Cais do Paraíso: BE e IL manifestam-se contra o Plano de Pormenor
A proposta de Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, que contempla a construção de uma unidade hoteleira de 12 andares, foi aprovado em reunião do executivo camarário e está neste momento em discussão pública. Tanto a Iniciativa Liberal (IL) como o Bloco de Esquerda (BE) reagiram esta semana, através de um comunicado e das redes sociais, respetivamente, a pedir um novo modelo de ordenamento territorial e a rejeitar o plano proposto.
Redação
Através de uma nota de imprensa enviada à Ria, a Iniciativa Liberal foi a primeira a manifestar-se. Para além de defender a revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o partido pede ainda a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) “de forma integrada” para articular o Cais do Paraíso com a antiga Lota. Recorde-se que o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso foi aprovado na reunião de executivo camarário do passado dia 24 de julho, apesar das críticas dos vereadores do Partido Socialista, e que a IL já tinha proposto um novo modelo para a antiga Lota.
Os liberais escrevem que a proposta de plano que está neste momento em consulta e discussão pública “ultrapassa o limite de altura fixado pelo PDM e altera a morfologia urbana junto à ria”. O partido entende que a reunião de Câmara do próximo dia 27 é “uma oportunidade para corrigir o rumo e envolver a população” no processo de decisão.
Nas palavras de Miguel Gomes, candidato da IL à Câmara Municipal de Aveiro, “a proximidade e a ligação direta destes dois terrenos [Cais do Paraíso e antiga Lota] à Ria exigem mais do que decisões avulsas: exigem uma visão única, que valorize o património natural e cultural, potencie o turismo sustentável e assegure que as regras são claras e iguais para todos, não alteradas ao sabor do projeto ou investidor do momento”.
No mesmo sentido, João Moniz contesta “mais uma operação de mercantilização do território”. O candidato do Bloco de Esquerda acusa o atual executivo de “preparar o território ribeirinho da nossa cidade para a especulação imobiliária” ao longo do último mandato, dando os exemplos da intervenção na zona da dita Rua do Sal, os planos futuros para a lota ou a “intervenção urbanística no final do canal de S. Roque para o empreendimento privado Foz de Prata”. Tal como para a Iniciativa Liberal, para o Bloco de Esquerda o debate deve ir para além do hotel que agora se pretende edificar e, diz João Moniz, “tem de ser alargado a toda esta frente ribeirinha e à relação da cidade com a Ria”.
Assim como os liberais defendem “uma estratégia única” para a antiga Lota e para o Cais do Paraíso que passe pela criação de um novo centro de vida urbana com amplos espaços verdes, o Bloco pede um novo parque público, como o que diz que devia ser projetado para a antiga Lota, “que articule essa relação com a Ria com a praça do Alboi, os Parque da Baixa de Santo António e Infante Dom Pedro”. Na publicação feita no Facebook, João Moniz deixa o desafio aos restantes candidatos à Câmara Municipal de Aveiro para que se juntem a ele e “assumam publicamente o compromisso com esta proposta de parque público”.
A Iniciativa Liberal critica ainda o facto de o Plano de Pormenor estar a ser discutido durante o mês de agosto, um período em que muitos dos aveirenses estão de férias. No comunicado, consideram que a decisão “limita a participação informada da população e fragiliza o debate”.
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CMA abre nova parque de estacionamento gratuito em Eixo
A CMA afirma que, ao abrigo do acordo estabelecido entre ambas as partes, “executou os trabalhos de limpeza, pavimentação com tout-venant e a demolição parcial de um muro para criar um acesso com seis metros de largura, possibilitando o cruzamento de duas viaturas”. Cabe ainda à autarquia a gestão e conservação do espaço com a garantia de uso exclusivo para parqueamento de veículos e permitindo, “sempre que necessário”, o uso parcial pela Fábrica da Igreja. O acordo de cedência gratuita do espaço durante cinco anos e possibilidade de renovação foi firmando entre a Câmara Municipal e a Fábrica da Igreja Matriz de Eixo no passado dia 6 de agosto. A autarquia destaca que a obra “permitiu criar um espaço provisório e de utilização pública para colmatar a falta de estacionamento ordenado na envolvente à Sede da Junta de Freguesia de Eixo e Eirol, ao Centro Cultural de Eixo e à Igreja Matriz de Eixo”.
