Câmara de Ílhavo assume limpeza florestal da antiga Colónia Agrícola da Gafanha
A operação de limpeza florestal da antiga Colónia Agrícola da Gafanha, nos termos de um contrato de delegação de competências celebrado entre a Câmara de Ílhavo e a ESTAMO, arrancou no início de outubro, revelou hoje fonte municipal.
Redação
Segundo fonte municipal, o acordo estende-se até 2028 e “visa a implementação e manutenção de faixas de gestão de combustível na antiga Colónia Agrícola da Gafanha”, agora denominada de lugar de Nossa Senhora dos Campos, para proteção contra incêndios.
O contrato interadministrativo de delegação de competências celebrado com a ESTAMO, Participações Imobiliárias, S.A., enquanto entidade representante do Estado, entrega ao município de Ílhavo a responsabilidade pela “implementação e manutenção das faixas de gestão de combustível na antiga Colónia Agrícola da Gafanha”.
São também abrangidas “áreas estratégicas de mosaicos de gestão de combustível (MPGC), até agora sem intervenção”, informa a autarquia em nota de imprensa. A intervenção naquela área vai decorrer até 2028 e tem como objetivo “reduzir os efeitos e a dimensão dos incêndios rurais, através da gestão de combustível em locais estratégicos”.
Espera-se condicionar, por essa via, “o comportamento e a propagação do fogo, mitigando os seus impactos no território”.
A operação em curso permitirá ainda o controlo da vegetação invasora, “uma das principais ameaças à biodiversidade e aos serviços dos ecossistemas, com consequências ambientais e económicas negativas”, salienta a nota.
A limpeza florestal deverá ainda contribuir para a prevenção e o controlo de pragas florestais. “As ações previstas reforçam a valorização da segurança e do usufruto do espaço florestal da Nossa Senhora dos Campos, enquanto área de recreio e lazer, com relevância paisagística e ambiental”, salienta o texto.
Recomendações
Gripe das aves confirmada em Aveiro
No caso de Aveiro, foi confirmado um foco numa ave selvagem, uma garça-branca-pequena. Em Benavente, distrito de Santarém, registou-se o foco em aves em cativeiro, nomeadamente, galos, pavões, grous, patos-reais e patos pompom, segundo uma nota da DGAV. Já o foco detetado em Cascais, Lisboa, teve origem numa gaivota-de-asa-escura, uma ave selvagem. Desde o início do ano, Portugal reportou 27 focos de infeção pela gripe das aves. A transmissão do vírus para humanos acontece raramente, tendo sido reportados casos esporádicos em todo o mundo. Contudo, quando ocorre, a infeção pode levar a um quadro clínico grave. A DGAV tem vindo a pedir a todos os detentores de ave que cumpram as medidas de biossegurança e as boas práticas de produção, evitando os contactos entre aves domésticas e selvagens. Qualquer suspeita de infeção pela gripe das aves deve ser reportada à DGAV. A DGAV é um serviço central da administração direta do Estado, com autonomia administrativa.
