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São Gonçalinho: a Mordomia que toda a gente do bairro da Beira-Mar sonha integrar

Foi na capela de São Gonçalinho, sob o olhar atento do “menino” do bairro da Beira-Mar, de São Nicolau e do Senhor Ecce Homo que António Marques deu a conhecer a festa de São Gonçalinho. Hoje, dia que se comemora São Gonçalo, a Ria conta as memórias de quem já pertenceu por mais do que uma vez à mordomia que serve o santo com um vislumbre de como os tempos mudaram (ou não) a vivência da festa.

São Gonçalinho: a Mordomia que toda a gente do bairro da Beira-Mar sonha integrar
Ana Patrícia Novo

Ana Patrícia Novo

Jornalista
10 jan 2025, 19:00

António Marques – Tó Mané para os amigos – tem 71 anos e mora atualmente em Santa Joana. Vestiu por três vezes o gabão da Mordomia de São Gonçalinho em alturas diferentes - da vida e da festa. Continua a viver o São Gonçalinho com intensidade e não fecha a porta à hipótese de voltar a receber o ramo da mordomia.

A primeira pessoa que lhe passou o ramo foi José Velhinho, antigo morador do bairro da Beira-Mar. José foi colega de António nos tempos em que ambos trabalharam na Sociedade de Pesca Miradouro. “Um dia manifestei a minha vontade de ser mordomo e ele então quando passou o ramo, lembrou-se de mim e passou-me”, conta António Marques.

António recebeu o ramo “com muito orgulho”, conta. Além de colegas de trabalho, José Velhinho conhecia António do bairro da Beira-mar. António passou lá os primeiros 15 anos da sua vida e inclusive foi o Zezocas, como era tratado pelos amigos, que contou a António a história do dia de casamento dos seus pais. “Tentei representá-lo o melhor que pude e soube”, lembra António.

Os mordomos permanecem, atualmente, dois anos a servir São Gonçalinho. Mas nem sempre assim foi. A primeira vez que António Marques entrou na mordomia corria o ano de 1992. Saiu em 1996. Voltou nos anos 2005 e 2006 e a última vez – por enquanto - que envergou o traje da mordomia foi no ano de 2012.

Recorda com saudade no olhar os tempos de infância que passou na Beira-Mar e arredores para explicar o significado da festa que arrancou hoje com uma nova edição. “Para quem cresceu a viver o São Gonçalinho com intensidade e com devoção, o bom desta festa é nós encontrarmo-nos sempre”, explica António Marques.

Na altura em que trabalhava, conta António, tirava férias nas datas da Festa de São Gonçalinho. “E metia sempre mais um dia que era para descansar”, partilha animado. “Saía de casa de manhã, aparecia à noite - a altas horas da noite. E os meus filhos foram iniciados também: nós vínhamos aqui para casa da minha tia e eles ainda pequeninos vinham apanhar cavacas”.

“Não há palavras, para quem é do bairro, que descrevam o sentir aquela devoção em servir o santo”

António tem dois filhos. Os dois fizeram já parte da Mordomia de São Gonçalinho. Rui Vasco Marques é o primogénito de António e participou na mordomia pela primeira vez em 2001 e 2002, quando tinha pouco mais de 20 anos. Para Rui, ser parte da mordomia “foi o realizar de um sonho”. “Toda a gente que é ali do bairro sonha um dia em ser mordomo”, enfatizou Rui Marques.

Para Rui, à semelhança daquilo que conta o pai, o espírito da festa do bairro do Beira-Mar é a confraternização. “Viver as amizades, o cantar as músicas típicas do bairro, andar ali (…) é esse o espírito de São Gonçalinho”, referiu.

A primeira experiência de Rui na mordomia é-lhe difícil de explicar. “Não há palavras, para quem é do bairro, que descrevam o sentir aquela devoção em servir o santo”, conta Rui. A última vez que participou foi há cerca de dez anos, em 2013/14. Os dois anos seguintes marcaram a vez do mais novo da família Marques fazer parte da mordomia.