Especialista da UA defende reuso adaptativo para antigo edifício da CERCIAV
Para compreender todo o processo é preciso recuar à Assembleia Municipal do passado dia 17 de junho. Quando fazia o ponto de situação sobre o processo de requalificação e ampliação do Conservatório de Música de Aveiro, que deverá agora ter áreas dedicadas à dança e ao ensino individualizado, José Ribau Esteves, presidente da CMA, anunciava: “Vamos acabar com aquele edificado que lá está. Aqueles anexos e aquela casa velha que ficam ali no gaveto”. A “casa velha” a que se referia o edil era o antigo edifício sede da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Aveiro (CERCIAV). Foi nesta casa que esta cooperativa concentrou o seu funcionamento entre 1975 e 2001 – ano em que mudou-se para a freguesia de São Bernardo. Conforme noticiado pelo Jornal de Notícias a 23 de junho, não tardou a reação de Alberto Souto, ex-presidente da CMA e atual candidato do Partido Socialista (PS) ao cargo. Para o candidato socialista, “a necessidade de uma sala para a dança não implica a demolição daquela casa, que, uma vez recuperada, pode servir o Conservatório em outras valências”. É uma “oportunidade perdida”, no entender de Alberto Souto, sendo que “não há qualquer razão para esta demolição. Basta querer preservar”. A situação escalou quando, a 29 de julho, se soube que a demolição do edifício tinha sido suspensa devido a uma providência cautelar interposta por Alberto Souto. A discussão aqueceu e acabou por cair em duas questões fundamentais: contrariando as teses defendidas pelo candidato socialista, Ribau Esteves disse na passada semana, em reunião de Câmara, que “a casa não tem valor patrimonial” e “não está em condições de ser reabilitada”. Por isso, a autarquia aprovou uma resolução fundamentada que anula o efeito suspensivo da providência cautelar. Através do Facebook, Alberto Souto já respondeu, notando que deu entrada de uma “exposição tendente” no Tribunal a demonstrar que a resolução não tem “fundamentos válidos”. Para tentar perceber melhor os contornos de toda a discussão, a Ria acedeu à “Nota Técnica” relativa à inspeção feita ao edifício e à “Memória descritiva e justificativa do projeto de reabilitação e ampliação do Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian”. Embora nenhum dos documentos diga que a reabilitação é impossível, é várias vezes enaltecido o estado de degradação da estrutura que “não reúne condições de salubridade para uma inspeção mais detalhada”. Na “Memória Descritiva e Justificativa”, assinada pelos arquitetos Luís Pinheiro Loureiro e José Manuel Loureiro, da GALP Urbanismo e Arquitetura Lda., consta que “uma suposta reabilitação exigiria a demolição de grande parte das construções existentes para construir novas. A ideia de demolir e voltar a construir, a imitar o antigo, é por si só uma ideia que não nos parece adequada, principalmente neste caso particular, em que o antigo não é um exemplo do que melhor se fez”. A Ria falou sobre este caso com a professora Ana Velosa, que dirige o mestrado em Reabilitação do Património da Universidade de Aveiro. No entender da docente, o edifício pode ser visto à luz de diferentes perspetivas, tanto como elemento como na sua relação com a cidade. Se o pensarmos “per se”, afirma Ana Velosa, a casa “não parece ter grande valor”, especialmente não sendo - como já se veio a confirmar - da autoria do arquiteto Raul Lino. No entanto, a professora realça que não é o único caso em que um edifício é pouco significativo quando pensado enquanto elemento, mas que, quando enquadrado na história da cidade, “tem a sua relevância”. Ana Velosa acrescenta que Ribau Esteves não está “tecnicamente errado” quando diz que o edifício não tem valor patrimonial, uma vez que não está classificado. Não obstante, acredita que “olhar para o património apenas com as classificações que lhe são atribuídas é um bocadinho limitativo”. Apesar de não ser adepta da demolição, Ana Velosa também prefere não falar em reabilitação. “Em vez de reabilitação, se calhar ia aqui usar outra designação, que é reuso adaptativo”, frisa a professora, que considera que “terem deixado degradar o edifício até a um ponto em que está mesmo degradado” seria um grave problema no processo de reabilitação. Mas o que é o reuso adaptativo? A docente explica que se trata de um processo de “pegar num edifício e dar-lhe uma utilização distinta, explicar à comunidade para que é que se dá essa utilização”. No fundo, a ideia seria “manter a história e explicar [à comunidade] que o edifício tem uma história, mas que agora se mantém com novas condicionantes”. Um bom exemplo disso é a Fábrica da Ciência Viva - antigamente pertencente à Companhia