País “ligado com normalidade” e noite sem incidentes de segurança
A energia elétrica já foi reposta aos 6,4 milhões de clientes do país, que está agora “ligado com normalidade” e, durante a noite, não se verificaram perturbações de segurança ou de proteção civil, adiantou hoje o Governo. “Nós, neste momento, temos praticamente todos os serviços, incluindo o fornecimento de energia, restabelecidos”, disse à Lusa o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.
Redação
Segundo o ministro, ao nível da eletricidade, o “já país está ligado, com normalidade”, ou seja, todos os 6,4 milhões de clientes estão alimentados, com exceção de 800 que têm avarias não relacionada com o apagão de segunda-feira. Leitão Amaro referiu ainda que o abastecimento de água está a funcionar em praticamente todo o país, registando-se apenas algumas dificuldades de pressão em “dois ou três concelhos” que serão “resolvidas rapidamente”.
Relativamente aos transportes, Leitão Amaro avançou que os “comboios estão a funcionar”, sendo ainda necessário estabilizar alguns pontos da operação, mas devido aos efeitos de greve de 24 horas que decorreu na segunda-feira. Já em relação ao Metro, o ministro da Presidência adiantou que “também está a arrancar a operação”, tendo-se verificado uma perturbação em Lisboa relacionada com um `data center´ e não diretamente com o apagão. Quanto aos aeroportos, “estão operacionais”, referiu Leitão Amaro, reconhecendo que, no caso do de Lisboa, que foi o mais afetado pela falha de energia, deve demorar dois dias a ter os fluxos estabilizados, mas os sistemas estão todos operacionais.
O governante adiantou ainda que, relativamente às escolas, a orientação emitida durante a madrugada a todos os diretores foi para abrirem e funcionarem normalmente, com exceção dos casos em que pode, eventualmente, verificar-se alguma razão de segurança específica. “O fornecimento de combustíveis está normalizado e não se registaram, durante a noite, ocorrências relevantes de segurança ou de proteção civil” no país, avançou Leitão Amaro, salientando ainda que a situação está estabilizada também nos serviços de saúde. “Os hospitais e centros de saúde estão com condições, em termos de fornecimento e abastecimento, para funcionarem normalmente”, assegurou.
“Neste momento, o que podemos dizer é que os sistemas [energéticos] estão estabilizados, quer no transporte, quer no abastecimento aos consumidores”, realçou o ministro da Presidência.
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Ex-reitor da UA Júlio Pedrosa é o mandatário da candidatura de António José Seguro em Aveiro
Segundo explica o mandatário, “o apoio à candidatura do Doutor António José Seguro à Presidência da República decorre do conhecimento que tenho do seu percurso pessoal, profissional e político, feito com desprendimento, com coerência, conhecimento do País na sua diversidade humana, territorial e social, bem das sua capacidades e competências”. Júlio Pedrosa adianta ainda que, “nos tempos que vivemos, a confiança mútua é um bem escasso e António José Seguro é um cidadão em que se pode confiar, acreditando que, sendo eleito Presidente, ele servirá o País e os Portugueses com toda a atenção e empenho”. Como reitor da UA, o Júlio Pedrosa assumiu o papel de presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) entre 1998 e 2001, tendo estado por isso envolvido nas atividades da Confederação dos Conselhos de Reitores Europeus (CRE) nomeadamente nos trabalhos de institucionalização da Associação de Universidades Europeias (EUA). Júlio Pedrosa fez parte do XIV Governo Constitucional de Portugal entre 2001 e 2002 como ministro da Educação, tendo sido o terceiro do executivo liderado por António Guterres, depois de Guilherme d’Oliveira Martins e de Augusto Santos Silva. O mandatário de António José Seguro já foi agraciado com distinções como a Grã-Cruz da Ordem de Instrução Pública, em 2009, o diploma de reconhecimento de mérito profissional do Rotary Club de Aveiro, em 2003, ou a medalha de mérito municipal do Município de Aveiro, em 2002.