“As coisas hoje em dia são diferentes. Cavacas sempre houve”

Os anos 90 foram para António a altura em que a festa de São Gonçalinho mais se alterou. “Já nada é como era antes”, refere ao recordar a festa do antigamente. “Eu lembro-me de antes este largo ser de areia, e de nós jogarmos aqui à bola, jogarmos à cavilha”, recorda.

A festa acontecia apenas nas imediações da capela. “Os conjuntos, as bandas de música atuavam aqui no Largo da Capela”, recorda António enquanto descreve o despique das bandas a que toda a gente assistia religiosamente. Hoje em dia, por conta do crescimento da afluência de pessoas, a festa teve de se alargar para acolher os artistas e quem vem viver as festas, contando com o palco na zona do Rossio.

“Apesar de [antigamente] virem pessoas de fora do bairro da Beira-Mar”, só a partir de 1990 é que “as coisas começaram a evoluir de tal forma que de um momento para o outro ganhou uma expressão muito maior junto das pessoas, mesmo a nível nacional”, diz-nos António Marques. Prova disso é a recente inscrição das festas de São Gonçalinho no inventário de Património Nacional Cultural Imaterial.

“E depois havia um bairrismo, havia uma tradição no culto ao Santo muito fervorosa, mesmo muito grande. As coisas hoje em dia são diferentes. Cavacas sempre houve”, recorda. Apesar de não ser à escala de hoje, sempre choveram cavacas da capela de São Gonçalinho, conta António.

Vê as mudanças com misto de emoções, mas crê que o culto e a devoção ao santo continuam a ser a maior ligação das pessoas à festa – e para António isso é o mais importante. Entende as mudanças e recorda até algumas, feitas na altura em que foi mordomo. Destaca a criação das litografias, agora tido como momento tradicional na festa de São Gonçalinho e recorda o primeiro peddy-paper realizado pela mordomia.

Relembra também alguns momentos menos bons dos tempos em que passou pela mordomia. Como a altura em que os mais velhos criticaram o santo ter ido à boate. Para angariar dinheiro para a festa, conta António, a mordomia fez uma festa numa discoteca, algo que as pessoas mais velhas criticaram. “Agora o Santo vai para a boate” era o que diziam, recorda António a rir.

São Gonçalinho: padroeiro da Beira-Mar, casamenteiro e curador

Diz-nos António que São Gonçalinho é “padroeiro do bairro da Beira-Mar e de quem ia ao mar: dos pescadores, dos marnotos, da safra do sal. Foi sempre assim conhecido”, sublinha. “O santo é tido como um santo casamenteiro, é tido como um curador de doenças ósseas. É brincalhão o Santo, é rapioqueiro”, brinca o antigo membro da Mordomia de São Gonçalinho.

São Gonçalinho chegou a Aveiro, na perspetiva de António, pela mão dos dominicanos que pregavam São Gonçalo no norte do país. “Não há escrito nenhum que diga que São Gonçalo passou por Aveiro”, nota António. O dia de São Gonçalo celebra-se a 10 de janeiro, pela data da sua morte, e acredita-se que nasceu e viveu entre Vizela e Guimarães – antes de rumar a Roma e à Palestina.

Milagres, pelo menos a nível pessoal, António considera não ter vivido. Mas desvendou uma coincidência pela qual passou. Pela altura de São Gonçalinho, andava mal de um joelho devido a um acidente que teve. “Houve uma determinada altura que as coisas ficaram um bocadinho negras e eu mancava muito”, revela.

A arruada da passagem dos ramos estava à porta, mas como mancava decidiu ficar-se pela capela. Contudo “a música a tocar e o pessoal todo a dançar e a cantar” foi para António como um chamamento de São Gonçalinho. Viu como coincidência, afinal, diz o dito popular: para a festa não há perna manca, mas o certo é que António se juntou ainda a uma parte da arruada e muito provavelmente à tradicional Dança dos Mancos que se faz no fim da festa, normalmente à capela fechada.