Aveirense de Moagens, uma fábrica industrial dedicada ao processamento de cereais e outras atividades, o edifício foi adquirido pela Universidade de Aveiro e transformado num centro interativo de divulgação científica, apesar de serem mantidas as principais características do edificado. Embora ressalve que o processo teria implicações financeiras, salienta que “o reuso adaptativo é sempre possível, mesmo que se mantenham só as paredes”. Do ponto de vista ambiental, Ana Velosa considera que o impacto seria positivo, porque o “a construção é um setor muito violento em termos energéticos” e “o paradigma devia ser a potenciação da reutilização daquilo que temos”. Para discutir a possível reutilização do edifício, Ana Velosa afirma também que é preciso falar sobre o que se quer para a cidade de Aveiro, quer a nível cultural, quer a nível dos equipamentos. Uma solução como aquela que é proposta pela docente acarretaria um trabalho de arquitetura “cuidadoso, que integre edifícios de diferentes épocas e estilos numa única obra”. A docente lembra que é preciso estudar se o edifício pode ser usado de forma adaptativa para o equipamento pretendido. Embora o presidente da Câmara Municipal de Aveiro tenha dito na passada reunião de executivo camarário que “a casa não é útil na sua estrutura atual para o Conservatório de Música” e que foi indicada nos termos de referência do projeto a possibilidade de o edifício ser reabilitado, Ana Velosa afirma que é preciso um estudo para perceber se o edifício pode ser usado de forma adaptativa para o equipamento pretendido. A docente não acredita que esse trabalho tenha sido feito “até porque o próprio trabalho de avaliação do edifício não ficou completo”.
CDU já entregou listas de candidatos no Tribunal de Aveiro
A CDU tornou-se assim no segundo partido a entregar as listas no Tribunal, depois de o Bloco de Esquerda o ter feito um dia antes, dia 6. Entretanto, também o Partido Socialista e o movimento independente “Sentir Aradas”, que apenas se candidata à Junta de Freguesia de Aradas, já entregaram as suas listas de candidatos. Recorde-se que a cabeça-de-lista da Coligação Democrática Unitária à Câmara Municipal de Aveiro é Isabel Tavares, que também já tinha encabeçado as listas de candidatos às últimas eleições legislativas no círculo de Aveiro. Segunda-feira, dia 18, termina o prazo para que as candidaturas têm para apresentar as listas no Tribunal. Espera-se que a “Aliança com Aveiro”, o Chega, a Iniciativa Liberal, o Livre, o Nós, Cidadãos! e o PAN (cuja candidatura ainda não é conhecida) devam entregar os documentos ao longo do último dia possível.
Cais do Paraíso: Alberto Souto considera “história esquisita” com “perfume de lavagem de dinheiro”
Embora ressalve que “não está a dizer que há ali algo de anormal”, Alberto Souto frisa que a história é “esquisita”. O ex-presidente da CMA, agora novamente candidato, pede explicações para o facto de o terreno “ter ido parar às imobiliárias” por 20 milhões de euros, insinuando que a conjugação de um valor elevado, venda rápida, projeto urbanístico moldado ao comprador e pressa na aprovação pode sugerir um “perfume de lavagem de dinheiro”. O candidato socialista refere-se a um anúncio publicado pela agência mobiliária Remax, em abril de 2022, onde o terreno da antiga Fábrica Bóia & Irmão era colocado à venda por 20 milhões de euros. Para Alberto Souto, a colocação do terreno à venda por valores desta natureza antecipava a possibilidade de ali construir um hotel com muitos andares, transmitindo a ideia de que o destino do local já estava alinhado muito antes do processo público. Curiosamente, três anos antes, no final de janeiro de 2019, no âmbito de uma conferência organizada na Universidade de Aveiro (UA) dedicada ao turismo, Ribau Esteves já assumia a mesma possibilidade. “Quando eu disser onde vai ser, quantos pisos tem, etc., vai cair o Carmo e a Trindade a algumas almas”, afirmava o atual presidente da CMA, numa referência a uma nova unidade hoteleira de 5 estrelas que estava, à data, a atrair para a cidade de Aveiro e que já previa com muitos pisos. Alberto Souto refere, por isso, que o projeto está a avançar “contra todas as opiniões razoáveis” e não compreende a insistência do Executivo. O “erro urbanístico” é reconhecido por todos, no entendimento do candidato do PS, e por isso é ainda mais “estranho” que a governação de Ribau Esteves esteja a fazer pressão para aprovar o Plano de Pormenor daquela zona em véspera de final de mandato. O socialista considera que o caso é “estranho”, sugerindo que o processo urbanístico foi desenhado “à medida” de quem comprou o terreno, em vez de responder a critérios técnicos ou ao interesse público.