Cinemas portugueses com quebra de espectadores em outubro para níveis de pós-pandemia
Se se retirar o primeiro ano da pandemia de covid-19 da equação, quando foram ao cinema, em outubro de 2020, 253 mil pessoas, os 560 mil espectadores verificados em outubro de 2025 são o número mais baixo para aquele mês desde que o ICA divulga registos, ou seja, desde 2004. Os espectadores de outubro deste ano são ainda o número mais reduzido desde fevereiro de 2022, quando se registaram 518 mil entradas nos cinemas portugueses. Em termos de receita, em outubro deste ano, os cinemas encaixaram 3,7 milhões de euros, uma descida de 24,5% face ao mês homólogo de 2024 e o valor mais baixo desde setembro de 2021. No acumulado, até outubro, face a igual período de 2024, os cinemas perderam 6,5% de espectadores (mais de 600 mil entradas) e 2,6% de receita (mais de 1,5 milhões de euros). A lista de filmes mais vistos do mês é liderada por “Batalha Atrás de Batalha”, de Paul Thomas Anderson, com 88 mil espectadores, seguindo-se o filme de animação “A Casa de Bonecas da Gabby”, de Ryan Crego, com 46 mil. O filme mais visto do ano em Portugal é o mais recente capítulo de “Lilo e Stitch”, com mais de 665 mil espectadores, seguido do filme de “Minecraft”, acima de 500 mil espectadores. O brasileiro “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, está no terceiro lugar, com 384 mil entradas. O filme português mais visto do ano é “O Pátio da Saudade”, de Leonel Vieira, com 68 mil espectadores.
Federação volta a apelar à doação de sangue face à diminuição de reservas
“Para fazer face a esta demanda e dado a diminuição das reservas de sangue nomeadamente do 0+, apelamos a todas as pessoas saudáveis que é muito importante contribuir com a sua dádiva para o bem-estar e saúde dos milhares de doentes que dela necessitam”, refere o presidente da FEPODABES, em comunicado. Alberto Mota lembra que a necessidade de sangue é uma constante nos hospitais, já que os doentes oncológicos, os que são submetidos às mais diversas cirurgias ou aqueles que são vítimas de acidentes recorrem muitas vezes à transfusão sanguínea. “As pessoas, infelizmente, cada vez doam menos e os dadores regulares, são gerações que estão a envelhecer, que já não podem dar sangue a partir dos 65 anos e, portanto, isto é uma luta diária para que os mais jovens venham a doar sangue", refere. Na nota, a Federação recorda que o processo de recolha de sangue é um procedimento rápido (cerca de 30 minutos), e pode ajudar a salvar várias pessoas, já que uma única unidade de sangue pode servir para ajudar até três pessoas. “Todos os cidadãos com mais de 18 anos, que tenham mais de 50kg e que sejam saudáveis podem dar sangue. Esse gesto simples contribui para salvar muitas vidas”, apela Alberto Mota. Segundo um relatório do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), de novembro, Portugal registou em 2024 uma nova redução de dadores de sangue, totalizando quase menos 10 mil em relação a 2017, e voltando a níveis próximos do período pré-pandemia.
