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Ministra da Cultura assegura execução de 100% do PRR no setor

A ministra da Cultura assegurou esta quinta-feira que o PRR na área da Cultura será executado “a 100%”, nomeadamente no Património Cultural que prevê intervenções em museus, monumentos, palácios e teatros nacionais de todo o país.

Ministra da Cultura assegura execução de 100% do PRR no setor
Redação

Redação

19 set 2025, 10:46

“Nós vamos executar a 100%, e é esse o compromisso que temos, o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] alocado à Cultura”, afirmou esta quinta-feira a ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, à margem de uma visita às obras no Mosteiro dos Jerónimos e no Museu Nacional de Arqueologia, ambos em Lisboa, quando questionada pelos jornalistas sobre se ficará algo por executar do PRR na Cultura.

De acordo com o relatório trimestral de monitorização do PRR mais recente, que data de março, na componente de Cultura 100% estão contratados, mas pagos estão pouco mais de um quarto (28%). Já segundo o relatório semanal mais recente, que data de quarta-feira, mantêm-se os 28% “pagos a beneficiários diretos e finais”, aos quais acrescem 19% “em transito em beneficiários intermédios”.

A Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR agravou para “Crítico” a apreciação da componente da Cultura do plano, no relatório aprovado no final de maio deste ano, cujos dados analisados se reportam a março.

Tendo em conta que “a quantidade de obras em gestão é muito elevada”, a comissão faz uma série de recomendações, entre as quais “a possibilidade de se utilizar o 2.º trimestre de 2026 para conclusão das obras, em virtude de este investimento estar incluído no 10.º pedido de pagamento, em virtude de muitas obras só agora se estarem a iniciar e outras só se iniciarão no 2.º semestre, todas com complexidade elevada”.

Na quarta-feira, o ministro da Economia anunciou que o Governo está a preparar uma nova reprogramação do PRR e quer garantir que as verbas não executadas são direcionadas para um fundo de apoio à inovação empresarial e à competitividade.

Questionada hoje sobre se a Cultura estará abrangida por essa reprogramação, a ministra da Cultura respondeu: “Temos cerca de 345 milhões de euros alocados à Cultura – na componente do Património Cultural cerca de 240 ME – e que está a correr bem”. "Temos feito alguns ajustamentos, neste caso a entidade pública responsável Património Cultural, IP tem feito um acompanhamento diário de cada um dos projetos”, disse.

Margarida Balseiro Lopes disse também que o “objetivo e compromisso” do Governo é “executar tudo aquilo que está alocado para a intervenção no Património Cultural no que diz respeito ao PRR”.

O PRR é um mecanismo de financiamento, de âmbito europeu, para ser aplicado em reformas estruturais em resposta à crise pandémica provocada pela covid-19.

Na área da Cultura, designada medida C4 - Cultura, está alocado um total de 346 milhões de euros, incluindo financiamento de 102,39 milhões de euros na componente de redes culturais e transição digital, segundo o Ministério da Cultura.

Entre as 85 intervenções previstas no PRR contam-se obras no Mosteiro dos Jerónimos, no Museu Nacional de Arqueologia, no Museu Nacional de Arte Antiga, nos teatros nacionais de São Carlos e D. Maria II, em Lisboa, no Convento de Cristo, em Tomar, e no Mosteiro da Batalha, o Castelo de Pinhel, o Mosteiro de Tibães e a Igreja da Senhora das Salvas, em Sines, no Mosteiro de Tibães, em Braga, e a construção do Arquivo Nacional do Som, em Mafra.

Recomendações

Sistema informático do SNS com falhas desde quarta-feira
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Sistema informático do SNS com falhas desde quarta-feira