Paulo Portas entra na campanha do CDS em Vale de Cambra para apelar a voto em bons gestores
Numa ação de campanha no centro da cidade do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, o ex-governante deu como exemplo dessa capacidade de gestão José Pinheiro, que agora cessa o seu terceiro mandato pelo CDS na presidência da autarquia, e afirmou depositar idêntica confiança no candidato a seu sucessor, André Martins Silva, que atualmente é vereador no mesmo executivo. “Gosto de ajudar quem me ajudou, pelo que fiz um intervalo na minha vida profissional, que é muito cheia, e quis dar um sinal [de apoio] a esta equipa de Vale de Cambra”, começou por referir Paulo Portas. Defendendo que “o que está em causa nestas eleições autárquicas é conseguir bons gestores da coisa comum”, o ex-governante recordou depois que, quando foi presidente do CDS, sempre procurou inspirar os autarcas do partido a concretizarem “três ou quatro coisas, independentemente da especificidade do seu concelho”, e que, dessa lista, a primeira era a redução de impostos. Vale de Cambra, na sua perspetiva, cumpriu esse pedido porque“a gestão do CDS levou a uma redução do IRS, do IMI e da derrama”. A segunda instrução de Paulo Portas era que o pagamento a fornecedores se efetuasse o mais rapidamente possível, “porque isso é que faz funcionar a economia”, e também nesse caso o município respeitou a vontade do líder, já que “paga a 14 dias, o que é muito menos do que a média geral” nas autarquias portuguesas e “significa uma competente gestão”. O terceiro pedido era de diminuição da dívida municipal, o que a Câmara do CDS igualmente cumpriu: “Quando esta equipa chegou, a dívida estava em 29 milhões de euros e agora está em 6,7, o que significa que há muitos menos encargos para as gerações futuras”. Quanto à prestação geral do partido que liderou nas eleições do próximo domingo, Paulo Portas admitiu: “Tenho ouvido dizer que o CDS tem boas oportunidades de manter as seis camaras que governa, ser o quarto partido autárquico e continuar a ter muita influência no território. Isso só se faz com bons gestores, com gente qualificada, por isso tenho essa esperança. Mas veremos”. Já quando questionado sobre o efeito que o crescimento da representação autárquica do Chega poderá ter a partir de domingo, o ex-ministro evitou conjeturas. “Prefiro elogiar aquilo que sei que é bom do que gastar o meu tempo a criticar aquilo que não conheço”, concluiu. Além de André Martins Silva pelo CDS-PP, na corrida eleitoral a Vale de Cambra também participam Miguel Aguiar Soares pelo PSD, Nelson Martins pelo PS, Manuel Campos pelo Chega e Serafim Tavares pela CDU. Na autarquia com 147,3 quilómetros quadrados e cerca de 25.900 habitantes, o executivo camarário integra atualmente, além de cinco eleitos do CDS, também um vereador do PS e outro do PSD.
Ílhavo: Época balnear com 35 salvamentos, mas sem vítimas mortais