Governo vai investir 52 ME em equipamentos para prevenir os fogos
“Em boa hora fizemos uma reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Agora entregamos motorroçadoras. Depois teremos tratores, bulldozers, máquinas de rasto, o transporte respetivo destas máquinas que as Comunidades Intermunicipais (CIM) se vão responsabilizar a garantir a manutenção e de encontrar manobradores. Estes últimos concursos estão a andar”, afirmou José Manuel Fernandes. O governante falava no hangar do centro de meios aéreos de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, onde o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) entregou 135 motorroçadoras a 27 equipas de Sapadores Florestais dos 10 concelhos do distrito, naquele que é o primeiro lote a ser entregue no âmbito do reequipamento dos Sapadores Florestais. Na área da prevenção, o Ministro da Agricultura e Mar destacou ainda “o plano para pastorícia extensiva, dotado com 30 milhões de euros do Fundo Ambiental para reduzir o material combustível e, em simultâneo, colocar pessoas no território, criando riqueza”. “Tudo isto está englobado no Pacto para a Floresta, que está aprovado. É absolutamente essencial, para termos sucesso, que toda a legislação relativa à propriedade, em 2026, esteja pronta. A Assembleia da República será fundamental para esse objetivo e eu espero um grande consenso para podermos atuar”, afirmou. Outro aspeto preventivo enfatizado por José Manuel Fernandes prende-se com o fogo controlado. O ministro da Agricultura e Pescas disse que o objetivo do Governo é “mais que duplicar” a área de aplicação dessa técnica, que em 2025 rondou os 2.500 hectares. “Queremos atingir os mais de cinco mil hectares”, reforçou, acrescentando que em muitos sítios onde se devia ter feito fogo controlado, e não se fez, houve uma destruição enorme. Fazer fogo controlado significa usarmos um meio técnico para protegermos, cuidarmos, para evitarmos que os incêndios depois tenham material combustível de tal ordem que ninguém os consegue controlar. Será um trabalho a realizar em conjunto com as CIM”, sublinhou. Segundo o ministro, “há muitos locais onde as pessoas sabem que o fogo vai passar se nada se fizer e muitos locais que sabem que o fogo se pode agarrar”. “É absolutamente essencial que esse trabalho de planeamento do fogo controlado se faça. É tecnicamente, não só, defensável, como, em termos ambientais, é uma necessidade e uma exigência”, frisou Em declarações aos jornalistas, no final da cerimónia, José Manuel Fernandes disse que o Governo “tudo fará para valorizar o trabalho dos sapadores florestais, para que eles tenham o rendimento justo e digno de um trabalho árduo, que não é fácil”. “Quando chegámos ao Governo, havia dívidas às equipas de sapadores que nós regularizámos. Passámos o montante de cada equipa de sapadores florestais, composta por cinco elementos, de 55 para 61 mil euros. Tudo o que pudermos fazer dentro legalidade, mas também com o objetivo de valorização dos sapadores florestais iremos fazê-lo. A compra de equipamento é também uma forma a ajudarmos a que o trabalho seja mais facilitado e menos árduo. A formação conta 100% como serviço público. Antes, não contava. São passos que estamos a dar que os sapadores florestais merecem”, referiu. Além das 135 motorroçadoras hoje entregues aos sapadores florestais do Alto Minho, ao todo, serão entregues 2.060 motorroçadoras, numa ação financiada pelo PRR, sendo um investimento destinado a mais de 400 equipas de Sapadores Florestais, contribuindo para o melhoramento e otimização da maquinaria de trabalho e para o reforço da capacidade operacional destas equipas na prevenção da floresta.
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UA: Primeira edição do “ShiftE” espera “casa cheia” durante quatro dias e ir “além-fronteiras”
Ao longo de quatro dias, o evento da UA, em parceria com a Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), pretende “promover a inovação, a empregabilidade e o empreendedorismo, oferecendo uma plataforma única que reflete a diversidade das áreas científicas da UA”. Em entrevista à Ria, à margem da sessão de abertura, João Veloso, vice-reitor para a Cooperação da UA, salientou a importância do “ShiftE”- ao unir a Semana do Empreendedorismo à Feira de Emprego- , nomeadamente, para a fomentação do espírito empreendedor dos estudantes. “Ser proativo, pensar fora da caixa e contribuir de um modo significativo para aquilo que é a produtividade das empresas”, descreveu. “Hoje, em média, [a produtividade das empresas] em Portugal está na cauda da Europa. Temos de inverter isto e criar pessoas que façam diferença dentro do mercado de trabalho”, alertou. Sem