Em declarações à Lusa, a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, explicou que os problemas começaram ainda na tarde de quarta-feira, com o sistema a ficar muito lento. Durante a noite ficou inoperacional e “só agora começa a funcionar, mas aos soluços", disse a sindicalista pouco antes das 10:00. "Neste momento em muitas unidades ainda não é possível aceder à ficha do utente", disse, explicando que os problemas afetam tanto hospitais como centros de saúde. A FNAM disse aos médicos para apresentarem escusas de responsabilidade se necessário: "Nós não podemos ser responsabilizados pela inoperância de algo em que não temos responsabilidade", disse Joana Bordalo e Sá. Em resposta à Lusa, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) explicaram que os constrangimentos resultaram de uma atualização realizada pela NOS no software da Rede Informática da Saúde (RIS), que provocou instabilidades nos sistemas de informação, "afetando alguns sistemas de apoio dos cuidados de saúde, nomeadamente, na Prescrição Eletrónica Médica (PEM)". "As equipas técnicas dos SPMS estão, juntamente com o operador externo, a tentar resolver a situação, prevendo-se que os serviços retornem à normalidade ainda durante a manhã", disse. A FNAM considera tratar-se de um exemplo de "inoperância governativa" e da falta de investimento na modernização informática da Saúde, lembrando que "o sistema tem falhado diversas vezes". "Isto acaba por acontecer todos os dias, não acontece de uma forma tão generalizada, mas todos os dias os sistemas falham e, no fim, quem sai prejudicado são os doentes, com consultas atrasadas, às vezes até mesmo canceladas. É inaceitável", acrescentou.

Ministro da Educação prevê 90 novas residências no ensino superior até 2026
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Ministro da Educação prevê 90 novas residências no ensino superior até 2026

"Em 2026, vamos ter mais 11 mil camas em todo o país e 90 novas residências face a 2020 ou 2021. Será uma mudança muito significativa, não só em quantidade, mas também em qualidade, com infraestruturas mais modernas e adequadas às necessidades dos estudantes”, afirmou esta quarta-feira à Lusa o ministro da Educação, Ciência e Inovação, à margem da inauguração da nova residência de estudantes do ISLA Santarém.  O governante adiantou que no mês de setembro serão inauguradas "16 novas residências” e que estão em curso intervenções de reabilitação em 49, num total de 139 obras em execução. “São 139 residências com obras em curso. A maioria está a ser concluída com grande empenho das empresas e das entidades envolvidas, que reconhecem a importância destas soluções para os estudantes”, afirmou. O ministro alertou, no entanto, para os limites da capacidade de construção no atual contexto, defendendo que “não vale a pena fazer mais obras neste momento, porque as empresas não têm capacidade e isso só iria inflacionar os preços”. Nesse sentido, apelou às instituições para que “pensem para além do PRR” e preparem planos para o período pós-2026.

Programadores querem novas estratégias e modelos para quebrar assimetrias nos cinemas
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Programadores querem novas estratégias e modelos para quebrar assimetrias nos cinemas