Além de curador dos males de ossos, São Gonçalo é tido também como santo casamenteiro. António vivenciou essa devoção através de uma carta que encontrou na capela.

“Um dia, debaixo da porta da sacristia, apanhei uma carta – nunca mostrei a ninguém, mas ainda guardo essa carta”, começa por contar António. O texto pedia ao Santo, “com um português muito arcaico”, nota António, que fosse concedida “a honra de casar com uma determinada senhora”. “Uma coisa muito engraçada”, enfatiza António Marques.

Se o casamento aconteceu, António não sabe. A carta, essa, está guardada com um dos homens que é do bairro da Beira-Mar (de coração) e serviu já a São Gonçalinho por mais do que uma vez.

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Ribau Esteves defende que livro pago pela Câmara é um “investimento de solidariedade cultural”
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Ribau Esteves defende que livro pago pela Câmara é um “investimento de solidariedade cultural”

Na passada quinta-feira, 16 de outubro, o Município de Aveiro anunciava que iria lançar um novo livro, desta vez, com o título “Aveiro, Coragem de Mudar, com Ribau Esteves”. Tal como noticiado pela Ria, trata-se do último livro - lançado e pago pela autarquia - de José Ribau Esteves enquanto presidente cessante da Câmara de Aveiro. Logo após ter sido anunciado, a obra gerou polémica por representar um custo de “13.350 euros” para a Câmara Municipal de Aveiro, ao contrário, por exemplo, do livro de balanço dos mandatos autárquicos de Élio Maia, presidente da autarquia entre 2005 e 2013, que não teve qualquer financiamento público.  Questionado esta segunda-feira, pela Ria, sobre a opção, Ribau Esteves reforçou que o presidente Élio Maia “não é uma referência de gestão autárquica” para si e justificou a aposta com o facto de a Câmara de Aveiro ser, atualmente, “investidora”. “Obviamente que uma Câmara investidora, com qualidade, de uma terra rica, em termos de património histórico, de atividade, tem a obrigação de publicar o livro”, sublinhou. Recorde-se que, tal como noticiado, a autarquia aveirense gastou, só no último ano, mais de 100 mil euros na produção de livros. Confrontado com isto, o autarca respondeu: “E são muito mais do que aqueles que estão na notícia da Rádio Ria e (…) com muito mais investimento do que aquilo que foi feito”. Recordando o dia da apresentação do livro “Avenida: uma história com futuro”, que decorreu na Livraria Bertrand, Ribau Esteves sublinhou que estes livros são “investimentos de solidariedade cultural”. “Nesse âmbito, nós entendemos que a história única destes 12 anos de uma Câmara numa situação de falência, (…) num tempo em que vivemos coisas tão dramáticas como o combate à covid, em que pusemos esta Câmara como altamente investidora, como a Câmara que deixou de ser (…) gestora do Município de Aveiro e passou a ser (…) cogestora da região de Aveiro, da Associação Nacional de Municípios Portugueses, do Comité das Regiões da União Europeia, [justificava este livro]”, reforçou o autarca. Em relação às outras obras, anteriormente, publicadas pela autarquia, sublinhou ainda que a única diferença é que esta foi escrita por si.  “Foram cerca de 300 horas de trabalho que tirei à minha família, que deixei de ir à missa, deixei de correr, etc. Deixei de fazer uma série de coisas porque nunca escrevi uma linha daquele livro que não fosse aos domingos ou nos meus voos para Bruxelas”, partilhou. “Portanto, é uma edição da Câmara Municipal, como tantas outras que fizemos, com toda a legitimidade democrática”, continuou. Sobre as críticas da oposição, José Ribau Esteves disse ter “toda a tolerância democrática”. “Aliás, eu tive o cuidado (…) que o livro fosse lançado entre as eleições e a tomada de posse, precisamente, para não ser minimamente parte, protagonista ou influenciador do processo eleitoral”, exprimiu. “Só para ter a noção, a partir do momento que disse que estava a escrever um livro, eu já tenho anotado os pedidos do meu livro de 400 pessoas (…)  A maior parte das pessoas são positivas, sabem que o presidente Ribau Esteves escreveu um livro próprio, a contar histórias, algumas delas que as vou contar pela primeira vez, em público, (…) e mandaram-me logo uma coisa qualquer, um SMS, uma carta, um e-mail, a dizer: ‘guarda para mim porque eu quero um’”, partilhou. Numa fase final da conversa, o presidente da Câmara adiantou ainda que o livro será para oferta e que apenas a Editora ‘Afrontamento’ [responsável pela edição do mesmo] o venderá. “Não há lucro nenhum. A Câmara não vai vender… E mesmo a empresa que o vai vender dá pouco mais do que para pagar os custos que a empresa teve”, frisou. Saliente-se que este não é o primeiro livro escrito pelo autarca. A primeira vez que o fez era ainda presidente da Câmara de Ílhavo e, na altura, lançou a obra: “10 Anos de Mudança - Município de Ílhavo”. Segundo uma notícia do Correio da Manhã, datada de 18 de janeiro de 2008, a obra gerou polémica já que os partidos da oposição acusaram Ribau Esteves de se “autopromover gastando 2800 euros ao erário público”. Sobre este episódio, Ribau Esteves recordou que na “Câmara de Ílhavo era diferente porque, por um lado, decidi que eram sobre os dez anos e lançamos o livro a menos de um ano de eleições e eu era recandidato”. O livro “Aveiro, Coragem de Mudar, com Ribau Esteves” vai ser apresentado este sábado, 25 de outubro, pelas 18h00, no Teatro Aveirense.