esquecer a estratégia de promoção de empreendedorismo que a UA tem vindo a seguir, que culminou, em 2024, com a criação da STEP UP, João Veloso referiu ainda que este conceito se projeta “nesta semana do empreendedorismo”. “Tentamos agregar tudo num único bolo de forma a podermos interagir com as diferentes especificidades do empreendedorismo que, muitas vezes, estavam desagregadas. É um grande passo que se está a dar e que pensamos que vai dar frutos para o futuro”, desejou. Fazendo uma reflexão sobre a atualidade, o vice-reitor notou ainda que os jovens estão a enfrentar uma época de “empregabilidade facilitada” em que “há mais dificuldade no estímulo dos jovens e não jovens que queiram construir o seu próprio emprego”. “Temos de continuar esse esforço porque temos visto que no próprio país a componente associada ao Produto Interno Bruto (PIB), relativa ao desenvolvimento das startups, já começa a ter alguma expressão. Ainda é pequeno, mas nota-se um crescimento muito rápido e, por isso, sentimos que era uma obrigação da UA promover e estimular o empreendedorismo”, realçou. Em relação à Feira de Emprego Universidade 5.0, que só arranca amanhã, 18 de novembro, João Veloso deixou ainda a garantia de que, ao longo dos três dias, vão passar pela Nave UA “cerca de 110 empresas”. “No ano passado, tivemos 112 empresas, mas tem sido um número constante também devido às limitações do espaço”, disse, realçando que a expectativa é ter “sempre casa cheia”. Também em entrevista à Ria, Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, caraterizou a primeira edição do ‘ShiftE’ como ir “além-fronteiras”. “É isso que queremos transmitir, ao longo do evento, a todos os participantes que venham aqui. Quer sejam estudantes, quer sejam pessoas da comunidade académica ou até mesmo pessoas da cidade. É pensarem que ao juntarem-se a alguém, a algum projeto, é muito mais fácil irem além-fronteiras. (…) É procurarem no desconforto aquilo que pode ser um futuro ainda melhor e que dê resposta a muitas mais perguntas”, exprimiu. Debruçando-se também sobre a Feira de Emprego Universidade 5.0, a presidente da AAUAv destacou que, até ao momento, já têm “mais de 400 inscrições” para as entrevistas de emprego com as empresas confirmadas. Ao longo do evento, estará ainda a decorrer o “Shark Thesis”. Inspirado no formato “pitch”, o Shark Thesis convida estudantes e recém-graduados da UA a apresentarem, em apenas três minutos, as suas teses, dissertações ou projetos finais de forma “clara, criativa e acessível”. “Tivemos um aumento de 20% de participantes [em relação a maio] para o Shark Thesis. (…) O que pretendemos com este momento é dar a oportunidade a todos para explicarem que aquilo que é produzido em contexto académico pode ser replicado em contexto de mercado de trabalho”, reforçou. À Ria, Joana Regadas deixou ainda a garantia de que haverá várias empresas presentes “pela primeira vez”. “Fizemos uma recolha junto do núcleo de estudantes para perceber que empresas é que faziam mais sentido para certas áreas”, partilhou. Tal como avançado pela Ria, a primeira edição do “ShiftE” estará dividido entre a Semana do Empreendedorismo e a Feira do Emprego. Consultando a programação, a 7ª edição da Semana do Empreendedorismo arrancou esta segunda-feira, 17 de novembro, com a sessão de abertura, seguindo-se uma mesa sobre o “Empreendedorismo: O futuro começa agora” com João Afonso (UPTEC). A iniciativa prossegue amanhã, 18 de novembro, com uma palestra sobre “Produtividade com IA”, das 9h00 às 11h00, com André F. Costa (Super_Humano AI); seguindo-se uma conversa sobre “IntraEmpreendedorismo – Inovação e Proatividade, das 14h30 às 16h00, com César Henriques (ECOX), Gonçalo de Macedo (SONAE), Nuno Silva (Altice Labs) e com a moderação de Ana Estima (UA). O dia encerra com um encontro de mentores entre as 18h00 e as 20h00. Na quarta-feira, 19 de novembro, o dia começa com “Técnicas de Negociação”, das 9h30 às 11h00, com João Catalão (Vitamina Catalão). Da parte de tarde, segue-se a conversa “Negócios com Propósito”, das 14h30 às 18h00, com Ana Pais (Beesweat), Rute Cruz (Phenix), Narciso Moreira (Betweien) e com a moderação de Ana Moutas (Aveiro Impact Hub). O último dia, contará com um “Pitch Your Thing”, 10h00 às 12h30, com João Magalhães (Super.brand consultants); com um “Manual de Boas Ideias”, das 16h30 às 17h30, com Diogo Pires (podcast Manual de Boas Ideias) e um “Happy Hour & Networking” pelas 17h30. A programação da Semana do Empreendedorismo pode ser consultada na íntegra aqui. Além disto, a Nave UA estará ainda a acolher as atividades da Feira de Emprego U5.0. As empresas que estarão presentes- já amanhã- podem ser consultadas aqui.
