UA2030 destaca pluralismo na vitória; UA50 sublinha surpresa positiva e apela à transparência
Luís Castro e Ana Raquel Simões, eleitos pela Lista ‘UA2030’, destacam a pluralidade e o funcionamento da democracia institucional após a vitória da sua candidatura em todas as circunscrições das eleições dos docentes e investigadores para o Conselho Geral da Universidade de Aveiro. Do lado da Lista ‘UA50’, Diogo Gomes e Miriam Reis valorizam o resultado e assumem como prioridade o reforço da transparência e da discussão no órgão máximo da instituição.
Ana Patrícia Novo
JornalistaLuís Castro, docente no Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro (DMat-UA), foi um dos seis membros eleitos pela Lista ‘UA2030’ para o Conselho Geral da UA. Em declarações à Ria, sublinha que a UA “deve estar contente, porque a democracia funcionou e, portanto, temos uma universidade plural”. A Lista ‘UA2030’ venceu em todas as circunscrições, tendo sido a mais votada, com 438 votos obtidos, num total de 751 votantes nestas eleições. O docente realça estar “contente” pelo facto da lista que integra ter vencido todas as circunscrições.
As eleições para o Conselho Geral foram disputadas, no que diz respeito aos docentes e investigadores, por duas listas. O recém-eleito conselheiro admite, no entanto, que “teria muito gosto que houvesse mais que duas listas” por considerar a discussão de ideias como algo “bom”. “Iremos trabalhar com todos para termos, efetivamente, uma universidade melhor”, assegura. Também Ana Raquel Simões, docente doDepartamento de Educação e Psicologia (DEP), eleita pela mesma lista, partilha da visão. “O resultado da eleição também demonstra que vivemos numa academia que é democrática e acreditamos (…) que iremos trabalhar em conjunto por uma por uma universidade melhor”, enaltece.
Relativamente à eleição do reitor, Luís Castro sublinha que há “a expectativa de colaborar positivamente com todos os colegas que foram eleitos para o Conselho Geral e, também, naturalmente, com aqueles que vão ser cooptados”. Lembra, no entanto, que “nem sequer sabemos se [a eleição do reitor] vai ser uma das funções do Conselho Geral”, apontando que ainda não se sabe o modelo de eleição que será adotado devido às alterações que estão a ser levadas a cabo no Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), que ficaram em suspenso com a dissolução da Assembleia da República.
Questionado sobre os valores da abstenção, que este ano se situou nos 33,07% (uma ligeira melhoria face aos 33,77% de 2021), Luís Castro apontou que “gostaríamos de ter uma maior participação para termos maior representatividade de toda a Universidade”. Para o futuro, o docente do DMat diz-se comprometido com “os seis eixos fundamentais” apresentados pelo projeto ‘UA2030’, sublinhando “um cuidado enorme em aproximar o Conselho Geral de todos os membros da Universidade, sejam eles estudantes, técnicos, investigadores ou docentes”. Ana Raquel aponta também acreditar “que o bom senso vai imperar”.
Relativamente à Lista ‘UA50’, Diogo Gomes foi um dos quatro elementos eleitos. À Ria, o docente no Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática (DETI-UA) indica que vê a eleição dos quatro membros da sua lista “com bastante alegria”, destacando que “não havia expectativas” relativamente a resultados e, “portanto, foi tudo bom”. “Começamos com uma lista que não tinha candidato a reitor (…) e, como tal, não sabíamos como é que íamos ser recebidos: o facto de termos eleito quatro foi estupendo”, frisa o professor.
Também Miriam Reis, docente na Escola Superior Aveiro-Norte (ESAN-UA) eleita pela Lista ‘UA50’, frisa a felicidade com o resultado obtido. “Acho que é um excelente resultado termos conseguido quatro membros eleitos”, aponta Miriam. “Todos sabemos que a outra lista estava bastante implementada, já com algumas pessoas que estão ligadas ao poder atual, portanto não tínhamos mesmo expectativas e ficámos muito contentes”, repara a docente.