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CMA abre nova parque de estacionamento gratuito em Eixo
A CMA afirma que, ao abrigo do acordo estabelecido entre ambas as partes, “executou os trabalhos de limpeza, pavimentação com tout-venant e a demolição parcial de um muro para criar um acesso com seis metros de largura, possibilitando o cruzamento de duas viaturas”. Cabe ainda à autarquia a gestão e conservação do espaço com a garantia de uso exclusivo para parqueamento de veículos e permitindo, “sempre que necessário”, o uso parcial pela Fábrica da Igreja. O acordo de cedência gratuita do espaço durante cinco anos e possibilidade de renovação foi firmando entre a Câmara Municipal e a Fábrica da Igreja Matriz de Eixo no passado dia 6 de agosto. A autarquia destaca que a obra “permitiu criar um espaço provisório e de utilização pública para colmatar a falta de estacionamento ordenado na envolvente à Sede da Junta de Freguesia de Eixo e Eirol, ao Centro Cultural de Eixo e à Igreja Matriz de Eixo”.
Espinho: Ricardo Sousa fez queixa no Constitucional contra a candidatura de Jorge Ratola
Conforme adiantou Ricardo Sousa à Agência Lusa, depois de se terem esgotado os meios internos para “repor a legalidade dos atos”, o social-democrata diz ter dado entrada no Tribunal Constitucional de uma ação para anular a deliberação da Comissão Política Nacional do PSD. Recorde-se que a discussão sobre a candidatura a Espinho começou em novembro, quando a concelhia aprovou o nome de Ricardo Sousa como candidato à Câmara Municipal de Espinho. Mais tarde, em julho, foi anunciado pela distrital do PSD, por indicação da hierarquia nacional, que seria Jorge Ratola, atual adjunto do Primeiro-Ministro e ex-vice-presidente da Câmara de Aveiro, o cabeça-de-lista. Aquando da nomeação de Jorge Ratola, Ricardo Sousa classificou a alteração como um “ajuste de constas pessoal” do primeiro-ministro Luís Montenegro. Apoiado por mais 110 militantes, o presidente da concelhia pediu a impugnação da candidatura. De acordo com a Lusa, Conselho de Jurisdição Nacional do PSD não deu razão a Ricardo Sousa com base em dois argumentos que o queixoso considera “facilmente desmontáveis”: uma sondagem em que “supostamente o candidato indicado pela secção local não estaria bem colocado” e o desrespeito pelo calendário eleitoral “por um pretenso documento de orientação estratégica aprovado pela Comissão Política Nacional do PSD a 11 de dezembro de 2024”. Ricardo Sousa aponta que, no primeiro caso, a concelhia nunca foi consultada sobre a sondagem, que não teve acesso aos números exatos, que o estudo de opinião não tinha Jorge Ratola como uma das alternativas e que “os estatutos do PSD não fazem nenhuma referência a sondagens, quanto mais a estas serem causa de exclusão de um candidato”. No segundo caso, o presidente da concelhia afirma que “os estatutos também não definem nenhum tipo de calendário ou ‘timing’ para a Comissão Política de Secção indicar o seu candidato à câmara municipal” e nota que houve candidatos definidos em “pelo menos mais 18 concelhos” antes da aprovação do tal documento.