Eixo Aveiro-Águeda sem verba garantida: Governo “analisa opções” e custo triplica para 140 milhões
No Relatório do Orçamento do Estado para 2026, que deverá ser aprovado nos próximos dias na Assembleia da República, o Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda surge inscrito no “Quadro 4.20 – Investimentos estruturantes: Administração Central e Segurança Social (Parte III)”, com uma verba prevista de 47 milhões de euros, acompanhada da nota de que “inclui PRR”. De acordo com o portal ‘Mais Transparência’ do Governo, o projeto apresenta um custo total de 46,9 milhões de euros, totalmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com data de início em 9 de junho de 2022 e conclusão prevista para 31 de dezembro de 2025. Contudo, o prazo já não corresponde à realidade. O concurso para a empreitada ainda está em fase de lançamento e os diferentes intervenientes admitem que a execução irá prolongar-se para além dos prazos definidos no PRR. A par disso, o valor da obra evoluiu substancialmente. A Câmara Municipal de Aveiro (CMA), numa informação publicada no seu site a 3 de outubro de 2025, referia que o volume total de investimento municipal previsto para 2025-2027 ascendia a 125 milhões de euros, aos quais se “espera acrescentar os 143 milhões de euros correspondentes ao projeto do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda, em desenvolvimento”. Ou seja, o custo total estimado triplicou face à candidatura inicial - de cerca de 47 milhões para mais de 140 milhões de euros -, deixando claro que o financiamento previsto no PRR já não cobre a totalidade da obra. A situação não é isolada. Numa auditoria publicada em junho, o Tribunal de Contas alertava para “atrasos significativos na execução dos investimentos previstos” em vários projetos de municípios portugueses, financiados pelo PRR, advertindo que “a sua conclusão já não se mostra compatível com as datas-limite definidas” e que existe “um sério risco de incumprimento da data-limite de 30-06-2026”. No caso do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda, somam-se aos atrasos do planeamento da obra a insuficiência das verbas do PRR. Consciente desta realidade, Firmino Ferreira, presidente do PSD-Aveiro e deputado à Assembleia da República, aproveitou a audição do secretário de Estado das Infraestruturas e Habitação, no âmbito do Orçamento do Estado para 2026, para questionar o ponto de situação do financiamento para esta obra. Mas a resposta do Governo deixou margem para dúvidas e gerou alguma apreensão em diferentes agentes políticos locais. “O Eixo Aveiro-Águeda é absolutamente fundamental. Basta passar na região para perceber que é. Estamos, neste momento, a analisar quais são as opções, quer para assegurar o financiamento, quer para assegurar a prossecução e a concretização desta obra que está, neste momento, a ser analisada pelo Governo”, esclareceu o secretário de Estado Hugo Espírito Santo. A expressão “a analisar opções” foi suficiente para agitar a região e, nesse sentido, a Ria contactou os diferentes intervenientes para explicar-lhe tudo. Em declarações à Ria, o deputado do PSD eleito por Aveiro, Firmino Ferreira, confirma que o valor inicialmente previsto para o Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda está hoje completamente desajustado face à realidade. “Em 2022, o valor que estava previsto - e para o qual se tinham conseguido fundos comunitários - apontava para um valor a rondar os 46 milhões de euros. Só que (…) é completamente inviável fazer a obra pelo valor que estava pensado. O valor é significativamente mais elevado e, por isso, é preciso reequacionar como é que se vai conseguir captar fundos para a concretização da mesma”, afirma. O também presidente do PSD de Aveiro explica que a sua pergunta ao Governo visava precisamente perceber como será assegurado o novo