“A grande concorrência de uma sala de cinema é o sofá de casa. Não são as condições ou as pipocas. O importante é tirar as pessoas de casa para ir ao cinema”, afirmou à Lusa Tiago Santos, um dos responsáveis da Iniciativa Poética, um projeto que intermedeia a programação de cinema entre distribuidoras e autarquias que exibem filmes em equipamentos culturais. Em Portugal, segundo dados do ICA, três distritos – Beja, Bragança e Portalegre – não têm exibição comercial e diversificada de cinema. A cidade de Viana do Castelo corre o risco de deixar de ter cinema num centro comercial, porque foi autorizada a desafetação de salas. Há dezenas de concelhos no país, sobretudo fora dos grandes centros urbanos, em que só existe oferta de cinema, por vezes semanal, em auditórios, cineteatros, casas de cultura ou cineclubes em espaços de gestão autárquica. No caso da Iniciativa Poética, uma microempresa fundada em 2022, o negócio passa por consultoria, fornecimento de equipamentos e apoio aos clientes – municípios, freguesias, cineclubes – na hora de programar e escolher filmes a exibir em sala. “Cada sala tem as particularidades do território, mas no fundo é com a curadoria e o ambiente que se vive em sala que elas podem sobreviver. É preciso que haja mais oásis como o Cinema Trindade [no Porto]: Há uma programação diversificada, atenta, com sessões especiais, promove-se a oportunidade de estreitar laços da comunidade com os seus criadores. É isso que faz a diferença”, disse Tiago Santos. Em Viseu, onde a exibidora NOS Lusomundo Cinemas tem 12 salas repartidas por dois centros comerciais, há um cineclube, prestes a completar 70 anos, que em 2024 teve 10.429 espectadores envolvidos nas sessões de cinema, oficinas e formação de públicos. O cineclube funciona no auditório do Instituto Português do Desporto e Juventude, com cerca de 150 lugares, e tem atividade regular fora da cidade, como por exemplo, com cinema ao ar livre. Em declarações à Lusa, o coordenador-geral deste cineclube, Rodrigo Francisco, lembrou que a exibição comercial, privada, e a municipal, pública, têm lógicas e propósitos diferentes e há fatores que a diferenciam, nomeadamente em recursos humanos ou lucros de bilheteira. Mas o programador diz que há falta de salas no país, sobretudo “salas com espírito de programação contínua, 12 meses por ano e sem esperar por retorno imediato”. “É urgente uma estratégia para o setor. Não é fácil contar o número de cidades neste país, e até capitais de distrito, que não têm acesso a uma oferta regular, previsível de cinema português, europeu, lusófono”, alertou Rodrigo Francisco. A nível nacional, com base na informação estatística do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), em 2024 existiam 563 salas de cinema, das quais 172 estavam concentradas na região de Lisboa, 166 na região norte e 122 na região centro. A NOS Lusomundo Cinemas é a líder de mercado, com 218 salas de cinema, seguindo-se a Cineplace, com 67 salas, e a UCI Cinemas, com 42 salas, predominantemente situadas em contexto de centro comercial. Em 2024, 11,8 milhões de espectadores viram filmes nos cinemas, totalizando 73,3 milhões de euros de receita, mas são valores que ainda estão abaixo dos obtidos em 2019, antes da pandemia da covid-19. Nesse ano, o ICA contabilizou 15,5 milhões de entradas e 83,1 milhões de euros de receita de bilheteira. Ainda segundo o ICA, no ano passado estrearam-se 62 longas-metragens portuguesas nos cinemas, totalizando 536.146 espectadores, o que representa uma quota de apenas 4,5% do mercado. “Não é possível haver público para o cinema português se os filmes não estão a chegar às cidades e não estão a chegar às pessoas. É um mito que haja uma má relação do público com o cinema português. Faltam salas”, disse o programador do cineclube de Viseu. No mercado, têm ainda surgido novas distribuidoras independentes de cinema, de pequena escala e algumas ligadas a produtoras, que procuram alternativas e novos modelos para fazer chegar os seus catálogos de filmes a mais salas e a mais públicos. É o caso da Magenta, distribuidora ligada à produtora Uma Pedra no Sapato, que começou a operar em 2024. Para o último trimestre de 2025 está a preparar a estreia dos filmes “Complô”, de João Miller Guerra, e “O Riso e a Faca”, de Pedro Pinho. “Vemos a distribuição de cada filme como um objeto específico, considerando as salas comerciais e como o filme pode existir no espaço comum para além da sala comercial e durante mais tempo”, disse Cíntia Gil, desta distribuidora, à agência Lusa. A programadora elogia alguns exibidores por fazerem “coisas extraordinárias pelos filmes” e estarem empenhados em que tenham existência em sala, mas lamenta “a loucura” e o atropelo de estreias semanais de filmes nas salas de cinema. Em Portugal, os filmes estreiam-se às quintas-feiras e as exibidoras fazem uma avaliação permanente do número de espectadores e receitas, determinando a sua continuidade e o número de salas para a semana seguinte. E isso pode prejudicar, por exemplo, a exibição do cinema português face a outros filmes de bilheteira potencialmente mais apelativa. No mercado português, o ICA tem apoios financeiros à exibição de cinema em circuitos alternativos, mas Cíntia Gil diz que o modelo de apoio “está caduco” e apelou à aplicação de um plano estratégico para o setor. O mesmo pediram Tiago Santos e Rodrigo Francisco. “Para resolver isto é preciso uma política cultural e resumir o papel do ICA ao valor que existe para apoiar as salas é redutor. Senão o caminho que estamos a percorrer é para o desastre, porque há muitas pessoas que não estão a ter acesso a esta oferta de cinema”, disse o programador do cineclube de Viseu.