Segundo a mesma fonte, o número representa uma redução de “12,5%” face ao ano anterior, resultado da “vigilância coordenada e da intervenção atempada dos nadadores-salvadores”. Durante a temporada, “três pessoas” foram transportadas para o hospital, mas apenas por precaução. O relatório do Gabinete de Proteção Civil e Gestão Florestal destaca a melhoria da eficácia da vigilância, com ausência de incidentes em áreas não concessionadas. Entre os fatores que contribuíram para este resultado está, de acordo com a nota, “o dispositivo especial de salvamento fora do calendário oficial da época balnear, nos meses de maio, setembro e outubro”, que permitiu salvar “uma vida em maio”. O reforço de meios motorizados, com “três motas de salvamento” a percorrer 1.344 quilómetros entre junho e 14 de setembro, ampliou a vigilância a zonas tradicionalmente não vigiadas. A segurança das praias contou com “22 nadadores-salvadores” da Associação ResgatÍlhavo e incluiu também a realização de ações diárias de sensibilização e o reforço da sinalética. Na nota, a autarquia esclarece ainda que o Dispositivo Especial de Vigilância Balnear mantém-se ativo até ao dia “31 de outubro” na Praia da Barra e na Costa Nova do Prado.
Nuno Melo diz na “joia da coroa” de Vale de Cambra que é de quem tem mérito que se fala mal
As declarações de Nuno Melo foram proferidas num comício marcado pela despedida de José Pinheiro, que, ao fim de 12 anos na gestão municipal desse concelho do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, delega agora a eventual sucessão no seu ainda vereador André Martins Silva. Começando por elogiar as equipas eleitorais do CDS-PP pela sua “campanha pela positiva”, o líder nacional dos populares afirmou: “Na política, quando os nossos adversários não gostam de nós ou nos tratam mal, isso é o melhor dos sinais – é sinal de que estamos a fazer com competência aquilo que esperam de nós”. Prescindindo de “considerações nacionais” para elogiar o trabalho desenvolvido no concelho, onde o partido vem gerindo a Câmara com maioria absoluta, Nuno Melo descreveu Vale de Cambra como “a joia da coroa do CDS” e realçou que cada uma das equipas em funções na autarquia ao longo dos últimos três mandatos tem vencido “não pelo que promete, mas pelo qua faz”. “As nossas listas querem unir onde outros querem dividir”, realçou o presidente do partido. “No dia seguinte às eleições, governam para todos e não para o CDS”, acrescentou. Nuno Melo salientou ainda que, à chegada de José Pinheiro à liderança da autarquia, esse “encontrou uma Câmara mal gerida” e agora passará a André Silva Martins uma “em muito melhores condições”, de “contas certas” e que “paga a tempo e horas” aos fornecedores. Referindo que o CDS soube nesse concelho dar a devida atenção não apenas à indústria, mas também a setores como a agricultura e o turismo, o presidente do CDS garante que, no balanço final de 12 anos de gestão, agora “são mais as pessoas para querem vir para Vale de Cambra do que as que querem sair do concelho”. A sua conclusão é, por isso, de que, “se há justiça na política como na vida, as listas do CDS merecem vencer em Vale de Cambra” as eleições autárquicas do próximo dia 12 de outubro. Além de André Martins Silva pelo CDS-PP, na corrida eleitoral por essa Câmara Municipal também participam Miguel Aguiar Soares pelo PSD, Nelson Martins pelo PS, Manuel Campos pelo Chega e Serafim Tavares pela CDU. Na autarquia com 147,3 quilómetros quadrados e cerca de 25.900 habitantes, o executivo camarário integra atualmente, além de cinco eleitos do CDS, também um vereador do PS e outro do PSD.