Para os membros da Lista ‘UA50’ o foco está agora na “próxima fase”: a cooptação dos membros externos para o Conselho Geral. A expectativa é a de que se encontre “bons representantes para termos uma Universidade mais forte”, repara Diogo Gomes.
Apontam ainda como “grande objetivo” para o mandato “aumentar a transparência” no funcionamento do Conselho Geral, sublinhando vontade em “manter a postura que tivemos durante este tempo em que estivemos a ser apresentados, no debate e nas apresentações nas outras escolas, porque encaramos isto (…) como um trabalho que tem de ser partilhado e cocriado e principalmente as ideias têm de ser discutidas”, frisa Miriam.
Quanto à eleição do reitor, os membros da Lista ‘UA50’ apontam que a decisão será tomada de forma imparcial. “Esperaremos por todos os candidatos, analisaremos de forma independente o candidato que já existe e outros que possam aparecer ou não, e nessa altura as coisas acontecerão normalmente”, garante Diogo Gomes.
Miriam acrescenta ainda considerar “extremamente importante” o aumento do debate e da discussão em torno do Conselho Geral. “Acho que a Universidade tem de ser construída em conjunto e trazer também esta voz, de não dizer mal do que está sem apresentar ideias para melhorar”, aponta.
É previsível que os conselheiros tomem posse nas próximas semanas. Tal como referido pelos membros eleitos, o próximo passo será a escolha das personalidades externas que serão cooptadas pelo Conselho Geral. Nesta votação, têm direito de voto os dez docentes e investigadores, os três estudantes e o trabalhador TAG (pessoal técnico, administrativo e de gestão). Até à eleição do próximo presidente do Conselho Geral, a convocatória para as reuniões e a condução dos trabalhos é da responsabilidade do decano (o professor mais antigo de entre os docentes eleitos), ou seja: Luís Castro, membro eleito pela Lista 'UA2030'.
A Ria continuará a acompanhar os próximos desenvolvimentos.
Recomendações
UA inaugura novo teatro anatómico e lança programa de doação de corpos à ciência esta quarta-feira
De acordo com uma nota de imprensa da UA enviada às redações, o teatro anatómico é considerado “fundamental” para a formação dos estudantes do Mestrado Integrado em Medicina da UA. A nota salienta ainda que a observação e intervenção em corpos é essencial para o estudo e avanço da ciência médica. O processo de doação está enquadrado pela legislação nacional e deve ser feito em vida, embora ainda exista necessidade de maior divulgação e esclarecimento sobre esta prática, considerada simples, mas essencial para a “qualidade do ensino e da investigação”. Neste contexto, a UA lançou a campanha de sensibilização “Doar para Ensinar a Salvar”, em colaboração com as Unidades Locais de Saúde do Centro Académico Clínico Egas Moniz Health Alliance (EMHA). Durante a sessão de inauguração, que terá início pelas 14h30, será apresentado o Programa de Doação do Corpo à Ciência, seguido de uma visita às instalações do Teatro Anatómico. O momento contará com a presença de Ana Povo, Artur Silva, presidente do Centro Académico Clínico EMHA e vice-reitor da UA, Francisco Amado, diretor de Ciências Médicas da UA e Rui Costa, diretor da Escola Superior de Saúde da UA.