Especialista da UA defende reuso adaptativo para antigo edifício da CERCIAV
Para compreender todo o processo é preciso recuar à Assembleia Municipal do passado dia 17 de junho. Quando fazia o ponto de situação sobre o processo de requalificação e ampliação do Conservatório de Música de Aveiro, que deverá agora ter áreas dedicadas à dança e ao ensino individualizado, José Ribau Esteves, presidente da CMA, anunciava: “Vamos acabar com aquele edificado que lá está. Aqueles anexos e aquela casa velha que ficam ali no gaveto”. A “casa velha” a que se referia o edil era o antigo edifício sede da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Aveiro (CERCIAV). Foi nesta casa que esta cooperativa concentrou o seu funcionamento entre 1975 e 2001 – ano em que mudou-se para a freguesia de São Bernardo. Conforme noticiado pelo Jornal de Notícias a 23 de junho, não tardou a reação de Alberto Souto, ex-presidente da CMA e atual candidato do Partido Socialista (PS) ao cargo. Para o candidato socialista, “a necessidade de uma sala para a dança não implica a demolição daquela casa, que, uma vez recuperada, pode servir o Conservatório em outras valências”. É uma “oportunidade perdida”, no entender de Alberto Souto, sendo que “não há qualquer razão para esta demolição. Basta querer preservar”. A situação escalou quando, a 29 de julho, se soube que a demolição do edifício tinha sido suspensa devido a uma providência cautelar interposta por Alberto Souto. A discussão aqueceu e acabou por cair em duas questões fundamentais: contrariando as teses defendidas pelo candidato socialista, Ribau Esteves disse na passada semana, em reunião de Câmara, que “a casa não tem valor patrimonial” e “não está em condições de ser reabilitada”. Por isso, a autarquia aprovou uma resolução fundamentada que anula o efeito suspensivo da providência cautelar. 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Ana Velosa acrescenta que Ribau Esteves não está “tecnicamente errado” quando diz que o edifício não tem valor patrimonial, uma vez que não está classificado. Não obstante, acredita que “olhar para o património apenas com as classificações que lhe são atribuídas é um bocadinho limitativo”. Apesar de não ser adepta da demolição, Ana Velosa também prefere não falar em reabilitação. “Em vez de reabilitação, se calhar ia aqui usar outra designação, que é reuso adaptativo”, frisa a professora, que considera que “terem deixado degradar o edifício até a um ponto em que está mesmo degradado” seria um grave problema no processo de reabilitação. Mas o que é o reuso adaptativo? A docente explica que se trata de um processo de “pegar num edifício e dar-lhe uma utilização distinta, explicar à comunidade para que é que se dá essa utilização”. No fundo, a ideia seria “manter a história e explicar [à comunidade] que o edifício tem uma história, mas que agora se mantém com novas condicionantes”. Um bom exemplo disso é a Fábrica da Ciência Viva - antigamente pertencente à Companhia Aveirense de Moagens, uma fábrica industrial dedicada ao processamento de cereais e outras atividades, o edifício foi adquirido pela Universidade de Aveiro e transformado num centro interativo de divulgação científica, apesar de serem mantidas as principais características do edificado. Embora ressalve que o processo teria implicações financeiras, salienta que “o reuso adaptativo é sempre possível, mesmo que se mantenham só as paredes”. Do ponto de vista ambiental, Ana Velosa considera que o impacto seria positivo, porque o “a construção é um setor muito violento em termos energéticos” e “o paradigma devia ser a potenciação da reutilização daquilo que temos”. Para discutir a possível reutilização do edifício, Ana Velosa afirma também que é preciso falar sobre o que se quer para a cidade de Aveiro, quer a nível cultural, quer a nível dos equipamentos. Uma solução como aquela que é proposta pela docente acarretaria um trabalho de arquitetura “cuidadoso, que integre edifícios de diferentes épocas e estilos numa única obra”. A docente lembra que é preciso estudar se o edifício pode ser usado de forma adaptativa para o equipamento pretendido. Embora o presidente da Câmara Municipal de Aveiro tenha dito na passada reunião de executivo camarário que “a casa não é útil na sua estrutura atual para o Conservatório de Música” e que foi indicada nos termos de referência do projeto a possibilidade de o edifício ser reabilitado, Ana Velosa afirma que é preciso um estudo para perceber se o edifício pode ser usado de forma adaptativa para o equipamento pretendido. A docente não acredita que esse trabalho tenha sido feito “até porque o próprio trabalho de avaliação do edifício não ficou completo”.
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