modelo de financiamento da obra. “Portanto, é preciso perceber como é que se vai fazer o financiamento da obra. E a minha preocupação era nesse sentido. Perceber como vamos fazer isso e, inclusivamente, se os municípios envolvidos poderiam vir aqui a ter alguma implicação nos seus orçamentos também, se a sua participação tivesse que ser revista. O sentido da minha questão era também, de alguma forma, pressionar que o Governo ande com este processo para a frente e procure a melhor forma de o financiar”, sublinha. Questionado sobre a existência de garantias concretas, o deputado admite que a resposta só chegará com a aprovação de um futuro Orçamento do Estado. “Garantia vamos sabê-la com a aprovação do Orçamento do Estado. Isso é que é a garantia se este valor estará ou não estará”, refere, reconhecendo que o Governo “está ciente da necessidade da concretização desta obra”, mas que “a probabilidade maior será a afetação do dinheiro do Estado”. Já o presidente da Câmara Municipal de Águeda, Jorge Almeida, garante que o financiamento do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda “está assegurado”. “Eu diria que o interessante era perguntar ao secretário de Estado o que é que ele queria dizer, porque há uma coisa que eu sei, que efetivamente o assunto estava a ser tratado a nível ministerial, com o envolvimento do primeiro-ministro, que deixou absolutamente claro aos ministros que esta obra é para fazer e ponto”, afirma o autarca. Segundo Jorge Almeida, o Governo já assumiu o compromisso de garantir o financiamento para além do PRR. “Quanto ao financiamento, como toda a gente sabe, há uma resolução do Conselho de Ministros de 20 de março a garantir o financiamento para além do PRR, porque a obra não vai acabar nos prazos do PRR”, reconhece, acrescentando que “a única coisa que teve que ser minimamente decidida foi a questão da plurianualidade do financiamento”. Contudo, a verificação feita pela Ria à Resolução do Conselho de Ministros n.º 69/2025 de 20 de março mostra que o documento não contém qualquer autorização de encargos ou inscrição orçamental para esta obra - apenas a classificação como “projeto prioritário” e instruções à CCDR-Centro e à Infraestruturas de Portugal para “prosseguir com os estudos”. O presidente da Câmara de Águeda adianta, tal como já tinha feito a 3 de outubro de 2025 a Câmara Municipal de Aveiro, que “a obra vai custar mais de 100 milhões de euros” e que “a única coisa que estamos a articular com o Governo é a plurianualidade”, ou seja, a distribuição do financiamento público pelos próximos anos. Sobre os atrasos no avanço da obra, Jorge Almeida recorda que este “é um projeto que teve a avaliação de impacto ambiental”. “Só em termos de avaliação de impacto ambiental, teve que recolher a opinião das mais de 20 entidades. E a coordenação de todas essas coisas foi quase um ano e meio”, esclarece, relembrando que este é “um projeto com uma envergadura muito grande, com múltiplas especialidades”, mas deixando a garantia que “a obra será repartida ao longo dos exercícios de 2026, 2027 e 2028 - que será o término da obra. Em 2028 vamos chegar de Águeda a Aveiro muito rápido”, garante. O presidente da Câmara Municipal de Águeda explica ainda à Ria a diferença significativa entre o valor inicialmente submetido no âmbito da candidatura ao PRR e o custo atualmente previsto para a execução do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda. O autarca recorda que o projeto começou praticamente do zero. “Repare numa coisa: nós começamos a fazer o projeto - não havia absolutamente nada - em setembro de 2022. Foi quando nós entregamos ao gabinete projetista o início do projeto. E o início começou por levantamentos topográficos, como todos os projetos. Portanto, nessa altura, o valor da obra era uma incógnita para todos”, justifica. Segundo Jorge Almeida, só