Estudo da Universidade de Aveiro defende reforço da legislação farmacêutica
O trabalho, desenvolvido pelo Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA, no âmbito do Projeto ETERNAL, foca-se no reforço da legislação europeia, “promovendo práticas mais sustentáveis e seguras para o ambiente”. Desenvolvido em colaboração com o UK Centre for Ecology & Hydrology (Centro para a Ecologia e Hidrologia do Reino Unido), o estudo analisa a estratégia e as propostas legislativas da União Europeia relativas a produtos farmacêuticos, face “aos riscos potenciais para os ecossistemas e para a saúde humana”. A análise identifica áreas fundamentais onde persistem necessidades de melhoria, nomeadamente a avaliação de misturas de fármacos em vez de substâncias individuais. São também defendidas “abordagens mais abrangentes para testar e prever efeitos ecológicos, consideração da variabilidade ambiental, e medidas mais rigorosas para reduzir as emissões de fármacos para o ambiente”. “O estudo sublinha a necessidade de uma legislação adaptativa, que evolua em consonância com os avanços científicos, garantindo uma proteção mais robusta da biodiversidade e da saúde pública”, refere o texto sobre o trabalho, publicado na página oficial da UA. A contribuição da Universidade de Aveiro foi descrita num artigo científico publicado na revista Environmental Sciences Europe, disponível para consulta online, em co-autoria de Susana Loureiro, Maria Pavlaki, Patrícia Veríssimo Silva e Madalena Vieira, investigadoras do CESAM, no quadro do projeto Horizon Europe ETERNAL. Com base em conhecimento especializado em modelação de alterações ambientais, sistemas marinhos e terrestres e abordagens One Health (Uma Só Saúde), os autores revisitaram documentos legislativos chave, literatura científica e contributos de várias partes interessadas recolhidos em consultas públicas realizadas entre 2021 e 2023. Os investigadores esperam que as suas conclusões “apoiem o diálogo entre decisores políticos, comunidade científica e setor industrial, promovendo uma regulamentação farmacêutica mais sustentável na Europa”.
Exposição ‘O corpo no desenho das identidades’ inaugura na UA e na Casa Dr. Lourenço Peixinho
Com curadoria de Helena Mendes Pereira, a obra estará patente até 31 de outubro em diferentes espaços da UA - edifício Central e da Reitoria e sala Hélène de Beauvoir na Biblioteca - e na cidade. Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, a exposição contará com um programa paralelo de performance e pensamento que pretende mobilizar e envolver a comunidade académica, amplificando o debate público e combatendo a desinformação. “Essas iniciativas decorrem a 22 de outubro”, realça. A Coleção Figueiredo Ribeiro, em fruição pública em Abrantes, no Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA), é uma coleção privada com mais de três milhares de peças, representativa da criação plástica contemporânea das últimas décadas. Apresenta artistas, sobretudo nacionais, de diferentes gerações, havendo uma especial atenção à cena emergente e uma concentração de grandes núcleos de obras de artistas consagrados, núcleos esses representativos dos seus percursos. Nesta exposição serão 21 os artistas representados, nomeadamente, Ana Jotta; André Tecedeiro; Cecília Costa; Constança Clara; Fernão Cruz; Isadora Neves Marques; João Jacinto; João Noutel; João Pedro Vale + Nuno Alexandre Ferreira; Luísa Cunha; Maria José Cavaco; Pedro Batista; Pedro Henriques; Pedro Paixão; Pedro Pires; Pedro Tudela; Pedro Valdez Cardoso; Sara Bichão; Sara Maia e Tiago Rocha Costa. Citada na nota, Helena Mendes Pereira explica que, neste contexto, a escolha destas obras e artistas “procurou combinar uma metaleitura da