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PS leva campanha às ruas e canais de Aveiro na reta final das autárquicas
O “Encontro na Ria”, promovido pelo PS Aveiro, estava marcado para as 17h00 junto ao Largo da Estação de Comboios, mas só perto das 17h30 a arruada seguiu finalmente em direção à Avenida Lourenço Peixinho. O sinal de partida foi dado por “Vieira”, o responsável pelo som, microfone e coluna ao ombro, que ia animando os socialistas com frases de incentivo: “Domingo, pelas 21h00, já sabemos o nosso destino. (…) O nosso destino é ganhar. (…) Vota Alberto Souto”. “O comboio vai embora!”, gritou, e assim foi. Entre bandeiras, folhetos, camisolas e apelos em tom alto «Alberto, a vitória já está perto!» ou «Alberto, amigo, Aveiro está contigo!», a comitiva socialista avançou pela principal artéria da cidade em direção ao Fórum e, consequentemente, ao Cais da Fonte Nova, onde arrancou numa “arruada de moliceiros”. O momento terminou com um sunset na Praça Doutor Joaquim de Melo Freitas. Na linha da frente, na Avenida Lourenço Peixinho, seguiam Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara Municipal de Aveiro, acompanhado por Bruno Ferreira, candidato à Junta de Freguesia de Glória e Vera Cruz, e por Cláudia Cruz Santos, cabeça de lista à Assembleia Municipal. Durante o percurso, Alberto Souto de Miranda fez questão de cumprimentar quem encontrava e de entrar nos estabelecimentos locais que ainda tinham a porta aberta. No primeiro comércio onde entrou, aproveitou para distribuir folhetos e apresentar o programa eleitoral, mesmo que a maioria das pessoas presentes fossem turistas. Pelo meio do trajeto, aconteceu ainda o insólito de a comitiva se cruzar com outra arruada, promovida pela Iniciativa Liberal, e com a carrinha da 'Aliança com Aveiro'. Nem isso passou despercebido a “Vieira”, que rapidamente agarrou no microfone e, em tom alto, saudou: “Boa tarde, companheiros, boa campanha". Alberto Souto aproveitou também para cumprimentar os liberais. Entre as várias pessoas que se iam cruzando pelo caminho- a maioria não era de Aveiro- houve ainda o caso de uma senhora, na zona da ponte sobre o Canal Central, que, numa clara demonstração de apoio ao PS, comentou em tom alto: “Por Aveiro honesto, não é por corruptos”. Em declarações à Ria, Alberto Souto de Miranda destacou que a ação foi “uma forma original de fazer uma última festa de campanha na água”. “Somos a terra da água e deve ser mesmo a primeira festa comício que vai desenrolar-se em cima da água, através dos canais e depois vamos até ao centro, ao coração de Aveiro.Foi uma forma de nos encontrarmos todos para festejar a forma como esta campanha tem estado a correr, sem triunfalismos, ainda há muitos votos para cativar e pessoas para sensibilizar, mas é o culminar desta maratona”, explicou. Sobre a escolha da Avenida Lourenço Peixinho para promover a arruada, o candidato socialista recordou: “O que estamos aqui a ver são as pessoas a andar a pé na Avenida, no passeio. O que queremos ver no futuro é uma avenida com menos automóveis e, portanto, sem os engarrafamentos que temos tido. Queremos libertá-la da tirania dos automóveis, reservando-a apenas para moradores, cargas e descargas, veículos de emergência e transportes públicos. Esse é o paradigma do futuro: mobilidade sustentável e é isso que queremos concretizar”. Num comentário à parte, e sem esquecer a apresentação do Orçamento do Estado para 2026, que decorreu também esta quinta-feira, que não contém qualquer referência ao Hospital de Aveiro nem à isenção de portagens na A25, Alberto Souto não se mostrou surpreendido com a ausência do hospital. “O próprio primeiro-ministro já tinha dito que nos próximos quatro anos não haveria Hospital de Aveiro, e o resto foram pequenas confusões de campanha, tentativas de iludir as pessoas”, atirou. Mais surpreendente, porém, foi para o candidato “a ausência de qualquer compensação financeira para que se suprimam as portagens”. “Há acordo entre todos os partidos, este Governo está em funções há um ano e vai para o seu novo orçamento. Toda a gente esperava que finalmente pudessem ser consequentes com as promessas e suprimissem as portagens. Infelizmente, não é isso que está e só temos de lamentar”, comentou.
Distrital do PSD-Aveiro assegura que ampliação do Hospital de Aveiro avança com o partido no Governo
Num comunicado enviado às redações, o partido começa por esclarecer que, “por iniciativa do anterior governo, está em fase de adjudicação a execução do projeto de ampliação do Hospital Infante Dom Pedro, no valor de 2,5 milhões de euros, dando, de facto, os primeiros passos na satisfação desta legítima aspiração dos utentes do centro hospitalar”. O PSD acrescenta que “não há empreitada sem projeto e o PSD, em tão pouco tempo de governo na legislatura anterior, deu o impulso necessário a esta obra, fazendo o que o Partido Socialista não foi capaz de fazer em tantos anos de governação, apesar das sucessivas promessas nesse sentido”. Para os social-democratas, “só com o projeto aprovado é possível apurar o montante em que importa a construção e é essa a razão pela qual o Orçamento do Estado para 2026 não se refere à empreitada, sendo certo que já foram alocados 2,5 milhões de euros, como prova de que se trata de promessa para cumprir”. O comunicado recorda ainda que “a ampliação do hospital de Aveiro é uma reivindicação justíssima de toda uma região e o PSD é o primeiro a reconhecê-lo”, considerando tratar-se de “uma promessa eleitoral cumprida” que o partido pretende concretizar no Governo. “Podem, pois, descansar os aveirenses, não temendo a notícia agora tornada pública, em momento conveniente para quem esteve tantos anos no Governo sem demonstrar a capacidade para realizar este sonho tão antigo quanto justo de uma região inteira”, lê-se também no texto. A estrutura distrital conclui sublinhando que “no PSD, palavra dada é mesmo palavra honrada. Estamos a cumprir o que prometemos, com a execução do projeto de ampliação do Hospital D. Pedro e será com o partido no governo que a obra será concretizada. Sem margem para qualquer dúvida”.