Governo disponibiliza 30 milhões de euros para reforçar reciclagem
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Governo disponibiliza 30 milhões de euros para reforçar reciclagem

Em comunicado o Ministério do Ambiente e Energia avança que, através da Agência para o Clima, lançou hoje o aviso para o aumento da capacidade de reciclagem e valorização de resíduos. É um investimento financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no quadro do regulamento europeu (plano energético) REPowerEU, e destina-se, precisa o comunicado, “a acelerar a economia circular em Portugal e a contribuir para a neutralidade carbónica até 2050”. A instalação e a modernização de linhas de triagem de embalagens, a aquisição de viaturas elétricas e de contentores para recolha seletiva, a criação ou reforço de centrais de compostagem de biorresíduos e a implementação de sistemas de tratamento de águas residuais em instalações de resíduos são alguns dos investimentos que podem ser feitos. Segundo o aviso, a taxa de comparticipação é até 100% e os projetos selecionados devem estar concluídos até 31 de dezembro de 2025. As candidaturas decorrem entre 23 de setembro e 22 de outubro. O objetivo é promover a valorização de resíduos, reduzindo a deposição em aterro, e contribuir para as metas do Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU2030) e da União Europeia. A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, diz, citada no comunicado, que o investimento agora anunciado é “um passo decisivo para acelerar a economia circular em Portugal, garantindo mais reciclagem, menos aterro e maior valorização dos recursos, em linha com as metas europeias e nacionais”. “Portugal tem de transformar os resíduos em oportunidades, reduzindo a dependência de matérias-primas virgens, promovendo a inovação e criando valor económico e ambiental em todo o território”, acrescenta. O Ministério recorda as metas em questão, de reciclar pelo menos 55% dos resíduos urbanos até 2025, 60% até 2030 e 65% até 2035, enquanto se reduz a deposição em aterro para 10% em 2035. O aviso destina-se aos sistemas de gestão de resíduos urbanos (SGRU) concessionados ao abrigo do PERSU2030, que asseguram a gestão de resíduos de milhões de pessoas em todo o país. São a Ambilital – Investimentos Ambientais no Alentejo; LIPOR – Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto; Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão; Resialentejo – Tratamento e Valorização de Resíduos, e a EGF, através dos seus 11 sistemas associados (Algar, Amarsul, Ersuc, Resiestrela, Resulima, Suldouro, Valnor, Valorlis, Valorminho, Valorsul e Resinorte).

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Ribau Esteves regressa à campanha ao lado de Luís Souto no “Encontro Continuidade & Inovação”
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Ribau Esteves regressa à campanha ao lado de Luís Souto no “Encontro Continuidade & Inovação”