com o projeto finalizado foi possível perceber a verdadeira dimensão do investimento necessário. “[Tivemos noção de que a obra custaria mais do que os 47 milhões previstos no PRR] quando passamos a ter o projeto completo. E quando o projeto estava pronto, ficamos com a noção de que a obra custa 100 e tal milhões de euros”, revela. O autarca justifica o aumento expressivo com a complexidade técnica e estrutural do traçado. “Pois claro, 40 milhões era uma autêntica 'pechincha'. Estamos a falar de uma obra com perfil de autoestrada, com uma enorme passagem superior sobre a linha de alta velocidade, sobre a A1, com a duplicação do nó da A17, com aquela ponte altíssima sobre o rio Águeda... Estamos a falar disto. E estamos a falar de 15 quilómetros de estrada com estas características, numa zona urbana, a passar por zonas urbanas... Portanto, é uma obra cara, claro que sim.” Desta forma, Jorge Almeida sustenta que o orçamento inicial de 47 milhões de euros do PRR era insuficiente e meramente indicativo, tendo o valor real da empreitada sido apurado apenas após a conclusão do projeto técnico. Essa diferença, aliada ao atraso no lançamento de uma obra “complexa” e de “grande envergadura”, acabou por colocar o projeto numa posição de dependência face às verbas do Orçamento do Estado, uma vez que o financiamento comunitário já não é suficiente nem compatível com o novo calendário de execução. O novo presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Luís Souto, em declarações à Ria depois da última reunião de Câmara, também abordou o tema e garantiu que o projeto do Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda continua a ser uma prioridade. “Como eu expliquei aqui, é um assunto prioritário. Para a semana vamos reunir com a Câmara de Águeda para fazer o ponto da situação e empenharmo-nos ao máximo para que o projeto avance”, afirmou o autarca. Luís Souto sublinha a dimensão técnica e os desafios que o projeto envolve. “É uma obra complexa, é uma obra muito complexa. E atenção que temos ali o atravessamento do rio Vouga, há ali uma complexidade muito grande”, reconhece. Apesar das incertezas sobre o financiamento, o presidente da Câmara de Aveiro mostra-se confiante de que o projeto não será travado. “Eu acredito que não haja retrocesso, porque seria muito mal que o Eixo Aveiro-Águeda tivesse um retrocesso. E, portanto, as coisas acabarão por se compor, de uma forma ou de outra, porque a vontade política existe, eu acredito que existe, a vontade política que se mantém, não há dados contrários a isso, é uma aspiração regional dos nossos deputados, também, obviamente, e, portanto, agora, pode ter que haver alterações, vamos aguardar, em termos do formato de financiamento, ou quer que seja, para a semana vamos fazer um ponto da situação sobre isso”, conclui. Três anos depois do anúncio público do acordo de financiamento e de inscrição do projeto no PRR, o Eixo Rodoviário Aveiro-Águeda continua sem obra, sem concurso e com o financiamento indefinido. O Governo reconhece a importância, mas admite estar ainda a “analisar opções de financiamento”. Águeda garante que há uma resolução que cobre o excedente, mas o documento não o confirma. A indefinição repete-se noutros investimentos estruturantes da região. O novo Hospital de Aveiro, por exemplo, tem apenas 30 milhões de euros garantidos através do Portugal 2030, apesar de o custo total previsto rondar os 150 milhões de euros, um valor muito próximo do necessário para o Eixo Rodoviário. Dois projetos considerados prioritários, mas ambos dependentes de verbas do Orçamento do Estado para poderem avançar em pleno. Quanto ao Eixo Aveiro-Águeda há vontade política, consenso regional, um projeto tecnicamente pronto e um concurso de obra em vias de ser lançado. Quanto a garantias de financiamento, só com os próximos Orçamentos do Estado.