abordagem conceptual dos artistas com os espaços que a Universidade de Aveiro colocou à disposição do projeto, valorizar a diversidade de gerações, orientações e géneros, de disciplinas e a possibilidade do estabelecimento de narrativas semióticas entre objetos”. A artista desconstrói ainda que esta exposição pretende fazer refletir sobre “o que é um/o corpo e o que este significa no desenho das identidades”. “Simultaneamente, propomos uma viagem de descoberta pelos lugares do campus da Universidade e do centro de Aveiro e – porque não – uma visão da História da Arte Contemporânea portuguesa das últimas décadas, através de uma seleção notável de artistas”, conclui Helena Mendes Pereira. A inauguração acontece esta quarta-feira, 17 de setembro, pelas 16h00, na UA, e pelas 17h30, na Casa Dr. Lourenço Peixinho. A mostra poderá ser, posteriormente, visitada de segunda a sábado, das 10h00 às 19h00, no átrio do edifício central e da reitoria e na sala Hélène Beauvoir da biblioteca da UA. De terça a sábado, das 15h00 às 18h00, estará também disponível na Casa Dr. Lourenço Peixinho. Esta exposição integra-se no ciclo de exposições e conversas “O Desenho como Pensamento”, dirigido artisticamente por Alexandre Batista. Esta mostra é assumida integralmente pela UA, bem como a exposição de Martim Brion que está patente, também neste período, na Casa-projeto instalada na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, com o apoio da empresa Perícia. O Ciclo, que é promovido, em coprodução com o município de Águeda, tem nesta 3ª edição a parceria dos municípios de Ílhavo e de Albergaria-a-Velha. Helena Mendes Pereira desenvolve atividade profissional como gestora cultural, curadora, professora e investigadora em práticas e políticas culturais e artísticas contemporâneas. É, desde janeiro de 2017, diretora-geral e curadora da zet gallery, Braga, vinculada ao dstgroup. A curadora iniciou a sua atividade profissional em 2007 na Bienal Internacional de Arte de Cerveira, entidade onde exerce atividade como curadora independente, tendo sido a primeira Diretora Artística mulher, em 2022, da XXII Bienal Internacional de Arte de Cerveira. Coordenou o serviço educativo do World of Discoveries (2013-2016). Fernando Figueiredo Ribeiro foi criando a Coleção Figueiredo Ribeiro ao longo dos últimos 30 anos. Embora com obras de períodos anteriores, trata-se de uma coleção de arte contemporânea portuguesa dos anos 70 até à contemporaneidade. Desde 2017, tem um acordo de comodato com o município de Abrantes.
GrETUA reabre com o espetáculo “I’m Still Excited” de Mário Coelho na próxima terça-feira
O espetáculo assinala a reabertura do GrETUA, após a pausa do verão, e integra o mês de integração da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv). Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, “I’m Still Excited” explora o fim de uma relação entre duas pessoas, inseridas num cenário de festa, que funciona também como um ensaio de teatro. A peça conta com as interpretações de Mário Coelho, Anabela Ribeiro, Rita Rocha Silva e Pedro Baptista. Os bilhetes para o espetáculo estão disponíveis aqui e têm o custo de seis euros para estudante e de oito euros para não estudante. Paralelamente, o GrETUA inaugura este trimestre a nova rubrica itinerante de leitura coletiva de textos de teatro: “Boca a Boca”. A iniciativa leva textos teatrais a diferentes espaços da cidade. A atividade conta com o apoio da Câmara de Aveiro. A primeira sessão realiza-se já esta segunda-feira, 15 de setembro, pelas 21h00, na Biblioteca da Universidade de Aveiro, e terá como convidado Mário Coelho, que apresentará o texto de sua autoria “Quando eu morrer vou fazer filmes no inferno”. A entrada é gratuita.