Oposição acusa Ribau Esteves de “negociatas” após aprovação do Plano do Parque Desportivo de Aveiro
A votação do Plano de Pormenor do Parque Desportivo de Aveiro foi o primeiro ponto da Assembleia Municipal, mas a discussão começou ainda antes do arranque dos trabalhos. Depois de uma breve arruada com André Ventura, presidente do Chega, os candidatos do partido à Câmara Municipal e Assembleia Municipal – Diogo Soares Machado e Armando Grave, respetivamente – falaram sobre o tema à porta do Edifício da Antiga Capitania de Aveiro. Para Armando Grave, o que está em causa é “a demonstração da falta de transparência que existe nos atos do Executivo e nos atos da Assembleia Municipal”. São “negociatas” que, diz o candidato, Ribau Esteves tem tentado “apressar” por não acreditar numa vitória, nas eleições do próximo domingo, da ‘Aliança com Aveiro’, coligação entre PSD/CDS-PP/PPM liderada por Luís Souto de Miranda. Na mesma senda, Diogo Soares Machado dá nota que o Plano aumenta a capacidade construtiva nos terrenos de 1000 para 2700 fogos, sendo que, diz, “nenhum deles é para habitação social, a rendas acessíveis, a custos controlados… é habitação topo de gama”. No entanto, conforme viria Ribau Esteves a dizer durante a sessão, o Plano define que, no mínimo, 169 dos fogos a ser construídos têm de ser arrendados a custos controlados. Tendo em mente que a empresa Visabeira, sócia maioritária da PDA, S.A., detém cerca de 70% dos terrenos inseridos no Plano de Pormenor, Diogo Soares Machado diz que a valorização do espaço é “dada de barato” à empresa. “São mais de 225 mil metros quadrados de construção entregues de mão beijada ao acionista maioritário da PDA, S.A., a Visabeira, que foi quem a Câmara de Aveiro contratou para elaborar o Plano de Pormenor para os terrenos deles. Isto nem no Burkina Faso!”, acrescentou. Ainda sobre a habitação, voltou a atirar na direção de Ribau Esteves por não ter recorrido ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no sentido de construir mais habitação pública. Para Diogo Soares Machado, a opção política do executivo teve em consideração que “os terrenos que ele teria de utilizar para construir habitação social são terrenos onde hoje em dia se fazem negócios de milhões”. Apesar de Ribau Esteves já ter dito na anterior sessão da Câmara Municipal que os projetos previstos podem ser alterados por quem passe a governar a autarquia, Diogo Machado responde: “Dá para fazer isto que ele quer fazer, que é uma negociata […], mas também dá para estar quieto, que é o que ele devia fazer. Se o Plano de Pormenor dá para fazer estas coisas e outras, então ele que esteja quieto, que não o aprove hoje e que deixe para quem vier”. Outra crítica deixada pelo representante do Chega está relacionada com a exclusão do Plano de Pormenor do Estádio Municipal de Aveiro, do parque de estacionamento do Estádio e do espaço onde deve ser construído o Pavilhão Municipal – Oficina do Desporto. Segundo aponta, a manobra serviu “para contornar as leis, o ordenamento jurídico, os procedimentos que garantem, como eu disse, que cada euro que a Câmara Municipal gasta é um euro dos contribuintes e é bem gasto”. Para a zona do estacionamento do Estádio, adianta, entrou no passado dia 28 de agosto um pedido de informação prévia para a construção de um edifício de seis pisos em altura e três subterrâneos – um centro comercial. Nas suas palavras, os “equipamentos desportivos” ficam de fora do Plano de forma que “possa entrar o pedido de informação prévia para que a Visabeira tenha a garantia da parte da CMA que no estacionamento do Estádio, que fica fora do Plano de Pormenor, podia construir sem ter que pedir pareceres a A,B,C,D… uma série de entidades que o Plano de Pormenor obriga”. Já na reunião, Ribau Esteves começou por fazer uma breve contextualização histórica do caso, lembrando como a Visabeira se tornou acionista da PDA, S.A. durante o mandato do presidente Alberto Souto e que foi com Élio Maia que passou a deter a maioria do capital da sociedade. Conforme aponta, os espaços que ficaram de fora do Plano de Pormenor só não o integram porque “não têm nada para planear”. É o caso do centro comercial, que antes esteve previsto para o “grande espaço verde” que se localiza no meio dos terrenos abrangidos pelo Plano de Pormenor. Segundo este, o executivo preferiu transformar esse espaço num parque epassar o centro comercial para o parque de estacionamento. Entre as principais críticas da oposição, à esquerda, PCP, por Nuno Teixeira, BE, por João Moniz, e PS, por Jorge Gonçalves, viraram-se para a habitação. O comunista apontou que se vai construir pouca habitação a custos controlados e que vai estar toda “num cantinho” e Jorge Gonçalves notou que é uma opção política “não condicionar positivamente a habitação”. Por seu lado, João Moniz sublinha que, por não ser acionista maioritária, a Câmara tem “mãos e pés atados” e assinala que quem vai beneficiar da mais-valia criada com a aprovação do Plano, que espera que seja revogado a partir de 13 de outubro, é a Visabeira. Jorge Gonçalves manifestou ainda a sua discordância com a exclusão dos equipamentos desportivos do Plano e disse não concordar que tenha sido a própria