD e a IL estão longe de, juntas, obter uma maioria absoluta, Rui Rocha disse que o importante é transmitir aos portugueses que “há uma oportunidade única de ter uma solução de centro-direita” a governar o país. “Mas uma solução de centro-direita que não é para fazer a mesma coisa. É para fazer muito mais: uma solução reformista, ambiciosa para o país e isso para reforçar a votação na IL”, disse. O líder da IL disse que o seu partido tem “objetivos claros de transformação” do país e garantiu que será “rigoroso e sempre muito exigente” caso venha a integrar uma solução de centro-direita. Interrogado sobre quais são as exigências que coloca para eventualmente coligar-se com a AD, Rui Rocha disse que é necessário “mudar o sistema de saúde e criar acesso à saúde para os portugueses, que hoje não têm”. “Nós temos de trazer mais casas para o mercado da habitação, seja de arrendamento, seja no mercado da construção. Temos de baixar os impostos aos portugueses, às famílias e às empresas e temos de diminuir a burocracia e rever o sistema eleitoral”, referiu, acrescentando que esses são os “objetivos claros da IL”. Sobre se a AD e a IL não estão já a aproximar-se, uma vez que, por exemplo, ambas têm defendido parcerias público-privadas para os mesmos hospitais, Rui Rocha respondeu: “Não basta ter os ingredientes guardados numa gaveta, tirá-los quando dá jeito e depois guardá-los outra vez”. “A IL não faz isso. A IL tem as pessoas, os ingredientes, a visão, mas quer usá-los mesmo para mudar o país. Outros, eventualmente, têm os ingredientes guardados nas gavetas, fazem uso deles como propaganda, uma vez ou outra, mas depois os ingredientes voltam à gaveta”, criticou, numa alusão à AD.
Aurora Cunha, Zacarias Andias e Rosa Alice Branco entre os distinguidos pela Câmara de Aveiro
A votação para a aprovação das propostas decorreu, no período da ordem do dia, na reunião camarária desta quinta-feira. No total, foram escolhidas cinco personalidades que serão distinguidas com medalha de Mérito Municipal em grau prata e duas entidades que serão distinguidas com medalha de Mérito Municipal em grau cobre. Nos nomes propostos para personalidades está o de Aurora Cunha e o de João Neto. Aurora Cunha conquistou quatro das mais prestigiadas maratonas do mundo (Paris, Chicago, Tóquio e Roterdão), sagrou-se tri-campeã mundial de atletismo de estrada e foi novamente a madrinha de mais uma edição da Maratona Europa. João Neto é um ultramaratonista português reconhecido pelo compromisso com causas sociais, tendo sido o padrinho da Maratona Europa. Fernando Vasconcelos, Rosa Alice Branco e Zacarias Andias foram os restantes nomes sugeridos. Fernando Vasconcelos, ao longo do seu percurso, desempenhou funções como presidente do Conselho de Administração da Águas da Região de Aveiro (AdRA); Rosa Alice Branco é uma poetisa, ensaísta, investigadora e tradutora aveirense e Zacarias Andias foi um atleta do Galitos, remador nas Olimpíadas de 1952 e ajudou a empreender o Centro Social de Santa Joana Princesa. A Academia de Saberes e a Associação de Natação Centro Norte de Portugal foram as duas entidades escolhidas. A Academia de Saberes de Aveiro foi constituída em 2004, tendo como objetivos "promover, assegurar e manter uma integração harmoniosa dos cidadãos aposentados e pré-aposentados na sociedade" e "fomentando o espírito de cooperação, apoio mútuo e solidariedade entre os mais velhos, e canalizando os seus saberes em prol da comunidade", conforme se lê no seu site. A Associação de Natação Centro Norte de Portugal conta com atividade nas “quatro disciplinas da natação” e tem em atividade “cerca de milhares de atletas federados”, que representam cerca de “40 clubes da região”. A proposta foi aprovada pelo executivo com um voto contra no nome de Aurora Cunha e outro no nome de João Neto. A sessão solene, que decorre na próxima segunda-feira, contará com os discursos do presidente da Câmara Municipal de Aveiro, José Ribau Esteves e do presidente da Assembleia Municipal de Aveiro, Luís Souto de Miranda assim como de um representante dos condecorados, em representação das instituições e personalidades distinguidas.
Câmara de Aveiro adjudica obra de expansão do canal de São Roque por 2,3 milhões de euros
A proposta de adjudicação foi aprovada na última reunião pública do executivo municipal que se realizou esta quinta-feira, 8 de maio. A empreitada de expansão Norte do Canal de São Roque foi adjudicada pelo valor de 2.382.945,92 euros, abaixo do valor base fixado em três milhões de euros, com um prazo de execução previsto de 270 dias. A intervenção visa o prolongamento do Canal de São Roque para norte, aumentando em cerca de 25% a capacidade dos canais urbanos que funcionam como bacia de retenção em situações de simultaneidade de chuva intensa e maré alta. "A obra permitirá uma maior retenção da água pluvial até à abertura das comportas com a maré vazante", refere uma nota enviada esta sexta-feira às redações. Segundo a autarquia, este investimento representa um contributo relevante para a adaptação do território às alterações climáticas, em conformidade com a estratégia nacional e o Plano Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas.