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JS de Aveiro acusa JSD e JP de “ofensa” após cartaz contra Alberto Souto de Miranda
Em comunicado, a estrutura acusa as duas juventudes partidárias de “desmerecer a política” e de “contribuir para a degradação do debate político”. Para a JS de Aveiro, a iniciativa traduz-se numa “forma infantil de fazer política” que “ridiculariza e menospreza” estas organizações. Em declarações à Ria, João Sarmento, presidente da JS Aveiro, foi mais longe, classificando o cartaz como “mais do que uma caricatura”. “É uma ofensa já e acho que ultrapassa o limite daquilo que deve ser um debate saudável”, afirmou. O dirigente socialista considerou ainda que a JSD “não tem idade suficiente, nem conhecimento” para compreender o contexto da governação de Alberto Souto de Miranda, entre 1997 e 2005. “A questão da bancarrota e da dívida meteu-se numa altura complicada a níveis de matéria financeira europeia e também mundial”, explicou. Segundo João Sarmento, o que afetou a tesouraria municipal foi sobretudo “a construção do estádio para o Euro 2004”. “O que estas duas juventudes partidárias tentaram fazer, e fazem de maneira completamente dolosa e consciente, é eliminar e ignorar estes factos, colando hoje a ideia de irresponsabilidade e deslumbre que existiu nesse período da governação”, acrescentou. No comunicado, a JS aproveitou ainda para recordar propostas que tem vindo a apresentar, como a criação de uma “sala de consumo assistido” e os manifestos autárquicos de 2021 e 2025, que classifica como “ambiciosos e progressistas”. Paralelamente, acusou a JSD de ter permanecido em silêncio perante questões relevantes para a juventude aveirense, como o incumprimento da lei no Conselho Municipal de Juventude, a deterioração da relação da Câmara com a Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e os atritos recentes com a própria Universidade de Aveiro. À Ria, João Sarmento acrescentou ainda as críticas ao Governo e ao PSD, lembrando promessas não cumpridas, como “a data das obras de ampliação do Hospital de Aveiro”, bem como o abandono do Parque da Cidade, do estádio e das políticas de educação e desporto. “Em vez do debate de ideias em prol de Aveiro, a JSD e a JP preferem o lamaçal político e o caminho da demagogia. Lamentamos, mas nunca contarão connosco para este tipo de confronto político quando as regras estão subjugadas aos interesses e ambições pessoais ou coletivos, com intenções opacas”, insiste a JS Aveiro em comunicado. O presidente da estrutura concluiu frisando que o papel da juventude partidária deve ser o de “melhoramento da sociedade”, rejeitando “paternalismos bafientos”. “Muitas vezes é muito fácil as juventudes partidárias ficarem reféns de atos paternalistas porque olham para nós e nos desprezam por causa da idade. O que eu peço é que não aconteça com estas duas juventudes partidárias, mas até com a minha”, defendeu. A Ria tentou ainda entrar em contacto com Leonardo Maio, presidente da JSD Aveiro, mas até ao momento não obteve resposta.
João Moniz acusa executivo de Aveiro de “cegueira ideológica” e defende mais residências estudantis
Segundo a nota, no encontro foram destacados problemas como a deterioração das relações institucionais entre o Município de Aveiro, a Universidade de Aveiro (UA) e a AAUAv, a insuficiente rede de transportes públicos e a falta de resposta adequada do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em áreas como a saúde mental. Ainda assim, João Moniz sublinha que a maior preocupação dos estudantes se prende com a subida do custo de vida. De acordo com o candidato, a AAUAv reivindica mais residências estudantis e medidas que incentivem a regulação do mercado de arrendamento. Em resposta às preocupações, o bloquista defende que “mais residências estudantis significam não só melhor acolhimento dos estudantes deslocados, que tanto têm dado à comunidade, como também mais casas disponíveis para a restante comunidade, aliviando assim os preços da habitação no seu conjunto”. Numa crítica direta ao atual executivo municipal, João Moniz acusa ainda José Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, de “cegueira ideológica”. “O atual presidente da Câmara negou-se a recorrer a fundos do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES), tal como recusou recorrer a fundos do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] para construir habitação pública. Esta opção da direita aveirense lesa e lesou os interesses de toda a comunidade e deve ser severamente penalizada por essa escolha no próximo dia 12 de outubro”, refere. “Enquanto outros municípios universitários, como Braga e Anadia, conseguiram ir ao PNAES e estão agora a entregar soluções de alojamento à comunidade académica, Aveiro ficou para trás”, continua. Numa nota final, o candidato bloquista compromete-se a inverter a situação e a ser “um parceiro colaborante e voluntarista no que toca à construção de mais residências estudantis”. “Isso significa mais diálogo com a comunidade académica e a ativação de todos os instrumentos disponíveis para aumentar o número de camas, como o PNAES”, justifica. “Aveiro não pode perder mais oportunidades”, conclui.