Cais do Porto promove quarta edição do Brazil Tech Days em novembro
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Em relação às edições anteriores, segundo uma nota enviada às redações, o evento marcará a chegada de “14 novas empresas brasileiras de tecnologia ao ecossistema português através do Programa de Internacionalização do Cais do Porto, reforçando a cooperação empresarial e tecnológica entre os dois países”. Além do mais, a iniciativa contará com a participação de estudantes do ensino secundário das escolas de Pernambuco, no Brasil. De acordo com Marcela Valença, gerente de operações do Cais do Porto, ao longo dos três dias, o evento terá  “palestras e debates de muita relevância com o objetivo de unir mercados e governos do Brasil e de Portugal em torno da inovação e da tecnologia como ferramentas de transformação social”. “É a primeira vez que o Brazil Tech Days traz mesas exclusivas sobre mulheres e tecnologia dos dois lados do Atlântico”, avança a nota.  Até ao momento, estão já confirmadas as presenças de: Alexandre Amorim, presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro); Pierre Lucena, presidente do Porto Digital e de Mauricélia Montenegro, secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco. Apesar da programação na íntegra ainda não estar disponível, a organização adianta que o primeiro dia, 6 de novembro, terá como temas em destaque, por exemplo, as “tendências globais de consumo em marketing e comunicação”; o segundo dia, o “diferencial do ecossistema de inovação da região de Aveiro, reconhecido pela sua gestão colaborativa e protagonismo feminino” e o último dia “será dedicado a atividades exclusivas das empresas embarcadas”. “Em breve, serão divulgados novos nomes de palestrantes e convidados especiais, reforçando o caráter internacional e colaborativo do Brazil Tech Days 2025”, finaliza. A inscrição é gratuita e está disponível aqui.  Criado em 2022, o Brazil Tech Days é uma iniciativa do Cais do Porto e do Porto Digital, que visa impulsionar a internacionalização de empresas brasileiras de tecnologia, fomentar o intercâmbio de conhecimento e inovação e promover debates estratégicos entre líderes públicos e privados do Brasil e de Portugal. O Cais do Porto é o hub de internacionalização de empresas de tecnologia brasileiras em Portugal, uma iniciativa do Porto Digital do Recife, que conecta ecossistemas, acelera negócios e fomenta a inovação entre o Brasil e a Europa. O espaço, localizado em Aveiro, atua como ponto de encontro de empreendedores, instituições e investidores interessados em fortalecer a cooperação tecnológica entre os dois países.