Últimas
Município de Aveiro aprova Plano Municipal de Habitação e Alojamento com críticas do PS
O PMHAA integra a Estratégia Local de Habitação, o Programa Municipal de Desenvolvimento Habitacional e a Carta de Territorialização da Estratégia de Habitação, “criando uma abordagem integrada e sustentada para a resolução das questões habitacionais no Município, no quadro de crescimento demográfico em que nos encontramos”, lê-se na nota. Com este plano, o Município pretende reafirmar o compromisso político com “a boa gestão do direito à habitação, priorizando uma intervenção pública estruturada, em conjunto com um investimento privado significativo”. “O plano reflete também a visão estratégica da Câmara para um território mais inclusivo, coeso e sustentável, colocando a habitação como pilar central de cidadania, dignidade e bem-estar”, destaca. O documento será agora sujeito a consulta pública “por um período de 30 dias” e, após a análise dos contributos, será submetido à apreciação e votação pela Assembleia Municipal. Apesar da aprovação, o documento contou com a abstenção do Partido Socialista (PS), no período da ordem do dia, na reunião camarária desta quinta-feira. “Achamos que era preciso aferir melhor aquilo que é o resultado destas políticas de incentivo de urbanização, de construção e de, ao mesmo tempo, de turistificação”, começa por referir Fernando Nogueira, vereador do PS. “O que nós temos é que os T0 e os T1 cresceram de uma forma muito significativa, sobretudo, na cidade e isto vem-se acumular aquilo que é um processo gradativo de introdução de alojamento turístico seja ele na forma de alojamento local ou de similares”, exemplifica, salientando ainda os “efeitos significativos” no acolhimento de famílias. Neste seguimento, Fernando Nogueira alertou, entre outros pontos, que através deste documento é possível perceber que “40% dos agregados familiares de rendimentos mais baixos” não conseguem pagar as rendas que são praticadas no município “à data, com os preços do mercado e com os rendimentos aferidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e por outras instituições”. O socialista refere ainda que o documento atenta na necessidade de “estimular a criação de outras áreas de regeneração urbana”, mas que isso não se traduz nas propostas. “Há boas intenções que já estavam na estratégia que agora foi incluída neste documento sobre, por exemplo, tratar dos [edifícios] devolutos e dos vazios urbanos, mas por exemplo em relação ao [número de] fogos devolutos, sujeitos a agravamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), continuamos sem ter uma noção de quantos é que são”, atira Fernando Nogueira. O socialista critica ainda José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro por o parque habitacional municipal ser de apenas, atualmente, “1.3%”. “Dá para perceber duas coisas: a capacidade da Câmara (…) de intervir no mercado habitacional é muito pequena e como a Câmara ainda por cima não promove… A ideia é que o mercado resolve isto tudo. Isto não nos parece bom”, sintetiza. “A habitação não é de facto uma preocupação deste município”, finaliza Fernando Nogueira. Em resposta ao socialista, José Ribau Esteves afirmou estar em “desacordo” salientando que têm “perspetivas totalmente diferentes”. “É minha convicção que mantendo a Câmara uma gestão tranquila com a proximidade com os investidores privados, com a regulação que faz das atividades, dos eventos, etc que temos todas as condições para no futuro continuar a gerir bem este equilíbrio que temos hoje [entre o alojamento que se dedica à dimensão turística e o alojamento que se dedica à dimensão residencial] de uma forma que posso considerar positivamente estabilizada”, explica. Em relação ao número de fogos recorda que ainda “há dias” deu na “Assembleia Municipal” estes dados. Em entrevista à Ria, no final da reunião camarária, o presidente da Câmara reforçou ainda que “Aveiro é dos municípios do país, tirando os municípios das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa, que tem um número absoluto e uma percentagem em relação ao número total de fogos de habitação de renda apoiada mais alto. Na soma dos da Câmara e do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) são quase 1000. Nós entendemos que nessa tipologia Aveiro está bem”.