Os meses que se seguiram à decisão unilateral da direção nacional do PSD, liderada por Luís Montenegro, de avançar com a candidatura de Luís Souto foram marcados por forte turbulência interna. O anúncio, inesperado para a estrutura local, precipitou uma vaga de demissões, com destaque para Simão Santana, então presidente da concelhia e adjunto do gabinete da presidência, Rogério Carlos, vice-presidente da autarquia e vogal da concelhia, e o próprio Ribau Esteves, enquanto presidente da Mesa do Plenário de Militantes. À época, todos invocaram divergências quanto à forma como o processo tinha sido conduzido pela direção nacional, mas foi Ribau Esteves quem mais se destacou pela contundência das críticas. Não se limitou ao comunicado da demissão: em entrevistas à imprensa local e nacional, acusou Luís Souto de não ter “nenhuma experiência de gestão” e, em direto na SIC Notícias em horário nobre, chegou mesmo a admitir que a derrota do candidato social-democrata era “uma possibilidade objetiva”, classificando a sua escolha como “errada” e responsabilizando o próprio candidato e Luís Montenegro por um eventual cenário de derrota. Com o tempo, a polémica foi perdendo intensidade. Ribau Esteves, após uma fase inicial em que fragilizou seriamente a candidatura do seu partido, começou a dar sinais de reaproximação. A primeira evidência surgiu em abril, quando apareceu ao lado de Luís Montenegro e Luís Souto na entrega da lista de candidatos do PSD pelo círculo de Aveiro às eleições legislativas. Ainda assim, nesse dia, garantiu à Ria que estaria “fora do processo de campanha eleitoral” autárquica, embora tenha reiterado a sua preferência pela vitória de Luís Souto, invocando “motivos muito políticos e de seriedade” para se manter afastado. O aparente afastamento durou pouco. Menos de uma semana depois, Ribau Esteves foi a grande surpresa na apresentação oficial de Luís Souto, no Hotel Meliã. Apesar dos elogios dirigidos à sua governação, foi o único que não se levantou para aplaudir de pé o candidato do partido, num gesto que foi registado em vídeo e amplamente partilhado nas redes sociais. A partir daí, os sinais de aproximação tornaram-se mais evidentes, com encontros discretos entre os dois dirigentes, segundo o que apurou a Ria, e uma causa comum a falar mais alto: impedir o regresso do socialista Alberto Souto, presidente da Câmara entre 1998 e 2005, e garantir a continuidade da governação social-democrata em Aveiro. E assim aconteceu. Em junho, Ribau Esteves dava um passo mais explícito ao declarar, novamente na SIC Notícias, que “entre o candidato do Partido Socialista e o candidato da Aliança Democrática em Aveiro, não há dúvida nenhuma, o melhor dos dois é o candidato da AD”. No mesmo momento, admitiu publicamente que gostaria de prolongar a carreira política e que tinha “várias possibilidades em aberto”, que estavam a ser articuladas com a direção nacional do PSD. Já em agosto, na reunião de Câmara que aprovou o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o autarca mostrava-se relutante em ser associado à disputa autárquica. Ribau Esteves, visivelmente tenso pelas acusações que estavam a ser feitas pela oposição a propósito deste tema, quis deixar uma nota a todos os candidatos autárquicos, numa resposta a uma intervenção de Diogo Soares Machado, candidato do Chega à autarquia aveirense. “Os candidatos não têm que falar para mim. Eu não sou candidato. (...) Não me metam numa discussão à qual eu não pertenço. Vocês discutam uns com os outros. (...) Entretenham-se uns com os outros. Deixei-me em paz! Eu não tenho nada a ver com o assunto”, atirou. Agora, semanas depois dessas palavras, Ribau Esteves prepara-se para regressar de forma oficial à campanha, marcando presença no “Encontro Continuidade & Inovação” ao lado de Luís Souto. A iniciativa da ‘Aliança com Aveiro’ acontece esta segunda-feira, às 18h00, na sede de campanha da coligação. Com avanços e recuos, uma coisa é certa: Ribau Esteves continuará a marcar estas eleições e o impacto dos seus comunicados e da sua presença em eventos públicos de campanha eleitoral é evidente para todos.

PS Aveiro critica “défice democrático” e Alberto Souto responde a Ribau Esteves em comício
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PS Aveiro critica “défice democrático” e Alberto Souto responde a Ribau Esteves em comício