Galitos/Bresimar vence Taça ANCNP
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O troféu organizado pela Associação de Natação Centro Norte de Portugal foi disputado por 356 atletas em representação de 17 clubes diferentes. O Galitos conquistou cerca de mais oito mil pontos do que o Clube Desportivo Feirense, que acabou no segundo posto da tabela classificativa. O pódio ficou fechado com o Clube Desportivo de Estarreja. A equipa do Galitos/Bresimar sai de Castro Daire com 88 novos recordes pessoais, dos quais destaque também três novos recordes regionais em séries de estafetas: no escalão de Infantis A, Tomás Ferreira, Matias Pereira, João Rebola e Cristofer Alarcon terminaram a prova de 4x100 metros livres em quatro minutos e 24,27 segundos; no escalão Juvenis B, Miguel Fernandes, Santiago Valente, Daniel Volkov e Francisco Vale acabaram a prova de 4x50 metros livres em um minuto e 46,97 segundos; no escalão de Juniores, Vicente Vale, Rodrigo Meireles, António Fardilha e Nuno Anjos terminaram a prova de 4x50 metros livres em um minuto e 39,28 segundos.

Firmino Ferreira elogia desempenho da ‘Aliança’, mas já se discute o futuro dentro do PSD-Aveiro
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Firmino Ferreira elogia desempenho da ‘Aliança’, mas já se discute o futuro dentro do PSD-Aveiro