Visabeira a desenhar o documento em questão. João Rodrigues, do PAN, justificou o seu voto contra a aprovação do Plano de Pormenor por não concordar com o modelo urbanístico proposto. Jorge Girão, do CDS-PP, e Manuel Prior, do PSD, manifestaram ambos a sua concordância com o avançar de um processo que já estava bloqueado há mais de 30 anos. Do lado do Chega, Gabriel Bernardo assumiu uma postura mais provocadora e questionou se o Plano tinha sido feito pelos técnicos da Câmara ou pela “empresa que lhe pagou o jantar no passado dia 27 de setembro” – neste caso, o deputado referia-se à Visabeira, que co-organizou o evento “Os Melhores Anos”. Sobre o Plano, apenas se queixou de um mau “timing”. No tempo para responder, Ribau Esteves condenou o ataque do deputado do Chega. O autarca disse que as considerações ficavam mal a Gabriel Bernardo, que diz ser uma pessoa “que até tem jeito” - algo que, aponta, fez com que o “corressem” do Chega. Depois de manifestar um “civilizado desprezo” em relação a “insinuações torpes”, Ribau Esteves disse que não se vende por jantares e que este evento até foi organizado em colaboração com a Câmara Municipal de Viseu, que também o convidou. O presidente garantiu “não ter telhados de vidro” e acrescentou ainda ter almoçado no próprio dia com uma grande empresa, a Navigator, tendo as despesas sido assumidas pela autarquia. Em relação às críticas que se prendem com questões de habitação, Ribau Esteves pediu aos deputados que “parem de mentir”. “Nós colocámos neste Plano uma regra nova que nunca nenhum Plano de Pormenor teve em Aveiro: uma obrigatoriedade de um valor para habitação a custos controlados. Se a Câmara controlada pelo presidente João Moniz, ou quem quer que seja, quiser fazer estes 2000 fogos a custos controlados ou habitação social, podem-no fazer […] Querem-nos fazer todos? Força! Devo dizer-vos que a maré está muito difícil para habitação a custos controlados”, concluiu. Sobre as acusações de que o Plano de Pormenor foi elaborado pela Visabeira, Ribau esteves explica que “a Câmara usou pela primeira vez um instrumento legal que se chama contrato de planeamento. É um vínculo formal entre uma entidade pública [CMA] e uma empresa privada. Porquê esta [empresa]? Porque ela acionista da PDA, S.A. Ela é acionista e proprietária de cerca de 70% dos terrenos”. Depois de ainda ser questionado pelo socialista Jorge Gonçalves acerca da sua “preocupação social” na crise da habitação ao ser o “maior defensor do investimento privado”, Ribau Esteves afirmou que a crise só existe devido à alta procura. Foi uma tese que, mais tarde, no final da reunião, em entrevista à Ria, o autarca também defendeu: “Nós temos um Município que se valorizou. Numa conta redonda, […] nestes 12 anos, os imóveis todos do nosso concelho valem o dobro. E valem o dobro porquê? Porque o desenvolvimento económico, o crescimento turístico, o contributo da nossa Universidade, o trabalho da nossa Câmara que qualificou o território, valorizou”. O autarca acrescenta que, para responder à maior pressão habitacional, Aveiro “vai no sétimo ano consecutivo a bater recordes de emissão de licenças de construção. Portanto, constrói-se em Aveiro como nunca se construiu”. É preciso, no entanto, ter também o cuidado de ter habitação para as pessoas com menos capacidade económica, diz Ribau Esteves. Nesse sentido, aponta que, percentualmente, o Município é dos que tem um nível mais alto de habitação social. Questionado sobre a opção de não recorrer ao PRR para reforçar o parque habitacional público, o autarca afirma que tem o direito a assumir esse caminho de aposta no setor privado: “Eu ganhei as eleições com 48% a primeira vez, 49% a segunda, 52% a terceira. Eu estou legitimado pelos cidadãos daqui. Não é agora o Bloco de Esquerda e o PCP, que acham não sei do quê, que me vão condicionar a minha política”. Não obstante, Ribau Esteves aproveitou para deixar uma bicada à Ria: “A Rádio Ria gosta de fazer investigações, algumas bem absurdas. Investiguem quantos municípios em Portugal têm uma unidade de habitação a custos controlados como nós temos, com 320 focos, com zero de fundos comunitários e de fundos do Estado? Faça a favor de investigar, mas eu vou lhe dizer qual é o resultado da sua investigação. Zero”. Se diz que é verdade que apenas foi mobilizada uma empresa, quando poderiam ter sido mais, o presidente diz que essa foi feita a tentativa, embora sem ser sucedida. Segundo aponta, as empresas acabam por ganhar muito mais no mercado médio e médio-alto (e ainda mais no mercado de luxo) do que no mercado a custos controlados, pelo que foi difícil atrair empresas para fazer esse investimento. Ribau Esteves disse ainda que o Plano de Pormenor teve de ir à Assembleia Municipal apenas nesta altura e recordou o “percalço” que atrasou o processo – caso o documento não tivesse recebido pareceres desfavoráveis devido à falta de um parecer da REN, o Plano teria ido à Assembleia ao mesmo tempo que o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso. Mesmo assim, o autarca recorda que “a Câmara, até ao próximo domingo, dia 12 de outubro, funciona em plena legalidade de competência legal os seus órgãos executivo e deliberativo”.