Na tarde de ontem, o PS Aveiro realizou um comício na Praça da República para apresentar as suas listas eleitorais. A iniciativa contou com a presença do eurodeputado Bruno Gonçalves e reuniu dezenas de apoiantes. Durante a sessão, Cláudia Cruz Santos, cabeça de lista do PS à Assembleia Municipal, dirigiu críticas a Luís Souto de Miranda, candidato da coligação ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) e atual presidente daquele órgão. A socialista acusou Luís Souto de Miranda de limitar o debate democrático, sublinhando que “há um défice democrático no funcionamento da Assembleia Municipal”. “O atual presidente da Assembleia Municipal (…) tem vindo a estender a passadeira vermelha ao atual presidente da Câmara e tem permitido que ele use a casa (…) de todos os aveirenses como se fosse o seu salão de festas, destratando com frequência deputados municipais e limitando as possibilidades de participação do público”, atirou. As críticas referiam-se à última Assembleia Municipal, na qual foi aprovado o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso.  Cláudia Cruz Santos acusou ainda o executivo de ter promovido um “esquecimento das freguesias” e criticou os sucessivos cortes de árvores na cidade, apontando como exemplos a Avenida Lourenço Peixinho e o Rossio. A candidata referiu-se também à recusa de Luís Souto de Miranda em dar a palavra a uma cidadã na última Assembleia Municipal, comparando a situação a práticas do Estado Novo. “Os líderes autoritários não gostam de parlamentos, de assembleias, de ser fiscalizados, escrutinados e tomam as assembleias peças decorativas”, atentou. “Não é isso que vai acontecer connosco e essa é a principal promessa que quero deixar”, continuou. No seguimento, defendeu ser essencial elaborar e aprovar “um regimento da Assembleia Municipal que garanta o contraditório e abra a porta a todos os aveirenses”. Já Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, reforçou a ideia de que o partido pretende dar voz a “todos os anseios” na Assembleia Municipal, sublinhando que não quer um órgão reduzido a uma “caixa de ressonância”. “De um pregador desrespeitoso”, acrescentou. Também dirigido a Luís Souto de Miranda, o socialista apontou: “Foram oito anos de emojis de aplauso e de silêncios cúmplices. Deve ser por isso que ele agora sentiu tanta necessidade de fazer um autorretrato. Mas o retrato das suas ideias parece uma foto bolorenta”. Entre as críticas, destacou ainda o que classificou como “o maior erro estratégico” de Aveiro: o Pavilhão Oficina. “E ele a sorrir e a bater palmas”, atirou. Apontou ainda a massificação da antiga lota, o Rossio, Avenida Lourenço Peixinho ou a antiga casa da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Aveiro (CERCIAC). “Estas são as fotografias do passado que eles querem construir. As nossas estão cheias de verde, de azul e de luz”, clarificou. O candidato socialista deixou ainda uma palavra de reconhecimento a Fernando Nogueira e Rosa Venâncio, atuais vereadores do PS na Câmara Municipal, elogiando a sua “lealdade, competência e resistência”. “Tiveram de encontrar doses suplementares de boa educação para não responderem aos destratos dela”, acrescentou. Recorde-se que Rui Soares Carneiro também integrava a vereação socialista, mas o partido retirou-lhe a confiança política no passado dia 23 de junho.  Numa alusão direta ao edifício dos Paços do Concelho, Alberto Souto de Miranda defendeu que a Câmara Municipal “tem de ser de vidro”, num apelo a uma gestão cívica e “totalmente transparente nos processos”. O candidato do PS à Câmara de Aveiro respondeu ainda ao comunicado do Município em que José Ribau Esteves, presidente da autarquia, o acusava de recorrer à “mentira”, ao “insulto” e à “arrogância” de querer governar sem legitimidade eleitoral. “A minha liberdade de expressão não se intimida com comunicados oficiais da Câmara Municipal. É falso que eu tenha mentido, insultado ou sido arrogante”, afirmou. Alberto Souto enumerou depois o que classificou como “erros” da atual gestão, destacando a intenção de construir um “caixote” na Betesga, bem como a demolição do edifício da CERCIAV. “São factos”, frisou, contrapondo ainda que Ribau Esteves não herdou uma Câmara do PS, mas sim “oito anos de gestão PSD-CDS”. “Não pode reescrever a história. Os aveirenses recordam-se do que nós fizemos e do que foi feito a seguir”, disse, rejeitando críticas de ter desfeito o trabalho de anteriores executivos. “É de uma ignorância atrevida de quem não estava cá quando estávamos nós na autarquia. (…) Os erros vão ser corrigidos, é essa a nossa obrigação”, atirou ainda Alberto Souto de Miranda. O socialista lamentou que Ribau Esteves “não esteja a saber terminar o mandato com dignidade”. Na reta final da intervenção, Alberto Souto de Miranda acusou ainda Luís Souto de Miranda de fugir aos debates e defendeu que Aveiro “precisa de muito mais”. Relembre-se que o candidato da ‘Aliança’ foi o único a não aceitar estar presente nos frente-a-frente promovidos pela Ria. “Precisa das nossas ideias, da nossa visão, da nossa vontade e dos nossos projetos. É por isso que no dia 12 vamos mudar de locatário. Quem vai para lá não sou eu, somos todos nós, o povo de Aveiro, que vai construir o futuro desta terra”, concluiu, repetindo várias vezes: “Viva Aveiro”.

Um morto e um ferido grave em acidente com duas motos na A1 em Estarreja
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Um morto e um ferido grave em acidente com duas motos na A1 em Estarreja

De acordo com a fonte do Comando Sub-Regional da Região de Aveiro, as duas motos despistaram-se ao quilómetro 247/250, antes da saída para Albergaria. O ferido, em estado considerado grave, foi transportado para o Hospital de Aveiro, disse a fonte. O acidente ocorreu cerca das 08:10 e cerca das 09:30 a circulação do trânsito ainda se encontrava condicionada. Para o local do acidente foram deslocados 17 operacionais e sete viaturas.