Programadores querem novas estratégias e modelos para quebrar assimetrias nos cinemas
“A grande concorrência de uma sala de cinema é o sofá de casa. Não são as condições ou as pipocas. O importante é tirar as pessoas de casa para ir ao cinema”, afirmou à Lusa Tiago Santos, um dos responsáveis da Iniciativa Poética, um projeto que intermedeia a programação de cinema entre distribuidoras e autarquias que exibem filmes em equipamentos culturais. Em Portugal, segundo dados do ICA, três distritos – Beja, Bragança e Portalegre – não têm exibição comercial e diversificada de cinema. A cidade de Viana do Castelo corre o risco de deixar de ter cinema num centro comercial, porque foi autorizada a desafetação de salas. Há dezenas de concelhos no país, sobretudo fora dos grandes centros urbanos, em que só existe oferta de cinema, por vezes semanal, em auditórios, cineteatros, casas de cultura ou cineclubes em espaços de gestão autárquica. No caso da Iniciativa Poética, uma microempresa fundada em 2022, o negócio passa por consultoria, fornecimento de equipamentos e apoio aos clientes – municípios, freguesias, cineclubes – na hora de programar e escolher filmes a exibir em sala. “Cada sala tem as particularidades do território, mas no fundo é com a curadoria e o ambiente que se vive em sala que elas podem sobreviver. É preciso que haja mais oásis como o Cinema Trindade [no Porto]: Há uma programação diversificada, atenta, com sessões especiais, promove-se a oportunidade de estreitar laços da comunidade com os seus criadores. É isso que faz a diferença”, disse Tiago Santos. Em Viseu, onde a exibidora NOS Lusomundo Cinemas tem 12 salas repartidas por dois centros comerciais, há um cineclube, prestes a completar 70 anos, que em 2024 teve 10.429 espectadores envolvidos nas sessões de cinema, oficinas e formação de públicos. O cineclube funciona no auditório do Instituto Português do Desporto e Juventude, com cerca de 150 lugares, e tem atividade regular fora da cidade, como por exemplo, com cinema ao ar livre. Em declarações à Lusa, o coordenador-geral deste cineclube, Rodrigo Francisco, lembrou que a exibição comercial, privada, e a municipal, pública, têm lógicas e propósitos diferentes e há fatores que a diferenciam, nomeadamente em recursos humanos ou lucros de bilheteira. Mas o programador diz que há falta de salas no país, sobretudo “salas com espírito de programação contínua, 12 meses por ano e sem esperar por retorno imediato”. “É urgente uma estratégia para o setor. Não é fácil contar o número de cidades neste país, e até capitais de distrito, que não têm acesso a uma oferta regular, previsível de cinema português, europeu, lusófono”, alertou Rodrigo Francisco. A nível nacional, com base na informação estatística do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), em 2024 existiam 563 salas de cinema, das quais 172 estavam concentradas na região de Lisboa, 166 na região norte e 122 na região centro. A NOS Lusomundo Cinemas é a líder de mercado, com 218 salas de cinema, seguindo-se a Cineplace, com 67 salas, e a UCI Cinemas, com 42 salas, predominantemente situadas em contexto de centro comercial. Em 2024, 11,8 milhões de espectadores viram filmes nos cinemas, totalizando 73,3 milhões de euros de receita, mas são valores que ainda estão abaixo dos obtidos em 2019, antes da pandemia da covid-19. Nesse ano, o ICA contabilizou 15,5 milhões de entradas e 83,1 milhões de euros de receita de bilheteira. Ainda segundo o ICA, no ano passado estrearam-se 62 longas-metragens portuguesas nos cinemas, totalizando 536.146 espectadores, o que representa uma quota de apenas 4,5% do mercado. “Não é possível haver público para o cinema português se os filmes não estão a chegar às cidades e não estão a chegar às pessoas. É um mito que haja uma má relação do público com o cinema português. Faltam salas”, disse o programador do cineclube