DCSPT-UA, Ria e AAUAv lançam concurso de previsão eleitoral das próximas legislativas 2025
O objetivo desta iniciativa é promover o interesse político e a análise de dados junto da comunidade académica da UA, incentivando estudantes, alumnis, docentes, investigadores e pessoal técnico, administrativo e de gestão, a apresentarem as suas previsões sobre os resultados das próximas legislativas, que decorrem a 18 de maio. Podem participar todos os membros da comunidade UA que possuam um endereço de email com domínio @ua.pt. A participação é individual e cada concorrente poderá submeter apenas uma previsão, até às 23h59 do dia 15 de maio, através de um formulário que pode ser consultado aqui. As previsões devem indicar a percentagem nacional de votos de cada partido com representação parlamentar, com uma casa decimal. Adicionalmente, será solicitada também a previsão dos resultados no círculo eleitoral do distrito de Aveiro, bem como uma breve descrição da metodologia utilizada. O vencedor será determinado através do índice de avaliação LSq (Least Squares Index), adaptado do Índice de Gallagher, que medirá a precisão das previsões em relação aos resultados oficiais. Em caso de empate, serão aplicados critérios adicionais para determinar o vencedor, disponíveis no regulamento do concurso que pode ser consultado aqui. Os três melhores classificados receberão prémios: um vale FNAC de 100 euros para o primeiro classificado, 50 euros para o segundo e 20 euros para o terceiro. Haverá também uma menção honrosa para a melhor previsão dos resultados no círculo de Aveiro. Os resultados serão anunciados até cinco dias úteis após a divulgação dos escrutínios provisórios. A organização contactará os vencedores através dos contactos fornecidos no formulário de participação. Esta iniciativa pretende estimular o envolvimento cívico e o debate político, destacando o papel da universidade na promoção do pensamento crítico e da análise social.
Legislativas: IL promete contribuir para “uma solução de centro-direita reformista e estável”
“O nosso compromisso com os portugueses é, primeiro, mudança, reformas, exigência e, segundo, contribuir para uma solução de centro-direita, reformista e estável do ponto de vista político”, afirmou Rui Rocha em declarações aos jornalistas numa loja de ovos moles, em Aveiro, onde vestiu o avental e cozinhou o tradicional doce aveirense. Sem querer pronunciar-se sobre as sondagens que indicam que a AD e a IL estão longe de, juntas, obter uma maioria absoluta, Rui Rocha disse que o importante é transmitir aos portugueses que “há uma oportunidade única de ter uma solução de centro-direita” a governar o país. “Mas uma solução de centro-direita que não é para fazer a mesma coisa. É para fazer muito mais: uma solução reformista, ambiciosa para o país e isso para reforçar a votação na IL”, disse. O líder da IL disse que o seu partido tem “objetivos claros de transformação” do país e garantiu que será “rigoroso e sempre muito exigente” caso venha a integrar uma solução de centro-direita. Interrogado sobre quais são as exigências que coloca para eventualmente coligar-se com a AD, Rui Rocha disse que é necessário “mudar o sistema de saúde e criar acesso à saúde para os portugueses, que hoje não têm”. “Nós temos de trazer mais casas para o mercado da habitação, seja de arrendamento, seja no mercado da construção. Temos de baixar os impostos aos portugueses, às famílias e às empresas e temos de diminuir a burocracia e rever o sistema eleitoral”, referiu, acrescentando que esses são os “objetivos claros da IL”. Sobre se a AD e a IL não estão já a aproximar-se, uma vez que, por exemplo, ambas têm defendido parcerias público-privadas para os mesmos hospitais, Rui Rocha respondeu: “Não basta ter os ingredientes guardados numa gaveta, tirá-los quando dá jeito e depois guardá-los outra vez”. “A IL não faz isso. A IL tem as pessoas, os ingredientes, a visão, mas quer usá-los mesmo para mudar o país. Outros, eventualmente, têm os ingredientes guardados nas gavetas, fazem uso deles como propaganda, uma vez ou outra, mas depois os ingredientes voltam à gaveta”, criticou, numa alusão à AD.
Comédia infantil do Nobel Egas Moniz em livro e peça de teatro em Estarreja
A obra, escrita pelo Nobel da Medicina português para os seus sobrinhos-netos, foi adaptada para livro e peça de teatro no âmbito das comemorações dos 150 anos do seu nascimento, informa a autarquia. A apresentação do livro, com ilustrações de Cinara Saiónára, na Casa Museu Egas Moniz, em Avanca, decorre no sábado, pelas 15:00, segundo adianta uma nota de imprensa da Câmara de Estarreja. “Este conto revela a faceta lúdica e a transversalidade do neurocientista, num texto com 89 anos”, destaca a nota, revelando que já será feito “um momento de interpretação da obra” no lançamento do livro pelo Grupo de Teatro Infantil do Município de Estarreja (Trama). A estreia da adaptação teatral propriamente dita terá lugar só a 22 de junho, com encenação e adaptação de Leandro Ribeiro, encerrando as comemorações dos 150 anos do nascimento de Egas Moniz, iniciadas no ano passado. O programa comemorativo inclui ainda a exposição “Egas Moniz – Um Encontro”, patente até dia 24 na Casa da Cultura e o concerto de “Alma de Coimbra”, dia 31, no Cine-Teatro. As celebrações dos 150 anos do nascimento de Egas Moniz visam homenagear a vida e o legado do cientista nascido em Avança, no concelho de Estarreja, distrito de Aveiro.