MP acusa professor da Universidade de Aveiro por comentários homofóbicos
O professor universitário de 63 anos, residente no Porto, está acusado de um crime de discriminação e de incitamento ao ódio e violência, segundo o despacho de acusação datado de 23 de setembro, a que a Lusa teve hoje acesso. O caso resultou de uma queixa apresentada junto do Departamento de Investigação e Ação Penal de Aveiro pela Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), que se constituiu como assistente no processo. O MP refere que o docente publicou na sua página, na rede social Facebook, diversos comentários cujos conteúdos "revestem uma conotação de teor depreciativo e discriminatório relativamente a pessoas pertencentes à comunidade LGBT, por causa do seu sexo ou orientação sexual, identidade e expressão de género". Em causa está uma publicação que o professor fez em junho de 2022 a criticar a comunidade LGBTQ+, a propósito de uma campanha publicitária que dava a conhecer vários termos relacionados com esta comunidade, como “gay”, “lésbica”, “queer” ou “não-binária”. “Acho que estamos a precisar urgentemente duma ‘inquisição’ que limpe este lixo humano (?) todo!”, escreveu na altura o docente, adiantando que o ato publicitário era uma agressão e que “merecia umas valentes pedradas nas vitrinas”. Os investigadores referem ainda que o arguido proferiu diversos comentários discriminatórios no telejornal de um canal de televisão, em que admitiu ser homofóbico, fazendo a apologia à violência. O MP diz que o arguido sabia que as expressões usadas eram de caráter injurioso, discriminatório e incentivavam ao ódio e violência contra pessoas ou grupo de pessoas por causa do seu sexo ou orientação sexual, identidade e expressão de género. A acusação realça ainda a elevada gravidade da conduta do arguido, afirmando que esta era suscetível de se projetar e se revelar, de forma negativa, não só na sua idoneidade cívica, mas também enquanto docente no Departamento de Física da UA. O advogado Pedro Teixeira, que representa a AAUAv no processo, refere que a conduta do arguido é especialmente censurável não apenas pela sua função social, atendendo à sua profissão, como pelo meio usado de especial propagação e divulgação. “Lamento também que não veja nos presentes autos um qualquer sinal de arrependimento, ou seja, o desvalor é total”, disse à Lusa o causídico, defendendo que estas atitudes e comportamentos “têm de ser exemplarmente punidos”, para que não se tornem uma prática recorrente na sociedade. Entre as testemunhas arroladas pelo MP está o então presidente da AAUAv Wilson Carmo e antigos alunos do docente. Fonte da UA disse à Lusa que o docente foi suspenso temporariamente, enquanto decorreu o processo disciplinar instaurado pela instituição, mas já recomeçou a dar aulas. “Em resultado da instauração do processo disciplinar em apreço, foi proferida decisão condenatória, cuja bondade e acerto se encontra presentemente a ser discutida em sede judicial, por via de ação própria instaurada pelo Sr. Professor”, referiu a UA. O arguido tem agora um prazo de 20 dias, contados a partir da notificação da acusação, para requerer a abertura de instrução e evitar que o processo chegue a julgamento.