de Viseu. No mercado, têm ainda surgido novas distribuidoras independentes de cinema, de pequena escala e algumas ligadas a produtoras, que procuram alternativas e novos modelos para fazer chegar os seus catálogos de filmes a mais salas e a mais públicos. É o caso da Magenta, distribuidora ligada à produtora Uma Pedra no Sapato, que começou a operar em 2024. Para o último trimestre de 2025 está a preparar a estreia dos filmes “Complô”, de João Miller Guerra, e “O Riso e a Faca”, de Pedro Pinho. “Vemos a distribuição de cada filme como um objeto específico, considerando as salas comerciais e como o filme pode existir no espaço comum para além da sala comercial e durante mais tempo”, disse Cíntia Gil, desta distribuidora, à agência Lusa. A programadora elogia alguns exibidores por fazerem “coisas extraordinárias pelos filmes” e estarem empenhados em que tenham existência em sala, mas lamenta “a loucura” e o atropelo de estreias semanais de filmes nas salas de cinema. Em Portugal, os filmes estreiam-se às quintas-feiras e as exibidoras fazem uma avaliação permanente do número de espectadores e receitas, determinando a sua continuidade e o número de salas para a semana seguinte. E isso pode prejudicar, por exemplo, a exibição do cinema português face a outros filmes de bilheteira potencialmente mais apelativa. No mercado português, o ICA tem apoios financeiros à exibição de cinema em circuitos alternativos, mas Cíntia Gil diz que o modelo de apoio “está caduco” e apelou à aplicação de um plano estratégico para o setor. O mesmo pediram Tiago Santos e Rodrigo Francisco. “Para resolver isto é preciso uma política cultural e resumir o papel do ICA ao valor que existe para apoiar as salas é redutor. Senão o caminho que estamos a percorrer é para o desastre, porque há muitas pessoas que não estão a ter acesso a esta oferta de cinema”, disse o programador do cineclube de Viseu.
Câmara de Ílhavo lança inquérito à mobilidade da população
“Os resultados deste questionário permitirão retratar as deslocações diárias da população, como as distâncias percorridas, o tempo despendido e os modos de transporte mais utilizados”, adianta uma nota de imprensa municipal. Outro dos objetivos do inquérito, acessível na página institucional do Município da Internet, é recolher informações sobre a utilização e procura das linhas do operador do transporte público, bem como “aferir o nível de satisfação dos utilizadores”. A iniciativa está inscrita na Semana Europeia da Mobilidade, que é assinalada em Ílhavo de 16 a 22, sob o mote “Combina e Move-te!”, com o foco na "multimodalidade" no setor dos transportes. Na segunda-feira, um miniautocarro elétrico da BusWay vai estacionar em duas escolas e junto aos Paços do Concelho, com o objetivo de promover o Serviço Público de Transporte de Passageiros. Nas escolas será feita a divulgação e informação sobre o serviço público de transporte e a sua concessão, “com o intuito de angariar novos utentes”, sendo distribuídos panfletos, horários e ‘merchandising’ da campanha. Na quarta e na quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Ílhavo dedica a “História do Dia” ao tema da mobilidade, com “História do dia…a pedais e com pernas para andar!”, para crianças a partir dos 4 anos, e no dia seguinte na Biblioteca da Gafanha da Nazaré. A Semana Europeia da Mobilidade é uma iniciativa da Comissão Europeia, coordenada em Portugal pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), e conta com a participação de municípios e instituições de toda a Europa para promover a mobilidade sustentável e a melhoria da qualidade de vida nas cidades. Já no dia 27, a Escola Municipal de Educação Rodoviária (EMER) promove mais uma sessão de “EMER em Família”, para “promover momentos de partilha e de convívio entre crianças, jovens e adultos, desenvolvendo, de forma criativa, noções associadas à segurança rodoviária”.