“SAÚD´AVEIRO – Saúde na Praça” sensibiliza sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica na quarta-feira
O evento de sensibilização assume o lema “CapacitAR para melhor RespirAR” e integra atividades de promoção de literacia em saúde, sendo nesta data o enfoque na prevenção da DPOC e doenças respiratórias associadas. O evento é de acesso livre e destina-se ao público em geral. As atividades, que partem de uma organização conjunta entre Câmara Municipal de Aveiro (CMA), Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro (ULS-RA) e Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA), incluem várias abordagens sobre a função respiratória através de seis “estações” distintas que vão informar os participantes sobre como prevenir, identificar e viver com a doença. O tema vai ser também debatido numa mesa-redonda com a professora Alda Marques, da ESSUA, e Andreia Andrade, do Serviço de Pneumologia da ULS-RA.
Oliveira de Azeméis: Património Cultural inicia classificação do Monte Calbo e do Castro de Ul
Segundo recorda, à agência Lusa, o Rui Luzes Cabral, vereador da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis com o pelouro da cultura, é recente a descoberta de que o Monte Calbo poderá ter acolhido um povoado no período do Bronze Final, na transição do segundo para o primeiro milénio a.C. Essa suspeita, aponta, é reforçada pelo facto de, nas zonas onde houve revolvimento de terras para plantação de árvores, foram recolhidos “fragmentos de cerâmica e um pequeno machado de anfibolito”. O vereador afirma que a escolha do Monte Calbo para instalação de antigos povos dever-se-á às condições favoráveis da zona, já que esse topo da serra do Pinheiro, situado a uma cota de 460 metros, tem “um amplo domínio da paisagem dos vales envolventes”, que, por sua vez, também apresentam “boa capacidade agrícola”. Além disso, “do ponto mais alto é possível, em dias sem neblina, avistar a linha de costa”, o que, em paralelo à componente contemplativa dessa posição geográfica, teria a vantagem de ajudar a identificar possíveis perigos, como a aproximação por mar de povos invasores. Um aspeto a investigar em futuras prospeções é particularmente nessa perspetiva: “O povoado seria delimitado por uma estrutura tipo muralha em pedra, que não foi ainda escavada”. Já no que se refere ao Castro de Ul, Rui Luzes Cabral explicou que está situado num local “razoavelmente conservado, embora tenha algumas zonas afetadas por trabalhos agrícolas e de silvicultura realizados ao longo do tempo, ao que se junta alguma afetação devido à construção de habitações numa das encostas do cabeço”. Localizado num pequeno monte com cota máxima de 105 metros, na confluência dos rios Antuã e Ul, o Castro de Ul não possui o domínio da paisagem que é característico dos povoados castrejos fortificados da Idade do Ferro, mas apresenta “vertentes relativamente íngremes que lhe garantem uma boa defensabilidade natural”. Ainda assim, os vestígios identificados no sítio – que terá tido uma ocupação mais alargada no tempo, “desde o primeiro milénio a.C. até ao século V d.C.” – revelam sinais de edificado defensivo: “As escavações realizadas até à data têm deixado à vista um conjunto de estruturas em pedra associadas a um troço de muralha com uma porta”. As prospeções aí levadas a cabo no século XX também identificaram “algumas estruturas relacionadas com a ocupação romana” e um conjunto de artefactos que “sugerem a existência de ocupações anteriores, tanto da Idade do Ferro como da Pré-história”. Rui Luzes Cabral quer continuar a estudar o local porque, face aos achados do Calcolítico e Idade do Bronze já descobertos no Castro de Ul, acredita que haverá mais a conhecer: “Foram recolhidos utensílios em sílex, nomeadamente lascas, lâminas, raspadores e núcleos, assim como um machado em pedra polida. Apesar de não terem sido identificadas estruturas habitacionais, há pelo menos uma base de lareira que corresponderá à ocupação do sítio durante este vasto período”.