No passado domingo, 12 de outubro, Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) à Câmara de Aveiro, venceu as eleições autárquicas, mas perdeu a maioria para o partido, elegendo quatro vereadores face a outros quatro do PS e um do Chega. Em comparação com as autárquicas de 2021, a candidatura de Luís Souto viu a diferença para o Partido Socialista passar de 9.000 para 2.000 votos. Recorde-se que até agora o município era liderado por José Ribau Esteves, atual presidente da Câmara, que não se recandidatou por ter atingido o limite de mandatos. No que respeita às juntas de freguesia, onde até agora todas eram lideradas pela coligação, o resultado traduziu-se também em algumas perdas. A ‘Aliança’ perdeu a União de Freguesias de Glória e Vera Cruz, agora conquistada pelo Partido Socialista (PS), e deixou de ter maioria em três juntas do concelho: Esgueira, Eixo e Eirol e Aradas. Em declarações à Ria, Firmino Ferreira afirmou não estar surpreendido com o resultado eleitoral, reconhecendo que se tratava de “eleições autárquicas muito disputadas”. “Por isso, é que todos se empenharam até ao último dia para a obtenção dos melhores resultados”, exprimiu. Ainda assim, considerou o resultado “excelente”. “Sabemos que os fins de ciclo suscitam sempre algumas dúvidas. (…) Gostava que tivéssemos vencido as dez freguesias e que tivéssemos segurado a maioria na Câmara e, infelizmente, não conseguimos”, lamentou. Sobre a perda da União das Freguesias de Glória e Vera Cruz para o PS, o presidente da concelhia do PSD-Aveiro atribuiu o resultado ao candidato socialista Bruno Ferreira, que anteriormente integrara as listas da ‘Aliança’ nas autárquicas de 2021. “Ele estando em serviço e em permanência é natural que isso lhe tenha dado alguma vantagem. A professora Glória Leite estava completamente fora da área política e, portanto, teve um trabalho muito mais difícil pela frente e isso terá sido a desvantagem. Não foi qualquer outro motivo”, assegurou. Confrontado sobre se, após o ato eleitoral, a concelhia do PSD-Aveiro iria a votos face à instabilidade verificada ao longo destas eleições autárquicas, Firmino Ferreira afastou essa hipótese "para já”, defendendo que “a estrutura está consolidada”. Ainda assim, deixou a nota que, por imposição “da própria nacional, que terá em breve um Conselho Nacional, que irá determinar o calendário eleitoral das concelhias e das distritais, vamos ter que (…) convocar novas eleições, porque serão eventualmente realizadas em todo o país”. Interpelado sobre quando ocorrerão, Firmino Ferreira garantiu que terão de ser marcadas “para o próximo ano”. Interpelado ainda sobre uma eventual candidatura sua à liderança da concelhia do PSD-Aveiro, Firmino Ferreira não descartou nem confirmou a hipótese. “Eu acho que não é o momento certo”, respondeu. “Eu não quero falar sobre decisões, porque essas só virão posteriormente. Portanto, prefiro, neste momento, ter tudo em aberto”, continuou. A Ria apurou que, tal como acontece no PS-Aveiro, também no seio do PSD-Aveiro começaram a surgir conversas nos bastidores sobre o futuro do partido. Depois da escolha de Luís Souto ter provocado uma vaga de demissões e um clima de instabilidade interna, vários militantes sociais-democratas optaram, nos últimos meses, por afastar-se da vida partidária ativa - uma decisão tomada com o objetivo de não prejudicar a candidatura à Câmara Municipal. Agora, com as eleições concluídas, muitos consideram ter chegado o momento de promover uma reflexão interna e preparar o futuro do PSD no concelho. Entre os militantes, há um consenso crescente de que os presidentes de junta terão um papel determinante nessa nova fase. No rescaldo das eleições autárquicas, é amplamente reconhecido que, na larga maioria das freguesias do concelho, Luís Souto obteve menos votos para a Câmara Municipal do que os candidatos às respetivas juntas de freguesia. Para muitos sociais-democratas, esta situação representa uma inversão face às últimas autárquicas e demonstra que a quebra do PSD só não foi maior graças à força e à implantação local dos candidatos às juntas, cuja popularidade terá sido crucial para conter a ascensão de Alberto Souto. Paralelamente, os críticos internos sublinham que, nos poucos casos em que os candidatos às juntas foram escolhidos diretamente por Luís Souto, os resultados ficaram aquém das expectativas - uma leitura que coincide com a análise feita por Ribau Esteves, que, logo após as eleições, destacou precisamente esse fator. O exemplo mais referido é o da União de Freguesias da Glória e Vera Cruz, onde a candidatura de Glória Leite é apontada como um dos casos em que a estratégia de Luís Souto “não resultou”. Por outro lado, há uma preocupação evidente no seio do partido relativamente à perda das maiorias nas freguesias de Esgueira, Eixo e Eirol e Aradas, onde o PSD enfrenta agora cenários de governação minoritária, não sendo garantido que o partido consiga aprovar os executivos. Entre os militantes, cresce o descontentamento com a forma como o partido - e o próprio Luís Souto - têm gerido este dossier. Logo após a vitória nas eleições, Luís Souto entrou num período de férias, deixando instruções para que cada presidente de junta eleito definisse autonomamente a estratégia política a adotar na sua freguesia. Esta decisão, vista internamente como uma forma de dissociar a governação da Câmara Municipal das juntas de freguesia, tem gerado críticas dentro do partido: vários sociais-democratas consideram que Luís Souto está a deixar os presidentes de junta “à sua sorte”, num momento em que a articulação política seria essencial para consolidar o poder local do PSD no concelho. Por tudo isto, anteveem-se meses politicamente intensos dentro do PSD-Aveiro, com vários militantes a reconhecer que não está afastada a hipótese de uma disputa interna pela liderança da concelhia. O futuro político de Luís Souto será, aliás, um dos fatores determinantes nesse processo: a forma como gerir a instabilidade em várias freguesias - e até a governabilidade muito frágil na Câmara Municipal - poderá ser decisiva na reflexão que o partido se prepara para fazer nas suas bases.