Teatro do Bolhão produz espetáculo com imigrantes em fábrica desativada de Vale de Cambra
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Teatro do Bolhão produz espetáculo com imigrantes em fábrica desativada de Vale de Cambra

Intitulada “Palcos do Mundo – Fábrica”, esta produção comunitária inédita foi concebida por encomenda da ADRIMAG - Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras de Montemuro, Arada e Gralheira e, além da autarquia local, envolve ainda os municípios de Arouca e Castelo de Paiva, também do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto. João Carlos Pinto, coordenador executivo da ADRIMAG, diz que esta segunda produção na fábrica desativada da Martins & Rebello foi inspirada pela frase do Papa Francisco “Somos todos imigrantes. Ninguém tem morada fixa nesta terra”, e recorre às artes performativas para integrar a comunidade migrante, na convicção de que “a arte tem o poder de unir comunidades, aproximar vizinhos e abrir portas”. “É um momento feito com e para a comunidade, que honra a memória coletiva e, ao mesmo tempo, acolhe quem chega de fora e escolhe os nossos territórios para viver”, defende. O encenador e ator Miguel Hernandez é o diretor artístico do espetáculo, que começou a ser preparado em abril e, além da dramaturgia, também envolve cenários, adereços e figurinos próprios, para melhor potenciação de um enredo que visa “a valorização e o respeito pelos imigrantes, bem como a denúncia dos problemas e atrocidades que enfrentam na atualidade”. “O espetáculo inspira-se nos profundos desafios ligados à imigração e aos milhares de refugiados que marcam o mundo atual”, declara Miguel Hernandez à Lusa. “Procuramos, através da aproximação a diferentes culturas, despertar a consciência, a compreensão e o entendimento entre os povos, para que juntos possamos trilhar um caminho de esperança rumo a uma humanidade mais sensível e responsável”, explica. Nesse esforço, o encenador admite que foi particularmente exigente lidar com a dimensão e os diferentes graus de experiência da equipa envolvida, que integra 81 atores profissionais, 253 amadores e ainda 37 técnicos. “Essa complexidade representa um desafio que exige um grande empenho, dedicação e a superação diária de obstáculos. Mas, ao mesmo tempo, traz-nos uma enorme satisfação perceber que todo esse processo é transformador para a vida das pessoas envolvidas, promovendo o que há de melhor no que a cultura pode oferecer”, garante. Mehreen Yasir é paquistanesa, vai ter um monólogo no espetáculo e reconhece que a sua participação no projeto tem feito diferença. “Viemos para Portugal para que os nossos filhos pudessem ter uma boa educação e eles estão a recebê-la, mas é uma verdadeira luta para nós. O meu marido é o único que trabalha e é muito difícil sobreviver, porque não há escolas de Português para estrangeiros aqui em Vale de Cambra”, começa por contar. Os transportes públicos indispensáveis para quem não possui carro também “são muito caros” e inibem-lhe tanto os afazeres quotidianos como a fuga à rotina. Consequência: “Como não conseguimos ir a lado nenhum para aprender a língua, sentimo-nos presos aqui”. O projeto da ADRIMAG, em contrapartida, permitiu-lhe conhecer “muitas pessoas de diferentes países” e deu-lhe um novo ânimo. “Foi muito bom conhecer toda a gente, são todos muito simpáticos e, pelo menos, temos um local onde podemos defender os nossos direitos. Caso contrário, parece que os imigrantes não são humanos nem existem, mesmo que estejam a ajudar este país", disse Mehreen Yasir à Lusa. "Por isso é que o projeto é muito bom e devia haver mais assim - para que os imigrantes sejam reconhecidos e não sejam tratados de forma injusta”. Nos dois dias de exibição do espetáculo “Palcos do Mundo – Fábrica”, as portas abrem às 18:30, convidando o público para o que a organização define como “uma verdadeira festa, onde será possível saborear a gastronomia de diferentes lugares do mundo” e também apreciar uma exposição sobre imigração, em que se incluem projeções com depoimentos de imigrados. Às 22:00 terá início a itinerância pelos percursos da antiga fábrica, com diversas intervenções artísticas da comunidade nesse trajeto, e depois concentrar-se-ão no largo principal performances de circo, música coral e dança. Embora implique levantamento prévio de bilhetes no Centro de Artes e Espetáculos de Vale de Cambra, é gratuita a entrada no recinto – que está em vias de ser adquirido pela autarquia para instalação do futuro Museu Nacional dos Laticínios.