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UA: ISCA volta a acolher mais um seminário de literacia financeira em novembro
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UA: ISCA volta a acolher mais um seminário de literacia financeira em novembro

Segundo uma nota de imprensa enviada às redações, pelas 9h30, terá início a sessão de abertura que contará com as intervenções de Artur Silva, vice-reitor da UA, Francisco Picado, diretor do ISCA-UA e Pedro Oliveira, presidente da AAAUA. De seguida, Inês Drumond, vice-presidente do Conselho de Administração da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), abordará a “perspetiva do regulador sobre a importância do tema da literacia financeira na sociedade”. A iniciativa terá ainda a participação da “Reorganiza, que procurará evidenciar como conhecendo as necessidades individuais ou familiares, se podem negociar as melhores condições para se poder tirar o maior partido possível do dinheiro de cada um”. “Haverá, igualmente, um espaço para a SAGE e o ITM na vertente de literacia digital, centrada na formação tecnológica e na disponibilização de produtos comerciais aplicados à empregabilidade e à transformação digital”, aponta a nota. O evento incluirá ainda a apresentação de André Freitas do projeto Cash Hunters relacionada com o cash-back. A inscrição é gratuita e está disponível aqui.  É ainda assegurado a emissão do certificado de participação.

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Segundo uma nota de imprensa enviada às redações, Márcia Amorim propõe uma “abordagem profundamente humana e transformadora”. O seu percurso passa por acompanhar pessoas no “processo de reencontro consigo próprias após uma perda”, sendo a sua obra descrita como um “abraço em forma de palavras, uma luz para quem atravessa a dor da perda”. “Num tempo em que tantas perdas são vividas em silêncio, este encontro propõe um espaço de escuta, empatia e partilha, essencial para quem procura acolhimento e compreensão”, explica a nota. As “Oficinas de Luto”, que integram o Programa de Apoio a Pessoas em Luto de Ílhavo, realizam-se mensalmente, proporcionando apoio emocional e reflexões sobre o luto, através de atividades temáticas conduzidas por especialistas. As inscrições podem ser efetuadas através do número 234 329 636 ou do email [email protected].

Porto de Aveiro investe 280 mil euros para reforçar segurança da navegação
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A operação visa, de acordo com a nota, “garantir as normais condições de segurança da navegação e reflete, simultaneamente, o compromisso da Administração do Porto com a sustentabilidade e a proteção do litoral”. Os sedimentos dragados, “num volume máximo estimado de 135.000 metros cúbico”, estão a ser “depositados a sul do 1.º esporão da Barra/Costa Nova” e serão utilizados para “reforçar o cordão dunar, através da repulsão direta por tubagem na praia emersa”. “Embora os sedimentos provenientes das dragagens de manutenção, imersos ao largo da Costa Nova, tenham como objetivo contribuir para mitigação dos efeitos da erosão costeira, esta intervenção distingue-se por ter um impacto mais direto e imediato na recuperação e estabilização do cordão dunar”, explica o Porto de Aveiro em nota. A intervenção, desenvolvida em estreita colaboração com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), está a ser concretizada pela empresa Rohde Nielsen A/S e encontra-se integrada no “plano de dragagens de manutenção do porto representando um investimento na ordem dos 280 mil euros, estimando-se a sua conclusão no prazo máximo de um mês”. Paralelamente, estão ainda a decorrer os trabalhos de dragagem do Porto de Pesca do Largo e da doca de recreio do Jardim Oudinot, “destinados a melhorar as condições de navegabilidade e segurança dessas zonas, utilizadas pelas empresas da pesca do largo e para atividades náuticas de recreio”.